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Com ajuda das redes, extrema direita turbina máquina de mentiras contra o governo

Para Pedro Barciela, velocidade na resposta se mostra essencial para governo reagir às fake news.

A disseminação de mentiras é uma marca da extrema direita desde que Jair Bolsonaro começou sua campanha à Presidência, em 2018. De lá para cá, o brasileiro se acostumou a ver fake news sendo usadas como argumentos no debate político. Nos últimos dias, no entanto, os extremistas deram demonstração de que essa guerra suja contra a esquerda e o governo será ainda pior a partir de agora.

Com o fim ou a flexibilização de plataformas digitais como o X, o Instagram e o WhatsApp, e a introdução de novas tecnologias, como a Inteligência Artificial, as narrativas mentirosas têm circulado para um número maior de pessoas e ganharam uma aparência ainda mais convincente.

Nos últimos dias, o governo sentiu os efeitos dessa estratégia da extrema direita por conta da divulgação de informações falsas sobre a nova portaria que inclui o Pix dos chamados “bancos eletrônicos”. A tropa bolsonarista e os perfis ligados de alguma forma a esses bancos inundaram as redes sociais com a mentira de que todas as movimentações de Pix passariam a ser monitoradas para cobrança de Imposto de Renda, até mesmo de quem trabalha na informalidade.

“Isso sinaliza que o campo bolsonarista elegeu a pauta econômica como o principal foco de suas ações dos últimos — e provavelmente próximos — meses”, avalia o analista de redes e colunista do ICL Notícias Pedro Barciela. “Não apenas a partir do debate sobre o Pix, mas também de temas como alta do dólar, declarações falsas que foram imputadas ao presidente do Banco Central (Galípolo) e até mesmo uma falsa taxação de animais de estimação”.

Barciela classifica esse processo como “perverso”, porque “em última instância, imobiliza a gestão pública que passa a atuar quase que em uma função reativa todo o tempo”.

Castro Rocha “Quando se anistia um golpista, ele volta mais forte e sem limites”

Castro Rocha explica mentiras de Nikolas Ferreira
O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) deu mostras nas redes do que vem por aí em termos de fake news. Em uma postagem no X, ele publicou várias imagens fabricadas com Inteligência Artificial em que multidões aparecem em manifestações fictícias contra o governo Lula.

“Ele trata de protestos que nunca existiram, a não ser na imaginação do deputado”, alerta o historiador e colunista do ICL Notícias João Cezar de Castro Rocha. “Nikolas Ferreira o fez porque está tentando importar para o Brasil a estratégia vitoriosa de Elon Musk na campanha presidencial norte-americana”.

Para Castro Rocha, essa ofensiva começa agora porque para que essa estratégia seja vitoriosa é indispensável que ela seja natalidade no espaço público. “As postagens falsas de Elon Musk tiveram 2 bilhões de visualizações antes das eleições. É o que pretende Nikolas Ferreira”, diz o professor.

Essa massificação foi atingida em uma postagem que o mesmo deputado fez ontem no Instagram e teve, até a manhã desta quarta-feira (15), 110 milhões de visualizações.

Especialistas estranham esse alcance. Para se ter uma ideia, o Instagram tem no Brasil 130 milhões de usuários. O vídeo da vitória eleitoral de Donald Trump, em novembro, teve 57 milhões de views.

A manipulação das informações sobre a portaria do governo a respeito do Pix também foi feita em publicações nas redes de personagens como o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e outros bolsonaristas.

 

Sidônio Palmeira: “Atitude criminosa”
“Isso é uma atitude criminosa que estamos vivendo, causando sérias consequências para quem tem seu pequeno comércio”, disse o novo ministro da Comunicação, Sidônio Palmeira, em entrevista coletiva após a cerimônia de posse. Esse será a sua seu principal tarefa na pasta.

Para Pedro Barciela, desde o início do mandato o governo enfrentou episódios que apontaram, cada um a sua maneira, alternativas para dialogar com setores não-polarizados da sociedade, ainda que com todas as limitações comunicacionais do governo federal nas redes sociais.

“A antecipação de crises via monitoramento de redes, o diálogo com atores de outros agrupamentos como influenciadores temáticos, a promoção de campanhas de mídia via Google e outras plataformas que busquem ‘capturar’ àqueles usuários que apelem às redes sociais ou plataformas para sanar dúvidas e o acionamento judicial dos responsáveis por disseminar esse tipo de conteúdo falso em tempo hábil são essenciais para enfrentar e ao menos diminuir o impacto desses conteúdos falsos”, diz ele.

