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Carlos Bolsonaro fez home office com hospedagem paga por Presidência

Carlos Bolsonaro aproveitou diárias de hotel pagas com cartão corporativo da Presidência da República para trabalhar em home office em Brasília durante a pandemia.

Foram ao todo 11 diárias em março de 2021 que custaram R$ 2.300 aos cofres públicos. Neste mesmo período, enquanto atuava de maneira remota na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, o filho 02 de Jair Bolsonaro foi às redes sociais criticar o isolamento social contra o coronavírus.

Aumento de impostos, fique em casa e economia vemos depois: como governadores e prefeitos têm agido!

A falta de bom senso e razoabilidade leva o país ao caos!

Hospedagem com dinheiro público

Nota fiscal paga com cartão corporativo da Presidência da República mostra que Carlos se hospedou no Hotel Nobile Suítes Monumental, em Brasília, entre 12 e 22 de março de 2021.

Na nota fiscal, divulgada pela agência Fiquem Sabendo e publicada pelo jornal “O Estado de S.Paulo”, o gasto é justificado como “hospedagem de segurança de familiar do presidente”.

Carlos Bolsonaro não tinha cargo formal no governo, mas era figura frequente em reuniões e eventos do governo federal. Ele recebe atualmente salário líquido de R$ 14 mil na Câmara do Rio.

Além dos dados do cartão corporativo, Jair Bolsonaro colocou sob sigilo as visitas de Carlos ao Palácio do Planalto.

Ausência em metade das votações na Câmara

No mesmo dia em que usou as redes sociais para atacar o “fique em casa” —medida recomendada à época por autoridades em saúde pública—, o vereador participou de maneira remota de duas sessões da Câmara em 18 de março de 2021.

Na ocasião, outros colegas —sobretudo os mais jovens, como ele— participaram presencialmente dos trabalhos na Câmara, onde as sessões ocorriam de forma híbrida (presencial e remota).

Na sessão ordinária realizada naquela data, Carlos registrou presença, mas só participou de uma das duas votações realizadas. Na outra, não se manifestou.

Já em uma sessão extraordinária não houve votações nominais, de acordo com as atas divulgadas pelo Legislativo carioca.

Carlos também participou de maneira remota de outras três sessões realizadas durante seu período de hospedagem em Brasília.

Apenas em uma delas, em 16 de março, houve votações nominais e, de novo, Carlos só tomou parte de metade: votou favoravelmente a um projeto de lei, mas não tomou parte na segunda votação de matérias do dia.

Em dezembro daquele mesmo ano, Carlos registrou presença em sessão da Câmara Municipal, mas foi flagrado em Brasília acompanhando a gravação de um vídeo no gabinete de seu pai.
Câmara mudou regra para enquadrar Carlos

Ao longo do período em que as sessões ocorreram de maneira híbrida na Câmara do Rio, Carlos sempre optava por participar remotamente, com a câmera do dispositivo que utilizava fechada e sem participar dos debates.

Por pressão de vereadores do PSOL, a Mesa Diretora da Câmara publicou em 9 de março de 2022 uma resolução contra as práticas de Carlos.
Carlos Bolsonaro colocou poster na frente de câmera durante sessão da

A regra recomenda que os vereadores estejam sempre com a câmera em funcionamento e torna isso obrigatório caso façam qualquer intervenção oral nas sessões, como discursos, apartes e questões de ordem. Atualmente, as sessões extraordinárias e audiências públicas ainda têm regime híbrido.

Para ironizar a medida, Carlos participou da sessão de 23 de março com a câmera direcionada a um banner com sua foto. Assim que ele entrou na transmissão, uma pessoa, que não aparece nas imagens, pendurou o cartaz na parede.

O UOL não localizou o vereador Carlos Bolsonaro. O espaço segue aberto para eventual manifestação.

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Política

Novo comandante do Exército começa a restabelecer a ordem

Por que foi tão fácil para o novo comandante do Exército resolver o problema do tenente-coronel Mauro Cid e não foi para o ex-comandante que ele sucedeu? Simples: porque o novo comandante do Exército quis resolver o problema, e o ex-comandante, não.

Ex-ajudante de ordem de Bolsonaro, sob a suspeita de ter sido o Fabrício Queiroz do esquema de rachadinha no Palácio do Planalto, Mauro Cid foi nomeado para comandar o estratégico 1º Batalhão de Ações e Comandos, unidade de Operações Especiais.

Quem o nomeou? O general Júlio César Arruda, então comandante do Exército, que atendeu a pedido de Bolsonaro. Lula pediu a Arruda que desnomeasse Mauro Cid. Não confiava nele, muito menos para chefiar um batalhão com tamanho poder de fogo.

