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Lula prevê ‘boas notícias’ sobre tarifaço dos EUA após conversa com Trump

Presidentes discutiram taxação, sanções e cooperação no combate ao crime organizado; segundo o republicano, ‘muita coisa boa resultará da parceria recém-formada’

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou nesta quarta-feira (03/12) que espera “boas notícias” sobre o tarifaço imposto pelos Estados Unidos contra produtos brasileiros, um dia depois que realizou uma conversa telefônica com seu homólogo norte-americano Donald Trump. A posição foi dada em entrevista à TV Verdes Mares, de Fortaleza, onde cumpre uma visita oficial.

“Eu conversei seriamente com o presidente Trump sobre a necessidade do fortalecimento das duas maiores democracias do Ocidente, Brasil e Estados Unidos”, disse o mandatário, acrescentando otimismo quanto ao possível fim da medida. “Não tem sentido essa taxação, e eu disse para ele que é importante rever isso”.

Em relação à possibilidade de novos anúncios sobre eliminação de produtos taxados, Lula disse que “muita coisa vai acontecer”. “Você está vendo o meu sorriso de Mona Lisa, é porque estou convencido de que vão acontecer boas novidades”, afirmou.

Na terça-feira (02/12), Lula conversou com o republicano por cerca de 40 minutos, conforme o comunicado emitido pelo Planalto, no contexto da reaproximação entre os dois países após o tarifaço anunciado em julho por Washington.

“Da mesma forma que o povo brasileiro teve uma notícia ruim quando o presidente Trump anunciou a taxação, eu acho que está perto de a gente ouvir uma notícia boa, além de tirar alguns produtos nossos da taxação, o que ele fez”, apontou.

*Opera Mundi


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Petróleo: Trump ameaça derrubar Maduro se ele não sair voluntariamente

Objetivo da Casa Branca é se apoderar das reservas de petróleo da Venezuela

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, elevou drasticamente a pressão sobre o líder venezuelano Nicolás Maduro, ao afirmar que Washington poderia recorrer ao uso da força caso ele não deixe o poder de forma voluntária. De acordo com o 247, a informação foi divulgada pelo The Wall Street Journal e consta em reportagem da agência russa TASS, citada no segundo parágrafo como fonte original.

Segundo o jornal norte-americano, que ouviu fontes com conhecimento direto da conversa telefônica, Trump disse a Maduro que “se ele não deixasse o poder voluntariamente”, os Estados Unidos passariam a considerar “várias opções contra a Venezuela, incluindo o uso da força”.

Ainda de acordo com o WSJ, os dois líderes discutiram até mesmo a possibilidade de uma anistia para Maduro e seus colaboradores mais próximos, como parte de uma eventual negociação de saída do governo.

Foco no petróleo
A escalada de tensão ocorre num contexto em que, desde seu primeiro mandato, Trump adotou medidas mais agressivas contra Caracas. Em março de 2020, os EUA indiciaram Maduro por narcoterrorismo e anunciaram inicialmente uma recompensa de US$ 15 milhões por informações que levassem à sua captura ou condenação. Em agosto deste ano, Washington elevou o valor para US$ 50 milhões, reforçando a narrativa de que o presidente venezuelano seria, segundo o Departamento de Justiça, “um dos maiores traficantes de drogas do mundo” e representaria “uma ameaça à segurança nacional dos Estados Unidos”. Este pretexto, no entanto, encobre o real objetivo, que é se apoderar das reservas de petróleo do mundo – as maiores do mundo.

A imprensa norte-americana tem noticiado de forma recorrente que ataques militares contra a Venezuela vêm sendo discutidos dentro do governo Trump. Na quinta-feira anterior à reportagem, Trump afirmou que Washington “muito em breve” iniciaria ações diretas de combate ao narcotráfico a partir do território venezuelano, embora não tenha detalhado como essas operações ocorreriam.

No sábado, Trump voltou a tensionar o cenário ao defender que o espaço aéreo da Venezuela – e áreas no entorno – fosse considerado “completamente fechado”, em mais um recado que evidencia o objetivo estratégico da Casa Branca: controlar as reservas de petróleo venezuelanas, as maiores do mundo, e ampliar o domínio norte-americano sobre a região.


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‘Judiciário israelense é parte do sistema de repressão aos palestinos’, afirma ex-preso político

Salah Hammouri vive atualmente na França, para onde foi exilado em 2022; antes disso, passou uma década de sua vida entrando e saindo das prisões israelenses

O advogado palestino-francês Salah Hammouri passou uma década de sua vida entrando e saindo das prisões israelenses. Sua primeira detenção foi em 2001, quando ele tinha 16 anos, por colar cartazes pró-palestina nos muros de Jerusalém.

Filho de pai palestino e mãe francesa, Hammouri está exilado na França, após ser deportado em 2022. Desde então, utiliza sua vivência para denunciar o colonialismo e defender a autodeterminação do povo palestino.

Hammouri integra desde 2016 a Addameer, uma das mais respeitadas organizações de direitos humanos defensoras dos prisioneiros políticos palestinos. Segundo ele, um milhão de palestinos já passaram pelos cárceres israelenses. “Isso significa 40% da população”, disse.

A Opera Mundi, ele destacou que os mecanismos de repressão ao povo palestino são estruturantes do Sistema Judiciário israelense. “Não estamos diante de um Estado democrático, mas de um Estado onde todos esses mecanismos, incluindo o poder judicial e os tribunais, fazem parte de um sistema de repressão contra o povo palestino”, afirmou.

