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Foguetes, incêndios e destruição: Israel, em revide, ataca a Palestina; veja fotos

Mais de 5.000 foguetes foram lançados pelo grupo palestino em direção a Israel, atingindo construções e ruas.

Israel foi atacado por homens armados a partir da Faixa de Gaza e bombardeado na manhã deste sábado, 7, pelo Hamas. Foi o maior ataque do Hamas a Israel em anos. Homens armados invadiram o país pela Faixa de Gaza, enquanto um ataque com mais de 5.000 foguetes foi lançado. Israel retaliou com ataques massivos em cidades de Gaza. Em uma mensagem de vídeo, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que o país está “em guerra”.

Confrontos entre grupos palestinos e forças de defesa de Israel em Gaza (07/10/2023)

Ataque de foguetes do Hamas a Israel a partir da Faixa de Gaza (07/10/2023)

Ataque do Hamas a Israel (07/10/2023)

Destruição nas ruas de Ramla, Israel, após ataque de foguetes disparados pelo Hamas (07/10/2023)

Militantes palestinos do Hamas em direção à fronteira com Israel (07/10/2023)

Pessoas correm diante de confrontos entre grupos palestinos e forças de defesa de Israel em Gaza (07/10/2023)

Hamas destrói um tanque das forças de segurança de Israel em Gaza (07/10/2023)

Prédio residencial após ataque do Hamas a Israel (07/10/2023)

Carro em chamas após ataque com foguetes disparados pelo Hamas em direção a Israel (07/10/2023)

*Com Veja

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As 7 guerras patrocinadas pelos EUA neste século deixaram 3 milhões de mortos

Para vender ideia de que ação russa na Ucrânia é a pior guerra do século 21, meios de comunicação omitem as matanças dos EUA ao redor do mundo.

A imprensa ocidental tem promovido a ideia de que Putin é um ditador sanguinário e que a Rússia está realizando a guerra mais sangrenta, mortífera e cruel desse século.

A imprensa tem falado sobre essa guerra quase 24 horas, deixando de lado, inclusive, o tema preferencial de antes, que era a pandemia de Covid-19.

Ao assistir jornais, tem-se a impressão até de que a pandemia deixou de existir com um estalar de dedos. A imprensa hegemônica brasileira segue esta mesma linha, tratando de reproduzir notícias produzidas pela agência norte-americana Reuters e, com isso, contando uma versão específica da história, que aponta a Otan e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, como os mocinhos e a Rússia de Putin como os bandidos.

Os EUA estão por trás de várias Guerras ao redor do mundo

A versão da guerra promovida pela imprensa ocidental não explica as raízes do conflito e muito menos os acontecimentos que a antecederam. Pouco se fala de temas essenciais, como:

– Ucrânia vivia uma crise econômica profunda;

– houve um golpe de Estado em 2014, promovido com o apoio dos EUA na forma de guerra híbrida e revolução colorida;

– na Ucrânia foram criadas células nazistas de inspiração Bandeiristas (ideologia política promovida pelo líder nazista ucraniano na Segunda Guerra Mundial Stepan Bandera), como o batalhão Azov, que queimaram vivos sindicalistas e oponentes políticos;

– o fato de que além de não cumprir os tratados de Minsk, as forças armadas ucranianas atacaram incessantemente as repúblicas separatistas de Donetsk e Luhansk;

– o Estado ucraniano promoveu um ultranacionalismo xenófobo a ponto de perseguir e assassinar russos;

– ao querer entrar na União Europeia e na Otan, Zelensky sinalizou uma ameaça nuclear imediata contra a Rússia.

Outro ponto importante é que essa ação militar na Ucrânia, que Putin denominou como operação especial, tem sido cirúrgica e, ainda que aconteçam arbitrariedades e mortes de civis, o número de mortos e os bombardeios têm sido muito inferiores aos das guerras realizadas ou apoiadas pelos Estados Unidos durante o século 21.

