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Michael Hudson: “vocês estão vivendo o equivalente a uma sociedade feudal, mas em vez de latifundiários, vocês têm financistas”

“Não vejo como o Brasil pode sair disso. Quando Lula planejou algo para o povo, foi derrubado com a ajuda americana para implantar uma ditadura”, diz o economista dos EUA.

Por Cesar Calejon, 247 – Com base em uma entrevista exclusiva realizada com Michael Hudson, economista norte-americano, professor de economia na Universidade do Missouri do Kansas, pesquisador do Levy Economics Institute do Bard College e autor do livro The Destiny of Civilization: finance capitalism, industrial capitalism or socialism, que foi lançado em inglês no último mês de maio, esta matéria está dividida em três partes.

Na primeira, Hudson explica de forma simples os três conceitos centrais da sua obra: o capitalismo industrial, o capitalismo financeiro e o socialismo. Na segunda, fala sobre o conceito de Guerra Fria 2.0 e, por fim, considera a atual condição do Brasil no cenário geopolítico global em face das eleições presidenciais de outubro.

“No capitalismo industrial, os atores-chave são empregadores que contratam o trabalho por salários para efetivarem a produção que vendem e a maior parte do lucro é convertida em mais e mais investimento de capital para contratar mais mão de obra para aumentar o investimento e aumentar a produtividade e a produção”, explica o economista.

Segundo ele, “(…) não é isso que ocorre hoje sob o capitalismo financeiro. Hoje, 92% dos ganhos corporativos em termos de fluxo de caixa nos Estados Unidos são gastos na recompra de ações ou no pagamento de seus dividendos para aumentar o preço das ações. Portanto, as corporações não ganham mais dinheiro contratando mão de obra para produzir bens (ou serviços) para vender com lucro, elas meio que vivem do que investiram no passado e gastam os lucros que obtêm para aumentar os preços das ações para ganhar dinheiro com as finanças”.

Para Hudosn, esse mecanismo caracteriza um modelo de engenharia financeira e não engenharia industrial. “E o que o socialismo quer fazer, e estou pensando no socialismo chinês, é, na verdade, financiar o capitalismo com características americanas de um século atrás. É como a Alemanha ficou rica, como a América construiu a sua indústria. Essencialmente, os governos dos estados gastam dinheiro em infraestrutura pública para reduzir o custo dos salários para os investidores industriais. A ideia dos investidores industriais, no final do século 19, era pagar o mínimo possível de salários, mas sabendo que o trabalho precisaria ser remunerado com altos salários para ser mais produtivo”, ressalta o autor.

“Trabalhadores bem alimentados, bem educados e que têm acesso ao lazer são mais produtivos. Então, eles pensaram como pagar menos pelo trabalho. A resposta era minimizar o custo de vida e, para isso, foi necessária uma série de coisas, mas, principalmente, livrar-se da classe latifundiária. O capitalismo industrial foi revolucionário nisso, porque Adam Smith, John Stuart Mill, Ricardo, Marx e todos os pensadores do século 19 queriam uma reforma política para acabar com o domínio da classe latifundiária”, prossegue Hudson.

Ainda de acordo com ele, “(…) o capitalismo financeiro foi o que destruiu o capitalismo industrial nos Estados Unidos e está fazendo o mesmo na Europa e em outras partes do mundo. O objetivo do socialismo é recuperar o conflito de classes para lidar com essa questão da renda não auferida”.

Guerra Fria 2.0: a classe rentista financeira ocidental contra o Sul Global

“Hoje a classe bancária na América e na Europa está assumindo o papel que os governos tiveram no século 19 sob o capitalismo industrial. Isso é uma mudança no planejamento. As economias de livre mercado de hoje são economias centralmente planejadas pelos bancos e não pelos governos e são planejadas contra os interesses do trabalho e das indústrias”, explica o economista.

Hudson argumenta que Wall Street, nos Estados Unidos, e a cidade de Londres, bem como todos os rentistas financeiros ao redor do mundo enfrentam hoje um grande problema: agora que as indústrias europeias e americanas estão fora do mercado, não são competitivas e foram desmanteladas, a China e outros países que não são financeirizados estão avançando.

“Então os Estados Unidos dizem ‘como vamos tornar o mundo seguro para nossos investidores? Como podemos ter nossos bancos dominando o mundo se existem outros países que não permitem que os bancos privados dominem o mundo, mas cujo governo cria bancos e dinheiro como utilidades públicas, como fazem na China?’ A China cria dinheiro que é realmente gasto na economia para construir ferrovias de alta velocidade, fornecer assistência médica, construir moradias e não aumentar os preços das ações e não apoiar o mercado de ações. Esse é um modelo que é uma ameaça para a América”, pondera o autor.

