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Casa Branca anuncia ‘Operação Lança do Sul’ contra narcotráfico na América Latina

Nicolás Maduro alerta para riscos de invasão norte-americana na Venezuela; anúncio ocorre após chegada do maior porta-aviões do mundo na região

O governo Trump anunciou nesta quinta-feira (13/11) a “Operação Lança Sul” alegando o combate ao narcotráfico na América Latina. A ofensiva ocorre em meio à escalada militar do país no Caribe e a chegada do maior porta-aviões do mundo na região.

A operação será realizada a partir do Comando Sul das Forças Armadas, que gerencia as ações militares dos Estados Unidos em 31 países da América do Sul, América Central e Caribe.

Sem revelar detalhes, o Secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, publicou na plataforma X, que o objetivo é “defender o território [dos EUA], retirar narcoterroristas do Hemisfério e proteger o país das drogas que estão matando” a população.

O presidente venezuelano Nicolás Maduro acusou Washington de tentar depô-lo para instalar um governo subordinado aos Estados Unidos, visando controlar os recursos naturais do país.

Ele se reuniu com jovens venezuelanos e denunciou a “campanha de pressão política, militar e psicológica” liderada pela Casa Branca e pela Agência Central de Inteligência (CIA) para justificar uma intervenção no país.

‘Escravo de gringo?’
Maduro afirmou que os EUA “ameaçam a Venezuela com uma invasão” e perguntou aos jovens venezuelanos: “quem quer ser escravo gringo? Quem quer que a Venezuela se torne uma colônia?”. Ele também defendeu que a juventude fortaleça os “comitês territoriais” e avance no “mapa dos sonhos” das comunidades, exaltando o papel do poder popular em seu governo.

Nesta quarta-feira (12/11), o líder venezuelano denunciou que os Estados Unidos e a CIA estão realizando “uma campanha” para desacreditar seu governo e “justificar qualquer coisa” contra a nação bolivariana.

No início de outubro, Trump admitiu ter autorizado a CIA a conduzir operações secretas em território venezuelano, algo que Caracas descreveu como parte de uma estratégia de agressão. “A CIA conspira contra nós há décadas”, disse Maduro, evocando casos de ingerência desde os tempos de Hugo Chávez.

*Opera Mundi


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Brasil Mundo

Vitória do Brasil: produtos brasileiros têm grande redução de tarifas após reunião entre Rubio e Vieira

Decreto faz parte de esforço de Trump e autoridades para atender às crescentes preocupações dos norte-americanos com preços persistentemente altos dos alimentos

A Casa Branca emitiu nesta sexta-feira (14) um decreto do presidente Donald Trump para isentar determinados produtos agrícolas de tarifas recíprocas, que estão em vigor desde abril.

De acordo com nota publicada pela Casa Branca, entre os produtos que deixarão de estar sujeitos às tarifas recíprocas estão: café e chá; frutas tropicais e sucos de frutas; cacau e especiarias; bananas, laranjas e tomates; carne bovina; e fertilizantes adicionais (alguns fertilizantes nunca foram sujeitos às tarifas recíprocas).

O decreto faz parte de um grande esforço de Trump e de suas principais autoridades para atender às crescentes preocupações dos norte-americanos com os preços persistentemente altos dos alimentos.

De acordo com a agência Reuters, as novas isenções, que entram em vigor retroativamente à meia-noite de quinta-feira, marcam uma forte reviravolta para Trump, que há muito insiste que suas tarifas de importação não estão alimentando a inflação. Elas vêm depois de uma série de vitórias dos democratas em eleições estaduais e municipais na Virgínia, Nova Jersey e Nova York, onde a acessibilidade econômica foi um tópico importante.

São eles:

  • Café
  • Chá
  • Frutas tropicais (ex: manga, abacaxi, etc.)
  • Sucos de frutas tropicais
  • Cacau
  • Especiarias
  • Bananas
  • Laranjas
  • Tomates
  • Carne bovina (beef)
  • Fertilizantes selecionados

Segundo a Casa Branca, a medida modifica “o escopo das tarifas recíprocas que ele [Donald Trump] anunciou inicialmente em 2 de abril de 2025”. Na ocasião, o presidente dos Estados Unidos impôs um tarifaço global a produtos importados de vários países, e confirmou uma taxa de 10% para os produtos brasileiros. No evento, ele comunicou a aplicação de tarifa de 20% sobre a União Europeia, 34% sobre a China e 46% sobre o Vietnã, diz a Forum


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Brasil Mundo

Aves infectadas com vírus teriam sido testadas pelos EUA como armas biológicas no Brasil

Sede da COP30, Belém virou laboratório norte-americano como possível esforço de combate no Vietnã durante a Guerra Fria

Thiago Domenici
Agência Pública

A historiadora Laura de Oliveira Sangiovanni estava em um subsolo de Washington, D.C., quando o ar começou a faltar. Na frente dela, o funcionário do Museu Nacional de História Natural Smithsonian Chris Milensky puxava com cuidado uma longa gaveta de metal. Dentro, centenas de aves amazônicas, perfeitamente empalhadas, repousavam em silêncio, entre elas o urubu-de-cabeça-preta. Milensky abriu outra gaveta. Eram muitas gavetas, que são parte da chamada reserva técnica do museu.

