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Opinião

Bolsonaro não é mais nada, foi expulso do exército e expulso da política

Se Bolsonaro vale alguma coisa para alguém da envergadura moral de Malafaia, ele não vale mais nada para a imensa maior parte do povo brasileiro.

Lógico que, assim como tentou passar a ideia de que era um militar reformado, quando, na verdade, foi expulso com uma das maiores desonras que um soldado pode receber, Bolsonaro foi derrotado nas urnas e extirpado da política pelo TSE.

O que sobrou dele, não tem mais nada de militar, menos ainda de político, que fará ser chefe supremo das Forças Armadas e líder da oposição.

Essa cúpula que está enroscado com ele até o talo, não morre de amores por Bolsonaro, apenas está no mesmo barco náufrago como qualquer rato que, se abandona o barco, morre afogado.

Ou alguém acredita que Malafaia está nesse desespero todo, bancando manifestação de Bolsonaro e afrontando o STF sem motivos? Podem jurar que não. Ele não está interessado em salvar Bolsonaro, mas a si próprio.

Malafaia conquistou espaço num governo cravejado de corruptos, delinquentes, milicianos e, certamente, não ficará fora de uma eventual punição, caso, como tudo indica, Bolsonaro enfrentará.

Essa rearrumação das abóboras tentadas por Bolsonaro, buscando aliança com a direita tradicional, não acontecerá porque a acomodação das abóboras ocorre com o movimento do veículo que as carregam, e o veículo de Bolsonaro está encalhado, bateu biela e fundiu o motor, tendo como laudo 100% de perda, só tem carcaça e ainda amarrotada.

Bolsonaro não tem como se safar, que fará salvar alguém, porque não tem mais o fermento do poder e, com isso, não gera qualquer benefício ou privilégio para os aliados.

Portanto, ninguém vai coligar com quem não é mais nada para transformá-lo num inocente. No máximo, terá apoio daqueles que enfrentarão a mesma realidade perante a justiça que o morto-vivo, Jair Bolsonaro enfrenta.

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Mundo

Ataque a Israel reconfigura a política na região

Pano de fundo são as conversações para a normalização de relações entre o país e a Arábia Saudita.

O ataque do Hamas a Israel traz um abalo sísmico na política do Oriente Médio. No curto prazo, a população israelense deverá se unir em torno do premiê Binyamin Netanyahu para dar uma resposta ao grupo terrorista (“rally’round the flag”). Mas essa é uma tarefa extremamente complexa tanto do ponto de vista militar como político.

Os israelenses não podem simplesmente despejar toneladas de bombas sobre Gaza, como fariam em condições normais. O Hamas capturou mais de uma centena de reféns e os espalhou pela área.

Netanyahu também precisa ser cuidadoso para não alienar o incomum apoio político que Israel conseguiu angariar. Uma incursão terrestre é provável, mas não sem muitas baixas entre os israelenses. Cenários mais tenebrosos incluem uma escalada, com o envolvimento militar do Hizbullah e eventualmente até do Irã.

Mais à frente, Netanyahu será cobrado por seus erros. Os serviços de inteligência fracassaram espetacularmente. Quando algo parecido aconteceu, 50 anos atrás, na Guerra do Yom Kippur, o governo de Golda Meir caiu poucos meses depois. Foi o começo do fim da hegemonia dos trabalhistas. Não é impossível que os israelenses se deem conta de que a estratégia da direita de apenas administrar o conflito com os palestinos não é sustentável, levando à eleição de uma administração que volte a discutir seriamente a paz, não com o Hamas, é claro, mas com outros grupos palestinos.

O pano de fundo geopolítico são as conversações para a normalização de relações entre Israel e Arábia Saudita. Por ora, elas ficam congeladas, como queriam o Hamas e o Irã. Dependendo do que acontecer nas próximas semanas e meses, podem colapsar inteiramente ou até acabar sendo fortalecidas, o que favoreceria uma solução negociada para o surgimento de um Estado palestino.

Gostaria de acreditar na segunda possibilidade, mas ninguém jamais perdeu dinheiro por apostar contra a paz no Oriente Médio.

