Tentativa de comprometer o ministro do STF e do TSE teria contado com envolvimento de Carla Zambelli, de Walter Delgatti e do próprio ex-presidente
Em setembro de 2022, três meses antes de Jair Bolsonaro e o ex-deputado Daniel Silveira se reunirem com o senador Marcos do Val (Podemos-ES) para propor um plano de gravar o ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal, como revelou VEJA na edição desta semana, ao que tudo indica, foi plantada a semente da trama de um grampeamento ilegal do magistrado. O objetivo seria flagrar Moraes em qualquer diálogo que pudesse pôr em xeque a sua parcialidade como juiz e presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) com o objetivo de causar um escândalo e, a partir disso, invalidar as eleições.
Como mostrou VEJA em agosto passado, no dia 10 daquele mês Bolsonaro recebeu no Palácio da Alvorada, fora da agenda oficial, o hacker Walter Delgatti Neto, que ficou famoso com a Vaza-Jato. Em seguida, o rapaz esteve no Ministério da Defesa. A aproximação entre Delgatti e Bolsonaro foi intermediada pela deputada Carla Zambelli (PL-SP), que era então uma das aliadas mais próximas do presidente. Na ocasião, Delgatti, Bolsonaro e Zambelli conversaram no Alvorada sobre supostas fragilidades técnicas das urnas eletrônicas.
Na primeira quinzena de setembro, Delgatti teria sido acionado por Zambelli para uma nova conversa que, como ele descobriria em seguida, seria com o próprio presidente. “Eu encontrei a outra (Zambelli) e ela levou um celular, abriu o celular novo, colocou um chip, aí ela cadastrou o chip e ele (Bolsonaro) telefonou no chip. Foi por chamada normal”, relatou Delgatti.
Nessa conversa, Bolsonaro teria proposto a Delgatti que ele assumisse a autoria de um grampeamento ilegal de Moraes que, mais cedo ou mais tarde, viria a público. “Eles precisam de alguém para apresentar (os grampos) e depois eles garantiram que limpam a barra”, confidenciou. A ideia era clara: usar o hacker para reeditar uma espécie de Vaza-Jato – o célebre vazamento de diálogos da força-tarefa da Lava-Jato que colocou sob suspeita o ex-juiz Sergio Moro e livrou Luiz Inácio Lula da Silva da Justiça –, desta vez em benefício de Bolsonaro. Nos relatos que fez, Delgatti se referia ao então presidente como Zero Um. “Ele (Bolsonaro) falou: ‘A sua missão é assumir isso daqui. Só, porque depois o resto é com nós’. Eu falei beleza. Aí ele falou: ‘E depois disso você tem o céu’”. Confira o vídeo abaixo:
Na suposta conversa com o hacker, Bolsonaro teria dito que já haviam conseguido interceptar mensagens internas trocadas entre Moraes e servidores da Justiça, nas quais o magistrado estaria discorrendo sobre supostas vulnerabilidades das urnas e uma preferência pelo candidato Lula. Esse ponto deveria ser explorado na imprensa para alegar a suspeição do ministro e tirá-lo da condução do processo eleitoral. O hacker topou de imediato a oferta e ficou de prontidão, aguardando novos contatos do núcleo duro do bolsonarismo para tratar do assunto.
À mesma época, enquanto não chegavam a ele novas informações sobre a operação, Delgatti procurou um funcionário da operadora de telefonia TIM e ofereceu a ele dinheiro para que ajudasse no grampeamento ilegal do ministro, fornecendo um chip com o mesmo número do usado por Moraes. A conversa entre o hacker e o funcionário da telefônica foi gravada sem o conhecimento de Delgatti. Nela, o hacker insinuou ao interlocutor que havia mais pessoas por trás dessa operação que resultaria em um crime. O funcionário da TIM não aceitou participar da trama.
Em 26 de setembro, ao tomar conhecimento do plano envolvendo o hacker e o Palácio do Planalto, a reportagem de VEJA registrou no 1º Ofício de Notas e Protesto de Brasília um documento que narrava a suposta articulação para grampear Moraes e fazer o hacker assumir a autoria do crime — embora grave, não havia provas sobre a história para tornar o caso público. Réu na Justiça por roubar mensagens da Lava-Jato, Delgatti é comumente descrito pelos investigadores como um mitômano, exagerando muitas vezes nas histórias e nas suas relações com os poderosos. No entanto, fatos novos ocorridos no último mês dão uma nova dimensão ao caso.
Um deles é o relato do senador Marcos do Val, revelado por VEJA na quinta-feira, 2. Ele contou que participou de uma reunião com Bolsonaro e Daniel Silveira no Palácio da Alvorada, em 9 de dezembro, na qual lhe pediram para agendar uma audiência com Moraes e levar um microfone escondido. O senador detalhou, em entrevistas, que a conversa seria transmitida em tempo real para um veículo que ficaria estacionado perto do STF, onde seria gravada. Em uma das mensagens que Silveira enviou a Do Val para combinar o plano, o ex-deputado garantiu que o senador não seria exposto — possivelmente, um terceiro assumiria a responsabilidade pelo ato criminoso. Após o caso vir a público, Delgatti comentou com interlocutores que viu no relato do senador a continuação do plano iniciado em setembro.
Outro episódio também mostra que o hacker esteve todo o tempo a serviço do bolsonarismo golpista. No início de janeiro deste ano, veículos de imprensa noticiaram que alguém entrou nos sistemas do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e expediu um falso mandado de prisão assinado por Moraes contra ele mesmo. O texto que constava do documento falso deixa claro que ele foi escrito por um típico bolsonarista. “Sem me explicar, porque sou como um deus do olimpo, (…) DETERMINO a imediata remessa (…) de todos os inquéritos de censura e perseguição política, em curso no SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, para o CNJ, a fim de que me punam exemplarmente. Diante de todo o exposto, expeça-se o competente mandado de prisão em desfavor de mim mesmo, Alexandre de Moraes. Publique-se, intime-se e faz o L”, dizia o documento falso, datado de 4 de janeiro.
Quando o episódio veio a público, o CNJ o minimizou, informando que encontrou uma “inconsistência” no Banco Nacional de Monitoramento de Prisões “causada pelo uso indevido de credencial de acesso ao sistema, que já foi devidamente bloqueada”. O que não se sabia até agora é que a invasão hacker foi mais extensa e gerou outros dois documentos falsos inseridos no sistema do Judiciário: uma ordem de bloqueio de bens de Moraes (no valor de 22,9 milhões de reais, o mesmo de uma multa imposta pelo TSE ao PL, partido de Bolsonaro) e uma quebra do sigilo bancário do magistrado (no período de outubro de 2018 a outubro de 2022, mês da eleição), com data de requisição em 4 de janeiro e prazo para resposta dos bancos de apenas três dias – um indicativo de que um dos intentos do invasor era obter acesso às contas do ministro, e não apenas pregar uma peça, ainda que a chance de sucesso fosse remota. A invasão, contudo, foi descoberta a tempo e está sendo investigada pelo CNJ e pela Polícia Federal. Delgatti contou a pessoas próximas sobre como efetuou o hackeamento. Sua aliada, Carla Zambelli, também teria mencionado o episódio com seu entorno. Procurado por VEJA, Delgatti disse que não vai comentar o episódio da invasão do CNJ.
Na semana passada, Moraes determinou que a PF investigue os relatos feitos por Marcos do Val sobre a ideia do grampo ilegal com possível envolvimento de Bolsonaro. Diante das novas revelações sobre o suposto plano ilegal, é provável que o hacker da Vaza-Jato também seja chamado a jogar mais luzes sobre a operação aloprada.
Procurados por VEJA para comentar a operação hacker, Bolsonaro não foi localizado e Zambelli não retornou os pedidos de entrevista.
*Com Veja
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Planejamento inclui envio de 500 homens de diversas forças e cerco logístico para impossibilitar permanência de garimpeiros na floresta.
Segundo O Globo, o governo Lula pretende começar nesta semana, de forma gradual, uma megaoperação para expulsar mais de 20 mil garimpeiros ilegais que permanecem como invasores na reserva indígena do povo Ianomâmi — a maior do país, com 96 mil quilômetros quadrados de extensão. Antes do efetivo sair em campo as autoridades vão tentar promover o chamado “estrangulamento logístico” da atividade irregular. Isto é, bloquear os acessos e desmontar os entrepostos que abastecem os garimpos com mão de obra, combustível e alimentos.
A ideia é que, sem os insumos, os criminosos se retirem do território sem precisar recorrer à força. Os primeiros garimpeiros saíram da região no fim de semana “espontaneamente”, divulgou o governo de Roraima. A ação de asfixia logística inclui, por exemplo, retenção de barcos que levam combustível para a região dos garimpos.
Múcio viaja na quarta
Diante do tamanho do território, que equivale a quase o estado inteiro de Pernambuco (98 mil km²), a ação deve contar com mais de 500 homens da Polícia Federal (PF), Exército, Marinha, Força Aérea Brasileira, Ibama, Funai e Força Nacional; e durar mais de dois meses. <SW>
O ministro da Defesa, José Múcio, viajará nessa quarta-feira, ao lado de comandantes militares, para marcar o início das ações.
A primeira parte deste plano já foi posta em ação na semana passada. A Força Aérea Brasileira (FAB) ativou a chamada Zona de Identificação de Defesa Aérea (ZIDA) no espaço da região. Aplicado principalmente para capturar aviões do narcotráfico, o procedimento envolve interceptar voos suspeitos que atravessem a chamada “área vermelha”. Se o piloto não atender às ordens nem aos tiros de advertência dos jatos da FAB, a aeronave pode ser abatida no ar. Situada em uma área de difícil acesso e florestas intactas em Roraima e Amazonas, boa parte dos garimpos são mantidos por aviões e helicópteros.
A outra parte do plano consiste em montar blitz nos rios para restringir o tráfego fluvial de balsas que também transportam insumos aos garimpos. O problema é que, na atual época das chuvas, a bacia amazônica se multiplica em diversos rios, igarapés e igapós que são utilizados pelos criminosos para desviar das autoridades.
A operação de estrangulamento também envolve a atuação de três agências federais: de Petróleo (ANP), de Aviação Civil (Anac) e de Telecomunicações (Anatel). A ANP fiscaliza a comercialização de combustível para as aeronaves e motores de garimpo. A Anac rastreia as rotas aéreas e aeródromos suspeitos. E a Anatel consegue mapear por monitoramento de radiofrequência a concentração dos garimpeiros no meio da selva.
Agentes de inteligência da PF, Ibama e Funai têm passado os últimos dias levantando dados sobre a localização das áreas de garimpo na reserva indígena. Eles contam com um sistema de imagens por satélite que mostra em tempo real a presença de dragas nos rios e áreas devastadas.
Em operações anteriores, a PF já mapeou mais de dez campos de garimpo espalhados pelos rios Homoxi, Uraricoera e Catrimani. Em uma das últimas incursões realizadas em 2021, os agentes se depararam com uma comunidade que mantinha mais de 2.000 pessoas, com uma infraestrutura de bares, lan house, oficina mecânica, prostíbulo, mercado e até um consultório odontológico, segundo relatório da Polícia Federal.
Um decreto do presidente Lula também permitiu “neutralizar”, ou seja, destruir o maquinário usado no garimpo, como retroescavadeiras.
As autoridades também devem tomar mais cautela em função da presença do crime organizado na região e possíveis reações por parte dos garimpeiros. Em maio de 2021, um bando munido de fuzis e balaclavas abriu fogo contra a comunidade ianomâmi de Palimiú. Desde aquela época, investigações policiais passaram detectar a iniciativa de membros de facções em se apropriar de campos de garimpo na terra ianomâmi, além de utilizarem o local para fugirem da polícia.
Fuga de garimpeiros
No fim de semana, o governo de Roraima informou que trabalhadores do garimpo ilegal começaram a deixar “espontaneamente” a terra indígena Ianomami, diante das notícias de que o governo federal deve retirar os garimpeiros da região.
Vídeos divulgados pelo governo estadual mostram trabalhadores do garimpo entrando em canoas para deixar o território, de acordo com o comunicado. Alguns, sem sucesso, ainda buscam voos clandestinos.
