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Política

Carlos Bolsonaro aciona Ministério Público para impedir restrições de circulação no Rio

Segundo o vereador, as restrições anunciadas por Eduardo Paes tratam de áreas controladas pela União, como praias e faixas de areia.

O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) acionou o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), nesta terça-feira, para que sejam tomadas medidas para impedir a vigência das restrições de circulação, de abertura de estabelecimentos e de permanência em locais públicos, promulgadas pelo prefeito Eduardo Paes. Os esforços para tentar conter o avanço dos casos de Covid-19 são rebatidos pelo vereador com argumentos como o “direito de ir e vir e a saúde das pessoas”.

Sem citar fontes reconhecidas ou estudos científicos publicados, Carlos apontou o fechamento de praias e a impossibilidade de realizar atividades físicas como fatores que podem ajudar no combate ao coronavírus, e estariam sendo impedidos pelos bloqueios.

“Diante de estudos científicos pelo Brasil e pelo mundo, constatando que pessoas que se exercitam e pegam sol mantendo o bom senso ajudam no combate ao covid, não é plausível que prefeitos e governadores bloqueiem áreas abertas como praias e similares para atividade física e geração de empregos. Acionamos o Ministério Público como fiscal da lei para analisar o que é previsto constitucionalmente, principalmente o direito de ir e vir e da saúde das pessoas”.

Apesar das afirmações, o isolamento faz parte das medidas de enfrentamento ao novo coronavírus e é recomendado por especialistas e autoridades da saúde, entre elas a Organização Mundial da Saúde (OMS). Em várias partes do mundo a estratégia obteve sucesso na redução da disseminação do vírus.

Outra alegação de Carlos Bolsonaro ao MP-RJ é que Paes não poderia intervir nas regras sobre circulação de pessoas em espaços de competência da União, como praias e faixas de areia. No anúncio feito aos seus seguidores no aplicativo de mensagens Telegram, o vereador mencionou o artigo 20 da Constituição Federal que descreve o que são bens da União, entre eles lagos, rios e o mar territorial.

“Sendo competência da União as praias e faixas de areia, solicita este parlamentar que seja permitido o trânsito de ir e vir por pedestres em qualquer área que seja de poder da União e que não tenha restrições impostas pelo ente Federal, haja vista que o Prefeito do Rio de Janeiro, editou um decreto com uma série de restrições que recai sobre direito de ir e vir em áreas da União”, argumenta o “filho 02” do presidente Jair Bolsonaro.

As restrições que sustentam a queixa de Carlos foram anunciadas no dia 24 de março, junto com a criação de um feriadão de 10 dias. Além de impedir o funcionamento de diversos estabelecimentos comerciais, o texto publicado pelo governador em exercício, Cláudio Castro, proíbe o acesso às praias de todo o estado, enquanto o texto publicado pela prefeitura do Rio permite o acesso, desde que seja para exercícios individuais. Na última sexta-feira, Eduardo Paes publicou um novo decreto que estende por mais uma semana as medidas de restrição contra o Covid-19 na cidade.

Apesar da tentativa de reposicionar o discurso do governo federal sobre a importância da vacinação para combater a Covid-19, Jair Bolsonaro e o núcleo duro de aliados que o acompanha ainda se opõem a medidas que impeçam a circulação de pessoas. Na última semana, após a primeira reunião do Comitê de Coordenação Nacional para Enfrentamento da Pandemia, o presidente afirmou que o único caminho é deixar o povo trabalhar.

*Com informações de O Globo

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Entrevista de Lula a Reinaldo Azevedo arrebenta na internet, quase 300 mil telespectadores

Em uma entrevista de uma hora e vinte minutos, Lula falou sobre vários temas, como a Lava Jato e ex-juiz Sérgio Moro, o governo de Jair Bolsoanro, a pandemia do novo coronavírus, defendeu o legado dos seus governos e os da ex-presidente Dilma Rousseff.

No mesmo horário da entrevista de Lula na Bandnews, Jair Bolsonaro fazia sua tradicional live semanal. Internautas registraram a diferença de audiência no youtube entre as duas transmissões. Enquanto a entrevista de Lula chegou a ter 279 mil pessoas ao vivo, a live de Bolsoanro tinha 13 mil pessoas assistindo.

Ao ser questionado sobre o manifesto assinado por presidenciáveis de direita e centro-direita, como Ciro Gomes, o ex-ministro da Saúde Henrique Mandetta, os governadores João Doria e Luciano Huck e o apresentador da Globo Luciano Huck, Lula saudou a defesa da democracia, mas disse que ela veio tarde demais.

“Essa gente, todos eles tiveram a chance em 2018 de deixar a democracia garantida votando no Haddad. Essa gente preferiu votar no Bolsonaro. Ciro só foi para Paris”, afirmou Lula.

Lula fez um apelo para que Jair Bolsonaro administre as crises do País: “Deixa de ser ignorante, presidente. Para de brigar com a ciência. Para de falar para os seus milicianos, fale para os 200 milhões de brasileiros”.

Lula também afirmou que a “Lava Jato oficializou o roubo” no Brasil. Ele lembrou que a operação “premiou todos os ladrões”, que fizeram esquemas de delações premiadas.

“Todos agora estão fumando charuto cohiba, aquele charuto cubano, e tomando rum cubano às nossas custas”, disse.

Na entrevista, Lula também afirmou que o Brasil está vivendo um genocídio, causado “pela irresponsabilidade de um único homem, que brinca com a doença, que zomba da doença, que inventa remédio”, referindo-se a Jair Bolsonaro.

“Estamos vivendo um genocídio. Não um genocídio de estado como foi o genocídio contra os negros ou contra os indígenas, porque é um genocídio praticado pela irresponsabilidade de um único homem, que brinca com a doença, que zomba da doença, que inventa remédio”.

