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Erika Hilton: Embaixada dos EUA reafirma transfobia

Em meio a alteração transfobica do visto da deputada brasileira Erika Hilton, a Embaixada dos Estados Unidos (EUA) afirmou que só existem dois sexos.

O que disse a Embaixada dos EUA sobre o caso de Erika Hilton?
A deputada federal Erika Hilton denunciou o recebimento do visto para entrada nos EUA com o gênero masculino, ignorando sua autodeterminação de gênero e informações oficiais de documentos brasileiros.

Diante do caso, a Embaixada dos EUA informou que segue a Ordem Executiva 14168, emitida por Donald Trump no dia 20 de janeiro.

O texto sancionado exige que os departamentos federais reconheçam o gênero como um binário masculino-feminino imutável e proíbe a autoidentificação de gênero em documentos federais, como passaportes.

“A Embaixada dos Estados Unidos informa que os registros de visto são confidenciais conforme a lei americana e, por política, não comentamos casos individuais. Ressaltamos também que, de acordo com a Ordem Executiva 14168, é política dos EUA reconhecer dois sexos, masculino e feminino, considerados imutáveis desde o nascimento”, disse o órgão.

Erika Hilton foi convidada para palestrar em um evento realizado na Universidade de Harvard e no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês).

A viagem foi autorizada como missão oficial pela presidência da Câmara. Nestes casos, o trâmite de solicitação de visto costuma ser protocolar, feito diretamente entre o Parlamento brasileiro e a embaixada do país de destino.

No entanto, segundo a equipe da deputada, o processo foi marcado por entraves incomuns, atribuídos a novas diretrizes da gestão de Trump.

Inicialmente, representantes da deputada foram orientados por telefone a solicitar um visto de turista, o que foi posteriormente corrigido após esclarecimentos.

Ainda assim, o visto emitido em 3 de abril trazia a classificação de gênero masculino — algo que, segundo Erika, nunca foi informado ou consentido por sua equipe.

Ao mesmo tempo, Harvard trava uma briga contra o governo Trump. O presidente republicano cortou verbas da universidade por políticas de diversidade e manifestações pró-palestina e contra a guerra travada por Israel.

Transfobia como política
“É absurdo que o ódio que Donald Trump nutre e estimula contra as pessoas trans tenha esbarrado em uma parlamentar brasileira indo fazer uma missão oficial em nome da Câmara dos Deputados”, declarou Erika Hilton. Ela classificou a situação como um ato de violência institucional, de abuso de poder e uma clara violação de um documento oficial brasileiro.

A deputada também afirmou que o episódio transcende o âmbito individual, tornando-se uma questão diplomática. “É uma expressão escancarada, perversa, cruel, do que é a transfobia de Estado praticada pelo governo americano. Quando praticada nos Estados Unidos, ainda pede uma resposta das autoridades e do Poder Judiciário americano. Mas quando invade um outro país, pede também uma resposta diplomática, uma resposta do Itamaraty”, afirmou.

Posição de Erika Hilton
Diante da situação, Erika Hilton recusou-se a utilizar o documento e optou por não embarcar para os Estados Unidos, abrindo mão da participação no evento.

A decisão da embaixada americana ocorre em meio a um cenário de crescente repressão contra a população LGBTQIA+ nos EUA sob a gestão Trump, que já impôs diversas restrições a políticas de transição de gênero e determinou o banimento de termos como “gay”, “lésbica”, “transgênero” e “LGBTQ” de portais oficiais do governo.

Ela também afirma que se trata de “uma situação de violência, de desrespeito, de abuso, inclusive, do poder porque viola um documento brasileiro, que é nosso. É uma expressão escancarada, perversa, cruel, do que é a transfobia de Estado praticada pelo governo americano”.

Segundo informações da CNN, a a deputada prepara uma ação internacional para questionar o governo estadunidense. Ela também tenta agendar um encontro com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira.]

*TVTNews

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Mundo

Deus fez o céu e a terra, o resto é feito na China

O comerciante brasileiro tem um comportamento padrão que serve de parâmetro para sabermos o tamanho da encrenca que Trump está enfiado na sua guerra comercial perdida para a China Comunista.

Os sábios da economia mundial dizem que os EUA seguem sendo a maior economia do planeta.

Mas uma coisa é inegável. A China, naquilo que interessa aos EUA e, consequentemente, a Trump, é o domínio quase que total do comércio mundial.

Para tanto, basta fazer um teste na vida como ela é, seja no mundo dos negócios miúdos, seja nos graúdos.