“São homens, mulheres e crianças que, tendo conhecimento das operações que deverão ocorrer nos próximos dias, resolveram se antecipar e evitar problemas com a Justiça”, diz o Estado.
No sábado, a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, afirmou que o governo federal também acompanha a saída dos garimpeiros do local.
— Temos informações que garimpeiros já estão saindo. É bom que saiam, é bom que reduz nosso trabalho. São 20 mil garimpeiros para serem retirados — disse a ministra.
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AS PROVAS QUE LIGAM MICHELLE BOLSONARO AO CAIXA 2 DA PRESIDÊNCIA
EX-PRIMEIRA-DAMA É SUSPEITA DE SE BENEFICIAR DE “RACHADINHA”
AS CONFUSÕES QUE FIZERAM FILHOS DE BOLSONARO SEREM EXPULSOS DO PALÁCIO
O MISTERIOSO SUMIÇO DAS PICANHAS E DAS “MOEDAS DA SORTE” DA RESIDÊNCIA OFICIAL
FUNCIONÁRIOS DENUNCIAM ASSÉDIO E PERSEGUIÇÃO COM AVAL DOS BOLSONAROS
Rodrigo Rangel E Sarah Teófilo*
As infiltrações no teto, os móveis terrivelmente deteriorados e o piso de jacarandá esburacado e sem manutenção são só a face aparente de uma fase do Palácio da Alvorada que, embora não tenha nada de áurea ou épica, a história não poderá jamais esquecer.
Para além dos já conhecidos estragos deixados para trás, nos quatro anos em que esteve à disposição de Jair e Michelle Bolsonaro, o prédio projetado por Oscar Niemeyer para ser a principal residência da Presidência da República do Brasil foi lugar de confusões barulhentas, assédio moral a funcionários e de transações financeiras pouco usuais que vão ao encontro das suspeitas de caixa 2 reveladas há duas semanas pela coluna e que, neste momento, estão sob investigação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
Relatos de quem viveu o cotidiano do palácio nos últimos anos, documentos e outros registros inéditos, como gravações e mensagens de WhatsApp, revelam segredos do período em que a residência oficial foi ocupada pelos Bolsonaros e escancaram a diferença abissal entre o discurso público do ex-casal presidencial e o comportamento adotado longe dos holofotes, por detrás das vidraças do Alvorada.
Para esta reportagem, ao longo das últimas semanas entrevistamos vários funcionários do palácio, incluindo militares. Alguns aceitaram gravar depoimentos, desde que não tivessem suas identidades reveladas. Outros concordaram apenas em contar o que viram, sem registro em vídeo.
De cima a baixo na hierarquia do Alvorada, do restrito staff que servia à família até, literalmente, a turma que cuida dos gramados onde passeiam as emas, há histórias ilustrativas de um lado do poder que destoa – e destoa bastante – daquele que é exibido costumeiramente ao distinto público.
Histórias como as do pastor evangélico amigo de Michelle presenteado com o cargo de administrador do palácio que esculhambava os subordinados e ameaçava até suspender o lanche de quem ousasse questioná-lo — tudo, segundo ele próprio disse em uma reunião gravada às escondidas, com aval da então primeira-dama.
Há mais. Michelle, com alguma frequência, protagonizava brigas colossais com Carlos e Jair Renan, os filhos 02 e 04 de Jair Bolsonaro. Numa dessas confusões, na frente dos empregados, o 04 precisou ser contido pelo pescoço por um segurança.
Bolsonaro, em um dia de fúria, arrombou a adega do palácio – sim, o então presidente da República pôs abaixo, com o pé, a porta do cômodo onde fica guardado o estoque de vinhos da residência oficial.
Já nos estertores do governo, funcionários da confiança de Bolsonaro e de Michelle levaram embora caixas e mais caixas de picanha, camarão e bacalhau comprados com dinheiro público que estavam armazenadas na câmara frigorífica anexa à cozinha.
Ainda nos últimos dias de 2022, moedas jogadas por turistas no espelho d’água que enfeita a entrada do Alvorada foram “pescadas” e carregadas pelo “síndico” do palácio, também com autorização de Michelle – supostamente para serem doadas a uma igreja.
Alguns dos episódios, ainda que relevantes, são quase pitorescos. Mas há outros graves – ou gravíssimos. Os funcionários relatam como se dava o fluxo de dinheiro – dinheiro vivo – entre o Palácio do Planalto e o Alvorada para bancar despesas privadas da primeira-dama e de seus parentes.
Com regularidade, várias vezes por mês, a equipe encarregada de auxiliar Michelle recebia a incumbência de passar no Planalto para pegar os recursos, em espécie, na sala do tenente-coronel do Exército Mauro Cesar Cid, o agora notório ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
Cid, que após a reportagem publicada aqui no último dia 20 tornou-se o pivô da queda do comandante do Exército, é investigado, entre outras coisas, pela suspeita de gerenciar o caixa 2 palaciano com verbas que tinham como origem, inclusive, saques feitos na boca do caixa com cartões corporativos do governo.
Mensagens obtidas com exclusividade pela coluna mostram que bastava um pedido de Michelle para que Cid autorizasse os assessores da primeira-dama a retirarem o dinheiro, no Planalto, com algum dos militares que integravam seu time na ajudância de ordens do então presidente da República. Também era ele quem providenciava depósitos, igualmente em dinheiro vivo, na conta pessoal da mulher de Jair Bolsonaro.
Há evidências, ainda, de que Michelle, primeira-dama do Brasil até 31 de dezembro passado, recebia com regularidade, no Alvorada, envelopes de dinheiro enviados por Rosimary Cardoso Cordeiro, amiga íntima que no primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro viu seu salário de assessora no gabinete de um senador governista ser quase triplicado.
Os indícios, que poderão ser esquadrinhados minuciosamente na investigação em curso no STF, apontam para mais uma “rachadinha” no ex-clã presidencial.
Áudios e outros registros aos quais a coluna teve acesso comprovam que assessores de Michelle no Palácio da Alvorada tinham por tarefa pegar com Rosi – seja no prédio dela, no Riacho Fundo, região administrativa do DF, seja em um ponto de encontro entre o Planalto e o Congresso Nacional — os envelopes recheados de notas de reais.
Michelle e o “pastor-capeta”
Se para o público externo a ex-primeira-dama tentava se mostrar sempre afável e sorridente, quem convivia com ela na intimidade do Alvorada relata uma rotina bem diferente, cheia de sobressaltos.
Descrita como uma pessoa temperamental, de humores que mudavam de supetão, Michelle costumava destratar a equipe de funcionários escalada para auxiliá-la. Algumas assessoras chegaram a pedir para deixar o trabalho, queixando-se da maneira como eram tratadas.
Pelo menos uma delas cogitou processar a então primeira-dama por assédio. Acabou desistindo do plano por entender que não teria força para levar adiante uma querela judicial contra alguém que, àquela altura, estava no topo do poder. Outra assessora foi embora sem ouvir nem sequer um obrigado.
O relacionamento difícil de Michelle com o staff que a atendia mais proximamente se refletia nas demais relações de trabalho dentro do palácio, inclusive naquelas que envolviam pessoas simples, como jardineiros e funcionários da limpeza.
O Alvorada está num terreno que equivale a 50 campos de futebol, à beira do Lago Paranoá. De área construída, o edifício inaugurado em 1958 tem 7 mil metros quadrados, distribuídos em três pavimentos. Para funcionar, a megaestrutura palaciana conta com uma tropa de empregados, civis e militares. São cerca de duas centenas de pessoas, que cuidam do atendimento mais direto aos inquilinos de momento – há maître, garçons, cozinheiros, camareiros, motoristas – e dos serviços de manutenção predial e dos jardins.
Em fevereiro de 2021, a tarefa de comandar a máquina do Alvorada foi confiada por Michelle ao pastor Francisco de Assis Castelo Branco, próximo da família desde os tempos em que ela e Bolsonaro moravam no Rio. Francisco, ou Chico, como era chamado na intimidade do clã, é marido de Elizângela Castelo Branco, intérprete de Libras que, de tão íntima da ex-primeira-dama, chegou a acompanhá-la na viagem de fim de ano à Flórida. Ainda no Rio, Michelle, Elizângela e Francisco integravam um núcleo da Igreja Batista Atitude voltado à comunidade surda.
Com a vitória de Bolsonaro nas eleições de 2018, o casal se mudou para Brasília e foi empregado no governo. Francisco ganhou primeiro um cargo no Planalto, com salário de R$ 5,6 mil. Depois, foi transferido para o Alvorada ganhando quase o dobro. Na função de coordenador do palácio, ganhou dos empregados o epíteto de “pastor-capeta” pelo rigor com que tratava os subordinados. A fama de mau não demorou a vir, graças à maneira como lidava com empregados e às sucessivas demissões que promoveu. Teve gente que foi mandada embora porque levou para casa algumas mangas do pomar do palácio – o que antes da chegada dele era algo corriqueiro. “Ele assediava as pessoas e ameaça de demissão o tempo todo. E dizia que a primeira-dama tinha conhecimento de tudo e autorizava essa postura”, afirma um dos funcionários que aceitaram dar entrevista (assista, a seguir, a um dos depoimentos).
No ano passado, o pastor convocou uma reunião com os empregados da empreiteira contratada pelo governo para cuidar da jardinagem do Alvorada. O motivo: ele queria chamar a atenção de funcionários que haviam se queixado porque estavam sendo obrigados a limpar um banheiro de serviço – como eram contratados para cuidar do jardim, alguns alegavam que estavam em desvio de função. Sobrou para todos. Em 25 minutos de monólogo, Francisco desfilou a arrogância que lhe rendeu o apelido indesejado. “Quem não pode limpar o banheiro não pode nem cagar. Caga no mato, então, caga em casa. Entendeu? Usa aquela bolsa. Porque é sacanagem isso”, estrilou. Ele ameaçou cortar o lanche que era oferecido diariamente ao grupo. O pastor ainda explicou, do seu modo, sem papas na língua, por que empregados da Novacap, a companhia urbanizadora de Brasília, haviam sido cortados do Alvorada: além de “velhos”, disse, eram “preguiçosos”. O tom de ameaça era explícito (ouça a seguir os principais trechos da reunião).
A decisão de proibir os funcionários de escalão mais baixo de entrar na área do palácio portando telefones celulares gerou situações desagradáveis. Uma senhora passou o dia sem saber que um parente havia morrido, relata um ex-empregado. Ela só recebeu a notícia ao final do expediente porque o administrador não havia nem sequer deixado um telefone por meio do qual os funcionários poderiam ser acionados por familiares em caso de emergência. “Ele destratava os empregados, especialmente os mais humildes”, diz um militar que lidava com frequência com o pastor.
O sumiço da picanha e das “moedas da sorte”
O pastor Francisco também é personagem de dois episódios ocorridos no Alvorada já nos derradeiros dias do governo Bolsonaro e que, até agora, eram conhecidos apenas por quem vive os bastidores do palácio.
Na primeira visita que fez à residência após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva, a atual primeira-dama, Janja da Silva, e seus auxiliares disseram que não teriam interesse nos mantimentos perecíveis – comprados com dinheiro público – que os Bolsonaro deixariam na despensa. Janja, então, autorizou os funcionários a dividirem o farnel entre si. Ocorre que foram poucos, ou pouquíssimos, os que se beneficiaram.
Funcionários relatam que os itens de maior valor, como carnes nobres – peças de picanha e filé mignon, por exemplo – e fardos de camarão e bacalhau, simplesmente desapareceram. Testemunhas dizem que um grupo restrito de funcionários ligados à administração fez a limpa na despensa, sem compartilhar com os demais.
Numa adaptação para os trópicos de um costume típico de atrações como a Fontana di Trevi, em Roma, turistas que visitam o Alvorada jogam moedas no espelho d’água que decora a frente do palácio presidencial. É um gesto que, diz a crença popular, traz sorte. Pouco antes de os Bolsonaro deixarem o palácio, funcionários receberam uma ordem para esvaziar o fosso e juntar as milhares de moedas acumuladas ali. Pastor Francisco – de novo ele – foi quem tomou a frente. Disse que o pedido havia sido feito por Michelle Bolsonaro.
