Categorias
Opinião

O “L” eleito para governar foi de Lula, e não de Lira, o Arthur. Mas…

A aposta da direita para 2026

Não foi só para salvar a democracia, ameaçada por um defensor da tortura e da ditadura, que grande parte dos brasileiros votou em Lula. Foi também para que ele governasse como prometeu.

Atribui-se ao imperador Napoleão Bonaparte a seguinte frase: “Primeiro a gente ganha, depois a gente vê”. Ele governou a França entre 1799 e 1815, encerrando a Revolução Francesa.

À época, não havia eleições tais como as conhecemos hoje. A monarquia tinha acabado, com a decapitação do Rei e da Rainha; ela voltaria com a queda e a prisão de Napoleão.

Um plano de governo, portanto, era dispensável para se chegar ao poder ou para o retomar. Primeiro, ganhava-se o poder, depois se via o que fazer com ele. Hoje, não é mais assim.

Ocorre que para governar hoje não basta, como antes, o apoio das Forças Armadas, da nobreza (ou de parte dela) e da Igreja. O tal “povo” é decisivo, e a democracia, um regime complexo.

A ditadura é mais simples. Uns poucos mandam, os demais obedecem. Não podemos falar nada que contrarie os ditadores, muito menos fazer, ou seremos perseguidos. Que lhe parece?

No ano passado, o “povo” elegeu um presidente de esquerda e um Congresso de direita; o mais de direita, conservador e reacionário desde a redemocratização do país que em 1985.

Uma fatia da direita que se autodenomina “civilizada” votou em Lula porque o sonho autoritário de Bolsonaro era um pouco indigesto para ela. Candidato algum recusa voto.

O impasse, resultado em parte disso, imobiliza o governo. Por mais concessões que tenha feito para se eleger, Lula pouco ou nada tem a ver com Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados.

Ambos são nordestinos, mas é quase tudo o que têm em comum. Lula nasceu em Pernambuco, é filho da miséria. Lira, em Alagoas, filho de donos de terras, advogado, agropecuarista e empresário.

governo é mais a cara de Lula, que sempre se comportou na política como um conciliador; o Congresso, e não só a Câmara, a de Lira, que apoiou a eleição e a tentativa de Bolsonaro se reeleger.

O Congresso nunca teve tanto poder como tem agora. O governo perdeu o que o Congresso ganhou. O regime semipresidencialista deu lugar a um semipresidencialismo sem responsabilidade.

Dito de outra forma: os bônus ficaram com o Congresso, e os ônus com o governo. Se o governo for mal, a culpa será unicamente sua. Se, ao cabo, sair-se bem, dividirá os méritos com o Congresso.

Dir-se-á: mas sempre foi assim. Não foi. Pela simples razão de que o Congresso se fortaleceu e o governo enfraqueceu-se. Poderá se dizer também: então, que o governo se entenda com o Congresso.

Quem ditará os termos do entendimento será o Congresso – salvo se o governo ceder a todas as suas exigências. É nisso que aposta a direita para voltar em 2026. Por enquanto, falta-lhe um nome.

*Blog do Noblat

Apoie o Antropofagista com qualquer valor

Agradecemos aos que formam essa comunidade e convidamos todos que possam a fortalecer essa corrente progressista. Seu apoio é fundamental nesse momento crítico que o país atravessa para continuarmos nossa labuta diária para trazer informação e reflexão de qualidade e independência.

Caixa Econômica Agência: 0197
Operação: 1288
Poupança: 772850953-6
PIX: 45013993768 – CPF

Agradecemos imensamente a sua contribuição

Categorias
Justiça

Maconha batizada: Tio de Damares é responsável por avião da Igreja Quadrangular em que a PF apreendeu 290 quilos de maconha

Durante o governo Bolsonaro, a polícia espanhola apreendeu o avião da FAB que fazia parte da comitiva de Bolsonaro, a caminho do Japão, onde haviam 39kg de pasta de cocaína pura.

Agora, sai a notícia de que a PF encontrou 290kg de maconha no avião do tio de Damares Alves, ministra dos Direitos Humanos do governo Bolsonaro.