Ofereça um produto chinês e um norte-americano a um comerciante e veja o que ele vai escolher para vender e quanto vai lucrar e não lacrar.

Nem vou citar o “anticomunista” Veio da Havan, o rei da buginganga chinesa.

Isso seria jogo baixo de minha parte. Aquele não dá um passo sem beijar a bandeira vermelha da China, ou quebra no dia seguinte.

Isso seria fatal.

A margem de lucros que a mercadoria chinesa deixa para os nossos capitalistas é 10 vezes maior e mais digestiva para o consumidor, por conta do preço que não tem graça comparar com o dos EUA.

Para piorar e muito para Trump, não tem nada no mundo que a China não fabrique. Dizem que até queijo minas hoje é feito lá na terra de Xi Jinping.

Ou seja, a encrenca para os EUA nunca vai ser resolvida com as tarifas maiores, até porque, em última análise, quem vai pagar o bumerangue tarifário serão os consumidores norte-americanos.

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Mundo

China reage e impõe vistos contra pessoal dos EUA

Pequim impõe restrições de visto a americanos em resposta às sanções dos EUA, citando interferência em assuntos internos ligados à região de Xizang.

A China decidiu impor restrições recíprocas de visto a funcionários dos EUA que se comportarem mal em questões relacionadas a Xizang, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, nesta segunda-feira (14).

Lin fez os comentários em uma coletiva de imprensa regular quando questionado sobre detalhes sobre as contramedidas da China às restrições de visto dos EUA para autoridades chinesas sobre questões relacionadas a Xizang.

Lin disse que as questões relacionadas a Xizang são assuntos internos da China, observando que o abuso das restrições de visto dos EUA contra autoridades chinesas viola gravemente o direito internacional e as normas básicas que regem as relações internacionais, diz o Cafezinho.

“Xizang está aberta. A China acolhe amigos estrangeiros para visitar, viajar e fazer negócios em Xizang”, disse Lin, acrescentando que a China se opõe à interferência de qualquer país ou pessoa nos assuntos de Xizang sob o pretexto de direitos humanos, religião e cultura.

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Mundo

Sem defesa e sob ameaça de deportação, crianças enfrentam tribunais migratórios nos EUA

Governo Trump suspende assistência legal a menores não acompanhados, e juíza adverte que medida viola leis de proteção infantil.

A reportagem da BBC News Mundo revela situações críticas de crianças estrangeiras levadas a tribunais migratórios nos Estados Unidos sem assistência legal. A questão se agrava pela política do governo Trump, que expõe a vulnerabilidade desses menores em um sistema judicial complexo. Em um tribunal de imigração em San Diego, a juíza Olga Attia tenta amenizar a tensão ao oferecer um livro de colorir para uma menina de cinco anos, que está sozinha enfrentando um processo de deportação após entrar no país de maneira irregular com seus irmãos. Estima-se que cerca de 26 mil crianças possam estar nessa situação, sem a companhia de pais ou responsáveis.

O cenário se torna ainda mais crítico com a recente revogação, em 21 de março, dos contratos com várias organizações que oferecem assistência jurídica gratuita a menores não acompanhados. Segundo uma carta da Associated Press, a razão dada para essa mudança foi a “conveniência do governo”. Contudo, uma juíza federal da Califórnia suspendeu temporariamente essa decisão, após uma ação de 11 grupos que alegaram desrespeito à legislação americana.

Em Los Angeles, a advogada Daniela Hernández Chong Cuy, que representa 83 menores, destaca um caso particularmente angustiante: uma mãe grávida deixou seu país, e a filha nasceu durante a jornada para os Estados Unidos. Na fronteira, ambas foram avaliadas como uma unidade familiar, mas apresentam histórias de abandono e violência distintas. Hernández expressa suas preocupações sobre a falta de representação legal para essas crianças e a dificuldade que elas têm em se defender sozinhas.

A advogada está reavaliando seus casos e focando nas situações mais urgentes, como aquelas que envolvem adolescentes prestes a completar 18 anos ou menores sob custódia federal, que são prioritários. No entanto, ela questiona se terá acesso a esses menores, aguardando uma resposta incerta.

Jonathan D. Ryan, um advogado com duas décadas de experiência no Texas, descreve a situação de maneira clara: “É como retirar deles o paraquedas antes de lançá-los do avião.” Ele representa 50 menores e investe cerca de 100 horas em cada pedido de asilo, enfatizando a crueldade da ideia de que uma criança possa se defender sozinha contra um promotor treinado.