Isso faz com que a guerra da Ucrânia fique ainda muito longe de estar entre as piores guerras do século 21. Esse título ainda é dos confrontos provocados pelos Estados Unidos e é possível comprovar facilmente. Sem considerar outros conflitos que também tiveram o envolvimento direto ou indireto dos EUA, somente as guerras aqui citadas somam em torno de 3 milhões de pessoas mortas.

1. Guerra no Afeganistão (2001)

Em 2001, os EUA iniciaram uma guerra desastrosa que durou 20 anos. A desculpa para o confronto foram os atentados de 11 de setembro.

Os EUA conseguiram fazer toda uma manobra para criar a ideia na mídia de que os culpados por aquele fato estavam relacionados com o regime político afegão da época: o Talibã. São de conhecimento geral as relações íntimas entre o governo dos Estados Unidos e a monarquia saudita, assim como os negócios da família Bush com a família Bin Laden.

Osama Bin Laden pode ter sido um agente da CIA. Foram os EUA de Jimmy Carter e Zbigniew Brzezinski quem criaram a Al-Qaeda e financiaram o fundamentalismo islâmico como estratégia de combate a União Soviética durante a Guerra Fria.

Diversos jornalistas, pesquisadores e investigadores, como o francês Thierry Meyssan defendem que o 11 de setembro foi um trabalho interno do próprio EUA. Nessa guerra morreram quase 200 mil pessoas, dentre as quais 2,5 mil soldados americanos. Os 20 anos de guerra também colocaram o Afeganistão em um estado de miséria e barbárie extrema.

2. Guerra no Iraque (2003)

Se a guerra do Afeganistão já foi uma grande farsa, a guerra do Iraque foi ainda mais descarada. Sem qualquer comprovação lógica ou racional, os EUA realizaram uma conexão infundada entre o Iraque e Saddam Hussein com a Al-Qaeda.

Sem provas, os EUA acusaram o Iraque de possuir armas de destruição em massa, armas químicas e produção de antraz. A consequência disso foi a destruição de um conjunto de patrimônios históricos e culturais de importância singular para a humanidade (sumério, babilônico e mesopotâmico), o fim de um do estado que apresentava um dos melhores níveis de indicadores sociais, estabilidade política e justiça social de todo o Oriente Médio e a criação de condições para o surgimento de mais uma organização fundamentalista islâmica: O Estado Islâmico do Iraque (DAESH).

Com a estratégia de shock and awe, baseada em bombardeios incessantes e indiscriminados, foi possível tomar a capital do país em alguns dias ao custo de muita destruição e mortes de civis.

Os números oficiais dizem que em 10 anos de guerra morreram em torno de 200 mil pessoas, no entanto, cálculos alternativos apontam que o número de mortos pode ser superior a 600 mil pessoas.

Além das mortes, houve a destruição completa da infraestrutura, do patrimônio cultural e do tecido social do país. O número de refugiados iraquianos foi enorme após essa guerra.

3. Guerra na Síria (2011)

A guerra na Síria foi consequência das revoluções coloridas patrocinadas pelos EUA e pela CIA que ficaram conhecidas como primavera árabe. Washington quis derrubar o governo sírio de Bashar al-Assad a todo custo e, para isso, financiou quintas-colunas — grupos dissidentes e o fundamentalismo islâmico via Estado Islâmico.

Em meio a bombardeios e sabotagens dos Estados Unidos, os sírios realizaram uma heroica resistência que contou com o apoio da Rússia, na figura de Vladimir Putin.

A Rússia elaborou uma importante estratégia de defesa que inibiu os americanos e quase eliminou totalmente os membros do Estado Islâmico.

Com a conquista da cidade de Aleppo, em 2016, foi sacramentada a aliança síria-russa e a vitória de Assad nessa guerra. Ainda assim, tropas dos EUA, turcas e do Estado Islâmico permanecem em determinadas regiões do país, onde roubam o petróleo sírio.