A “pescaria” rendeu um balde cheio – não se sabe exatamente quanto havia. Funcionários dizem que Francisco levou as moedas embora, dizendo que as doaria para uma igreja. “Se ele doou ou não, não sei, mas ele falou que era a mando da Michelle”, relata um empregado do palácio. O pastor Francisco, a despeito da amizade íntima com o casal Bolsonaro, até se movimentou para ficar no Alvorada de Lula. Não conseguiu. Foi exonerado no último dia 5 de janeiro.
Bolsonaro e o arrombamento da adega do palácio
Imagine um presidente da República, em um lance de fúria, dando um chute e derrubando uma porta a pontapés dentro do palácio presidencial. Pois isso aconteceu.
Jair Bolsonaro recebia um visitante no Alvorada quando teve a ideia de presenteá-lo com uma garrafa de vinho. Os dois foram, então, até a adega, instalada em um dos cômodos do subsolo do palácio, perto da cozinha.
Ao chegar lá, o então presidente encontrou a porta trancada e pediu aos empregados de plantão que lhe trouxessem a chave. Foi avisado de que havia uma ordem expressa de Michelle para que a adega não fosse aberta para absolutamente ninguém – nem mesmo para ele.
Para frear a farra do garoto, seu desafeto, a saída foi mandar trancar a adega e baixar a determinação, que passou a ser cumprida a ferro e fogo.
Os funcionários tinham mais medo da primeira-dama do que do próprio Bolsonaro. Muitas vezes, dentro do palácio, aquele personagem autoritário e machista que era conhecido à larga pelos brasileiros assumia outra versão, a de um marido obediente e resignado. Era quase sempre assim. Mas havia exceções e o capitão mandão e abrutalhado voltava à cena.
Até chegar na adega, Bolsonaro não sabia da ordem de Michelle. Descobriu quando passou pelo constrangimento de, na frente do convidado, ouvir dos funcionários que a porta simplesmente não poderia ser aberta. Enfurecido, diante da visita e dos serviçais, arrombou a adega e pegou a garrafa de vinho que queria dar de presente. Não sem antes se queixar da situação. A porta passou dias quebrada (veja o relato no vídeo a seguir).
A guerra de Michelle com Carluxo e Jair Renan
A relação de Michelle Bolsonaro com os filhos dos casamentos anteriores de Jair Bolsonaro nunca foi das melhores. As rusgas eram comuns. Flávio e Eduardo Bolsonaro, o 01 e o 03, ainda se esforçavam para manter alguma proximidade. Com Carlos Bolsonaro e Jair Renan, o 02 e o 04, porém, era guerra quase permanente. No período em que Bolsonaro e Michelle ocuparam o Alvorada, o palácio foi palco de várias brigas estrepitosas da dupla com a então primeira-dama. Uma delas se deu no dia do debate presidencial em que Bolsonaro e Lula se enfrentaram pela última vez antes do segundo turno da eleição.
Os funcionários contam que Carlos chegou ao palácio acompanhado dos seguranças de sua escolta e foi impedido de entrar. Ordens de Michelle. Seguiu-se um barulhento bate-boca entre ele e o administrador da residência, o pastor Francisco Castelo Branco, encarregado pela então primeira-dama de fazer valer a proibição. Carluxo ainda tentou insistir, mas não houve jeito. Chorando e gritando pelo estacionamento do palácio, ele foi obrigado a ir embora.
Bolsonaro, que tinha passado as horas anteriores se preparando para o confronto com Lula, foi avisado da contenda. No meio do fogo cruzado, ficou enfurecido, mas não houve muito o que fazer. Corroborando os relatos dos funcionários, assessores próximos do ex-presidente relataram à coluna que a briga o abalou e fez com que ele chegasse nervoso para o debate.
Bolsonaro se queixava do tratamento que Michelle dispensava a Carlos e Jair Renan. Por mais de uma vez, desabafou sobre o assunto com empregados, com os quais tomava café com alguma frequência. Dizia que, enquanto seus filhos eram proibidos de ir ao palácio, a família de Michelle tratava o Alvorada como extensão da própria casa. “Ele reclamava dizendo que, principalmente nos finais de semana, a Ceilândia estava em peso lá. E isso era verdade”, afirma um funcionário. “A Ceilândia” era a maneira como Bolsonaro se referia aos parentes de Michelle que moram na cidade-satélite de Brasília.
As comparações entre os dois lados com o outro eram inevitáveis. Entre os funcionários era sabido que os parentes de Michelle tinham acesso livre a itens da despensa e aos serviços da cozinha do palácio. Dona Helena, a tia da primeira-dama que trabalhava como babá de Laura, a filha do então casal presidencial, levava para casa com certa frequência pacotes de comida preparados especialmente para ela pelos cozinheiros da residência oficial com autorização de Michelle.
Jair Renan, por um período, gozou de mordomia parecida. No período em que morou no apartamento que o pai mantém no Sudoeste, bairro nobre da capital, ele não só passava regularmente no depósito de alimentos do Alvorada para recolher itens e abastecer a própria despensa como era servido, diariamente, com comida fresca preparada na cozinha do palácio que os motoristas da Presidência eram incumbidos de entregar, a bordo de carros oficiais. Até que veio um dos entreveros com Michelle e uma das regalias foi cortada sumariamente.
A suspensão da “entrega de marmita” para o 04 – era assim que os servidores se referiam à tarefa – se deu após uma apimentada intriga palaciana. Os funcionários avisaram Michelle de que, a certa altura, Jair Renan passou a pedir comida não só para si, mas também para uma segunda pessoa. Não demorou para que alguns funcionários do staff envenenassem a primeira-dama dizendo que a tal “segunda marmita” era para a mãe do 04, Ana Cristina Valle. A ex de Jair Bolsonaro e Michelle são inimigas declaradas. A primeira-dama, então, ordenou que as entregas pela equipe do Alvorada, uma espécie de iFood oficial, à custa dos cofres públicos, fossem cortadas de vez.
As visitas em que 04 fazia da despensa do Alvorada seu mercado particular costumavam ocorrer quando o pai dele estava no palácio. Em uma das ocasiões, Bolsonaro estava fora e Jair Renan foi mesmo assim. Michelle foi avisada e foi ao encontro dele. Logo estava armado mais um barraco presidencial. Houve dedos em riste e xingamentos de parte a parte, na frente dos funcionários. Jair Renan chegou a avançar na direção dela e precisou ser contido pelo segurança que o acompanhava.
A suspeita de “rachadinha” com a amiga
Na reportagem publicada pela coluna no último dia 20, mostramos que Michelle Bolsonaro usava um cartão de crédito adicional de Rosimary Cardoso Cordeiro, uma amiga de mais de 15 anos que conheceu quando ambas trabalhavam em gabinetes da Câmara dos Deputados.
Investigações conduzidas pela Polícia Federal sob o comando do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, descobriram que as faturas do cartão eram pagas com dinheiro em espécie administrado pelo tenente-coronel Mauro Cesar Cid, ajudante de ordens e um dos principais homens de confiança de Jair Bolsonaro até 31 de dezembro.
A relação insólita já havia despertado a curiosidade dos investigadores. Por que, afinal, a primeira-dama do Brasil usava um cartão de uma terceira pessoa, e os boletos eram pagos sempre em espécie pelo militar suspeito de administrar uma espécie de caixa 2 dentro da Presidência em que se misturavam recursos públicos e privados, inclusive de saques de cartões corporativos oficiais?
Novos elementos obtidos pela coluna atestam que a desconfiança dos policiais não era sem razão. Eles mostram que a relação entre as duas amigas ia bem além do cartão emprestado.
A carreira de Rosi, antes uma assessora parlamentar ordinária remunerada com salários relativamente baixos, teve um salto meteórico que coincide com a ascensão de Michelle Bolsonaro ao posto de primeira-dama.
Assessora do senador bolsonarista Roberto Rocha, do PTB do Maranhão, cujo mandato terminou na última terça-feira, ela ganhava pouco mais de R$ 6 mil até os primeiros meses do governo Bolsonaro. Por ser amiga íntima de Michelle e representar uma oportunidade de estreitar laços entre o parlamentar e o novo governo por suas relações com a família presidencial, logo ela foi promovida. Passou a ganhar quase R$ 17 mil.
A promoção coincide com um movimento que a investigação de Moraes e da PF será capaz de esquadrinhar à perfeição. Com salário novo e vitaminado, Rosi passou a enviar para a primeira-dama “encomendas” regulares – muitas vezes, envelopes cujo conteúdo era possível identificar no tato: dinheiro em espécie.
Funcionários do Palácio do Alvorada tinham autorização permanente para realizar a operação de busca-e-traz, a bordo de carros oficiais da Presidência. Pegavam as tais encomendas com Rosi nas proximidades do Congresso Nacional ou no prédio dela, no Riacho Fundo. Levavam para o Alvorada.
A tarefa, regular, era conhecida das pessoas que integram o staff de confiança de Michelle. Há registros em profusão dessas operações. Entre os funcionários, havia quase uma certeza: a de que
Rosi repassava a Michelle uma parte do salário que ganhava no Senado – algo que a simples quebra do sigilo bancário da amiga poderá demonstrar.
Cabia à própria Rosi, tratada na intimidade do palácio pelo apelido carinhoso de Chuchu, acionar os auxiliares de Michelle, como mostra este áudio, em que ela pede para buscar a “encomenda da Mi”:
Na quarta-feira, Rosimary escoltou Michelle Bolsonaro na visita que a agora ex-primeira-dama fez ao Senado para pedir votos em favor do senador Rogério Marinho, candidato do bolsonarismo à presidência da casa, que seria derrotado horas depois por Rodrigo Pacheco. Sem emprego após o término do mandato de Rocha, está tudo certo para Rosi ser nomeada nos próximos dias como assessora do gabinete de Damares Alves, outra amiga do peito da ex-primeira-dama.
“O salário que ela tinha lá eu não vou manter, não tenho condições. Vai ser menos. (…) Mas entre ela ficar desempregada e ficar lá comigo, neste momento ela vai ficar comigo. Pelo menos o básico é garantido”, disse Damares à coluna nesta sexta-feira.
O caixa 2 e a “cliente vip”
As investigações do STF que miram o tenente-coronel Cid por suas transações financeiras com dinheiro em espécie no gabinete de Jair Bolsonaro trarão Michelle como uma espécie de cliente vip dos serviços do militar.
Mensagens e outros documentos aos quais a coluna teve acesso mostram que, a cada vez que precisava de algum dinheiro, a primeira-dama mandava que seus auxiliares passassem no Planalto para buscar dinheiro com Cid. As operações, invariavelmente, envolviam recursos em espécie. Dinheiro vivo mesmo.
Um time da confiança do tenente-coronel, formado por pelo menos outros três oficiais, estava sempre de prontidão e em condições atender, seja para fazer depósitos solicitados por Michelle, seja para entregar valores que eram usados pelos próprios auxiliares da então primeira-dama para pagar boletos e outras despesas de ordem particular, dela ou de familiares dela.
Uma das despesas regulares pagas dessa forma era a mensalidade do curso de arquitetura de uma meia-irmã da primeira-dama, Geovanna Kathleen:
Por vezes, Michelle pedia que Cid entregasse a seus funcionários recursos que, na sequência, eram entregues em mãos a seus parentes, na Ceilândia. Em outras ocasiões. Tudo era tratado, quase sempre, por meio de mensagens de WhatsApp, o que está facilitando enormemente o trabalho dos investigadores a serviço de Alexandre de Moraes.
Na própria nuvem de dados de Cid há um conjunto de mensagens que dão o caminho. Como esta, em que um assessor da então primeira diz ao militar que “dona Michelle” havia pedido para “fazer um saque” para pagar um boleto de parcos R$ 584,60. Cid responde prontamente: “Só peça dinheiro a mando dela!!!”. “Eu estou indo pra rua agora qualquer coisa eu passo no planalto e pego”, escreve na sequência o assessor de Michelle.