*Hélio Schwartsman/Folha

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Política

VÍDEO: Lula pede maior participação do povo na política para evitar golpe “como deram na Dilma”

O presidente Lula pediu aos cidadãos uma participação mais “ativa” na política para evitar golpes ou tentativas de ruptura institucional. A declaração ocorreu durante discurso de lançamento do Plano Safra para agricultura familiar no Salão Nobre do Palácio do Planalto.

“Se vocês participarem ativamente, nunca mais alguém vai se meter a dar golpe como foi dado na companheira Dilma Rousseff ou vão tentar fazer o que fizeram no dia 8 de janeiro tentando invadir os poderes da Constituição”, afirmou o presidente.

O petista ainda criticou o ex-presidente Jair Bolsonaro, que defendeu o uso de armas para “preservar a democracia”. Segundo o mandatário, a “grande arma” para garantir o regime democrático “é o povo de barriga cheia”.

“Diferente de outros presidentes, eu não estou mandando vocês comprarem armas, porque diziam que era para comprar armas para defender a democracia. Eu quero que vocês produzam o máximo que vocês puderem produzir de alimentos, da maior qualidade, porque a grande arma que nós precisamos nesse país é o povo de barriga cheia, é nenhuma criança ficar com fome ou nenhuma pessoa ir dormir sem ter um café para comer”, finalizou.

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Bolsonarismo

Lula diz que ‘Inteligência do governo não existiu’ e manda recado: ‘Quem quiser fazer política que tire a farda’

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ser contra a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar os ataques golpistas às sedes dos Poderes. Em entrevista à GloboNews, o petista disse que a iniciativa poderia criar “um tumulto” e que “não vai ajudar” a chegar aos responsáveis pelos atos do dia 8 de janeiro.

— O que nós podemos investigar numa CPI que a gente não possa investigar aqui e agora? Nós estamos investigando, tem mil e trezentas pessoas presas. O que você pensa que a gente vai ganhar com uma CPI? — questionou o presidente. — Nós (governo) temos instrumentos para fiscalizar o que aconteceu nesse país. Uma comissão de inquérito pode não ajudar e ela pode criar uma confusão tremenda, sabe? Nós não precisamos disso agora.

Lula ponderou, porém, que a decisão é do Congresso, mas que, caso seja consultado, recomendará a aliados que não apoiem a iniciativa.

Após um ímpeto inicial, em que parlamentares do PT e de siglas aliados assinaram requerimentos para criar CPI, integrantes da base do governo no Congresso passaram a adotar cautela nos últimos dias ao tratar do assunto. A avaliação de petistas é que a criação da CPI poderia acabar por dar holofote para bolsonaristas radicais, além do risco de não trazer avanços para investigações do caso e servir mais para uma disputa política.

Maior partido da Câmara e do Senado, o PL do ex-presidente Jair Bolsonaro, já avisou que vai tentar enquadrar o governo petista caso uma CPI seja realmente criada. Integrantes da legenda têm falado em omissão dos ministros da Justiça, Flávio Dino, e da Defesa, José Múcio.

— Já nos manifestamos que qualquer CPI tem que ser ampla porque a falha foi geral. A partir da próxima legislatura veremos— disse o senador Carlos Portinho (PL-RJ), ex-líder de Bolsonaro no Senado, ao GLOBO.

Por ter as maiores bancadas nas duas Casas, o PL tem direito a indicar mais parlamentares para um eventual colegiado do que as outras siglas.

Um dos pedidos de CPI partiu da senadora Soraya Thronicke (União-MS), que é adversária tanto de Bolsonaro quanto de Lula. Em uma postagem no Twitter, ela comentou a resistência do governo Lula em apoiar a CPI.

— A CPI não será de um governo, não terá ideologia e nem partido… A CPI será imparcial e investigará atos e fatos. Quem não deve, não precisa tremer — declarou.

Aliados do governo também temem que uma “caça às bruxas” neste momento possa atrapalhar a montagem de uma base ampla de apoio ao governo. Hoje já há uma proximidade com PSD e MDB, mas o Palácio do Planalto procura também agregar o União Brasil e se aproximar de setores do PP, Republicanos e até de uma ala do PL.