Este panorama denuncia um sistema que, ao não oferecer apoio legal adequado para as crianças, perpetua a injustiça e o desamparo. A falta de recursos para assistência jurídica, combinada com a rigidez das políticas migratórias, coloca em risco o futuro dessas crianças, que enfrentam um processo judicial sem a devida proteção e orientação.
Ryan destaca que os processos migratórios nos Estados Unidos são considerados civis, o que implica que o direito a um advogado público gratuito, como comum em filmes policiais, não se aplica. Entretanto, uma lei aprovada pelo Congresso americano em 2005 garante que menores tenham acesso, “ao máximo possível”, a representação legal qualificada. Essa iniciativa foi posteriormente reforçada pela legislação de 2008 focada em tráfico de pessoas.

O Centro Acacia para a Justiça, responsável por coordenar uma rede de mais de 90 organizações, prestou assistência a cerca de 26 mil menores e orientou aproximadamente 100 mil outros. O financiamento do programa é de US$ 200 milhões anuais. Contudo, mesmo após recuar de uma decisão em fevereiro, o governo Trump continuou a pressionar para o cancelamento do contrato com o Centro, fazendo isso oito dias antes da renovação prevista.

A realidade das audiências sem um defensor legal é alarmante. Dados do Escritório Executivo de Revisão da Imigração (EOIR) mostram que 95% das crianças que têm advogados comparecem a suas audiências, enquanto apenas 33% das crianças sem representação legal o fazem. Essa ausência pode resultar em deportações sumárias. Mesmo quem comparece ao tribunal sem um advogado encontra mínimas chances de conseguir “alívio migratório”.

As crianças têm a possibilidade de permanecer no país caso consigam demonstrar abuso, abandono, perseguição ou se forem vítimas de tráfico humano. No entanto, especialistas entrevistados pela BBC News Mundo enfatizam que estes processos são juridicamente complexos e requerem evidências substanciais, além da articulação com diferentes órgãos do sistema de imigração.

Ryan argumenta que estados contam com um gasto significativo com juízes, promotores, intérpretes e a estrutura do tribunal em geral, enquanto o custo do advogado da criança é o menor aspecto nesse cenário, representando o mínimo que pode ser feito para garantir justiça, segundo Luis Mauro Filho, 247.

A administração Trump não se limita apenas ao cancelamento de contratos; um memorando emitido pela Casa Branca em 21 de março, intitulado “Prevenir abusos no sistema judiciário”, acusa advogados de imigração de orientarem clientes a mentir e omitir informações. A procuradora-geral Pam Bondi foi designada para revisar a conduta de todos os escritórios que processaram o governo federal nos últimos oito anos.

Ryan percebe tal medida como uma tentativa de intimidação. Ele ressalta que qualquer pessoa que entre em uma sala de tribunal e veja uma criança, cujo pés mal tocam o chão, entenderá, independente de sua orientação política, que essa criança merece ter alguém ao seu lado.

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Brasil Mundo

China vira as costas aos EUA e aposta na soja do Brasil

Com tarifas sufocando a soja americana, a China redireciona suas importações ao Brasil e reforça plano para garantir segurança alimentar.

A China acaba de adquirir uma quantidade excepcionalmente grande de soja brasileira, evidenciando como a escalada da guerra comercial está inviabilizando as compras de grãos dos Estados Unidos. Pelo menos 2,4 milhões de toneladas de soja foram negociados no início desta semana, volume que representa quase um terço da média mensal processada pela China, segundo fontes familiarizadas com o assunto que conversaram com Hallie Gu, da Bloomberg News. Elas destacaram que a onda de compras foi incomumente grande e rápida.

Embora Pequim tenha diversificado suas importações agrícolas nos últimos anos, os EUA ainda são seu segundo maior fornecedor de soja. No entanto, com a rápida escalada da guerra tarifária entre os dois países — que está pressionando o setor agrícola de ambas as nações —, a realidade é que comprar soja americana tornou-se inviável.

Soja como alvo estratégico na guerra comercial
Ao direcionar tarifas contra os EUA, a soja — base da alimentação de suínos e aves — era uma escolha amplamente esperada. A China responde por metade da receita das exportações americanas do grão. Mas o país não está sozinho nessa estratégia: a União Europeia incluiu a soja em sua resposta tarifária às medidas dos EUA sobre aço e alumínio (embora tenha decidido adiar a implementação por 90 dias após a reversão de Donald Trump sobre as chamadas tarifas recíprocas).