Salah Hammouri: eu tinha 16 anos quando fui acusado de participar do Movimento da Juventude da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), por ter colado cartazes e pichado slogans de resistência. Nós éramos jovens estudantes de uma escola francesa em Jerusalém. Eu nasci em 1985, sou filho de pai palestino e mãe francesa.

Em dezembro de 2000, eu fui baleado abaixo do joelho e foi impossível tirar essa bala da minha perna. No ano seguinte, fui preso pelo Exército israelense. Eu passei 60 dias sob duros interrogatórios e conduzido a uma prisão de jovens, praticamente crianças, palestinos.

Éramos 80 crianças em condições de detenção bastante difíceis. Na lei de Israel, uma criança palestina pode ser julgada a partir dos 12 anos. Eu fiquei cinco meses preso e fui libertado em fevereiro de 2002. Então, eu voltei para o ensino médio e, no final de 2003, prestei o vestibular e entrei na faculdade de Belém.

Um ano depois, eu estava cursando sociologia quando fui novamente preso, mas em uma detenção administrativa, garantida por uma lei ainda da colonização britânica, anterior a 1948, que permite o Exército israelense prender qualquer palestino por um período de um a seis meses.

A lei permite que as pessoas sejam presas sem ter o direito de saber as razões da sua detenção. Eu permaneci quatro meses e meio detido sem saber o porquê. Não há advogados, nem julgamentos, nada. O prisioneiro, simplesmente, não tem acesso ao processo.

Isso é generalizado?

É uma situação permanente. Os palestinos, em geral, são julgados pela lei militar, ou seja, por tribunais militares ilegais. Os de Jerusalém, em tribunais civis, mas em condições distintas no caso dos prisioneiros políticos. De modo geral, o sistema judicial israelense faz parte dos meios da repressão contra o povo palestino.

Desde 1967 até hoje, 1 milhão de palestinos passaram pelas prisões israelenses, o que significa que pelo menos 40% da sociedade passou pelas prisões israelenses. Não estamos diante de um Estado democrático, mas de um Estado onde todos esses mecanismos, incluindo o poder judicial e os tribunais, fazem parte de um sistema de repressão contra o povo palestino.

‘Cerca de 1 milhão de palestinos, 40% da população, já passou pelas prisões israelenses’, afirma advogado

Houve mudanças após o 7 de outubro?

Eu fui deportado da Palestina para a França em 2022 e não tenho mais o direito de retornar. Mas sei que as condições de detenção dos presos políticos após 7 de outubro ficaram muito difíceis.

Há meios de tortura extremamente duros, por exemplo, existem relatos de mulheres e homens que foram violentados durante os interrogatórios. Os prisioneiros palestinos são mortos nessas prisões devido às torturas. Desde 7 de outubro, 98 foram assassinados nestas condições. Até agora, a maioria dos advogados não têm o direito de visitá-los, nem a Cruz Vermelha pode mais entrar.

Israel está debatendo a aprovação da pena de morte para os prisioneiros classificados como ‘terroristas’. Como você avalia isso?

No dia 3 de novembro, o Conselho de Segurança do Knesset [Parlamento israelense] discutiu o assunto e votou pela pena de morte dos prisioneiros. São necessárias mais duas votações para que ela seja aprovada e penso que isso será aprovada.

Por causa dessa votação, a pena de morte afetará centenas de prisioneiros. A lei será um meio legal para Israel matar cada vez mais os palestinos nas prisões.

A sociedade israelense aprova essa medida? Existe algum movimento contra?

A maioria da sociedade israelense está ciente da lei, do que se passa em Gaza e dos genocídios. Eles apoiam o governo porque é uma sociedade de extrema direita, e acredito que haverá maioria no Congresso para apoiar a pena de morte dos prisioneiros palestinos.

No momento, [Benjamin] Netanyahu é o político mais forte do país. Haverá eleições no ano que vem, mas por enquanto ele tem apoio de Donald Trump, dos países ocidentais, como a França, Itália e a Alemanha. É um político forte, mas nós veremos nas próximas eleições o que vai acontecer com ele.

Como você avalia o chamado ‘plano de paz’ de Trump?

O Plano de Trump não é um plano de paz. As Nações Unidas e o Conselho de Segurança aprovaram a resolução dias atrás, autorizando o plano. O que eles querem é impor um mandato norte-americano e das forças internacionais sobre a Palestina. É uma nova forma de ocupação do território que pertence aos palestinos.

A resolução é vergonhosa porque não leva em consideração direitos históricos do povo palestino, como o da autodeterminação. Ela não fala sobre as colonizações, a libertação dos prisioneiros palestinos, sobre Jerusalém. É uma resolução colonial que os Estados Unidos vão impor ao mundo no lugar das determinações do direito internacional.

Como você vê a reação da União Europeia e dos países árabes?

O governo europeu, principalmente a França, desde o início do genocídio em curso, não saíram do horizonte e da perspectiva dos Estados Unidos. Esses países são mais ou menos controlados pela economia e política norte-americana. Eles tentam fazer manobras aqui e ali, mas elas são pequenas e não servem para alterar a dominação norte-americana.

A Europa segue claramente os passos dos Estados Unidos, especialmente agora, após a aliança entre o mundo árabe e os Estados Unidos, especialmente a Arábia Saudita, como vimos durante a visita de Ben Salman a Nova York.