A cena era um pesadelo materializado que Oliveira não calculou ao entrar no local. A pesquisadora goiana sofre de ornitofobia, medo extremo de pássaros. “Já vi o suficiente, obrigada”, conseguiu dizer, em meio à crise. A ironia era brutal. O que levaria a pesquisadora justo àquele arquivo no maior complexo de museus e centros de pesquisa do mundo?

As respostas, algumas ainda inéditas e contadas com exclusividade à Agência Pública, viriam em forma de mais perguntas. Os primeiros resultados descobertos por sua pesquisa histórica, que completou oito anos em 2025, vieram a público, sobretudo o acadêmico, com artigos e apresentações em congressos pelo Brasil. Entre os achados, a informação de que milhares de aves amazônicas podem ter se tornado peças de um projeto de testes virais dos Estados Unidos em solo brasileiro durante o período da Guerra Fria.

O enredo envolve a Guerra do Vietnã, o desenvolvimento de armas biológicas e Belém, cidade sede da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), numa história com conexões entre ornitologia e virologia.

Um passarinho que contou muito
Laura não imaginava que durante um almoço, enquanto tomava uma sopa de feijão, receberia uma dica que a levaria a uma trama com envolvimento do exército dos Estados Unidos em solo amazônico. “Esperava um brasileiro há tanto tempo”, disse Pamela Henson, diretora do Smithsonian, com um sorriso que Laura só compreenderia depois, no encontro das duas em 2017. A diretora, também historiadora, sabia o que estava prestes a desencadear. Henson foi direta. “Esse programa que você quer estudar”, disse, “é um dos mais polêmicos da história do Smithsonian”.

Em 2014, Henson havia publicado um texto na revista Acervo, do Arquivo Nacional no Brasil, convidando pesquisadores brasileiros a consultarem os arquivos do Smithsonian, que teria muita coisa sobre o país. O complexo reúne 19 museus, 7 centros de pesquisa, o Zoológico Nacional e um acervo de mais de 142 milhões de itens.

Foi assim que Oliveira, três anos depois, partiu aos Estados Unidos para seu pós-doutorado. A intenção era estudar a emergência do ambientalismo internacional a partir de dois projetos do Smithsonian para a Amazônia.

Durante seu mestrado, anos antes, a brasileira havia mergulhado na história da bioética a partir dos julgamentos dos médicos nazistas em Nuremberg, na Alemanha, no pós-Segunda Guerra Mundial. No doutorado, investigou a atuação de uma agência federal norte-americana, a USIA, responsável pela propaganda anticomunista no Brasil durante a Guerra Fria. Seu objeto de análise foram as políticas editoriais, com ênfase na trajetória da Edições GRD.

Ali, diante da brasileira, Henson indicou um nome do Instituto Smithsonian que mudaria o rumo da pesquisa de Oliveira: o ornitólogo Philip Strong Humphrey. Entre 1963 e 1970, Humphrey coordenou um projeto de pesquisa em ilhas do Oceano Pacífico, o “Pacific Ocean Biological Survey Program (POBSP)”, que levou o cientista e o próprio instituto a serem acusados de encobrir testes de armas biológicas utilizando aves como vetores durante a Guerra Fria, a serviço do Exército estadunidense, em conexão direta o notório centro de guerra química e biológica Fort Detrick, no estado de Maryland. Como esperado, os Estados Unidos nunca confirmaram a informação.

O programa do Pacífico já havia sido objeto de pesquisa do historiador Roy Mcleod, autor do artigo “‘Estritamente para os pássaros’: ciência, as Forças Armadas e o Programa de Pesquisa Biológica do Oceano Pacífico do Smithsonian, 1963-1970”, publicado em 2001. Em 2023, seria publicada uma pesquisa mais densa sobre o tema no livro, “Ciência, segredo e o Smithsonian: a estranha história do Programa de Pesquisa Biológica do Oceano Pacífico”, de Ed Regis.

Os referidos autores mencionaram apenas timidamente um outro projeto análogo ao POBSP coordenado por Humphrey em Belém, quando milhares de aves amazônicas também teriam sido usadas sob a coordenação do ornitólogo em testes biológicos: o enigmático Projeto Ecológico Belém (Belém Ecological Project, ou BEP).

Uma revoada de D.C. até o Mocambo
O Projeto Ecológico Belém (Belem Ecological Project, ou BEP) era um programa desconhecido pela historiografia brasileira. Sob a fachada de estudo da natureza, a iniciativa pode também ter escondido uma operação militar dos Estados Unidos em plena Amazônia brasileira durante a ditadura militar (1964-1985).

Para entender o BEP, é preciso voltar ao outono de 1962. Philip Humphrey havia acabado de aceitar o cargo de curador de aves no Smithsonian, uma posição que outros cientistas mais prestigiados haviam recusado, por considerá-la uma “ciência fossilizada do século XIX”. Humphrey, então com 36 anos, no entanto, via uma oportunidade. “Foi isso que ele foi fazer lá. Ele foi ampliar a coleção da Smithsonian”, conta Laura de Oliveira. Pouco depois de sua contratação, no entanto, Humphrey receberia em seu escritório uma visita de oficiais do Exército dos Estados Unidos.

O governo John F. Kennedy, sob a gestão do Secretário de Defesa Robert McNamara, havia lançado o Projeto 112, um vasto programa de testes de armas químicas e biológicas. Os militares queriam a ajuda do Smithsonian para um projeto com aves no Pacífico. Humphrey, segundo seu próprio relato ao jornalista Philip Boffey, da revista Science, em fevereiro de 1969, não só concordou como sugeriu que o próprio Smithsonian abrigasse a operação.

Nesse momento, a ciência de coletar e catalogar pássaros se encontrou com a política de guerra estadunidense. Oliveira descobriu uma correspondência de Humphrey que mostra uma mudança abrupta nesse sentido. Se no início de 1962 seu interesse era puramente a ecologia, no final daquele ano, ao contatar a Fundação Rockefeller em busca de apoio para entrar no Brasil, o tema já era outro: virologia. Aves como vetores de vírus. A primeira carta que Humphrey enviou à Rockefeller, o documento que poderia elucidar essa transição, desapareceu misteriosamente dos arquivos. Só existe a resposta, que começa com uma introdução protocolar: “A respeito da sua correspondência enviada, sobre um financiamento para expedição na Amazônia…”.

Em 1963, quando Humphrey desembarcou em Belém pela primeira vez, o campo científico na região comportava instituições importantes, como o Museu Paraense Emílio Goeldi e o Instituto Evandro Chagas, que sediava um laboratório de vírus da Fundação Rockefeller, importante referência em estudos virais e saúde pública. Humphrey não estava começando do zero; ele estava se inserindo em uma rede pré-existente, usando-a aparentemente como cortina de fumaça para um projeto pouco transparente.

A correspondência entre Humphrey e os diretores do Laboratório de Vírus da Rockefeller, antes de desembarcar em Belém, indica um planejamento meticuloso. Ele chegou com bisturis, formol, armas de fogo e munição, tudo detalhado nos orçamentos que Oliveira encontrou décadas depois. Além disso, ele precisava de um taxidermista; precisava de redes para capturar aves no dossel florestal; e precisava de discrição.

Oliveira explica que a Rockefeller funcionava como uma vanguarda da política externa americana, oferecendo uma “blindagem” institucional e uma rede de contatos que facilitava a atuação de cientistas ligados a interesses estratégicos. Com financiamento do Instituto Smithsonian (com recursos que, em parte, advinham do Escritório de Pesquisa do Exército americano), uma área de floresta pertencente ao Ministério da Agricultura brasileiro foi demarcada em 1966 e batizada de Área de Pesquisas Ecológicas do Guamá (APEG). Naquela área, conhecida localmente como Mocambo, se consolidou o laboratório de testes de Humphrey entre 1967 e 1971.

O mistério de uma importação silenciosa
No período de vigência do projeto, segundo informação do banco de dados do Museu Nacional de História Natural, 4.426 aves brasileiras foram enviadas para o acervo do Smithsonian nos Estados Unidos, abrigadas nas gavetas de reserva técnica que causaram pânico na historiadora anos mais tarde. Desse total, 2.895 vieram do Pará, sendo 90% de toda a coleção de aves brasileiras do museu formada nesse período do BEP.

A investigação da historiadora brasileira não encontrou nenhum registro da saída das quase cinco mil aves na alfândega de Belém, nem autorização do Conselho de Fiscalização das Expedições Artísticas e Científicas no Brasil (CFE), o órgão que deveria controlar esse tipo de atividade à época. Havia um fundo da alfândega de Belém no Arquivo Nacional. Oliveira procurou. Nada. O projeto simplesmente não aparecia.

Também não foram localizados registros do BEP na documentação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), nem do Serviço Nacional de Informações (SNI). Como um projeto desse porte, com financiamento estrangeiro, pôde operar por oito anos sem deixar rastros na burocracia brasileira?

A resposta, para Oliveira, pode estar na blindagem institucional. O projeto funcionava dentro do Instituto Evandro Chagas, que já abrigava o laboratório da Rockefeller. A Fundação tinha uma longa história no Brasil, com parcerias estabelecidas desde 1916. Humphrey não precisou pedir autorização ao governo brasileiro. Ele entrou pela porta da frente, sob o guarda-chuva da Rockefeller.

Na documentação pesquisada há evidências de que o mesmo tipo de teste em Belém foi realizado em partes do Havaí além de locais como Line, Phoenix, Tokelau, Gilbert, Marshall, Baker, French Frigate Shoal e Sand, no Atol Johnson – um território dos Estados Unidos conhecido por testes de armas nucleares, depósitos de armas químicas e incineradores.

Os pássaros eram capturados, inoculados com vírus, monitorados, mortos (possivelmente a tiros – os orçamentos de Humphrey incluíam verbas para armas e munição), taxidermizados e enviados para Washington. Formalmente, o BEP tinha como objetivo identificar as condições ambientais do delta amazônico, nas imediações de Belém, e o impacto da ação humana na região. Na prática, dedicou-se ao estudo sobre distribuição ecológica, diversidade, rotas de voo e relações entre arbovírus e aves.