“Mas, acima de tudo, a velocidade na resposta se mostra essencial em episódios como esses”, recomenda.

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Sabotadores e especuladores se dizem preocupados com a possível harmonia entre governo Lula e Banco Central

Pelo jeito, essa mudança de comando do BC tirou o sossego dos vampiros da nação.

Com a saída do bolsonarista e sabotador Campos Neto, do Banco Central, Gabriel Galípolo, assumirá o comando da autarquia na quarta-feira.

Com medo dos deslocamentos das placas tectônicas que podem beneficiar a nossa economia, os abutres do mercado, prometem marcação homem e homem na relação entre Planalto e BC.
Segundo os sangue sugas, há uma série de dúvidas na relação de Lula com Galípolo.

O interessante que isso mostra como Campos Neto, indicado por Bolsonaro, operou contra o governo prejudicando o país e a sociedade brasileira.

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Governo Lula é aprovado por 67,6% dos brasileiros, mostra pesquisa CNT/MDA

Percentual leva em conta os brasileiros que consideram a gestão federal “ótima”, “boa” ou “regular”. Os que desaprovam somam 30,8%

Uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), em parceria com o instituto MDA, aponta que 67,6% dos brasileiros aprovam o governo Lula (PT), considerando sua gestão “ótima”, “boa” ou “regular”. O levantamento, divulgado nesta terça-feira (12), revela que 30,8% dos entrevistados classificam o governo de forma negativa, seja como “ruim” ou “péssimo”, o maior percentual desde o início do atual mandato.

Conforme os dados da pesquisa, o índice de aprovação se distribui entre 12,2% que consideram a gestão “ótima” e 23,3% que a avaliam como “boa”. Outros 32,1% dos brasileiros avaliam o governo como “regular”, reforçando uma base de aprovação ampla, mas com diferenciações no nível de entusiasmo com as políticas atuais. Esses números indicam que, apesar dos desafios enfrentados pela administração federal, ainda há um nível significativo de apoio, especialmente em setores que mantêm uma visão moderada e esperançosa sobre a gestão.

Metodologia – O instituto MDA entrevistou 2.002 pessoas presencialmente em diversas regiões do Brasil, entre os dias 6 e 9 de novembro, com uma margem de erro de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos e um nível de confiança de 95%.

 

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Governo Lula lança pacote de medidas para garantir segurança alimentar

Iniciativas visam alcançar a meta de retirar o país do Mapa da Fome até 2026.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participa nesta quarta-feira (16), Dia Mundial da Alimentação da cerimônia de assinatura de planos voltados para a segurança alimentar e a produção sustentável no Brasil: o Plano Nacional de Abastecimento Alimentar (Planaab), também chamado de “Alimento no Prato”, e o Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Planapo).

O Planaab, que conta com 29 iniciativas e 92 ações estratégicas, é uma medida inédita no país e tem como uma de suas principais propostas a ampliação de sacolões populares e centrais de abastecimento. De início, seis novas centrais serão implantadas na Bahia, Ceará, Rio Grande do Norte, Sergipe e São Paulo. O objetivo é garantir a distribuição de alimentos frescos e acessíveis, favorecendo tanto os consumidores quanto os produtores.

Um dos destaques do plano é o Programa Arroz da Gente, que será lançado durante o evento. Este programa visa aumentar a produção e o estoque de arroz no Brasil, com foco em pequenos e médios produtores. Segundo a iniciativa, o governo comprará até 500 mil toneladas de arroz, investindo cerca de R$1 bilhão para garantir a formação de estoque e o preço justo aos produtores.

Paulo Teixeira, ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, ressaltou a importância do Planapo na garantia da segurança alimentar e no enfrentamento das mudanças climáticas. “A Agricultura Familiar é a grande responsável pela produção de alimentos saudáveis e adequados, que garantem a segurança e a soberania alimentar e nutricional da nossa população. Com o Planapo, vamos conseguir ofertar alimentos ainda mais saudáveis para o consumo e também ajudar na adaptação e mitigação dos impactos das mudanças climáticas. É mais qualidade de vida para a população do campo e mais alimento saudável no prato de todos os brasileiros e brasileiras”, disse.

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Governo Lula demite agente da Abin investigado por espionagem

Governo demitiu o agente Fabrício Cardoso de Paiva; Ele também é investigado na ‘Abin Paralela’

A Casa Civil da Presidência da República demitiu o agente da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Fabrício Cardoso de Paiva do cargo público, por abandono de cargo em 2022. A demissão foi publicada no Diário Oficial após a conclusão de um processo administrativo-disciplinar da Corregedoria da Abin recomendar, em julho, a medida. Ele também é um dos investigados pela Polícia Federal no caso da “Abin Paralela”.

A coluna revelou o caso em 2 de agosto. O processo estava na Casa Civil desde o início de julho após ter sido concluído na Abin. Paiva tem 49 anos e é oficial de inteligência da Abin desde 2009. Antes disso, foi militar. Ele entrou na Aman (Academia Militar das Agulhas Negras) em 1993. Formado, permaneceu como oficial do Exército entre 1996 e 2009 e foi nessa época que ele conheceu o agora governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas, também militar, diz o ICL.

Em junho de 2019, ele se licenciou da Abin para trabalhar como coordenador-geral de Pesquisas e Informações Estratégicas da Subsecretaria de Conformidade e Integridade na secretaria-executiva do Ministério da Infraestrutura então comandando por Tarcísio.

A coluna apurou que o motivo de sua demissão como segurança de Tarcísio durante a campanha de 2022 está justamente relacionado a esse período. Quando o então ministro deixou o governo Bolsonaro para disputar o Palácio dos Bandeirantes, em março de 2022, Paiva também retornou às suas funções na agência, mas, no mesmo dia do retorno, ele pediu licença para atuar na campanha. No entanto, Paiva não aguardou os trâmites legais internos e um parecer favorável da Abin para o afastamento, o que só ocorreu meses depois.

Desse modo, ele ficou pouco mais de dois meses na campanha de Tarcísio sem autorização e sem trabalhar na Abin. Para que a demissão de Paiva seja concluída, basta que o ministro da Casa Civil, Rui Costa, siga a recomendação da Corregedoria da Abin e publique a decisão no Diário Oficial.

Na quarta-feira (31), a coluna revelou que, antes de trabalhar no Ministério da Infraestrutura, Paiva era responsável pelo setor da Abin onde foram localizados documentos que indicam o envolvimento da agência, na gestão de Alexandre Ramagem, na produção de falsas conversas para atacar o jornalista Leandro Demori e os ex-deputados federais Jean Wyllys e David Miranda.

Quando estava atuando na campanha de Tarcísio, Paiva se envolveu em um episódio controverso após seguranças do então candidato se envolverem em um tiroteio na favela de Paraisópolis.

O caso terminou com Felipe Silva de Lima, de 27 anos, morto a tiros. Segundo o site The Intercept Brasil, imagens das câmeras de policiais envolvidos na ocorrência mostram que ele não estava armado. Após a morte de Lima, Paiva coagiu um cinegrafista da Joven Pan a apagar imagens do suposto confronto, conforme áudio revelado pelo jornal Folha de S. Paulo.

“Tem que apagar. Essa imagem que você filmou aqui também. Mostra o pessoal saindo, tem que apagar essa imagem. Não pode divulgar isso, não”, disse o servidor da Abin na gravação.

Em 2020, Paiva foi indicado por Tarcísio como suplente do Ministério da Infraestrutura no Centro de Coordenação de Operações do Comitê de Crise para a Supervisão e Monitoramento dos Impactos da Covid-19 — grupo interministerial criado para coordenar as ações de enfrentamento à pandemia,

Em março de 2022, Paiva foi promovido a assessor da Secretaria Executiva, órgão mais importante do Ministério da Infraestrutura. Ele deixou o cargo em maio, pouco depois de Tarcísio deixar o governo Bolsonaro para se candidatura a governador de São Paulo.

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Governo Lula fará entrega de 21 títulos de terras a quilombolas

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciará, nesta quinta (19), a entrega 21 títulos de domínio a comunidades quilombolas localizadas em sete estados diferentes. A cerimônia será realizada em Alcântara, no Maranhão, cidade que concentra a maior proporção de população quilombola do país.

No evento, Lula deve assinar 11 decretos de interesse social, além de portarias de reconhecimento. As duas etapas antecedem a concessão do título de domínio e são fundamentais para a regularização dos territórios.

