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Bolsonaro quer transformar o Brasil no Equador de Lenin Moreno

Bolsonaro é cínico, pois sabe mais do que ninguém, que o problema não são simplesmente as vítimas do coronavírus que, na maioria dos casos, são pessoas idosas e com outras comorbidades. Ele sabe que a questão é infinitamente maior e que pode atingir qualquer brasileiro que precisar de um atendimento médico para qualquer tipo de enfermidade se a propagação da doença chegar rapidamente a um pico que leve o sistema de saúde ao colapso, coisa que não está longe de acontecer no Brasil por uma série de razões, mas principalmente por Bolsonaro ter colocado o mercado no centro das suas soluções e não as pessoas, sobretudo das camadas mais pobres da população.

Bolsonaro usa todo o tipo de covardia sórdida para pressionar os pobres a voltarem às ruas para sustentar os lucros de quem ainda segura o seu mandato que, sem dúvida, está por um fio, pois a qualquer momento ele pode ser arrancado da cadeira da presidência da República e ir direto para a cadeia junto com seus três filhos delinquentes.

O fato é que o Brasil corre o risco de assistir coisa muito pior do que vem acontecendo no Equador em função da pandemia da coronavírus, onde corpos estão sendo abandonados nas ruas por não ter condição de fazer um enterro digno. O Brasil, por ter uma extensão territorial continental e pelo número de sua população que é onze vezes maior que a do Equador, pode sofrer uma hecatombe, caso Bolsonaro continue no governo.

Mais estúpido ainda é Bolsonaro imaginar que, num quadro de colapso no sistema de saúde como o que assistimos no Equador, repetindo-se no Brasil, resultando numa catástrofe de proporções infinitamente maiores que no Equador, o exército nas ruas não vai controlar o estouro da boiada, como se as pessoas ficassem todas passivas diante do genocídio incalculável que o coronavírus pode promover no país.

É visível o isolamento de Bolsonaro e sua iminente queda. O general Villas Bôas reclamou que estão todos contra Bolsonaro, não mencionando, no entanto, que hoje o maior aliado do coronavírus no Brasil é justamente o presidente da República.

Assim, não há inimigo maior do povo brasileiro do que o próprio presidente que se revela a cada momento a figura mais abjeta que a direita brasileira, a mídia que vive a serviço do mercado, além de empresários e banqueiros sem vírgula de escrúpulo colocaram no poder.

Somente nas últimas 24 horas, Bolsonaro trabalhou com quatro frentes, dois vídeos fake, o do Ceasa e o da professora do chiqueirinho e de uma enquete produzida pelo gabinete do ódio, pedindo para a população votar se quer ou não a intervenção militar e, vendo que o resultado foi pífio, ridículo para as suas pretensões, Bolsonaro resolveu usar Eduardo e seu capanga Allan dos Santos para convocar uma manifestação de apoio para o dia 5 de abril, próximo domingo, o que pode lhe custar a cabeça, ao contrário do que diz o jornal inglês, The Economist, que o impeachment de Bolsonaro dependerá do número de mortos que ele produzirá com o coronavírus no Brasil.

 

*Charge em destaque: The Economist

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Paulo Guedes quer salvar os bancos, não gente. Quem vai zelar pelos pobres?

Paulo Guedes anuncia recursos que já estavam previstos antes do vírus como se fosse algo novo. Todos para salvar bancos e empresas, mas não gente.

Guedes ainda diz que o governo tenta mostrar que Brasil ‘está atento’ ao coronavírus.

O Banco Central já tinha anunciado a redução da alíquota de recolhimento compulsório sobre recursos a prazo e a redução da parcela dos recolhimentos compulsórios considerados no Indicador de Liquidez de Curto Prazo dos bancos.

As medidas podem trazer uma injeção de R$ 135 bilhões.

Sim, mas e os pobres que estão nas ruas, nas favelas e nos rincões do Brasil?

Com o avanço do coronavírus no Brasil e de medidas de limitação de circulação de pessoas, Guedes adotou outras ações para gerar liquidez, como antecipação do 13° de aposentados e pensionistas, redirecionamento do PIS/Pasep para o FGTS, abono salarial, entre outros.

Mas o que tem de plano para os trabalhadores precarizados que não podem parar de trabalhar, mesmo estando infectados?

Se eles param, nem uma alimentação precária eles e seus familiares terão.

Bolsonaro ainda diz que essas medidas buscam satisfazer o “atendimento aos mais vulneráveis, à manutenção de empregos, reforços na saúde” como se o país não tivesse voltado ao mapa da fome e da miséria.

Ao redor do globo, bancos privados e governos anunciam medidas bilionárias para injetar dinheiro na economia e atenuar os efeitos da pandemia, mas a miséria segue intocável como se, diante de um vírus que não escolhe suas vítimas, isso fosse fazer alguma diferença, mas é isso que Guedes usa como cartilha anti-coronavírus.

Todos os recursos que forem necessários para dar suporte à população das camadas mais pobres, têm que ser direcionados.

Mas esse é um assunto que nem Bolsonaro e, muito menos Guedes comentam.

Ou seja, no discurso de Guedes o que é central é o mercado, não o homem.

Então o governo privilegia uma parcela da sociedade que pode afetar os interesses do mercado, e desconsidera uma massa da população que vive em total venerabilidade, pois não interessa ao mercado que ela seja salva, porque o mercado deve achar que o vírus é institucionalizado e respeita as regras sociais ditadas pelos donos do dinheiro grosso, o que não é real. Todos no Brasil serão afetados.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas