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Numa vergonhosa censura, Google, Facebook e Twitter “restringem” conteúdo da Sputnik Brasil e marcam perfil pessoal de jornalista

Em uma decisão de censura aos canais estatais russos, o Google bloqueou as agências Sputnik e RT dentro da plataforma YouTube na última sexta-feira (11), como uma represália à operação especial da Rússia na Ucrânia.

Jornalistas e associações brasileiras que defendem a liberdade de imprensa repudiaram o movimento de retaliação. Em nota, a Sputnik Brasil classificou as medidas de estrangulamento do acesso por parte das plataformas Google, Twitter e Meta (que detém o Facebook, o Instagram e o WhatsApp) como “uma caça às bruxas em grande escala”.

Além disso, o Twitter Brasil rotulou a conta pessoal de um jornalista da Sputnik Brasil com os dizeres “Russia state-affiliated media” (mídia afiliada ao Estado da Rússia, em tradução livre), o que pode ser caracterizado como uma perseguição personalista a um profissional da imprensa.

“O Twitter rotulou meu perfil pessoal como ‘mídia estatal russa’ argumentando que minha página particular na rede social é controlada pelo governo russo — o que é mentira. Tenho um perfil nessa rede há muitos anos e uso a página para divulgar meu trabalho assim como para me divertir e emitir opiniões diversas — da mesma forma que qualquer usuário comum”, disse o repórter, que preferiu não se identificar por temer um número ainda maior de represálias.

Ele argumenta que se trata de uma medida injusta e que, na sua opinião, essa política cria um clima de medo e de perseguição contra jornalistas.
“Há casos contra jornalistas independentes em outros países relatados na própria plataforma”, desabafou.

Site  da Sputnik é tirado do ar na Polônia - Sputnik Brasil, 1920, 14.03.2022

Site da Sputnik é tirado do ar na Polônia

O repórter acrescentou, ainda, que a rede social ofereceu um e-mail para contato em caso de dúvidas, mas o endereço retorna uma mensagem padrão direcionando a uma página de reclamações sem opções viáveis para o caso.

Críticas à rotulação do Twitter
A retaliação foi notada por usuários do Twitter e pela jornalista Rita Lisauskas, colunista do jornal Estadão e da Rádio Eldorado, que criticou publicamente a decisão da rede social.

“Quando baniram o Trump, era uma pessoa específica comprovadamente espalhando mentiras e discurso de ódio. Acho que a plataforma estava certa em agir. Agora, você sinalizar que uma mídia é russa (e sabemos que é) da mesma forma (estética) que você sinaliza que uma notícia é falsa ou enviesada, você está semioticamente fazendo com que as pessoas desconfiem daquele veículo. E a matéria tá perfeita. Vai ter indicação que a BBC é ‘mídia estatal inglesa’? Não vai, né? Qual o problema de a Sputnik ser portal russo?”, comentou, respondendo a uma pergunta de um seguidor.

Diferentemente de outros veículos vinculados a governos, caso da alemã Deutsche Welle, da britânica BBC, ou da italiana Ansa, as mídias estatais russas vêm sofrendo uma série de restrições no mundo todo nas últimas semanas.

O conjunto de medidas restritivas começou no ano passado, mas se intensificou após a Rússia começar a operação especial na Ucrânia. No final de fevereiro, o Facebook e o Instagram bloquearam o acesso a várias contas que pertencem à Sputnik em diversos países europeus.

As medidas ocorreram um dia após a União Europeia anunciar o bloqueio das transmissões da RT e da Sputnik nos países do bloco, em meio às tensões entre Rússia e Ucrânia.

A página do Instagram já está indisponível para membros da equipe da Sputnik nos seguintes países: Áustria, Bélgica, Bulgária, Croácia, Chipre, Dinamarca, Estônia, Finlândia, França, Alemanha, Hungria, Grécia, Irlanda, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Holanda, Polônia, Portugal, Romênia, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Suécia e República Tcheca.

No começo de março, a gigante norte-americana Apple anunciou o banimento em sua plataforma dos aplicativos da RT e da Sputnik fora da Rússia. A empresa norte-americana também baniu a venda de produtos na Rússia.