Veja algumas reações

*Com informações do 247

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Política

Bresser-Pereira: “Brasil está pronto para o impeachment de Bolsonaro”

O economista e ex-ministro da Fazenda Luiz Carlos Bresser-Pereira defendeu nesta terça-feira (30) o impeachment de Jair Bolsonaro.

Segundo Bresser, líderes do Centrão estão se afastando de Bolsonaro. “Compreenderam que a proximidade a ele só os desmoraliza. Não tenhamos dúvida. O Brasil está pronto para o impeachment”, afirmou pelo Twitter.

A tese do impeachment de Jair Bolsonaro voltou a ganhar força no país em meio ao aumento da catástrofe criada pela gestão criminosa na pandemia, somada aos claros sinais de aprofundamento da crise econômica. Sentado em 73 pedidos de afastamento, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), mandou na quarta-feira (24) um recado sem meias palavras para o presidente: “Os remédios políticos no Parlamento são conhecidos e são todos amargos. Alguns, fatais. Muitas vezes são aplicados quando a espiral de erros de avaliação se torna uma escala geométrica incontrolável”.

Para o cientista político Jorge Zaverucha, professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a renúncia dos comandantes das três Forças Armadas expõe a “fragilidade” de Jair Bolsonaro, afirma Com o episódio, Bolsonaro perde uma “carta na manga que achava ter” para enfrentar um eventual processo de impeachment. As Forças Armadas saem fortalecidas como instituição. Se o pedido for bem fundamentado, as Forças Armadas vão se comportar como instituição de Estado e não de governo”, afirmou.

*Com informações do 247

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Crise no Brasil gera preocupação internacional e temor por democracia

A cúpula da ONU, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, organismos internacionais, analistas financeiros e governos estrangeiros demonstraram “preocupação” diante da crise institucional vivida pelo Brasil. Por meio de canais não oficiais, rede de militares buscaram saber, nas últimas horas, o que a queda dos três chefes das forças no país representa e qual tem sido a reação nas casernas e na base do bolsonarismo.

Nesta terça-feira, Edson Leal Pujol (Exército), Ilques Barbosa (Marinha) e Antônio Carlos Bermudez (Aeronáutica) colocaram seus cargos à disposição, um dia depois da queda do Ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva.

O recado era claro: os militares não estão dispostos a participar de nenhuma aventura golpista. Apesar disso, o que serviços estrangeiros buscam saber é se existe apoio ao presidente em grupos específicos dentro das diferentes forças.

Ao longo de décadas, os militares brasileiros fizeram parte de operações de paz na ONU e, tanto entre generais como nos escalões intermediários, os contatos foram feitos para esclarecer a situação brasileira.

A coluna também apurou que embaixadores do Brasil no exterior foram procurados por membros de governos estrangeiros que, de forma reservada, pediram informação.

Na União Europeia e no Parlamento Europeu, não são poucos os líderes que passaram a acompanhar a situação brasileira com “especial atenção”. A ordem oficial em Bruxelas é a de não fazer comentários públicos sobre temas domésticos de um outro país.

Mas a percepção é de que o mundo, num momento de pandemia e tensão, não pode se dar ao luxo de ver mais um foco de instabilidade internacional. “Há uma enorme preocupação sobre o que um colapso institucional do Brasil pode representar para a região”, admitiu um diplomata da UE.

“O Brasil não é Mianmar”, admitiu um negociador brasileiro n Europa, reconhecendo o impacto que uma ruptura democrática no país significaria ao mundo.

Mesmo na cúpula da ONU, a crise brasileira é seguida de perto por Antônio Guterres, secretário-geral da entidade e uma pessoa que, ao longo de sua história, sempre foi próximo dos assuntos do país. O alerta é de que, mesmo que não se configure uma ruptura da democracia, os acontecimentos podem enfraquecer as instituições.

Relatores de Direitos Humanos das Nações Unidas também já foram informados sobre os acontecimentos nos últimos dias no Brasil e, em Washington, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos também já acompanha o caso.

Outra fonte de preocupação vem de multinacionais e de grandes investidores, que em parte apostaram na aliança entre liberais e militares para dar uma base sólida ao movimento de ultradireita liderada por Jair Bolsonaro.

Se os empresários nacionais já tinham acenado com uma retirada do apoio, a ruptura dessa semana com os militares abriu o temor de que Bolsonaro transforme seus dois últimos anos de governo em apenas uma sucessão de crises. “O país, neste momento, dá uma imagem de estar desgovernado”, disse um analista de um banco internacional em Genebra.

*Jamil Chade/Uol

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Governo não cumpre plano pelo 2º mês e entregará 73% da vacinas prometidas

Cronograma furado

Pelo segundo mês seguido, o Ministério da Saúde vai disponibilizar menos doses de vacinas contra o novo coronavírus do que o inicialmente previsto em seus cronogramas.

Já lento, o processo de imunização fica ainda mais prejudicado por esse erro de planejamento, exatamente no pior momento da pandemia no Brasil, que atinge números recordes de casos, mortes e ocupação de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) por causa da covid-19.

Em 17 de fevereiro, a área da saúde do governo de Jair Bolsonaro previa cerca de 35 milhões de doses em março. Já no cronograma apresentado no dia 19 deste mês, a estimativa subiu para pouco mais de 38 milhões.

Porém, o país receberá 27,6 milhões até 31 de março em um cenário mais otimista. Ou seja, 73% do originalmente prometido pelo então ministro Eduardo Pazuello, que deixou a pasta esta semana. Esse número pode ficar ainda menor. Podem ser apenas 24,7 milhões (65% do previsto) caso a Fiocruz não entregue o planejado (leia mais abaixo).

No mês de fevereiro, o governo também não entregou a quantidade prometida. E, para abril, já é certo que a previsão também não será cumprida mais uma vez —a Fiocruz indicou que não conseguirá entregar cerca de 12 milhões de doses no mês que vem.