Para ele, “(…) um dia os americanos podem dizer ‘por que não nos livramos dos bilionários? Por que não damos dinheiro aos trabalhadores em vez dos bilionários?’ Essa é uma ideia assustadora para Wall Street, porque eles emprestam todo o dinheiro. Eles querem liderar o trabalho apenas deixando-o na subsistência e olham para a China e seu socialismo como uma ameaça existencial e sentem que precisam destruí-lo de alguma forma. O problema é que eles não conseguem descobrir como fazer isso”, complementa Hudson.
O Brasil, o jogo geopolítico global e as eleições de outubro

“Eu me encontrei com o presidente (João Goulart) que foi derrubado pelos Estados Unidos no início dos anos 1960 e ele descreveu como ele foi derrubado e como, basicamente, os bancos haviam assumido o controle. Cerca de 6 ou 7 anos atrás, o seu Conselho de Assessores Econômicos me trouxe para o Brasil para conhecê-los. Eles me explicaram que o problema com Lula era que lhe disseram que ele só poderia concorrer e ganhar a eleição se concordasse em deixar os bancos brasileiros no controle”, lembra Hudson.

O economista estadunidense também começou a trabalhar como consultor do World’s Sovereign Debt Fund, na década de 1990. “Naquela época, o Brasil pagava 45% de juros anuais sobre seus títulos. A Merrill Lynch percorreu os Estados Unidos tentando vendê-los (os títulos) para os americanos. 45% de juros! Ninguém chegaria perto disso. Eles foram para a Europa e tentaram vendê-los. Isso é um grande retorno. Ninguém os quis. Por fim, a Merrill Lynch passou por seu escritório em Brasília e quem comprou toda a dívida externa brasileira em dólar? Os banqueiros centrais brasileiros e todas as famílias ricas do Brasil. (…) Então a dívida externa do Brasil está vinculada à sua própria classe alta, sua própria classe financeira, que basicamente dirige o país”, enfatiza Hudson.

“E assim, a classe financeira, hoje, no Brasil, desempenha os papéis que os latifundiários faziam no feudalismo. Vocês estão vivendo no equivalente a uma sociedade feudal, mas em vez de latifundiários, vocês têm financistas, oligarcas e monopolistas administrando o país. Todos eles vivem de uma forma econômica ou de outra: juros, renda da terra, renda dos recursos naturais, renda do monopólio e todos esses tipos de renda. Então todos os recursos do país são direcionados para essa classe rentista que sequer precisa de mais dinheiro. E a única maneira de se livrar deles seria uma revolução, mas essa classe rentista sabe disso e tem o apoio dos Estados Unidos como uma oligarquia cliente e não vejo como o Brasil pode sair disso. Quando Lula planejou algo para o povo, foi derrubado com a ajuda americana para implantar uma ditadura do terceiro mundo na forma de Jair Bolsonaro”, explica o autor.

Para Hudson, a única forma de desmontar este processo é por meio da construção de uma filosofia econômica diferente. “O grande inimigo do desenvolvimento do Brasil tem sido o Banco Mundial. Desde o início, nas décadas de 1950 e 1960, o Banco Mundial disse ao Brasil que faria empréstimos para vocês, mas só faria empréstimos em moeda estrangeira. E vocês só poderiam pagar os empréstimos via exportações. Há uma coisa que vocês não poderiam fazer e se vocês fizessem isso, eles iriam matá-los. Vocês não podem cultivar a sua própria comida, ou haveria uma revolução. Vocês não devem cultivar seus alimentos, mas comprar seus grãos e alimentos dos Estados Unidos”.

Ele prossegue: “(…) vocês devem se concentrar na exportação para não competir com os Estados Unidos e não devem fazer uma reforma agrária. Vocês devem ter grandes plantações e agricultura, plantações tropicais para exportar, mas não alimentos. Essa era a condição absoluta. Então, se você ler a missão do Banco Mundial ao Brasil, diz que o país precisa de reforma agrária e gastos com moeda nacional para promover a agricultura familiar e local como os Estados Unidos, para fornecer educação agrícola, sementes, sistemas de transporte, contudo, o Banco Mundial disse que vocês não poderiam fazer isso porque, se vocês cultivassem seus próprios alimentos, não seriam um mercado para os Estados Unidos. As pessoas pensam nos EUA e em uma economia industrial, mas seus principais produtos de exportação por décadas têm sido a agricultura. Então, se você tentar cultivar sua própria comida e se livrar dessa classe rentista e bilionários, os EUA vão impor sanções ao Brasil e tentar matá-lo de fome. A única defesa que o Brasil tem é cultivar seus próprios alimentos. É por isso que China, Rússia e outros países estão percebendo que para desdolarizar o mundo e libertá-lo do capitalismo financeiro é necessária uma alternativa ao Banco Mundial”.