Já no dia 2, os 30 sites da agência Sputnik ao redor do mundo foram alvos de um ataque cibernético do tipo DDoS, que gerou instabilidade nas edições locais. Em seguida, o órgão regulador de imprensa da Alemanha publicou, no último dia 5, uma declaração em que aplica uma multa de 25.000 euros (R$ 138.344,63) ao canal RT, que deve ser paga obrigatoriamente até 16 de março.

No início daquela semana, a UE proibiu a RT de transmitir no bloco sobre a operação militar especial da Rússia na Ucrânia.

Ícones do Facebook e do Messenger Kids da empresa em um iPhone em Nova York, 16 de fevereiro de 2018 - Sputnik Brasil, 1920, 24.01.2022

“Isso não é mais um ato de censura ou uma política de dois pesos e duas medidas, é uma caça às bruxas em grande escala, uma guerra de informação completa contra a mídia russa desencadeada pelo Ocidente. A agência Sputnik já respondeu ao chefe da Comissão Europeia, que anunciou a decisão de proibir os sites e a rádio Sputnik e o canal de TV RT na UE, propondo estender as sanções a toda a Internet: ‘Propomos que a União Europeia não se conforme com medidas pequenas, mas proíba imediatamente a Internet inteira'”, disse a agência em comunicado.

Repúdio das associações jornalísticas

Em conversa com a Sputnik Brasil, as maiores entidades da defesa dos direitos do livre exercício do jornalismo condenaram as retaliações sofridas pelas agências, além da estigmatização dos profissionais que nelas trabalham.

“A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) repudia toda e qualquer tentativa de censura à liberdade de expressão e de opinião”, disse a organização, por meio de uma nota encaminhada pelo vice-presidente Cid Benjamin.

A ABI informou ainda que está estudando possibilidades de medidas legais que a Sputnik Brasil poderia tomar, eventualmente, em relação a essas plataformas.
Já a presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), Maria José Braga, apontou parcialidade por parte do Google, do Twitter e do Facebook.

Aplicativo do RT em smartphone diante de logotipo do RT e da Sputnik em 28 de fevereiro de 2022 - Sputnik Brasil, 1920, 14.03.2022

“Essas grandes plataformas digitais estão agindo parcialmente, tomando um lado, que é o lado de demonizar a Rússia como se houvesse uma ação individual do país em relação à Ucrânia, sem levar em conta a violação de acordos que levaram ao conflito. Infelizmente, as plataformas fogem do debate público, inclusive quanto à moderação transparente de conteúdo. É censura prévia e direcionamento de conteúdo, segundo interesses que elas próprias passam a defender”, criticou ela.

A FENAJ defende, ainda, uma regulação pública para moderação de conteúdos com absoluta transparência para essa moderação.

“As plataformas não podem ter esse poder absurdo para moderação. Elas precisam ser reguladas pelos Estados nacionais porque estão trabalhando acima dos Estados nacionais. Há um abuso na atuação das grandes plataformas, e elas estão atendendo os interesses dos Estados Unidos e da OTAN. Isso fica ainda mais evidente quando a retaliação mira em profissionais qualificados da imprensa”, alertou Braga.

O que dizem Google, Twitter e Meta

Procuradas pela agência Sputnik Brasil, as plataformas emitiram comunicados genéricos sobre a decisão. O Twitter — que rotulou um profissional da agência no Brasil — não respondeu o motivo pelo qual marcou a conta pessoal do jornalista.

“Dando continuidade ao nosso trabalho de oferecer mais contexto e clareza à forma como as pessoas interagem com meios de comunicação afiliados a Estados ou governos, continuamos revisando e atualizando a lista destas contas. No contexto da guerra na Ucrânia, aplicamos o rótulo a contas que se enquadram em nossa política de mídia governamental e afiliada ao Estado – uma política que está em vigor desde agosto de 2020. Também adicionamos rótulos a publicações que compartilham links para sites de mídias afiliados ao Estado russo. Mais informações sobre a atuação do Twitter na guerra da Ucrânia podem ser encontradas aqui”, disse a rede social em resposta aos questionamentos.