Desde o começo da campanha de imunização até a tarde de sexta-feira (26), o governo federal afirmou ter distribuído 30,7 milhões de doses. O novo o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou nesta semana que sua principal meta é vacinar 1 milhão de pessoas por dia, mas não disse como pretende fazer isso.

Projeção e entrega de doses de vacinas para março

Compare as quantidades estimadas para março em cronogramas do Ministério da Saúde e o que foi efetivamente entregue.

Expectativa x Realidade A principal falha na programação do ministério está relacionada à Covaxin, vacina indiana comercializada no Brasil pela Precisa Medicamentos. O cronograma para março previa 8 milhões de doses. Até o momento, a empresa brasileira não confirma se essa quantidade estará disponível este mês.

“Fizemos a solicitação de licença de importação e estamos atendendo todas as demandas para buscar atender ao cronograma”, diz a Precisa Medicamentos em nota.

Mas, mesmo que chegue, a Covaxin não poderá ser usada agora porque ainda não tem autorização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) —a agência, inclusive, diz que faltam documentos a respeito do imunizante.

Outro ponto de divergência entre previsão e a realidade é na quantidade de doses do consórcio Covax Facility. A expectativa era que chegassem 3 milhões de doses no mês. Desse total, foi entregue apenas 1 milhão. E não há data para a chegada do restantes.

o caso da vacina de Oxford, produzida pela Fiocruz, há dúvida sobre a data para completar a entrega de 3,9 milhões de doses previstas para março. Até o momento, o laboratório entregou cerca de 1 milhão. Também questionado pelo UOL, o Ministério da Saúde não prestou esclarecimentos.

O número menor também é causado por falha de comunicação. Segundo o Ministério da Saúde, o Instituto Butantan iria entregar 23,3 milhões de doses da CoronaVac em março. Porém, ao somar as entregar previstas para as próximas segunda (29) e quarta (31), o total será de 22,7 milhões neste mês. O Butantan diz que o ministério considerou para março 600 mil doses que foram entregues em fevereiro.

“Frustração enorme”

O quantitativo previsto não corresponder à realidade “gera uma frustração enorme”, diz Carlos Lula, presidente do Conass (Conselho Nacional dos Secretários de Saúde) e secretário da Saúde no Maranhão. “Era melhor não ter gerado essa expectativa. A gente não pode trabalhar com expectativa irreal porque a gente tem um planejamento todo feito.”

Não ter confiança no número de doses que estarão efetivamente disponíveis atrapalha desde a estratégia para tentar diminuir os números de casos e mortes até a logística para a entrega dos imunizantes para os municípios, explica o secretário.

“Enviando as doses, em geral, em quantidade muito pequena, a gente tem um gasto enorme para fazer essa logística. Para entregar as doses para todos os municípios, tenho um gasto. Tem município [no Maranhão] que vai receber 20, 30 doses. É um absurdo.”

O problema não é de hoje. O problema é da postura do ministério desde 2020. Quando a gente vai correr agora para tirar o prejuízo, era notório que a gente ia ter problema.

*Com informações do Uol

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Saúde

Chefes de UTIs ligam ‘kit Covid’ a maior risco de morte no Brasil

Médicos de centros de referência como hospital das Clínicas, Albert Einstein e Emilio Ribas explicam que efeitos colaterais de medicamentos sem eficácia estão prejudicando o tratamento de doentes graves

Defendido pelo presidente Jair Bolsonaro como estratégia de combate ao coronavírus, o chamado “kit covid” ou “tratamento precoce”, na verdade, contribui para aumentar o número de mortes de pacientes graves, disseram à BBC News Brasil diretores de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) de hospitais de referência.

Mais de um ano depois de a pandemia chegar ao Brasil, Bolsonaro continua defendendo a prescrição de medicamentos como hidroxicloroquina e ivermectina, embora diversas pesquisas científicas apontem que esses remédios não têm eficácia no tratamento de covid-19.

“Muitos têm sido salvos no Brasil com esse atendimento imediato. Neste prédio mesmo (Palácio do Planalto), mais de 200 pessoas contraíram a Covid e quase todas, pelo que eu tenha conhecimento, inclusive eu, buscaram esse tratamento imediato com uma cesta de produtos como a ivermectina, a hidroxicloroquina, a Azitromicina”, disse o presidente no início do mês.

Mas evidências científicas apontam que esses remédios não têm efeito de prevenção ou tratamento precoce de covid. E médicos de hospitais de referência ouvidos pela BBC News Brasil afirmam que a defesa e o uso do “kit covid” contribuem de diferentes maneiras para aumentar as mortes no país.

O médico intensivista Ederlon Rezende, coordenador da UTI do Hospital do Servidor Público do Estado, em São Paulo, destaca que entre 80% e 85% das pessoas não vão desenvolver forma grave de covid-19. Para esses pacientes, usar o “kit covid” não vai ajudar em nada. Também pode não prejudicar, se a pessoa não tomar doses excessivas, não desenvolver efeitos colaterais, nem tiver doenças que possam se agravar com esses medicamentos.

Governo Bolsonaro investiu R$ 90 milhões em remédios sem eficácia comprovada contra covid-19.

“A preocupação maior é com os 15% que desenvolvem forma grave da doença e acabam vindo para a UTI. É nesses pacientes que os efeitos adversos dessas drogas ocorrem com mais frequência e esses efeitos podem, sim, ter impacto na sobrevida”, diz Rezende, que é ex-presidente da Associação de Medicina Intensiva Brasileira.

E o “Kit covid” também mata de maneira indireta, ao retardar a procura de atendimento pela população, absorver dinheiro público que poderia ir para a compra de medicamentos para intubação, e ao dominar a mensagem de combate à pandemia, enquanto protocolos nacionais de atendimento sequer foram adotados, disseram médicos intensivistas do Hospital das Clínicas, Albert Einstein e Emilio Ribas.

“Alguns prefeitos distribuíram saquinho com o ‘kit covid’. As pessoas mais crédulas achavam que tomando aquilo não iam pegar covid nunca e demoravam para procurar assistência quando ficavam doentes”, diz Carlos Carvalho, diretor da Divisão de Pneumologia do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas, em São Paulo.