O conflito sino-americano está remodelando um comércio que movimentou mais de US$ 12 bilhões em 2024, beneficiando produtores latino-americanos. A China já vem comprando mais soja do Brasil, seu principal fornecedor atualmente.

hina busca alternativas para garantir suprimentos
Além de aumentar as importações brasileiras, a China está adotando outras medidas para assegurar o abastecimento. O país trabalha para ampliar sua produção de grãos, reforçando a determinação de depender mais da produção doméstica e reduzir o uso de farelo de soja na ração animal. Uma das estratégias é promover tecnologia de dieta com baixo teor proteico, que utiliza mais aditivos como aminoácidos em vez de farelo, de acordo com o Cafezinho.

Em seu plano decenal de segurança alimentar, divulgado na segunda-feira, o Comitê Central do Partido Comunista da China afirmou: “Um país forte deve primeiro ter uma agricultura forte, e só uma agricultura forte pode tornar o país poderoso.”

Ovo ainda caro nos EUA, pressionado por gripe aviária e tarifas
A inflação nos EUA pode ter desacelerado no mês passado, mas os preços dos ovos continuam teimosamente altos, sem perspectiva de alívio imediato devido à gripe aviária e às tarifas. Em março, os consumidores pagaram em média US$ 6,227 por dúzia, um recorde, segundo o Bureau of Labor Statistics. O valor é o dobro do registrado um ano atrás, mesmo com a queda acentuada nos preços pagos pelos supermercados aos fornecedores.

O alto custo dos ovos é uma má notícia para Trump, que frequentemente atribuiu o fenômeno ao fracasso de seu predecessor. O governo tem trabalhado para aliviar a escassez aumentando as importações, e Trump tem creditado a si mesmo a recente correção nos preços no atacado.

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Mundo

Produtos dos EUA enfrentam boicote após tarifas de Trump; empresas perdem US$ 8 tri em valor

As 500 maiores maiores empresas norte-americanas perderam o equivalente a três vezes o PIB do Brasil.

A reportagem do DW Brasil indica que, apesar do recuo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, os consumidores globalmente não estão boicotando produtos norte-americanos. A resistência é mais evidente nos países diretamente afetados pelo pacote de tarifas de Trump, como Canadá e na Europa, onde a mobilização popular está se intensificando sob o lema “compre local”, tanto nas lojas físicas quanto online.

No dia 2 de abril, Trump instituiu uma sobretaxa sobre todas as importações aos EUA, denominando o evento de “Dia da Libertação”, referindo-se a nações que, segundo ele, aproveitariam a situação. Contudo, no dia 9 de abril, apenas uma semana após a imposição, Trump anunciou uma pausa de 90 dias na tarifa, reduzindo a maioria das sanções para uma taxa básica de 10%.

Com a China, a abordagem é mais agressiva. Na mesma sequência de medidas, Trump decidiu aumentar as tarifas sobre produtos chineses de 104% para 125%, com a Casa Branca depois corrigindo esse número para 145%, o que resume todas as tarifas em vigor. Em resposta, o governo chinês, que tem se oposto ativamente à política tarifária do presidente americano, anunciou um aumento de tarifas sobre produtos dos EUA, que passam de 84% para 125%, começando a partir do dia 12 de abril. O presidente chinês, Xi Jinping, fez um apelo à União Europeia para que a região se una contra a “intimidação” promovida por Trump.

Na Europa, onde a sobretaxa de 20% sofreu um alívio, os consumidores estão se organizando virtualmente para promover boicotes. Campanhas e grupos foram criados em redes sociais, como o grupo francês “Boycott USA: Achetez Français et Européen!”, que já conta com mais de 30 mil participantes. Grupos suecos como “Bojkotta varor från USA” (Boicote aos produtos dos EUA) já somam mais de 180 mil membros, todos com o intuito de pressionar pelo fim das sanções.

Na Alemanha, uma pesquisa realizada pelo grupo Cuvey revelou que 64% da população prefere evitar produtos americanos, indicando que a política de Trump já influi sobre suas decisões de consumo. Além disso, um movimento surgido em redes sociais e fóruns como o Reddit incentiva consumidores na Europa e no Canadá a posicionar os produtos dos EUA de cabeça para baixo nas prateleiras dos supermercados, como um sinal visual de descontentamento.

