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Dobradinha BolsoDória produziu o aumento de 234% moradores de rua em São Paulo

São Paulo não para de produzir pobreza sob um dos símbolos mais festejados badalados pela mídia, chamado BolsoDória.

Os dois ex-pombinhos namoraram durante as eleições de 2018, já em 2019 deu-se a produção da tragédia humana, por conta de um pensamento ultraneoliberal, sem qualquer grandeza social.

Não tem nada que represente melhor esses dois, principalmente quando se fala da mais rica capital do país. que se transformou na locomotiva da segregação, num processo contínuo em que, não o ser humano, o cidadão, mas o que é central para eles é o mercado.

Independente que dentro do processo político os dois tenham se divorciado, o mesmo Globo com a matéria de Aline Ribeiro que estampa essa dura realidade, foi certamente o periódico que mais festejou essa dupla de ataque às políticas sociais, o que não deixa de ser um termômetro do que se estabeleceu no país e, naturalmente, ganha uma dimensão hipertrofiada por tratar-se do principal ponto de convergência no Brasil que, proporcionalmente, reflete principalamente nos estados comandadas pela direita, uma tragédia humana com a covid-19

A reportagem é de Aline Ribeiro no Globo.

Numa manhã chuvosa, um homem varria uma calçada do Centro de São Paulo como se limpasse a porta de casa. Na mesma via pública, conhecidos dele dividiam um sofá encardido enquanto batiam papo e bebiam tragos de cachaça. No fogão feito de tijolos, lata de refrigerante e álcool, um integrante do grupo cozinhava uma sopa de macarrão e frango e se preparava para fritar uns “zóio estalado”. Quando a equipe do GLOBO se aproximou, o dono da moradia improvisada, com espaços simulando sala, quarto e cozinha, fez o convite:

— Vem conhecer meu castelo de madeira — disse Eliel Sales da Conceição, de 39 anos, que mora na rua há pouco mais de dois. — É aqui que durmo com a minha neguinha. Faço um bico aqui, outro ali, para sair dessa condição.

Durante a pandemia de Covid-19, a paisagem urbana da capital paulista foi tomada por barracas de camping e de madeira, papelão e lona. Elas abrigam uma população em situação de rua que igualmente explodiu. As tendas forjam o lar onde até pouco tempo essas pessoas moravam. Segundo o último Censo da População em Situação de Rua, encomendado pela Prefeitura de SP e divulgado em janeiro, em dois anos a capital paulista registrou aumento de 230% dessas moradias improvisadas instaladas em vias públicas. Em 2019, eram 2.051 pontos do tipo. Em 2021, 6.778.

— A barraca é um fenômeno intimamente ligado à pandemia. Está relacionado ao maior número de pessoas com menos tempo na rua — afirma Carlos Bezerra, secretário municipal de Assistência e Desenvolvimento Social de São Paulo. — Elas usam a barraca para se proteger das intempéries, da violência e violação de direitos, e para preservar o núcleo familiar. A barraca remete a esses elementos simbólicos todos.

Na de Eliel, rosas vermelhas de plástico e uma bandeira do Palmeiras decoram a parte externa. Dentro, há uma cama box de casal sem colchão, coberta com pedaços de espumas, um pequeno armário com itens de higiene pessoal, um carrinho de supermercado e um varal que faz as vezes de guarda-roupa. Eliel divide o espaço com a companheira Silvia Conceição, de 48 anos, e uma cadela e seus cinco filhotes. Para lavar louça e escovar dentes, o casal armazena água em baldes, coletada da torneira de um prédio abandonado. O banho é tomado diariamente em banheiros públicos.

Maria Isabel Oliveira

O censo mostrou que, entre 2019 e 2021, saltou de 24.344 para 31.884 o número de pessoas em situação de rua na capital paulista, um aumento de 31%. Na pandemia, também houve uma mudança de perfil dos sem-teto. Se antes era mais comum se deparar pelas calçadas com homens solteiros, em geral usuários de álcool e drogas, hoje não é raro ver famílias, muitas despejadas de suas casas pela crise econômica. Segundo o censo, quase dobrou a quantidade de famílias que foram para as ruas neste período: de 4.868, em 2019, para 8.927 pessoas, em 2021.