Em termos da população, nós estamos acompanhamos os protestos e movimentos populares na Europa, que vive entre a ascensão da extrema direita e a esquerda. Espero que possamos continuar lutando na Europa.

Em relação aos países árabes e sauditas, eles são reacionários e apoiaram o genocídio em curso. Há exceções como o Líbano, e não todo o país, o Iêmen e um pouco o Iraque, que estava com a resistência palestina. O resto dos países árabes, porém, apoiaram o genocídio e alguns até trabalharam para remover o bloqueio que as forças do Iêmen impuseram ao Estado de Israel. São regimes totalmente ligados aos Estados Unidos e Israel.

E internamente? Como você vê a resistência do Hamas e os próximos passos?

A questão é a resistência do povo palestino, não é a questão do Hamas. Isso tem que ser dito claramente. Nós, como povo palestino, temos o direito de resistir ao ocupante israelense e é nosso dever resistir ao ocupante israelense. Isso foi expresso nos anos 60 e 70 pela esquerda palestina e seus aliados.

O mais importante agora é pensar no futuro: como o povo palestino se organizará para resistir ao ocupante israelense e, também, para estabelecer uma ligação com os movimentos internacionais de solidariedade e os povos ao redor do mundo. Os movimentos sociais e políticos que apoiam e são solidários com o povo palestino têm um importante papel a desempenhar na resistência e solidariedade à luta palestina.

Enquanto o direito internacional estiver nas mãos dos Estados Unidos e das forças ocidentais, ele será mal utilizado. Os países do Sul Global, como Brasil, África do Sul e outros, precisam fazer valer as determinações do direito internacional, que exige o respeito à autodeterminação dos povos e, acima de tudo, o direito de retorno do povo palestino a suas terras.

É preciso não aceitar que esse direito esteja nas mãos dos Estados Unidos e dos israelenses, que fazem dele o que bem entendem.

Qual sua mensagem para o Brasil?

É preciso dizer, em primeiro lugar, que há um prisioneiro brasileiro-palestino chamado Islam Hamed, que está na prisão há 20 anos. É preciso obrigar o governo brasileiro a obter a sua libertação.

Segundo, é preciso que o Brasil interrompa toda a cooperação com as empresas israelenses, porque essa cooperação continua, especialmente na questão do carvão. Em terceiro lugar, é preciso que o país imponha um efetivo embargo contra as armas israelenses.

E, por fim, é preciso dizer ao povo brasileiro que precisamos lutar juntos contra o sionismo, porque o sionismo é um racismo que prejudica o povo palestino, mas também afeta o povo brasileiro.

*Opera Mundi


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Brasil Mundo

Lula recebe elogios do Financial Times por driblar tarifaço de Trump e mostrar “força”

A estratégia de negociações comerciais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua equipe de ministros diante do tarifaço dos Estados Unidos, agora em grande parte revertido, vem rendendo elogios na imprensa internacional. O jornal britânico Financial Times, de Londres, publicou nesta sexta-feira (28) um artigo da escritora e jornalista Gilian Tett, em que ela avalia a estratégia de Brasília como um grande sucesso.

Segundo Tett, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva “respondeu de forma desafiadora às intimidações — o que elevou sua popularidade interna — e saiu em defesa dos tribunais”, alvo de Donald Trump por conta da ação penal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado a mais de 27 anos no caso da trama golpista.

Tett faz três conclusões principais diante do recuo de Trump. A primeira é que a Casa Branca está “mais nervosa” com as pressões inflacionárias nos EUA, geradas pelo próprio tarifaço contra o Brasil. A segunda lição é que “intimidadores muitas vezes recuam diante da força”, demonstrada pelo presidente Lula e a equipe de negociadores diplomáticos. A terceira: “vale a pena distinguir entre táticas e objetivos ao observar a Casa Branca. Isso pode não parecer óbvio, já que Trump frequentemente parece carecer de uma estratégia clara”.

A articulista também classifica as negociações comerciais com Trump como um exemplo do que chamou de “TACO trade”. A expressão — que, em tradução livre, significa “Trump sempre amarela” — é usada por críticos da política tarifária do atual presidente dos Estados Unidos para descrever sua postura frequentemente hostil, mas marcada por recuos e oscilações, diz Leonardo Sobreira, 247.


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Mundo Política

Lula recebe título de Doutor Honoris Causa em Moçambique

Lula recebeu título de Doutor Honoris Causa e disse que fome é resultado de “falta de vergonha na cara de quem governa o mundo”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu nesta segunda-feira (24) o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Pedagógica de Maputo, em Moçambique. A instituição afirmou que a honraria reconhece as contribuições do presidente brasileiro nas áreas de ciência política, desenvolvimento econômico e cooperação internacional. Em um discurso carregado de emoção, Lula destacou a centralidade da educação em seu projeto político e criticou a desigualdade global que mantém 700 milhões de pessoas em situação de fome.

“O mundo produz alimento suficiente para dois tantos de gente que tem no mundo comer. Qual é a explicação de ter 700 milhões no mundo passando fome, senão a falta de vergonha na cara de quem governa o mundo?”, afirmou, provocando aplausos da plateia. Segundo ele, a fome não é consequência da escassez de alimentos, mas de decisões políticas que perpetuam injustiças e desigualdades.