Arruda, tão bolsonarista quanto Mauro Cid, disse não a Lula. Em seguida, foi demitido. Passará à história como o comandante do Exército que ficou menos tempo no cargo desde a redemocratização do Brasil em março de 1985 – exatos 23 dias.

Seu substituto, o general Tomás Miguel Ribeiro Paiva, livrou-se de Mauro Cid em menos de 72 horas. Oficial legalista, Ribeiro Paiva convenceu Mauro Cid a renunciar à nomeação. A versão oficial é de que o tenente-coronel renunciou espontaneamente.

O novo comandante do Exército não ficou só nisso. O tenente-coronel Paulo Jorge da Hora vai antecipar sua saída do comando do Batalhão da Guarda Presidencial (BGP), subordinado ao Comando Militar do Planalto, em Brasília. Só sairia em fevereiro.

No país da piada pronta, Hora e sua tropa chegaram atrasados ao Palácio do Planalto que havia sido invadido pelos bolsonaristas golpistas no dia 8. José Múcio Monteiro, ministro da Defesa, disse que Hora será punido caso sua leniência reste provada.

Quando a política mete o pé na porta da frente dos quartéis e entra, a hierarquia, valor tão caro às Forças Armadas, sai em disparada pela porta dos fundos. Afastado do Exército por indisciplina, Bolsonaro alimentou a indisciplina nas três Armas.

Aparentemente, a ordem começa a ser restabelecida no meio militar, embora essa seja uma tarefa que demandará tempo. Há muitos militares a serem investigados e uma enorme quantidade de militares a serem defenestrados de cargos no governo.

Múcio comemora sua segunda posse no Ministério da Defesa. Assumiu a primeira vez falando brando por orientação de Lula. Depois da fracassada tentativa de golpe, Lula o orientou a falar grosso, e é o que ele tem feito agora. A democracia agradece.

Quando a política mete o pé na porta da frente dos quartéis e entra, a hierarquia, valor tão caro às Forças Armadas, sai em disparada pela porta dos fundos. Afastado do Exército por indisciplina, Bolsonaro alimentou a indisciplina nas três Armas.

Aparentemente, a ordem começa a ser restabelecida no meio militar, embora essa seja uma tarefa que demandará tempo. Há muitos militares a serem investigados e uma enorme quantidade de militares a serem defenestrados de cargos no governo.

Múcio comemora sua segunda posse no Ministério da Defesa. Assumiu a primeira vez falando brando por orientação de Lula. Depois da fracassada tentativa de golpe, Lula o orientou a falar grosso, e é o que ele tem feito agora. A democracia agradece.

*Noblat/Metrópoles

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Bolsonaro foi alertado sobre risco de ‘dano irreparável’ ao povo yanomami

Jamil Chade – Em 17 de julho de 2020, o governo de Jair Bolsonaro receberia um alerta internacional: o povo yanomami vivia uma situação “grave e urgente” e ações teriam de ser tomadas diante do risco de “danos irreparáveis” para os indígenas.

O alerta foi lançado pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos, que naquele dia outorgou medidas cautelares de proteção a favor dos membros dos povos indígenas yanomamis.

O documento é, segundo fontes dentro do próprio Itamaraty, mais uma evidência de que a recente crise envolvendo a desnutrição de indígenas em Roraima sempre foi de conhecimento do governo federal.

Antes mesmo de emitir as medidas cautelares, a comissão convocou o governo brasileiro para pedir explicações e para que Brasília detalhasse as ações adotadas para garantir a vida dos indígenas.

A iniciativa do órgão regional havia sido adotada depois que denúncias foram apresentadas pela Associação Hutukara Yanomami e pelo Conselho Nacional de Direitos Humanos. As acusações se referiam aos membros da Terra Indígena Yanomami, composta por 321 aldeias.

Naquele momento, o risco mais grave era o da contaminação pela covid-19, considerando a particular suscetibilidade a doenças respiratórias por parte dos indígenas. Mas a constatação do órgão internacional também levava em conta:

  • as falhas no sistema de saúde para a população indígena, agudizadas pela pandemia;
  • a presença ilegal de cerca de 20 mil garimpeiros no território, fomentando o fluxo do vírus das comunidades urbanas;
  • a contaminação da população pelo mercúrio;
  • e, finalmente, os atos de violência de garimpeiros contra a população indígena, principalmente suas lideranças.

Antes de emitir as medidas cautelares, a comissão procurou o governo de Jair Bolsonaro, que explicou que estava tomando medidas para buscar a reabertura das Bases Etnoambientais de Proteção. Também foram fornecidas informações sobre o suposto apoio à alimentação e à saúde que estava sendo prestado ou programado.

A comissão, ao emitir seu parecer, levou em conta o risco diferenciado que os povos indígenas enfrentam diante da pandemia. Mas insistiu sobre o “estado crítico do sistema de saúde projetado para atender a população beneficiária”. Outra constatação foi a presença de invasores no território yanomami.

Para a CIDH, um aspecto ainda pesou:

As informações apresentadas pelo Estado eram apenas gerais e programáticas, e não permitiam ver as ações implementadas diretamente à população beneficiária.”

Diante da crise e da resposta insuficiente parte do governo, a comissão solicitou ao Brasil que adotasse as medidas necessárias para proteger os direitos à saúde, à vida e à integridade pessoal dos membros dos povos indígenas yanomamis e ye’kwanas.

O pacote ainda solicitava a implementação de medidas preventivas contra a disseminação da covid-19, além de fornecer assistência médica adequada em condições de disponibilidade, acessibilidade, aceitabilidade e qualidade.

Foi também solicitado que o Estado acorde com as pessoas beneficiárias e seus representantes as medidas a serem adotadas e que informe as ações adotadas para investigar os fatos alegados e, assim, evitar sua repetição.

Todos os pedidos foram ignorados pelo estado brasileiro.

No ultimo domingo, o ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou que, entre 2020 e 2022, foram realizadas 20 ações de saúde em territórios indígenas.

“Os cuidados com a saúde indígena são uma das prioridades do Governo Federal. De 2019 a novembro de 2022, o Ministério da Saúde prestou mais de 53 milhões de atendimentos de Atenção Básica aos povos tradicionais, conforme dados do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena do SUS, o SasiSUS”, disse ele, em seu canal no Telegram, em resposta às criticas do presidente Lula.

*Uol

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Política

Casa de atendimento a yanomamis vira hospital improvisado em meio a casos graves de malária

Unidade em Boa Vista tem capacidade para 200 indígenas, mas atende atualmente 700; força do SUS atua no local.

Segundo a Folha, em um primeiro dia de trabalho, profissionais da Força Nacional do SUS se depararam com casos graves de saúde de pacientes yanomamis que estão na Casai (Casa de Saúde Indígena) em Boa Vista (RR), especialmente pneumonia, diarreia e insuficiência respiratória em crianças, potencializados por desnutrição.

A Casai Yanomami, que deveria ser um espaço de acolhimento dos indígenas durante tratamentos médicos na cidade, virou um hospital improvisado e superlotado, como a Folha constatou no fim da tarde e início da noite desta terça-feira (24).

Os atendimentos médicos são feitos principalmente pelos integrantes da Força Nacional do SUS, que chegaram a Boa Vista no fim da tarde de segunda (23).

A Casai tem 700 indígenas, segundo profissionais que atuam na coordenação das ações de emergência. A capacidade básica é para 200.

A ideia inicial é fazer um diagnóstico da situação dos pacientes, de forma a assegurar o retorno deles a suas comunidades na Terra Indígena Yanomami, a maior do Brasil.

O grupo do SUS, porém, precisou dedicar quase todo o tempo ao atendimento médico dos indígenas no Casai, especialmente crianças.

Uma delas não estava na unidade por estar doente. Procurou o colo da pediatra Bruna Pereira Farias, 31, integrante da Força Nacional do SUS, quando a médica percebeu que a criança estava com febre.

A suspeita imediata foi de malária. Farias vive há anos no Acre e identifica fácil o que chama de “horário de malária”, o fim de tarde em que se manifestam os principais sintomas, como febre.

Desidratada, a criança passou a receber soro numa maca. E assim permaneceria ao longo da noite.

A integrante da Força Nacional atendeu cinco casos urgentes e duas suspeitas de malária ao longo do dia.

“O quadro de gravidade dos pacientes está atrasando o retorno deles às suas comunidades”, disse a pediatra.

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Petrobras aumenta preço da gasolina e tenta culpar novo governo, diz FUP

Aumento de 7,4% vale a partir desta quarta (25). Indicado por Lula para presidir Petrobras, que ainda não assumiu, quer mudar PPI.

A Petrobras anunciou nesta terça-feira (24) um novo aumento de 7,4% no preço da gasolina. A partir de amanhã (25), o valor do combustível nas refinarias passa dos atuais R$ 3,08 reais para R$ 3,31 reais por litro. O preço do diesel não sofre alteração. O último aumento de preço da gasolina ocorreu em dezembro, de 6,1%.

O reajuste, no entanto, não tem relação com o governo Lula. A decisão partiu da atual direção da estatal, com o aval do presidente interino, João Henrique Rittershaussen. Ele assumiu o comando da Petrobras no início do mês, após renúncia do então presidente Caio Paes de Andrade.

