Se Carla Zambelli for realmente presa, se sentirá traída por Bolsonaro e pode barganhar com o sistema de justiça uma delação premiada.
Barganhando, tem que apresentar resultados concretos e ninguém duvida que ela conhece bem as entranhas inconfessáveis do gabinete presidencial do governo Bolsonaro.
Zambelli, como delatora, pode ser pior que Mauro Cid para Bolsonaro e afins.
Não foi a própria que levou o hacker de Araraquara, Walter Delgatti Neto, no gabinete do Bolsonaro para mostrar suas habilidades como tal?
O próprio Delgatti afirmou que, em 10 de agosto de 2022, encontrou-se com Bolsonaro para discutir a segurança das urnas eletrônicas do Brasil.
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Bolsonaro teria perguntado se Delgatti, como o acesso ao código-fonte das urnas, poderia hackeá-las para expor vulnerabilidades, com o objetivo de questionar a integridade das eleições de 2022.
Delgatti disse que isso não era viável, pois o código-fonte estava offline no Tribunal Superior Eleitoral.
Lógico que existe muito mais histórias bizonhas no radar de Zambelli contra Bolsonaro.
Zambelli tem conhecimento sobre as estratégias de comunicação utilizadas por Bolsonaro, incluindo o uso de redes sociais para disseminar mentiras, informações manipuladas do gabinete do ódio que Bolsonaro usou pra mobilizar apoio.
Se Alexandre de Moraes adicionar uma delação de Zambelli contra Bolsonaro, 40 anos de cadeia será pouco para o sacripanta.
Não há informações recentes e ou confiáveis de que a deputada Carla Zambelli (PL-SP) tenha feito ou esteja negociando uma delação premiada.
As notícias atuais, de maio de 2025, tratam da sua unânime condenação no STF a 10 anos de prisão, perda do mandato e pagamento de R$ 2 milhões em indenização, junto com o hacker Walter Delgatti, por envolvimento na invasão de sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Ainda não há menção a uma delação premiada nesse contexto. Mas os ventos podem mudar ao sabor de seus interesses.
Se, hipoteticamente, Zambelli optasse por uma delação premiada, quem poderia ficar preocupado dependeria do conteúdo das informações que ela possa oferecer.
Com base no caso, os seguintes pontos são relevantes, principalmente de figuras políticas próximas:
Zambelli é uma aliada histórica de Jair Bolsonaro e setores do bolsonarismo.
Caso uma delação envolva informações sobre outros políticos ou líderes do PL, como o próprio Bolsonaro, deputados ou senadores alinhados, esses poderiam ser diretamente implicados.
Em 2023, Delgatti, em depoimento à Polícia Federal, afirmou que Zambelli pagou R$ 40 mil pela invasão ao sistema do Judiciário, o que sugere que ela poderia ter informações sobre financiadores ou outros envolvidos.
Se Zambelli revelou detalhes sobre quem financiou ou incentivou ações como a invasão do CNJ, pessoas ou grupos que apoiaram logisticamente ou financeiramente poderiam ser alvos de investigação.
Outros investigados em casos correlatos
O caso de Zambelli está ligado a Walter Delgatti, que já apresenta em depoimentos possíveis conexões com outras figuras políticas.
Uma delação dela poderia ampliar o escopo de investigações, atingindo redes de apoio ou outros esquemas semelhantes.
Vale notar que, em 2023, houve especulações sobre Delgatti negociando uma delação premiada que poderia comprometer Zambelli e até Bolsonaro, mas não há evidências de que isso tenha avançado para envolver Zambelli diretamente como delatora.
Além disso, as postagens nas redes sociais, mencionam as reportagens sobre Zambelli com base em uma delação de Delgatti.
Se Zambelli, para livrar a sua cara, fizer uma delação, aliados políticos próximos, como membros do PL ou do círculo bolsonarista, além de possíveis financiadores ou colaboradores em ações ilícitas, serão os mais expostos.
No entanto, tudo dependeria da qualidade e do alcance das informações que ela pudesse oferecer. Bala na agulha contra o clã ela tem de sobra.