Nabil Bonduki, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, explica que, historicamente, o centro do problema da população em situação de rua não era habitacional. Isso porque, diz, o caminho que levava uma pessoa a ficar sem lar passava essencialmente por conflitos familiares, abandono, uso excessivo de álcool e drogas. Diante do novo perfil dessa população, de famílias que perderam empregos e renda e foram parar nas ruas, a moradia passou a ser a questão determinante.

— Muita gente ficou sem condição nenhuma. Até recebeu a renda emergencial, que era importante, mas que não dava para pagar aluguel e comer — pondera Bonduki. — É muito mais fácil ter uma ação social voltada para esse perfil do que para o tradicional. Nesse caso, é uma questão de política de habitação.

Sem emprego e somente com R$ 400 mensais do Auxílio Brasil, as irmãs Evelin e Rafaela Conceição da Silva, 19 e 22 anos, estão há cinco meses na rua. Vindas de Salvador, na Bahia, elas chegaram a SP a convite da tia, em busca de trabalho e uma vida melhor. Evelin trouxe o filho Breno, de um ano. Rafaela veio acompanhada da filha Rebeca, de dois, e do marido Luiz Henrique de Jesus, de 28 anos. Ao chegarem aqui, se desentenderam com a tia, na casa de quem moravam de favor. Em suas palavras, ela estava “malucada”.

Numa tarde de abril, eles haviam montado suas barracas recém-doadas numa rua do Centro. Mas a água acumulada na sarjeta, onde proliferavam larvas e mosquitos, fez com que buscassem outro ponto. É a primeira vez que a família vive na rua. Antes, as meninas faziam bicos na capital baiana e Jesus era entregador de água. Sobre a rua, eles reclamam de ter de deixar as crianças no mesmo ambiente de usuários de crack. Das ratazanas que cercam a barraca. Do frio e da chuva. Da falta de rotina, tão essencial para bebês e crianças. (Os horários de comer, dormir, acordar e tomar banho são definidos pela chegada das doações).

Até aquela tarde de abril, ela e o filho dormiram debaixo de uma marquise na Praça da Sé. No dia em que Rosângela conversou com o GLOBO, havia acabado de comprar uma barraca por R$ 150, com o dinheiro do auxílio do governo. Ainda ajeitava seus objetos pessoais, roupas e brinquedos do filho, para deixar “tudo arrumadinho”. Tirando o cheiro do crack, Rosângela pouco reclama da vida na rua. Diz que as marmitas doadas são boas e que a polícia os protege.

— Vivo melhor aqui do que com meu ex-companheiro — defende Rosângela. — Mas é claro que quero sair, arrumar um emprego e tentar dar o melhor para o meu filho, uma casa, estudo. Meu sonho é que ele vá para a escola e tenha o que eu não tive— diz.

Apesar do impacto da pandemia e da crise econômica na mudança do perfil dessa população, o conflito familiar (34,7%) ainda é a razão que mais leva as pessoas às ruas de São Paulo, seguido da dependência de álcool e outras drogas (29,5%) e da perda de trabalho e renda (28,4%), detalhou o censo. Foi uma desavença com os parentes que levou Rosana Bueno, de 44 anos, a deixar sua casa. Na época, ela trabalhava como cozinheira e, ao sair do restaurante diariamente a caminho de casa, passava por moradores de rua que viviam no entorno. Acabou se relacionando com um, e a família não aceitou.

Há três anos, Rosana mora numa barraca perto da Avenida Paulista. Passou um tempo cuidando do pai no interior, mas voltou há cerca de dois meses. Ao lado dela, há outra tenda de camping, igualmente doada, ocupada pelos amigos Aparecido Souza, de 54 anos, e Sebastião Fagundes, de 64. Ex-usuários de álcool e drogas, respectivamente, os dois homens se conheceram anos atrás numa clínica de reabilitação. Depois de saírem, casaram-se com duas mulheres, se separaram, arrumaram trabalho, dividiram casa e, mais recentemente, a barraca.

