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Moro e Bolsonaro foram avisados da operação “queima de arquivo” que matou o miliciano

Se Moro sabia da operação “queima de arquivo” que matou o Adriano, o clã Bolsonaro também sabia e Eduardo foi para a Bahia.

Isso é mais do que evidente. O mesmo painel da Folha que publicou a notícia, também noticia que a PF, via Moro, foi sondada para dar apoio à operação, mas que não participou do cerco a Adriano da Nóbrega porque o pedido não foi formalizado.

Filigranas à parte, a análise dessa situação não pode ser outra, senão a que agrava, e muito, a situação da família Bolsonaro no envolvimento da morte de Marielle, pelo simples fato de estar umbilicalmente envolvida, de forma direta, com Adriano da Nóbrega, seja por Ronnie Lessa, vizinho de Bolsonaro no condomínio, seja por seus parentes empregados no gabinete de Flávio Bolsonaro ou pelo próprio Adriano, condecorado pelo Flávio.

Isso, por si só, já sintetiza a célebre fala de Brizola dando conta do clã Bolsonaro no assassinato de Marielle: “Se algo tem rabo de jacaré, couro de jacaré, boca de jacaré, pé de jacaré, olho de jacaré, corpo de jacaré e cabeça de jacaré, como é que não é jacaré?”

Sem falar na inexplicável presença de Eduardo Bolsonaro na Bahia no dia em que a polícia carioca comanda a operação que culminou na morte do miliciano Adriano da Nóbrega, sendo considerado por dez em cada dez brasileiros como queima de arquivo.

Seja como for, isso pesa ainda mais nos ombros de Bolsonaro, não só pelo ato, mas pelo desespero do ato, pela necessidade de se livrar de algo ameaçador.

Para piorar, Moro, Bolsonaro e os três filhos do presidente, que vivem elogiando operações policiais que terminam em morte dos criminosos, para colocar ainda mais fervura no apito da chaleira sobre o covarde assassinato de Marielle e Anderson.

Não há justificativa ou direção possível que leva todos a uma conclusão que o próprio desenha dos fatos mostra, que o clã Bolsonaro, que é um bloco único da família, está até o pescoço nesse brutal assassinato.

Como disse Fernando Brito, no Blog Tijolaço: “Governo de milícia não é mais uma metáfora.”

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

 

 

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Bolsonaro confessa que pegou a gravação do dia do assassinato de Marielle, segundo ele, ‘antes que fosse adulterada’

Bolsonaro falou a um grupo de jornalistas neste sábado e revelou que pode ter obstruído a investigação sobre a morte de Marielle Franco, ao pegar as gravações do condomínio onde mora. “Nós pegamos, antes que fosse adulterada, ou tentasse adulterar, pegamos toda a memória da secretária eletrônica. A voz não é a minha”, disse ele. O principal suspeito do assassinato é seu vizinho Ronnie Lessa.

“Nós pegamos, antes que fosse adulterada, ou tentasse adulterar, pegamos toda a memória da secretária eletrônica que é guardada há mais de ano. A voz não é a minha”, declarou Bolsonaro, numa confissão que revela sua interferência direta no caso.

Isso fortalece a tese de Brizola: “Se algo tem rabo de jacaré, couro de jacaré, boca de jacaré, pé de jacaré, olho de jacaré, corpo de jacaré e cabeça de jacaré, como é que não é jacaré.”.

Informação exclusiva do Jornal Nacional dá conta de que um dos envolvidos no assassinato da vereadora Marielle Franco, morta em 14 de março de 2018, esteve no condomínio do presidente Jair Bolsonaro no dia do homicídio e se registrou como visitante de Bolsonaro. No entanto, o acusado teria visitado o policial militar Ronnie Lessa, apontado como o autor dos disparos que mataram Marielle.

Após a repercussão da reportagem do Jornal Nacional, da Rede Globo, que mostra um suposto envolvimento da família Bolsonaro nos assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes, a procuradora do Ministério Público (MP), Simone Sibilio, chefe do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (GAECO), se apressou em dizer que o porteiro, pivô da denúncia, mentiu em depoimento à Polícia Civil.

Com essa atitude esperta, Bolsonaro arranca a venda dos olhos de muitos que não querem enxergar o que está por trás da mutilação de informações que a promotora Carmen Eliza Carvalho usou para sentenciar o coitado do porteiro e, diga-se de passagem, endossada por Aras e carimbada por Moro, mostrando que a teia do clã Bolsonaro é maior do que se imagina, já que a Associação dos Peritos disse que a perícia apresentada pelo MP-RJ é uma mula manca e foi procedida de forma viciada, faltando os principais elementos, sem falar da velocidade recorde com que foi entregue o bate entope.