Empresas europeias também estão se articulando contra as corporativas americanas. Um exemplo é o Salling Group, maior varejista da Dinamarca, que anunciou que marcará produtos da Europa com uma estrela negra, facilitando a identificação dos itens locais para os consumidores.

Essas ações demonstram como as políticas tarifárias de Trump têm gerado movimentos de resistência e solidariedade entre consumidores internacionais, mostrando uma oposição crescente às suas medidas e a busca por promover a compra de produtos locais, com o intuito de impedir o fortalecimento das marcas americanas no mercado global.
As empresas norte-americanas estão enfrentando perdas bilionárias de valor de mercado, resultado não apenas de um boicote de consumidores, mas também da instabilidade nas bolsas internacionais causada pela recente imposição tarifária global anunciada em 2 de abril.

De acordo com uma análise publicada no blog da jornalista Míriam Leitão, no jornal O Globo, as 500 maiores empresas dos Estados Unidos perderam aproximadamente US$ 8 trilhões entre os dias 1º e 8 de abril. Esse valor é equivalente a três vezes o PIB brasileiro, representando uma significativa perda de riqueza.

Essas perdas não são exclusivas das empresas norte-americanas; a crise está afetando companhias em todo o mundo. Em resposta a essa situação, o presidente Donald Trump teve que recuar em algumas de suas políticas devido à pressão crescente. As consequências das tarifas não se limitam ao valor de mercado dessas empresas, afetando também suas estruturas de negócios e as formas como os produtos são fabricados.

Setores particularmente impactados incluem as grandes empresas de tecnologia, cujos líderes são notáveis apoiadores de Trump. A perda é acentuada, pois muitas dessas empresas mantêm uma cadeia de produção altamente globalizada, com grande parte da manufatura ocorrendo fora dos Estados Unidos, especialmente na Ásia.

O professor de economia da ESPM, Leonardo Trevisan, comentou que a tentativa de Trump de combater a China através do incentivo à produção interna é complexa, já que 151 dos 190 países possuem acordos comerciais mais robustos com a China. Essa realidade não pode ser alterada rapidamente, pois levou anos para ser estabelecida.

Uma reportagem da revista The Economist, reproduzida no Estadão, caracteriza o impacto das políticas comerciais de Trump como sem precedentes na história recente. De acordo com a publicação, o presidente trocou as relações comerciais estáveis que levaram mais de cinquenta anos para serem construídas por um modelo de políticas arbitrárias e volúveis, cuja implementação é frequentemente anunciada por meio das redes sociais. A falta de previsibilidade tem gerado um clima de incerteza, em que mesmo seus assessores não conseguem antecipar os próximos passos da administração.

A reportagem também menciona um impasse criado com a China, sugerindo que essa situação pode ser difícil de reverter. Em um intervalo de apenas dez dias, as políticas de Trump desmantelaram as certezas que sustentavam a economia global, introduzindo níveis extraordinários de volatilidade e confusão. Embora parte do caos aparentemente tenha diminuído temporariamente, reconstruir a infraestrutura econômica que foi perdida será um processo demorado e desafiador.

A situação atual reflete uma transformação drástica nas dinâmicas do comércio mundial, o que exige uma adaptação significativa das empresas, tanto americanas quanto internacionais, diante de um novo cenário econômico global.

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Economia Mundo

Bolsas dos EUA despencam e mostram que Trump mira na China e acerta o próprio pé

Ações despencam novamente com aumento da angústia em relação à guerra comercial de Trump

O S&P 500 caiu 3,5% ao dia.

Motivo: a Casa Branca esclareceu que as novas tarifas sobre produtos chineses totalizaram 145%.

Para fabricantes de vestuário dos EUA, política tarifária caótica do estabanado Trump, não ajuda, ao contrário, atrapalha.

A ideia geral nos EUA é a de que produzir algo tão estúpido como as tarifas de Trump, é para a vida toda.

Com a lambança de Trump, EUA e China caminham para uma divisão “monumental”, colocando a economia mundial em alerta.

Um aprofundamento da guerra comercial pode enfraquecer ainda mais os laços entre as superpotências. Os efeitos repercutirão no mundo como um todo.

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Brasil

Oportunidade para o Brasil: China suspende mais da metade dos fornecedores de carne bovina dos EUA

A China suspendeu a compra de carne bovina de mais da metade dos fornecedores americanos devido à crescente guerra tarifária com os Estados Unidos. Essa situação abre uma oportunidade ao Brasil para expandir suas exportações ao mercado chinês. Em maio, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva visitará a China para se encontrar com o presidente Xi Jinping.