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Emoção e simbolismo no retorno a Maputo
Lula iniciou o discurso dizendo-se surpreendido pelo próprio impacto emocional da homenagem. “Eu sempre achei que aos 80 anos […] eu jamais imaginei que poderia ficar emocionado outra vez. […] Eu já tenho muitos títulos de doutor honoris causa, mas nenhum me emocionou como esse”, declarou. Ele afirmou sentir-se “igual” aos moçambicanos presentes na cerimônia e descreveu o país africano como “um reencontro com a história e o afeto”.

O presidente ressaltou que Brasil e Moçambique compartilham laços que vão além da língua, construídos pela história da resistência, da cultura e da busca por liberdade. “Cada vez que volto à África, não me sinto visitante, me sinto voltando para casa”, disse.

Educação como obsessão de Lula
A defesa da educação ocupou grande parte da fala. Lula associou seu compromisso pessoal com o tema à própria experiência de não ter tido acesso ao ensino formal. “A educação pra mim sempre foi uma obsessão […] porque eu não tive a oportunidade de estudar”, declarou. Ao lembrar que proibiu seus ministros de tratarem educação como gasto ao assumir a Presidência em 2003, reforçou: “Educação é investimento, e é o melhor investimento que o governo faz”.

O presidente destacou números acumulados entre seus mandatos e o de Dilma Rousseff: 610 institutos técnicos criados, 190 extensões universitárias e 18 novas universidades federais. Ele mencionou ainda projetos recentes, como a futura universidade indígena e a universidade do esporte, além do programa “Pé de Meia”, que incentiva a permanência de estudantes de baixa renda no ensino médio por meio de transferências condicionadas.

Lula também citou iniciativas de integração acadêmica com países africanos, como o PEC-G, que completa 60 anos, e a criação da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB), em 2010. Para ele, educação e democracia são inseparáveis: “Não há democracia verdadeira onde o povo não tem acesso ao conhecimento”.

*TVTNews


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Mundo

Casa Branca anuncia ‘Operação Lança do Sul’ contra narcotráfico na América Latina

Nicolás Maduro alerta para riscos de invasão norte-americana na Venezuela; anúncio ocorre após chegada do maior porta-aviões do mundo na região

O governo Trump anunciou nesta quinta-feira (13/11) a “Operação Lança Sul” alegando o combate ao narcotráfico na América Latina. A ofensiva ocorre em meio à escalada militar do país no Caribe e a chegada do maior porta-aviões do mundo na região.

A operação será realizada a partir do Comando Sul das Forças Armadas, que gerencia as ações militares dos Estados Unidos em 31 países da América do Sul, América Central e Caribe.

Sem revelar detalhes, o Secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, publicou na plataforma X, que o objetivo é “defender o território [dos EUA], retirar narcoterroristas do Hemisfério e proteger o país das drogas que estão matando” a população.

O presidente venezuelano Nicolás Maduro acusou Washington de tentar depô-lo para instalar um governo subordinado aos Estados Unidos, visando controlar os recursos naturais do país.

Ele se reuniu com jovens venezuelanos e denunciou a “campanha de pressão política, militar e psicológica” liderada pela Casa Branca e pela Agência Central de Inteligência (CIA) para justificar uma intervenção no país.

‘Escravo de gringo?’
Maduro afirmou que os EUA “ameaçam a Venezuela com uma invasão” e perguntou aos jovens venezuelanos: “quem quer ser escravo gringo? Quem quer que a Venezuela se torne uma colônia?”. Ele também defendeu que a juventude fortaleça os “comitês territoriais” e avance no “mapa dos sonhos” das comunidades, exaltando o papel do poder popular em seu governo.

Nesta quarta-feira (12/11), o líder venezuelano denunciou que os Estados Unidos e a CIA estão realizando “uma campanha” para desacreditar seu governo e “justificar qualquer coisa” contra a nação bolivariana.

No início de outubro, Trump admitiu ter autorizado a CIA a conduzir operações secretas em território venezuelano, algo que Caracas descreveu como parte de uma estratégia de agressão. “A CIA conspira contra nós há décadas”, disse Maduro, evocando casos de ingerência desde os tempos de Hugo Chávez.

*Opera Mundi


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Vitória do Brasil: produtos brasileiros têm grande redução de tarifas após reunião entre Rubio e Vieira

Decreto faz parte de esforço de Trump e autoridades para atender às crescentes preocupações dos norte-americanos com preços persistentemente altos dos alimentos

A Casa Branca emitiu nesta sexta-feira (14) um decreto do presidente Donald Trump para isentar determinados produtos agrícolas de tarifas recíprocas, que estão em vigor desde abril.

De acordo com nota publicada pela Casa Branca, entre os produtos que deixarão de estar sujeitos às tarifas recíprocas estão: café e chá; frutas tropicais e sucos de frutas; cacau e especiarias; bananas, laranjas e tomates; carne bovina; e fertilizantes adicionais (alguns fertilizantes nunca foram sujeitos às tarifas recíprocas).

O decreto faz parte de um grande esforço de Trump e de suas principais autoridades para atender às crescentes preocupações dos norte-americanos com os preços persistentemente altos dos alimentos.

De acordo com a agência Reuters, as novas isenções, que entram em vigor retroativamente à meia-noite de quinta-feira, marcam uma forte reviravolta para Trump, que há muito insiste que suas tarifas de importação não estão alimentando a inflação. Elas vêm depois de uma série de vitórias dos democratas em eleições estaduais e municipais na Virgínia, Nova Jersey e Nova York, onde a acessibilidade econômica foi um tópico importante.