Cerca de 4,5 mil famílias serão contempladas através da destinação de mais de 120 mil hectares para 19 comunidades em nove estados brasileiros.

O ministro Paulo Teixeira, do Desenvolvimento Agrário, participará da solenidade em Alcântara e deve anunciar aos presentes a criação da Diretoria de Territórios Quilombolas do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), inédita na história da instituição.

A repartição será comandada por Mônica Moraes Borges, hoje coordenadora-geral de Regularização de Territórios Quilombolas do instituto.

A regularização de terras é uma demanda histórica dos povos quilombolas. Desde 2023, o governo Lula assinou 12 decretos e entregou 32 títulos. Em toda a gestão de Jair Bolsonaro (PL), entre 2019 e 2022, foram entregues 23 títulos e assinado apenas um decreto.

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Governo Lula opta por se distanciar de escolha do novo presidente da Câmara

Apesar de ser votada em fevereiro do próximo ano, em quase 6 meses, a disputa pela Presidência da Câmara já começou a ser articulada.

Após tentar mediar as discussões sobre o fim das emendas Pix no Congresso, o governo Lula optou por se distanciar da eleição que decidirá o novo presidente da Câmara e lideranças da Casa de 2025. As figuras são decisórias para as articulações das pautas do governo no Legislativo.

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Governo Lula busca conciliação sobre emendas com Congresso e quer adiar regras impostas por STF

Técnicos veem dificuldade de cumprir todas as novas normas relativas a ‘emendas Pix’; Lula ainda dará aval a solução.

Com a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de suspender a execução de emendas parlamentares impositivas até que haja maior transparência, integrantes do governo Lula (PT) trabalham em uma contraproposta que atenue a crise entres os Poderes.

Técnicos propõem que só valha a partir de 2025 parte das regras a serem aplicadas, por determinação do ministro Flávio Dino, às chamadas “emendas Pix”. Esse tipo de emenda tem baixa transparência, pois não é necessário apontar para qual área ou projeto será destinada a verba, aplicada direta no caixa das prefeituras.

A apresentação dessa contraproposta ainda depende do aval do presidente Lula. As sugestões devem ser apresentadas em reunião ministerial na segunda-feira (19).

A ideia de integrantes do governo é construir uma alternativa para ser apresentada quando Dino criar uma comissão de conciliação para discutir a implementação das novas regras —o que ainda não ocorreu.

Nas últimas semanas, Dino proferiu decisões suspendendo a execução de emendas parlamentares. O Congresso chegou a recorrer da decisão liminar e argumentou que não seria possível dar maior transparência aos recursos, mas a tentativa não prosperou. Na sexta-feira (16), o entendimento de Dino foi acompanhado por toda a corte.

As emendas são uma forma pela qual deputados e senadores conseguem enviar dinheiro para obras e projetos em suas bases eleitorais e, com isso, ampliar seu capital político. A prioridade do Congresso, porém, é atender seus redutos eleitorais, não as localidades de maior demanda no país. A aplicação desses recursos também já foi alvo de diversas denúncias de irregularidades.

Dentro do governo, o argumento usado por auxiliares do presidente é o de que, uma vez que já há recursos direcionados, algumas das normas estipuladas pelo magistrado são de difícil implementação este ano.

O governo já empenhou R$ 7,6 bilhões dos R$ 8,2 bilhões de verbas, no modelo vigente, disponíveis em 2024. Desse total, pagou R$ 4,4 bilhões, restando, assim, R$ 3,8 bi a liberar este ano. Este montante só poderá ser liberado a partir do fim das eleições municipais, em outubro.

Outro argumento em favor dessa postergação é o de que não haveria tempo hábil para atendimento de uma exigência do STF: a análise de cerca de 10 mil planos de trabalho de projetos herdados do governo passado e implementados pelas regras em vigor, sem transparência. Na avaliação de técnicos, essa tarefa exigiria cerca de 90 dias.

Além disso, há o temor de paralisação de obras que ainda não tenham sido iniciadas, mas cujos projetos e estudos para execução estejam em curso. Em sua decisão, Dino determinou a continuidade das ações em andamento.

Embora o presidente venha criticando publicamente o modelo de liberação de emendas em vigor, uma ala do governo tem recomendado cautela. O objetivo é não reforçar uma interpretação de que Lula tenha incentivado Dino a suspender a execução do Orçamento.