Entre os efeitos da procura tardia por atendimento está a intubação, quando o pulmão já está muito lesionado pelo esforço para respirar. Pacientes que recebem máscara de oxigênio ou ventilação mecânica invasiva antes de chegar à insuficiência respiratória aguda têm mais chances de sobreviver, explicam os médicos intensivistas.

“A falta de organização central e as informações desconexas sobre medicação sem eficácia contribuíram para a letalidade maior na nossa população. Não vou dizer que representa 1% ou 99% (das mortes), mas contribuiu”, completa Carlos Carvalho, que também é professor da Faculdade de Medicina da USP.

Efeitos colaterais em pacientes graves

A pneumologista Carmen Valente Barbas, que atua no Hospital das Clínicas e no Albert Einstein, em São Paulo, diz que a maioria das pessoas que ela atende atualmente dizem, na consulta, que tomaram medicamentos do chamado kit covid.

“A maior parte está tomando essas medicações. Em toda videoconsulta que eu faço, as pessoas dizem que estão tomando e tomando em doses cavalares”, disse à BBC News Brasil.

A maior preocupação dos médicos intensivistas é o efeito colateral desses medicamentos em pacientes que evoluem para a forma grave da covid e que já estão com o funcionamento de órgãos vitais comprometidos.

“Esses remédios não ajudam, não impedem o quadro de intubação, e trazem efeitos colaterais, como hepatite, problema renal, mais infecções bacterianas, diarreia, gastrite. E a interação entre esses medicamentos pode ser perigosa”, completa Barbas, que é professora de medicina da USP e referência internacional em ventilação mecânica.

Entre os medicamentos mais defendidos por Bolsonaro para uso por pacientes com covid estão a hidroxicloroquina, a azitromicina e a ivermectina.

A hidroxicloroquina é um medicamento normalmente usado em pacientes com lúpus, artrite reumatoide, doenças fotossensíveis e malária. A ivermectina é um vermífugo usado para combater vermes, piolhos e carrapatos.

Já azitromicina é um antibiótico que, segundo os médicos, só deveria ser usado em caso de infecção bacteriana, não para prevenir um vírus.

Arritmia, delírios e problema renal

O médico intensivista Ederlon Rezende chama a atenção para o risco da hidroxicloroquina causar arritmia cardíaca, um dos efeitos colaterais possíveis do remédio.

Num paciente que evolui para quadro grave de covid, esse pode ser uma efeito adverso crítico, porque a doença causada pelo coronavírus também afeta o coração, ao promover inflamações do músculo cardíaco e trombose nos vasos e tecidos.

Rezende diz ainda que tem tido problemas com pacientes que precisam ser sedados para intubação e que acordam da sedação com confusão mental mais acentuada por causa do uso abusivo de ivermectina antes de chegar ao hospital.

“O paciente, ao acordar da intubação, pode apresentar delírio. Com pacientes com covid isso é muito frequente, porque o vírus atravessa a barreira hematocefálica e afeta o cérebro, principalmente a região frontal, causando inflamação”, diz.

“A invermectina é uma droga que também penetra no cérebro quando ele está inflamado, e ela deprime mais ainda o cérebro e piora a qualidade do despertar de um paciente intubado. Essa tem sido uma intercorrência frequente nos pacientes que usaram esse remédio antes chegar à UTI”.

A ivermectina, diz ele, também pode provocar lesão renal, outro componente que dificulta a cura de um paciente grave de covid, já que a doença tem potencial para provocar complicações nos rins e demandar hemodiálise.

Brasil vive pico de infecções e tem mais mortes diárias que toda a União Europeia e também América do Norte, segundo dados do Our World in Data.

“Em termos de risco de morte, eu daria destaque para a cloroquina e hidroxocloroquina, com potencial para provocar arritmias fatais. E ivermectina, como já comentei, com potencial de depressão do sistema nervoso central, lesão hepática, lesão renal, entre outros.”

Mais recentemente, Bolsonaro passou a citar a Nitazoxanide, conhecida como Annita, como candidata a integrar o kit covid. O problema, além de não haver qualquer evidência científica de eficácia, é que as pessoas passaram a tomar esse vermífugo junto com outro, a ivermectina, intoxicando o organismo, diz médica do Albert Einstein Cármen Valente Barbas.

“A interação desses medicamentos, tomados juntos, é perigosa. As pessoas estão tomando Annita junto com ivermectina e isso é um absurdo.”

* Nathalia Passarinho/BBC News Brasil em Londres

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Política

Tal pai, tal filhos: Bolsonaro agora tem os filhos 01, 02, 03 e 04 sob investigação

O senador Flávio, o vereador Carlos, o deputado Eduardo e Jair Renan são alvos em diferentes casos.

Com o inquérito recém-aberto para apurar a conduta de Jair Renan, órgãos de investigação como a Polícia Federal e o Ministério Público têm agora quatro filhos do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no foco de apurações.

Além de Renan, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) são alvos em diferentes casos.

As suspeitas incluem desvio de recursos públicos, contratação de funcionários fantasmas, compra de imóveis com pagamento em dinheiro vivo e envolvimento na organização de manifestações que pediram o fechamento de instituições como Congresso e Supremo Tribunal Federal.

Procurados pela Folha, apenas Flávio se manifestou sobre as investigações. Por telefone, o advogado Frederick Wassef negou as irregularidades atribuídas a seu cliente no caso das “rachadinhas” e afirmou que o senador foi alvo de um inquérito repleto de ilegalidades.

O filho mais novo do chefe do Executivo é investigado pela PF por suposto tráfico de influência por meio da Bolsonaro Jr Eventos e Mídia, empresa aberta em novembro.

O inquérito foi instaurado na segunda-feira (15), a partir de um pedido feito pela Procuradoria da República no Distrito Federal), no dia 8 de março, segundo revelou o Painel, da Folha.