O ornitólogo brasileiro Fernando Novaes, do Museu Goeldi, chegou a coordenar o projeto por um mês em 1963 e seus relatórios mostram colaboração com o laboratório de vírus da Fundação Rockefeller até o início dos anos 1970. Até então, não há evidências de que ele ou outros brasileiros soubessem do acordo militar de Humphrey e das verdadeiras intenções do projeto.

Em 1965, um jovem assistente se juntou à equipe: Thomas Lovejoy, que décadas depois se tornaria um dos ambientalistas mais famosos do mundo. Lovejoy foi responsável pela instalação das redes mistas no dossel florestal, a técnica que permitia capturar as aves em pleno voo. Em entrevista à revista Pesquisa Fapesp, em 2015, Lovejoy negou qualquer envolvimento com os testes virais, afirmando ter se dedicado apenas à “ecologia de aves” e que entregou “todos os dados virais e epidemiológicos ao Laboratório de Vírus em Belém”.

Mesmo sem evidências de que soubesse da movimentação dos Estados Unidos, o golpe militar de 1964 no Brasil, longe de ser um obstáculo, parece ter sido uma bênção para o projeto. Enquanto Humphrey, nos períodos em que estava em Washington, mostrava-se preocupado com a instabilidade política, seu colega em Belém, o virologista Robert Shope – que passara três anos em treinamento em Fort Detrick antes de ir para a Amazônia –, respondeu em uma carta: “A situação política tem sido extremamente interessante, mas até agora em nada impediu o nosso trabalho. Acredito que o atual regime representa uma certa estabilidade que deverá ser favorável”.

Vírus, bactérias e uma admissão silenciada por 20 anos
Quando o caso do Projeto do Pacífico veio à tona na imprensa americana, sobretudo em denúncias da revista Scientific Research e reportagens na NBC, pouco se falou do Projeto Belém.

Em 1968 e 1969, reportagens na imprensa estadunidense, incluindo a prestigiosa revista Science, trataram das supostas conexões do Smithsonian com a guerra biológica, no contexto do crescente repúdio à Guerra do Vietnã.

Cientistas proeminentes escreveram cartas indignadas à publicação. Um desses cientistas, Stephen Jay Gould, biólogo de Harvard, escreveu na Science: “Ninguém pode ser tão ingênuo a ponto de pensar que um projeto secreto financiado pelo Exército e administrado por Fort Detrick tenha sido financiado por seus patrocinadores em nome da pura pesquisa”. Outra correspondência, enviada pelo leitor George Wright ao presidente Lyndon Johnson, dizia: “Você, como presidente dos Estados Unidos, obedeceu aos interesses militares nas relações internacionais e, nesse processo, causou muitos danos ao seu país e a outros seres humanos neste planeta. Você falhou. Eu rezo por você”.

As reportagens provocaram forte impacto político e reações adversas ao Smithsonian, que, sentindo a pressão, negou as acusações. Curiosamente, Humphrey já estava oficialmente afastado do instituto desde 1967, embora ele tenha permanecido coordenando os projetos à distância até 1971 a partir de seu novo posto na Universidade do Kansas.

O silêncio de Humphrey se instalou por mais de uma década, até que, em 1985, o jornalista Ted Gup, do Washington Post, publicou a reportagem “O Segredo do Smithsonian – por que um estudo inocente com pássaros foi direto para especialistas em guerra biológica em Fort Detrick”. Gup escreveu que o programa, embora não fosse secreto, mantinha atividades sigilosas e encobria testes de armas biológicas usando pássaros como vetores. Os protótipos desenvolvidos por meio desses experimentos foram enviados para Fort Detrick, apurou o jornalista.

A pesquisa com aves, tanto no Pacífico quanto em Belém, envolveria ao menos dois tipos de agentes biológicos: o vírus da Encefalite Equina Venezuelana (VEE) e a bactéria da Febre Q, relacionada à bactéria Coxiella burnetii.

O VEE é uma doença viral transmitida por mosquitos que geralmente afeta cavalos e humanos, podendo causar febre, convulsões e morte em animais. Aves silvestres são reservatórios naturais do vírus, enquanto os mosquitos atuam como vetores. A transmissão para humanos ocorre pelo contato ou pelas picadas de insetos infectados.

No caso da Febre Q, a doença bacteriana é transmitida por inalação de poeira contaminada, afetando humanos e animais. Em humanos, a infecção geralmente causa sintomas semelhantes aos da gripe, como febre, dor de cabeça, calafrios e tosse seca. Sem cuidados, a doença pode evoluir para uma forma crônica grave, que requer tratamento prolongado com antibióticos e pode afetar o coração.

Na entrevista ao jornalista do Post, Humphrey, enfim, admitiu os testes no Pacífico. Disse que eram pesquisas “defensivas”, feitas no “interesse nacional”, e concluiu com uma frase que ecoa a banalidade do mal: “Armas biológicas são um fato da vida”, embora o ornitólogo alegasse não concordar com seu uso. O projeto Belém não foi mencionado.