A questão é disposição e decisão de Zambelli para tal empreitada. Seria uma nova bomba tipo Mauro Cid contra Bolsonaro e os seus.
No áudio, a deputada Carla Zambelli, cada vez mais enrascada com a justiça, pede para o hacker Walter Delgatti conseguir o endereço da casa de Alexandre de Moraes.
O Estúdio i da GloboNews revela áudio e mensagens trocadas entre a deputada e o hacker.
Isso só vai complicar ainda mais a vida de Carla Zambelli
O hacker Walter Delgatti prestou depoimento à Polícia Federal (PF) sobre o falso mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes.
O hacker da Vaza Jato, como é conhecido Walter Delgatti, além de fazer correções gramaticais no texto da deputada Carla Zambelli (PL-SP), afirmou à Polícia Federal (PF) que o falso mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes foi inserido no Banco Nacional de Monitoramento de Prisões do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) de forma irregular.
O falso documento se trata de um mandado de prisão expedido por Moraes contra ele mesmo. E foi descoberto em 5 de janeiro. O trecho “publique-se, intime-se e faz o L” também teria sido ideia da deputada. As informações são do portal g1.
O hacker contou à PF que a criação da falsa ordem de detenção de Moraes foi uma ideia dele, uma vez que a parlamentar, segundo ele, buscava algo que pudesse mostrar a fragilidade do Judiciário brasileiro.
O falso mandado de prisão teria termos como “R$ 1,14 bilhão, exatamente o número de urnas impugnadas”, que faz referência à multa aplicada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ao Partido Liberal (PL), e “sem me explicar porque sou um Deus do Olimpo”.
Em nota, a deputada Zambelli negou as acusações. O advogado dela, Daniel Bialski, segue sem acesso ao processo até o momento de publicação desta reportagem.
Pedido de invasão de urna eletrônica Walter Delgatti Neto também declarou à PF que a deputada o procurou para invadir uma urna eletrônica. Além disso, ele teria afirmado que a deputada redigiu o texto original da ordem de prisão contra o ministro Moraes, e que teria lhe pedido para invadir as contas de e-mail e o telefone do ministro.
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Walter Delgatti Neto também afirma que deputada fez o texto original da ordem de prisão contra Moraes. Procurada, a assessoria dela não se manifestou.
O hacker da Vaza Jato, Walter Delgatti Netto, disse em depoimento à Polícia Federal que a deputada Carla Zambelli (PL-SP) lhe pediu para invadir as urnas eletrônicas ou, caso não conseguisse, a conta de e-mail e o telefone de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e ex-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), segundo o G1.
Segundo o blog apurou, o hacker disse que o pedido foi feito em setembro de 2022, num encontro entre os dois na Rodovia dos Bandeirantes, em São Paulo. À época, as pesquisas mostravam Lula (PT) à frente de Jair Bolsonaro (PL) na corrida eleitoral, e o então presidente da República e seus apoiadores vinham atacando, sem provas, a segurança do sistema eleitoral.
No depoimento, ainda de acordo com a apuração do blog, Delgatti admitiu que não conseguiu acessar o sistema da urna eletrônica nem o celular de Moares, e que não que não encontrou nada de comprometedor na conta de e-mail do magistrado, à qual teve acesso em 2019, quando invadiu aplicativos de outras autoridades.
Preso naquele ano por conta desses acessos, Delgatti foi posto em liberdade, mas voltou a ser detido em junho, por descumprimento de medidas judiciais – ele estava proibido de acessar a internet, mas afirmou em entrevista estar cuidando do site e das redes sociais de Zambelli.
Após a nova detenção, Delgatti foi ouvido pela PF num inquérito que investiga a invasão do sistema de mandados de prisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e a inclusão de uma falsa ordem de detenção de Moares.
O blog procurou a assessoria de Zambelli, que não se manifestou até a publicação deste post. O advogado de Delgatti, Ariovaldo Moreira, informou que a defesa não iria se manifestar sobre o assunto.
A assessoria de Moraes informou que não comenta investigações em andamento.