Ou seja, não há como não alimentar uma conexão entre tráfico de drogas e o bolsonarismo, para dizer o mínimo.

O uso de avião como abrigo e transporte de drogas para consumo interno ou externo parece ser padrão para nutrir os cofres de quem comanda esse tipo de tráfico. Como mostra a reportagem abaixo:

A Polícia Federal (PF) realizou neste sábado (27) uma operação que resultou na prisão em flagrante de um indivíduo por tráfico interestadual de drogas. O suspeito foi detido no aeroporto de Belém, quando tentava transportar 290 quilos de skunk, uma forma concentrada de maconha.

Essa apreensão poderia ser apenas mais uma entre as realizadas diariamente pela PF, porém, o avião em questão pertence à Igreja Quadrangular-PA que, por meio de um comunicado, admitiu ser a proprietária da aeronave apreendida, segundo a Forum.

Em comunicado, a igreja afirmou ter acionado a Polícia Federal assim que tomou conhecimento do conteúdo ilícito que seria transportado pelo suspeito.

Agentes da PF foram informados sobre um carregamento de entorpecentes com destino à cidade de Petrolina e agiram prontamente. O responsável pela droga foi abordado antes da decolagem e chegou a tentar fugir, mas foi capturado em seguida.

De acordo com informações da PF, a aeronave estava sendo utilizada pelo ex-deputado e pastor Josué Bengtson e por seu filho, Paulo Bengtson, que também é ex-deputado federal e atualmente integra o governo do estado do Pará.

Josué Bengtson é líder espiritual na Igreja Quadrangular no Pará e também é tio e padrinho político de Damares Alves (Republicanos-DF), ex-ministra da Família no governo Bolsonaro (2019-2022) e atualmente senadora pelo Distrito Federal.

A carreira política de Damares Alves foi impulsionada pelas mãos de seu tio: primeiro nos anos 1980, quando Damares foi ordenada pastora da Quadrangular, e após formar-se em Direito e obter a OAB, começou a atuar em outra esfera política e religiosa.

Nos anos 1990, Damares Alves foi trabalhar no gabinete de Josué Bengtson (PTB-PA) — o nepotismo estava começando a ser extirpado da política –, posteriormente, Damares trabalharia em uma série de gabinetes da esfera religiosa, até se tornar ministra da Família e, hoje, senadora.

Josué Bengtson, tio de Damares, é o secretário executivo da Igreja Quadrangular do Pará. Sobre a droga encontrada na aeronave, ele e seu filho declararam não ter conhecimento de que o skunk seria carregado na aeronave.

Apoie o Antropofagista com qualquer valor

Agradecemos aos que formam essa comunidade e convidamos todos que possam a fortalecer essa corrente progressista. Seu apoio é fundamental nesse momento crítico que o país atravessa para continuarmos nossa labuta diária para trazer informação e reflexão de qualidade e independência.

Caixa Econômica Agência: 0197
Operação: 1288
Poupança: 772850953-6
PIX: 45013993768 – CPF

Agradecemos imensamente a sua contribuição

Categorias
Política

Lula diz que “volta da relação Brasil-Venezuela é plena”, fala em cooperação militar e lembra do “impostor” Guaidó

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta segunda-feira (29), que a retomada das relações entre o Brasil e a Venezuela “é plena” e defendeu que os dois países intensifiquem parcerias em diversos campos, incluindo o militar para combater o narcotráfico nos cerca de 2,2 mil quilômetros de fronteiras entre os dois países amazônicos.

“Sabemos das dificuldades que nós temos, sabemos da quantidade de empresas que já estão na Venezuela e que querem voltar para a Venezuela, sabemos da dívida da Venezuela e sabemos que tudo isso faz parte e vai fazer parte de um acordo que a gente faça para que a nossa integração seja plena. É isso que eu desejo e é isso que eu espero que você contribua, para que a relação entre Brasil e Venezuela não seja apenas comercial. Ela tem que ser comercial, pode ter uma relação política, pode ser cultural, econômica, pode ser feita com tecnologia, entre nossas indústrias construindo parcerias, entre nossas universidades, inclusive entre nossas Forças Armadas, trabalhando em conjunto na fronteira para que a gente combata o narcotráfico”, disse Lula após uma reunião com o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, no Palácio do Planalto, em Brasília.

