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Centenas de médicos cubanos denunciam perseguição e deixam a Bolívia, 10 foram detidos

O primeiro dos cerca de 700 médicos cubanos estava programado para voltar para casa vindo da Bolívia, devastada por conflitos, neste sábado, enquanto as autoridades cubanas criticavam o que consideraram calúnia e maus-tratos pelo governo interino da Bolívia.

Cuba disse no sábado que 10 médicos, incluindo o coordenador de sua missão médica, foram detidos nesta semana e quatro permaneciam sob custódia.

Na sexta-feira, o Ministério das Relações Exteriores de Cuba informou que estava encerrando sua missão médica na Bolívia, pois as autoridades locais estavam promovendo violência contra os médicos, alegando que estavam instigando a rebelião.

A ilha administrada por comunistas era um aliado essencial do ex-presidente boliviano de esquerda Evo Morales, que renunciou sob pressão no domingo e se asilou no México após semanas de protestos e violência devido à eleição de 20 de outubro.

Cuba apoiou a afirmação de Morales de que ele foi derrubado em um golpe apoiado pelo exterior.

Os quatro médicos ainda sob custódia foram retidos na quarta-feira após retirar uma quantia significativa de dinheiro do banco, que o governo disse que seria usado para financiar protestos.

O Ministério das Relações Exteriores de Cuba rebateu dizendo que os médicos retiravam a mesma quantia de dinheiro todos os meses para cobrir as despesas de 107 médicos trabalhando na área de La Paz.

 

 

*Com informações do Uol

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Vídeo: Eduardo Bolsonaro gera indignação e pânico na diplomacia brasileira

Uma mensagem nas redes sociais por parte de Eduardo Bolsonaro, insinuando um apoio à invasão da embaixada da Venezuela em Brasília, causa pânico e indignação numa ampla parcela do Itamaraty.

O motivo: o Brasil ainda tem uma embaixada e um consulado operando normalmente em Caracas e, caso haja uma chancela do governo brasileiro ao ato em Brasília, a segurança dos diplomatas do país no exterior poderia estar comprometida.

Entre embaixadores e diplomatas de alto escalão do Brasil, a mensagem de Eduardo Bolsonaro foi interpretado como uma sinalização de que o governo de seu pai pode não fazer um esforço para retirar os invasores, aliados de Juan Guaidó.

O ato seguinte poderia simplesmente ser uma ação de reciprocidade por parte do governo Maduro, expulsando os diplomatas brasileiros em Caracas. Entre os cenários temidos, porém, está uma eventual ação de milícias extra-oficiais do governo Maduro, com algum tipo de ataque.

Há quem estime que Maduro não tomaria tal atitude, temendo que tal ato seja usado uma justificativa para uma intervenção estrangeira. “Mas as coisas podem sair do controle”, alertou um experiente diplomata.

Pelas regras internacionais, cabe ao governo proteger todas as embaixadas estrangeiras em seu território. A segurança do escritório venezuelano em Brasília, portanto, seria de responsabilidade do estado brasileiro. No Itamaraty, há quem preveja que o Brasil poderá ser denunciado por violar a Convenção de Viena de 1961 que regula os privilégios e imunidade diplomática.

Outros incidentes contra diplomatas foram registrados em La Paz. A embaixada da Venezuela na Bolívia foi alvo de um ataque nos últimos dias.

“Estamos bem e abrigados, mas querem nos massacrar. Ajude-nos a denunciar essa barbárie’, escreveu nas redes sociais a embaixadora da Venezuela na Bolívia, Chris González. “Tal como no caso dos incêndios de casas de familiares de membros do governo, nem a Polícia, nem as Forças Armadas protegeram [as instalações]”, disse.

As embaixadas do México, país que acolheu Morales, e de Cuba também foram alvos de ameaças.

Em Brasília, a embaixada da Venezuela também foi alvo de uma invasão por parte de simpatizantes da oposição ao presidente Nicolas Maduro.

Os ataques levaram a cúpula da ONU a se manifestar. O porta-voz da entidade, Stéphane Dujarric, emitiu um comunicado solicitando que as autoridades sob controle do governo boliviano “garanta a segurança de todos os cidadãos, funcionários governamentais e cidadãos estrangeiros” em território boliviano.

 

 

*Jamil Chade/Uol

 

 

 

 

 

 

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Putin chama de golpe o golpe na Bolívia e manda recado duro a Bolsonaro

Alerta do governo Putin ocorre às vésperas da cúpula dos Brics, em Brasília. Tema ameaça aprofundar o afastamento político entre o Planalto e o Kremlin.