O quebra-cabeças Belém
Diante da ausência de documentos que comprovem explicitamente os testes de armas biológicas – o que seria esperado em operações sigilosas –, a historiadora Laura de Oliveira cruzou correspondências trocadas entre os cientistas, relatórios de projetos, diários e outros fragmentos, a partir de pesquisa nos arquivos do Instituto Smithsonian, em Washington, da Fundação Rockefeller, em Nova York, do Instituto Evandro Chagas, do Museu Emílio Goeldi e da Embrapa, em Belém.

Ainda sem “prova cabal”, ela defende o método histórico e a narrativa historiográfica baseada em vestígios, interpretação e no cruzamento de fontes para apontar que a capital paraense teria sido laboratório americano de testes com aves como vetores de armas biológicas.

Oliveira leciona história na Universidade de Brasília (UnB) e continua em busca de respostas: Houve surtos epidemiológicos nas comunidades próximas a Belém? As técnicas foram aplicadas no Vietnã? E como, afinal, 4.426 aves mortas brasileiras puderam cruzar o oceano e terminar em gavetas de metal, sem que, aparentemente, o governo brasileiro tomasse conhecimento?

A professora planeja voltar a Belém para vasculhar as hemerotecas em busca de registros de epidemias nos anos 1960. Quer saber se o projeto deixou marcas não apenas nos arquivos, mas nos corpos das pessoas que viviam perto de Mocambo.

Enquanto isso, no sexto andar do Museu Nacional de História Natural em Washington D.C., algumas das aves amazônicas capturadas por Humphrey estão em exposição, em vitrines iluminadas, sob o sol estilizado do logotipo da instituição. Visitantes passam, tiram fotos, admiram as cores. Não sabem que aqueles pássaros brasileiros, um dia, podem ter sido testados como vetores de armas biológicas. Nos corredores da Smithsonian, o silêncio das aves guarda respostas.


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Vídeos: Trump é flagrado dormindo durante coletiva na Casa Branca

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi flagrado aparentemente cochilando durante uma coletiva de imprensa na Casa Branca, na última quinta-feira (6). O momento foi registrado em vídeo e viralizou nas redes sociais.

As imagens mostram Trump com os olhos fechados e a cabeça pendendo para frente exatamente enquanto o Dr. Mehmet Oz, administrador dos Centros de Serviços de Medicare e Medicaid, falava sobre “sono”.

A cena aconteceu durante o anúncio de um plano do governo para reduzir o custo de medicamentos contra a obesidade à base de GLP-1, como o Ozempic e o Wegovy, e ampliar o acesso a esses remédios por meio do programa público Medicare.

https://twitter.com/i/status/1987135667705671803

A apresentadora da MSNBC e ex-secretária de imprensa da Casa Branca de Joe Biden, Jen Psaki, ironizou o episódio.

“Quer dizer, lá estava ele na Casa Branca hoje, praticamente cochilando enquanto seu cirurgião-geral falava sobre — acreditem ou não — demência, obesidade e privação de sono. É meio óbvio demais, não é?”, disse Psaki em seu programa The Briefing with Jen Psaki

Enqanto Trump ormia, homem desmaia durante o evento
A coletiva também foi interrompida por um desmaio de um dos participantes, que caiu de joelhos atrás de Trump. Assessores de imprensa rapidamente retiraram os jornalistas da sala enquanto o homem era socorrido. A Casa Branca informou que ele passa bem.

Inicialmente, a imprensa norte-americana apontou que se tratava de Gordon Findlay, executivo da Novo Nordisk, mas a farmacêutica negou a informação, esclarecendo que nenhum de seus representantes presentes era ele.

O governo dos Estados Unidos não divulgou a identidade do homem, apenas confirmou que se tratava de um executivo do setor farmacêutico.

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Nossos ratos querem um Trump para os brasileiros que os americanos repudiam

63% dos Americanos rejeitam o desempenho de Trump.

Isso, segundo as pesquisas da CNN nos EUA, reflete insatisfação com a economia, expansão de poderes presidenciais e política externa, incluindo tarifas e intervenções.

Mas os ratos do consorcio Paraguaçu formado pelos Odoricos, Tarcísio, Castro, Caiado, Zema e outros camundongos querem Trump intervindo militarmente no Brasil,

Assim que soube da pesquisa, imediatamente Trump pediu penico para a China, propondo zerar as tarifas em pelo menos um ano para, depois ver se esse papo de taxar outros países e a bomba cair no colo dos americanos, volta a ser pauta do bobalhão laranja.

Aqui o “Consórcio Paraguaçu” parece saído direto de Sucupira, numa aliança de “coronéis modernos” que, em vez de se unirem contra o crime, dividem pra reinar politicamente, e quem paga a conta é a nação.

A proposta de transformar as facções criminosas no Brasil em narcoterroristas tem apenas esse objetivo, o de dar a Trump carta branca para uso militar contra os brasileiros e transformar o Brasil em penico de Trump.


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Desaprovação de Trump bate recorde e economia é apontada como o maior problema

A taxa de aprovação do governo do presidente dos EUA, Donald Trump, atingiu uma nova mínima histórica em seu segundo mandato, a 37%, aponta uma pesquisa da CNN, publicada nesta segunda-feira. O valor é o menor de sua segunda administração e é próximo das piores taxas de aprovação de seu primeiro mandato, quando chegou a registrar apenas 34% de aprovação.