Hudson aponta que o Sul Global precisa de seu próprio fundo monetário e todo um conjunto de instituições espelho para se opor à filosofia predatória usada pelos Estados Unidos e à estratégia de subdesenvolvimento conduzida pelos Estados Unidos, principalmente.

“China e Rússia podem simplesmente mostrar por exemplo. Eles podem mostrar pelo seu sucesso. Neste verão e outono (no hemisfério Norte), acredito que a maior parte do Sul Global terá uma crise: os preços do petróleo e da energia estão subindo. Você está tendo os preços dos alimentos subindo. Isso é projetado pelos Estados Unidos nas sanções que o presidente Biden impôs contra a Rússia. É a inflação de Biden”, diz Hudson.

Ao mesmo tempo, conforme a interpretação dele, o Federal Reserve vai tornar os dólares muito mais caros para os países estrangeiros comprarem com sua própria moeda.

“O Brasil e outros países da América Latina têm enormes dívidas externas vencidas. Como esses países poderão importar energia e alimentos e ainda pagarem as suas dívidas? Algo deverá ceder. Você tem a Rússia e a China dizendo que estão dispostas a exportar alimentos e energia, mas isso contradiz os interesses dos EUA e, portanto, os interesses daqueles oligarcas que governam o Brasil e querem permanecer no poder sob a proteção dos EUA. Será que a população brasileira vai passar fome no escuro, sem comida ou energia, e deixar o seu padrão de vida cair se endividando e perdendo suas casas? Ou será que, de alguma forma, deverá agir politicamente para não pagar a dívida externa? Essa classe dominante vai dizer que o país precisa pagar a dívida. O que eles não dirão, porém, é que suas classes superiores são as proprietárias desses fundos, que estão localizados, principalmente, em offshores ocultas no exterior. Essa é a atual guerra de classes que está acontecendo no Brasil e vai realmente ganhar força nos próximos meses”, reitera o autor.

Por fim, Hudson afirma que “(…) a classe bancária tentará manter Lula em rédea curta. Ele sabe que foi derrubado antes pela interferência corrupta (dos EUA) e terá que encontrar uma maneira de se proteger, mas precisará do apoio de alguns elementos do exército, porque no final vai ser sobre quem controla a violência. Ele terá que limpar o exército e, em um certo ponto, terá que enfrentar as classes altas como o próprio inimigo interno do Brasil, o que é extremamente difícil de se fazer sem sofrer um golpe de estado”, conclui o economista. militar na Finlândia e na Suécia

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Mundo

Vídeo: Desfile de 4 de julho é interrompido por tiroteio nos EUA; pelo menos 5 mortos

Pelo menos cinco pessoas morreram e outras 16 ficaram feridas durante um tiroteio que interrompeu as celebrações do Dia da Independência dos Estados Unidos, comemorado hoje, na cidade de Highland Park, localizada próxima a Chicago, no estado de Illinois. A informação foi confirmada pela polícia local, que também orientou os moradores a se abrigarem em locais seguros, já que o suspeito do crime não tinha sido preso até as 12h30 no horário local (14h30 no horário de Brasília), segundo o Uol.

A informação foi confirmada pela polícia local, que também orientou os moradores a se abrigarem em locais seguros, já que o suspeito do crime não tinha sido preso até as 12h30 no horário local (14h30 no horário de Brasília).

Pelo menos 5 pessoas morreram, e 19 foram levadas a hospitais depois que tiros foram disparados durante uma parada de 4 de Julho (dia da independência dos Estados Unidos) nesta segunda-feira em Highland Park, no estado de Illinois.

As informações são de um comunicado da polícia. O texto não deixa claro se entre os 19 que foram levados ao hospital estão os 5 mortos.

Há relatos de feridos, mas as autoridades não confirmaram essa informação oficialmente até o momento. A emissora ABC ouviu fontes segundo as quais um atirador pode ainda estar à solta.

Ambulâncias e carros da polícia estão no local. Vídeos do incidente mostram pessoas sendo colocadas nas ambulâncias.

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Apoio

O Antropofagista nunca precisou tanto dos seus apoiadores quanto agora

O momento exige de nós aquilo que Guimarães Rosa proclamou, “A vida… o que ela quer da gente é coragem”.

É com esse espírito, diante das novas realidades que nós brasileiros enfrentamos, é que estamos promovendo mudanças que consideramos decisivas para o enfrentamento objetivo desse estado de coisas porque passamos.