Em algumas oportunidades, os valores solicitados eram maiores. Em 11 de janeiro de 2021, por exemplo, um assessor do Alvorada diz a Cid que Michelle pediu para transferir R$ 3 mil na conta dela.
Quando tinha que atender pedidos para destinar recursos à conta pessoal da primeira-dama, a equipe de Cid fazia depósitos em espécie, na boca do caixa, como mostra o comprovante abaixo.
Os segredos do Alvorada da era Bolsonaro ainda têm muito o que render.
*Metrópoles
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Conselho Indígena enviou ofício a autoridades, após ser informado de que adoções ilegais de Yanomamis estariam ocorrendo em Roraima.
O ministro dos Direitos Humanos e Cidadania (MDHC), Silvio Almeida, declarou nesta sexta-feira (3/2) que a pasta investiga as denúncias de que crianças Yanomamis estariam sendo retiradas dos pais. O Conselho Indígena de Roraima (CIR) enviou um ofício a autoridades, no início da semana, questionando os processos de adoção de indígenas no estado.
No documento, o CIR diz ter recebido informações de que crianças indígenas da comunidade, ao chegarem às cidades em busca de atendimento médico, estariam sendo separadas das famílias e encaminhadas para abrigos. O órgão questiona se tais medidas estão ocorrendo em conformidade com a lei.
Segundo o ministro, a Secretaria Nacional que cuida do tema teve uma reunião com autoridades judiciárias para saber o estado desses processos. “Se não for legal, não é adoção, é sequestro. A gente precisa entender o que está acontecendo”, frisou.
O ofício do Conselho Indígena foi enviado na segunda-feira (30/1) para Funai, Ministério Público, Vara da Infância, secretarias de Saúde e do Trabalho de Roraima, ao Conselho Tutelar do estado, a um hospital e abrigos infantis.
Silvio Almeida emendou que historicamente “não é incomum” esse tipo de situação ocorra com a “fragilidade das comunidades”.
“Aconteceu na ditadura. Ou seja, situações de fragilidade sociopolíticas fazem com que a família seja profundamente afetada. Não se pode ser defensor da família e se calar diante disso”, prosseguiu.
Processo de adoção
Ao Metrópoles, o coordenador do departamento jurídico do CIR, Junior Nicácio, explicou que a associação foi informada por comunidades indígenas de que meninas e meninos da etnia Yanomami estariam abandonadas em abrigos, aguardando uma família adotante.
“Recebemos denúncias de que crianças indígenas foram retiradas das suas famílias para adoção. Entre eles, o caso de uma menina indígena, que os pais estão há 4 meses em Roraima tentando entender porque ela foi retirada da aldeia e do vínculo familiar”, explica Nicacio.
De acordo com ele, o CIR foi informado que, no momento, duas crianças estão em processo de adoção, e cinco se encontram em acolhimento em instituições de Boa Vista. “Queremos entender se esse processo de adoção levou em consideração o direito de povos indígenas, e se o processo respeitou as normas para ocorrer legalmente”, explica.
Relatório
O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) divulgou, na segunda-feira (30/1), o levantamento inicial das omissões do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, pasta do governo de Jair Bolsonaro (PL) que era ligada à área. Foram identificados sete processos administrativos sem resposta.
O levantamento foi encaminhado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública a fim de que os fatos sejam investigados. A iniciativa também implicará na responsabilização de agentes que promoveram ações deliberadas contra a dignidade humana na gestão passada.
O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania aponta que o MMFDH ignorou a denúncia de primeira morte por Covid-19 entre os Yanomami, sugeriu veto à obrigação do fornecimento de água e equipamentos básicos durante a pandemia além de ter negado planejamento assistencial em favor de crianças e adolescentes indígenas.
Entre os processos levantados pelo MDHC constam, ainda, negativa de assistência humanitária ao governador do Estado de Roraima e a suspensão de policiamento ostensivo em favor do indígena Davi Kopenawa, integrante do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos da pasta, expondo-o a atentado em novembro de 2022.
*Com Metrópoles
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Em 9 de dezembro do ano passado, Lula ainda não havia sido diplomado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), manifestantes continuavam acampados em frente aos quartéis pedindo intervenção militar e Jair Bolsonaro quebrou o silêncio após mais de um mês de uma reclusão voluntária. Na tarde daquele dia, o presidente reapareceu no famoso cercadinho do Palácio da Alvorada, se desculpou por eventuais erros, disse que seu futuro dependia dos apoiadores e exaltou sua ligação com as Forças Armadas – um discurso aparentemente sem sentido para quem não havia dito uma única palavra até então sobre a derrota nas urnas. O fato é que Bolsonaro, assim como muitos de seus aliados, ainda acreditava numa virada de mesa. Logo depois do enigmático pronunciamento do cercadinho, ele participou de uma reunião na qual revelou a arquitetura de um plano para anular o resultado das eleições, impedir a posse de Lula e permanecer no poder – uma investida que não prosperou porque um dos escalados para executar a operação se recusou a participar da trama.
Por Leonardo Caldas Atualizado em 3 fev 2023, 09h56 – Publicado em 2 fev 2023, 08h41
As indicações de que o ex-presidente da República se envolveu numa tentativa de conspirata estão num conjunto de mensagens a que VEJA teve acesso. Faltavam 21 dias para terminar o governo e Bolsonaro ainda não havia reconhecido o resultado da eleição. Deprimido, repetia a todo instante que o processo havia sido fraudado e que era preciso mostrar isso de maneira clara ao país. Com o apoio de um grupo muito restrito, foi elaborado então o seguinte plano: alguém de confiança do presidente se aproximaria do ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE, devidamente equipado para gravar as conversas do magistrado com o intuito de captar algo comprometedor que servisse como argumento para prendê-lo. Esse seria o estopim que desencadearia uma série de medidas que provavelmente atirariam o país numa confusão institucional sem precedentes desde a redemocratização. Na reunião do Alvorada, Bolsonaro descreveu os detalhes dessa operação. Estavam presentes, além dele, dois parlamentares aliados: o deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) e o senador Marcos do Val (Podemos-ES).
Uma das mensagens obtidas por VEJA foi enviada por Marcos do Val a Alexandre de Moraes no dia 12 de dezembro, às 20h56, três dias depois da reunião no Palácio da Alvorada. Nela, o congressista pede para falar pessoalmente com o magistrado, diante da gravidade do que havia tomado conhecimento. “Dia emblemático”, escreveu o parlamentar, remetendo aos acontecimentos registrados em Brasília naquelas últimas horas. Pela manhã, Lula havia sido diplomado pelo TSE. À tarde, manifestantes bolsonaristas tentaram invadir a sede da Polícia Federal para resgatar um preso, seguido de um confronto com a polícia e atos de vandalismo que deixaram um rastro de destruição pela cidade. Depois da ressalva inicial, Do Val justificou a urgência em encontrar o ministro: “Precisava falar como foi o encontro com o PR e o DS”. PR era o presidente da República. DS era o deputado Daniel Silveira. O senador relatou que os dois haviam lhe convidado para participar do que ele definiu como “uma ação esdrúxula, imoral e até criminal”. O ministro agendou o encontro pessoal para dali a dois dias.
Moraes já estava informado de que algo estranho estava sendo tramado. Um primeiro alerta havia sido feito pelo próprio Marcos do Val. Dois dias antes da reunião no Alvorada, o senador foi procurado por Daniel Silveira durante uma sessão do Congresso. O deputado disse que Bolsonaro tinha um assunto importante e urgente para falar com ele. Na sequência, ligou para o presidente e passou o telefone ao senador. Foi uma conversa rápida, na qual o mandatário comentou apenas que tinha uma questão que precisava ser resolvida de imediato e perguntou se o senador não podia “dar um pulinho” no palácio. O encontro foi combinado para dois dias depois. Daniel Silveira é investigado num inquérito sigiloso conduzido por Alexandre de Moraes, já foi condenado e preso por ameaça ao estado democrático de direito. Do Val sabia disso e, preocupado em se envolver em algo que pudesse prejudicá-lo, achou por bem comunicar o ministro sobre a reunião com o presidente da República e o deputado.
A preparação para a reunião foi cercada de cuidados absolutamente incomuns. Por sugestão de Daniel Silveira, ficou combinado que ele e o senador se refeririam ao encontro apenas por códigos. No dia marcado, o deputado passou uma mensagem de áudio a Marcos do Val para instruí-lo sobre como chegar ao destino, de maneira discreta, sem serem vistos: “Vou te mandar a minha localização, mas tu não entra não, no Alvorada. E nem chega perto da entrada. Tu não vai aparecer. Tu vai parar o carro no estacionamento que eu vou te mandar a localização. Eu vou estar ali. O carro vai vir buscar a gente”. E assim foi. Por volta das 17h30 do dia 9, Marcos do Val seguiu com seu motorista até a localização enviada pelo deputado por GPS – um via que dá acesso ao Palácio do Alvorada, próxima ao Palácio do Jaburu, a residência oficial do vice-presidente. Lá, distante de olhos curiosos, os dois embarcaram num carro da segurança do presidente da República até o Alvorada, que fica alguns metros à frente, onde entraram sem deixar qualquer registro na portaria.
A reunião com o presidente durou cerca de 40 minutos. Era uma sexta-feira. Bolsonaro recebeu os visitantes vestido de bermuda, camisa de mangas curtas e chinelo. Os três falaram sobre vários temas, do acampamento de manifestantes em frente aos quartéis até as supostas fraudes no processo eleitoral. Neste instante, Daniel Silveira interveio, disse que o senador era uma pessoa de sua confiança e pediu ao presidente que apresentasse a ideia que “salvaria o Brasil”. Bolsonaro e seus auxiliares atribuem a derrota do presidente a interferências do ministro Alexandre de Moraes durante a campanha eleitoral. Acreditavam que poderiam provar isso caso conseguissem se aproximar do magistrado e gravar suas conversas. Captar um diálogo que sugerisse algo nessa direção pavimentaria o caminho para o que se pretendia na sequência: prender o ministro, impedir a posse de Lula, anular as eleições… “Você será um herói nacional”, exaltou o deputado.
Do Val quis saber como isso seria feito. Bolsonaro disse que já tinha acertado com o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), órgão responsável pela segurança do presidente e que tem a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) sob seu organograma, que daria o suporte técnico à operação, fornecendo os equipamentos de espionagem necessários. Apenas cinco pessoas teriam conhecimento do plano. Três estavam na reunião: Jair Bolsonaro, Daniel Silveira e Marcos Do Val, a quem caberia a tarefa de gravar Alexandre Moraes, caso aceitasse a missão. O senador foi escolhido porque conhecia o ministro há mais de uma década. Era, portanto, o personagem certo para se aproximar do magistrado sem levantar suspeitas e montar a armadilha que, nas palavras de Bolsonaro, “iria salvar o Brasil”. Do Val pediu um tempo para pensar na proposta. Mas havia pressa. Muita pressa.
No dia seguinte à reunião, Silveira enviou uma série de mensagens ao senador cobrando uma resposta. Na primeira delas, reafirmou que Do Val poderia ficar tranquilo, que a missão era segura. Repetiu que apenas três pessoas sabiam do plano, e outras duas tomariam conhecimento apenas após a conclusão da primeira etapa da operação – “cinco estrelas”, destacou, fazendo supor que os dois personagens ocultos seriam militares. O deputado reforçou que a coisa toda era tão sigilosa que “nem o Flávio saberá”, se referindo ao filho do presidente, Flávio Bolsonaro. “Estarei em QAP até o comando do 01 para irmos até lá”, acrescentou. No jargão policial, QAP significa “na escuta”, de “prontidão”. Por último, Silveira lembrou que “o conteúdo” captado seria utilizado exclusivamente para pautar a “ação” que já estaria “desenhada e pronta para ser implementada”. O senador não respondeu.