No mesmo sentido, a taxa de desaprovação atingiu 63%, sendo a maior já registrada de ambos os seus governos e um ponto porcentual acima do recorde anterior, de 62%, quando ele deixou a Casa Branca em janeiro de 2021.

A pesquisa da CNN também mostra que 32% dos entrevistados avaliam que o andamento da situação do país está “Muito bem/Razoavelmente bem”, enquanto 68% acreditam que o cenário está “bastante ruim/muito mal”.

Ainda, foi avaliado que o problema mais importante que os EUA enfrentam atualmente são: a economia e o custo de vida (47%); o estado da democracia americana (26%); imigração (10%); crime e segurança (7%); saúde (5%); e política externa (1%).

*Broadcast


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The Economist: Brasil mostra por que, na era Trump, autonomia nacional exige mais integração global

Após tarifas de Trump, Brasil intensifica laços com países para garantir autonomia e enfrentar pressões políticas externas

Por The Economist
O palácio presidencial do Brasil foi projetado para transmitir uma imagem de poder sereno. Oscar Niemeyer, o grande arquiteto modernista do País, dotou-o de colunas de mármore que se curvam como os rios do Brasil e parecem flutuar sobre um espelho d’água tranquilo – um emblema equilibrado da soberania nacional. Mas a calma pode ser enganosa.

Em 2023, uma multidão inspirada por Jair Bolsonaro, um ex-presidente de extrema direita, invadiu seus portões. A pressão também pode vir do exterior: em julho, o presidente Donald Trump impôs tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, irritado com o processo judicial contra Bolsonaro.

Embora Trump e o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (conhecido como Lula), tenham trocado palavras calorosas após uma reunião na Malásia na semana passada, o episódio mostra como é fácil para a superpotência interferir na política brasileira. Isso também serve de lição sobre como conduzir a política comercial no mundo de Trump.

Pelo menos externamente, as autoridades brasileiras permaneceram serenas. Elas enviaram aos formuladores de políticas americanos evidências da independência judicial, confiando que os fatos – e a estatura do Brasil – as protegeriam. No entanto, por trás da postura serena, há uma mudança de estratégia.

Os órgãos multilaterais com os quais o Brasil antes contava perderam influência. Assim, o País buscou proteção da única maneira possível: vinculando-se mais estreitamente a outros países. À medida que as proteções globais enfraquecem, os países estão aprendendo que a autonomia agora vem da integração.

Os economistas há muito tratam a globalização como uma troca entre abertura e autonomia nacional. Em 1933, John Maynard Keynes, desiludido com os fracassos do internacionalismo econômico, argumentou em uma palestra intitulada “Autossuficiência Nacional” que a abertura havia ido longe demais.

Todos os países desejavam “ser seus próprios senhores e ser tão livres quanto possível das interferências do mundo exterior”. Essa tensão ainda molda a ordem global. No início dos anos 2000, Dani Rodrik, da Universidade de Harvard, reformulou-a como o “trilema político da economia global”. Os países não podiam ter simultaneamente integração econômica, política democrática e autonomia nacional total.

Quanto mais profundas se tornavam as regras globais, menos liberdade os governos tinham para definir suas próprias políticas. A integração e a soberania puxavam em direções opostas.

No entanto, a abertura também pode proteger. Albert Hirschman, um economista liberal que fugiu da Alemanha nazista, percebeu que as regras podiam proteger e também restringir. Depois de ver o Terceiro Reich usar o comércio para subjugar seus vizinhos na Europa Oriental, ele alertou que o poder de interromper as relações comerciais se torna um poderoso instrumento de pressão política. Sua resposta não foi se fechar, mas distribuir o risco. A verdadeira independência, argumentou ele, vinha da diversificação – um comércio amplo com muitos parceiros, de modo que nenhum deles pudesse sufocar um fluxo vital.
Em um mundo onde uma potência hegemônica está disposta a coagir, a integração é o que preserva a soberania.

Essa ideia está sendo testada novamente. Trump desrespeitou a regra mais básica do sistema comercial – a não discriminação –, usando tarifas como armas políticas. A Índia foi punida por comprar petróleo russo; o Canadá, por seus planos de tributação digital e por recrutar Ronald Reagan para um anúncio crítico na TV; a União Europeia, por seus padrões de segurança alimentar; e o Brasil, por processar Bolsonaro. Para os alvos de Trump, o isolamento agora parece mais perigoso do que o envolvimento.

O Brasil mostra como isso funciona. Quando Trump anunciou sua tarifa de 50%, as autoridades recorreram instintivamente ao regulamento. O gigante sul-americano é um dos membros mais litigiosos da Organização Mundial do Comércio – apresentando o quarto maior número de reclamações, depois dos Estados Unidos, da União Europeia e do Canadá.

Mas, com a OMC enfraquecida, o Brasil busca aprofundar os laços com outros países. Celso Amorim, principal assessor de Lula, chama isso de “uma vacina contra movimentos arbitrários de qualquer potência”. Em um mundo governado por valentões, a melhor defesa contra a infecção por um país é a exposição a muitos.