Lula ressaltou, ainda, que Maduro foi eleito por meio do voto popular e qualificou o opositor venezuelano Juan Guaidó como um “impostor”. “Briguei muito com companheiros, social democratas europeus, com governos, com pessoas dos EUA. Achava a coisa mais absurda do mundo para as pessoas que defendem a democracia era negarem que que você era presidente da Venezuela tendo sido eleito pelo povo e um cidadão que foi eleito para ser deputado fosse reconhecido como presidente da Venezuela”.

“Muitas vezes discuti com meus companheiros europeus eu dizia que não compreendia que como um continente que exerceu a democracia tão plena como a Europa exerceu quando construiu a união europeia poderia aceitar a ideia de que um impostor pudesse ser presidente da República porque eles não gostavam do presidente eleito”, disse Lula em referência ao opositor venezuelano Juan Guaidó.

Ainda segundo Lula, “o preconceito com a Venezuela é muito grande. Quantas críticas a gente sofreu aqui por sermos amigos da Venezuela. Havia discursos e mais discursos que diziam ‘não, se o Lula ganhar a eleição o Brasil vai virar uma Venezuela, vai virar uma Argentina, uma Cuba’. Quando, na verdade, o único sonho nosso era ser o Brasil mesmo, um Brasil melhor, mais democrático, mais rico, com mais distribuição de renda”.

Apoie o Antropofagista com qualquer valor

Agradecemos aos que formam essa comunidade e convidamos todos que possam a fortalecer essa corrente progressista. Seu apoio é fundamental nesse momento crítico que o país atravessa para continuarmos nossa labuta diária para trazer informação e reflexão de qualidade e independência.

Caixa Econômica Agência: 0197
Operação: 1288
Poupança: 772850953-6
PIX: 45013993768 – CPF

Agradecemos imensamente a sua contribuição

Categorias
Justiça

Dino demite servidor da PF por emissão ilegal de passaportes

Ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino demitiu um servidor da Polícia Federal por emissão ilegal de passaportes. Marcel Olguins Martins começou a ser investigado pela PF na Operação Perfídia, deflagrada em 2020, por participação no esquema liderado pela advogada Cláudia Chater, segundo o Metrópoles.

Martins era servidor administrativo da PF no Distrito Federal. Ele seria o responsável por facilitar a missão de passaportes para estrangeiros, com apresentação de documentos falsos.

Em abril de 2020, a PF cumpriu 100 mandados de busca e apreensão, condução coercitiva e prisão temporária.

O esquema envolvia dezenas de pessoas e empresas, entre as quais, agentes públicos, advogados, falsificadores, lotéricas e bancos internacionais. Os passaportes eram emitidos principalmente para pessoas de origem árabe.

O grupo foi acusado pelos crimes de lavagem de dinheiro, falsificação de documentos públicos e evasão de divisas.

Martins foi demitido da PF por valer-se do cargo para lograr proveito pessoal e praticar ato de improbidade administrativa.

Apoie o Antropofagista com qualquer valor

Agradecemos aos que formam essa comunidade e convidamos todos que possam a fortalecer essa corrente progressista. Seu apoio é fundamental nesse momento crítico que o país atravessa para continuarmos nossa labuta diária para trazer informação e reflexão de qualidade e independência.

Caixa Econômica Agência: 0197
Operação: 1288
Poupança: 772850953-6
PIX: 45013993768 – CPF

Agradecemos imensamente a sua contribuição

Categorias
Política

Apoie o Antropofagista. Com um Pix de qualquer valor, você contribui muito

O Antropofagista não tem patrocínio, e a arrecadação com a monetização, é um escândalo e não tem graça comentar.