O bom senso nos trouxe a consciência de que não há como reivindicar uma sociedade mais justa num momento em que as desigualdades gritam, acolhendo em nosso blog publicidades, através de monetização, de empresas ou até de pessoas que compram esse espaço em um leilão, sem que possamos escolher que tipo de publicidade permitimos ou não em nosso blog.

É uma nova técnica contemporânea de utilizar o próprio espaço dos críticos do sistema para utilizá-lo a modo e gosto do freguês. Isso, praticamente tira a personalidade do nosso trabalho.

Diante dessa realidade que gera algum tipo de recurso para a manutenção do blog, o Antropofagista está se organizando para, independente do cálculo financeiro, retirar os anúncios, ou seja, retirar a monetização do blog para que resulte numa leitura mais fluida em que os leitores não tenham que ler os artigos entre publicidades em virtude da lógica da monetização.

Só teremos progresso no presente clima de acirramento político no país, sobretudo no eleitoral tão decisivo para nós, se lutarmos dentro do nosso próprio espaço para combater essas perversas técnicas universalizantes que acabam nos transformando em mulas das grandes corporações.

A nossa intenção é respaldar a ideia de que precisamos organizar o blog a partir de uma efetiva e correspondente ação que define de que lado estamos nessa guerra de informação.

Mas não podemos ficar apenas no discurso, daí essa natural tomada de decisão.

No entanto, o blog tem seus custos e o seu processo financeiro terá que ser tocado mais do que nunca com o apoio dos próprios leitores.

Nesse sentido, apelamos fortemente para os leitores que possam contribuir com qualquer valor, que utilizem o PIX ou a conta que nos permitirá traçar um novo plano de debate plural e multiplicador que deve ser implantado neste blog.

Contamos com o apoio de vocês e desde já agradecemos.

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Pesquisa

Pesquisa mostra que Bolsonaro detonou a imagem das Forças Armadas. Apenas 25% confiam nos militares

Como disse Vicente Matheus, “quem está na chuva é pra se queimar”.

O povo brasileiro só conhece as Forças Armadas por foto.

Agora que Bolsonaro, praticamente anuncia as FFAA como partido político, com pesada participação de militares em seu governo fracassado, a desconfiança da população na instituição seria fatal.

Os índices são 26% confiam muito nas FFAA, 32%, nem tanto, 13% confiam muito pouco e praticamente 30% não confiam nada.

Para o povo brasileiro, os militares estão conectados com essa bicheira chamada governo Bolsonaro.

Os brasileiros que confiam totalmente nas FFAA, 25%, batem com o mesmo índice de aprovação do governo Bolsonaro 26%, o mais mal avaliado da história.

A pesquisa feita pelo Instituto da Democracia (IDDC-INCT), publicada no Globo, entrevistou presencialmente 2.538 eleitores em 201 cidades em todas as regiões do país entre os dias 4 e 16 de junho, e foi financiada pelo CNPq e Fapemig. A margem de erro total é de 1,9 ponto percentual, e o índice de confiança de 95%.

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Clã Bolsonaro continua em contato com Milton Ribeiro após operação da PF

Filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro, senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) tem conversado por telefone com ex-ministro da Educação.

Integrantes do clã Bolsonaro têm mantido contato com Milton Ribeiro após o ex-ministro da Educação ser preso pela Polícia Federal em operação que apura suposto esquema de corrupção no MEC em sua gestão, diz Igor Gadelha do Metrópoles.

Segundo aliados do ex-ministro, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), por exemplo, já conversou pelo menos duas vezes por telefone com Ribeiro, após o ex-titular do Ministério da Educação ser solto.

Integrantes do Palácio do Planalto também têm mantido contato frequente com o ex-titular do MEC. Nas conversas, dizem que o governo acredita na inocência de Ribeiro.

Por ora, aliados do ex-ministro dizem não haver espaço para uma conversa direta entra ele e o presidente Jair Bolsonaro. A avaliação é de que isso poderia passar uma mensagem de que estariam “combinando versões”.

Numa conversa telefônica com sua filha gravada com autorização da Justiça antes de ser preso, Ribeiro disse ter recebido uma ligação de Bolsonaro, na qual o presidente afirmou ter um pressentimento de que o ex-ministro seria alvo de busca e apreensão.

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Mundo

Baltasar Garzón: A batalha judicial contra a extradição de Assange para os EUA ainda não terminou

Artigo do advogado de Assange revela que a batalha judicial por sua não extradição está entrando em um caminho em que terá que ser determinada a verdadeira essência da violação do direito à liberdade de expressão e da defesa nuclear da liberdade de acesso à informação e sua difusão

por Baltasar Garzón, no Fórum 21*

Há dez anos, em 19 de junho de 2012, Julian Assange refugiou-se na embaixada do Equador em Londres, onde permaneceria até 11 de abril de 2019.