Percebendo a hesitação do colega e preocupado com o tempo, Silveira continuou insistindo. “Não há riscos. Caso não extraia nada, é descartado o conteúdo e ninguém saberá.” E voltou a destacar a importância da missão: “Não sei se você compreendeu a magnitude desta ação. Ela define, literalmente, o futuro de toda a nação”. O deputado pede ao senador que ele não comente nada com absolutamente ninguém. Do Val continuou sem responder. Numa terceira mensagem, Silveira lembrou que as “escutas usadas em operações especiais” já estavam à disposição. E reforçou mais uma vez o apelo: “Se aceitar a missão, parafraseando o 01, salvamos o Brasil”. Zero Um é o presidente da República. Por fim, numa quarta e última mensagem, o deputado lembra que “pessoas muito importantes e relevantes” estão envolvidas na operação e que todos depositavam nele “uma esperança sem precedentes”. Nada de resposta.
No dia 14 de dezembro, na data agendada pelo ministro para o encontro com o senador, o Supremo Tribunal Federal julgava a legalidade do chamado orçamento secreto. No intervalo da sessão, Alexandre Moraes deixou o plenário e, de toga, foi até o salão branco do prédio, onde Marcos do Val já o aguardava, conforme o combinado. A conversa foi rápida, durou apenas alguns minutos. O parlamentar narrou detalhes do encontro que teve com o presidente, da proposta indecorosa que recebeu e os objetivos abjetos do plano. Acostumado nos últimos tempos a lidar com as mais mirabolantes teorias da conspiração, Moraes fez um único comentário: “Não acredito”, disse em tom de espanto. À noite, depois de relatar o caso ao ministro e convicto de que estava se envolvendo em algo perigoso, Do Val finalmente respondeu às mensagens de Daniel Silveira. “Irmão, vou declinar da missão”, escreveu, sem dar maiores explicações. O deputado assentiu: “Entendo, obrigado”.
O Brasil atravessou momentos críticos em sua história recente. Depois de uma ditadura militar de 30 anos, o país enfrentou monumentais crises econômicas, suportou governos incompetentes e corruptos, convive até hoje com o flagelo da fome e o eterno desafio de superar a pobreza. Mesmo diante de mazelas que colocam o país num lugar de destaque na escala de subdesenvolvimento social e político, ainda assim parece demais imaginar que um presidente da República seja capaz de se reunir com um senador e um deputado para planejar uma operação tão aloprada. Menos de 24 horas depois do encontro entre Do Val e Alexandre de Moraes, no dia 15 de dezembro, o ministro multou Daniel Silveira em 2,6 milhões de reais. O parlamentar teria desrespeitado as medidas cautelares que é obrigado a cumprir. Ele está impedido de dar entrevistas, proibido de usar as redes sociais, não pode comparecer a eventos públicos, precisa manter distância de outros investigados e é obrigado a usar tornozeleira eletrônica.
Todos os citados no caso foram procurados por VEJA. O agora ex-deputado (o mandato dele terminou na última terça-feira) informou, por intermédio de seus advogados, que estava impedido pela Justiça de falar com jornalistas. Na quinta-feira, ele foi preso por determinação de Alexandre de Moraes. O ministro, também através de sua assessoria, disse que não comentaria o caso. Jair Bolsonaro viajou para os Estados Unidos alguns dias depois da reunião no Palácio da Alvorada e não foi encontrado pela reportagem. Já Marcos do Val confirmou ter participado da reunião com o então presidente, admitiu ter ouvido os detalhes do plano e, se dizendo assombrado, decidiu relatar a Alexandre de Moraes aquela que teria sido a derradeira tentação do ex-presidente. Na quinta-feira, o senador anunciou que renunciaria ao cargo. Logo depois, desistiu.
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A apuração foi feita com base numa requisição do @IvanValente que em 2019 buscou saber quais eram os servidores que tinham acesso ao cartão corporativo de Bolsonaro.
O que resultou numa lista com 32 nomes.Desde que os dados do cartão foram liberados pelo @_fiquemsabendo, há uma grande discussão sobre onde estariam os dados faltantes.
Segundo as planilhas que se tornaram públicas no dia 6 de janeiro, foram gastos R$ 27,6 milhões entre 2019 e 2022, porém, no Portal da Transparência do governo federal, no entanto, essa quantia passa de R$ 75 milhões.
Segundo o requerimento do @IvanValente, 32 pessoas tinham acesso ao cartão naquele momento (2019).
Destes, 15 são militares, 7 ainda são da ativa e atualmente 8 são da reserva.
Lista abaixo:
Além disso, mesmo entre os que foram para a reserva, alguns deles ainda eram da ativa quando tinham acesso ao famigerado cartão.
Outro dado interessante é que estes 15 militares não aparecem na relação de gastos liberada pelo @_fiquemsabendo.
Desde que os dados do cartão foram liberados pelo @_fiquemsabendo, há uma grande discussão sobre onde estariam os dados faltantes
Segundo as planilhas que se tornaram públicas no dia 6 de janeiro, foram gastos R$ 27,6 milhões entre 2019 e 2022, porém, no Portal da Transparência do governo federal, no entanto, essa quantia passa de R$ 75 milhões
Gasto de Bolsonaro com cartão corporativo foi quase o triplo do divulgado Os gastos da Presidência com cartão corporativo durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Vejam só que interessante!
Esse é CARLOS AUGUSTO PISSUTTI, SUBOFICIAL.
Embora no portal da transparência, os dados de gastos não constam nas planilhas liberadas pelo @_fiquemsabendo . O motivo, desconhecido!
Destes, 15 são militares, 7 ainda são da ativa e atualmente 8 são da reserva.
Além disso, mesmo entre os que foram para a reserva, alguns deles ainda eram da ativa quando tinham acesso ao famigerado cartão.
Outro dado interessante é que estes 15 militares não aparecem na relação de gastos liberada pelo @_fiquemsabendo.
E AGORA A CEREJA DO BOLO!
Entre os nomes informados no pedido do @IvanValente, nós encontramos “ALEXANDRE AUGUSTO PIOVESAN”
Quem é ele?
O tenente-coronel, Alexandre Augusto Piovesan, foi preso durante as investigações do caso de TRÁFICO DE COCAÍNA no avião de apoio da comitiva presidencial!
Isso mesmo! Um militar do Aerococa teve acesso ao cartão corporativo da Presidência da República.
O tenente-coronel, Alexandre Augusto Piovesan, foi preso durante as investigações do caso de TRÁFICO DE COCAÍNA no avião de apoio da comitiva presidencial!
Isso mesmo! Um militar do Aerococa teve acesso ao cartão corporativo da Presidência da República https://t.co/TbyUAQchfJ
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Repórter-cinematográfico afirma que emissora pediu que ele gravasse vídeo para candidato.
Com 30 anos de profissão, o repórter-cinematográfico Marcos Andrade, 49, se viu envolto em uma crise após um integrante da campanha de Tarcísio de Freitas (Republicanos) mandar que ele apagasse imagens de um tiroteio em Paraisópolis.
O caso aconteceu no dia 17, momentos depois de os tiros interromperem uma agenda do candidato ao Governo de São Paulo.
Profissional a serviço da Jovem Pan, com experiência em coberturas difíceis e em áreas de conflito, Andrade foi o único a flagrar os momentos mais tensos do episódio, o que inclui pessoas à paisana atirando após rajadas supostamente disparadas por criminosos.
Ao chegar na base de campanha do candidato, relata ter sido abordado com a ordem para apagar imagens que flagrariam membros da equipe. Desconfiado, gravou a conversa.
O assunto ganhou repercussão e virou munição para o adversário de Tarcísio, Fernando Haddad (PT). A polícia pedirá as imagens para investigação, e o grupo Prerrogativas, formado por juristas e advogados que apoiam a campanha do PT nestas eleições, apresentou nesta quarta (26) uma notícia-crime ao Ministério Público de São Paulo pedindo apuração.
Após o caso ser revelado pela Folha, Andrade diz que seu desligamento foi pedido pela equipe de Tarcísio e que a emissora teria sugerido que ele gravasse um vídeo para o candidato.
Na terça, Tarcísio disse que o “momento de tensão” pode ter levado um integrante da equipe a pedir ao cinegrafista para apagar as imagens para “preservar a identidade de pessoas que fazem parte da nossa segurança” e que “a imprensa passa a ser sensacionalista com isso”.
A campanha de Tarcísio negou qualquer pressão para que o cinegrafista fosse demitido.
“No dia do ocorrido, inclusive, ele fez um vídeo emocionado dentro da van, agradecendo o Tarcísio por tê-lo tirado do local do tiroteio. No dia seguinte, na chegada a uma sabatina da Jovem Pan, o próprio cinegrafista fez questão de receber e agradecer Tarcísio mais uma vez, além de tirar fotos e dizer que toda a família estava muita agradecida pelo que havia sido feito por ele”, diz a equipe do candidato em nota.
A Jovem Pan, por meio de nota, afirmou que exibiu todas as imagens feitas durante o tiroteio. “O trabalho do cinegrafista permitiu que a emissora fosse a primeira a noticiar o ocorrido no local. Não houve contato da campanha do candidato Tarcísio com a direção da emissora com o intuito de restringir a exibição das imagens e, por consequência, o trabalho jornalístico.”
O profissional, agora, diz que pretende se desligar da empresa e que teme as consequências do episódio para sua família. Leia trechos de entrevista à Folha:
TIROTEIO
“Eu começo a escutar uns disparos de arma de fogo, a impressão que eu tinha era umas rajadas de metralhadora. Eu fui para a janela, e olhando para o lado direito eu vi umas motos passando.
Coisa de dez minutos depois as motos deram a volta pelo quarteirão, foram para a rua de cima, e começa o novo tiroteio. Aí eu pego a câmera e vou para janela. Inclusive, todo mundo falava ‘se abaixa’, e houve um pânico generalizado. E eu fui para a janela.
Só que aí eu vejo umas pessoas à paisana na parte de baixo, na porta da escola, disparando arma de fogo no sentido da rua de cima.
Eu vejo o Tarcísio com o pessoal saindo do prédio e indo para o estacionamento. Eu fiz essas imagens, tanto essas como das pessoas embaixo atirando.
Desci. Chego na calçada e vejo lá na esquina, na parte de cima no meio da rua, uma pessoa caída e uma moto no chão.
Eu me abrigo até uma coluna. Quando eu chego para gravar esse corpo e a moto que está no chão, chega uma pessoa falando para eu não gravar.
Na hora que eu vou para a parte de cima, onde o corpo e a moto está caída, eu vejo o rapaz que eu tinha conversado a respeito de pedir reforço. Eu vejo ele armado e com distintivo da Abin [Agência Brasileira de Inteligência]. E outro rapaz que tenta me impedir também está com distintivo, mas eu não consigo ver bem o que era o distintivo dele.
ORDEM
Vi a minha colega [de trabalho] saindo da escola com uma assessora do Tarcísio e indo para van, e elas me chamam: ‘Vamos para van’.
Estou pensado que estão tirando a gente do perigo ali, e, no primeiro momento, fôssemos desembarcar, mas em nenhum momento parou a van, e fomos embora.
Chegando lá [na base da campanha], nós fomos colocados para dentro, para não ter muito a movimentação, porque acho que nem vizinho sabia que aquilo ali era um escritório da base da campanha.
Chega alguém e fala assim: ‘Vamos lá em cima [que querem falar com você]’.
Eu achei esquisito. Ficou uma dúvida, e na dúvida grava. Eu não estou com a câmera na mão. Peguei meu celular e fui gravando áudio com celular na mão.
O cara se apresenta [o homem foi identificado pelo site Intercept Brasil como Fabrício Cardoso de Paiva, um agente licenciado da Abin que foi reconhecido também por Andrade por meio de fotografias]. Aí tem a gravação [em que a voz pergunta sobre o tiroteio e sobre o que havia sido filmado, e manda Andrade apagar as imagens].
Eu achei muito estranho, eu não faria em momento algum por questão da profissão mesmo. Eu não apaguei isso [as imagens já haviam sido enviadas à emissora].
Pode ser que [Tarcísio] estivesse no ambiente, mas não na conversa. A conversa foi de pé de orelha.
Minha opinião [sobre o motivo da ordem] é que alguém que estava lá que não devia estar. É isso.
SEGURANÇAS
Tem muita polícia. Só que você não consegue distinguir quem é quem. Quando você olha para o lado e fala assim: tem um federal aqui, um cara da Abin, um militar. Isso é normal?