Assim, o blog se sustenta com o apoio dos leitores. O mesmo se dá na questão da difusão do nosso conteúdo. Não há recurso disponível para impulsionar o blog, que também não tem padrinho e, muitas vezes, ainda enfrenta a censura das grandes redes que, como todos sabem, estão cada vez empresariais e menos sociais.

Por isso, não só a colaboração financeira, assim como a de compartilhamento das matérias, depende de uma corrente a partir dos próprios leitores.

Em função disso, pedimos com veemência aos que puderem contribuir com um Pix de qualquer valor acima de R$ 1,00, que o façam para seguirmos com o nosso trabalho, assim como compartilhar em suas redes sociais e Whatsapp.

Apoie o Antropofagista com qualquer valor

Agradecemos aos que formam essa comunidade e convidamos todos que possam a fortalecer essa corrente progressista. Seu apoio é fundamental nesse momento crítico que o país atravessa para continuarmos nossa labuta diária para trazer informação e reflexão de qualidade e independência.

Caixa Econômica Agência: 0197
Operação: 1288
Poupança: 772850953-6
PIX: 45013993768 – CPF

Agradecemos imensamente a sua contribuição

Categorias
Mundo

Premiê espanhol dissolve parlamento e convoca novas eleições

Socialista Pedro Sánchez afirma que decisão vem após resultado de eleições regionais realizadas no domingo (28). Conservadores tiraram do partido do chefe de governo o controle de quase todas as regiões do país e de sete das dez principais cidades, segundo o G1.

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, anunciou nesta segunda-feira (29) que vai dissolver o Parlamento do país e convocar novas eleições gerais.

A decisão, inesperada, veio após o resultado de eleições regionais realizadas no domingo (28) na Espanha, que indicaram uma dura derrota para a sigla de Sánchez, o Partido Socialista Obreiro Espanhol (PSOE).

Em alianças com a extrema direita espanhola, o Partido Popular (PP), principal rival político do PSOE, tirou dos socialistas o controle de quase todas as regiões do país, incluindo a Comunidade de Madri, além do governo de sete das dez maiores cidades.

Em discurso televisionado nesta manhã, o socialista Pedro Sánchez reconheceu responsabilidade na derrota de seu partido e disse ter decidido convocar novas eleições para que “o povo espanhol tome a palavra para decidir o rumo político do país”.

“Assumo em primeira pessoa esses resultados e acredito ser importante submeter nosso mandato democrático à vontade popular”, declarou.

Apoie o Antropofagista com qualquer valor

Agradecemos aos que formam essa comunidade e convidamos todos que possam a fortalecer essa corrente progressista. Seu apoio é fundamental nesse momento crítico que o país atravessa para continuarmos nossa labuta diária para trazer informação e reflexão de qualidade e independência.

Caixa Econômica Agência: 0197
Operação: 1288
Poupança: 772850953-6
PIX: 45013993768 – CPF

Agradecemos imensamente a sua contribuição

Categorias
Política

Crivella é cassado, multado e ficará inelegível por 8 anos

A juíza Márcia Capanema, da Justiça Eleitoral, acaba de determinar a cassação do mandato do deputado federal Marcelo Crivella, ex-prefeito do Rio, e a aplicação de multa de R$ 433.290.

Crivella é acusado de montar esquema para impedir reportagens sobre a saúde no Rio. A magistrada também determina que Crivella fique inelegível nos oito anos subsequentes à eleição municipal de 2020, segundo Ancelmo Gois, O Globo.

A decisão é resultado de ação ajuizada pela coligação “É a vez do povo!” (PT e PCdoB), feita em 2020. Na ação, Crivella é acusado de “prática de abuso de poder de autoridade” e conduta vedada a agente público em campanhas eleitorais, com base na Constituição.

A coligação afirma que ele montou um esquema para “monitorar e impedir a interlocução de cidadãos com profissionais de imprensa” com o intuito de barrar informações sobre o sistema de Saúde do Rio em período eleitoral.

Para isso, usou servidores públicos municipais, que ficaram conhecidos como Guardiões do Crivella. A acusação identificou os servidores, em desvio de função, utilizados pelo ex-prefeito do Rio.

