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Órgão de segurança da Europa virou apêndice da Otan, acusa Lavrov

Declaração de chanceler russo parte de análise dos privilégios que Ocidente entrega à Otan em detrimento da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE).

ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, acusou nesta quinta-feira (30/11) que a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) está virando “um apêndice da Otan e da União Europeia”.

O chanceler afirmou que a organização atualmente se encontra em um “estado deplorável” devido aos privilégios que o Ocidente dá à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

“É certo que a organização está à beira de um precipício”, analisou Lavrov ao questionar se investir na revitalização do ´órgão seria útil e efetivo.

A declaração do chanceler fez referência ao iminente aniversário de 50 anos da ata final de Helsinque, acordos que estabeleceram a OSCE. E segundo ele, é lamentável constatar que “a OSCE se aproxima desta data de aniversário num estado deplorável e que as suas perspectivas permanecem sombrias”.

Na análise do chefe da diplomacia russa, após a Guerra Fria havia um potencial da OSCE para ser explorado no âmbito da cooperação europeia unificada, no entanto “as elites políticas ocidentais, que assumiram o direito de decidir o destino da humanidade, tomaram uma decisão míope, não a favor da OSCE, mas a favor da Otan”.

Lavrov ainda afirmou que os próprios países da União Europeia “destruíram com as próprias mãos a dimensão político-militar” da OSCE. A declaração do chanceler faz referência aos ataques da Otan contra a Iugoslávia, que era membro da OSCE em 1999 e à separação de Kosovo da Sérvia em 2008 sem o respaldo de referendo.

*Opera Mundi

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Morre Henry Kissinger, o Nobel da Paz que mais fez da guerra a sua vida

Uma das personalidades mais influentes na política externa norte-americana desde os anos 1960, o diplomata faleceu aos 100 anos, em Connecticut (EUA).

Haroldo Ceravolo Sereza

Morreu em Connecticut (EUA), neste 29 de novembro de 2023, aos 100 anos, Henry Kissinger, diplomata, político e estrategista norte-americano. Kissinger é talvez a personalidade mais influente na política externa norte-americana dos anos 1960 para cá, tendo servido como secretário de Estado de dois presidentes republicanos, Richard Nixon e Gerald Ford, entre 1973 e 1977.

Nascido na Alemanha em 27 de maio de 1923, Kissinger migrou para os Estados Unidos, com a família, em 1938, fugindo do nazismo. Cinco anos depois, conseguiu a cidadania norte-americana. Serviu ao Exército norte-americano durante a Segunda Guerra Mundial, a partir de 1943, e participou da ocupação do território alemão após o conflito.

Aluno de Harvard, Kissinger graduou-se, tornou-se mestre e doutor na instituição, entre os anos de 1950 e 1954. Também deu aulas de relações internacionais por quase duas décadas. Escreveu pelo menos 20 livros sobre temas como diplomacia, história e política.

Sob o comando de Kissinger, os Estados Unidos patrocinaram golpes de Estado aos borbotões, com destaque para o golpe contra o Chile de Salvador Allende em 1973. No mesmo ano, o secretário de Estado de Nixon negociava a paz no Vietnã, o que lhe rendeu um dos mais controversos Prêmios Nobel da Paz da história. Neste ano, também foi anunciado o prêmio para o negociador vietnamita, Le Duc Tho, que recusou o galardão.

A ditadura argentina, instituída em 1976, contou com sua bênção, assim como a uruguaia (1973) e o genocídio perpetrado pelo Paquistão contra a população de Bangladesh, durante sua guerra de independência. Também partiu de Kissinger o sinal verde para a invasão do Timor Leste pela Indonésia, em 1975.

Atribui-se a Kissinger, também, um papel central na organização da chamada Operação Condor, que articulou os sistemas repressivos das diferentes ditaduras do Cone Sul, incluindo o regime militar brasileiro.

No Brasil, tornou-se famosa a cena de Zuzu Angel, estilista que procurou pelo filho Stuart Angel, também cidadão norte-americano, desaparecido pela ditadura brasileira, entregando um dossiê sobre o caso a Kissinger, driblando a segurança presidencial de Geisel. Pouco depois do incidente, Zuzu foi assassinada num “teatrinho”: agentes da ditadura simularam um acidente automobilístico para matá-la. Nem Kissinger nem os Estados Unidos se moveram para localizar Stuart ou para que o assassinato de Zuzu fosse tratado como tal.