Lembro-me que quando assumi a coordenação de sua defesa, um mês depois, pensei que estávamos todos afetados pela luta que Assange havia empreendido desde 2010, notícias horripilantes e terríveis foram publicadas nos principais jornais do mundo, revelando a crueldade do exército norte-americano e das autoridades que dirigiram a guerra no Afeganistão e no Iraque.

Há poucos dias, a decisão da ministra britânica do Interior, Priti Patel, de aceitar entregar Julian Assange aos Estados Unidos, ficará na história da ignomínia.

Trata-se de uma decisão que criminaliza a atividade do jornalismo em sua essência. Com ela, entende-se que o que Julian Assange e o WikiLeaks fizeram, recebendo informações verídicas, que testemunhavam crimes de guerra no Iraque e Afeganistão, divulgando-os e publicando-os como de interesse público, pode ser punido como crime e seus autores julgados e condenados.

Portanto, a decisão de Patel é um precedente que coloca em risco todos os jornalistas investigativos do mundo.

Como em outros países, inclusive na Espanha, o processo de extradição britânico conta com a intervenção do poder executivo. Além de passar pelos tribunais, com múltiplas instâncias e recursos, as extradições no Reino Unido também são de responsabilidade do Governo.

Algo que ficou muito visível no caso Pinochet, em que a extradição para a Espanha do general chileno havia sido acordada na justiça, mas, ao chegar ao ministro do Interior britânico Jack Straw, este concordou em entregá-lo ao seu país de nacionalidade, o Chile, supostamente devido ao seu delicado estado de saúde.

Embora mais tarde, quando o ex-ditador chileno chegou a seu país, levantou-se da cadeira de rodas e revelou, zombeteiramente diante do mundo, que seu estado de saúde não era aquele alegado.

A grande diferença entre este caso e o atual de Julian Assange é que com aquela decisão pretendia-se a impunidade do ditador e com esta consuma-se a perseguição e condenação do jornalista.

Agora, a ministra do Interior, Patel, tinha argumentos humanitários e de saúde para haver bloqueado a extradição.

Já em primeira instância, perante a juíza distrital, Vanessa Baraitser, foram divulgados laudos médicos que testemunharam, e assim afirmaram, que a situação de saúde psíquica e mental de Julian Assange era tão debilitada que ele poderia morrer na prisão.

Além disso, o Relator da ONU contra a Tortura o visitou em seu local de detenção, a prisão de alta segurança de Belmarch, e também concluiu que a condição deteriorada de sua saúde tornava muito credível a possibilidade de que ele pudesse morrer em uma prisão norte-americana.

No entanto, o governo de Boris Johnson, por meio de Patel, não demonstrou nenhuma condescendência pela saúde do jornalista, como fez Straw em sua época em favor do ex-ditador chileno.

A batalha judicial começa

Não obstante, a decisão adotada ontem [20 de junho de 2022] não significa o fim do processo de extradição no Reino Unido, pelo contrário, agora começa a parte nuclear da batalha judicial.

Contra decisão da ministra Patel agora será interposta apelação perante o Supremo Tribunal britânico e, eventualmente, mais tarde também poderá ser feita perante o Supremo Tribunal do Reino Unido.

Todos os argumentos contra a extradição que foram invocados pela defesa e negados pela juíza da comarca, Vanessa Baraitser, em primeira instância, agora também podem ser submetidos a “recurso cruzado”.

Na ocasião, a juíza Baraitser negou a extradição sob o argumento de que Julian Assange poderia morrer em um presídio norte-americano, pois estaria submetido a um sistema prisional muito severo (Medidas Administrativas Especiais) e entraria em um presídio de segurança máxima, uma situação de abuso que não encontraria amparo nas normas europeias.

Os Estados Unidos recorreram desse elemento humanitário, ante a corte superior, aportando um conjunto de garantias diplomáticas vagas e imprecisas sobre o tratamento que se daria ao jornalista extraditado.

Surpreendentemente a corte superior, em uma sentença concisa, decidiu reverter a decisão precedente de não extradição.

Finalmente, a apelação ante a Corte Suprema, com relação a esse elemento, não foi vista em seu mérito porque, notadamente, o órgão judicial britânico máximo compreendeu que nenhum elemento legal existia para analisar nas garantias diplomáticas dadas pelos Estados Unidos, mesmo que a defesa tenha dado múltiplos precedentes de violações daquelas mesmas garantias judiciais por parte dos Estados Unidos com outros países europeus.

Mas agora, todos os elementos jurídicos que foram negados em primeira instância pela juíza Baraitser, e que não foram objeto de recurso, serão revistos e estudados na apelação (“recurso cruzado”) pela defesa perante o Tribunal Superior.