Atualmente, 654 empresas americanas estão habilitadas para exportar carne bovina para a China, mas 392 delas tiveram suas operações suspensas pela Administração Geral das Alfândegas da China, representando 60% dos fornecedores do setor. Além disso, o número de suspensões tem aumentado, afetando fornecedores de carne de aves e suínos. Recentemente, nove empresas, incluindo American Proteins e Mountaire Farms of Delaware, não tiveram suas habilitações renovadas.

De acordo com o Departamento de Segurança Alimentar de Importação e Exportação da Administração Geral das Alfândegas da China, as suspensões visam prevenir riscos à segurança alimentar e estão alinhadas com legislações locais e padrões internacionais. Isso é apresentado como uma medida científica e razoável para assegurar a segurança alimentar.

Além disso, até 18 de junho, 68 fornecedores terão suas habilitações expiradas, incluindo dez de carne bovina, 11 de carne suína e 47 de carne de aves. No cenário atual, o foco da suspensão se concentra na carne bovina, com 590 fornecedores, dos quais apenas dez estão suspensos. Em contraste, entre os 594 fornecedores de carne de aves, apenas três enfrentam restrições.

No campo mais amplo do comércio internacional, as bolsas da Ásia e Europa tiveram forte alta após o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciar uma pausa de 90 dias nas tarifas para vários países, excluindo a China. Em contrapartida, a China elevou suas tarifas sobre produtos americanos de 104% para 125% em retaliação às políticas de Trump, que por sua vez impusera uma tarifa de 84% sobre produtos dos EUA.

A Embaixada do Brasil em Pequim destacou que, apesar das medidas de suspensão de fornecedores estarem ligadas a controles sanitários e de segurança alimentar, elas também refletem a guerra tarifária entre Brasil e Estados Unidos e a crise nas relações comerciais sino-americanas.

Roberto Perosa, ex-secretário de Comércio do Ministério da Agricultura e atual representante do agronegócio brasileiro, participou de reuniões com autoridades chinesas na semana passada enquanto as novas tarifas dos EUA e as reações de Pequim eram divulgadas. Ele descreveu as conversas como “muito positivas” e elogiou os encontros no Ministério do Comércio da China, na aduana e com empresas do setor alimentício. Perosa enfatizou que a China reiterou que o Brasil é um parceiro estratégico, afirmando que as relações estão em seu melhor momento e que o presidente Lula fará uma visita a Pequim.

A China continua sendo o principal destino das exportações brasileiras de carne bovina. Em 2024, as exportações para o país superaram 1 milhão de toneladas, representando um aumento de 12,7% em comparação ao mesmo período de 2023 e gerando US$ 6 bilhões em negócios. As exportações de carne bovina estão atrás apenas da soja, minério de ferro e petróleo no Brasil. De janeiro a março deste ano, os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) mostram que o Brasil vendeu US$ 1,36 bilhão em carne bovina para a China, um crescimento de 11,3% em relação ao primeiro trimestre de 2023.

Esses números refletem não só a força das relações comerciais entre Brasil e China, mas também a resiliência do setor agrícola brasileiro frente a desafios globais. O fortalecimento das relações e o aumento das exportações de carne bovina são sinais positivos que podem indicar uma evolução nas parcerias comerciais entre os dois países, especialmente em um contexto internacional conturbado por questões tarifárias e de segurança alimentar.

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Economia Mundo

China dá o troco e anuncia que adotará tarifas de 84% contra os EUA

Pequim adotou um imposto de 34% sobre os produtos americanos que entrará em vigor amanhã.

Em resposta às tarifas de 104% impostas pelos Estados Unidos à China, o governo chinês anunciou a aplicação de tarifas de 84% sobre produtos norte-americanos, a partir da quinta-feira, superando os 34% previamente divulgados. Essa informação foi divulgada pelo Ministério das Finanças na quarta-feira (9). As novas tarifas já entraram em vigor e atingem dezenas de países, com uma taxa extraordinária de mais de 100% sobre produtos chineses, intensificando uma guerra comercial global.

Essas tarifas de importação afetam quase 60 parceiros comerciais dos EUA, com taxas adicionais que variam de 11% a 50%, exceto a China, que enfrenta a maior tarifa de 104%. Horas antes de implementarem novas tarifas sobre importações, Trump pressionou ainda mais Pequim. Desde sua volta ao poder em janeiro, ele já havia aplicado uma sobretaxa de 20% sobre produtos chineses, que deveria subir para 54% com os 34% anunciados na semana anterior, mas que agora chegará a 104% devido a um adicional de 50%, em resposta às tarifas chinesas sobre produtos americanos, mesmo após avisos da Casa Branca.