São eles:

  • Café
  • Chá
  • Frutas tropicais (ex: manga, abacaxi, etc.)
  • Sucos de frutas tropicais
  • Cacau
  • Especiarias
  • Bananas
  • Laranjas
  • Tomates
  • Carne bovina (beef)
  • Fertilizantes selecionados

Segundo a Casa Branca, a medida modifica “o escopo das tarifas recíprocas que ele [Donald Trump] anunciou inicialmente em 2 de abril de 2025”. Na ocasião, o presidente dos Estados Unidos impôs um tarifaço global a produtos importados de vários países, e confirmou uma taxa de 10% para os produtos brasileiros. No evento, ele comunicou a aplicação de tarifa de 20% sobre a União Europeia, 34% sobre a China e 46% sobre o Vietnã, diz a Forum


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Aves infectadas com vírus teriam sido testadas pelos EUA como armas biológicas no Brasil

Sede da COP30, Belém virou laboratório norte-americano como possível esforço de combate no Vietnã durante a Guerra Fria

Thiago Domenici
Agência Pública

A historiadora Laura de Oliveira Sangiovanni estava em um subsolo de Washington, D.C., quando o ar começou a faltar. Na frente dela, o funcionário do Museu Nacional de História Natural Smithsonian Chris Milensky puxava com cuidado uma longa gaveta de metal. Dentro, centenas de aves amazônicas, perfeitamente empalhadas, repousavam em silêncio, entre elas o urubu-de-cabeça-preta. Milensky abriu outra gaveta. Eram muitas gavetas, que são parte da chamada reserva técnica do museu.

A cena era um pesadelo materializado que Oliveira não calculou ao entrar no local. A pesquisadora goiana sofre de ornitofobia, medo extremo de pássaros. “Já vi o suficiente, obrigada”, conseguiu dizer, em meio à crise. A ironia era brutal. O que levaria a pesquisadora justo àquele arquivo no maior complexo de museus e centros de pesquisa do mundo?

As respostas, algumas ainda inéditas e contadas com exclusividade à Agência Pública, viriam em forma de mais perguntas. Os primeiros resultados descobertos por sua pesquisa histórica, que completou oito anos em 2025, vieram a público, sobretudo o acadêmico, com artigos e apresentações em congressos pelo Brasil. Entre os achados, a informação de que milhares de aves amazônicas podem ter se tornado peças de um projeto de testes virais dos Estados Unidos em solo brasileiro durante o período da Guerra Fria.

O enredo envolve a Guerra do Vietnã, o desenvolvimento de armas biológicas e Belém, cidade sede da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), numa história com conexões entre ornitologia e virologia.

Um passarinho que contou muito
Laura não imaginava que durante um almoço, enquanto tomava uma sopa de feijão, receberia uma dica que a levaria a uma trama com envolvimento do exército dos Estados Unidos em solo amazônico. “Esperava um brasileiro há tanto tempo”, disse Pamela Henson, diretora do Smithsonian, com um sorriso que Laura só compreenderia depois, no encontro das duas em 2017. A diretora, também historiadora, sabia o que estava prestes a desencadear. Henson foi direta. “Esse programa que você quer estudar”, disse, “é um dos mais polêmicos da história do Smithsonian”.

Em 2014, Henson havia publicado um texto na revista Acervo, do Arquivo Nacional no Brasil, convidando pesquisadores brasileiros a consultarem os arquivos do Smithsonian, que teria muita coisa sobre o país. O complexo reúne 19 museus, 7 centros de pesquisa, o Zoológico Nacional e um acervo de mais de 142 milhões de itens.

Foi assim que Oliveira, três anos depois, partiu aos Estados Unidos para seu pós-doutorado. A intenção era estudar a emergência do ambientalismo internacional a partir de dois projetos do Smithsonian para a Amazônia.

Durante seu mestrado, anos antes, a brasileira havia mergulhado na história da bioética a partir dos julgamentos dos médicos nazistas em Nuremberg, na Alemanha, no pós-Segunda Guerra Mundial. No doutorado, investigou a atuação de uma agência federal norte-americana, a USIA, responsável pela propaganda anticomunista no Brasil durante a Guerra Fria. Seu objeto de análise foram as políticas editoriais, com ênfase na trajetória da Edições GRD.

Ali, diante da brasileira, Henson indicou um nome do Instituto Smithsonian que mudaria o rumo da pesquisa de Oliveira: o ornitólogo Philip Strong Humphrey. Entre 1963 e 1970, Humphrey coordenou um projeto de pesquisa em ilhas do Oceano Pacífico, o “Pacific Ocean Biological Survey Program (POBSP)”, que levou o cientista e o próprio instituto a serem acusados de encobrir testes de armas biológicas utilizando aves como vetores durante a Guerra Fria, a serviço do Exército estadunidense, em conexão direta o notório centro de guerra química e biológica Fort Detrick, no estado de Maryland. Como esperado, os Estados Unidos nunca confirmaram a informação.

O programa do Pacífico já havia sido objeto de pesquisa do historiador Roy Mcleod, autor do artigo “‘Estritamente para os pássaros’: ciência, as Forças Armadas e o Programa de Pesquisa Biológica do Oceano Pacífico do Smithsonian, 1963-1970”, publicado em 2001. Em 2023, seria publicada uma pesquisa mais densa sobre o tema no livro, “Ciência, segredo e o Smithsonian: a estranha história do Programa de Pesquisa Biológica do Oceano Pacífico”, de Ed Regis.