Lula afirmou, na sexta, que os parlamentares estão viciados no modelo. Ele havia chamado de “loucura” o volume de recursos nas mãos do Congresso, na quinta-feira (15).

Como a Folha mostrou, a cúpula do Congresso já vê uma suposta interferência de representantes do governo nas decisões de Dino, e articula um pacote de medidas mirando os dois Poderes.

Na sexta, mesmo dia em que o STF formou maioria para acompanhar o entendimento de Dino, o presidente da Câmara, o deputado Arthur Lira (PP-AL), deu encaminhamento a duas PECs (propostas de emenda à Constituição) que miram a atuação da corte.

Uma delas limita as decisões individuais de ministros do STF —texto já aprovado no Senado em 2023 e que estava parado na Câmara. A outra PEC permite que as decisões da Corte possam ser derrubadas pelo Congresso.

Parte do governo compartilha do receio de um revide do Congresso em votações de interesse do Planalto, mesmo que o governo não tenha interferido. E que, por isso, deve atuar para amenizar a crise.

Na quinta-feira, o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) afirmou à Folha que o governo busca uma solução em conjunto com o Congresso para as emendas parlamentares num esforço para minimizar atritos com o Legislativo.

O governo também atuou para postergar a implementação de regras definidas por Dino em relação a verbas cobiçadas pelos parlamentares, como as emendas de comissão e o resto a pagar das emendas de relator.

Em petição enviada ao magistrado do Supremo com pedido de esclarecimento, a AGU (Advocacia Geral da União) pediu que os recursos empenhados até agora relativos a estas duas modalidades de emenda sejam liberados —Dino havia mandado suspendê-los até que novas regras fossem aplicadas.

A justificativa é que os parlamentares enviaram os pedidos anteriores com base nas normas vigentes até então, guiadas por decisão anterior do STF, e que seria de difícil execução alterá-las agora porque o próprio Congresso já informou não ter as informações pedidas por Dino.

Na prática, o governo quer aplicar as novas diretrizes de transparência a partir do próximo ciclo de execução das emendas de comissão. Ainda restam cerca de R$ 5 bilhões dessa modalidade a serem aplicados neste ano.

Os recursos de comissão são enviados aos ministérios para serem encaminhados aos municípios pelos presidentes de colegiados temáticos no Congresso. Dino determinou que fique claro qual parlamentar pediu o envio de determinado recurso e qual seria a finalidade dele.

O Congresso argumenta que o remetente do dinheiro já está definido –sob pretexto, de que são as próprias comissões. O ministro do STF, por sua vez, entende que a destinação desse dinheiro é fruto de uma negociação entre parlamentares e quer a identificação do autor original.

Como mostrou a Folha, a Comissão de Integração Nacional e Desenvolvimento Regional da Câmara distribui verba bilionária de emendas conforme orientações repassadas por uma assessora de confiança do Lira, e com destino desconhecido por membros do próprio colegiado.

Nesta sexta, a AGU encaminhou a ministérios orientação para que se cumpra a determinação de Dino em outra ação, sobre as emendas impositivas. A pasta ressalva que só não deve ser interrompida a liberação dessas verbas relacionadas a obras que já tenham sido iniciadas ou em caso de calamidade pública.

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Governo Lula reforça indústria farmacêutica com investimentos de R$ 42,7 bilhões

Objetivo é fortalecer o complexo industrial da área de saúde.

Na tarde de quarta-feira, 14 de agosto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva revelou um significativo aporte financeiro para o Complexo Econômico-Industrial da Saúde (Ceis), com o objetivo de fortalecer a produção nacional de medicamentos e ampliar o acesso a tratamentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O anúncio ocorreu no Palácio do Planalto, em Brasília, com a presença de importantes figuras do governo e da indústria farmacêutica.

O plano anunciado inclui R$ 42,7 bilhões destinados ao Plano Mais Produção (P+P), coordenado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Com esse valor, o total de investimentos chega a R$ 342,7 bilhões, oriundos do BNDES, da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii). Além disso, o Banco do Nordeste (BNB) e o Banco da Amazônia (Basa) terão reforços de R$ 16,7 bilhões e R$ 14,4 bilhões, respectivamente.

O presidente Lula destacou a importância dos investimentos ao afirmar: “O governo cuida da indústria, do povo, do país, da soberania. Este país tem tudo para ser grande. O SUS vai continuar se aperfeiçoando, e nós, brasileiros, podemos ter orgulho de nossa persistência.”