Estima-se que nessa guerra morreram por volta de 500 mil pessoas. De acordo com a Acnur, agência da ONU para os refugiados, 6,6 milhões de sírios se tornaram refugiados, sem contar que 6,7 milhões de pessoas estão deslocadas dentro da própria Síria.

4. Guerra no Sudão (2013)

A guerra do Sudão se iniciou por razões internas e levou à separação do país em outros dois: Sudão do Norte e Sudão do Sul.

Os EUA atuaram indiretamente nesse conflito, sob a acusação de que o Sudão do Norte estava atrelado ao fundamentalismo islâmico.

O governo de Barack Obama impôs sanções econômicas ao Sudão e ainda manteve a classificação do país como patrocinador do terrorismo internacional.

Estima-se que em torno de 400 mil pessoas morreram nessa guerra.

5. Guerra na Líbia (2014)

Em meio à primavera árabe, o imperialismo via EUA e Otan contribuíram para a queda de um conjunto de governos em países árabes.

A grande gerente dessas ações foi a então secretária de Estado democrata Hillary Clinton. Diante da resistência do povo Líbio e do apoio ao Presidente Muammar al-Gaddafi, a Otan e os EUA decidiram bombardear indiscriminadamente o país fazendo milhares de vítimas civis.

A Líbia foi totalmente destruída e o corpo de Gaddafi foi arrastado em praça pública. Antes dessa guerra, a Líbia era o país com o melhor IDH de toda a África, com indicadores sociais de dar inveja a países ricos.

Gaddafi tinha uma quantidade extraordinária de reservas de ouro e pretendia criar uma moeda para a realização de empréstimos sem juros para projetos de irrigação, moradia, infraestrutura e desenvolvimento para todos os países da África subsaariana: o Dinar Africano.

Tal ação colocaria em cheque o poderio mundial do dólar e o atual sistema financeiro internacional. Essa guerra gerou refugiados e desabrigados e matou em torno de 500 mil pessoas.

6. Guerra no Iêmen (2014)

A Guerra do Iêmen também foi consequência da ingerência dos EUA e da CIA nas revoluções coloridas. Neste caso, os EUA terceirizaram a guerra à sua aliada Arábia Saudita.

As forças sauditas são muito superiores às iemenitas e contam com armas fornecidas pelos EUA. Até por meio de vídeos do YouTube é possível ver o uso de bombas nucleares táticas sauditas no Iêmen.

Muito provavelmente essas bombas, que representam um grave crime, são fornecidas pelos EUA e Israel.

Estimativas da própria ONU indicam que já morreram em torno de 400 mil pessoas no país.

7. Guerra na Palestina (2021)

Este conflito iniciou-se em meados do século 20 e se estende por todo o século 21, mas teve um momento importante no ano de 2021, quando houve um conjunto de ataques israelenses com apoio militar e político dos EUA em lugares como Faixa de Gaza, Jerusalém Oriental, Cisjordânia e na fronteira israelense-libanesa.

O poderio militar israelense foi muito superior ao palestino, de modo que mais de 200 palestinos foram mortos e 72 mil palestinos foram removidos arbitrariamente de suas casas.

O sadismo das forças neonazistas israelense pode ser comprovado pelo fato de terem invadido o terceiro mais importante local da religião islâmica do mundo: a mesquita de Al-Aqsa. Em Al-Aqsa, a polícia israelense agrediu pessoas que praticavam seu culto religioso pacificamente.

*Com Diálogos do Sul

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Contra o horror, prossegue o levante palestino

Mesmo em face de turbas de linchamento e violência estatal, muitos palestinos não podem se dar ao luxo de que o regime colonial de ocupação de Israel volte ao ‘normal’.