Lula, que antes era cético em relação ao livre comércio, tornou-se um improvável defensor da abertura. Em seu primeiro mandato, na década de 2000, ele aumentou as tarifas sobre máquinas industriais e têxteis, impôs regras de conteúdo local no setor de petróleo e gás e concedeu créditos subsidiados a campeões nacionais como a Embraer, fabricante de aeronaves.

Agora, ele está buscando vincular o Brasil mais fortemente à economia global. O Brasil concluiu um acordo de livre comércio com a Associação Europeia de Livre Comércio, está finalizando outro com os Emirados Árabes Unidos e está em negociações com o Canadá, a Índia, o Japão e o México. Mais importante ainda, após 25 anos de atraso, o Mercosul, um bloco sul-americano liderado pelo Brasil, está perto de ratificar um pacto com a UE.

Esses acordos fazem mais do que abrir mercados. Eles garantem reformas internas, prometendo maior transparência e regulamentação mais estável. O pacto entre a UE e o Mercosul, por exemplo, abrirá os contratos públicos do Brasil a licitantes estrangeiros, eliminará gradualmente os impostos de exportação sobre bens essenciais e aproximará suas regras ambientais e trabalhistas dos padrões da UE. Comprometer-se com regras previsíveis e parcerias amplas pode parecer uma restrição. Mas também é uma garantia. Quanto mais regras você compartilha, mais difícil fica para qualquer país pressioná-lo.

Consequências indesejadas
Essas medidas podem vir a ser o legado mais duradouro das tarifas impostas por Trump. Os acordos comerciais têm o hábito de impor a liberalização institucional. Quando a Espanha aderiu à antecessora da UE em 1986, foi obrigada a abandonar a proteção de suas indústrias e adotar a legislação europeia em matéria de concorrência, ancorando sua jovem democracia a uma ordem baseada em regras. Para a Polônia pós-comunista, a adesão significou reescrever milhares de leis; seu obscuro sistema de contratos públicos foi transformado em um dos mais transparentes do bloco.

Em todo o mundo, os governos estão chegando à mesma conclusão. Potências médias como Índia, Indonésia e México buscam autonomia por meio da abertura. As tarifas de Trump estão levando outros países a se vincularem de forma mais segura às regras comerciais. A integração econômica já foi considerada uma ameaça à soberania. Hoje, ela se tornou seu escudo.


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Efeito Lula: Senado dos EUA aprova projeto para revogar o tarifaço imposto ao Brasil

O Senado dos Estados Unidos aprovou, na noite desta terça-feira (28), um projeto de lei que revoga as tarifas impostas ao Brasil pelo governo de Donald Trump. As taxas atingiam produtos como petróleo, café e suco de laranja, e estavam em vigor desde a decretação de estado de emergência nacional feita por Trump em julho, após o início da investigação e do processo movido pelo Brasil contra o ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe.

A decisão do Senado representa um gesto político, mas tem poucas chances de avançar. O texto agora segue para a Câmara dos Representantes, de maioria republicana, onde as novas regras permitem à liderança barrar a tramitação. Segundo o senador Tim Kaine, a votação tem caráter simbólico e expressa insatisfação com a política tarifária do governo federal norte-americano, além de buscar abrir espaço para novas discussões comerciais entre os dois países.

A aprovação ocorre em um momento de reaproximação entre Brasil e Estados Unidos. No domingo (26), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu com Donald Trump por cerca de 45 minutos, dando início a um processo de negociação bilateral. No dia seguinte (27), representantes comerciais das duas nações realizaram a primeira reunião técnica, com foco em setores impactados pelas tarifas.

“O que importa em uma negociação é olhar para o futuro. A gente não quer confusão, quer resultado”, afirmou Lula após o encontro.

Durante as conversas, o governo brasileiro apresentou um documento mostrando que, nos últimos 15 anos, os Estados Unidos tiveram um superávit de US$ 410 bilhões na balança comercial com o Brasil.

Lula também defendeu a suspensão temporária das tarifas enquanto as negociações estiverem em andamento, a exemplo do que já foi feito com México e Canadá. Trump, por sua vez, classificou o encontro como “muito bom”, mas afirmou que o entendimento “não garante um acordo imediato”.

O clima entre as delegações foi descrito como cordial. Participaram das discussões o chanceler Mauro Vieira, o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Márcio Rosa, e o embaixador Audo Faleiro. Segundo o DCM, O grupo definiu um calendário de reuniões voltado aos setores mais afetados pelas tarifas. Segundo o vice-presidente Geraldo Alckmin, ainda não há data para a próxima rodada de conversas.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI), a Câmara Americana de Comércio (Amcham) e outras entidades empresariais classificaram o diálogo como “um avanço concreto” e esperam que um acordo seja concluído nas próximas semanas. Lula reforçou que “não existem temas proibidos” nas tratativas e que o objetivo é garantir condições comerciais equilibradas entre os dois países.


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China apoia maior participação da Malásia no BRICS após Lula sugerir que país seja membro pleno

País parceiro desde janeiro, Malásia pode ser o segundo país do sudeste asiático com direito a voto no bloco

O governo chinês manifestou apoio à participação da Malásia no BRICS, reforçando a fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante visita oficial a Kuala Lumpur, que apontou o desejo de que o país seja membro pleno.