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, elucidou as metas para o fortalecimento da indústria nacional, destacando a missão do Ceis como parte da Nova Indústria Brasil (NIB). “A missão número dois é o Complexo Industrial da Saúde. Nosso objetivo é elevar a produção nacional de medicamentos para atender 50% das demandas do SUS até 2026 e 70% até 2033,” explicou.

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O dia 1º do governo Lula

Luis Nassif

Lula mostrou que, pela primeira vez, há um projeto estruturante para seu governo, feito de fora para dentro, e com participação da sociedade.

Se a cobertura da mídia usasse o critério da relevância para hierarquizar suas notícias, a manchete de todos os veículos deveria ser a abertura da 5a Conferência Nacional de Ciência Tecnologia e Inovação. E não as declarações diplomáticas de Lula sobre a Venezuela. Poderá ser o 1º dia de um governo que, até agora, trabalhou em cima dos escombros deixados por Bolsonaro, mas com um Ministério desconjuntado e de pouco brilho.

Para um público composto por representantes das maiores associações empresariais, Ministros, sociedade civil, indígenas e uma multidão de cientistas e funcionários do setor, Lula mostrou que, pela primeira vez, há um projeto estruturante para seu governo, feito de fora para dentro, e com participação da sociedade.

Com a coordenação de Sérgio Rezende – apresentado por Lula como “o maior Ministro de Ciência e Tecnologia” da história -, foi-lhe entregue o arcabouço do desenvolvimento, um conjunto de estudos sobre os temas mais relevantes do país, tudo visto sob a ótica da ciência e da tecnologia.

O Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT), um relevante órgão público, quase desconhecido da opinião pública, e subordinado ao Ministério de Ciência e Tecnologia, foi incumbido pelo próprio Lula de montar os estudos em cima das novas oportunidades de industrialização e de inovação. E encomendou um estudo especial sobre Inteligência Artificial, para ser utilizado em todas as ações públicas.

O Centro de Gestão de Estudos Estratégicos (CGEE), uma OS, deu a assessoria técnica ao Conselho.

Na abertura do encontro, viu-se um Lula que não se via desde os tempos gloriosos de 2010. No discurso, apresentou um objetivo claro de país grande, com o desafio de construir um dos cinco maiores supercomputadores do mundo, de ter sua própria IA e de montar sua nuvem de dados públicos. E conclamou todos os presentes a pensar na grandeza do país.

Recentemente, o Instituto Roosevelt, dos Estados Unidos, apresentou um estudo sobre a crise das democracias. A única salvação seria o aprofundamento das democracias. Não conseguiu encontrar nenhuma experiência válida no Ocidente. Voltou-se então para outros locais e encontrou no Brasil a melhor experiência participativa, moldada na Constituição de 1988, das Conferências Nacionais.

Não apenas isso. Ao longo de uma história marcada por inúmeros períodos ditatoriais (como 1964-1985) ou autoritários (2016-2022), o país conseguiu desenvolver uma rede impressionante de organizações sociais.

O trabalho da 5CNCTI foi ouvir cientistas, movimentos, empresários, militares (da tecnologia, não do Forte Apache) em cima de temas pré-definidos, abrindo espaço para a proposta de temas pelas organizações sociais.

Depois, as conclusões foram consolidadas em dois ebooks e, de ontem a amanhã, serão discutidas e aprofundadas em vários seminários presenciais e virtuais.

No dia anterior, foi apresentado ao Conselho Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, um órgão colegiado, de caráter consultivo e deliberativo, que se reporta diretamente ao presidente da República.

Mas não se ficará nesses trabalhos. Nos próximos meses, como anunciou Lula, haverá comitês definindo as ações a serem implementadas em cada Ministério, as metas, os passos que têm que ser dados.

Enfim, tudo aquilo que vínhamos cobrando há meses aqui: grupos de trabalho interministeriais e intersetoriais executivos, definindo os projetos, as metas, identificando os obstáculos e reportando-se diretamente ao presidente da República.

Lula foi claro no espaço aberto: quer que o grupo lhe diga o que precisa ser feito, passo a passo.

O projeto grande Brasil vai esbarrar na falta de recursos do país. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) não tem concursos públicos desde 2013. O INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) fez um concurso recentemente, mas insuficiente para repor seus quadros. Os trabalhadores de ciência, tecnologia e inovação não têm reajustes há anos.

*GGN