Invasão ao CNJ
Delgatti contou que a criação da falsa ordem de detenção de Moraes foi uma ideia dele, como uma espécie de alternativa – já que Zambelli, segundo ele, queria alguma coisa que pudesse demonstrar a fragilidade da Justiça brasileira.
O hacker diz ter contado à deputada que tinha acesso ao sistema do CNJ e sugerido a emissão da ordem de prisão.
Zambelli, segundo o hacker, ficou empolgada, redigiu o documento e enviou para que Delgatti o incluísse no sistema. O hacker afirmou à PF que fez algumas alterações para corrigir falhas de português e emitiu o documento.
Entorno de Bolsonaro teme delação Como o blog mostrou, a prisão de Delgatti tem assombrado o entorno de Bolsonaro, que teme uma delação. O hacker se reuniu com o então presidente em agosto de 2022 – antes, portanto, do encontro com Zambelli. Na ocasião, o núcleo bolsonarista quis saber detalhes do sistema de urnas eletrônicas.
No depoimento, Delgatti confirmou o encontro com Bolsonaro.
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Nova gravação mostra Delgatti expondo o plano de Bolsonaro, que foi registrado por Veja em cartório ainda em setembro.
A revista Veja publicou nesta segunda (6) mais informações sobre o plano de Jair Bolsonaro para anular a eleição de Lula e evitar a posse do presidente eleito em outubro de 2022.
Parte do plano consistia em armar uma arapuca para o ministro Alexandre de Moraes, com o intuito de constrangê-lo e tirá-lo do comando das eleições e da presidência dos inquéritos que atingem o bolsonarismo.
Segundo Veja, em meados de setembro de 2022, Bolsonaro pediu ao hacker da Vaza Jato, Walter Delgatti, que assumisse a autoria de um grampo em Moraes.
Com problemas na Justiça justamente por causa do vazamento de conversas da Lava Jato, Delgatti teria topado o plano de Bolsonaro de imediato.
Bolsonaro teria prometido que o hacker “teria o céu” depois de participar do crime contra Moraes – sinalizando, portanto, que ajudaria Delgatti com seus problemas na Justiça.
Delgatti chegou a procurar um funcionário da TIM na intenção de clonar o número do ministro Moraes. Mas o funcionário rejeitou qualquer envolvimento. Veja divulgou hoje o que parece ser a gravação da conversa entre o funcionário da TIM e Delgatti.
No áudio, Delgatti diz que Bolsonaro já teria conseguido “grampear” Moraes, que teria pego “coisa grave” do ministro e que a missão do hacker seria apenas “assumir” o grampo. “O resto é com nós”, disse Bolsonaro.
Delgatti se encontrou com Bolsonaro em setembro de 2022 por intermédio da deputada federal Carla Zambelli. À época, o advogado do hacker, Ariovaldo Moreira, conversou com a reportagem do GGN sobre o encontro.
O advogado relatou que Delgatti estava com dificuldade de arrumar emprego após ser preso e desesperado com a sua situação financeira. Ele também estaria com rancor de Lula e da esquerda, que foram beneficiados pela Vaza Jato, sem jamais mostrar “gratidão” nem ajudá-lo com os processos que enfrenta na Justiça.
Veja registrou plano de Bolsonaro em cartório, mas não publicou matéria antes da eleição
Veja ficou sabendo da missão de Delgatti ainda em setembro de 2022, mas decidiu não publicar matéria porque não dispunha de nenhuma prova para corroborar o relato. A revista, contudo, registrou o plano em cartório.
Ainda segundo Veja, ao saber das revelações do senador Marcos do Val, na semana passada, Delgatti passou a dizer a interlocutores que viu o escândalo como a “continuidade do plano” apresentado a ele por Bolsonaro.
Conexão com Marcos do Val?
O senador Marcos do Val afirma que em dezembro de 2022, com Lula já eleito, foi chamado para uma reunião clandestina com Jair Bolsonaro e o então deputado federal Daniel Silveira.
Silveira teria pedido a Do Val para grampear alguma conversa constrangedora com Moraes. O GSI ou a Abin do governo Bolsonaro iriam ceder os equipamentos. Marcos do Val reclamou que a escuta seria ilegal e o material, criminoso. Silveira e Bolsonaro dariam um jeito de utilizar o grampo para evitar a posse de Lula.
*Cintia Alves/GGN
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Tentativa de comprometer o ministro do STF e do TSE teria contado com envolvimento de Carla Zambelli, de Walter Delgatti e do próprio ex-presidente
Em setembro de 2022, três meses antes de Jair Bolsonaro e o ex-deputado Daniel Silveira se reunirem com o senador Marcos do Val (Podemos-ES) para propor um plano de gravar o ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal, como revelou VEJA na edição desta semana, ao que tudo indica, foi plantada a semente da trama de um grampeamento ilegal do magistrado. O objetivo seria flagrar Moraes em qualquer diálogo que pudesse pôr em xeque a sua parcialidade como juiz e presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) com o objetivo de causar um escândalo e, a partir disso, invalidar as eleições.
Como mostrou VEJA em agosto passado, no dia 10 daquele mês Bolsonaro recebeu no Palácio da Alvorada, fora da agenda oficial, o hacker Walter Delgatti Neto, que ficou famoso com a Vaza-Jato. Em seguida, o rapaz esteve no Ministério da Defesa. A aproximação entre Delgatti e Bolsonaro foi intermediada pela deputada Carla Zambelli (PL-SP), que era então uma das aliadas mais próximas do presidente. Na ocasião, Delgatti, Bolsonaro e Zambelli conversaram no Alvorada sobre supostas fragilidades técnicas das urnas eletrônicas.
Na primeira quinzena de setembro, Delgatti teria sido acionado por Zambelli para uma nova conversa que, como ele descobriria em seguida, seria com o próprio presidente. “Eu encontrei a outra (Zambelli) e ela levou um celular, abriu o celular novo, colocou um chip, aí ela cadastrou o chip e ele (Bolsonaro) telefonou no chip. Foi por chamada normal”, relatou Delgatti.
Nessa conversa, Bolsonaro teria proposto a Delgatti que ele assumisse a autoria de um grampeamento ilegal de Moraes que, mais cedo ou mais tarde, viria a público. “Eles precisam de alguém para apresentar (os grampos) e depois eles garantiram que limpam a barra”, confidenciou. A ideia era clara: usar o hacker para reeditar uma espécie de Vaza-Jato – o célebre vazamento de diálogos da força-tarefa da Lava-Jato que colocou sob suspeita o ex-juiz Sergio Moro e livrou Luiz Inácio Lula da Silva da Justiça –, desta vez em benefício de Bolsonaro. Nos relatos que fez, Delgatti se referia ao então presidente como Zero Um. “Ele (Bolsonaro) falou: ‘A sua missão é assumir isso daqui. Só, porque depois o resto é com nós’. Eu falei beleza. Aí ele falou: ‘E depois disso você tem o céu’”. Confira o vídeo abaixo:
Na suposta conversa com o hacker, Bolsonaro teria dito que já haviam conseguido interceptar mensagens internas trocadas entre Moraes e servidores da Justiça, nas quais o magistrado estaria discorrendo sobre supostas vulnerabilidades das urnas e uma preferência pelo candidato Lula. Esse ponto deveria ser explorado na imprensa para alegar a suspeição do ministro e tirá-lo da condução do processo eleitoral. O hacker topou de imediato a oferta e ficou de prontidão, aguardando novos contatos do núcleo duro do bolsonarismo para tratar do assunto.
À mesma época, enquanto não chegavam a ele novas informações sobre a operação, Delgatti procurou um funcionário da operadora de telefonia TIM e ofereceu a ele dinheiro para que ajudasse no grampeamento ilegal do ministro, fornecendo um chip com o mesmo número do usado por Moraes. A conversa entre o hacker e o funcionário da telefônica foi gravada sem o conhecimento de Delgatti. Nela, o hacker insinuou ao interlocutor que havia mais pessoas por trás dessa operação que resultaria em um crime. O funcionário da TIM não aceitou participar da trama.