A influência de Kissinger, formalmente um defensor da “realpolitik” nas relações internacionais, permaneceu mesmo quando ele deixou o governo. Integrantes de seu gabinete fizeram parte de diferentes administrações norte-americanas. Também atuou como consultor em diversos organismos governamentais e criou uma empresa de consultoria, a “Kissinger Associates”, especializada em temas de relações internacionais.

O diplomata também teve um papel central na aproximação da China com os Estados Unidos (1969), nas negociações após a guerra do Yom Kippur (1973) e na relativa aproximação entre Estados Unidos e União Soviética, também durante os anos 1970 e 1980, o que resultou em acordos de controle da produção de arsenais nucleares.

Kissinger é considerado, por muitos, como um criminoso de guerra. O historiador Greg Grandin, da Universidade de Yale, estima que entre os anos de 1969 e 1976, morreram entre 3 a 4 milhões de pessoas em decorrência das políticas de Kissinger, fazendo dele uma das personalidades mais violentas da história do século XX.

*Opera Mundi

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ONU declara 2023 ano mais quente da História e cobra medidas na COP28 para evitar ‘colapso climático’

O planeta esteve tão quente este ano que, mesmo antes do fim, 2023 já foi declarado recordista de calor pela Organização Meteorológica Mundial (OMM).

As temperaturas globais estiveram cerca de 1,4°C acima da média pré-industrial nos primeiros dez meses do ano, de acordo com o Relatório Provisório sobre o Estado do Clima Global de 2023 da OMM. Isso fornece certeza suficiente para declará-lo o ano mais quente já registrado, mesmo faltando um mês. A declaração serviu de aviso para negociadores climáticos reunidos em Dubai para a COP28.

— O aquecimento global recorde deve causar arrepios nas espinhas dos líderes mundiais e deve induzi-los a agir — disse o secretário-geral da ONU, António Guterres, no Dubai, nesta quinta-feira, no início da conferência climática COP28. — Estamos vivendo um colapso climático em tempo real, e o impacto é devastador.

A OMM alertou que 2023 quebrou uma série de recordes climáticos, com condições meteorológicas extremas que deixaram “um rastro de devastação e desespero”.

— É uma cacofonia ensurdecedora de quebra de recordes — disse o chefe da OMM, Petteri Taalas. — Os níveis de gases de efeito estufa são recordes. As temperaturas globais são recordes. O aumento do nível do mar é recorde. O degelo marinho da Antártica está em níveis recordes.

Os riscos nunca foram tão elevados. Cientistas alertam que a capacidade de limitar o aquecimento a um nível administrável está em vias de escapar do alcance da humanidade.

Os acordos climáticos de Paris de 2015 visavam a limitar o aquecimento global a bem menos de dois graus Celsius acima dos níveis pré-industriais – e 1,5ºC, se possível. A OMM deverá publicar o seu relatório final sobre o Estado do Clima Global 2023 no primeiro semestre de 2024.

Mas a organização já disse que a diferença entre os primeiros dez meses deste ano e 2016 e 2020 – que anteriormente lideraram as paradas como os anos mais quentes já registrados – “é tal que é muito improvável que os últimos dois meses afetem a classificação”.

O relatório também mostrou que os últimos nove anos foram os mais quentes desde o início dos registros modernos.

— Isto é mais do que apenas estatísticas — disse Taalas. — Corremos o risco de perder a luta para salvar os nossos glaciares e controlar a alta do nível do mar. Não podemos regressar ao clima do século XX, mas devemos agir agora para limitar os riscos de um clima cada vez mais inóspito neste e nos próximos séculos, diz O Globo.

A OMM alertou que o aquecimento do fenômeno climático El Niño, que surgiu em meados do ano, “provavelmente aumentará ainda mais o calor em 2024”.

Isto porque o padrão climático natural, normalmente associado ao aumento do calor em todo o mundo, geralmente aumenta as temperaturas globais no ano seguinte ao seu desenvolvimento.

O relatório preliminar também concluiu que as concentrações dos três principais gases com efeito de estufa que retêm o calor – dióxido de carbono, metano e óxido nitroso – atingiram níveis recorde em 2022, com dados preliminares indicando que os níveis continuaram a crescer este ano.

Os níveis de dióxido de carbono foram 50% superiores aos da era pré-industrial, disse a agência, o que significa que “as temperaturas continuarão a subir durante muitos anos”, mesmo que as emissões sejam drasticamente reduzidas.