Hoje vizinhos de Rosana, os dois compartilham com ela uma área comum — varal para pendurar roupas, um fogão e baldes com água, cadeiras que funcionam como sofá. Lavam a calçada com água sanitária, colocam ratoeira e repelentes contra mosquitos. O complexo ganhou recentemente energia elétrica, puxada da fiação do parque. Além do auxílio, conseguem dinheiro vendendo cigarro e corote para usuários de drogas que vivem sob um viaduto. No fim da tarde, recolhem-se nas barracas.

— Na rua, me reencontrei e pude ser eu mesma, sem me preocupar com que meus pais, meu ex-marido, meus filhos iriam pensar. Hoje essa é minha família — diz Rosana.

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Covarde, Bruno Covas manda instalar pedras sob os viadutos para tirar moradores de rua

Depois de quase oito anos morando sob o viaduto Dom Luciano Mendes de Almeida, na avenida Salim Farah Maluf, no Tatuapé (zona leste de SP), o catador de recicláveis William Oliveira, 35, teve de buscar outro lugar para dormir desde a última quinta-feira (28).

O lugar em que ele colocava o colchão de casal ganhado para descansar depois de rodar o dia todo atrás de papelão, ferro e plástico, agora está cheio de pedras desniveladas e pontiagudas, que o impedem de deitar por ali.

Na tarde desta quinta, funcionários de uma empresa contratada pela prefeitura concluíam a colocação das pedras, que são presas ao chão por uma espessa camada de cimento, na parte debaixo do viaduto no sentido bairro da avenida. Do outro lado da pista, a obra já havia sido finalizada.

“A gente faz porque é obrigado, mas até aperta o coração tirar o teto de quem já mora na rua”, disse um dos trabalhadores.

Além de Oliveira, outros catadores de recicláveis costumavam dormir ali, pois havia espaço para deixar a carroça e objetos pessoais, como ele explica. “Não tinha muita gente, uns três ou quatro. E a gente nunca montou barraco. Não parecia favela.”

Desde 2007 morando na rua, o catador conta que encontrou seu canto sob o viaduto. “Aqui era a minha casa mesmo. Até os meus irmãos, que moram no Itaim Paulista, vêm me visitar de domingo aqui”, diz.

A menos de 1 km dali, a parte inferior do viaduto Antônio de Paiva Monteiro também foi coberta por pedras quadradas no fim do ano passado. Quem trabalha próximo conta que o local sempre foi ocupado por alguns moradores de rua, que sumiram após a intervenção da prefeitura.

“Às vezes a prefeitura passava e levava as coisas dos catadores, para eles não ficarem aí. A maioria era tranquilo. Só um ou outro que ficava mais exaltado. Mas acho que cansaram e resolveram colocar essas pedras, assim não dá mais para ninguém ficar aí”, conta o frentista Rafael Gomes da Silva, 21, que trabalha no posto de combustíveis ao lado do viaduto.

A capital tem 24.344 moradores de rua, segundo censo feito pela prefeitura em 2019. Desse total, 8,8% ocupavam baixos de viadutos. A região da Subprefeitura da Mooca, onde ficam os viadutos que receberam as pedras, concentrava 835 pessoas em situação de rua, ficando atrás apenas da Subprefeitura Sé (7.593).

William e outros dois moradores dizem não ter sido avisados com antecedência da necessidade em deixar o local onde dormiam e reclamam que não foram procurados pelo serviço de assistência social.

“Eu acordei com o pessoal da prefeitura descarregando o material para começar a trabalhar. Agora vou ter que me virar para achar um lugar que pelo menos não molhe com a chuva”, diz o catador.