Matéria de Amjad Iraqi publicada na Carta Maior – O caos que se desenrola na Palestina-Israel é real, brutal e aterrorizante. Caças a jato, foguetes, policiais e turbas de linchamento engoliram os céus e as ruas nos últimos quatro dias. O exército israelense e os militantes do Hamas continuam trocando tiros arbitrários, matando dezenas e ferindo incontáveis outros, esmagadoramente na sitiada Faixa de Gaza. Em Israel, multidões de grupos armados, muitos deles bandidos judeus acompanhados pela polícia, estão perambulando por cidades e bairros destruindo carros, invadindo casas e lojas e buscando derramamento de sangue no que muitos estão corretamente descrevendo como pogrons.

Esta descida ao Estado desenfreado e à violência da multidão está tragicamente abafando um dos momentos mais incríveis da história recente da Palestina. Durante semanas, as comunidades palestinas, com Jerusalém em seu epicentro, organizaram manifestações de massa que se espalharam como fogo em ambos os lados da Linha Verde. Iniciado por eventos no Portão de Damasco e seu bairro adjacente de Sheikh Jarrah, protestos eclodiram do campo de refugiados de Jabaliya em Gaza à cidade de Nazaré em Israel e ao centro da Cisjordânia em Ramallah. E até agora, eles mostram poucos sinais de enfraquecimento.

Mesmo que os eventos atuais deem uma guinada terrível, essas mobilizações das últimas semanas não podem ser negligenciadas. Embora palestinos de todos os matizes estejam profundamente cientes de sua identidade compartilhada, muitos temem, há muito tempo, que a violenta fragmentação de seu povo por Israel – estimulada por líderes nacionais que reforçaram essas divisões – tenha prejudicado irremediavelmente sua unidade. O fato de os palestinos terem saído às ruas em uníssono é um lembrete desafiador de que, apesar do número incomensurável de suas vítimas, a política colonial de Israel ainda não foi bem-sucedida. Essa perseverança é mais do que apenas uma fonte de consolo para os palestinos; isso os galvanizou a aproveitar este momento para forjar uma mudança radical e decisiva.

Esta não é a primeira vez que manifestações assim ocorrem: o Plano Prawer de 2013 para deslocar cidadãos beduínos em Naqab / Negev, a guerra de 2014 em Gaza e a Grande Marcha do Retorno de 2018 geraram ações conjuntas semelhantes, citando apenas eventos da última década. No entanto, qualquer palestino que participou dos protestos atuais ou acompanhou as notícias do exterior não pode deixar de sentir que essa onda é diferente das outras. Algo parece diferente. Ninguém tem certeza do que é ou quanto tempo vai durar – e depois da loucura da noite passada, isso talvez não importe mais. Mas é angustiante de assistir e eletrizante de se ver.

Não é apenas um slogan

A centralidade de Jerusalém neste avivamento nacional é uma parte vital da história. Há anos a capital histórica não estava presente na mente de tantos palestinos – e, na verdade, nas mentes de milhões em todo o mundo – do jeito que tem estado nas últimas semanas. A última vez que isso ocorreu foi em julho de 2017, quando, após um ataque de militantes palestinos à Polícia de Fronteira perto da mesquita de Al-Aqsa, as autoridades israelenses instalaram detectores de metal ao redor do complexo e se recusaram a permitir que fiéis muçulmanos entrassem sem serem examinados pelos detectores.

Rejeitando essa imposição da potência ocupante, os palestinos lideraram um boicote em massa aos detectores e protestaram contra qualquer tentativa de alterar o “status quo” do Haram al-Sharif. Sua desobediência civil obrigou os atores regionais a intervir e, no final, forçou Israel a remover os detectores que haviam instalado. Embora de alcance limitado, foi uma vitória inspiradora que ofereceu um vislumbre do potencial de organização palestina na cidade, que muitos temiam ter sido dizimada pela repressão israelense durante e após a Segunda Intifada.