Pequim já tinha planejado uma taxa de 34%, que começa a valer na quinta-feira (10). Apesar dos impactos negativos em muitos índices do mercado, as bolsas chinesa e de Hong Kong terminaram com ganhos, com a bolsa chinesa subindo 2,21% e a de Hong Kong, 0,68%. Já o índice japonês Nikkei caiu 3,78% e a Coreia do Sul, 1,74%. Na Europa, as bolsas enfrentaram quedas significativas, com a Alemanha caindo 2,08%, França 2,18%, Reino Unido 2,19%, Itália 1,96%, Espanha 1,83% e Suíça 4,03%.

Desde que Trump anunciou, em 2 de agosto, tarifas para a maioria das importações, investidores perderam bilhões. O presidente considera que seus parceiros comerciais “saqueiam” os Estados Unidos, levando à imposição de uma tarifa universal adicional de 10% sobre produtos importados, com algumas exceções, como ouro e energia. Um porta-voz do Ministério do Comércio chinês considerou as ameaças de aumento das tarifas pelos EUA como um “erro após outro”, ressaltando a natureza chantagista de Washington. O primeiro-ministro Li Qiang assegurou que a China possui “ferramentas” suficientes para contornar a turbulência econômica.

Enquanto a maioria dos índices acionários globais enfrentou recessão, as bolsas da China e de Hong Kong conseguiram manter um desempenho positivo. A situação evidencia a crescente tensão entre as duas potências e as complexidades envolvidas na atual guerra comercial, que continua a impactar os mercados financeiros e a economia global de maneira significativa.

A partir da quarta-feira (9), uma nova tarifa será imposta a importantes aliados comerciais dos Estados Unidos, incluindo a União Europeia (20%), o Vietnã (46%) e a China. A administração americana, porém, ressalta sua disposição para negociações, o que trouxe um certo alívio aos mercados. O presidente Donald Trump se referiu a esses acordos como “sob medida”, ressaltando que estão sendo adaptados às necessidades específicas das partes envolvidas.

Na terça-feira, Trump reportou ter tido uma “conversa muito boa” com o primeiro-ministro e presidente interino da Coreia do Sul, Han Duck Soo, conforme comunicado compartilhado na plataforma Truth Social. Kevin Hassett, principal assessor econômico da Casa Branca, reiterou que a prioridade do presidente está nos aliados e parceiros comerciais, como Japão e Coreia do Sul, antes de qualquer diálogo com a China.

O governo dos EUA aparenta estar positivo em relação à situação. Scott Bessent, secretário de Finanças, divulgou à Fox News que “cerca de 70 países” já se manifestaram em busca de discussões sobre as novas tarifas. Jamieson Greer, representante comercial, comentou com senadores sobre a necessidade de uma transição de uma economia centrada no setor financeiro e no gasto governamental para uma economia pautada na produção real de bens e serviços. Greer também fez um alerta, mencionando a perda de cinco milhões de empregos industriais e 90 mil fábricas nos últimos 30 anos, desde a implementação do acordo de livre-comércio entre os três países da América do Norte.

Enquanto isso, a União Europeia se prepara para uma resposta, que será divulgada no início da próxima semana, conforme um porta-voz da Comissão Europeia. Especialistas temem que essa guerra comercial possa impactar negativamente a economia global, trazendo riscos como inflação, aumento do desemprego e desaceleração do crescimento econômico.

As novas tarifas geraram até discordâncias dentro do governo dos EUA. Elon Musk, o homem mais rico do mundo e assessor de Trump, teceu críticas ao conselheiro comercial Peter Navarro, chamando-o de “completo imbecil”. Musk se opôs à afirmação de Navarro de que ele não é um fabricante de automóveis, mas um “montador” que depende de componentes importados da Ásia. Esta troca de farpas ilustra as tensões existentes entre as diferentes esferas do governo em relação à política comercial e aos impactos da guerra tarifária.

A questão das tarifas e seu impacto sobre as relações comerciais internacionais continua a ser uma fonte de preocupação significativa e debate, ilustrando a complexidade das interações econômicas no atual cenário global. A espera pela resposta da UE e o andamento das negociações são claramente pontos de atenção nos dias que seguem.