O governo de Vladimir Putin acusou a oposição boliviana de promover uma onda de violência e insinuou que a tentativa de Evo Morales de promover o diálogo foi minada. Moscou também usou a palavra “golpe” para descrever o que havia ocorrido em La Paz nas últimas horas e mandou um recado aos países sul-americanos. A mensagem foi interpretada nos meios diplomáticos como um alerta especialmente dirigido ao Brasil, EUA e OEA.

Num comunicado emitido na manhã desta segunda-feira, o governo russo ainda pediu que as forças políticas demonstrem “bom senso” e atuem “de forma responsável”.

“Causa profunda preocupação que a vontade do governo de buscar soluções construtivas, com base no diálogo, foi rejeitada por eventos que tem um padrão de um golpe de estado orquestrado”, disse o Ministério das Relações Exteriores da Rússia.

“Estamos preocupados com a dramática evolução da situação na Bolívia, onde a onda de violência desencadeada pela oposição não permitiu que o mandato presidencial de Evo Morales fosse cumprido”, afirmou Moscou.

“Apelamos a todas as forças políticas bolivianas para que sejam sensatas e responsáveis, para que encontrem uma solução constitucional para a situação no interesse da paz, da tranquilidade, da restauração da governabilidade das instituições do Estado, da garantia dos direitos de todos os cidadãos e do desenvolvimento social e econômico do país, ao qual estamos ligados por uma relação de amizade”, alertou.

Mas o comunicado também manda um recado para a região. “Esperamos que esta abordagem responsável seja demonstrada por todos os membros da comunidade internacional, pelos vizinhos latino-americanos da Bolívia, pelos países extra-regionais influentes e pelas organizações internacionais”, disse Moscou.

O alerta foi interpretado na diplomacia brasileira como um recado especialmente dirigido a países como o Brasil que, imediatamente depois da queda de Morales, declararam que não se tratava de um golpe. O alerta também se referiu, indiretamente, ao governo americano e à OEA.

Nas redes sociais, o chanceler Ernesto Araújo indicou que o Brasil “apoiará transição democrática e constitucional” e indicou que “a narrativa do golpe só serve para incitar a violência”.

Aproximação

O interesse de Moscou não ocorre por acaso e o alerta é lançado às vésperas do desembarque de Putin ao Brasil, onde participa da cúpula dos Brics.

Já esvaziada diante de um posicionamento cada vez mais distante entre Brasília e o restante do bloco, diplomatas envolvidos na preparação do evento admite que a crise boliviana deve contribuir para um certo distanciamento político entre os governos.

Moscou tem visto com sérias desconfianças a aproximação brasileira ao governo de Donald Trump. Ainda que, em termos políticos, o governo Bolsonaro tenha indicado a necessidade de contar com investimentos chineses e de outros parceiros, o alinhamento geopolítico é o que preocupa o Kremlin.

Para os russos, a situação na Bolívia, portanto, faria parte desse cenário de aproximação de líderes da América do Sul à lógica da política externa americana.

No caso de Morales, Putin tem muito a perder. Nos últimos anos, Moscou ampliou sua participação na economia boliviana, inclusive com a assinatura entre a agência de energia atômica, Rosatom, e autoridades locais em La Paz para pesquisas na área nuclear. Moscou nunca disfarçou seu interesse pelas reservas de metais no país sul-americano. No ano passado, Morales e Putin ainda fecharam acordos em diversas áreas estratégicas e a Gazprom passou a ser um importante ator no país.

Recentemente, o site russo Proekt revelou como Moscou enviou consultores políticos para ajuda Evo Morales em sua campanha eleitoral. Os especialistas teriam desembarcado na Bolívia em junho para montar uma estratégia nas redes sociais.

Os sinais de apoio a Morales também vieram de Margarita Simonyan, chefe da Russia Today, um canal estatal do Kremlin destinado a promover a imagem e interesses de Putin no exterior. Num post nas redes sociais, ela sugere a Morales um cargo de apresentador na RT em Espanhol, lembrando como o equatoriano Rafael Correa também seguiu o mesmo caminho.

Em meados do ano, Morales já havia recebido o título de doutor Honoris Causa de uma universidade russa. Em seu discurso ao receber o título, indicou que foi a “estabilidade política que garantiu a estabilidade econômica” de seu país.

 

 

*Com informações do Uol