Aqui, na declaração de Bolsonaro, suas mãos heroicas tomaram frente, substituindo a própria perícia do MP e da Polícia para que ele, ‘Seu Jair’ o principal suspeito, avaliasse se a sua voz ou de algum filho estava ou não ali, mas dizendo que não esta. O que, convenhamos, a solução do gênio é uma clara obstrução da justiça e, certamente, a coisa que já está talhada, vai azedar ainda mais para o clã, mas principalmente para Bolsonaro pela velocidade com que correu para impedir que as autoridades chegassem à gravação antes dele.

O fato é que Bolsonaro está numa luta com o próprio novelo de lã ao qual se enrolou e, quanto mais seus instintos produzem declarações destrambelhadas, mais ele se enrola.

Suas manobras utilizadas como detergente da prova do crime, agora confessadas pelo próprio Bolsonaro, anunciam que Mônica Bergamo tem razão, vem chumbo grosso para o lado dele e ele tenta antecipar suas desculpas antes que a bomba relógio inevitavelmente exploda em seu colo.

 

 

 

 

 

 

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O Rei Leão está nu

A cada minuto que passa, Bolsonaro se enrola ainda mais no caso Marielle.

Poucas horas depois de seu “pronunciamento” em um vídeo gravado por volta das 3 horas da madrugada, de Riad, na Arábia Saudita, sabe-se já que Bolsonaro fez pura cena e, possivelmente gravou a live com todos os argumentos ensaiados.

A parte teatral ficou a cargo dos ataques à Rede Globo, em função da reportagem do Jornal Nacional sobre o caso Marielle em que o nome dele aparece envolvido como a pessoa que liberou a entrada de um dos assassinos de Marielle no dia do crime, Élcio de Queiroz. O resto já estava escrito, até porque Bolsonaro não estava com cara de sono.

Então, aquele tresloucado berrando honestidade e inocência, decerto foi exaustivamente ensaiado.

O fato de justificar que não teria como atender o telefone pode ser uma meia verdade, já que hoje a tecnologia permite que se atenda a um interfone, mesmo à distância.

Sabe-se agora que Bolsonaro tinha passagem para o Rio no dia da “visita” do matador – (Tijolaço).

Para piorar, Bolsonaro anuncia que colocará Moro no caso para fazer uma acareação com o porteiro que disse ter reconhecido a sua voz, o que é absolutamente ilegal, como disse o jurista Marcelo Semer: “O suspeito determinando passos da investigação. Por muito menos, autoridades foram afastadas de seus cargos”.

A investigação, que corria em sigilo, como disse Bolsonaro, estava longe de ser sigilosa para ele, pois o próprio na manhã desta quarta-feira se contradiz e afirma que Witzel  lhe falou sobre o porteiro em 9 de outubro.

Segundo matéria publicada no Brasil 247, “Bolsonaro (PSL) afirmou nesta quarta-feira (30) que o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), contou a ele em 9 de outubro que o porteiro do Condomínio Vivendas da Barra, havia citado seu nome em depoimento nas investigações sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes. Em Riad, capital da Arábia Saudita, Bolsonaro novamente atacou Witzel, acusando o chefe do Executivo fluminense de vazar de forma indevida detalhes das investigações para prejudicá-lo, tendo em vista a possibilidade de Witzel se candidatar a presidente da República em 2022.”

Bolsonaro não reclamou de Witzel ter vazado para ele essa informação. Além disso, a imprensa brasileira já noticia que seus aliados já haviam sido avisados que a bomba explodiria.

Todos já imaginavam que um dia o assassino de Marielle bateria na porta de Bolsonaro, era apenas uma questão de tempo, tal os pontos cruzados. Como dizia Brizola, “Tem rabo de jacaré, couro de jacaré, boca de jacaré, pé de jacaré, olho de jacaré, corpo de jacaré e cabeça de jacaré, como é que não é jacaré?” 

Pois bem, no jogo do bicho, o número 58, é jacaré, não por acaso, é o número da casa de Bolsonaro.

Como disse a manchete da Folha de S. Paulo, “Aos poucos, casos Queiroz e Marielle vão convergindo.”

A meu ver, novidade zero.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas