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O julgamento dos golpistas é uma virada de página

Por Roberto Amaral

O país assiste a um dos momentos mais importantes da construção republicana, mas dele parece ausente a nação, mal informada pela grande imprensa — que reduz o fato político essencial a questiúnculas jurídicas — e pelos partidos, desmobilizados e desmobilizantes, perigosamente desafeitos à ação.

Enquanto o dever coletivo seria esclarecer a opinião pública, carente de debate e presa das milícias digitais, a esquerda — estranho destino! — conforma-se como plateia cansada.

Cruzamos os braços e nos quedamos em cômoda tranquilidade, porque delegamos nossos destinos de nação e país ao STF.

Pela primeira vez na história — cevada e abastardada por incursões golpistas das Forças Armadas e pela conciliação a serviço dos interesses da classe dominante (a mesma, desde sempre, dos engenhos e do latifúndio até a Faria Lima) —, a República se apresenta disposta a rever sua inércia política e romper com a crassa indulgência com o crime, marca que nos persegue desde as origens de nossa formação.

O julgamento dos principais criminosos do governo passado e da intentona de 8 de janeiro de 2023 é ato político na sua melhor acepção: diz, finalmente — e hosanas seja de uma vez por todas! —, que o atentado contra as instituições democráticas é crime e que seus autores devem ser punidos com o máximo rigor da lei, sejam eles os vândalos mobilizados pelo ódio e a ignorância, sejam os paisanos de paletó e gravata, sejam os engalanados de farda.

Estamos diante de uma virada de página significativa e, talvez, só agora possamos conhecer a efetiva restauração democrática, iniciada timidamente com o pacto de 1985

Sob o império das circunstâncias, esse pacto possibilitou a reconstitucionalização de 1988, sem assegurar, todavia, o império do poder civil — conditio sine qua non de qualquer pretensão democrática digna do nome.

Abandonando o Planalto pelas portas dos fundos, os militares conservariam, até aqui, a preeminência sobre a política nacional. Denotativa dessa distorção é o fato de, hoje, em nosso governo, o ministro da Defesa comportar-se como mero porta-voz da caserna junto ao poder civil.

Há, portanto, razão para registrar a mudança de rota: pela primeira vez em nossa história, um ex-presidente da República e meia dúzia de generais — réprobos, mas poderosos — conhecem o banco dos réus e são processados pelo poder civil por crime contra a democracia. Isto não é pouco, e precisa ser destacado.

Senão, vejamos.

A ditadura desbragada cessava em 1985, mas, com a complacência de um poder civil tíbio e, em muitos momentos, oportunista, os militares conservaram a soberania sobre as instituições republicanas e a vida nacional.

Ditaram até os termos da democracia contingenciada: nenhuma apuração dos crimes militares, nenhuma revisão da Lei de Anistia (que só beneficiava os criminosos) e veto à Constituinte ordinária — que podia passar o país a limpo —, substituída por um Congresso ordinário que abrigava, inclusive, senadores biônicos.

Precatados, nomearam um bedel para os trabalhos da Constituinte: o general Pires Gonçalves (um dos redatores do malfadado artigo 142 da CF-88), que acumulava essa função com a de supervisor do presidente José Sarney, que chegava à presidência do país redemocratizado nas contingências sabidas, e após longa trajetória como prócer destacado do regime militar.

Nada de novo no front. Assim havia sido no final da ditadura do Estado Novo: nenhum dos incontáveis crimes da ditadura foi apurado, nenhum de seus agentes — sejam os fardados, sejam os canas de todos os DOPS — foi ao menos processado, quanto mais punido.

O capitão Olímpio Mourão Filho, responsável pela farsa do Plano Cohen (pretexto para detonar o golpe de 1937), não foi incomodado e chegou a general, com a biografia conhecida.

Ora, o general Gaspar Dutra, ministro da Guerra e operador do golpe (sob a supervisão do condestável general Góes Monteiro, chefe de todos), seria nada menos que o presidente da República na redemocratização em 1946!

Na política, como no crime comum, a impunidade é o fermento da reincidência. Nenhum dos golpistas de 24 de agosto de 1954 foi punido.

O general Juarez Távora e o brigadeiro Eduardo Gomes fizeram-se, respectivamente, chefe da Casa Militar e ministro da Aeronáutica no governo fantoche de Café Filho, empenhado em impedir a posse de Juscelino e Jango, eleitos em 1955.

Essa história da conciliação-impunidade permanente se repetiria — e se repete — até aqui, insólita e monótona.

Os militares que operaram o golpe de 11 de novembro de 1955, como todos os que antes e depois ergueram baionetas contra a democracia, permaneceram com suas fardas, suas estrelas, galardões, insígnias, fitas e condecorações; cumpriram longas e frutuosas carreiras, ganharam postos e comissões, antecipando o sucesso dos golpistas derrotados em 1961.

O general Cordeiro de Farias, em suas memórias (Diálogo com Cordeiro de Farias), vangloriava-se de, sempre na ativa e quase sempre em posto de comando, haver conspirado sucessivamente contra Vargas, JK e Jango. Na insurreição de 1964 foi, entre muitos, estipendiado por Adhemar de Barros. Este é seu currículo.

O general Odílio Denys (O Ciclo revolucionário brasileiro), afirma com orgulho, haver começado a conspirar contra a democracia no dia da posse do presidente João Goulart.

A cada dia se revelam mais e mais crimes da ditadura instaurada em 1º de abril de 1964, e talvez jamais possamos conhecer seu inventário.

Mas sabe-se que os torturadores e assassinos — alguns notórios psicopatas, como o brigadeiro Burnier e o coronel Brilhante Ustra (ícone e modelo em que se inspiram o capitão Messias Bolsonaro e sua récua) — permaneceram intocados.

Eis o germe daninho que deu no golpe de 1º de abril e na longa noite de 21 anos, que os golpistas ora no banco dos réus tentaram restaurar após a derrota eleitoral de 2022, e que ainda forcejam por restaurar, em mobilização ideológico-política que envolve setores significativos do empresariado, governadores, jornalistas, lideranças religiosas, uma base parlamentar reacionária e, ainda, setores irrecuperáveis da caserna.

É o projeto neofascista que está sob o julgamento da história.

O assassino de Rubens Paiva — para citar um só caso, notório em face do belo filme de Walter Salles — chegou ao posto de marechal, gozando proventos para além de R$ 35 mil, afora os penduricalhos de praxe.

E hoje se sabe, graças às inconfidências do serviço secreto dos EUA (a quem tanto devem os golpistas de 1964!), que o presidente Ernesto Geisel, outro marechal, condutor da “transição”, autorizou, em despacho com o chefe do SNI, general Figueiredo (que Geisel faria seu sucessor), o assassinato de perseguidos políticos nos porões dos quartéis da República.

É preciso crer estarmos virando uma página da história, para manter viva a aspiração republicana de uma democracia — projeto sempre adiado pela classe dominante.

Se ainda estamos tão longe da democracia social (por cujo sonho tantos já foram torturados e mortos no Brasil), surge uma nesga de esperança: a possibilidade de realizarmos, em nosso tempo, uma democracia política.

Para tanto, é necessário mais do que boa vontade: é preciso coragem das instituições e mobilização social.

Os partidos e organizações progressistas, que com justiça celebram o enquadramento penal dos golpistas, precisam tornar-se, enfim, agentes de um processo de mudança em que atuaram, até aqui, sobretudo como espectadores.

***
O terror colonial não conhece limites — “Mesmo que eu ganhe um Oscar, voltarei para minha realidade cruel na Cisjordânia”, declarou recentemente o palestino Basel Adra, codiretor do impactante — e incontornável — No Other Land (Sem Chão, na versão lançada no Brasil).

O filme afinal foi premiado com a estatueta de melhor documentário e, como Adra previa, o sucesso não mudou sua realidade: há poucos dias, o cineasta foi espancado por colonos israelenses e, em seguida, sequestrado e torturado pelas forças da Ocupação, que o levaram preso por qualquer crime que tenham, como de hábito, atribuído à vítima.

Após dias de silêncio tonitruante, a Academia de Hollywood afinal se pronunciou sobre o fato — tímida, cautelosa e evasiva, sem nomear os algozes. Mas se pronunciou. Fará diferença?

Cibersegurança ou captura empresarial? — Enquanto os olhos de todos acompanhavam os dissabores de Jair Bolsonaro e sua gangue no STF, surgiu no Congresso uma frente parlamentar intitulada FrenCyber, criada sob forte influência das Big Techs e dominada pela fina flor da extrema-direita brasileira (de Damares ao General Mourão, passando evidentemente por um dos filhos do capitão).

Apoiada por uma certa DigiAmericas — rede financiada por gigantes como Google e Amazon —, a frente sinaliza para a entrega da cibersegurança brasileira a corporações estrangeiras e expõe o país ao risco do colonialismo digital.

O que tem a dizer a chamada grande “mídia” brasileira? Essa informação já chegou ao Ministério da Defesa?

*Roberto Amaral foi presidente do Partido Socialista Brasileiro (PSB) e ministro da Ciência e Tecnologia do governo Lula. É autor do livro História do presente – conciliação, desigualdade e desafios (Editora Expressão Popular e Books Kindle).

*Viomundo

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PGR firma acordo com 546 acusados por ataques golpistas e evita condenações

Outro 237 rejeitaram a proposta e foram condenados a um ano de reclusão com penas alternativas.

Pelo menos 546 pessoas acusadas de incitação aos ataques golpistas de 8 de janeiro firmaram acordos com a Procuradoria-Geral da República (PGR) para evitar condenações. Outros 237 réus rejeitaram a proposta e foram sentenciados a um ano de reclusão, com penas convertidas em medidas alternativas, como trabalho comunitário e restrições ao uso de redes sociais. A principal diferença entre os dois grupos é que aqueles que recusaram o acordo agora possuem antecedentes criminais.

Os acordos, conhecidos como Acordos de Não Persecução Penal (ANPPs), foram oferecidos a acusados sem antecedentes e cujas penas mínimas não ultrapassassem quatro anos. Para aderir, os réus precisaram confessar os crimes, pagar multas de R$ 5 mil a R$ 50 mil e cumprir exigências, como participação em um curso sobre democracia. Caso descumpram as condições, as ações penais podem ser retomadas.

Aqueles que rejeitaram o acordo também terão de pagar uma multa e contribuir para uma indenização coletiva de R$ 5 milhões, além de serem proibidos de deixar suas cidades até o fim da pena e perderem o porte de arma, caso o possuíssem.

As sentenças foram proferidas no plenário virtual do Supremo Tribunal Federal (STF), onde a maioria dos ministros acompanhou o voto do relator, Alexandre de Moraes. Os ministros André Mendonça e Kassio Nunes Marques, indicados por Jair Bolsonaro, frequentemente votaram pela absolvição dos réus.

Segundo o STF, há 1.589 ações relacionadas ao 8 de Janeiro

Ao justificar as condenações, Moraes destacou que muitos réus permaneceram acampados em frente ao Quartel-General do Exército em Brasília mesmo após os atos de 8 de janeiro, sendo presos em flagrante no dia seguinte. Segundo o STF, até março, havia 1.589 ações relacionadas ao episódio, resultando em 500 condenações.

Casos mais graves, que envolvem depredação das sedes dos Três Poderes e tentativa de golpe de Estado, não são passíveis de acordo e têm levado a penas de até 17 anos de prisão. Os condenados por esses crimes foram responsabilizados por associação criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.

Especialistas consultados afirmam que a proposição de acordos para crimes sem violência está de acordo com a legislação, enquanto crimes graves, que envolvem violência ou grave ameaça, não permitem tal benefício. O professor de Direito Fernando Hideo explica que “nos casos de incitação ao crime, a pena mínima permite a negociação, mas nos crimes de golpe de Estado e depredação, o acordo é juridicamente inviável”.

 

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Finalmente, Bolsonaro confessa que tentou impedir a posse de Lula

Ele chama de “alternativas” o que discutiu com os militares.

Estado de Sítio é o instrumento utilizado pelo Presidente da República para suspender temporariamente os direitos e as garantias dos cidadãos. Os Poderes Legislativo e Judiciário ficam submetidos ao Executivo, tendo em vista a defesa da ordem pública.

No Brasil, para decretar o Estado de Sítio, o Presidente da República, após o respaldo do Conselho da República e do Conselho de Defesa Nacional, solicita uma autorização ao Congresso para efetivar o decreto. Em que situações se aplica o Estado de Sítio?

Nas seguintes situações, diz o artigo 137 da Constituição:

I – Comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa;

II – Declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira.

Parágrafo único: o Presidente da República, ao solicitar autorização para decretar o estado de sítio ou sua prorrogação, relatará os motivos determinantes do pedido, devendo o Congresso decidir por maioria absoluta dos votos.

Estado de Defesa é o instrumento utilizado pelo Presidente da República para preservar ou prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza.

Diz o artigo 136 da Constituição:

b) sigilo de correspondência;

c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica;

II – ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, na hipótese de calamidade pública, respondendo a União pelos danos e custos decorrentes.

§ 2º O tempo de duração do estado de defesa não será superior a trinta dias, podendo ser prorrogado uma vez, por igual período, se persistirem as razões que justificaram a sua decretação.

§ 3º Na vigência do estado de defesa:

I – a prisão por crime contra o Estado, determinada pelo executor da medida, será por este comunicada imediatamente ao juiz competente, que a relaxará, se não for legal, facultado ao preso requerer exame de corpo de delito à autoridade policial;

[…]

III – a prisão ou detenção de qualquer pessoa não poderá ser superior a dez dias, salvo quando autorizada pelo Poder Judiciário;

[…]

§ 4º Decretado o estado de defesa ou sua prorrogação, o Presidente da República, dentro de vinte e quatro horas, submeterá o ato com a respectiva justificação ao Congresso, que decidirá por maioria absoluta.

Em entrevista publicada hoje pela Folha de S. Paulo, Bolsonaro conta ter discutido com militares o que ele chama de “alternativas”, como estado de sítio e estado de defesa, logo após ter sido derrotado por Lula nas eleições de outubro de 2022. E justifica:

“Eu não esperava o resultado [das eleições]. (…) Se eu não vou recorrer à Justiça Eleitoral, onde ir? Eu conversei com as pessoas, dentro das quatro linhas, o que a gente pode fazer? Daí foi olhado lá, [estado de] sítio, [estado de] defesa, [artigo] 142, intervenção…”

O artigo 142 da Constituição diz que “as Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.”

Segundo Bolsonaro, as conversas com militares foram “sem profundidade” e ficaram “no âmbito das palavras”. Mas por que ele discutiu “alternativas” com os militares? Alternativas a quê? À derrota que sofreu? À decisão da justiça de diplomar Lula? À posse de Lula?

Comoção quer dizer agitação, alvoroço, revolta popular. O quadro do Brasil à época não era de agitação, alvoroço ou revolta popular – a não ser nos acampamentos, à porta dos quarteis, onde bolsonaristas revoltados com a derrota clamavam por um golpe.

Portanto, só cabia a Bolsonaro completar seu mandato em 31 de dezembro e transferir a faixa presidencial para Lula. Mas para não o fazer, viajou aos Estados Unidos. E foi de lá que assistiu pela televisão ao golpe do 8 de janeiro de 2023.

É por isso que ele será condenado pelo Supremo Tribunal Federal por tentativa de golpe, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, organização criminosa e danos a prédios públicos. Só escapará da prisão se fugir.

*Blog do Noblat

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Efeito Trump: Ações norte-americanas despencam enquanto investidores se preocupam com inflação

Dados sobre a economia americana divulgados na sexta-feira levantaram preocupações sobre inflação.

O mercado de ações dos Estados Unidos sofreu um forte recuo na sexta-feira (28), após a divulgação de uma pesquisa sobre a saúde da economia do país e o anúncio de novas tarifas promovidas pelo governo Donald Trump, que entrarão em vigor a partir da próxima semana.

Dados sobre consumo divulgados pelo Federal Reserve (FED), o Banco Central dos EUA, mostraram alta de 2,8% em comparação com o ano anterior, um pouco acima do esperado pelos analistas, o que pode gerar uma pressão inflacionária.

Por outro lado, uma pesquisa realizada pela Universidade de Michigan revelou uma queda acentuada no consumo em relação ao ano passado, indicando que a população já enfrenta os impactos do aumento de preços no país.

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O S&P 500 caiu quase 2%, enquanto o índice composto Nasdaq perdeu mais de 2,5% e o Dow Jones Industrial Average recuou mais de 1,5% na sexta-feira. O desempenho negativo do mercado de ações ocorreu dois dias após o presidente Trump anunciar tarifas de 25% sobre importações de automóveis e autopeças.

Wall Street tem demonstrado desconforto com as políticas tarifárias de Trump, marcadas por inconsistências e constantes mudanças, numa tentativa frustrada de agradar o mercado financeiro. A Casa Branca prometeu implementar mais tarifas na próxima quarta-feira (02/04), data nomeada pela administração como o “dia da libertação”.

Diversas ações de marcas amplamente consumidas pelos norte-americanos registraram quedas expressivas nesta sexta-feira. A gigante do vestuário fitness Lululemon teve desvalorização de 15%. As ações da GAP, outra grande varejista do setor, caíram quase 4%. Duas empresas do ramo da construção civil, Home Depot e Lowe’s, perderam aproximadamente 2% de seu valor de mercado.

Diante do cenário de incertezas sobre a política comercial, a Goldman Sachs reduziu suas expectativas para a economia do país, citando crescimento econômico mais lento do que o previsto para este ano.

Leia também: China revida impostos aplicados por Trump

Especialistas têm manifestado preocupação com os níveis de inflação, o que pode levar o FED a elevar as taxas de juros. Essa preocupação foi reforçada após declaração do presidente da instituição, Jerome H. Powell, que afirmou que o banco central pode se dar ao luxo de ser cauteloso enquanto aguarda para ver como as novas políticas vão se desenrolar.

Investidores têm pressionado instituições financeiras que intermediam a negociação de ações a fornecer esclarecimentos sobre os impactos das medidas do governo Trump e as possíveis consequências para a economia. Ellen Zentner, estrategista econômica-chefe do Morgan Stanley, demonstrou insatisfação com a declaração do presidente do FED: “Parece que o Fed, que adotou uma postura de ‘esperar para ver’, ainda terá que aguardar mais um pouco.” – disse em nota aos investidores, e completou: “A leitura de inflação mais alta do que o esperado hoje não foi excepcionalmente elevada, mas também não vai acelerar o cronograma do Fed para cortar juros, especialmente diante da incerteza em torno das tarifas,” declarou Zentner.

A imposição de tarifas sobre importações, como as aplicadas a produtos chineses, brasileiros e canadenses, que afetam o comércio de aço, alumínio e outros bens, tende a aumentar os preços de produtos importados, pressionando a inflação no curto prazo. Além disso, eleva os custos de produção para empresas que dependem de insumos estrangeiros, repassando parte desse aumento aos consumidores.

Estudos conduzidos pelo Fed e por economistas sugerem que tarifas adicionais podem aumentar o índice de inflação entre 0,1 e 0,5 ponto percentual, dependendo da abrangência das medidas. Com TVTNews.

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União Europeia Pede A Cidadãos Que Preparem Kits De Sobrevivência

A União Europeia planeja tomar medidas para preparar civis e militares para possíveis guerras, desastres climáticos, ataques cibernéticos ou emergências de saúde.

Como parte das propostas da UE, a Comissária de Gerenciamento de Crises, Hadja Lahbib, pretende garantir que todas as famílias da UE tenham um kit de sobrevivência capaz de sustentá-las por pelo menos 72 horas.

Essa proposta é inspirada em protocolos que foram implementados em países nórdicos, como Finlândia, Noruega e Suécia.

Ela se baseia nas recomendações de um relatório apresentado pelo ex-presidente finlandês Sauli Niinistö à Comissão Europeia no ano passado. “Tudo isso vem em acréscimo às estratégias nacionais.

Trata-se de uma melhor coordenação, apoiando os Estados membros em suas estratégias”, explicou Lahbib. O kit deve conter água engarrafada e alimentos suficientes para durar pelo menos três dias por pessoa, além de medicamentos, uma lanterna e baterias.

Os cidadãos também são aconselhados a levar roupas quentes, cobertores, aquecedores, fogões portáteis e combustível, e a armazenar a documentação dos membros da família em uma bolsa à prova d’água

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No Vietnã, Lula comenta pedidos por anistia para Bolsonaro: ‘Ele não está querendo nem se defender’

Presidente também afirmou que Brasil aposta no diálogo para se defender das tarifas impostas por Donald Trump.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou, neste sábado (29), no Vietnã, os pedidos de anistia feitos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e parlamentares da oposição. Bolsonaro é réu, ao lado de sete aliados, em processo no Supremo Tribunal Federal por tentativa de golpe de estado.

Ao ser questionado se havia pautado o tema com os presidentes da Câmara, Hugo Mota (Republicanos-PB), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), Lula afirmou que o tema da anistia não é urgente.

“Eu tenho certeza que a anistia não é um tema principal para ninguém, a não ser para quem está se culpabilizando”, afirmou.

O presidente afirmou, na coletiva, que evitou tratar o assunto com os parlamentares convidados e que voltará ao tema com eles apenas quando estiver no Brasil. Lula voltou a criticar o movimento da oposição pela anistia e disse que Bolsonaro não quer “nem se defender”.

“É impressionante que os advogados do cidadão que está pedindo anistia não digam para ele que primeiro eles vão absolver o cidadão, que se absolver não tem anistia. Mas eles já estão tratando como se ele fosse culpado. Ele não está querendo nem se defender porque ele sabe, no subconsciente dele, que ele fez todas as bobagens que está sendo acusado”.

Neste domingo (30), as Frentes Brasil Popular e Povo sem Povo realizarão um ato contra a anistia e pedindo a prisão de Jair Bolsonaro em diversas capitais pelo país. O ato também deve lembrar os 61 anos do Golpe Militar de 1964.

Tarifas de Trump
Na coletiva, o presidente Lula foi questionado se há possibilidade de um contato dele com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para impedir a taxação pelo governo americano sobre produtos brasileiros. Lula recordou que há diálogo em curso, liderado pelos ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Geraldo Alckmin (Indústria e Comércio).

“Antes de fazer a briga da reciprocidade ou de fazer a briga na OMC, a gente quer gastar todas as palavras que estão no nosso dicionário para fazer um livre comércio com os Estados Unidos”, adiantou o presidente.

O presidente brasileiro pontuou que Trump tem o direito de fazer o que quiser sobre a política interna, assim como o Brasil também deve ter liberdade para isso. Mas ponderou que os líderes precisam ter responsabilidade e entender que os países não vivem isolados no mundo.

Lula, nesse momento, criticou a postura de Trump, afirmando que é a primeira vez, nos últimos 40 anos, que os Estados Unidos rompem com o discurso do livre comércio.

É importante lembrar que o discurso que eles estão fazendo agora nos Estados Unidos é totalmente antagônico ao discurso que eles fizeram dos anos 1980 até 2022.Totalmente antagônico. Os Estados Unidos passaram quase 40 anos pregando o livre comércio, pregando a globalização do livre comércio. E, de repente, encontra-se um presidente que ganha as eleições dizendo ‘América para os americanos’, que é um direito dele, da mesma forma que eu defendo o ‘Brasil para os brasileiros’”.

*BdF

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Lula se irrita com Anielle Franco por ignorar ordem para ir à Namíbia

O presidente Lula (PT) ficou insatisfeito após a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, não ir à posse da presidente da Namíbia, Netumbo Nandi-Ndaitwah, na última sexta-feira (21). Apesar da determinação expressa de Lula para que ela representasse o Brasil no evento, Anielle permaneceu no país e foi substituída pela embaixadora brasileira na Namíbia, Vivian Sanmartin.

Segundo a Folha, o presidente havia orientado o chanceler Mauro Vieira a comunicar pessoalmente à ministra sobre sua designação para a missão. Vieira teria ligado para Anielle Franco, informando-a sobre a decisão presidencial. No entanto, ela alegou que não recebeu uma convocação formal por escrito e, por isso, não viajou, de acordo com o DCM.

No mesmo dia em que deveria estar na Namíbia, Anielle participou do lançamento do Concurso de Ideias Urbanísticas e Arquitetônicas Inovadoras para a Região da Pequena África, promovido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Rio de Janeiro.

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Lula sobre Bolsonaro pedir anistia antes do julgamento: “Ele sabe que fez todas as bobagens de que está sendo acusado”

Em viagem no Vietnã, presidente afirma que advogados já tratam seu antecessor como culpado.

No encerramento de sua agenda na Ásia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a comentar o pedido de anistia para Jair Bolsonaro. Durante conversa com a imprensa neste sábado (29), pelo horário local, Lula ironizou a estratégia jurídica do ex-presidente.

“É impressionante que os advogados do cidadão que está pedindo anistia não digam para ele que primeiro eles vão absolver o cidadão, que se absolver não tem anistia. Mas eles já estão tratando como se ele fosse culpado”, afirmou. “Ele não está querendo nem se defender porque ele sabe, no subconsciente dele, que ele fez todas as bobagens que está sendo acusado”.

O presidente afirmou que a questão da anistia não foi tratada com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos), e com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil), que o acompanharam na viagem.

“Você acha que eu iria convidar o presidente da Câmara e o presidente do Senado para discutir, a 11 mil metros de altura, problemas que eu posso discutir em terra, na minha casa, na casa deles, no Senado ou na Presidência da República?”, questionou Lula. “Eu tenho certeza que a anistia não é um tema principal para ninguém, a não ser para quem está se culpabilizando”.

Lula ainda afirmou que, nos próximos dias, terá reuniões com os líderes do Congresso para tratar de diversos assuntos. A declaração foi dada ao final do Seminário Empresarial Brasil-Vietnã, onde o presidente reforçou o compromisso de expandir relações comerciais com o país asiático. g1.

Enquanto isso, Bolsonaro enfrenta complicações na Justiça. O ex-presidente e sete aliados se tornaram réus na última quarta-feira (26), acusados de tentativa de golpe de Estado em 2022. A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) não implica culpa ou inocência, mas indica que os ministros da Primeira Turma enxergaram indícios de crimes na denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR).

A denúncia, com mais de 300 páginas, aponta que Bolsonaro e seus aliados integravam o “núcleo crucial” de uma organização criminosa cujo objetivo seria destruir a democracia. Em resposta, o ex-presidente classificou as acusações como infundadas e voltou a atacar o ministro Alexandre de Moraes e o sistema eleitoral.

Bolsonaro tem defendido publicamente um projeto de anistia para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023. No entanto, o tema encontra resistência no Congresso. Davi Alcolumbre já declarou que a proposta não é uma “pauta das ruas”, sugerindo que não deve avançar.

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Brasil Paralelo é processada pelo governo devido a mentiras sobre Maria da Penha

Ex-marido de Maria da Penha foi entrevistado pela produtora e deu versão diferente da oficial.