A Prefeitura de São Paulo informou, por meio de nota, que “desconhece a ação citada” e que será aberta uma sindicância para apurar o ocorrido. As pedras colocadas sob os viadutos “já estão sendo removidas”, afirma trecho da nota.

A gestão Bruno Covas (PSDB) ainda informou cumprir o decreto Nº 59.246/20, que dispõe sobre os procedimentos e o tratamento dado à população em situação de rua durante as ações de zeladoria urbana.

“É vedada a retirada de pertences pessoais como documentos, bolsas, mochilas, roupas, muletas e cadeiras de rodas. Podem ser recolhidos objetos que caracterizam estabelecimento permanente em local público, principalmente quando impedirem a livre circulação de pedestres e veículos, tais como camas, sofás, colchões e barracas montadas ou outros bens duráveis”, informa nota enviada à Folha.

Para a arquiteta urbanista Paula Freire Santoro, professora da FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo), da USP, e coordenadora do LabCidade, a obra é declaradamente desumana ao criar uma “nova arquitetura do genocídio da população de rua”.

“Como pode um gestor construir algo feito para machucar, para não deitar, para fazer as pessoas sumirem dali? Isso não diminui o desafio que é acolher essa população nem reduz o número de pessoas nas ruas, mas é bem mais simples do que encarar os problemas sociais”, critica.

Santoro ainda afirma que a colocação de pedras sob os viadutos é reflexo da desarticulação de ações da gestão municipal, que possui uma Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania, mas trata quem mais precisa de maneira cruel.

“A gente tira pessoas desses espaços e não dá qualquer função ou uso social para esse local nem assistência a esses moradores de rua. Isso é um grave problema de gestão.”

A Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, informou que realiza busca ativa para abordar pessoas em situação de rua e oferece acolhimento nos equipamentos da rede. Os viadutos em questão, segundo a pasta, são monitorados e há as ações são intensificadas quando “há pessoas em situação de vulnerabilidade no local com atendimentos de orientação à saúde, documentação, obtenção de benefícios dos programas de transferência de renda e encaminhamento para centros de acolhida”.

O urbanista Renato Cymbalista, professor da Uninove e da FAU-USP, alerta para a repetição de ações equivocadas voltadas à população de rua. “Conhecemos esse tipo de medida, que ataca o sintoma e não a causa dos problemas. A prefeitura de São Paulo vem tratando o problema há décadas desta forma. Se medidas repressivas resolvessem o problema, São Paulo não teria um só morador de rua.”

Em fevereiro de 2020, a prefeitura, já sob a gestão Bruno Covas (PSDB), colocou grades sob o viaduto Deputado Antônio Sylvio Bueno, em Guaianases (zona leste de SP), para evitar a ocupação de moradores de rua. Na ocasião, a subprefeitura da região afirmou se tratar de obras de revitalização da área.

Na gestão Fernando Haddad (PT), em 2014, a prefeitura instalou paralelepípedos junto às pilastras sob os trilhos da linha 1-azul do metrô, na avenida Cruzeiro do Sul, na zona norte, onde dormiam moradores de rua sob a justificativa de evitar pichações no local.

Em 2010, a prefeitura, sob o comando de Gilberto Kassab (PSD), construiu uma rampa sob o viaduto João Julião da Costa Aguiar, em Moema (zona sul de SP), impedindo que moradores de rua dormissem no local. A gestão afirmou que a medida impedia o descarte de lixo.

Também sob a gestão de Kassab –em mandado assumido após José Serra (PSDB) deixar a prefeitura–, a reforma da praça da República (região central), em 2007, foi alvo de críticas após a colocação de bancos de madeira com divisória de ferro que impediam as pessoas de deitarem, apelidados de bancos antimendigos.

Na ocasião, o secretário municipal das subprefeituras e subprefeito da Sé, Andrea Matarazzo, afirmou que os bancos foram escolhidos porque são os mais adequados à arquitetura da praça.

Para Cymbalista, a capital poderia olhar para experiências de países que conseguiram equacionar o problema da população de rua, como a Finlândia.