Escolhido para liderar a bancada do PT na Câmara em 2023, o deputado Zeca Dirceu (PR) evita se comprometer com o apoio à CPI e põe em dúvida até mesmo a apresentação de representações no Conselho de Ética contra os bolsonaristas radicais ligados aos atos terroristas.

— Não decidimos ainda. Estamos conferindo as denúncias e buscando provas-, disse ao GLOBO sobre a possibilidade de o PT tentar enquadrar o episódio no Conselho de Ética.

Um dia depois dos ataques do dia 8 de janeiro, parlamentares do PT chegaram a apresentar um requerimento para que uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), com deputados e senadores, fosse instalada no Congresso. Agora, o novo líder da bancada prega mais cautela no uso do instrumento.

— Entendo que o Congresso precisa de unidade agora para enfrentar os golpistas e terroristas — afirmou Zeca Dirceu.

Outros parlamentares do PT seguem a mesma linha adotada pelo líder na Câmara.

— Não vejo porque a gente fazer esse embate político quando na

verdade é caso policial —disse o deputado Alencar Santana (PT-SP). Ele acrescenta: — Como está havendo uma ação rápida, precisa e eficiente, eu particularmente entendo que não há necessidade da Câmara avançar eventualmente na apuração. O que mais nós iríamos revelar além daquilo que está sendo revelado?

Na semana passada, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), já havia adotado discurso semelhante ao do deputado do Paraná. O senador da Bahia assinou a CPI proposta por Soraya Thronicke, mas disse que o governo não definiu se irá apoiar a iniciativa.

— Não tem posição de governo nisso. Na verdade, a assinatura é individual. Eu pessoalmente também assinei, acho que a ideia é boa, mas acho que a gente tem que avaliar até porque ela só começaria em fevereiro-, declarou o Wagner sobre um pedido de CPI feito pela senadora Soraya Thronicke (União-MS). -Se até lá a Polícia Federal estiver esclarecido, a Justiça estiver caracterizado os crimes executados, não sei se continua tendo objeto a própria CPI — disse.

O senador chamou a atenção para o fato de que a CPI foi pedida por uma senadora que não é da base. Wagner também afirmou que as assinaturas precisarão ser novamente colhidas após fevereiro, quando começar a nova legislatura do Senado.

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Lula presidente

Lula mostra como se faz política

Marcelo Auler – Mesmo antes de assumir oficialmente a presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva está dando um banho de como fazer política em um país desacostumado a tal prática. Nem sempre faz isso verbalizando. Muito mais por gestos e sinais.

Como ocorreu nesta sexta-feira (23/12), quando a grande mídia, de formas diversas, tentou apostar em uma animosidade entre o presidente eleito e a senadora Simone Tebet (MDB-MS) por conta do futuro ministério que está sendo montando.

Muitos políticos, como Ciro Gomes, jogavam na falta de entendimento entre os dois, na expectativa de “provarem” que a “frente ampla” só valeu para a eleição. Perdendo-se na composição do governo. Nem Lula, nem Tebet precisaram dar declarações desmentindo, até porque não resolveriam as dúvidas.

O gesto de oferecer carona no avião para a senadora ir a São Paulo falou mais alto do que mil palavras. Ela jamais aceitaria compartilhar essa hora de vôo se a conversa dos dois, pela manhã, em Brasília, não tivesse sido promissora. Depois do gesto de ambos, fica muito mais difícil apostar que as conversas não chegarão a bom termo.

Na vitória, não tripudiou

As aulas de como se faz política se avolumam. Na quinta-feira (22/12), depois de aprovada a PEC da Transmissão – através da qual o presidente ainda não empossado, com a ajuda do Congresso Nacional em fim de mandato, endireitou o orçamento fake elaborado pelo presidente que já não exercita seu cargo – Lula poderia se vangloriar.

A aprovação da PEC, por si só, foi uma vitória política, por mais que a mídia tradicional não a veja assim. E com placares, nas duas casas legislativas, bem acima do necessário. Conseguiu ainda – graças à decisão do Supremo Tribunal Federal em torno das famigeradas emendas secretas – R$ 10 bilhões a mais do que os R$ 145 bilhões acordados.