Perguntados o motivo que levou à decisão e o porquê de outras agências estatais não receberem o mesmo selo — a britânica BBC e a alemã Deutsche Welle, por exemplo —, o Twitter se recusou a responder.

“Por enquanto, é o que temos sobre o assunto. Se tiver algo novo, entramos em contato”, resumiu a plataforma.

O Facebook, por sua vez, não respondeu às perguntas feitas: apenas direcionou um link resumindo o posicionamento da empresa Meta, que controla a plataforma, o Instagram e o WhatsApp.

“A resposta para as suas perguntas está na seção: ‘Transparência sobre veículos de imprensa estatais’, no link que segue”, resumiram.

Questionados, em seguida, por que tal mensagem não se aplicava para outras emissoras estatais europeias, declararam que não tinham mais nada a compartilhar.

Já o YouTube, site de vídeos controlado pelo Google, se manifestou por intermédio de um comunicado.

“Na semana passada, tomamos uma série de ações para impedir a disseminação de desinformação e interromper campanhas de desinformação on-line. Isso inclui reduzir as recomendações, pausar a monetização e limitar o alcance da mídia financiada pelo Estado russo em nossos serviços. Continuamos monitorando as últimas orientações e atualizações de sanções, à medida que a situação evolui”, disse o texto.

“As Diretrizes da Comunidade do YouTube proíbem conteúdo que negue, minimize ou banalize eventos violentos documentados, portanto conteúdos sobre a invasão russa à Ucrânia que violam essa política serão removidos. Sob a mesma perspectiva, o YouTube também bloqueou globalmente canais associados a veículos de comunicação financiados pelo governo russo”, finalizou a nota.

*Com Sputnik

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Vídeos: Rússia ataca torre de TV e pede evacuação de civis

Governo russo atacou gigantes de TI, como Google e Facebook, acusando-as de censura a agências de notícias e jornalistas da Rússia.

Em meio ao aumento do bombardeio neste sexto dia de guerra na Ucrânia, as forças armadas da Rússia emitiram um alerta à população de Kiev pedindo a evacuação de áreas próximas a infraestrutura de serviços de segurança.

“Tropas russas provavelmente realizarão um ataque à infraestrutura dos serviços de segurança da Ucrânia em Kiev e pediram aos moradores que vivem nas proximidades para sair”, disse nesta terça-feira (1º) o porta-voz do Ministério da Defesa, Igor Konashenkov.

Minutos depois, a explosão de uma bomba foi registrada nas proximidades de uma torre de TV próximo à estação de metrô de Dorogozhychi, na região central da capital ucraniana.

Um alerta de ataque aéreo foi feito na região e os moradores se dirigiram a abrigos nas proximidades.

A guerra cibernética e de narrativas foi intensificada a partir desta segunda-feira (28), quando gigantes da tecnologia, como Facebook e Google começaram a sabotar agências de informação russas distribuídas em inglês e outros idiomas, como a Sputnik.

Após reunião do Conselho da Federação Russa nesta terça, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Oleg Gavrilov, classificou o que o governo da Rússia classifica como censura dos meios de comunicação russos.

“Separadamente, deve-se prestar atenção ao comportamento absolutamente inaceitável de gigantes de TI estrangeiros, especialmente americanos, como Google e Meta. Atividades hostis de propaganda são conduzidas abertamente em suas plataformas sociais, enquanto as fontes de informação russas são bloqueadas e restrições maciças ao acesso à mídia doméstica”, dissse o porta-voz russo.

Gavrilov ainda atacou a censura das redes sociais como Facebook e Twitter, que estariam boicotando a distribuição de informações russas e tirando transmissões do ar.

Segundo o Kremlin, Sputnik, RT e outros recursos de mídia russos, incluindo aqueles que atendem ao público doméstico e estrangeiro, estão sob crescente ataque de governos ocidentais, gigantes de TI e mídias sociais nos últimos dias, com censores tirando sites do ar, forçando transmissões de televisão e rádio a serem encerradas e bloqueando canais e contas no YouTube, Facebook, Twitter e outros lugares”.