Em 26 de setembro, ao tomar conhecimento do plano envolvendo o hacker e o Palácio do Planalto, a reportagem de VEJA registrou no 1º Ofício de Notas e Protesto de Brasília um documento que narrava a suposta articulação para grampear Moraes e fazer o hacker assumir a autoria do crime — embora grave, não havia provas sobre a história para tornar o caso público. Réu na Justiça por roubar mensagens da Lava-Jato, Delgatti é comumente descrito pelos investigadores como um mitômano, exagerando muitas vezes nas histórias e nas suas relações com os poderosos. No entanto, fatos novos ocorridos no último mês dão uma nova dimensão ao caso.
Um deles é o relato do senador Marcos do Val, revelado por VEJA na quinta-feira, 2. Ele contou que participou de uma reunião com Bolsonaro e Daniel Silveira no Palácio da Alvorada, em 9 de dezembro, na qual lhe pediram para agendar uma audiência com Moraes e levar um microfone escondido. O senador detalhou, em entrevistas, que a conversa seria transmitida em tempo real para um veículo que ficaria estacionado perto do STF, onde seria gravada. Em uma das mensagens que Silveira enviou a Do Val para combinar o plano, o ex-deputado garantiu que o senador não seria exposto — possivelmente, um terceiro assumiria a responsabilidade pelo ato criminoso. Após o caso vir a público, Delgatti comentou com interlocutores que viu no relato do senador a continuação do plano iniciado em setembro.
Outro episódio também mostra que o hacker esteve todo o tempo a serviço do bolsonarismo golpista. No início de janeiro deste ano, veículos de imprensa noticiaram que alguém entrou nos sistemas do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e expediu um falso mandado de prisão assinado por Moraes contra ele mesmo. O texto que constava do documento falso deixa claro que ele foi escrito por um típico bolsonarista. “Sem me explicar, porque sou como um deus do olimpo, (…) DETERMINO a imediata remessa (…) de todos os inquéritos de censura e perseguição política, em curso no SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, para o CNJ, a fim de que me punam exemplarmente. Diante de todo o exposto, expeça-se o competente mandado de prisão em desfavor de mim mesmo, Alexandre de Moraes. Publique-se, intime-se e faz o L”, dizia o documento falso, datado de 4 de janeiro.
Quando o episódio veio a público, o CNJ o minimizou, informando que encontrou uma “inconsistência” no Banco Nacional de Monitoramento de Prisões “causada pelo uso indevido de credencial de acesso ao sistema, que já foi devidamente bloqueada”. O que não se sabia até agora é que a invasão hacker foi mais extensa e gerou outros dois documentos falsos inseridos no sistema do Judiciário: uma ordem de bloqueio de bens de Moraes (no valor de 22,9 milhões de reais, o mesmo de uma multa imposta pelo TSE ao PL, partido de Bolsonaro) e uma quebra do sigilo bancário do magistrado (no período de outubro de 2018 a outubro de 2022, mês da eleição), com data de requisição em 4 de janeiro e prazo para resposta dos bancos de apenas três dias – um indicativo de que um dos intentos do invasor era obter acesso às contas do ministro, e não apenas pregar uma peça, ainda que a chance de sucesso fosse remota. A invasão, contudo, foi descoberta a tempo e está sendo investigada pelo CNJ e pela Polícia Federal. Delgatti contou a pessoas próximas sobre como efetuou o hackeamento. Sua aliada, Carla Zambelli, também teria mencionado o episódio com seu entorno. Procurado por VEJA, Delgatti disse que não vai comentar o episódio da invasão do CNJ.
Na semana passada, Moraes determinou que a PF investigue os relatos feitos por Marcos do Val sobre a ideia do grampo ilegal com possível envolvimento de Bolsonaro. Diante das novas revelações sobre o suposto plano ilegal, é provável que o hacker da Vaza-Jato também seja chamado a jogar mais luzes sobre a operação aloprada.
Procurados por VEJA para comentar a operação hacker, Bolsonaro não foi localizado e Zambelli não retornou os pedidos de entrevista.