E ali há os elementos jurídicos mais controversos dessa extradição, como o fato de estarmos enfrentando perseguição política porque a atividade jornalística não pode ser crime, a inexistência de dupla incriminação pela Lei de Espionagem dos Estados Unidos de 1917 aplicada à imprensa, a violação do princípio da proporcionalidade com penas que podem chegar a 175 anos de prisão, ou o uso abusivo da jurisdição norte-americana de forma extraterritorial para perseguir um jornalista estrangeiro que publicou no exterior. (Na Espanha, por exemplo, essa possibilidade seria inviável, de acordo com a Lei Orgânica do Judiciário).

Tudo isso vai ser elucidado a partir de agora, pois a batalha judicial não terminou, mais ainda, está entrando em um caminho em que terá que ser determinada a verdadeira essência da violação do direito à liberdade de expressão e defesa nuclear da liberdade de acesso à informação e sua difusão.

A par do exposto, no caso de esgotamento das instâncias judiciais internas, também permaneceria o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem (TEDH), isso se o Primeiro-Ministro britânico, entre uma festa e outra, não decidir que a Grã-Bretanha deixe não só o União Europeia, mas também o Conselho da Europa e, portanto, o TEDH.

A satisfação de Pompeo

Um dos elementos mais marcantes da decisão da ministra Patel foi o escasso apoio obtido.

Praticamente toda a comunidade internacional de direitos humanos, incluindo agências das Nações Unidas, o Conselho da Europa e as organizações mais relevantes da sociedade civil se posicionaram contra.

Claro, ela obteve um apoio marcante: o de Mike Pompeo, ex-diretor da CIA e ex-secretário de Estado durante o governo de Donald Trump.

É delirante que Mike Pompeo saúde a decisão de Priti Patel no Twitter alguns dias depois de se saber que o Tribunal Nacional Espanhol concordou em chamá-lo para depor como investigado em relação ao caso instruído pelo magistrado Juiz Santiago Pedraz, chefe do Tribunal Tribunal Central de Instrução 5.

A intimação deve-se ao fato de que uma empresa de segurança espanhola que estava encarregada da segurança da Embaixada do Equador em Londres, quando Julian Assange estava asilado, teria trabalhado para a CIA empregando medidas extremas de espionagem por meio de de câmeras de vídeo com microfones, microfones ocultos escondidos na embaixada, e acessando os telefones e documentos de identidade de visitantes e advogados quando os deixávamos na entrada.

Juntamente com Pompeo, William Evanina, que na época era chefe de contrainteligência, também deve testemunhar na mesma condição. Ele recentemente confessou que a comunidade de inteligência dos EUA realmente desenhou um plano para penetrar na Embaixada do Equador em Londres, tendo acesso a tudo o que acontecia em seu interior.

Mas não só isso, Evanina ainda contou como planejaram o sequestro, e até mesmo o assassinato, de Julian Assange dentro da missão diplomática.

Na confissão de Evanina e outros agentes da CIA à imprensa americana, ficou muito claro que Mike Pompeo era o responsável por aquela operação e aquelas propostas. E com esses antecedentes, é concedida a autorização para a entrega de Julian Assange aos EUA.

É verdadeiramente perigoso que esta decisão possa se tornar efetiva.

O apoio internacional é bem-vindo e nós precisamos dele para conscientizar a justiça britânica da importância deste caso e da necessidade que a decisão seja revogada se nós quisermos continuar acreditando na benignidade de um verdadeiro sistema de proteção de direitos.

Certamente, “somos todos Julian Assange”.

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Caso da Caixa é muito maior e muito mais profundo do que se imagina

O caso Caixa Econômica Federal levou à demissão do presidente Pedro Guimarães e do vice-presidente Celso Leonardo Barbosa, mas o escândalo “é muito maior e muito mais profundo do que a gente imagina”, diz a analista e ex-jornalista Helena Chagas.

Ao GGN, Helena diz que “parece que tem quase 50 mulheres que foram assediadas e fizeram queixas internas à corregedoria, e a corregedoria abafou”.

Na última sexta-feira, já circulava a informação de um VP do banco estaria perigando – porém, em conversa com uma fonte que transita na Caixa, Helena diz que “mais dois estão perigando por causa de assédio”.

Mas isso não é necessariamente o mais grave. Segundo Helena Chagas, “esses casos estão envolvidos em ações de executivos da CEF não só para abafar os casos mas como para eliminar, tirar, transferir as mulheres que se queixavam do assédio e premiar algumas poucas que cederam aos assédios e que ascenderam a casos muito altos dentro da estrutura da Caixa”.