No inicio do ano, o novo governo indicou o senador Jean Paul Prates (PT-RN) para presidir a Petrobras. O Conselho de Administração da companhia deve se reunir na quinta-feira (26) para votar a indicação de Prates. Se aprovado, ele deve assumir nos próximos dias e nomear novos diretores. A partir daí serão esperadas mudanças na política de preços da estatal.

Nesse sentido, a Federação Única dos Petroleiros (FUP), alerta que Prates “não teve qualquer participação” nesse reajuste. Em nota, os petroleiros dizem que, ao aumentar o preço da gasolina, a atual direção da Petrobras atende à pressão dos acionistas privados e tenta “colocar a culpa no novo governo”.

“O fato é que, assim como a gestão bolsonarista da empresa continua com as negociações para privatização de mais ativos da companhia, com a distribuição abusiva de mega dividendos para acionistas, também continua definindo os preços dos combustíveis no Brasil.”

PPI em xeque

Desde 2016, a Petrobras adota a política de Preço de Paridade de Importação (PPI). Desse modo, a companhia repassa as variações do petróleo no mercado internacional – com cotação em dólar – diretamente ao consumidor brasileiro. Além disso, o PPI também considera custos de logística para importação que são inexistentes.

De acordo com a Petrobras, o novo aumento da gasolina “acompanha a evolução dos preços de referência e é coerente com a prática de preços da Petrobras, que busca o equilíbrio dos seus preços com o mercado, mas sem o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações e da taxa de câmbio”.

Após sua indicação, Prates afirmou que não haverá intervenção nos preços dos combustíveis. E reforçou que “todo o preço estará vinculado internacionalmente de alguma forma”. No entanto, reafirmou a intenção do novo governo em acabar com o PPI. A intenção é manter os preços dos combustíveis atrelados ao mercado internacional, mas considerando os custos de produção em real.

Atualmente, além de adotar o preço do petróleo no mercado internacional como referência, a Petrobras calcula em dólar todos os custos de produção dos combustíveis. No entanto, apenas uma fração é dos combustíveis consumidos no Brasil é importada – cerca de 25% do diesel, e 20% da gasolina. Assim, além de garantir dividendos bilionários aos acionistas, o PPI também atende aos interesses das empresas importadoras de combustíveis, que passaram a atuar no país nos últimos anos.

*Com Rede Brasil Atual

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“Nova ordem mundial”, a tragédia yanomami, Bolsonaro e o crime de genocídio

Que coisa!

Há quase 32 anos, na música “Fora da Ordem”, do disco “Circuladô”, Caetano Veloso cantava:
“Meu canto esconde-se
Como um bando de yanomamis
Na floresta
Na minha testa caem
Vem colocar-se plumas
De um velho cocar”.

O disco é de 1991. A terra yanomami foi homologada pelo então presidente Fernando Collor no ano seguinte, que marca também a sua deposição com a abertura do processo de impeachment. “Fora da Ordem” não é uma música alentadora. Ao contrário. Diante de uma então celebrada “nova ordem mundial”, que seria marcada pela vitória inquestionável do capitalismo — e, de fato, ele venceu —, muitos celebravam também o que seria um estágio civilizatório último e definitivo, de que o tal “fim da história” ou divisa ou emblema.

Assim como os yanomamis, já perseguidos por garimpeiros e madeireiros ilegais e ainda sem reserva, muita coisa estava, cantava Caetano, “fora da nova ordem mundial”. Havia os deserdados daquele processo de, vá lá, modernização. Não só na floresta. Está na música:
“Vapor barato
Um mero serviçal
Do narcotráfico
Foi encontrado na ruína
De uma escola em construção
Aqui tudo parece
Que era ainda construção
E já é ruína
Tudo é menino, menina
No olho da rua
O asfalto, a ponte, o viaduto
Ganindo pra lua
Nada continua”.

Reinaldo Azevedo – Poetas são “antenas da raça”, não é?, escreveu certo poeta que entendia tudo de poesia e pouco de política. Trinta e dois anos depois, o narcotráfico disputa almas com as milícias. E as obras inacabadas continuam “ganindo pra lua” — vale dizer: para ninguém. Porque a ninguém servem. Algo estava fora da ordem. E continua.

Houve momentos em que o Brasil sonhou em ser construção. Parecia que uma espécie de ascese ainda nos colheria como país e mudaríamos, sei lá, de patamar civilizatório. Mas como um destino contínuo e fatal que se desenha nas trevas, as forças do atraso se conjuram e impõem a sua agenda de morte.