Eu já fiz várias campanhas. [Candidato ao governo do] estado, praxe, [é ter] policial militar. Você está acompanhando um candidato à Presidência da República, você vê policiais federais. Agora, um candidato ao governo com esse estafe eu nunca vi. Foge da normalidade.
IMAGENS
Essas imagens ficaram na câmera, no cartão da câmera. Esse é o procedimento nosso.
Não tenho esse controle [se tudo foi ao ar], né? Porque nós somos captação. Decisão do que vai ao ar, o que vai ficar armazenado, já não compete a nós.
PRESSÃO
Ontem [terça, quando o áudio foi divulgado pela Folha] foi um dia muito difícil, né? Porque houve comunicação da equipe [do Tarcísio] com a empresa [Jovem Pan] cobrando uma postura da empresa de desligamento.
Até ontem, a hora que eu saí de lá, eles bateram o pé e desligamento zero. Não falaram o que iam fazer, entendeu? Mas me pediram para eu gravar um vídeo para o Tarcísio. Não sei se para usar para campanha, mas é de um jeito para eles ficarem bem com esse pessoal.
Aquela conversa de que seria legal. Em nenhum momento eles me coagiram a gravar nada, a sugestão era essa.
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Em entrevista ao GGN, Juliana Dal Piva disse que depósitos na conta de Flávio Bolsonaro coincidem com momentos em que ele precisava dar entrada ou pagar boletos dos imóveis.
O dinheiro vivo usado na compra de imóveis pelo senador Flávio Bolsonaro não partiu do seu salário nem de sua esposa. É o que diz a jornalista, em entrevista exclusiva ao GGN [assista abaixo], com base nos trabalhos do Ministério Público do Rio de Janeiro.
As investigações contra o filho do presidente se iniciaram em 2019, com suspeitas de crime de peculato. Popularmente, rachadinha. A prática consiste em utilizar parte do salário de assessores parlamentares ou funcionários fantasmas, portanto dinheiro público, para enriquecimento pessoal.
Ao longo das apurações, que tiveram de voltar à estaca-zero em 2021 por ordem judicial, os procuradores do MP carioca diziam que Flávio Bolsonaro utilizou o dinheiro vindo de supostas rachadinhas da época em que era deputado estadual no Rio na compra de imóveis e outros investimentos.
Dal Piva analisou o processo e explicou em entrevista ao jornalista Luis Nassif, na noite de quarta (28), que o filho de Jair Bolsonaro não usou o próprio salário, nem o de sua esposa, para concluir as transações imobiliárias.
Como o Flávio teve sigilo bancário quebrado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, se sabe concretamente, porque as investigações comprovaram isso, fazendo todo o caminho do dinheiro, que este dinheiro que custeou vários imóveis não veio do salário do senador nem da mulher dele. Se comprovou que tinham vários depósitos de dinheiro em espécie que eram depositados na conta dele (Flávio) e da mulher dele, sem identificação de onde veio.
Ela ainda detalha que depósitos na conta bancária de Flávio, vindos de assessores, coincidiam com o momento em que o político precisava pagar determinada despesa relacionada aos imóveis.
Foi identificado um depósito de 25 mil reais do Fabrício Queiroz e, se não me engano, outro de 20 mil do atual chefe de gabinete dele, o coronel Miguel Braga. E isso (depósito) sempre casava com quando o Flávio tinha que pagar ou a entrada de um apartamento, ou então o boleto do apartamento. O tempo todo o Ministério Público descreve que o cruzamento de dados mostrava que, geralmente, não tinha lastro dentro da conta bancária do Flávio com os pagamentos em espécie.
*Com GGN
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Empresário Gilson da Trindade diz que então ministro deu aval para que pastores do ‘gabinete paralelo’ negociassem ‘ajuda a igreja’ em troca de favorecimento à construtora do Pará. Propina seria de R$ 5 milhões e deveria ser paga em dinheiro vivo. Milton Ribeiro nega envolvimento e promete processar empresário.
Segundo o Estadão, o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro deu aval para que contratos de obras federais de escolas fossem negociados em troca de propina para os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, disse ao Estadão o empresário do setor da construção civil Ailson Souto da Trindade, candidato a deputado estadual pelo Progressista no Pará. O acordo previa que o dinheiro vivo, segundo Trindade, seria escondido na roda de uma caminhonete para ser levado de Belém (PA) até Goiânia (GO), onde está a sede da igreja dos pastores. A propina cobrada era de R$ 5 milhões.
A denúncia traz novos elementos para o inquérito que tramita sob sigilo no Supremo Tribunal Federal (STF) por indícios de interferência de Jair Bolsonaro (PL) na investigação contra o ex-ministro da Educação. O caso já resultou na prisão de Milton Ribeiro e de dois pastores. A investigação policial foi aberta após o Estadão revelar, em março, a existência de um “gabinete paralelo” no MEC controlado por Gilmar e Arilton para facilitar o acesso à pasta. Prefeitos relataram que os pastores cobravam propina em dinheiro, compra de bíblias e até em ouro para liberar verbas e acesso ao ministro.
O empresário é a 12ª pessoa a relatar esquema de corrupção na pasta. Em entrevista gravada concedida ao Estadão, ele sustentou ter ouvido do então ministro, no MEC, em 13 de janeiro do ano passado, que obras públicas estariam garantidas a ele. Segundo relato do empresário, o ministro teria dito que ele precisaria em troca “ajudar” a igreja dos pastores. O acerto, diz Ailson da Trindade, foi lhe dito em seguida pelo pastor Gilmar: o repasse de R$ 5 milhões em dinheiro vivo.
“Funcionou assim: o ministro fez uma reunião com todos os prefeitos (no prédio do MEC, dia 13 de janeiro de 2021). Depois houve o coquetel, num andar mais acima. Lá, a gente conversou, teve essa conversa com o ministro. Eu não sabia nem quem era o ministro. Ele se apresentou: ‘Eu sou Milton, o ministro da Educação, e o Gilmar já me passou o que ele propôs para você e eu preciso colocar a tua empresa para ganhar licitações, para facilitar as licitações. Em troca você ajuda a igreja. O pastor Gilmar vai conversar com você em relação a tudo isso’, relata o empresário.
A propina seria mascarada por meio de um contrato fictício firmado entre a igreja de Gilmar e a empresa de Trindade. “Eles falaram: ‘existe uma proposta para tu fazer isso (as obras)’. Aí eu disse: ‘que proposta?’. ‘Bom, a gente está precisando reformar umas igrejas e estamos precisando também construir alguns templos, no Maranhão, no Pará, e também outros lugares. Então estamos precisando de R$ 100 milhões para fazer isso’. Aí eu falei: ‘mas o que que eu vou ganhar em troca? Como é que vai acontecer? A igreja vai contratar minha empresa?’ ‘Não, a gente faz um contrato, entendeu? Faz o contrato com a empresa, a igreja contrata a tua empresa e eu consigo articular para tua empresa fazer as obras do governo federal’”, teria dito Ailton, conforme narrou o empresário.
Trindade é candidato a deputado estadual do Pará pelo Progressista e responde por crime de estelionato depois de ser acusado de aplicar golpes com promessa de liberação de empréstimos para beneficiários do Bolsa Família. Ele diz que jamais foi intimado judicialmente e por isso ainda nem recorreu. Também afirma que não há impedimento eleitoral.
As datas dos encontros relatados pelo empresário batem com o registro de entrada dele no ministério, em Brasília, com fotos nas redes sociais e com a agenda de Milton Ribeiro e dos pastores. Parte da negociação teria ocorrido durante um almoço com prefeitos, após a reunião no MEC, em um restaurante tradicional do DF. Em seguida, finalizada com Gilmar e Arilton no escritório da Igreja Evangélica Assembleia de Deus – Ministério Cristo para Todos, em Goiânia. A reportagem confirmou a participação de quatro prefeitos no almoço.
Para que as obras fossem garantidas, o primeiro repasse deveria ser quase imediato. “Eles queriam R$ 5 milhões em dois dias. Eu falei: ‘mas eu não posso fazer esse tipo de negócio, eu sou empresário, eu não vou fazer uma coisa assim sem nenhum contrato’. E eles queriam que eu colocasse no pneu de uma caminhonete e mandasse para lá. Eu disse: ‘não, gente, vamos fazer em conta porque como é que eu vou saber… se não der certo, como vou provar que eu paguei?’ Aí eu fiquei com medo desse tipo de negociata. Daí queriam 5 milhões logo e depois de 15 dias queriam mais R$ 50 milhões”, disse.
Proposta de contrato entre empresa de Ailson da Trindade e igreja dos pastores acusados de operar o “gabinete paralelo” no MEC
O documento tratava da contratação da AST Empreendimentos Imobiliários pela Igreja Evangélica Assembleia de Deus – Ministério Cristo para Todos, de Goiânia. A AST foi aberta por Trindade em 2006, em Belém, e hoje tem sede em São Paulo. “O objetivo desse contrato é o fornecimento de mão de obra em serviços do ramo de construção e reformas (…) O presente contrato é de duração indeterminada, vigendo a partir de sua assinatura”, dizem as cláusulas, que fazem referência, mas não especificam valores.
A reportagem teve acesso ao arquivo enviado para o Botelho Advogados, escritório de advocacia de Belém que à época prestava serviços para a empresa de Trindade. Os metadados do documento indicam que ele foi criado em 19 de janeiro do ano passado, seis dias após a reunião no Ministério da Educação. Procurado para informar o nome do remetente do arquivo, o escritório alegou que não poderia revelar por razões éticas e contratuais.
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Uma excelente reportagem de Juliana Dal Piva e Thiago Herdy, UOL
Em entrevista à Jovem Pan, na última terça-feira (6), o presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que o UOL confundiu deliberadamente o uso da expressão “moeda corrente nacional” com “dinheiro vivo” ao reportar transações imobiliárias realizadas nos últimos 30 anos por integrantes de sua família. Segundo o presidente, “[em] qualquer escritura está escrito moeda corrente”.
A afirmação do presidente está errada. O UOL publica hoje mais detalhes do levantamento em que se baseou a reportagem que mostrou ter pagamento parcial ou total de dinheiro em espécie em 51 das 107 transações imobiliárias realizadas por sua família.
Deste total, 17 compras são citadas em investigações do MP (Ministério Público) do Rio, a partir de dados de quebra de sigilo, sobre o esquema de rachadinha nos gabinetes de Carlos e Flávio Bolsonaro. Flávio chegou a ser denunciado por um desvio de R$ 6,1 milhões, mas os dados financeiros foram anulados pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) e a investigação está sendo refeita pelo MP.
Outros 24 imóveis estão em São Paulo, estado em que cartórios devem declarar em escrituras formas de pagamento, “se em dinheiro ou cheque (…) ou mediante outra forma estipulada pelas partes”, de acordo com o provimento 58/1989 da Corregedoria Geral da Justiça de São Paulo. No Rio, o Código de Normas da Corregedoria Geral de Justiça estadual determina desde 1999 que na lavratura de atos notariais conste a “declaração de que foi pago em dinheiro ou em cheque, no todo ou em parte, discriminando, neste caso, valor, número e banco contra o qual foi sacado”.
Algumas das escrituras consultadas pelo UOL trazem expressões ainda mais precisas sobre o uso de dinheiro vivo, como moeda “contada e achada certa” ou “em espécie”. A reportagem também se baseia em entrevistas com parte dos vendedores e consultas aos próprios cartórios de notas.
Em sete meses, foram consultadas 1.105 páginas de 270 documentos requeridos a cartórios de 16 municípios.
A reportagem preferiu correr o risco de subestimar o número de imóveis pagos com dinheiro. Dos 107 imóveis negociados entre os anos 1990 e 2020, em 26 casos não foi descrita a forma de pagamento e, portanto, estes foram eliminados da conta do dinheiro vivo.