Na sentença, a magistrada disse que a decisão tinha “caráter pedagógico-preventivo” e também demonstrava o repúdio à “conduta moral e ilegal perpetrada”.

Apoie o Antropofagista com qualquer valor

Agradecemos aos que formam essa comunidade e convidamos todos que possam a fortalecer essa corrente progressista. Seu apoio é fundamental nesse momento crítico que o país atravessa para continuarmos nossa labuta diária para trazer informação e reflexão de qualidade e independência.

Caixa Econômica Agência: 0197
Operação: 1288
Poupança: 772850953-6
PIX: 45013993768 – CPF

Agradecemos imensamente a sua contribuição

Categorias
Cotidiano

Pablo Marçal: mentor de milhões ou manipulador?

Numa noite gelada de abril, cerca de 5.000 pessoas se aglomeravam para participar do evento “Desbloqueio da mente milionária” no ginásio da Portuguesa, no centro de São Paulo. O objetivo era transformar cada cérebro presente em uma “máquina de prosperidade”.

Quem apontava os caminhos do “desbloqueio” era o coach Pablo Marçal, 36. Para além do círculo de seus milhões de seguidores nas redes sociais, ele ficou conhecido por liderar uma expedição que quase terminou em tragédia ao Pico dos Marins (SP), na Serra da Mantiqueira, e pela tentativa frustrada de concorrer à Presidência da República em 2022.

“Alguém aqui duvida que eu posso comprar 2.000 Camaros hoje?”, perguntou Pablo aos “generais”, como chama seus fãs —homens jovens principalmente.

Entre gritos de “amém” e “glória a Deus”, o público repetia cada palavra dita pelo coach, que é evangélico e adota um tom messiânico em suas falas. Entre elas uma sentença recorrente: “Vítimas não prosperam.”

Um participante que saiu de Várzea Paulista (SP) assistia de pé ao monólogo de pouco mais de seis horas.

Desde que assinei uma mentoria [de Pablo Marçal], em 2022, comecei a realizar tarefas diárias e desenvolvi o hábito da leitura”, contou o jovem, que trabalha como soldador e sonha com abrir a própria empresa.

Pablo —que não gosta de ser chamado de coach; prefere mentor ou estrategista digital— começou a falar às 20h em ponto. Terminou no dia seguinte, perto das 2h. Mais de 180 mil assistiam ao encontro pelas redes sociais.

Quem conseguiu ficar até o fim recebeu grãos de feijão “para semear a prosperidade”.

Mas descobriu que, para passar de fase no jogo do milhão, era preciso assinar um outro curso, de R$ 3.000 ao ano.

Sermão da montanha
Para muitos dos espectadores no evento na Portuguesa, chegar perto de Marçal era uma chance de chamar sua atenção – disputada literalmente no grito. “Um dos sócios do Pablo conta que se jogou na frente do carro dele e implorou por uma chance. Ele gostou disso e chamou para trabalhar”, relata um aluno. “Muita gente quer fazer isso agora. E ele já disse, brincando, que na próxima vai atropelar.”

A anedota ajuda a explicar como o influencer convenceu 32 pessoas a escalar uma montanha em um dia de chuva e ventos de 100 km/h sem o treinamento adequado. Deu tudo errado, e uma operação de resgate do Corpo de Bombeiros foi necessária.

O caso rendeu a Pablo Marçal um processo por tentativa de “homicídio privilegiado” —quando se comete o crime impelido por relevante valor moral ou social. Em nota, a defesa de Marçal afirma que colabora com todas as investigações, “manejando inclusive os recursos jurídicos cabíveis para ver logo encerrado esse caso”.

Ele está proibido de voltar às escaladas sem autorização da Defesa Civil.

E essa não é a única encrenca judicial em que esteve envolvido. Em 2010, Pablo foi condenado por participação em uma quadrilha que desviava dinheiro de bancos. Apesar da condenação, a pena foi prescrita em 2018.

Procurado, ele não atendeu aos pedidos de entrevista da reportagem do UOL.