Não estou entre aqueles que acreditam em engenharia ou reengenharia social, como se pudéssemos pôr na prancheta o futuro da humanidade. É sempre difícil conciliar essas tentações de reordenar a sociedade com a democracia. Mas acredito, sim, em pactos civilizatórios e no esforço de cumpri-los, segundo as regras do jogo que estão estabelecidas na Constituição. Não é tão difícil de entender. Vivemos num regime democrático — e isso significa que nem tudo pode. O vale-tudo, costumo lembrar, é próprio das tiranias — para os tiranos e seus amigos, bem entendido.

DESASTRE PLANEJADO
Desde 1991, um marco empregado neste texto, e desde sempre, note-se, os yanomamis — e o mesmo se diga de todos os povos originários — têm aviltada a sua condição de humanos. Reconhecer seus direitos fundamentais, inclusive à preservação de sua cultura, é parte disso que chamo “pacto civilizatório”.

Não é fácil. Muitos daqueles que avançam sobre as terras indígenas também estão “fora da nova ordem mundial”. Precisam de alternativas econômicas, por exemplo. E cabe, sim, aos governos dar uma resposta que atenda à preservação dos povos originários e abra oportunidades de sobrevivência aos brasileiros que ficaram na periferia do capitalismo.

Reitero: com determinação, boa-fé e competência, a chance de os objetivos se frustrarem, ao menos em parte, já é grande. Quando se tem um governo que, de maneira deliberada, atua para facilitar a ocupação das terras indígenas por atividades ilegais, então se está no pior dos mundos. O desastre humanitário na área yanomami está sendo denunciado há tempos. Evidências da ocupação de suas terras pelo garimpo estão em todo canto. Não obstante, o que se tinha era um governo abertamente hostil à causa dos indígenas.

Em texto publicado no Globo, Álvaro Gribel informa que uma ONG evangélica Caiuá, dedicada à suposta contratação de profissionais de saúde para atender às comunidades indígenas, recebeu a fabulosa quantia de R$ 872 milhões entre 2019 e 2022. Segundo o Portal da Transparência, diga-se, o Programa de Proteção e Recuperação da Saúde Indígena consumiu R$ 5,44 bilhões, com o resultado que se vê. A reportagem informa que parte desse dinheiro foi empregada, ao menos oficialmente, no transporte aéreo de médicos e enfermeiros. E aí vem uma informação que expõe a fuça do governo Bolsonaro: algumas dessas aeronaves pertenciam a garimpeiros, que perceberam haver aí um, digamos, nicho de mercado. Em contanto com o jornalista, a ONG diz que apenas contratava os profissionais, mas não lhe cabia fiscalizar se eles efetivamente eram enviados às terras indígenas.

Há uma boa possibilidade, como se vê, de que o problema principal não tenha sido a falta de recursos, mas o mau uso do dinheiro público, com dolo ou não, o que obviamente tem de ser investigado. O que é inconteste, documentado, evidente, escancarado é a tragédia humanitária que colhe a população yanomami.

ÍNDIOS COMO ALVOS
Os índios foram um dos alvos principais da campanha de Bolsonaro à Presidência em 2018. E o depois presidente nada fez para mudar o rumo daquela prosa homicida. Ele a reiterou quando, na prática, defendeu que as reservas indígenas fossem exploradas pelo garimpo. Para o então presidente, o eventual problema estava apenas na ilegalidade, não na atividade em si.

Tudo muito coerente com a militância daquele que, em 1998, ao homenagear a Cavalaria Americana na Câmara, manifestou-se nos seguintes termos:
“Até vale uma observação neste momento: realmente, a cavalaria brasileira foi muito incompetente. Competente, sim, foi a cavalaria norte-americana, que dizimou seus índios no passado e, hoje em dia, não tem esse problema em seu país – se bem que não prego que façam a mesma coisa com o índio brasileiro; recomendo apenas o que foi idealizado há alguns anos, que seja demarcar reservas indígenas em tamanho compatível com a população”.

A declaração é o puro sumo de suas proverbiais violência e covardia. Diz o nefando, para excitar seus psicopatas e sociopatas, e depois dá uma amenizada para tentar se livrar de problemas judiciais. Se vocês notarem, a fala tem a mesma estrutura da “apologia do estupro”, pela qual é réu no STF — o processo, diga-se, deve migrar para a primeira instância: depois de tratar o violação de mulheres como matéria de merecimento, ele destaca não ser um estuprador.

“GENOCIDA”
O “Estatuto de Roma”, de que o Brasil é signatário desde 7 de fevereiro de 2000, instituiu o Tribunal Penal Internacional, que investiga e julga indivíduos — e não países — acusados de genocídio, crimes contra a humanidade, crimes de guerra e crime de agressão. Ao se referir a Bolsonaro na Argentina, sem citar seu nome, Lula empregou a palavra “genocida”. O vocábulo tem peso político.