De acordo com Helena Chagas, as mulheres assediadas estão contando essas histórias, o que faz da Caixa Econômica Federal “uma caixa preta” tanto por conta dos executivos assediadores como das mulheres assediadas que ascenderam no comando do banco.

E Helena explica que mais coisas devem vir à público. “Eu acho que as mulheres que foram assediadas, oprimidas esse tempo todo e que sofreram perseguição profissional dentro da Caixa, elas resolveram nesse momento se unir, se juntar e sair todo mundo tocando o pau”.

A jornalista e ex-ministra afirma que circula a informação de que “o Fantástico (TV Globo) deste domingo está fazendo uma matéria de 15 minutos com depoimento das mulheres”.

Pedro Guimarães, o homem-bomba

A revelação de mais casos de assédio dentro da Caixa Econômica Federal é arrasador tanto para Pedro Guimarães – ou Pedro Maluco, como é conhecido – e para o presidente Jair Bolsonaro (PL).

Guimarães era uma das pessoas que fazia figuração nas lives semanais de Bolsonaro, saía para pescar com o presidente e, quando o ministro Paulo Guedes esteve próximo de ser demitido, tentou ser ministro da Economia.

Ele até mesmo tentou ser vice na chapa de Bolsonaro para a reeleição.

“Ele (Guimarães) era unha e carne (com Bolsonaro), e agora pelo que houve essa semana ele, Pedro, está grudado nos filhos do Bolsonaro, que estão protegendo ele”, diz Helena.

“O Pedro é um homem-bomba, o Pedro ficou ao lado do Bolsonaro esses três anos, ele sabe tudo. Então, se ele resolver detonar a bomba, eu acho que até pior que o Milton Ribeiro no MEC”, ressalta a analista política.

“Eu acho que, se esse sujeito perceber que vai se ferrar e levar a pior nesses inquéritos, nessas acusações de assédio, eu acho que ele tem condições de tocar fogo no circo”, diz Helena Chagas.

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Racismo

Vídeo: Emicida esculacha Piquet: “Chofer de jumento”

Rapper incendiou o público do Festival Turá, em São Paulo, ao comentar fala racista do ex-piloto de Fórmula 1.

O rapper Emicida aproveitou um momento de sua apresentação durante o Festival Turá, em São Paulo (SP), neste sábado (3), para trazer à tona o racismo de Nelson Piquet, bolsonarista e ex-piloto que se referiu a Lewis Hamilton, heptacampeão mundial da Fórmula 1, de maneira pejorativa.

Recentemente, veio à tona, nas redes sociais, uma entrevista concedida por Piquet a um canal do YouTube, no ano passado, em que chama Hamilton de “neguinho” mais de uma vez. O piloto bolsonarista, diante da repercussão negativa, chegou a pedir desculpas ao inglês.

“Você tá maluco, mano. Quando é que um cara do tamanho do Lewis Hamilton ia ter que escutar daquele chofer de jumento? Neguinho é o caralho!”, disparou Emicida, arrancando gritos e aplausos da plateia.

Piquet passou a ser chamado de “chofer” depois que apareceu dirigindo o Rolls-Royce que levava Jair Bolsonaro (PL) no desfile oficial da presidência do feriado de 7 de setembro.

Confira:

Piquet é denunciado no MPF

Nelson Piquet pode ser investigado pelo Ministério Público devido à forma como se referiu ao heptacampeão mundial da categoria Lewis Hamilton. Isso porque deputadas do PSOL protocolaram junto à Procuradoria do Distrito Federal uma denúncia de racismo contra o brasileiro, que recentemente se tornou uma espécie de chofer de Jair Bolsonaro (PL), conduzindo carros em cerimônias com o presidente.

Na denúncia protocolada junto ao MP, as deputadas federais Talíria Petrone (PSOL-RJ), Áurea Carolina (PSOL-MG) e Vivi Reis (PSOL-PA) afirmam que Piquet tratou Hamilton de maneira “evidentemente pejorativa” e que o racismo é “inaceitável no âmbito do Estado Democrático de Direito”. Elas pedem para que o ex-piloto seja investigado pelos crimes de discriminação e preconceito.

*com Forum

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Nunca o Antropofagista precisou tanto de seus apoiadores como agora

O momento exige de nós aquilo que Guimarães Rosa proclamou, “A vida… o que ela quer da gente é coragem”.

É com esse espírito, diante das novas realidades que nós brasileiros enfrentamos, é que estamos promovendo mudanças que consideramos decisivas para o enfrentamento objetivo desse estado de coisas porque passamos.