“Lá, há décadas o que prevalece é a ideia do “housing first”, oferecer moradia bem localizada e integrada, e o apoio social específico que cada pessoa precisa. É um país rico, mas outros países ricos não conseguiram avançar tanto, então o modelo faz sentido como inspiração, a ser adaptado conforme a nossa realidade.”

Já Santoro propõe uma nova alternativa aos espaços sob viadutos. “Por que não revertemos essa obra em uma intervenção humanitária, com espaços voltados a acolher população de rua, mas a fim de ajudá-los com questões como o vício em álcool e drogas, capacitação, oferta de emprego e cultura. Seria transformador.”

*Com informações da Folha

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População de rua em S Paulo chega a 24.344 pessoas; No Rio, 1.810 pessoas mortas pela policia

Rio de Janeiro: 1.810 pessoas morreram em intervenções policiais, o número mais alto em duas décadas. A letalidade policial foi um recorde em 2019, enquanto os crimes tiveram um declínio histórico, a última tendência que se estende ao resto do Brasil, um dos países mais violentos.

Mas especialistas em segurança pública alertam que a letalidade dos agentes e a diminuição de crimes estão desconectadas, embora os políticos de apoio à mão dura se orgulhem da suposta relação.” (El País, Espanha)

São Paulo: população de rua cresce 60% depois do golpe.

Segundo a Folha, os dados são do, ainda inédito Censo da População em Situação de Rua, realizado pela prefeitura.

A população de rua da cidade de São Paulo chegou a 24.344 pessoas em 2019, um salto de 60% em quatro anos.

A crise econômica, desemprego, baixa renda promovidos pelos governos Temer e Bolsonaro fizeram isso.

Mas não é só isso

Como bem disse Saul Leblon – Carta Maior, “o governo tido como eficiente pelas elites investiu pífios R$ 57,3 bi em 2019; disso, 28,7% (R$ 16,5 bi) foram na área militar, sim, mi-li-tar… (Folha).

Em contrapartida, reservou vergonhosos R$ 167,4 milhões para obras contra inundações, dos quais nenhum centavo pago até agora. A rua é só a ponta do iceberg do empobrecimento galopante numa sociedade em que mais de 50 milhões balançam entre o desemprego e o bico. O emprego, a dignidade dos trabalhadores, o patrimônio e a soberania têm neste governo um drone exterminador manejado pelo grande dinheiro.

Não sai nada daí, exceto isso: vidas ordinárias, nação dilapidada, gente empobrecida.

 

*Da redação

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90% dos recursos e políticas do governo Bolsonaro são para beneficiar os 10% mais ricos, o resto, é para o resto

Para Paulo Guedes, não dá para colocar tudo no mesmo saco, pobres e ricos têm que ser tratados proporcionalmente à renda. Aos ricos, quase tudo, aos pobres, as migalhas.

O problema é que seu foco é para os ricos, que representam apenas 10% da população brasileira, o que sobrar, vai para a sobra da sociedade, que soma 90%.

Essa é a balança neoliberal, é assim que ela funciona, fermentar o máximo possível o discurso em prol dos ricos para que eles correspondam à necessidade de produzir emprego e renda aos trabalhadores brasileiros.

Essa é uma balela que já foi inúmeras vezes requentada no Brasil, a de que o bolo precisa crescer para ser repartido, quando, na verdade, o bolo cresce e os ricos devoram 90% e colocam a sociedade, na sua imensa maior parte, para disputar a míngua de um pedaço do bolo, quando não lhe sobra apenas a raspa do tabuleiro.

Assim, todos no Brasil deverão ter o vender, todos terão que ser empreendedores, seja lá o que isso for. Não é por acaso que, nesse país, para esse governo que aí está, o conhecimento não tem qualquer valor. O Brasil, como bem disse Marcio Pochmann, foi tomado por uma burguesia comercial que só pensa em duas coisas, comprar um produto o mais barato possível e vendê-lo o mais caro possível. Isso está na base comercial do país como no coração dos barões da Fiesp. Não há diferença entre a portinha nos confins do Brasil e o imponente edifício da Fiesp na Avenida Paulista.