A medida foi tomada pela Procuradoria com base em representações movidas pelo deputado Ivan Valente (PSOL-SP) e pelos senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Humberto Costa (PT-PE), que citaram reportagens da revista Veja e da Folha.

A Veja revelou em novembro que Renan visitou as instalações de um grupo empresarial do Espírito Santo que comercializa material de construção. Logo depois, informou a revista, eles doaram um carro elétrico a Renan, avaliado em R$ 80 mil, e conseguiram apresentar um projeto ao ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho.

Já a Folha revelou em dezembro que a cobertura com fotos e vídeos da festa de inauguração da empresa de Renan, em outubro, foi realizada gratuitamente por uma produtora de conteúdo digital e comunicação corporativa, a Astronautas Filmes, que presta serviços ao governo federal.

Somente no ano passado, a empresa recebeu ao menos R$ 1,4 milhão do governo Bolsonaro. A empresa prestou serviços para os ministérios da Educação, Saúde e Casa Civil.

O proprietário da Astronautas admitiu que realizou os serviços para a empresa de Renan. A Procuradoria chegou a pedir, em apuração preliminar, informações sobre a empresa, como sua composição societária, endereços, possíveis procuradores, contratos firmados com a administração pública ou recebimento de recursos públicos.

Também solicitou pesquisa sobre as pessoas jurídicas nas quais Renan consta como sócio, bem como sobre a existência de eventuais contratos firmados com a administração pública ou recebimento de recursos públicos por parte das mesmas.

Carlos, por sua vez, é investigado pelo Ministério Público do Rio sob a suspeita de ter empregado funcionários fantasmas em seu gabinete em seu primeiro mandato (iniciado em 2001) na Câmara Municipal da capital fluminense.

Também foi interrogado pela PF, no ano passado, no inquérito dos atos antidemocráticos, do STF, investigação que busca identificar os responsáveis por ataques e ofensas à corte.

Um dos alvos, segundo as apurações, é o chamado “gabinete do ódio”, que atua no Palácio do Planalto sob a tutela de Carlos. A existência do gabinete foi revelada pela Folha em 2019.

Eduardo é foco de uma apuração preliminar da PGR (Procuradoria-Geral da República) sobre pagamentos em dinheiro vivo na aquisição de dois imóveis na zona sul do Rio entre 2011 e 2016.

Assim como o irmão Carlos, foi também citado e interrogado no inquérito dos atos antidemocráticos.

Em depoimento prestado à polícia em setembro, o deputado Alexandre Frota (PSDB–SP) levou diversos números de IPs de computadores de Brasília e do Rio de Janeiro que teriam sido identificados como participantes de ações de disseminação de fake news na internet. Segundo o parlamentar, os IPs estão ligados a um email oficial do filho do presidente.

A delegada Denisse Dias Ribeiro, encarregada do inquérito, enviou a Moraes um relatório inconclusivo sobre as investigações. Moraes pediu à PGR um parecer sobre o caso.

Filho mais velho do presidente, Flávio é acusado de liderar um esquema de “rachadinha” em seu antigo gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, levado a cabo por meio de 12 funcionários fantasmas entre 2007 e 2018.

No período, ele exerceu consecutivos mandatos de deputado estadual. Um de seus principais assessores, o ex-PM Fabrício Queiroz foi apontado por investigadores como o operador do esquema.

O esquema consistia na apropriação de parte dos salários pagos aos assessores lotados em seu antigo gabinete da Assembleia Legislativa do Rio

Flávio foi denunciado pelo Ministério Público do Rio em novembro de 2020 sob a acusação dos crimes de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Uma das ex-mulheres de Bolsonaro, Ana Cristina Valle, também foi citada no inquérito das “rachadinhas”. Ela teve oito parentes empregados no gabinete de Carlos na Câmara do Rio. Os dados financeiros mostraram que eles sacaram, em média, 84% dos salários. A suspeita é de que devolviam parte do valor.

O nome da atual mulher do presidente, Michelle Bolsonaro, também apareceu na quebra de sigilo bancário de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, no mesmo inquérito. O documento do Coaf mostrou que ele depositou R$ 72 mil na conta da primeira-dama entre 2011 e 2018.

A esposa de Queiroz, Márcia de Aguiar, colocou mais R$ 17 mil, somando-se R$ 89 mil.

Dias depois de apresentada a denúncia contra ele no caso das rachadinhas, Flávio iniciou as tratativas da compra de uma mansão por R$ 6 milhões em Brasília.

Partidos de oposição no Congresso protocolaram ofício no último dia 3 solicitando abertura de processo contra o senador no Conselho de Ética do Senado para investigar a transação.

Eles questionam a origem do dinheiro da transação e as taxas praticadas no financiamento. A Folha obteve no cartório de Brazlândia (DF) a íntegra da escritura registrada de compra e venda o imóvel.

Segundo o documento, o parlamentar financiou R$ 3,1 milhões, liberados pelo BRB (Banco de Brasília), comandado por Ibaneis Rocha (MDB), um aliado de Jair Bolsonaro. Já a parcela inicial do financiamento equivale a mais da metade da renda declarada do casal.

A prestação inicial assumida pelo parlamentar e por sua mulher é de R$ 18.744,16. Juntos, segundo o documento, eles comprovaram renda de R$ 36.957,68. Ele declarou ganhar R$ 28.307,68 e ela, R$ 8.650. Flávio nega irregularidades na transação.

No mês passado, Flávio conseguiu uma vitória no STJ (Superior Tribunal de Justiça), que anulou a quebra do sigilos bancário e fiscal do parlamentar no caso das “rachadinhas”, comprometendo parte das provas reunidas pelos investigadores no Rio.