*Com Veja
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Você sabia que Walter Delgatti, o cara que derrubou a “República de Curitiba”, está hoje usando tornozeleira eletrônica, por exigência do Ministério Público (!), que está respondendo a processo judicial e que passa por grandes dificuldades financeiras?
A vida de um povo, frequentemente, é resgata por um herói, alguém com senso de justiça histórica e coragem para não hesitar em agir na hora de fazer o certo, restabelecendo a verdade.
Muitas vezes, são heróis anônimos, que depois são esquecidos rapidamente pelo povo que resgatou. Não raras vezes, este herói é até agredido e crucificado pelo próprio povo que ele beneficiou.
Você sabia que o jovem Walter Delgatti hackeou uma imensa quantidade (vários terabites) de dados do Telegram, contendo todas as conversas internas e íntimas da Lava Jato, e que as entregou ao The Intercept? E que isso deu origem a um novo e inédito capítulo da História Política recente do Brasil, fazendo nascer a Operação Spoofing, que resultou na implosão oficial e completa da “República de Curitiba”?
Você sabia que foram estas conversas obtidas por Walter Delgatti que revelaram ao mundo as entranhas reais da “força-tarefa” e que evidenciaram que a Lava Jato, na verdade, era integrada por uma quadrilha de agentes públicos criminosos e falsários comandada por Sérgio Moro e Deltan Dallagnol?
Você sabia que foi graças a estas conversas (depois apreendidas oficialmente pela PF na Operação Spoofing) que os ministros do STF finalmente se convenceram de que o processo do triplex era, de fato, resultado de uma imensa fraude judiciária operada por políticos bandidos e estelionatários infiltrados dentro do MPF e do Poder Judiciário? E que este exato processo era um desdobramento fundamental do grande esquema golpista que iniciou-se em 2014, que derrubou Dilma em 2016 e que prendeu e impediu Lula de concorrer em 2018?
Você sabia que Walter Delgatti, o cara que fez esse imenso bem ao país, está hoje usando tornozeleira eletrônica, por exigência do Ministério Público (!), que está respondendo a processo judicial e que passa por grandes dificuldades financeiras?
Você sabia que, não fosse pela coragem solitária e resoluta de Walter Delgatti, o Lula muito provavelmente ainda estaria preso e os brasileiros todos ainda estariam sendo enganados pela Rede Globo e pelos demais veículos de imprensa “livre” do Brasil? Que Moro estaria sendo exibido como herói e, já hoje pré-candidato imbatível para suceder a Bolsonaro em 2022? E que a História do Brasil estaria passando por um momento ainda muito pior, bem mais difícil e muito mais dramático do que o atual, sem nenhuma perspectiva de melhora aos brasileiros pelos próximos 10 anos?
Todos os brasileiros progressistas e conscientes deveriam conhecer melhor a história de vida e os atos heroicos de Walter Delgatti, que reconheceu a importância histórica do material que, por um mero golpe do destino, lhe caiu às mãos. E Walter, ao perceber a importância e dimensão daquelas gravações, teve a coragem suficiente de dar a melhor destinação possível àquele material, entregando-o ao jornalista Glenn Greenwald, do The Intercept. Gleen, naquele momento, talvez fosse o único jornalista em atuação no Brasil com liberdade e coragem suficientes para publicar todas aquelas conversas da Lava Jato, revelando ao mundo o que, de fato, ela era.
Walter Delgatti já faz parte da História do Brasil como um herói brasileiro. Um herói ainda desconhecido, cuja história precisa ainda ser melhor estudada pelos brasileiros. Cada um de nós tem uma imensa dívida de gratidão com Walter Delgatti.
*Rogério Guimarães Oliveira/Construir Resistência
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Conjur – A sindicância interna do Ministério Público Federal que isentou membros da extinta “lava jato” de irregularidades nas tratativas feitas no âmbito do acordo de leniência da Odebrecht terá zero impacto nos casos em tramitação no Supremo Tribunal Federal.
A afirmação foi feita pelo ministro Ricardo Lewandowski, em julgamento no Plenário virtual no qual a corte começou a analisar recurso do MPF contra decisão que proibiu o órgão de usar informações de executivos da empreiteira em caso contra o ex-presidente Lula.