Guedes constrói avenidas largas com toda a segurança e garantia possíveis para os 10% mais ricos zarparem a 200km por hora. Na outra ponta, para os 90% da população, uma pinguela feita de corda e madeira sobre um rio que devora qualquer um que perca o equilíbrio e caia na sua correnteza.

O pior é que Guedes não se envergonha de dizer isso, sobretudo quando está fora do país. Ele fala dos pobres como a burguesia de condomínio faz piada com a parcela da sociedade excluída dos projetos do governo.

A verdade é que a ideia de Guedes está respaldada pela grande mídia, com o discurso de que é preciso organizar o país de cima para baixo para que se insira na globalização entre os primeiros do mundo. Então, a questão central tem que ser o mercado e não o ser humano.

Se para Lula, como repetidas vezes ele disse, incluir pobres no orçamento não é problema, mas sim solução, para Guedes, os pobres são culpados, inclusive pelo desmatamento da Amazônia promovido pelo bolsonarismo rural formado por latifundiários, madeireiros, garimpeiros e outros milicianos.

Lógico que sua fala tosca em Davos sobre essa questão, desceu quadrada e foi duramente criticada, até mesmo pelos países mais capitalistas do mundo.

O que o Brasil vive hoje, e com o apoio da mídia, é uma das maiores tragédias econômicas de que se tem notícia, tragédia que cada dia mais se tropeça nas ruas com o aumento exponencial de moradores de rua famintos e miseráveis, sem ter um mínimo de esperança de sair do quadro de segregação vergonhosamente desumano.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Ibovespa encerra 2019 com rentabilidade de 31,58. São Paulo teve um aumento de 60% de moradores de rua

Bastam esses dois dados da capital mais rica do Brasil para afirmar, sem medo de errar, que Bolsonaro não existe, o que existe é um laranja da elite financeira na Presidência da República.

Se a Ibovespa representa o lado maravilha de São Paulo, as ruas berram o oposto. Logicamente a mídia dos bancos fez questão de exaltar os ganhos do rentismo e esconder o que veio na bagagem dessa divisão social tão aguda. E ainda tem gente que diz que ainda é cedo para avaliar o estupendo governo Bolsonaro, mesmo diante de uma disparidade gritante na maior e mais rica cidade do País.

E não é preciso explicar que esse governo é um preposto do próprio Ibovespa e um carrasco das ruas aonde o Brasil de fato acontece. Estão aí as cenas estarrecedoras da miséria espalhadas por todos os cantos do país para quem quiser ver. A diferença entre esses dois mundos é cavalar e de uma forma jamais vista em um único ano de governo.

Podem se desdobrar em filosofias, retóricas que não há como justificar uma hecatombe social tão grande diante de tamanha riqueza acumulada pela plutocracia no mesmo espaço urbano.

O calibre dos dois lados é grosso. O rico ficou muito mais rico, e o pobre, imensamente mais pobre. Isso na suntuosa São Paulo, imagina no restante do Brasil, nos recantos mais escondidos do país onde o fenômeno do empobrecimento do povo é multiplicado por dez.

Você mostra isso a um bolsonarista fundamentalista e ele tem duas opções de resposta e, com certeza, dirá que isso é mentira da imprensa ou os ricos tiveram os méritos na barganha rentista e os pobres, como disse Paulo Guedes, não tiveram porque não poupam. E Guedes disse isso sem corar, já que o índice de maior crescimento no Brasil foi o cinismo de quem comanda essa manada de imbecis que vestem a camisa verde e amarela em nome da “Pátria”.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

 

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O Brasil para, pobreza dispara, mas bancos lucram R$ 109 bilhões em 12 meses, maior valor em 25 anos

A economia do Brasil parou e a pobreza disparou.

Ninguém compra roupas, moveis, carros, eletrodomésticos.