A produtora Brasil Paralelo é alvo de uma ação civil pública da Advocacia-Geral da União (AGU) devido a publicações com “conteúdo desinformativo” sobre a ativista Maria da Penha, vítima de tentativa de homicídio que inspirou a lei homônima.

Uma série de vídeos publicados no canal da empresa no YouTube foi apontada pela União sobre o caso, contando com entrevistas com o colombiano Marco Antônio Heredia Viveiros, ex-marido de Maria da Penha.

A versão oficial da história é contestada nas publicações, negando que Viveiros tenha tentado assassinar a ex-companheira e resultando no fato de que ela acabou ficando paraplégica. A série dissemina um discurso de ódio em face de Maria da Penha, “além das mulheres que possam recorrer às medidas decorrentes do microssistema protetivo”, segundo a AGU.

A AGU pede que o Brasil Paralelo pague R$ 500 mil por danos morais coletivos, direcionados ao Fundo de Defesa dos Direitos Difusos, ligado ao Ministério da Defesa, segundo o ICL

Uma publicação obrigatória também foi solicitada à produtora, com o objetivo de “publicar conteúdo pedagógico e informativo elaborado pelo Ministério das Mulheres sobre o caso Maria da Penha”.

maria da penha

Lei Maria da Penha nasceu em 2006
Após a condenação do Brasil na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (Cidh), órgão da Organização dos Estados Americanos (OEA), por omissão no caso de Maria da Penha, a Lei Maria da Penha (11.340/2006) foi criada. São quase vinte anos desde a criação.

A farmacêutica cearense sobreviveu a duas tentativas de assassinato cometidas pelo então marido, o colombiano Marco Antonio Heredia Viveros, em 1983. Ele atirou em suas costas enquanto ela dormia, simulando um assalto. Maria da Penha ficou paraplégica.

Pela lei, todo o caso de violência doméstica e infrafamiliar é crime.

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Fevereiro tem maior geração de emprego formal da história, com 432 mil vagas

Ministério do Trabalho indica que número é resultado de política públicas para estimular a economia nacional.

Fevereiro de 2025 foi o mês em que a economia nacional mais gerou empregos com carteira assinada na história. Foram 431.995 vagas de trabalho formais criadas no país, mais que o triplo das 144 mil vagas geradas em janeiro e 40% a mais do que as 307 mil vagas geradas em fevereiro de 2024.

Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (28) pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Eles fazem parte do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Os dados do cadastro são tabulados desde 2020.

De acordo com o cadastro, em fevereiro, ocorreram 2,5 milhões de admissões no país contra 2,147 milhões de desligamentos.

Para o ministro Luiz Marinho (PT), a diferença entre admissões e demissões é fruto de políticas públicas para estímulo da economia. “Nós estamos com programa de reindustrialização, motivando a indústria a se preparar para produzir equipamentos de saúde, estamos em debate sobre a transição energética justa”, enumerou Marinho. “Essas ações têm repercussão sobre os números.”

Marinho lembrou que a indústria automotiva nacional produzia 1,6 milhões de veículos por ano em 2023, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou à Presidência. Hoje, segundo o ministro, já são 2,8 milhões.

Por conta do aumento da produção, entre janeiro e fevereiro, o saldo de contratações menos demissões no país é de 576 mil. No mesmo período de 2024, foram 480 mil.

O maior gerador de empregos em 2025 é o setor de serviços, com a criação de 2 milhões de postos de trabalho formais, A Indústria vem em seguida, com 572 mil, de acordo com o Brasil de Fato.

Nos últimos 12 meses, o saldo de contratações é de 1,782 milhão. Nos mesmos 12 meses, há um ano, haviam sido gerados 1,592 milhão de vagas.

Apesar dos resultados positivos, o salário médio real de admissão em fevereiro de 2025 foi de R$ 2.205,25, uma redução de R$ 79,40 – ou seja, 3,48% – em comparação com o valor de janeiro de 2025 (R$ 2.284,65). Já em comparação com o mesmo mês do ano anterior, o ganho real foi de R$ 14,97 – ou seja, 0,68%.