Os referidos autores mencionaram apenas timidamente um outro projeto análogo ao POBSP coordenado por Humphrey em Belém, quando milhares de aves amazônicas também teriam sido usadas sob a coordenação do ornitólogo em testes biológicos: o enigmático Projeto Ecológico Belém (Belém Ecological Project, ou BEP).

Uma revoada de D.C. até o Mocambo
O Projeto Ecológico Belém (Belem Ecological Project, ou BEP) era um programa desconhecido pela historiografia brasileira. Sob a fachada de estudo da natureza, a iniciativa pode também ter escondido uma operação militar dos Estados Unidos em plena Amazônia brasileira durante a ditadura militar (1964-1985).

Para entender o BEP, é preciso voltar ao outono de 1962. Philip Humphrey havia acabado de aceitar o cargo de curador de aves no Smithsonian, uma posição que outros cientistas mais prestigiados haviam recusado, por considerá-la uma “ciência fossilizada do século XIX”. Humphrey, então com 36 anos, no entanto, via uma oportunidade. “Foi isso que ele foi fazer lá. Ele foi ampliar a coleção da Smithsonian”, conta Laura de Oliveira. Pouco depois de sua contratação, no entanto, Humphrey receberia em seu escritório uma visita de oficiais do Exército dos Estados Unidos.

O governo John F. Kennedy, sob a gestão do Secretário de Defesa Robert McNamara, havia lançado o Projeto 112, um vasto programa de testes de armas químicas e biológicas. Os militares queriam a ajuda do Smithsonian para um projeto com aves no Pacífico. Humphrey, segundo seu próprio relato ao jornalista Philip Boffey, da revista Science, em fevereiro de 1969, não só concordou como sugeriu que o próprio Smithsonian abrigasse a operação.

Nesse momento, a ciência de coletar e catalogar pássaros se encontrou com a política de guerra estadunidense. Oliveira descobriu uma correspondência de Humphrey que mostra uma mudança abrupta nesse sentido. Se no início de 1962 seu interesse era puramente a ecologia, no final daquele ano, ao contatar a Fundação Rockefeller em busca de apoio para entrar no Brasil, o tema já era outro: virologia. Aves como vetores de vírus. A primeira carta que Humphrey enviou à Rockefeller, o documento que poderia elucidar essa transição, desapareceu misteriosamente dos arquivos. Só existe a resposta, que começa com uma introdução protocolar: “A respeito da sua correspondência enviada, sobre um financiamento para expedição na Amazônia…”.

Em 1963, quando Humphrey desembarcou em Belém pela primeira vez, o campo científico na região comportava instituições importantes, como o Museu Paraense Emílio Goeldi e o Instituto Evandro Chagas, que sediava um laboratório de vírus da Fundação Rockefeller, importante referência em estudos virais e saúde pública. Humphrey não estava começando do zero; ele estava se inserindo em uma rede pré-existente, usando-a aparentemente como cortina de fumaça para um projeto pouco transparente.

A correspondência entre Humphrey e os diretores do Laboratório de Vírus da Rockefeller, antes de desembarcar em Belém, indica um planejamento meticuloso. Ele chegou com bisturis, formol, armas de fogo e munição, tudo detalhado nos orçamentos que Oliveira encontrou décadas depois. Além disso, ele precisava de um taxidermista; precisava de redes para capturar aves no dossel florestal; e precisava de discrição.

Oliveira explica que a Rockefeller funcionava como uma vanguarda da política externa americana, oferecendo uma “blindagem” institucional e uma rede de contatos que facilitava a atuação de cientistas ligados a interesses estratégicos. Com financiamento do Instituto Smithsonian (com recursos que, em parte, advinham do Escritório de Pesquisa do Exército americano), uma área de floresta pertencente ao Ministério da Agricultura brasileiro foi demarcada em 1966 e batizada de Área de Pesquisas Ecológicas do Guamá (APEG). Naquela área, conhecida localmente como Mocambo, se consolidou o laboratório de testes de Humphrey entre 1967 e 1971.

O mistério de uma importação silenciosa
No período de vigência do projeto, segundo informação do banco de dados do Museu Nacional de História Natural, 4.426 aves brasileiras foram enviadas para o acervo do Smithsonian nos Estados Unidos, abrigadas nas gavetas de reserva técnica que causaram pânico na historiadora anos mais tarde. Desse total, 2.895 vieram do Pará, sendo 90% de toda a coleção de aves brasileiras do museu formada nesse período do BEP.

A investigação da historiadora brasileira não encontrou nenhum registro da saída das quase cinco mil aves na alfândega de Belém, nem autorização do Conselho de Fiscalização das Expedições Artísticas e Científicas no Brasil (CFE), o órgão que deveria controlar esse tipo de atividade à época. Havia um fundo da alfândega de Belém no Arquivo Nacional. Oliveira procurou. Nada. O projeto simplesmente não aparecia.

Também não foram localizados registros do BEP na documentação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), nem do Serviço Nacional de Informações (SNI). Como um projeto desse porte, com financiamento estrangeiro, pôde operar por oito anos sem deixar rastros na burocracia brasileira?

A resposta, para Oliveira, pode estar na blindagem institucional. O projeto funcionava dentro do Instituto Evandro Chagas, que já abrigava o laboratório da Rockefeller. A Fundação tinha uma longa história no Brasil, com parcerias estabelecidas desde 1916. Humphrey não precisou pedir autorização ao governo brasileiro. Ele entrou pela porta da frente, sob o guarda-chuva da Rockefeller.