Em suas apresentações, Pablo Marçal narra que nasceu num carro, em 1987, a caminho do hospital, em Goiânia, e demorou a chorar, levando a mãe a pensar que estava morto.

O culto à própria personalidade envolve histórias sobre triunfos em competições esportivas, brigas com sócios e decisões acertadas.

No evento da Portuguesa, ele contou que certa vez foi agredido quando trabalhava em uma empresa de telefonia e decidiu não acionar a Justiça.

A indenização renderia, segundo ele, R$ 1 milhão. “Hoje, é o que tenho só neste braço”, disse, mostrando o relógio suíço Patek Philippe que trazia no pulso e dizendo que seus negócios “alcançam” dez dígitos em valor de mercado.

Um antigo colega de trabalho, que prefere não se identificar, diz duvidar que o caso de agressão tenha acontecido. E afirma que Marçal, desde sempre, exagera em seus relatos.

Por exemplo, ele não teria nascido pobre, como diz, mas numa família de classe média em Goiânia. E não teria tanto sucesso quanto vende por aí.

“Repara que ele não diz que tem R$ 1 bilhão. Usa as palavras ‘acesso’, ‘alcanço’, ‘posso comprar’. É uma tática dele”, diz um observador.

Em 2022, quando decidiu entrar para a política, o coach declarou à Justiça Eleitoral possuir quase R$ 97 milhões em bens. Aos 36 anos, ele hoje está à frente ou tem participação em empresas de eventos, cursos digitais, uma incorporadora e um resort.

Após o episódio nos Marins, em janeiro de 2022, Pablo dobrou o número de seguidores no Instagram, onde divulga sua agenda e ostenta uma vida de luxo.

Meses após a escalada frustrada, lançou a pré-candidatura à Presidência e, depois, a deputado federal, mas os planos esbarraram em uma disputa entre caciques do seu partido, o Pros, e no paredão da Justiça Eleitoral. O coach goiano acabou fazendo campanha para Jair Bolsonaro (PL), candidato derrotado à reeleição.

No dia 11 de maio, Marçal foi condenado a pagar multa de R$ 5.000 e a retirar de suas redes um vídeo relacionando o presidente Lula (PT) ao “kit gay”.

Hoje, afirma, não tem mais o sonho de ser presidente. Seu propósito, diz, é ajudar as pessoas a enriquecer.

Dinheiro, segundo ele, tem valor apenas se estiver a serviço do “Reino”.

Dos centavos ao milhão
Pablo gosta de contar que se propôs a juntar R$ 1 milhão quando leu, aos 12 anos, o best-seller “Pai Rico, Pai Pobre”, de Robert Kiyosaki e Sharon L. Lechter.

Queria atingir a meta antes dos 60 anos e afirma que conseguiu aos 27 —embora pessoas próximas desconfiem do feito. “Ele já deveria ter mais de 30 anos quando atingiu R$ 1 milhão. A não ser que levasse em conta a valorização futura de alguma propriedade”, avalia um amigo, também sob condição de anonimato.

Os caminhos até a fortuna eram improváveis. Ele queria ser pastor, mas não conseguiu. Fez direito, mas não se tornou juiz nem delegado, como queria.

Na empresa de telefonia onde foi atendente de call center, chegou a liderar mais de mil funcionários, mas deixou o posto após dar uma bronca considerada desproporcional na própria equipe, relata uma testemunha.

O coach também trabalhou na empresa do sogro e tentou a carreira como consultor. Mas a escalada financeira só aconteceu mesmo depois que começou a promover eventos, cursos online e seus próprios livros motivacionais.

Em meio à ascensão evangélica no país, Pablo Marçal formou seu público falando em espiritualidade, família, empreendedorismo e segredos do sucesso.

Entre a fé e o cifrão
O estilo workaholic e verborrágico de Marçal não rende apenas cifras, mas atritos. Ele é admirado no meio neopentecostal, onde há fiéis que abraçam com mais facilidade o discurso da prosperidade. Marçal ocupava cargos de liderança na Igreja Videira, em Goiânia, quando aprendeu técnicas de coaching e decidiu seguir carreira, dando seu primeiro curso para frequentadores da igreja.