Recorrendo, porém, à sinalização política, ao iniciar sua fala no auditório do Centro Cultural do Banco do Brasil, agradeceu nominalmente aos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco, e da Câmara, Artur Lira. Afinal, com a possibilidade de reeleição de ambos, é com eles que terá que negociar.

Logo, não será surpresa se todos os críticos – a grande mídia, em especial – se calarem quando, mais provavelmente na quarta-feira (28/12), podendo ocorrer na véspera, Lula anunciar os seus últimos 16 ministros.

Ele certamente mostrará como, apesar do descrédito de muitos, conseguirá abrigar não apenas as forças políticas que o ajudaram a derrotar o fascismo, mas também aqueles que – mesmo se votar nele – não deixarão de participar da reconstrução do país destroçado pelo bolsonarismo. Como já se noticia, haverá vaga não apenas para Marina Silva e Tebet, mas até para indicado de Lira, que tentou chantageá-lo no início da votação da PEC. Isolados ficarão os extremistas.

Saída política nos possíveis erros

Um exemplo claro do apoio de quem sequer deve ter votado em Lula partiu, nesta sexta-feira, do coronel PM de São Paulo Nivaldo César Restivo. Convidado pelo futuro ministro da Justiça, Flávio Dino, para a Secretaria Nacional de Políticas Penais ele, muito certamente não cravou 13 na urna eletrônica, assim como a maior parte dos policiais militares. Ao declinar do convite que recebeu, porém, ajudou o futuro ministro da Justiça a sair da enrascada em que o meteram, seja com que intenções fossem. Provavelmente boas.

Mesmo não se desconsiderando a alegada “impossibilidade de conciliar a necessidade da dedicação exclusiva ao importante trabalho de fomento das Políticas Penais, com o acompanhamento de questões familiares de natureza pessoal”, argumentada pelo coronel, não resta dúvida de que o declínio do convite foi um gesto político. Negociado ou não.

Gesto que beneficiou Dino, após ele já ter assumido pessoalmente o erro de, atendendo a uma indicação do governador Renato Casagrande (PSB-ES), convidar para a diretoria da Polícia Rodoviária Federal (PRF) o agente capixaba Edmar Camata. Alguém que, no passado, aplaudiu não apenas a operação Lava Jato, mas a própria prisão do ex-presidente Lula. Ou seja, colocou em dúvida a inocência do novo presidente, reconhecida mundialmente por juristas e pelo próprio papa Francisco, pois ficou evidente a condenação política.

Tal como ocorreu com Camata, o convite a Restivo provocou fortes críticas ao ministro por militantes, participantes dos Grupos de Trabalho sobre Justiça e Políticas Penais do governo da transição e entidades que defendem direitos humanos, como noticiamos em Ágil no caso da PRF, Dino ainda mantém o cel. Restivo. Tudo por conta e obra do possível envolvimento dele no famoso Massacre de Carandiru (1982), no qual a PM de São Paulo debelou uma rebelião na Casa de Detenção, no bairro do Carandiru, provocou uma verdadeira carnificina: 111 dos rebelados mortos e vários outros feridos. Anos depois, em março de 2017, ao assumir o comando da PM paulista, Restivo classificou a operação como “legítima e necessária”.

No caso de Camata, Dino assumiu a responsabilidade política pela decisão de suspender o convite feito, deixando claro que o então escolhido não teria as condições políticas necessárias para desenvolver a tarefa. Indicou em seguida o agente da PRF Antonio Fernando Oliveira, ex-superintendente do órgão no Maranhão, estado que o futuro ministro governou por dois mandatos.

Mas, com Restivo, a volta atrás soaria mal. Por isso, a decisão do coronel de, educadamente, declinar do convite – veja abaixo a nota que ele distribuiu -, deve ser interpretada como mais uma costura política. Algo que só o tempo dirá.

Leia abaixo a nota pública do coronel.

Hoje, 23, conversei com o Ministro Flávio Dino.

Agradeci exaustivamente o honroso convite para fazer parte de sua equipe.

Em que pese à motivação e o entusiasmo para contribuir, precisei considerar circunstâncias capazes de interferir na boa gestão.

A principal delas é a impossibilidade de conciliar a necessidade da dedicação exclusiva ao importante trabalho de fomento das Políticas Penais, com o acompanhamento de questões familiares de natureza pessoal.