Em resposta ao Brasil de Fato, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Guo Jiakun, afirmou que o Brics acolhe favoravelmente a Malásia e outros países interessados na cooperação. Atualmente, o país do sudeste asiático é membro parceiro, sem direito a voto;

Na coletiva após a participação brasileira na 47ª Cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), Lula disse que a Malásia “terá o apoio do Brasil para ser membro pleno do BRICS”.

Em resposta a uma jornalista da Bernama, a Agência Nacional de Notícias da Malásia, o presidente brasileiro destacou a cordialidade da população local e elogiou o primeiro-ministro Anwar Ibrahim durante coletiva de imprensa na capital malásia.

Guo Jiakun disse que o BRICS representa “uma plataforma importante para a cooperação entre mercados emergentes e países em desenvolvimento”, destacando o papel do grupo na promoção da multipolaridade mundial e na democratização das relações internacionais.

“O Brics valoriza a vontade ativa dos parceiros do Sul Global em participar da cooperação Brics e dá boas-vindas à Malásia e mais parceiros com objetivos comuns para participar da cooperação BRICS”, afirmou o porta-voz.

A Malásia já participa do Brics como país parceiro desde 1º de janeiro de 2025, junto com Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Tailândia, Uganda e Uzbequistão. A Nigéria confirmou sua adesão como parceira em 17 de janeiro. A categoria de país parceiro foi criada durante a cúpula de Kazan, na Rússia, em outubro de 2024, e permite participação em reuniões de cúpula e de chanceleres, mas sem direito a voto em decisões.

A busca pela membresia plena representaria uma ascensão no status do país asiático dentro do mecanismo. O Brics conta atualmente com 11 membros plenos: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (fundadores), além de Egito, Etiópia, Irã, Emirados Árabes Unidos (que ingressaram em 1º de janeiro de 2024) e Indonésia, cuja entrada foi anunciada pela presidência brasileira em 6 de janeiro de 2025.

Durante a visita a Kuala Lumpur, Lula enfatizou as semelhanças culturais entre Brasil e Malásia. “Em cada lugar que eu chego, parece que eu conheço todo mundo. Tem sempre alguém rindo, tem sempre alguém gentil, ou seja, é um pouco do povo brasileiro”, declarou o presidente, que classificou como “maravilhosa” sua impressão sobre o primeiro-ministro Anwar Ibrahim.

O BRICS representa aproximadamente 41,4% do PIB mundial em paridade de poder de compra, segundo dados do Fundo Monetário Internacional de outubro de 2024. Com a inclusão da Indonésia e dos países parceiros, o mecanismo ampliou significativamente sua representatividade no Sul Global. A possível ascensão da Malásia de parceira a membro pleno consolidaria ainda mais a presença do grupo no Sudeste Asiático, região com crescente relevância nas dinâmicas comerciais e geopolíticas globais.

*BdF


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Vídeo: Caminhões israelenses despejam toneladas de lixo na Faixa de Gaza

Enclave é utilizado como depósito de resíduos de construção enquanto Israel espera que países estrangeiros ‘cuidem’ do entulho na fase da reconstrução

O Exército de Israel tem despejado lixo produzido no país na Faixa de Gaza. Imagens obtidas pelo jornal israelense Haaretz e publicadas no sábado (25/10) registraram caminhões carregados com entulho e detritos de construção saindo do território israelense, cruzando a passagem de Kissufim, e se dirigindo por cerca de 200 a 300 metros até o enclave. Ao longo da estrada, os veículos largam os resíduos e, assim, voltam esvaziados a Israel. Esse processo se repete várias vezes.

De acordo com o periódico, tratam-se de “milhares de toneladas de entulho” de construção produzido pelas Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) ao longo de suas operações militares. O portal israelense associa os resíduos ao estabelecimento de dezenas de bases e postos de comando que serviram como pontos de parada para os soldados do regime sionista nas proximidades da fronteira.

Oficiais das IDF explicaram ao Haaretz que a ordem de descarte em área palestina partiu dos comandantes de campo. Segundo uma das fontes, foi permitido que despejassem as cargas “onde achassem melhor”.

“Eles estão despejando entulho de construção cheio de ferro, canos de irrigação e blocos de concreto – materiais que o Hamas acabará usando para seus próprios fins”, alegou um outro oficial familiarizado com o assunto.

Segundo o relato de um dos soldados com quem o Haaretz também conversou, o lixo tem sido despejado no enclave já que, conforme prevê uma das cláusulas essenciais do acordo de cessar-fogo, os países estrangeiros “entrarão em Gaza em breve para supervisionar a reconstrução e cuidarão da gestão de resíduos”.

Enquanto isso, mesmo após duas semanas da trégua, os cidadãos palestinos seguem lutando para encontrar comida, água limpa, combustível e abrigo confiável. Além disso, o regime sionista continua restringindo a entrada de ajuda em Gaza, desafiando uma decisão tomada pela Corte Internacional de Justiça (CIJ), na semana passada, que determina que Israel deve facilitar o acesso à ajuda humanitária em posição de “país ocupante”. De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza nesta segunda-feira (27/10), o genocídio na Palestina matou, desde 7 de outubro de 2023, pelo menos 68.527 pessoas e feriu mais de 170.395.

*Opera Mundi


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