Confira:

https://youtu.be/sWeODakBJ8o

*Com Forum

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O Estado sombra: o Brasil desgovernado por Bolsonaro; assim o nosso país é visto mundo afora

THE ECONOMIST, Inglaterra | O Estado sombra. Máfias dirigidas por policiais corruptos aterrorizam o Rio de Janeiro. O Presidente Jair Bolsonaro faz vista grossa. | econ.st/2IeCz27

EL PAÍS, Espanha | A paralisia econômica atinge os consumidores brasileiros. Famílias põem freios nos gastos e compram marcas mais baratas para economizar. Na maior cidade do país, São Paulo, mais lojas estão fechando que abrindo. | bit.ly/31270RA

PÁGINA 12, Argentina | O ato falho do presidente brasileiro, Bolsonaro. Ele diz ser o “mais ruim”. | bit.ly/2wwIbzk

LA VANGUARDIA, Espanha | As duas faces do Brasil de Jair Bolsonaro se manifestaram no domingo, dia 26, nas duas praias mais emblemáticas do Rio de Janeiro. Enquanto alguns milhares de manifestantes contra a violência policial nas favelas formaram uma cadeia humana na praia de Ipanema, outras dezenas de milhares caminharam pela avenida em frente aos hotéis de Copacabana gritando slogans em defesa do presidente de direita. As medidas defendidas com mais paixão pelo pró Bolsonaro foram um novo “pacote anticrime” que defende uma mão forte contra o crime e o direito de autodefesa com armas de fogo para todos os cidadãos do país. | bit.ly/2Ir3Xu3

PÁGINA 12, Argentina | Bolsonaro recuou com o reconhecimento. O Brasil retirou o convite ao enviado diplomático da oposição Juan Guaidó para apresentar credenciais diplomáticas no gigante sulista. Isso foi confirmado pela própria venezuelana, María Teresa Belandria. A diplomata foi convidada a apresentar suas credenciais na próxima terça-feira junto com embaixadores de outros países, mas no último minuto o executivo mudou de opinião. Agora quer iniciar um diálogo com o presidente da Venezuela. | bit.ly/2Z1GuGk

SPUTNIK NEWS, Rússia | Bolsonaro comenta queda do PIB: ‘já falei que não entendia de economia’? Ao ser perguntado por jornalistas sobre as projeções para a economia brasileira, Bolsonaro relacionou a fatores externos e reiterou a necessidade de aprovara reforma da Previdência. “Já falei que não entendia de economia? Quem entendia afundou o Brasil, eu confio 100% na economia do Paulo Guedes […] A gente quer melhorar os nossos índices aqui, agora passa por questões até externas”, disse. | bit.ly/2HRsUj2

ESQUERDA.NET, Portugal | Protestos contra cortes na educação suplantam defensores de Bolsonaro. Manifestações do dia 30 foram superiores às do domingo anterior, convocadas em apoio ao governo do Brasil. Impasse parece impor-se num momento em que a economia dá sinais de recessão. Uma greve geral está convocada para dia 14 de junho. | bit.ly/2IiunxF

PÁGINA 12, Argentina | “Eles querem entregar a Petrobras e a Amazônia”. Fala Luiz Dulci, vice-presidente do PT e braço direito de Lula. O ex-Secretário Geral da Presidência com Lula conversou com Página / 12 sobre o contexto das grandes manifestações educacionais e analisou os objetivos do governo Bolsonaro e Guedes. | bit.ly/2Z8fl4F

LE MONDE, França | No Brasil, os estudantes realizam demonstrações, pela segunda vez, contra cortes orçamentários. O mundo universitário brasileiro voltou às ruas, enquanto uma nova mobilização é anunciada para 14 de junho, com os adversários da reforma previdenciária. Enquanto o presidente Bolsonaro ocupava o facebook ao vivo por 20 minutos para falar de sua política, em mais de duas centenas de cidades, estudantes ocupavam as ruas no protesto contra os cortes anunciados ao ensino superior. | bit.ly/2IggGPP

 

 

 

 

*Com informações da Carta Maior