Na última terça-feira (16), porém, o senador foi duplamente derrotado. A mesma corte julgou outros dois recursos de Flávio e manteve o compartilhamento de dados do Coaf (Conselho de Controle das Atividades Financeiras) com a Promotoria, um importante conjunto probatório, e decisões do juiz da primeira instância da Justiça fluminense, questionadas após o Tribunal de Justiça entender que a investigação deveria ter tramitado desde seu início na segunda instância.

Frederick Wassef afirmou que Flávio é inocente. “Meu cliente foi vítima de uma campanha midiática. Poucas vezes tivemos voz para explicar detalhes de tudo o que está acontecendo”, afirmou o advogado.

“Jamais entrou um real [ilícito] em sua conta. Até hoje, dois anos e meio depois, nada ocorreu. Levaram mais de dois anos para apresentar uma denúncia, tamanha a dificuldade por falta de elementos. Agora, com o que decidiu o STJ, essa denúncia não existe. Tem que começar tudo do zero.”

O que há contra cada filho de Bolsonaro

Jair Renan, 23‚ empresário

A Polícia Federal investiga suposto tráfico de influência de Renan por meio de sua empresa Bolsonaro Jr Eventos e Mídia, aberta em novembro.

A medida foi tomada depois de a revista Veja revelar que um grupo de empresários capixabas, que propôs parcerias com Renan, conseguiu apresentar um projeto ao ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho.

O grupo doou um carro elétrico para a empresa do filho do presidente. O inquérito também apura revelação da Folha de que a cobertura da inauguração da empresa de Renan foi feita gratuitamente por uma produtora que presta serviços ao governo.

Eduardo Bolsonaro, 36‚ deputado federal (PSL-SP)
É alvo de uma apuração preliminar da PGR (Procuradoria-Geral da República) sobre pagamentos em dinheiro vivo na aquisição de dois imóveis na zona sul do Rio de Janeiro entre 2011 e 2016.

O caso foi revelado em setembro pelo jornal O Globo e envolve duas transações imobiliárias que custaram R$ 150 mil em espécie (R$ 196,5 mil em valores corrigidos pela inflação). Assim como o irmão Carlos, é citado no inquérito dos atos antidemocráticos, do STF e foi interrogado pela Polícia Federal.

Carlos Bolsonaro, 38‚ vereador (Republicanos-RJ)
É investigado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro sob a suspeita de ter empregado funcionários fantasmas em seu gabinete durante seu primeiro mandato (iniciado em 2001) na Câmara Municipal da capital fluminense.

Também foi interrogado pela Polícia Federal no inquérito dos atos antidemocráticos, do STF (Supremo Tribunal Federal), do qual são alvos assessores do Palácio do Planalto ligados ao vereador.

Flávio Bolsonaro, 39‚ senador (Republicanos-RJ)
Foi denunciado, em novembro de 2020, pelo Ministério Público do Rio sob a acusação de ter praticado os crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa no caso das “rachadinhas”.

O esquema consistia na apropriação de parte dos salários pagos aos assessores lotados em seu antigo gabinete da Assembleia Legislativa do Rio. Dias depois de a denúncia ser apresentada pela Promotoria, Flávio iniciou as tratativas da compra de uma mansão por R$ 6 milhões em Brasília, negócio escriturado em janeiro

*Com informações da Folha

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Ex-esposa de Bolsonaro desponta como novo Queiroz em esquema de rachadinhas

A segunda esposa de Jair Bolsonaro, Ana Cristina Siqueira Valle, é peça-chave para entender como funcionava o esquema familiar de “rachadinhas” no gabinete do então deputado estadual e, hoje, senador, Flávio Bolsonaro, mas também no do vereador Carlos Bolsonaro e no do próprio presidente da República, quando era deputado federal.

Ou seja, ela está presente em indícios de esquemas nas três esferas: Congresso Nacional, Assembleia Legislativa do Rio e Câmara dos Vereadores do Rio.

As revelações sobre uma verdadeira Casa da Mãe Joana com o dinheiro público são fruto de meses de apuração do núcleo especial de jornalismo investigativo do UOL, que analisou 607.552 operações bancárias em 100 planilhas. Isso foi possível após acesso às quebras de sigilo do processo que trata dos desvios de salários de servidores por parte de Flávio antes que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) anulasse o uso judicial dos dados obtidos.

Até agora, muito se fala sobre o papel do ex-policial e ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz em organizar o recebimento do dinheiro desviado na Assembleia Legislativa do Rio. E de ajudar em sua lavagem, através da compra de imóveis e do uso da loja de chocolate.

(O fato de ter escapado várias vezes de depor no Ministério Público, de afirmar que a origem das “movimentações atípicas” em sua conta era resultado de “rolo” de carros e ter sido preso, muquiado em uma casa de Frederick Wassef, advogado dos Bolsonaros, em Atibaia (SP), também não ajuda na imagem de Queiroz.)

Mas o comportamento de Ana Cristina (que após se separar de Jair e ir morar na Noruega, voltou ao Rio e, agora, se tornou servidora no gabinete de Celina Leão (PP-DF) no Congresso Nacional, como revelou Juliana Dal Piva, no UOL) também mostra que há outros operadores desse esquema familiar. Operadores que são mais discretos e cuidadosos que o ex-assessor.

O clã Bolsonaro pagava salários a 18 parentes de Ana Cristina através de seus gabinetes. Foi pai, mãe, irmão, cunhados, tias, tio, primos, madrasta de primo contratados para atuar como servidores de Jair, Flávio e Carlos. Desses, dez estão sendo investigados e tiveram sigilos quebrados.

Entre eles, Andrea, irmã de Ana, que aparece como funcionária do gabinete do então cunhado deputado federal entre 1998 e 2006. Ela nunca morou em Brasília, permanecendo em Resende (RJ). O endereço indicado para o seu Imposto de Renda era a casa de Jair, na Barra da Tijuca.

Ao final do período de Andrea no Congresso, Ana transferiu para si o dinheiro que restava na conta bancária em que a irmã recebia o salário – R$ 54 mil ou R$ 110 mil, em valores atualizados.

Amanda Rossi, Flávio Costa, Gabriela Sá Pessoa e Juliana Dal Piva, do UOL, apuraram que Ana chegava a ficar com cartões das contas através das quais assessores do clã recebiam seus salários.

Vale lembrar que os servidores investigados pelo MP sacavam a quase totalidade dos seus rendimentos em dinheiro vivo periodicamente, o que é indício que queriam evitar o rastreamento de transferências ilícitas.

Ana Cristina também chefiou o gabinete do ex-enteado Carlos Bolsonaro, entre 2001 e 2008, e, por conta disso, está sendo investigada no inquérito que apura suspeitas de “rachadinha” que recaem sobre o vereador.

Depois que deixou o gabinete de Jair, Andrea foi para o de Carlos, na Câmara dos Vereadores do Rio, onde ficou no cargo por dois anos, chefiada pela irmã. E, a partir de 2008, se mudou para o gabinete de Flávio, na Alerj, permanecendo por dez anos como funcionária fantasma. É investigada pelo MP por rachadinha nesses dois últimos.

Andrea e Ana não quiseram falar com o UOL e Jair nem se dignou a responder.

Tudo isso reforça que o esquema não é de Flávio. Sim, apesar da incompetência que vem mostrando na gestão do país, principalmente na pandemia, Jair tinha sim experiência administrativa.

Afinal, o que o especial “Anatomia da Rachadinha” mostra é um esquema mafioso envolvendo as três esferas da administração pública, que se valeu da percepção de impunidade para se manter vivo por muito tempo. Um conglomerado de crime que chegou à Presidência da República.

Leonardo Sakamoto/Uol

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Faz três anos que Marielle foi assassinada pelo vizinho de Bolsonaro em plena intervenção militar no Rio

Três anos depois do assassinato de Marielle, a polícia não chegou sequer no 3º homem que estava no carro dos assassinos.

Enquanto Bolsonaro estimula seu gado para, em pleno domingo, ir às ruas aumentar a transmissão de Covid no momento em que o país bate novo recorde de média móvel de mortes.

Tanto no Brasil quanto no exterior o assassinato de Marielle é lembrado e, junto, a lembrança do assassino que era vizinho de Bolsonaro, sendo que o crime ocorreu em plena intervenção militar na Segurança Pública no Rio e jamais deu qualquer resposta ou ajuda para elucidar o caso.

O que se sabe é que o assassino de Marielle, Ronnie Lessa, também era traficante internacional de armas e fornecia armamento pesado para as principais milícias da zona oeste do Rio, principalmente para a milícia de Rio das Pedras que era comandada por Adriano da Nóbrega, miliciano que tinha relação estreita com Queiroz que, por sua vez, mantinha a família do miliciano morto na Bahia no esquema de lavagem de dinheiro e peculato comandado por Flávio Bolsonaro.

Adriano, como todos sabem, foi morto na Bahia por um suposto confronto com a polícia, no dia em que Eduardo Bolsonaro estava na Bahia, sem que se saiba até hoje qual o motivo de sua viagem à capital baiana e, muito menos a sua agenda no estado.

Nesses três anos, até Moro, ainda ministro de Bolsonaro, envolveu-se diretamente no caso.

Moro mobilizou a PF para “interrogar” o porteiro do condomínio Vivendas da Barra, aonde o clã Bolsonaro tem duas casas, uma de Jair e, a outra, de Carlos.

O que motivou esse aparelhamento da PF por Moro para pressionar o porteiro foi a sua afirmação, em depoimento à Polícia Civil e MP-RJ foi a de que Jair Bolsonaro é quem deu ordens a ele para a entrada de Elcio de Queiroz, comparsa de Ronnie Lessa, no crime de Marielle no mesmo dia em que ela foi morta.

O fato é que Moro conseguiu o que queria. O porteiro mudou sua versão e, de forma surpreendente, nunca mais se ouviu falar dele. Nem se sabe se ele continuou trabalhando no condomínio.

O fato é que a morte de Marielle é cercada de muitas e macabras coincidências e nenhuma solução.

Segue a pergunta: quem mandou matar Marielle?

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Quatro assessores de Carlos Bolsonaro retiraram R$ 570 mil em dinheiro vivo

Ao menos quatro funcionários do gabinete do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) sacaram 87% de seus salários em dinheiro vivo. Juntos, eles retiraram um total de R$ 570 mil.

O intenso volume de saques de assessores de Carlos Bolsonaro, após os pagamentos, é semelhante ao padrão apontado pelo MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) na suposta organização criminosa que funcionava no gabinete do irmão mais velho, Flávio Bolsonaro, na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro).

Desde julho de 2019, o MP-RJ investiga também a suspeita de nomeação de funcionários fantasmas e a prática de “rachadinha” no gabinete de Carlos Bolsonaro. A defesa do vereador disse que não irá se manifestar, porque os processos estão em sigilo.

Esta é uma das quatro reportagens realizadas pelo UOL a partir da análise de dados de 100 quebras de sigilos bancários de investigados no caso da “rachadinha” do gabinete de Flávio Bolsonaro, quando ele era deputado estadual na Alerj.

Caso da rachadinha

Os dados acima constam na quebra de sigilo bancário dos quatro assessores, autorizada no âmbito da investigação sobre a prática de rachadinha no gabinete de Flávio Bolsonaro — para quem eles também trabalharam — quando era deputado estadual na Alerj.

O saque de altos percentuais do salário também também foi um método utilizado por um grupo de quatro assessores de Jair Bolsonaro, quando ele exerceu o mandato de deputado federal. Eles retiraram 72% dos salários em dinheiro vivo.

Os cálculos do UOL consideram os saques que, com certeza, têm origem nos salários recebidos. Ou seja, não é possível que esses valores sacados sejam fruto de outras fontes de renda.

O diretor-executivo da Transparência Internacional, Bruno Brandão, afirma que os dados apontados pela reportagem reforçam a suspeita de uma atividade ilícita.