*Com AFP

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Mundo

‘Não aceitaremos ameaças’, afirma China em resposta à ‘intimidação’ de Trump com tarifas adicionais de 50%

Governo chinês disse que implementará contramedidas se houver nova taxação dos EUA.

Em comunicado divulgado nesta terça-feira (8), o governo chinês classificou como “erro” de “natureza extorsiva” as ameaças do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifas adicionais de 50% à China a partir desta quarta-feira (9), caso o país asiático não retroceda na imposição de 34% de tarifas a produtos estadunidenses.

“A ameaça norte-americana de elevar tarifas contra a China é um novo erro, e expõe mais uma vez sua natureza extorsiva, e a China nunca aceitará isso”, afirmou, em nota, o Ministério do Comércio chinês.

Trump afirmou que a China tem até as 12h desta terça-feira – 13h, no horário de Brasília – para recuar da decisão de impor tarifas de 34% sobre produtos dos EUA em resposta ao “tarifaço”. A medida foi anunciada pela China no final da semana passada em resposta ao anúncio do presidente estadunidense de tarifas “recíprocas”, que somaram 34% de taxas (em cima dos 20% já acumulados) a produtos chineses.

O Ministério do Comércio informou que se os Estados Unidos efetivarem a escalada de medidas tarifárias, a China adotará decisivamente mais “contramedidas para proteger seus direitos e interesses”.

“Se os Estados Unidos insistirem em agir arbitrariamente, a China lutará até o fim”, destacou o comunicado, que classifica o “tarifaço” de Trump como prática de “unilateralismo e intimidação”.

O ministério exortou os EUA a “revogarem todas as medidas tarifárias unilaterais contra a China, cessarem a repressão econômico-comercial e resolverem as divergências com a China por meio de diálogo igualitário, com base no respeito mútuo”.

“Pressão e ameaças não são a maneira correta de lidar com a China”, concluiu o texto.

De suspensão da importação de carne de aves à proibição de filmes de Hollywood: mais possíveis contramedidas da China
Seis possíveis contramedidas foram divulgadas pelo perfil Niu Tanqin nas redes sociais chinesas, que pertence ao editor-chefe adjunto da Agência de Notícias Xinhua, Liu Hong. A conta possui milhões de seguidores nas diversas redes e costuma divulgar informações não publicadas nas mídias oficiais, com base em fontes não especificadas.

As seis possíveis novas contramedidas seriam:

  1. Aumentar significativamente as tarifas sobre produtos agrícolas dos EUA, como soja e sorgo.
  2. Proibir a importação de carne de aves dos EUA para a China.
  3. Suspender a cooperação China-EUA sobre o fentanil.
  4. Contramedidas no setor de comércio de serviços.
  5. Proibir a importação de filmes estadunidenses
  6. Iniciar uma investigação sobre os benefícios que as empresas dos EUA obtiveram com a propriedade intelectual na China.

Algumas destas medidas vão intensificar o que foram as respostas que a China tem dado às medidas de Trump. Trump já implementou três medidas tarifárias contra a China desde o início do ano: 10% a todos os produtos chineses, anunciados no dia 1° de fevereiro, mais 10% em 3 de março, e mais 34% no dia 2 de abril, como parte das “tarifas recíprocas” anunciadas para cerca de 90 países.

Em cada anúncio, o governo chinês anunciou medidas retaliatórias. Por exemplo, em resposta à segunda leva, a China implementou, entre outras, uma tarifa de 15% para frango, trigo, milho e algodão dos EUA.

Vice-presidente dos EUA ataca a China
Em entrevista ao canal estadunidense Fox News na última sexta-feira (4), o vice-presidente do país JD Vance defendeu a política de tarifas estadunidenses atacando a China. Uma de suas falas viralizou e foi fortemente criticada nas redes sociais ocidentais e chinesas.

Ele afirmou que a economia “globalista” fez os EUA contrair “uma enorme quantidade de dívida para comprar coisas que outros países fazem para nós”.

“Para deixar um pouco mais claro, nós pegamos dinheiro emprestado de caipiras chineses para comprar as coisas que esses caipiras chineses fabricam”, disse Vance em ataque aos chineses.

Em resposta, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, disse que é “surpreendente e triste que o vice-presidente faça comentários tão ignorantes e indelicados”.

Em relação a possíveis negociações entre os dois países, Lin Jian, afirmou que “o que os EUA fizeram não mostra intenção de conversas sérias. Se os EUA realmente querem ter conversas, devem mostrar uma atitude de igualdade, respeito e reciprocidade”.

*BdF