A taxa de alta do nível do mar na última década foi mais que o dobro da taxa da primeira década de registros de satélite (1993-2002), afirmou a OMM. E o nível máximo de gelo marinho da Antártida este ano foi o mais baixo já registrado.

Na verdade, foi menos um milhão de quilômetros quadrados do que o recorde anterior, registrado no final do inverno do hemisfério sul, afirmou a OMM – uma área maior do que a França e a Alemanha juntas.

Impactos socioeconômicos dramáticos acompanham esses registros climáticos, dizem os especialistas, incluindo a diminuição da segurança alimentar e os deslocamentos em massa de população.

— Este ano vimos comunidades em todo o mundo atingidas por incêndios, inundações e temperaturas escaldantes — disse o secretário-geral da ONU, Guterres, numa mensagem de vídeo.

Ele apelou aos líderes reunidos no Dubai para que se comprometessem com medidas dramáticas para controlar as alterações climáticas, incluindo a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis e a triplicação da capacidade de energia renovável.

— Temos o roteiro para limitar o aumento da temperatura global a 1,5ºC e evitar o pior do caos climático — disse ele. — Mas precisamos que os líderes deem o tiro de partida na COP28, numa corrida para manter vivo o limite de 1,5 graus.

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Vídeo: Ataque a ponto de ônibus em Israel deixa ao menos cinco mortos

Cinco pessoas acabaram mortas e seis ficaram feridas após um ataque a um ponto de ônibus na entrada de Jerusalém, na fronteira leste de Israel. Além dos dois autores dos tiros, duas mulheres e um homem perderam a vida na manhã desta quinta-feira (30/11), horário local (por volta das 2h40 da madrugada de Brasília).

De acordo com a polícia, dois homens armados desceram de um veículo na rua Weizman, na entrada principal de Jerusalém, e abriram fogo. Dois soldados fora de serviço e um civil armado responderam e mataram os terroristas, identificados como membros do Hamas.

Eles saíram do veículo com um rifle de assalto M-16 e uma pistola. Dentro do carro, a polícia ainda encontrou uma grande quantidade de munição.

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Breno Altman: regime sionista é inimigo da humanidade

Pessoas de todo o mundo, incluindo judeus, protestam contra atos de Israel.

(*) Artigo publicado originalmente na Folha de S. Paulo, em 28/11/2023

Um dos mais pobres recursos de polêmica é a tergiversação. O artigo de Alexandre Schwartsman nesta Folha (O que Breno Altman esconde?, 17/11) inscreve-se nessa infeliz tradição ao contestar um texto meu (Quem irá parar a mão assassina de Israel?, 13/11). O autor simplesmente se esquiva do debate mais urgente, assunto exclusivo daquelas linhas, sobre os meios para deter a carnificina israelense contra o povo palestino, especialmente na Faixa de Gaza, impondo imediato e permanente cessar-fogo.

Ávido por maquiar o terrorismo de Estado praticado por Israel, Schwartsman atabalhoadamente apela ao surrado truque sionista de comparar seus críticos aos propagadores de ódio contra judeus — algo insultante contra alguém, como eu, cuja família foi vítima do Holocausto.

Denuncia-me por ressaltar que “a maior causa do antissemitismo é o Estado colonial e racista de Israel”. Evidentemente me refiro ao período posterior à Segunda Guerra, quando a derrota do nazismo tornou residual e criminosa, na Europa, a perseguição contra judeus. O recrudescimento ocasional do antissemitismo, desde então, está diretamente vinculado ao papel opressivo do sionismo, causando uma repulsa que lamentavelmente não diferencia essa corrente e o judaísmo.

Acusa-me de pregar a “liquidação do Estado de Israel”, resgatando um comentário no qual defendo o fim do regime sionista, com sua substituição por um Estado único, laico e democrático para a Palestina, na qual vivam todos os povos da região, com os mesmos direitos.

Essa proposta nada tem de novidade, sendo advogada tanto por forças palestinas quanto israelenses. Até mesmo para a solução dos dois Estados, considerada morta por muitos estudiosos, seria obstáculo intransponível a persistência, em Israel, de um sistema ditado por supremacia étnico-religiosa, dominação colonial e apartheid. Basta ver a dinâmica de expansionismo e limpeza étnica que marca a história desse Estado desde os primórdios, alimentando a espiral de violência.