Veja como foi usado dinheiro vivo em cada um dos imóveis:
IMÓVEIS DE JAIR BOLSONARO, FILHOS E EX-ESPOSAS
Imóvel 1
Apartamento Barra da Tijuca, Rio de Janeiro (RJ) Data da transação: 30/07/14 Valor: R$ 2,5 milhões (R$ 4,1 milhões, em valores corrigidos) Por que há dinheiro vivo: Flávio Bolsonaro admitiu pagamentos em espécie e o MP do Rio de Janeiro identificou por meio de quebra de sigilo bancário um total de R$ 275,5 mil em múltiplos depósitos em dinheiro vivo, sem origem especificada, na conta dele para quitação dos boletos do financiamento. A investigação sobre o envolvimento de Flávio Bolsonaro no desvio de salários de funcionários da Alerj, quando era deputado estadual, teve provas anuladas pelo STJ e foi reiniciada pela Procuradoria Geral de Justiça do Rio – em ocasiões anteriores, ele sempre negou irregularidades.
Imóveis 2 e 3
Quitinetes em Copacabana 1, Rio de Janeiro (RJ) Data da transação: 27/11/12 Valor: R$ 310 mil (R$ 563 mil, em valores corrigidos) Por que há dinheiro vivo: O então deputado estadual Flávio Bolsonaro e sua mulher foram ao cartório para registrar a compra de duas quitinetes em Copacabana. Segundo os documentos de compra e venda, os imóveis custaram R$ 310 mil, ao todo – sendo R$ 100 mil pagos como entrada e cheques no valor de R$ 210 mil.
O Ministério Público do Rio, no entanto, descobriu depósito de dinheiro pelo corretor de imóveis em espécie no valor de R$ 638 mil, junto com os cheques que foram declarados em cartório. O vereador Carlos Bolsonaro está sendo investigado pelo Ministério Público do Rio também no caso das rachadinhas.
Imóvel 4
Cobertura em Laranjeiras, Rio de Janeiro (RJ) Data da transação: 15/08/2011 Valor: R$ 1,7 milhão (R$ 3,4 milhões, em valores corrigidos) Por que há dinheiro vivo: MP descobriu na quebra de sigilo de Fernanda Bolsonaro, mulher de Flávio, depósitos de Fabrício Queiroz (R$ 25 mil) e de Miguel Angelo Braga Grillo (R$ 20 mil). Flávio recebeu R$ 52 mil em depósitos não identificados. Todos os valores foram usados para quitar boletos do financiamento do apartamento, conforme o MP.
Imóveis 5 a 16
12 salas comerciais de número 1.001 a 1.012, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro (RJ) Data da transação: 29/10/2010 Valor: R$ 2,6 milhões (R$ 5,2 milhões, em valores corrigidos) Por que há dinheiro vivo: Em 2008, o então deputado estadual Flávio Bolsonaro começou a pagar um conjunto de 12 salas comerciais na Barra da Tijuca. Em 2010, a compra dos imóveis foi registrada em cartório. No âmbito da investigação do MP sobre as rachadinhas na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio), Flávio Bolsonaro admitiu em depoimento que fez uso de um total de R$ 86 mil em espécie para quitar parte do financiamento contratado junto às construtoras ainda em 2008. O valor foi emprestado pelo pai, pelo irmão Carlos e também por assessores do então deputado federal Jair Bolsonaro. As construtoras também confirmaram estes pagamentos.
Imóvel 17
Apartamento rua Itacuruçá, Tijuca, Rio de Janeiro (RJ) Data da transação: 03/06/2003 Valor: R$ 150 mil (R$ 444,5 mil, em valores corrigidos) Por que há dinheiro vivo: Na escritura ficou anotado que o pagamento foi feito por “moeda corrente do país, contada e achada certa”. O caso entrou para investigação do MP do Rio e a defesa do vereador admitiu o pagamento em dinheiro registrado por ele, anteriormente, como “moeda corrente”, mas disse que Carlos tinha recursos para a operação.
Imóvel 18
Apartamento na rua Santa Clara, Copacabana, Rio de Janeiro (RJ) Data da transação: 03/02/11 Valor: R$ 160 mil (R$ 320,5 mil, em valores corrigidos) Por que há dinheiro vivo: Na escritura ficou anotado que o pagamento ocorreu por meio de um cheque administrativo de R$ 110 mil e o restante foi descrito como: “R$ 50 mil através de moeda corrente do país, tudo conferido, contado e achado certo, perante mim do que dou fé”. O caso foi revelado pelo jornal O Globo em 2020. Questionado várias vezes, Eduardo Bolsonaro nunca explicou o uso de dinheiro vivo na transação.
Imóvel 19
Apartamento em Botafogo, no Rio de Janeiro (RJ) Data da transação: 29/12/16 Valor: R$ 1 milhão (R$ 1,3 milhão, em valores corrigidos) Por que há dinheiro vivo: A escritura descreve um sinal de R$ 81 mil pelo imóvel e “R$ 100 mil neste ato em moeda corrente do país, contada e achada certa”. Na escritura ficou registrado ainda que ele iria pagar outros R$ 18,9 mil seis dias depois da escritura ser lavrada em cartório. A maior parte, R$ 800 mil, foi quitada com financiamento junto à Caixa Econômica Federal. O caso foi revelado pelo jornal O Globo em 2020. Questionado várias vezes, Eduardo Bolsonaro nunca explicou o uso de dinheiro vivo na transação.
Imóvel 20
Apartamento na rua Dona Maria, Tijuca, Rio de Janeiro (RJ) Data da transação: 22/01/1996 Valor: R$ 95 mil (R$ 492,9 mil, em valores corrigidos) Por que há dinheiro vivo: Este imóvel foi comprado por Rogéria Bolsonaro, primeira esposa de Jair Bolsonaro e mãe dos três filhos mais velhos. Escritura registra que o imóvel foi pago com “moeda corrente devidamente conferida, e digo, contada e achada certa e examinada pelos vendedores”. O caso foi revelado pelo jornal O Globo e Jornal Nacional, da TV Globo, em 2020. Questionada, Rogéria Bolsonaro nunca explicou o uso de dinheiro vivo na transação.
Imóvel 21
Mansão na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro (RJ) Data da transação: 22/11/02 Valor: R$ 500 mil (R$ 1,6 milhão, em valores corrigidos) Por que há dinheiro vivo: Esta é a primeira casa do presidente em um condomínio na Barra da Tijuca, adquirida em 2002. Trata-se de um condomínio de alto padrão, que tinha como morador o ex-camisa 10 do Flamengo e da Seleção Brasileira Zico. Apesar de a escritura descrever que o negócio saiu por R$ 500 mil, o imóvel tinha valor de avaliação para cálculo de imposto de R$ 874,1 mil naquele momento. À época da compra, a escritura registra que foram pagos R$ 90 mil como sinal, R$ 160 mil em cheque na data da transação e R$ 250 mil em notas promissórias a serem liquidadas nos meses seguintes. Os documentos do cartório não esclarecem, no entanto, como o sinal foi pago nem os R$ 250 mil remanescentes.
Em entrevista ao UOL, Marcelo Nogueira, ex-funcionário de Ana Cristina Siqueira Vale, contou que houve pagamentos em dinheiro vivo, relatados pela segunda ex-mulher do presidente. Procurada, Ana Cristina Valle negou a informação. Jair Bolsonaro não retornou. O imóvel foi revendido em 2009.
Em um outro caso, Ana Cristina Valle passou a ser investigada pela Polícia Federal pela compra de uma casa em Brasília em 2021. No ano passado, ela dizia ser inquilina do imóvel avaliado em R$ 3 milhões (800 m² de área construída em uma das áreas mais nobres de Brasília), mesmo ganhando um salário de R$ 6,2 mil como assessora parlamentar. Marcelo, o ex-empregado, denunciou o uso de um laranja da negociação no ano passado. Neste ano, ela declarou ser proprietária da casa à Justiça Eleitoral, atribuindo ao imóvel o valor de R$ 829 mil – foco da investigação aberta pela PF.
Imóvel 22
Terreno na Morada da Colina, 420 m², Resende (RJ) Data da aquisição: 11/10/2013 Valor: R$ 135 mil (R$ 233 mil, em valores corrigidos) Por que há dinheiro vivo: Este caso foi revelado pelo UOL em 2021. Ana Cristina ergueu uma casa no local a partir de 2013. A escritura descreve que os vendedores declararam “haver recebido em moeda corrente e legal do país”. A reportagem comparou diferentes padrões de redação de escrituras de compra e venda no Cartório do 2º Ofício e Atos de Notas de Resende. Há textos da mesma época que informam formas de pagamento como cheques para diferenciar de pagamentos em espécie. Desde 2021, Ana Cristina recebeu questionamentos sobre a compra do imóvel, mas não explicou o uso de dinheiro vivo na transação.
Imóvel 23
Casa no bairro Bento Ribeiro, Rio de Janeiro (RJ) Data da transação: 12/05/2006 Valor: R$ 40 mil (R$ 100,2 mil, em valores corrigidos) Por que há dinheiro vivo: Este imóvel foi comprado por Jair Bolsonaro e Ana Cristina Valle de Renato Bolsonaro, um dos irmãos do presidente. A escritura descreve que a casa foi paga em “moeda corrente do país contada e achada certa”. Este caso foi revelado pela revista Época e jornal O Estado de S. Paulo em 2020. Jair Bolsonaro e Ana Cristina Valle nunca explicaram o uso de dinheiro vivo na transação.
Imóvel 24
Lote do residencial Limeira Tênis Clube, Resende (RJ) Data da transação: 30/06/05 Valor: R$ 42,1 mil (R$ 109,8 mil, em valores corrigidos) Por que há dinheiro vivo: Vendedor confirmou o pagamento em dinheiro em entrevista à revista Época em 2020. Escritura detalhou que o modo de pagamento ocorreu com “moeda corrente e legal do país”. A reportagem comparou diferentes padrões de redação de escrituras de compra e venda no Cartório do 2º Ofício e Atos de Notas de Resende. Registros oficiais da mesma época que informam formas de pagamento como cheques para diferenciar de pagamentos em espécie. Jair Bolsonaro e Ana Cristina Valle nunca explicaram o uso de dinheiro vivo. Este imóvel foi revendido em 2008.
Imóvel 25
Lote do residencial Limeira Tênis Clube, Resende (RJ) Data da transação: 21/11/03 Valor: R$ 38 mil (R$ 111 mil, em valores corrigidos) Por que há dinheiro vivo: Escritura detalhou que modo de pagamento ocorreu com “moeda corrente e legal do país”. Vendedor confirmou o pagamento em dinheiro em entrevista à revista Época em 2020. Questionados, Jair Bolsonaro e Ana Cristina Valle nunca explicaram o uso de dinheiro em espécie na transação. A reportagem também comparou diferentes padrões de redação de escrituras de compra e venda no Cartório do 2º Ofício e Atos de Notas de Resende. Registros oficiais da mesma época informam formas de pagamento como cheques para diferenciar de pagamentos em espécie. Este imóvel foi revendido em 2009.
Imóvel 26
Casa na rua 8, Morada da Colina, Resende (RJ) Data da transação: 24/05/00 Valor: R$ 48 mil (R$ 192,3 mil, em valores corrigidos) Por que há dinheiro vivo: Escritura descreve haver recebido “em moeda corrente e legal do país”. Vendedora confirmou o pagamento em dinheiro em entrevista à revista Época. Jair Bolsonaro e Ana Cristina Valle nunca explicaram o uso de dinheiro vivo nestas transações. A reportagem também comparou diferentes padrões de redação de escrituras de compra e venda no Cartório do 2º Ofício e Atos de Notas de Resende. Registros oficiais da mesma época que informam formas de pagamento como cheques para diferenciar de pagamentos em espécie.
Imóvel 27
Apartamento de Brasília (DF) Data da transação: 20/05/2000 Valor: R$ 75 mil (R$ 300,6 mil, em valores corrigidos) Por que há dinheiro vivo: Este imóvel de Jair Bolsonaro causou controvérsia ao ser revelado por reportagem do jornal Folha de S. Paulo, em 2018, porque ele recebia auxílio-moradia da Câmara dos Deputados enquanto tinha imóvel próprio. Bolsonaro declarou ter quitado o apartamento “em moeda corrente e legal do país”. À época, o deputado recebeu o valor do auxílio em espécie, sem necessidade de apresentação de qualquer recibo para Câmara – uma das modalidades permitidas.