Assim, reitero meus agradecimentos ao Ministro Flávio, na certeza de que seu preparado conduzirá ao êxito da imprescindível missão que se avizinha.

Cel. PMSP Nivaldo Restivo

*Com 247

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Michelle Bolsonaro vai a escritório e prepara entrada na política

Michelle Bolsonaro visitou escritório que o PL alugou para abrigar Bolsonaro e aliados; ela comandará o PL Mulher e receberá salário.

De acordo com Guilherme Amado, Metrópoles, Michelle Bolsonaro tem se preparado para entrar na política, enquanto a família Bolsonaro está prestes a desocupar o Palácio do Alvorada. Nesta segunda-feira (19/12), a primeira-dama esteve no escritório que o PL alugou para abrigar Jair Bolsonaro e aliados.

De um gabinete nesse escritório, Michelle presidirá o PL Mulher, cargo cobiçado por deputadas e senadoras da sigla. Em troca, ganhará um salário do partido onde seu marido será presidente de honra.

Na última semana, o escritório duplex de Bolsonaro abriu as portas. O vice da chapa de Bolsonaro, general Walter Braga Netto, já esteve no local diversas vezes com outros militares. O general já conta com uma vaga na garagem do prédio.

O PL gastará pelo menos R$ 40 mil por mês com aluguel e condomínio. O espaço conta até com uma pequena sala de cinema.

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Silvio Almeida: vivemos um processo de demolição, de erosão da política de direitos humanos

Doutor em Direito e graduado em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP), o jurista Silvio Luiz de Almeida, 46 anos, alertou nesta quinta-feira (8), em Brasília (DF), que o governo de Jair Bolsonaro (PL) destruiu a política de direitos humanos.

“Vivenciamos um processo de demolição, erosão da política de direitos humanos. Significa que foi o período em que as pessoas foram expostas à morte. É isso que vimos nos últimos quatro anos”, disse o estudioso em reunião do Grupo Técnico (GT) de Direitos Humanos do gabinete de transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

De acordo com o jurista e filósofo, o Brasil, “com suas fragilidades, tinha um aparato institucional que permitia dizer que tem política de direitos humanos”. “Política de direitos humanos é proteção institucional das pessoas”, acrescentou.

Mais depoimentos

A vice-governadora de Sergipe, Eliane Aquino (PT) criticou o “abandono da política pública, morte, fome, desigualdade”. “Temos escutado depoimentos extremamente tristes. O relato é de total abandono no Brasil inteiro. Não existem direitos humanos sem democracia nem democracia sem direitos humanos. É colocar as pessoas carentes no orçamento e fazer com que tenham visibilidade, igualdade”.

Membro do movimento LGBTQIA+, Janaína Barbosa de Oliveira disse que, no formato de ódio, o esvaziamento da política é algo natural neste modelo de governo (de Bolsonaro). “Conseguiram extinguir várias políticas públicas”.

Doutor em Economia, Luis Alberto Melchert alertou para a necessidade de políticas voltadas para os idosos. “Eles são o futuro do capitalismo. Quanto mais o tempo passa, maior é o número de pessoas idosas. Estamos nos tornando um País idoso”.

Membros do GT

O GT tem outros integrantes: Maria do Rosário, deputada federal (PT-RS); Maria Victoria Benevides, socióloga, especialista em Ciências Políticas Margarida Quadros. Rubens Linhares Mendonça Lopes, setorial Pessoa com Deficiência; Emídio de Souza, deputado estadual (PT-SP).

No Subgrupo da Infância foram escalados Ariel de Castro Alves, advogado, membro do Instituto Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente; Welington Pereira da Silva, teólogo, pastor metodista, ex-conselheiro do Conanda (Brasília); Isabela Henriques, advogada, presidenta da Comissão da Criança e do Adolescente da OAB-SP; e Maria Luiza Moura Oliveira, psicóloga, ex-presidente do Conanda (Goiás).

*Com 247

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Militares querem emplacar José Múcio e manter intromissão na política

Especialistas em assuntos militares alertam que a indicação de José Múcio Monteiro para o Ministério da Defesa seria uma opção do interesse do Alto Comando do Exército [ACE], mas não representaria a solução necessária para a governabilidade democrática.