Observemos o que se passou desde os Acordos de Oslo, em 1993: cerco marcial dos territórios ocupados, multiplicação dos assentamentos judaicos nessas áreas, controle da água e energia elétrica, monopólio de impostos e moeda, escalada da repressão. São 30 anos de negação à autodeterminação dos palestinos, a comprovar que nunca foi verdadeiro o compromisso dos sionistas com essa perspectiva.

Meu crítico parece inspirado pelo cinismo dos pactos dilatórios. “O caminho para a paz”, afirma, “requer a retirada israelense da Cisjordânia, provavelmente com uma permuta justa de terras”. Nada diz sobre a Faixa de Gaza e Jerusalém ou igualdade de direitos. De tão honesto em seus propósitos, tampouco se refere aos mais de 600 mil colonos judeus e suas milícias armadas, que ocupam ilegalmente terras pertencentes aos palestinos.

Schwartsman vocaliza o chauvinismo típico de ideologias racistas e coloniais, que se torna mais agressivo na decadência. Antes protegido pela apropriação do Holocausto como álibi, o regime sionista, com as entranhas expostas pelo massacre contra palestinos, vive sua hora mais amarga. Milhões de pessoas, incluindo judeus, estão nas ruas de todo o mundo para repelir tantos atos de sangue, vingança e genocídio.

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Brasil cobra ação das Nações Unidas e defende solução política para o Oriente Médio

O governo brasileiro fez um duro pronunciamento nesta quarta-feira (29) sobre a crise no Oriente Médio, criticando a falta de liderança das potências mundiais e cobrando o Conselho de Segurança da ONU a assumir um papel mais ativo na busca pela paz. Também frisou que apenas um acordo político entre israelenses e palestinos pode garantir a segurança e a estabilidade na região.

As críticas foram feitas pelo chanceler brasileiro, Mauro Vieira, que participou de uma reunião do colegiado convocada para lidar com a crise no Oriente Médio no Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino. Em um discurso, porém, ele atacou abertamente a falta de união na comunidade internacional, informa Jamil Chade, no UOL.

Em sua avaliação, os acordos que estabeleceram uma trégua nos últimos dias em Gaza são “sinais de esperança”, mas não a solução por si só. O governo brasileiro defende que a criação de um Estado palestino reconhecido internacionalmente precisa fazer parte de um acordo de paz.

O chefe do Itamaraty também alertou para a desunião que permeou o Conselho de Segurança ao lidar com a crise. O órgão precisou de semanas até que um acordo fosse estabelecido. Para Vieira, há um “horror sem precedentes” em Gaza — e nem isso gerou uma resposta unida da comunidade internacional.

“Nós temos que nos unir e ser solidários com todos os necessitados. A situação no Oriente Médio, incluindo a questão palestina, é, no entanto, um dos assuntos mais vetados do Conselho de Segurança. Esse registro é um testemunho infeliz do fato de que, na maioria das vezes, as divergências triunfam sobre o interesse comum nesse órgão”, disse Vieira.

Segundo ele, “o conflito no Oriente Médio não desapareceu, pois os países não conseguiram se entender na ONU.

“O agravamento da situação entre Israel e a Palestina nos últimos anos não nos obrigou a nos unirmos e agirmos em prol do objetivo comum de alcançar a paz para os palestinos, israelenses e o povo do Oriente Médio em geral”, disse.

Para Vieira, o colegiado também tem responsabilidade ao não conseguir atingir seu objetivo de defender a paz e a segurança internacional

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Satélite norte-coreano fornece fotos de ‘áreas-alvo’ dos EUA e seus aliados, diz mídia

O líder norte-coreano Kim Jong-un estudou as últimas imagens de satélite de instalações militares sul-coreanas e norte-americanas.

Além de vários locais importantes da Coreia do Sul, o satélite espacial fotografou um porta-aviões dos EUA e várias bases militares dos EUA, informou a Agência Central de Notícias da Coreia (KCNA, na sigla em inglês).

Entre as principais “áreas-alvo” captadas nas imagens do satélite de reconhecimento norte-coreano, fornecidas a Kim Jong-un, estão as de Jinhae, Busan, Ulsan, Pohang, Daegu e Gangneung, na Coreia do Sul. As fotos foram tiradas durante a visita do líder norte-coreano ao centro de controle geral da Administração Nacional de Tecnologia Aeroespacial em Pyongyang, no sábado (25).