O bom senso nos trouxe a consciência de que não há como reivindicar uma sociedade mais justa num momento em que as desigualdades gritam, acolhendo em nosso blog publicidades, através de monetização, de empresas ou até de pessoas que compram esse espaço em um leilão, sem que possamos escolher que tipo de publicidade permitimos ou não em nosso blog.

É uma nova técnica contemporânea de utilizar o próprio espaço dos críticos do sistema para utilizá-lo a modo e gosto do freguês. Isso, praticamente tira a personalidade do nosso trabalho.

Diante dessa realidade que gera algum tipo de recurso para a manutenção do blog, o Antropofagista está se organizando para, independente do cálculo financeiro, retirar os anúncios, ou seja, retirar a monetização do blog para que resulte numa leitura mais fluida em que os leitores não tenham que ler os artigos entre publicidades em virtude da lógica da monetização.

Só teremos progresso no presente clima de acirramento político no país, sobretudo no eleitoral tão decisivo para nós, se lutarmos dentro do nosso próprio espaço para combater essas perversas técnicas universalizantes que acabam nos transformando em mulas das grandes corporações.

A nossa intenção é respaldar a ideia de que precisamos organizar o blog a partir de uma efetiva e correspondente ação que define de que lado estamos nessa guerra de informação.

Mas não podemos ficar apenas no discurso, daí essa natural tomada de decisão.

No entanto, o blog tem seus custos e o seu processo financeiro terá que ser tocado mais do que nunca com o apoio dos próprios leitores.

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Política

As semelhanças entre o pastor do MEC e o presidente da Caixa

Milton Ribeiro e Pedro Guimarães têm mais em comum do que a folha de serviços prestados ao bolsonarismo. Até caírem em desgraça, os dois cultivavam a imagem de “cidadãos de bem”, defensores da moral e dos bons costumes.

O ex-ministro da Educação desembarcou em Brasília com credenciais de pastor. Vendia-se como homem de fé, temente a Deus e à bancada evangélica. Com sua fala mansa, quase pastosa, gostava de discursar em defesa da família. Desde que ela não contrariasse os padrões impostos pela igreja.

O ex-presidente da Caixa encarnava outro tipo de “cidadão de bem”: o rico que dá lições de patriotismo e meritocracia. O executivo também se apresentava como guardião das mulheres. Numa reunião ministerial, disse estar disposto a pegar em armas para defendê-las — mas só as da própria família, é claro.

O “cidadão de bem” não cultiva a modéstia. Mira o espelho e enxerga um virtuoso. Pensa ter tantas virtudes que se julga acima da lei. Em entrevista, Ribeiro ligou a homossexualidade a “famílias desajustadas”. A declaração lhe rendeu uma denúncia por crime de homofobia.

Cinco meses depois, o pastor seria preso sob suspeita de comandar um balcão de negócios no MEC. De acordo com as investigações, o esquema cobrava pedágio para repassar verbas aos municípios. Um prefeito relatou ter recebido pedido de propina em barras de ouro.

Na quarta-feira, foi a vez de Guimarães ser despejado da Caixa. Em depoimentos ao Ministério Público Federal, funcionárias o acusaram de cometer abusos em série. Relataram toques indesejados, abordagens impróprias, convites indecentes.

O “cidadão de bem” se embrulha na bandeira, brada contra o comunismo e estufa o peito para se dizer conservador. Na verdade, só quer conservar o direito de ser machista, racista e homofóbico. Ele sabe que os tempos mudaram, mas não teme ser punido. No Brasil de 2022, o mau exemplo vem de cima.

Bibliofobia presidencial

Que Jair Bolsonaro detesta livros, não é segredo nem para as traças do Alvorada. Mas a bibliofobia presidencial tem ganhado contornos inéditos com a proximidade da eleição.

Na sexta-feira, a Biblioteca Nacional concedeu a Ordem do Mérito do Livro a Daniel Silveira. O deputado não deve ler nem a bula dos anabolizantes que consome.

Um dia antes, o capitão manifestou horror com a possibilidade da vitória de Lula: “Vai recolher as armas, clube de tiro vai virar biblioteca…”

Diplomacia do Cavalão

Às vésperas do bicentenário da Independência, Bolsonaro fez uma grosseria com o presidente de Portugal: cancelou, pela imprensa, um almoço marcado para segunda-feira.

O capitão retirou o convite ao descobrir que Marcelo Rebelo de Sousa também se encontraria com Lula. O português nem tentou simular incômodo: “É possível o almoço, tudo bem. Não é possível, ninguém morre”.

Avesso à diplomacia, Bolsonaro já acumulava episódios de incivilidade com líderes eleitos de França, Alemanha, Noruega, Estados Unidos, Argentina, Chile e Bolívia. Agora acrescenta à lista mais um chefe de estado europeu.

*Bernardo Mello Franco/O Globo

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