Em 28 de junho, o relator concedeu Habeas Corpus de ofício no âmbito de reclamação ajuizada pela defesa do petista. O julgamento do agravo regimental ajuizado começou nessa sexta-feira (8/10) e já foi suspenso por pedido de vista do ministro Luiz Edson Fachin.
O MPF juntou aos autos da reclamação o resultado de sindicância aberta pela própria Corregedoria na qual concluiu que o grupo de procuradores de Curitiba não cometeu irregularidades nas tratativas feitas para fechar o acordo de leniência da Odebrecht.
A ConJur teve acesso ao teor do documento, no qual a corregedora Elizeta Ramos cita um laudo paralelo, produzido por delegados e contradizendo a própria Polícia Federal, para duvidar da autenticidade dos arquivos roubados pelo hacker Walter Delgatti do armazém de dados do procurador Deltan Dallagnol. O delegado responsável por contradizer a área técnica da própria instituição foi depois afastado do comando do Serviço de Inquéritos (Sinq).
Para não pairarem quaisquer dúvidas, Lewandowski esclareceu que o documento, que é físico e está sob sigilo, não tem, sequer remotamente, o condão de afetar os argumentos que justificaram a declaração de imprestabilidade das declarações dos executivos da empreiteira como prova.
Seus efeitos se resumem ao plano disciplinar, inclusive porque a jurisprudência consolidada das cortes superiores consagra a independência entre as instâncias administrativa e penal.
“Depois, é preciso registrar que a mencionada sindicância suscita muito mais dúvidas e perplexidades do que certezas e convicções”, afirmou o ministro relator.
Lewandowski classificou como desconcertante a afirmação da sindicância segundo a qual as mensagens trocadas entre o grupo de procuradores de Curitiba e o ex-juiz Sérgio Moro, acessadas por hacker alvo da operação spoofing, foram apagadas “seguindo orientação institucional”.
“Desconcertante, sim, porque tais elementos de convicção eram — e continuam sendo — relevantes para o deslinde do processo movido contra os denominados ‘hackers’, acusados de terem acessado clandestinamente o conteúdo das referidas mensagens, como também para o esclarecimento daquilo que ocorreu nos bastidores das ações penais intentadas em desfavor do ora reclamante”, explicou.
Também criticou o fato de a corregedoria do MPF considerar normais, rotineiras e legítimas as dezenas ou centenas de tratativas com autoridades estrangeiras, sempre à margem dos canais oficiais de cooperação internacional.
O relator chamou de “espantoso” o fato de, como já havia mostrado a ConJur, tais tratativas incluírem planos de manejo de bilhões de dólares, negociações que foram sonegadas Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional do Ministério da Justiça e passaram ao largo do conhecimento da defesa de Lula.
Ele aponta, ainda, que a corregedoria alega ter havido “alguma confusão ou erro material” na informação prestada pelo DRCI sobre os pedidos de cooperação internacional que resultaram na negociação desses acordos. O órgão afirmou ter levantado 9 pedidos ativos relacionados à Petrobras, e outros 11 com referência à Odebrecht. Já Elizeta Ramos diz que “foram expedidos durante o período de investigação da operação lava jato por volta de 223 pedidos de cooperação jurídica internacional (portanto, pedidos ativos) para aproximadamente 36 países no período”.
Diante da diferença, o ministro questiona se o DRCI prestou informações erradas ao Supremo ou se a discrepância decorre “simplesmente da informalidade — ou quem sabe, da clandestinidade —, das negociações internacionais praticadas pelos integrantes da “lava jato””.
Mérito do agravo No mérito do agravo, o ministro Lewandowski votou por negar provimento, por considerar que a decisão monocrática analisou todos os indícios que concluíram pela inequívoca imprestabilidade do acordo de leniência da Odebrecht para o caso envolvendo o ex-presidente Lula.
São elementos de prova não apenas ilegalmente produzidos, como também indevidamente manuseados, com a consequente quebra da cadeia de custódia. O relator foi acompanhado pelo ministro Gilmar Mendes antes do pedido de vista.
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