“Existem fatores adicionais de suspeitas de atipicidade, que envolvem o saque quase completo do salário de funcionários públicos, ligados a pessoas com mandato. Além disso, existe a proximidade com as datas de pagamento do salário”.

O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) está no sexto mandato na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Assumiu o cargo em 2001, aos 18 anos, e lá permanece.

Família Gerbatim

Márcio Gerbatim, ex-assessor dos gabinetes da família Bolsonaro Imagem: Reprodução/Facebook

Entre os funcionários de Carlos Bolsonaro que tiveram o sigilo bancário quebrado, estão Márcio Gerbatim e seu sobrinho Claudionor Gerbatim. Os dois trabalharam como cabeleireiros no Rio de Janeiro. Além disso, atuaram como motoristas.

Márcio Gerbatim foi casado com Márcia Aguiar, com quem teve uma filha: Evelyn Mayara. Depois que o casal se separou, Márcia se casou com o policial militar reformado Fabrício Queiroz — denunciado pelo MP-RJ por ser o operador da “rachadinha” no gabinete de Flávio Bolsonaro. Assim como Queiroz e Jair Bolsonaro, Márcio também foi paraquedista do Exército.

O ex-marido de Márcia Aguiar se tornou funcionário do gabinete de Carlos Bolsonaro em abril de 2008, e ficou no cargo por dois anos. Nesse período, recebeu R$ 89 mil e sacou pelo menos R$ 86 mil — ou seja, retirou em espécie 97% do que recebeu.

No mesmo período em que Márcio trabalhava com Carlos, seu sobrinho Claudionor esteve nomeado no gabinete de Flávio. Já em abril de 2010, tio e sobrinho trocaram de cargos: Márcio foi trabalhar com Flávio; Claudionor, com Carlos.

O UOL apurou que a troca de gabinetes ocorreu a pedido de Claudionor, que queria pegar um empréstimo no mesmo banco usado pela Alerj para pagar seus funcionários.

A movimentação bancária de Claudionor sustenta essa versão. Ao migrar para a Câmara, Claudionor também mudou de banco. Logo em seguida, contratou um empréstimo no banco antigo, onde recebia pela Alerj, e não pagou as parcelas.

Se tivesse continuado na Alerj, Claudionor não poderia sacar o salário, já que as parcelas do empréstimo iriam ser debitadas, automaticamente, do saldo bancário. Já no banco novo, onde passou a receber pela Câmara Municipal do Rio, Claudionor sacou R$ 54,8 mil de seus pagamentos de R$ 58 mil — 94%.

Claudionor Gerbatim, ex-assessor de Carlos e Flávio Bolsonaro Imagem: Reprodução/Facebook

Transferência de Bolsonaro

Os dados bancários também revelam que Márcio Gerbatim recebeu R$ 10 mil de Jair Bolsonaro, em junho de 2010. Na época, Gerbatim era nomeado no gabinete de Flávio. Nunca trabalhou oficialmente com Jair.

No dia seguinte da transferência, Gerbatim gastou R$ 10 mil em uma concessionária de veículos da rede Real Veículos, no Rio de Janeiro. A informação foi divulgada pelo jornal O Globo e confirmada pela reportagem.

O UOL telefonou para Márcio Gerbatim, que não quis falar. A reportagem não conseguiu encontrar Claudionor Gerbatim, mas falou, por telefone e mensagem, com sua esposa, informando que ele seria citado e que gostaria de ouvi-lo, mas não obteve resposta.

A Presidência da República não comentou o assunto.

Funcionários de Carlos e Jair

Também tiveram o sigilo bancário quebrado outros dois funcionários de Carlos que, além de Flávio, também atuaram com Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados.

Um deles é o militar Nelson Rabello. Como o UOL já mostrou, Rabello sacou 70% do salário que recebeu da Câmara dos Deputados.

Militar, Rabello serviu com Bolsonaro no Exército. Começou a trabalhar com a família em 2005, em uma breve passagem pelo gabinete de Carlos. Depois, foi trabalhar com Jair, passou por Flávio, voltou para Carlos, retornou a Jair e, atualmente, está lotado na Câmara Municipal do Rio pela terceira vez. São quase 16 anos trabalhando para a família Bolsonaro.

Já na Câmara Municipal, Rabello sacou 80% do salário. O cálculo não considera o mês que Rabello trabalhou para Carlos Bolsonaro em 2005, já que a quebra de sigilo bancário começa em 2007. Também não inclui dados da última nomeação de Rabello na Câmara Municipal do Rio, a partir de 2019.

O grupo de quatro assessores de Carlos com sigilo quebrado no caso Flávio se completa por Andrea Siqueira Valle. Ela é irmã de Ana Cristina Valle, segunda mulher de Jair Bolsonaro.

Andrea foi nomeada para a Câmara dos Deputados em 1998, logo no começo do relacionamento entre Jair e Ana Cristina. Ficou no cargo até 2006, quando foi transferida para o gabinete de Carlos Bolsonaro — na época, chefiado, justamente, por Ana Cristina.

Andrea ficou na Câmara Municipal do Rio de 2006 a 2008. Nesse período, não morou na capital fluminense, mas em Resende, a mais de 150 quilômetros do Rio. Vivia de faxinas e outros trabalhos temporários. Mais tarde começou a participar de concursos de fisiculturismo. O legislativo carioca não localizou nenhum crachá funcional fornecido para Andrea.

Recebeu R$ 76 mil e sacou pelo menos R$ 79 mil — ou seja, mais do que ganhou, consumindo parte de um saldo anterior que havia na conta. Procurada, Andrea respondeu apenas: “Não tenho nada para conversar com vocês”. Conforme o UOL revelou, após a saída de Andrea do gabinete de Jair Bolsonaro, Ana Cristina retirou R$ 54 mil de uma conta de que a irmã era titular em Brasília, em 2008.

*Com informações do Uol

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