Desta vez, a mobilização em Jerusalém é muito mais significativa. Ao contrário de 2017, os manifestantes palestinos não se contentaram em simplesmente suspender as restrições arbitrárias da polícia às festividades do Ramadã no Portão de Damasco. No que provou ser fatal, as autoridades israelenses e grupos de colonos intensificaram sua pressão para expulsar famílias palestinas de suas casas em Sheikh Jarrah, cujos despejos deveriam ser selados pela Suprema Corte neste mês, ao mesmo tempo em que a polícia estava escalando sua violência repressiva na Cidade Velha. O destino de Sheikh Jarrah, junto com outras áreas ameaçadas como Silwan, se entrelaçou com o coração da Jerusalém palestina – não apenas como um slogan enfadonho, mas como um movimento que realiza ações em massa para defendê-los.

Ao fazer isso, os palestinos abriram um caminho tremendo na oposição às tentativas de Israel de separar os bairros de Jerusalém uns dos outros e isolá-los de seus irmãos fora da cidade. Estimulados pelo despertar da capital, palestinos em outras cidades organizaram seus próprios protestos em apoio ao Sheikh Jarrah e Al-Aqsa, imperturbáveis pelas ameaças israelenses e atos de repressão. No sábado passado, milhares de cidadãos palestinos de Israel desafiaram as obstruções da polícia e viajaram de ônibus e a pé para professar sua fé no local sagrado, orando pelo Sheikh Jarrah ao mesmo tempo. Até que acontecessem os pogrons desta semana que permearem o país, todos os olhos estavam fixos em Jerusalém com uma energia fervorosa que não era sentida pelos palestinos há anos.

Uma característica extraordinária das manifestações é que elas estão sendo organizadas principalmente não por partidos ou figuras políticas, mas por jovens ativistas palestinos, comitês de bairro e coletivos de base. Na verdade, alguns desses ativistas rejeitam explicitamente o envolvimento das elites políticas em seus protestos, vendo suas ideias e instituições – da Autoridade Palestina à Lista Conjunta – como domesticadas e obsoletas. Eles estão se afirmando nas ruas e principalmente nas redes sociais, incentivando outros jovens que nunca participaram de protestos políticos a se associarem pela primeira vez. De muitas maneiras, esta geração está desafiando sua liderança tradicional tanto quanto está lutando contra o estado israelense.

Forças de segurança israelenses prendem manifestantes durante uma manifestação contra o plano de Israel de despejar palestinos no bairro de Sheikh Jarrah em Jerusalém Oriental, 6 de maio de 2021. (Jamal Awad / Flash90)

Resiliência em meio ao caos

Não é de se admirar que o Hamas tenha decidido entrar no palco disparando milhares de foguetes contra o sul e o centro de Israel em nome da defesa de Jerusalém. Para alguns palestinos, esta é uma intervenção militar justificada para apoiar o movimento de rua; para outros, é uma tentativa descarada de sequestrar os protestos para ganho próprio do Hamas, como fez com a Grande Marcha de Retorno de Gaza. Ainda assim, com o presidente Mahmoud Abbas adiando indefinidamente as eleições palestinas deste verão, os líderes políticos de ambos os lados dos territórios ocupados mostraram que têm pouco a oferecer além de velhas estratégias e um governo mais autoritário.

A cooptação não é a única ameaça que o crescente movimento enfrenta. Nas chamadas “cidades mistas” como Lydd, Jaffa e Haifa – cidades historicamente palestinas que foram transformadas à força em localidades de maioria judia por meio de expulsão e gentrificação – turbas de judeus de direita, muitas protegidas e auxiliadas pela polícia, estão linchando palestinos e aterrorizando seus bairros. Gangues de judeus armados de assentamentos na Cisjordânia, onde violentos ataques contra palestinos estão descontrolados, estão convergindo para essas cidades para entrar na briga. Alguns palestinos também estão atacando israelenses judeus e incendiando seus veículos e propriedades, incluindo ataques incendiários em sinagogas. Porém, apenas grupos de um certo lado têm poucos motivos para temer as autoridades – muito ao contrário, podem contar com a proteção da polícia.