Um desses especialistas explica, na condição de anonimato, que a especulação em torno a José Múcio não surgiu originalmente nas discussões na transição de governo, mas passou a circular após a rejeição ao nome de Aldo Rebelo para assumir a pasta da Defesa.

De acordo com esta fonte, o ex-deputado e ex-ministro Aldo Rebelo teria sido sugerido pelas cúpulas militares para o cargo por afinidades políticas e ideológicas.

Devido às reações contrárias à indicação dele, no entanto, o próprio Aldo, em sintonia com o Alto Comando, teria indicado José Múcio em seu lugar.

Não por acaso o general-vice presidente Hamilton Mourão disse que José Múcio “seria muito bem visto pelas Forças Armadas”.

A alternativa a Aldo parece ter sido estrategicamente concebida, pois o presidente Lula mantém uma relação de amizade e confiança política com José Múcio, o que poderia, em tese, facilitar sua nomeação para o cargo.

Na visão de outro profissional da área, além da indicação de um civil para comandar a Defesa, o governo eleito precisa escolher comandantes que assumam com total transparência o compromisso com a profissionalização e a despolitização das Forças Armadas.

“O mínimo que se espera é que sejam escolhidos comandantes comprometidos com a profissionalização das Forças Armadas, ou seja, aqueles que rechacem categoricamente a ambição inconstitucional dos militares como ‘poder Moderador’”, afirma.

O enfrentamento da questão militar é central para a estabilidade política e para a restauração da democracia. A condição de governabilidade do governo eleito dependerá, em grande medida, desta equação.

Se o governo eleito não fizer valer a Lei e a Constituição, as cúpulas militares continuarão interferindo na política e tutelando o poder civil. E, se isso continuar acontecendo, em questão de tempo eles concretizam o projeto de poder militar que acalentam.

Nos últimos dias as cúpulas militares intensificaram a pressão sobre o governo eleito.

O anúncio da data de troca de comandos antes mesmo de qualquer decisão do governo eleito, além de caracterizar um ato inaceitável de rebelião, prefigura o clima de animosidade que o governo Lula deve esperar.

O Alto Comando quer influenciar nas escolhas do ministro da Defesa e dos comandantes das três Forças para que tudo continue “como dantes no quartel-general em Abrantes”.

*Blog do Jeferson Miola

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Curiosidades

Luís Fernando Veríssimo: não acabo amizade por causa de política (talvez)

Se você concorda que os portugueses não pisaram na África e que os próprios negros enviaram seus irmãos para nos servir, acabo a amizade pelo desconhecimento da História.

Se você concorda que de 170 projetos, apenas 2 aprovados, é o mesmo que 500, acabo a amizade por causa da Matemática.

Se você concorda que o alto índice de mortalidade infantil tem a ver com o número de nascimentos prematuros, acabo a amizade por causa da Ciência.
Se você concorda que é só ter carta branca para que a PM e a Civil matem quem julgarem merecer, acabo a amizade por causa do Direito.

Se você concorda que não há evidências de uso indevido do dinheiro público, mas acha que é mito quem usa apartamento funcional “pra comer gente”, acabo a amizade pela Moral.

Se você concorda que Carlos Brilhante Ustra não foi torturador e que merece ter suas práticas exaltadas, acabo a amizade por falta de Caráter.

Se você concorda que o Bolsonaro participou, aos 16 anos, da perseguição ao Lamarca, acabo a amizade por falta de Verossimilhança.

Se você concorda que não temos dívida social com um povo que foi arrancado do seu mundo pra servir a outro e que diferenças de tratamento étnico-racial é historinha, acabo a amizade por Racismo.

Se você concorda que as mulheres devem ganhar menos por gerar vidas e que são frutos de fraquejadas, merecendo serem estupradas ou não, de acordo com a sua aparência, acabo a amizade por Misoginia.

Como vocês podem ver, não acabo a amizade por causa de política.
Acabo pela ignorância, truculência e pelo desrespeito que acompanha quem diz que não se acaba amizade por causa de política.

O fascismo não se discute, se combate.

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Fernando Veríssimo: Não acabo amizade por causa da política, (talvez)

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