Entendo que Bolsonaro tinha como saber que algumas das escolhas que fez no enfrentamento das Covid levava às pessoas à morte. O genocídio é assim definido pelo TPI no Artigo 6º:
“Para os fins do presente Estatuto, entende-se por “genocídio” qualquer um dos atos mencionados a seguir, praticados com a intenção de destruir total ou parcialmente um grupo nacional, étnico, racial ou religioso como tal:
Matar membros do grupo;
Causar lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo;
Submeter intencionalmente o grupo a condições de existência capazes de ocasionar-lhe a destruição física, total ou parcial;
Adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo;
Efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo.”

Insisto: penso que Bolsonaro tinha ciência das consequências de sua escolha, mas não parece razoável, mesmo ele sendo quem é, supor que agiu para destruir “total ou parcialmente um grupo nacional”. Não nesse caso.

O “Artigo 7º” traz uma longa lista de “crimes contra a humanidade”, que tem de ser caracterizado por um “ataque generalizado ou sistemático” contra uma população civil. Entre eles, estão “homicídio e extermínio”.

Bolsonaro já foi denunciado cinco vezes ao TPI. A acusação mais importante foi feita em 2021 pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), que o acusa de atuar para extinguir etnias. O desastre humanitário de agora com os yanomamis será apensado àquela denúncia.

Depois de tudo o que disse e fez Bolsonaro e dados os resultados colhidos, fica difícil acreditar que o então presidente não imaginasse qual seria o resultado de suas escolhas. Não tinha como não dar na “destruição total ou parcial” de um grupo nacional.

E o nome que isso tem no TPI é genocídio.

Não é aceitável que a morte industriada dos yanomamis integre a “ordem mundial”. Os responsáveis têm de pagar.

*Uol

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Líder Yanomami diz ter enviado cerca de 60 pedidos de ajuda ao governo Bolsonaro e não obteve resposta

Em entrevista ao “Estúdio I”, da GloboNews, Junior Hekurari denunciou omissão do governo passado e contou a situação crítica que as comunidades da Terra Yanomami estão passando.

A crise de saúde na Terra Yanomami, em Roraima, a maior do país, começou no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que passou quatro anos ignorando os pedidos de ajuda das comunidades indígenas da região. A denúncia foi feita pelo líder indígena Junior Hekurari, presidente do conselho distrital de saúde indígena Yanomami. Em entrevista ao “Estúdio I”, da GloboNews, ele afirma que foram enviados mais de 60 pedidos de auxílio ao governo Bolsonaro e todos foram ignorados, informa o G1.

“O povo passou quatro anos sofrendo. O governo atual reconheceu essa tragédia que dura quatro anos. Muita gente, muitas crianças, morreram de malária e de desnutrição. Eu denunciei, pedi apoio ao Ministério da Saúde para ações de intervenção na saúde indígena em Roraima. A gente não recebia resposta do governo.”

Hekurari afirma ter documentos pedindo socorro ao governo, ao Ministério da Saúde e até a Bolsonaro quando era presidente. Mas não obteve resposta e, das respostas que recebeu, disseram que era normal. Ele conta que 120 comunidades ficaram sem atendimento de saúde nos quatro anos do governo do ex-presidente.

“Pedimos que ele visitasse a Terra Yanomami para ver a realidade. Ele simplesmente não atendeu as lideranças. Ele foi visitar área de garimpo e conversou com garimpeiros. Ficamos chateados com isso e denunciamos. O governo Bolsonaro nunca ajudou os Yanomami e incentivou o garimpo ilegal na nossa terra. Estávamos morrendo enquanto ele ia a Boa Vista para conversar com garimpeiros.”

O líder conta que o governo mandava equipes de profissionais e que ele mesmo os encaminhou aos locais dentro da Terra Yanomami. Segundo ele, viam a situação, não faziam nada e iam embora. “Por isso, foi um governo omisso. A morte é a marca do governo Bolsonaro. Pedimos punição pois crianças morreram. Cobramos a responsabilidade das pessoas que fizeram isso.”

Outra denúncia de Hekurari é que os indígenas estão bebendo água suja e contaminada por conta das atividades de garimpo ilegal. Durante o governo Bolsonaro, ele afirma que o garimpo avançou na terra indígena e que, além de contaminarem a água, mataram mulheres e queimaram uma unidade de saúde das seis existentes. Essas unidades prestam atendimento aos Yanomami, principalmente os que ficam em regiões mais isoladas, de difícil acesso. “Muitas vezes pedimos socorro e não fomos atendidos pelo governo Bolsonaro.”