Esses acontecimentos angustiantes provavelmente vão piorar nos próximos dias, à medida que Israel e o Hamas intensificam sua guerra assimétrica, com os palestinos na bloqueada faixa de Gaza pagando o preço mais alto. O governo israelense está agora considerando enviar o exército para ajudar a polícia a estabelecer a “ordem” no país, um movimento que vai impor ainda mais tirania sobre os cidadãos palestinos do Estado. Enquanto isso, muitos palestinos que apoiam os protestos ficaram com medo de tomar as ruas sob o risco de ferimentos, prisões ou pior. Outros se resignaram a acreditar que – após décadas de levantes, inação internacional e impunidade israelense – há pouca esperança de que este episódio traga qualquer mudança significativa.

Sinagogas e carros incendiados e lojas vandalizadas no centro da cidade de Lod, após uma noite de tumultos na cidade, 12 de maio de 2021. (Avshalom Sassoni / Flash90)

E ainda assim, mesmo que a violência pareça sair do controle, não deve ser permitido apagar as correntes de orgulho, solidariedade e alegria que têm energizado a onda de resistência palestina deste mês. Em uma imagem simbólica no domingo, um palestino em Lydd escalou um poste de luz para substituir uma bandeira israelense por uma palestina – uma cena desafiadora quase 73 anos depois que as forças sionistas limparam etnicamente a cidade na Nakba. Quando a polícia bloqueou a entrada de ônibus em Jerusalém para a noite sagrada de Laylat al-Qadr, os motoristas que passavam ofereciam carona aos palestinos que estavam dispostos a caminhar quilômetros para chegar a Al-Aqsa. No bairro de Wadi Nisnas, em Haifa, esta semana, os residentes palestinos se agruparam para afastar as turbas de judeus, sabendo que a polícia provavelmente mais ajudaria os agressores do que os pararia.

Nas redes sociais, um vídeo viral mostrou cidadãos palestinos rindo e aplaudindo enquanto um carro da polícia israelense passava sem saber que uma bandeira palestina havia sido enfiada na porta traseira do veículo. Outro vídeo popular mostrou um menino palestino, empurrado para fora de Al-Aqsa por uma multidão de policiais, jogando seu sapato na cabeça de um policial de capacete. Outro mostrava um palestino abrindo um sorriso quando sua filha, alheia ao fato de que seu pai estava sendo preso pela polícia em sua própria casa, impacientemente o indagava sobre sua boneca. Mesmo em meio ao caos, esses momentos de beleza e resiliência não devem ser esquecidos.

Um levante nacional

Não há dúvida de que este é um momento perigoso para todos aqueles que vivem na Palestina-Israel. A volatilidade nas ruas é petrificante e os perigos que elas trazem parecem quase sem precedentes. Essa loucura deveria ter sido evitada, mas os poderes constituídos a tornaram quase inevitável. A comunidade internacional, incluindo os Estados árabes, efetivamente abandonou a causa palestina; a direita israelense solidificou seu domínio do apartheid entre o rio e o mar; e as lideranças palestinas se recusaram a dar a seu povo uma palavra sobre seu futuro político.

É precisamente esse ambiente de isolamento e esmagamento que o nascente movimento palestino está tentando destruir. Muitos dos jovens ativistas que colocaram seus corpos em risco nas últimas semanas passaram suas vidas tentando garantir sua liberdade. Mais assertivos e mais equipados do que suas gerações anteriores, eles tentaram sua sorte nas redes sociais, na defesa pública, programas de “coexistência”, prática legal, até mesmo amizades com colegas de trabalho judeus – apenas para descobrir que permanecem presos pelas mesmas correntes que seus pais e avós antes deles. Privados de opções, a desobediência pública é agora uma das poucas estratégias que restaram aos palestinos para conter a opressão implacável de Israel, principalmente na luta contra os despejos de Sheikh Jarrah a Jaffa e além.