Segundo revelado pelo jornal, o valor do imóvel foi de R$ 75 mil, pagos em espécie. De outubro de 1995, quando começou a receber o auxílio-moradia, até julho de 1998, quando declarou à Justiça Eleitoral já ter seu o novo apartamento em Brasília, recebeu um total de R$ 71,6 mil, também em espécie.
IMÓVEIS COMPRADOS PELA MÃE E IRMÃOS
Imóvel 28
Casa e terreno de 356 m², Pariquera-Açu (SP) Data da transação: 13/06/14 Valor: R$ 200 mil (R$ 327,4 mil) Por que há dinheiro vivo: A escritura de compra e venda faz menção expressa à venda “em moeda corrente nacional, que contaram e acharam exata”.
Imóvel 29
Terreno de 270 m², Cajati (SP) Data da transação: 06/05/14 Valor: R$ 99 mil (R$ 162,8 mil) Por que há dinheiro vivo: A escritura de compra e venda faz menção expressa à venda “em moeda corrente nacional, que contou e achou exata”.
Imóvel 30
Terreno de 351 m² em Sete Barras (SP) Data da transação: 25/02/11 Valor: R$ 31,2 mil (R$ 62,3 mil, em valores corrigidos) Por que há dinheiro vivo: A escritura de compra e venda faz menção expressa à venda “em moeda corrente deste país que contada e acha exata”. O imóvel foi revendido pela família em 2013.
Imóveis 31 e 32
Loja, terreno e subsolo em Eldorado (SP) Data da transação: 24/06/03 Valor: R$ 100 mil (R$ 296,3 mil, em valores corrigidos) Por que há dinheiro vivo: A escritura de compra e venda dos dois imóveis registrados com os números de matrícula 2.164 e 2.165 (loja e terreno, respectivamente) faz menção expressa à venda “em moeda corrente nacional, que contaram e acharam exata”.
Imóvel 33
Terreno de 189 m² em Eldorado (SP) Data da transação: 08/08/01 Valor: R$ 4,9 mil (R$ 18 mil, em valores corrigidos) Por que há dinheiro vivo: A escritura de compra e venda faz menção expressa à venda “em moeda corrente nacional, que contaram e acharam exata”. O imóvel foi revendido pela família no mesmo ano.
Imóvel 34
Terreno de 1.000 m² em Morungaba (SP) Data da transação: 16/10/00 Valor: R$ 3,3 mil (R$ 12,7 mil, em valores corrigidos) Por que há dinheiro vivo: A escritura de compra e venda faz menção expressa à venda “em moeda corrente nacional, cujo teor foi conferido e achado exato”. O imóvel foi revendido pela família em 2013.
Imóvel 35
Casa em terreno de 243 m² em Praia Grande (SP) Data da transação: 28/07/98 Valor: R$ 63 mil (R$ 277 mil, em valores corrigidos) Por que há dinheiro vivo: A escritura de compra e venda faz menção expressa à venda “em moeda corrente nacional, que contaram, acharam exata”. O imóvel foi revendido pela família em 2020.
Imóvel 36
Casa em terreno de 19 mil m² em Cajati (SP) Data da transação: 16/05/2018 Valor: R$ 2,67 milhões (R$ 3,4 milhões, em valores corrigidos) Por que há dinheiro vivo: A escritura de compra e venda faz menção expressa à venda “em espécie e moeda corrente”.
Imóvel 37
Lote de 451 m², em Miracatu (SP) Data da transação: 30/01/08 Valor: R$ 35 mil (R$ 82,7 mil) Por que há dinheiro vivo: O UOL entrevistou o vendedor do imóvel, que confirmou ter recebido em dinheiro em espécie na transação. Na escritura, o pagamento foi identificado como realizado em “moeda corrente”.
Imóvel 38
Lote de 461 m², em Miracatu (SP) Data da transação: 29/06/09 Valor: R$ 80 mil (R$ 174,7 mil) Por que há dinheiro vivo: O UOL entrevistou parentes do vendedor do imóvel, que confirmaram ter recebido pela transação dinheiro em espécie. Na escritura, o pagamento foi identificado como realizado em “moeda corrente”.
Imóvel 39
Casa em terreno de 359 m², em Miracatu (SP) Data da transação: 28/09/18 Valor: R$ 90 mil (R$ 114,9 mil, em valores corrigidos) Por que há dinheiro vivo: A reportagem comparou diferentes padrões de redação de escrituras de compra e venda no Tabelião de Notas e Protestos de Miracatu. Há textos de uma mesma época e redigidos pelos mesmos escreventes que não identificam modo de pagamento ou então informam formas de pagamento como transferências bancárias ou pagamento em cheque, como na imagem abaixo.
A reportagem consultou representantes do cartório, que confirmaram a validade dos registros em papel e a menção do termo “moeda corrente” para designar pagamento em espécie.
Imóvel 40
Terreno de 4.000 m² em Miracatu (SP) Data da transação: 10/06/13 Valor: R$ 230 mil (R$ 400,6, em valores corrigidos) Por que há dinheiro vivo: Transação se refere ao imóvel matriculado sob o número 10.709. A reportagem comparou diferentes padrões de redação de escrituras de compra e venda no Tabelião de Notas e Protestos de Miracatu. Há textos de uma mesma época e redigidos pelos mesmos escreventes que não identificam modo de pagamento ou então informam formas de pagamento como transferências bancárias ou pagamento em cheque. A reportagem consultou representantes do cartório, que confirmaram a validade dos registros em papel e a menção do termo “moeda corrente” para designar pagamento em espécie.
Imóvel 41
Terreno de 250 m² em Miracatu (SP) Data da transação: 10/06/13 Valor: R$ 20 mil (R$ 34,8 mil, em valores corrigidos) Por que há dinheiro vivo: Imóvel matriculado sob o número 1.078. A reportagem comparou diferentes padrões de redação de escrituras de compra e venda no Tabelião de Notas e Protestos de Miracatu. Há textos de uma mesma época e redigidos pelos mesmos escreventes que não identificam modo de pagamento ou então informam formas de pagamento como transferências bancárias ou pagamento em cheque. A reportagem consultou representantes do cartório, que confirmaram a validade dos registros em papel e a menção do termo “moeda corrente” para designar pagamento em espécie.
Imóvel 42
Terreno de 500 m² em Miracatu (SP) Data da transação: 26/03/10 Valor: R$ 70 mil (R$ 147,5 mil, em valores corrigidos) Por que há dinheiro vivo: A reportagem comparou diferentes padrões de redação de escrituras de compra e venda no Tabelião de Notas e Protestos de Miracatu. Há textos de uma mesma época e redigidos pelos mesmos escreventes que não identificam modo de pagamento ou então informam formas de pagamento como transferências bancárias ou pagamento em cheque. A reportagem consultou representantes do cartório, que confirmaram a validade dos registros em papel e a menção do termo “moeda corrente” para designar pagamento em espécie.
Imóvel 43
Terreno de 730 m² em Miracatu (SP) Data da transação: 30/03/05 Valor: R$ 15 mil (R$ 39,9 mil, em valores corrigidos) Por que há dinheiro vivo: A reportagem comparou diferentes padrões de redação de escrituras de compra e venda no Tabelião de Notas e Protestos de Miracatu. Há textos de uma mesma época e redigidos pelos mesmos escreventes que não identificam modo de pagamento ou então informam formas de pagamento como transferências bancárias ou pagamento em cheque. A reportagem consultou representantes do cartório, que confirmaram a validade dos registros em papel e a menção do termo “moeda corrente” para designar pagamento em espécie.
Imóvel 44
Terreno de 440 m² em Peruíbe (SP) Data da transação: 29/03/01 Valor: R$ 30 mil (R$ 113,8 mil, em valores corrigidos) Por que há dinheiro vivo: A reportagem comparou diferentes padrões de redação de escrituras de compra e venda no Tabelião de Notas de Itanhaém, no litoral sul de SP. Há textos de uma mesma época e redigidos pelos mesmos escreventes que não identificam modo de pagamento ou então informam formas de pagamento como notas promissórias, transferências bancárias ou cheque.
A reportagem consultou representantes do cartório, que confirmaram a validade dos registros em papel e a menção do termo “moeda corrente nacional” para designar pagamento em espécie.
Imóvel 45
Lote de 250 m² em Miracatu (SP) Data da transação: 27/07/02 Valor: R$ 50 mil (R$ 172,9 mil, em valores corrigidos) Por que há dinheiro vivo: A reportagem comparou diferentes padrões de redação de escritura de compra e venda no Tabelião de Notas de Itanhaém. Há textos de uma mesma época e redigidos pelos mesmos escreventes que não identificam modo de pagamento ou então informam formas de pagamento como notas promissórias, transferências bancárias ou cheque.
A reportagem consultou representantes do cartório, que confirmaram a validade dos registros em papel e a menção do termo “moeda corrente nacional” para designar pagamento em espécie.
Imóvel 46
Terreno de 440 m² em Peruíbe (SP) Data da transação: 16/12/98 Valor: R$ 39 mil (R$ 173,2 mil, em valores corrigidos) Por que há dinheiro vivo: A reportagem comparou diferentes padrões de redação de escritura de compra e venda no Tabelião de Notas de Itanhaém. Há textos de uma mesma época e redigidos pelos mesmos escreventes que não identificam modo de pagamento ou então informam formas de pagamento como notas promissórias, transferências bancárias ou cheque. A reportagem consultou representantes do cartório, que confirmaram a validade dos registros em papel e a menção do termo “moeda corrente nacional” para designar pagamento em espécie.
Imóvel 47
Terreno de 277 m² em Morungaba (SP) Data da transação: 18/01/11 Valor: R$ 6 mil (R$ 12,1 mil, em valores corrigidos) Por que há dinheiro vivo: A reportagem comparou diferentes padrões de redação de escrituras de compra e venda no Tabelião de Notas de Morungaba. Há textos de uma mesma época e redigidos pelos mesmos escreventes que não identificam modo de pagamento, como o exemplo abaixo. A reportagem consultou representantes do cartório, que confirmaram a validade dos registros em papel e a menção do termo “moeda corrente nacional” para designar pagamento em espécie.
Imóvel 48
Terreno de 170 m² em Morungaba (SP) Data da transação: 23/10/13 Valor: R$ 11 mil (R$ 18,9 mil, em valores corrigidos) Por que há dinheiro vivo: A reportagem comparou diferentes padrões de redação de escrituras de compra e venda no Tabelião de Notas de Morungaba. Há textos de uma mesma época e redigidos pelos mesmos escreventes que não identificam modo de pagamento, como no exemplo do imóvel anterior. A reportagem consultou representantes do cartório, que confirmaram a validade dos registros em papel e a menção do termo “moeda corrente nacional” para designar pagamento em espécie.
Imóvel 49
Casa em terreno de 500 m² em Registro (SP) Data da transação: 20/09/10 Valor: R$ 150 mil (R$ 311,1 mil, em valores corrigidos) Por que há dinheiro vivo: A reportagem comparou diferentes padrões de redação de escritura de compra e venda no Tabelião de Notas de Registro. Há textos de uma mesma época e redigidos pelos mesmos escreventes que identificam o modo de pagamento em transferência bancária, como o exemplo abaixo. A reportagem consultou representantes do cartório, que confirmaram a validade dos registros em papel e a menção do termo “moeda corrente nacional” para designar pagamento em espécie.
Imóvel 50
Lote de 1.401 m² em Pariquera-Açu (SP) Data da transação: 22/12/08 Valor: R$ 110 mil (R$ 246,1 mil, em valores corrigidos) Por que há dinheiro vivo: O UOL entrevistou o vendedor do imóvel, que confirmou ter recebido pela transação em dinheiro em espécie. Na escritura, há menção ao pagamento em “moeda corrente nacional”.
Imóvel 51
Terreno de 356 m² em Itatiba (SP) Data da transação: 03/01/03 Valor: R$ 25,5 mil (ou R$ 80,7 mil, em valores corrigidos) Por que há dinheiro vivo: O UOL entrevistou o vendedor do imóvel, que confirmou ter recebido pela transação em dinheiro em espécie. Na escritura, não há menção à forma de pagamento.