“Hoje, precisamos de tudo. Precisa chegar ajuda de saúde, ainda mais onde não tem saúde. Pedimos também a retirada dos garimpeiros da Terra Yanomami. A presença deles está descontrolada. Não temos água limpa. Precisamos do apoio de todos, da Funai, da Segurança Pública. Sei que vai demorar muito porque o impacto é muito grande. Precisamos de uma força-tarefa para acabar com esse sofrimento do povo.”

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Novo comandante do Exército barra ex-ajudante de ordens de Bolsonaro em chefia de batalhão estratégico

Tenente-coronel Mauro Cid havia sido designado para assumir posto em fevereiro e foi pivô de demissão de ex-comandante da Força.

De acordo com O Globo, ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid não vai mais comandar o 1º Batalhão de Ações e Comandos, unidade de Operações Especiais, em Goiânia (GO). A designação para o cargo havia sido feita no ano passado e ele assumiria o posto no mês que vem. A decisão foi tomada após uma reunião com o novo comandante do Exército, general Tomás Miguel Ribeiro Paiva, segundo O Globo apurou.

Um dos mais influentes assessores de Bolsonaro durante os quatro anos de governo, Cid foi um dos motivos que levaram o ex-comandante do Exército Júlio César Arruda a ser demitido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no último sábado. O ex-comandante resistiu em impedi-lo de assumir a função.

Na reunião com o general Tomás, de acordo com relatos de militares, o comandante teria convencido Cid, alvo de investigação no Supremo Tribunal Federal (STF), que o contexto político não era favorável e, portanto, um afastamento seria uma melhor saída tanto para o próprio tenente-coronel quanto para o Exército neste momento de crise.

De acordo com militares com conhecimento da conversa, Cid concordou em perder o batalhão e agora aguardará que a Força o designe para outro posto. Ao não impor resistência, o tenente-coronel poderá, no futuro, participar de processos seletivos para outros postos comandos e até mesmo assumir o 1º Batalhão de Goiânia se encerradas as investigações.

Formalmente, Cid apresentou um requerimento para adiar o assumir o comando do batalhão para se defender nas ações do qual é alvo de investigação. O pedido já foi deferido pelo Comando do Exército.

O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro assumiria o 1º Batalhão de Ações e Comandos, unidade de Operações Especiais, em fevereiro. Cid foi designado para o posto em maio do ano passado, após passar por um processo de seleção iniciado em setembro de 2021.

O Palácio do Planalto já havia indicado ao então comandante do Exército que esperava que a nomeação do ex-assessor de Bolsonaro fosse anulada, uma vez que Cid é investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). General Arruda, porém, não fez a mudança, alegando que decisões administrativas do Exército cabia ao comandante.

Arruda acabou demitido no último sábado. O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, justificou a troca no comando alegando que houve “fratura de confiança” na relação com o Exército.

O presidente Lula nunca digeriu o fato de Arruda ter sido contra a prisão imediata de golpistas que invadiram as sedes dos Poderes em 8 de janeiro e estavam alojados em um acampamento em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília. O general alegava que havia mulheres e crianças no local que poderiam ser vítimas de um eventual confronto com a Polícia Militar. Essa postura irritou o presidente e ministros do governo, que passaram a pressionar o ministro da Defesa.

Além de Cid, outros dois militares ainda são vistos com reservas por interlocutores do Planalto. Um deles é o general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, atual chefe do Comando Militar do Planalto (CMP). Aliados de Lula acreditam que ele pode ter sido leniente com os golpistas. Outro que gera desconfianças junto ao governo é o tenente-coronel Paulo Jorge Fernandes da Hora, chefe do Batalhão da Guarda Presidencial (BGP), gravado discutindo com policias militares enquanto vândalos destruíam o Palácio do Planalto.

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Cotidiano

Vídeo: professora peita oficial da PM e comunidade nega militarização de escola

Vários bolsonaristas favoráveis ao projeto estavam presentes, inclusive policiais da Força Tática que portavam fuzis.

Uma professora de Várzea Grande (MT) peitou um oficial da Polícia Militar nesta segunda-feira (23), durante apresentação de projeto de militarização da Escola Estadual Adalgisa de Barros. Após a discussão, a comunidade, formada por professores e alunos, negou por aclamação o projeto.

Vários bolsonaristas favoráveis à militarização da escola estavam presentes, inclusive policiais da Força Tática que portavam fuzis.

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A audiência pública que precedeu a votação contou com forte manifestação contrária da comunidade escolar, durante a explicação de um tenente-coronel PM sobre os aspectos das escolas militares.