Cidadãos palestinos de Israel confrontam policiais israelenses durante uma manifestação de solidariedade a Gaza e Jerusalém, no centro de Haifa, em 9 de maio de 2021. (Mati Milstein)

Créditos da foto: Cidadãos palestinos de Israel confrontam policiais israelenses durante uma manifestação de solidariedade a Gaza e Jerusalém, no centro de Haifa, em 9 de maio de 2021. (Mati Milstein)

Este ato de agitação em massa não pode simplesmente ser classificado como um falso binário de resistência “violenta” ou “não violenta”. É, para ser franco, um levante nacional. Embora seja uma palavra profundamente estigmatizada, e mais usada para demonizar e justificar a brutalidade contra os manifestantes, os levantes são uma característica familiar da resistência popular contra a injustiça; os protestos de Black Lives após o assassinato de George Floyd no ano passado deram exemplos proeminentes disso. E para muitos palestinos nas ruas, qualquer violência que emane desses protestos – por mais abomináveis e condenáveis que sejam – permanece incomparável com a brutalidade diária, direta e estrutural infligida pelo estado que os governa.

De fato, junto com as guerras sísmicas de 1948 e 1967, o sucesso do sionismo como um projeto colonial de ocupação deriva em grande parte de sua abordagem cada vez mais rasteira de expropriação. Ele rouba território pedaço por pedaço, despeja famílias de casa em casa e silencia a oposição pessoa por pessoa. “Silêncio” é a chave para minar a resistência coletiva, enquanto dá aos críticos a ilusão de que eles têm tempo para virar a maré. E como os eventos em Jerusalém mostraram neste mês, quanto mais descaradamente Israel segue suas políticas, mais intensamente a resistência aumentará.

Os palestinos que foram às ruas nas últimas semanas sabem disso muito bem – e é por isso que eles não estão interessados em deixar Israel voltar ao “normal”. Normalidade significa permitir que o colonialismo de ocupação e o apartheid continuem funcionando sem problemas, sem serem impedidos pelo escrutínio local ou internacional. Essa condição violenta e desumana forma a experiência comum de milhões de palestinos, quer vivam sob bloqueio, regime militar, discriminação racista ou exílio. Todos entendem que estão enfrentando uma força única que tenta suprimi-los, pacificá-los e apagá-los, simplesmente por causa de sua identidade nativa.

Mesmo à beira de um estágio assustador de guerra, muitos palestinos não podem se dar ao luxo de esperar pela próxima crise para se livrar dessa força opressora. Há um levante acontecendo agora – e mesmo que isso não liberte os palestinos de suas correntes, pelo menos, pode afrouxar o controle de Israel sobre sua consciência.

*Carta Maior

*Amjad Iraqi é editor e escritor da 972 Magazine. Ele também é analista de políticas no think tank Al-Shabaka e anteriormente foi coordenador de defesa no centro jurídico Adalah. Ele é um cidadão palestino de Israel, baseado em Haifa.

*Publicado originalmente em 972 Magazine | Traduzido por César Locatelli

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Vídeo – Massacre: Israel bombardeia a Palestina

Um bombardeio de Israel derrubou um prédio residencial de 13 andares na Faixa de Gaza nesta terça-feira (11), segundo o próprio exército israelense. A torre abriga um escritório que é usado pela liderança política do Hamas, governantes islâmicos de Gaza.

A agência de notícias Reuters registrou o momento em que uma enorme coluna de fumaça sobe de onde havia um edifício na região.

Prédio de 13 andares na Faixa de Gaza que, segundo palestinos, foi destruído em ataque israelense — Foto: Palestine in the UK/Reprodução/Twitter

Os confrontos entre israelenses e palestinos, que já deixaram ao menos 30 mortos – entre eles dez crianças palestinas – se intensificaram nesta terça-feira. Sirenes soaram em Tel Aviv — segunda maior cidade de Israel que abriga grande comunidade internacional — e sistemas de escudo anti-aéreo foram acionados.

O aeroporto Ben Gurion, em Tel Aviv, teve todas as suas decolagens suspensas para “permitir a defesa do espaço aéreo” de Israel, ainda de acordo com o Haaretz.