Na documentação pesquisada há evidências de que o mesmo tipo de teste em Belém foi realizado em partes do Havaí além de locais como Line, Phoenix, Tokelau, Gilbert, Marshall, Baker, French Frigate Shoal e Sand, no Atol Johnson – um território dos Estados Unidos conhecido por testes de armas nucleares, depósitos de armas químicas e incineradores.

Os pássaros eram capturados, inoculados com vírus, monitorados, mortos (possivelmente a tiros – os orçamentos de Humphrey incluíam verbas para armas e munição), taxidermizados e enviados para Washington. Formalmente, o BEP tinha como objetivo identificar as condições ambientais do delta amazônico, nas imediações de Belém, e o impacto da ação humana na região. Na prática, dedicou-se ao estudo sobre distribuição ecológica, diversidade, rotas de voo e relações entre arbovírus e aves.

O ornitólogo brasileiro Fernando Novaes, do Museu Goeldi, chegou a coordenar o projeto por um mês em 1963 e seus relatórios mostram colaboração com o laboratório de vírus da Fundação Rockefeller até o início dos anos 1970. Até então, não há evidências de que ele ou outros brasileiros soubessem do acordo militar de Humphrey e das verdadeiras intenções do projeto.

Em 1965, um jovem assistente se juntou à equipe: Thomas Lovejoy, que décadas depois se tornaria um dos ambientalistas mais famosos do mundo. Lovejoy foi responsável pela instalação das redes mistas no dossel florestal, a técnica que permitia capturar as aves em pleno voo. Em entrevista à revista Pesquisa Fapesp, em 2015, Lovejoy negou qualquer envolvimento com os testes virais, afirmando ter se dedicado apenas à “ecologia de aves” e que entregou “todos os dados virais e epidemiológicos ao Laboratório de Vírus em Belém”.

Mesmo sem evidências de que soubesse da movimentação dos Estados Unidos, o golpe militar de 1964 no Brasil, longe de ser um obstáculo, parece ter sido uma bênção para o projeto. Enquanto Humphrey, nos períodos em que estava em Washington, mostrava-se preocupado com a instabilidade política, seu colega em Belém, o virologista Robert Shope – que passara três anos em treinamento em Fort Detrick antes de ir para a Amazônia –, respondeu em uma carta: “A situação política tem sido extremamente interessante, mas até agora em nada impediu o nosso trabalho. Acredito que o atual regime representa uma certa estabilidade que deverá ser favorável”.

Vírus, bactérias e uma admissão silenciada por 20 anos
Quando o caso do Projeto do Pacífico veio à tona na imprensa americana, sobretudo em denúncias da revista Scientific Research e reportagens na NBC, pouco se falou do Projeto Belém.

Em 1968 e 1969, reportagens na imprensa estadunidense, incluindo a prestigiosa revista Science, trataram das supostas conexões do Smithsonian com a guerra biológica, no contexto do crescente repúdio à Guerra do Vietnã.

Cientistas proeminentes escreveram cartas indignadas à publicação. Um desses cientistas, Stephen Jay Gould, biólogo de Harvard, escreveu na Science: “Ninguém pode ser tão ingênuo a ponto de pensar que um projeto secreto financiado pelo Exército e administrado por Fort Detrick tenha sido financiado por seus patrocinadores em nome da pura pesquisa”. Outra correspondência, enviada pelo leitor George Wright ao presidente Lyndon Johnson, dizia: “Você, como presidente dos Estados Unidos, obedeceu aos interesses militares nas relações internacionais e, nesse processo, causou muitos danos ao seu país e a outros seres humanos neste planeta. Você falhou. Eu rezo por você”.

As reportagens provocaram forte impacto político e reações adversas ao Smithsonian, que, sentindo a pressão, negou as acusações. Curiosamente, Humphrey já estava oficialmente afastado do instituto desde 1967, embora ele tenha permanecido coordenando os projetos à distância até 1971 a partir de seu novo posto na Universidade do Kansas.

O silêncio de Humphrey se instalou por mais de uma década, até que, em 1985, o jornalista Ted Gup, do Washington Post, publicou a reportagem “O Segredo do Smithsonian – por que um estudo inocente com pássaros foi direto para especialistas em guerra biológica em Fort Detrick”. Gup escreveu que o programa, embora não fosse secreto, mantinha atividades sigilosas e encobria testes de armas biológicas usando pássaros como vetores. Os protótipos desenvolvidos por meio desses experimentos foram enviados para Fort Detrick, apurou o jornalista.

A pesquisa com aves, tanto no Pacífico quanto em Belém, envolveria ao menos dois tipos de agentes biológicos: o vírus da Encefalite Equina Venezuelana (VEE) e a bactéria da Febre Q, relacionada à bactéria Coxiella burnetii.

O VEE é uma doença viral transmitida por mosquitos que geralmente afeta cavalos e humanos, podendo causar febre, convulsões e morte em animais. Aves silvestres são reservatórios naturais do vírus, enquanto os mosquitos atuam como vetores. A transmissão para humanos ocorre pelo contato ou pelas picadas de insetos infectados.

No caso da Febre Q, a doença bacteriana é transmitida por inalação de poeira contaminada, afetando humanos e animais. Em humanos, a infecção geralmente causa sintomas semelhantes aos da gripe, como febre, dor de cabeça, calafrios e tosse seca. Sem cuidados, a doença pode evoluir para uma forma crônica grave, que requer tratamento prolongado com antibióticos e pode afetar o coração.