Lojas, restaurantes, shoppings vazios’, vendas varejo, Agosto/julho:restrito +0,1%;ampliado 0,0%. Zero!

Catadores de material reciclável se multiplicam a olhos vistos e moradores de rua ganham cada vez mais espaços na paisagem das cidades pequenas, médias e grandes.

Mas Bancos batem recorde de lucros.

Corte de verba para a saúde e educação por ‘falta de recursos’, ataque à pensão de viúvas pobres, desemprego em massa, são apenas alguns sintomas dessa distopia bolsonarista.

Mas os bancos lucraram R$ 109 bilhões entre julho de 2018 e junho de 2019, informou hoje o diretor de Fiscalização do BC (Banco Central), Paulo Souza, durante a apresentação do Relatório de Estabilidade Financeira.

Esse é o maior lucro nominal (sem considerar a inflação) em 25 anos, desde o lançamento do Plano Real, em 1994.

Os dados mostram que o resultado é 18,4% superior ao lucro de R$ 92 bilhões registrado entre julho de 2017 e junho de 2018.

Que país se desenvolve com uma coisa dessas?

O governo Bolsonaro trabalha sistematicamente para dar lucros ao sistema financeiro.

Paulo Guedes nunca escondeu que não tem o menor apego pelo desenvolvimento, pela geração de empregos ou preocupação com os pobres.

Ele está feliz com os banqueiros enchendo as burras de dinheiro enquanto o restante da economia naufraga.

 

*Da redação

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São Paulo chega ao recorde de 40 mil moradores de rua retratando a tragédia dos governos Dória e Bolsonaro

A prefeitura de São Paulo deve começar, nos próximos dias, a pesquisa censitária da população em situação de rua. A maior cidade do país – e também a mais rica – busca medidas para enfrentar o problema, que se agravou nos últimos anos.

O Movimento Nacional da População em Situação de Rua (MNPR) estima que, hoje, cerca de 40 mil pessoas vivam nas ruas da metrópole. Um número alarmante se comparado com o último censo, em 2015, realizado pela Fundação de Pesquisas Econômicas (Fipe), quando foram registrados 15.905 habitantes.

“Esse estudo está defasado. Muita coisa mudou nos últimos quatro anos. A população de rua mais que dobrou”, afirma Edvaldo Gonçalves, coordenador estadual do MNPR.

Para o novo censo, a prefeitura contratou – por meio de licitação – a empresa Qualitest Inteligência em Pesquisa, situada no Espírito Santo. A mudança, segundo o Departamento de Comunicação do governo, teria sido motivada por uma decisão da gestão municipal.

A reportagem tentou entrevista com a secretária de Assistência e Desenvolvimento Social, Berenice Maria Giannella, mas teve o pedido negado. A assessoria não deu detalhes do processo licitatório alegando estar em fase de planejamento, mas garantiu que os trabalhos começam em outubro, com prazo de 9 meses.

Para essa primeira fase, foram contratados 90 profissionais, que serão divididos em dez equipes (cada uma com 8 pesquisadores e 1 supervisor). Número considerado insuficiente pelo coordenador da Pastoral do Povo de Rua da Arquidiocese de São Paulo, padre Júlio Lancellotti. “Temos uma demanda de milhares de pessoas nas ruas, com rotinas e deslocamentos em várias regiões. O que pode afetar no desempenho da pesquisa”, disse.

Número de pessoas em situação de rua na cidade de São Paulo:

O coordenador da pastoral acredita que, por dia, cerca de 30 novas pessoas chegam às ruas da capital. A maioria está há menos de um ano nessa situação. “Precisamos saber qual será o método desta nova pesquisa para fazermos um retrato aproximado dessa triste realidade”, afirma o padre Lancellotti.

Diante das dúvidas e da falta de informações transmitidas pela prefeitura, o Comitê da População de Rua da Cidade de São Paulo decidiu convocar, para a próxima segunda-feira (16), uma reunião extraordinária para pedir maior transparência no assunto.

 

 

*Por Everton Menezes/Yahoo