Vários alunos e professores gritaram em protesto contra o projeto. Para eles, o projeto de mudar o caráter civil da escola era irrevogável.

Entre os parlamentares, estavam os deputados Lúdio Cabral (PT) e Valdir Barranco (PT), que são contra a militarização. O deputado estadual Elizeu Nascimento (PL), bolsonarista e que apoiava o projeto, também esteve presente.

A proposta de militarizar a escola Adalgisa foi apresentada pela Secretaria de Estado de Educação (Seduc) no início de novembro.

*Com Forum

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Mais de 1.000 yanomamis foram resgatados para não morrer, diz chefe de Saúde Indígena

Ricardo Weibe Tapeba afirmou que garimpo invadiu as aldeias e que comunidades estão à mercê do crime organizado.

Segundo a Folha, o secretário de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, Ricardo Weibe Tapeba, classificou como alarmante o cenário da saúde pública nas comunidades yanomamis, disse que mais de 1.000 indígenas foram resgatados, e afirmou que há subnotificação de casos de doenças.

“Nós acreditamos que mais de 1.000 indígenas foram nesses últimos dias resgatados do território para não morrer, né? […] Nós acreditamos que há inclusive uma subnotificação muito grande [de doenças]”, afirmou Tabepa nesta terça-feira (24) em Boa Vista (RR).

Região com 30 mil habitantes em Roraima, a terra indígena yanomami vive uma explosão de casos de malária, incidência de verminoses facilmente evitáveis, infecções respiratórias e agravamento da desnutrição, especialmente entre crianças e idosos. O quadro de desassistência em saúde no território é agravado pela permanência de mais de 20 mil garimpeiros invasores na área demarcada.

O secretário de Saúde Indígena participou de uma incursão em três comunidades Yanomami com o apoio da Força Aérea Brasileira e afirmou que as comunidades vivem um cenário de guerra.

“Eu estive no território, quando eu falo em operação de guerra, não é figura de linguagem. [Temos] a todo momento aeronaves pousando e decolando, trazendo e levando pacientes graves”, disse Tapeba, destacando que foram resgatadas crianças com quadro de desnutrição grave e jovens com malária em estado crítico.

Ele afirmou que ainda há regiões da território yanomami que as equipes do governo ainda não conseguiram acessar devido à complexidade logística e questões de segurança, já que parte das comunidades foi invadida pelo garimpo ilegal.

“O garimpo invadiu as aldeias e essas comunidades estão à mercê do crime organizado. Eu não falo garimpeiros, eu falo crime organizado, porque são muitas pessoas armadas coagindo e não se intimidam com a presença da Força Aérea Brasileira”, disse Tapeba.

Ele ainda cobrou a implementação de um plano de retirada do garimpo ilegal da terra indígena, seguindo inclusive uma decisão do Supremo Tribunal Federal que determina a remoção de 20 mil garimpeiros. “O que nós estamos fazendo aqui é um caminho sem volta, que vai finalizar com a remoção dos garimpeiros”, completou.

O presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuana (Condisi-YY), Júnior Hekurari Yanomami, disse que 120 das 378 comunidades do território estão em calamidade, com cerca de 14 mil indígenas estão em situação mais grave:

“A água está contaminada, tem muita malária e desnutrição. Estamos conversando com o Ministério da Saúde para enviar água limpa, porque estão necessitando”, afirmou.

Na sexta (20), o Ministério da Saúde decretou Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional. Três dias depois, enviou uma equipe da Força Nacional do SUS (Sistema Único de Saúde) para Boa Vista com 12 profissionais, que farão a operação de um hospital de campanha que deve ser montado na próxima sexta-feira (27).

Eles vão prestar serviço na Casa de Saúde Indígena Yanomami e no hospital de campanha que está sendo preparado pelo Exército Brasileiro em Boa Vista. São 11 voluntários assistenciais e um da equipe de gestão central.

Em visita a Boa Vista no sábado (21), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou auxílio aos habitantes da região e combate ao garimpo ilegal. Na data, o petista disse ter visto durante a semana fotos que o abalaram e que a situação encontrada foi de abandono.

“Se alguém me contasse que aqui em Roraima tinha pessoas sendo tratadas de forma desumana, como vi o povo yanomami ser tratado aqui, eu não acreditaria”, disse o presidente.

Nesta segunda-feira (23), o governo Lula exonerou 33 coordenadores da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) e dispensou outros quatro servidores que ocupavam cargos de coordenação.

Sobre as demissões, Tabeba afirmou que a saúde indígena estava aparelhada pelo militarismo, adiantou que a Sesai está avaliando em Brasília novos coordenadores dos distritos e que os cargos não terão indicações políticas.

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