Na entrevista ao jornalista do Post, Humphrey, enfim, admitiu os testes no Pacífico. Disse que eram pesquisas “defensivas”, feitas no “interesse nacional”, e concluiu com uma frase que ecoa a banalidade do mal: “Armas biológicas são um fato da vida”, embora o ornitólogo alegasse não concordar com seu uso. O projeto Belém não foi mencionado.

O quebra-cabeças Belém
Diante da ausência de documentos que comprovem explicitamente os testes de armas biológicas – o que seria esperado em operações sigilosas –, a historiadora Laura de Oliveira cruzou correspondências trocadas entre os cientistas, relatórios de projetos, diários e outros fragmentos, a partir de pesquisa nos arquivos do Instituto Smithsonian, em Washington, da Fundação Rockefeller, em Nova York, do Instituto Evandro Chagas, do Museu Emílio Goeldi e da Embrapa, em Belém.

Ainda sem “prova cabal”, ela defende o método histórico e a narrativa historiográfica baseada em vestígios, interpretação e no cruzamento de fontes para apontar que a capital paraense teria sido laboratório americano de testes com aves como vetores de armas biológicas.

Oliveira leciona história na Universidade de Brasília (UnB) e continua em busca de respostas: Houve surtos epidemiológicos nas comunidades próximas a Belém? As técnicas foram aplicadas no Vietnã? E como, afinal, 4.426 aves mortas brasileiras puderam cruzar o oceano e terminar em gavetas de metal, sem que, aparentemente, o governo brasileiro tomasse conhecimento?

A professora planeja voltar a Belém para vasculhar as hemerotecas em busca de registros de epidemias nos anos 1960. Quer saber se o projeto deixou marcas não apenas nos arquivos, mas nos corpos das pessoas que viviam perto de Mocambo.

Enquanto isso, no sexto andar do Museu Nacional de História Natural em Washington D.C., algumas das aves amazônicas capturadas por Humphrey estão em exposição, em vitrines iluminadas, sob o sol estilizado do logotipo da instituição. Visitantes passam, tiram fotos, admiram as cores. Não sabem que aqueles pássaros brasileiros, um dia, podem ter sido testados como vetores de armas biológicas. Nos corredores da Smithsonian, o silêncio das aves guarda respostas.


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Vídeos: Trump é flagrado dormindo durante coletiva na Casa Branca

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi flagrado aparentemente cochilando durante uma coletiva de imprensa na Casa Branca, na última quinta-feira (6). O momento foi registrado em vídeo e viralizou nas redes sociais.

As imagens mostram Trump com os olhos fechados e a cabeça pendendo para frente exatamente enquanto o Dr. Mehmet Oz, administrador dos Centros de Serviços de Medicare e Medicaid, falava sobre “sono”.

A cena aconteceu durante o anúncio de um plano do governo para reduzir o custo de medicamentos contra a obesidade à base de GLP-1, como o Ozempic e o Wegovy, e ampliar o acesso a esses remédios por meio do programa público Medicare.

https://twitter.com/i/status/1987135667705671803

A apresentadora da MSNBC e ex-secretária de imprensa da Casa Branca de Joe Biden, Jen Psaki, ironizou o episódio.

“Quer dizer, lá estava ele na Casa Branca hoje, praticamente cochilando enquanto seu cirurgião-geral falava sobre — acreditem ou não — demência, obesidade e privação de sono. É meio óbvio demais, não é?”, disse Psaki em seu programa The Briefing with Jen Psaki

Enqanto Trump ormia, homem desmaia durante o evento
A coletiva também foi interrompida por um desmaio de um dos participantes, que caiu de joelhos atrás de Trump. Assessores de imprensa rapidamente retiraram os jornalistas da sala enquanto o homem era socorrido. A Casa Branca informou que ele passa bem.

Inicialmente, a imprensa norte-americana apontou que se tratava de Gordon Findlay, executivo da Novo Nordisk, mas a farmacêutica negou a informação, esclarecendo que nenhum de seus representantes presentes era ele.

O governo dos Estados Unidos não divulgou a identidade do homem, apenas confirmou que se tratava de um executivo do setor farmacêutico.

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Nossos ratos querem um Trump para os brasileiros que os americanos repudiam

63% dos Americanos rejeitam o desempenho de Trump.

Isso, segundo as pesquisas da CNN nos EUA, reflete insatisfação com a economia, expansão de poderes presidenciais e política externa, incluindo tarifas e intervenções.

Mas os ratos do consorcio Paraguaçu formado pelos Odoricos, Tarcísio, Castro, Caiado, Zema e outros camundongos querem Trump intervindo militarmente no Brasil,

Assim que soube da pesquisa, imediatamente Trump pediu penico para a China, propondo zerar as tarifas em pelo menos um ano para, depois ver se esse papo de taxar outros países e a bomba cair no colo dos americanos, volta a ser pauta do bobalhão laranja.

Aqui o “Consórcio Paraguaçu” parece saído direto de Sucupira, numa aliança de “coronéis modernos” que, em vez de se unirem contra o crime, dividem pra reinar politicamente, e quem paga a conta é a nação.

A proposta de transformar as facções criminosas no Brasil em narcoterroristas tem apenas esse objetivo, o de dar a Trump carta branca para uso militar contra os brasileiros e transformar o Brasil em penico de Trump.


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