Confira:

https://youtu.be/e4fR1-eVoX8

*Com informações do G1

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Bolívia, Palestina e Irã: sionismo e imperialismo são palavras com o mesmo conteúdo

Pelo mundo ecoa a voz de muitos milhões de iranianos e árabes feridos na sua dignidade: “Yankees, go home!” é o grito de guerra da hora.

A palavra sionismo perdeu o sentido original que qualificava o movimento de judeus em direção a Sion, ou Monte Sião. O local seria a terra de seus ancestrais, território em Jerusalém, onde floresceu a Palestina e que também é berço de outros povos e civilizações.

Israel surgiu no pós-Segunda Guerra pelas mãos dos países vencedores, que redesenharam a geopolítica em todo o Oriente do Mediterrâneo e na Ásia Central. Se consolidou como uma cabeça de praia (ponta avançada) do capitalismo global e se tornou potência bélica e nuclear.

A partir da gestão do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu (2009-atual), Israel passou a ser um Estado teocrático sionista e se tornou uma ameaça permanente à paz no mundo. O país se nega a cumprir a resolução da ONU, que prevê a criação de dois Estados — o israelense e o palestino — e segue ocupando áreas palestinas, promovendo um genocídio contra essa população.

Com a evolução do capitalismo global e a consolidação da hegemonia estadunidense, o sionismo passou a atuar como uma inteligência do novo imperialismo em expansão. A grande nação norte-americana parece guiada pelos sionistas.

Por exemplo, o mais poderoso lobby no Congresso dos EUA é o sionista e que se confunde com o poderoso lobby da indústria armamentista. Wall Street, a meca do capital financeiro, é controlada por judeus, sionistas, claro. Lá estão os maiores e poderosos banqueiros planetários, como Lehman Brothers, Rothschild, Mellon, etc…

Influência religiosa

Mesmo a religião nos Estados Unidos, que histórica e hegemonicamente era protestante e anglicana, cedeu lugar ao neopentecostalismo. A antiga ética sofreu uma reviravolta sob a égide da teologia da prosperidade, que nada mais é do que a adoração ao deus dinheiro e está, portanto, intimamente vinculada ao sionismo.

Os fatos comprovam que muito além da coincidência bíblica (os neopentecostais veem Jerusalém como a Terra Santa e os sionistas como Terra Prometida), há confluência de ideologia, negócios bilionários e ocupação de espaço em favor da hegemonia do capital financeiro e dos interesses dos Estados Unidos. Deixa de ser coincidência ao fator religioso quando o objetivo é político e de poder.

Na prática, os templos denominados neopentecostais espalhadas pelo mundo nasceram nos Estados Unidos e atuam como braços desse sionismo de novo tipo, que se confunde com o nazismo naquilo de mais trágico da saga hitlerista: supremacismo racial e genocídio em massa dos desiguais.
Sionismo fora de Israel

Maurício Macri assumiu o poder na Argentina em 2015 para executar um projeto neoliberal a serviço do capital financeiro transnacional. A primeira atitude ao chegar ao governo foi privilegiar as relações com Israel. Visitas recíprocas e amplos acordos de cooperação na área de defesa, principalmente, foram realizados.

Paralelamente, houve, da parte argentina, um alinhamento da política externa aos interesses dos Estados Unidos, o que fez com que o país passasse a condenar governos progressistas, como os de Bolívia e Venezuela.

Na sequência, a Argentina descobre petróleo no sul da Patagônia; os Estados Unidos instalam uma base militar na província de Neuquén; Israel passa a patrulhar a fronteira hídrica entre Argentina, Uruguai, Brasil e Paraguai com barcos fortemente armados, soldados e assessores sionistas.

Interessante que, coincidentemente, a Argentina tem a maior colônia judaica na América do Sul e também é sede de uma poderosa máfia judia. Na prática, com o governo macrista, os interesses do país passaram a ser o mesmo do Estado Sionista.

 

*Paulo Cannabrava Filho/Diálogos do Sul