“Era um curso muito apelativo, com manipulação de emoções, para as pessoas saírem de lá com pensamentos positivos e a crença de que eram capazes de tudo”, diz um desafeto, para quem Marçal é “um excelente manipulador”.

Críticos citam como exemplo da megalomania o dia em que tentou fazer uma mulher sair de uma cadeira de rodas e andar no palco em um evento em Goiânia, em 2021.

Quem trabalhou com o coach antes da fama diz, porém, que ele sempre foi “extremamente compromissado” com o trabalho e a família. Um ex-subordinado o considera “meio doidão, mas com grandes ideias” e talento para se comunicar, apesar das diferenças políticas.

A maior crítica de quem acompanhou a sua ascensão é a de que ele vende algo que não consegue entregar.

“Ele realmente acha que pode fazer as pessoas mudarem de vida”, diz um ex-colega. “E muitos mudam mesmo, deixam vícios. Mas as pessoas não vão virar um Pablo Marçal comprando os cursos dele. É como se o Neymar ensinasse outras pessoas a serem o Neymar. Não tem como.”

Em sites de reclamações, alunos se queixam do conteúdo “repetitivo”, que serve para vender um curso atrás do outro, e também do tom político adotado nos tempos de campanha. A bronca, porém, é pequena perto do fascínio exercido sobre a maioria dos mentorados, segundo pessoas próximas.

Teologia da prosperidade
Coaches religiosos como Marçal são fruto da “cultura gospel” que emergiu na virada do século 20 para o 21, explica Magali Cunha, doutora em ciências da comunicação e pesquisadora do Iser (Instituto de Estudos da Religião). Essa cultura absorve noções das teologias da prosperidade, da guerra espiritual e da confissão positiva – o hábito de dizer coisas positivas para alcançar objetivos.

Para Pedro Pamplona, teólogo e pastor batista em Fortaleza (CE), Marçal é parte de um fenômeno que ele denomina como “teologia coaching”, que veio para substituir a própria teologia da prosperidade. “Em vez de barganhar com Deus no âmbito sobrenatural, essa teologia traz a prosperidade para os ‘meus’ atos”, analisa.

O problema é que a dimensão da meritocracia não alcança os chamados perdedores. O processo de coaching, explica a estudiosa, não leva em conta a estrutura em que as pessoas vivem, nem desenvolve empatia diante do revés. “Não importa quem não consegue. O fracasso do outro é problema do outro.”

*Do Uol Prime

Apoie o Antropofagista com qualquer valor

Agradecemos aos que formam essa comunidade e convidamos todos que possam a fortalecer essa corrente progressista. Seu apoio é fundamental nesse momento crítico que o país atravessa para continuarmos nossa labuta diária para trazer informação e reflexão de qualidade e independência.

Caixa Econômica Agência: 0197
Operação: 1288
Poupança: 772850953-6
PIX: 45013993768 – CPF

Agradecemos imensamente a sua contribuição

Categorias
Mundo

Arábia Saudita deve aderir ao banco dos BRICS, no primeiro marco da gestão Dilma

BRICS e Arábia Saudita em negociações que podem abalar o domínio dos EUA, aponta o Financial Times.

Segundo informações divulgadas pelo jornal Financial Times e pela agência Sputnik, a Arábia Saudita está atualmente em negociações para ingressar no Novo Banco do BRICS. Essa notícia tem despertado grande interesse e gerado especulações sobre o possível enfraquecimento do domínio dos Estados Unidos. O Novo Banco de Desenvolvimento, presidido pela ex-presidente Dilma Rousseff, já iniciou um diálogo com os sauditas e considera o país de grande importância devido à sua posição como o segundo maior produtor de petróleo do mundo.

A inclusão da Arábia Saudita fortaleceria as opções de financiamento para o país e também aumentaria a capacidade de enfrentar as sanções ocidentais. Além disso, estreitaria os laços entre os países do bloco BRICS e o banco, que foi estabelecido pelas maiores economias em desenvolvimento do mundo como uma alternativa às instituições lideradas pelo Ocidente, como as de Bretton Woods.

Nova ordem mundial – O Financial Times também ressalta que a crescente influência dos BRICS sinaliza o possível fim da era de domínio dos Estados Unidos e do grupo conhecido como G7, que reúne as sete principais economias do mundo. Essa mudança de paradigma já vem sendo observada há algum tempo, e o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov, afirmou anteriormente que os países do BRICS estão acelerando a transição para acordos comerciais em suas moedas nacionais.

A potencial entrada da Arábia Saudita no Novo Banco do BRICS representa um avanço significativo na consolidação do bloco e pode sinalizar um novo equilíbrio de poder no sistema financeiro global. Vale ressaltar que o banco é presidido por Dilma Rousseff, ex-presidente do Brasil. A busca por alternativas ao domínio econômico dos Estados Unidos tem sido uma tendência entre as nações emergentes, e o fortalecimento dos BRICS pode abrir caminho para uma nova ordem mundial mais diversificada e multipolar.

*Com 247

Apoie o Antropofagista com qualquer valor

Agradecemos aos que formam essa comunidade e convidamos todos que possam a fortalecer essa corrente progressista. Seu apoio é fundamental nesse momento crítico que o país atravessa para continuarmos nossa labuta diária para trazer informação e reflexão de qualidade e independência.

Caixa Econômica Agência: 0197
Operação: 1288
Poupança: 772850953-6
PIX: 45013993768 – CPF

Agradecemos imensamente a sua contribuição

Categorias
Economia

Montadoras cancelam férias coletivas após pacote de incentivos de Lula

O presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Márcio de Lima Leite, prevê um crescimento de 200 mil a 300 mil veículos nas vendas, após a implementação do pacote de incentivos anunciado pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), segundo o Estado de S. Paulo.

Associação diz que é provável que haja modelos de veículos à venda por menos de R$ 60 mil, mas cada empresa deverá definir suas estratégias de preços

O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Márcio de Lima Leite, estima que o mercado deve consumir entre 200 mil a 300 mil veículos a mais neste ano em razão do pacote anunciado hoje, 25, pelo governo, dependendo de como as medidas serão implantadas.

Pela manhã, o vice-presidente Geraldo Alckmin informou que os preços dos automóveis de até R$ 120 mil serão reduzidos de 1,5% a 10,96%, mas os detalhes de como serão aplicadas as medidas serão definidos ao longo das próximas duas semana.

Para isso, as medidas de corte de impostos (IPI, Pis e Cofins) precisariam ter duração de pelo menos um ano. O prazo de validade ainda não foi definido pelo Ministério do Desenvolvimento, que está à frente desse processo.

De acordo com Leite, três montadoras que pretendiam anunciar paradas de produção nos próximos dias suspenderam as medidas. Uma delas é a Volkswagen, que cancelou férias coletivas antes agendadas para sua fábrica de Taubaté (SP). Segundo ele, só neste ano já ocorreram 14 paralisações de fábricas.

As medidas, diz Leite, não incluem qualquer compromisso das montadoras e concessionárias em relação a redução de margens de lucro nem de manutenção de empregos, embora o tema tenha sido tratado com o presidente Lula.

Em evento na sede da Fiesp na tarde de hoje, onde Leite falou com a imprensa, o presidente Lula voltou a dizer que “carro de R$ 80 mil não é popular, é carro para a classe média”. Na parte da manhã, em Brasília, ele se reuniu com montadoras mas quem fez o anúncio das medidas foi o vice-presidente, que também é ministro do Desenvolvimento (Mdic).

Apoie o Antropofagista com qualquer valor

Agradecemos aos que formam essa comunidade e convidamos todos que possam a fortalecer essa corrente progressista. Seu apoio é fundamental nesse momento crítico que o país atravessa para continuarmos nossa labuta diária para trazer informação e reflexão de qualidade e independência.

Caixa Econômica Agência: 0197
Operação: 1288
Poupança: 772850953-6
PIX: 45013993768 – CPF

Agradecemos imensamente a sua contribuição