Da mesma forma, a agência destacou que, durante o seu voo sobre a Península Coreana, o satélite conseguiu localizar o porta-aviões nuclear USS Carl Vinson da Marinha dos EUA, ancorado em um porto militar na cidade sul-coreana de Busan. Ele acrescentou que o navio não foi o único alvo norte-americano do veículo espacial, que também sobrevoou o Havaí, onde estão localizadas as bases navais de Pearl Harbor e a base aérea de Hickam, em Honolulu.
“Kim Jong-un elogiou e encorajou o pessoal da Administração

Nacional de Tecnologia Aeroespacial que está executando com responsabilidade e sucesso o projeto de gerenciamento detalhado do satélite de reconhecimento”, relatou a mídia norte-coreana.

Os membros do centro espacial apresentaram ao presidente norte-coreano um relatório detalhado sobre o estado dos preparativos para o início da referida missão, prevista para o dia 1º de dezembro, após alguns dias de ajustes.

Na última terça-feira (21), a Coreia do Norte lançou com sucesso e pôs em órbita o satélite de reconhecimento Malligyong-1, lançado por um novo tipo de veículo de lançamento Chollima-1 a partir do centro espacial de Sohae, no oeste do país, perto da fronteira com a China.

O foguete voou de acordo com a trajetória planejada e colocou o satélite em órbita 705 segundos após seu lançamento.

*Sputnik

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Palestinos em Gaza: “Nossos bairros foram varridos da face da terra”

Milhares de palestinos tentam voltar para casa na Faixa de Gaza durante trégua entre Israel e o grupo extremista Hamas.

Mulheres e crianças, 39 no total, foram liberadas de prisão israelense nessa sexta-feira (24/11). Jornalistas da agência AFP viram ônibus saindo da prisão israelense de Ofer, na Cisjordânia ocupada, para onde os prisioneiros palestinos foram transferidos, com o objetivo de serem libertados.

Vinte e oito deles foram levados para a Cisjordânia, enquanto outros 11 foram levados para Jerusalém Oriental ocupada, disse a Prisoners’ Club, ONG que defende os prisioneiros palestinos, diz o Metrópoles.

O grupo incluía 15 menores e 24 mulheres, de acordo com a lista divulgada pela Comissão de Prisioneiros da Autoridade Palestina. As autoridades prisionais israelenses confirmaram a libertação de 39 palestinos de “três prisões”, duas na Cisjordânia ocupada, e uma em Israel.

“Quando voltamos, ficamos surpresos com a extensão dos danos em nosso bairro. Encontramos vários mísseis que não haviam explodido, o que representava um perigo real para nossas vidas. Você não pode imaginar o horror da destruição”, diz um dos jovens palestinos, entrevistados pela RFI no local.

Mais palestinos falam de destruição
Os testemunhos de terror continuam. “Nossos bairros foram varridos da face da terra – a destruição é imensa, mais de 90% das casas foram completamente destruídas”, conta um outro.

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Interesses energéticos e geopolíticos de Israel e do Ocidente estão em jogo no conflito em Gaza

Recursos naturais pertencentes aos palestinos e tentativa de fortalecer rota comercial alternativa ao projeto chinês de Nova Rota da Seda são alguns dos fatores que determinam as decisões dos atores globais envolvidos na disputa.

Cerca de um mês antes da atual ofensiva israelense a Gaza – mais precisamente nos dias 9 e 10 de setembro, durante a cúpula do G20, realizada em Nova Delhi, capital da Índia – o primeiro-ministro anfitrião, Narendra Modi, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente norte-americano Joe Biden anunciaram o lançamento do projeto de “Parceria para o Investimento em Infraestruturas Globais”, com o objetivo de acelerar o comércio entre a Índia e a Europa em 40%.

Este é apenas um dos elementos que chama a atenção no que diz respeito às coincidências entre as mudanças que o novo conflito no Oriente Médio tende a gerar, tendo em vista os avanços israelenses no território palestino, e os interesses geopolíticos de Tel Aviv e seus principais aliados, que buscam fortalecer uma iniciativa rival ao projeto chinês de Cinturão e Nova Rota da Seda, com o qual Pequim tenta ligar a Ásia Oriental ao Mar Mediterrâneo, através de portos no Irã, Iraque e Síria.

Deve-se levar em conta, porém, o interesse tanto de Israel quanto dos Estados Unidos em usar o projeto acima referido como oferta para negociar uma possível normalização das relações entre Israel e os Estados do Golfo, que é uma das condições essenciais para a sua realização. E também o antigo desejo do governo de Benjamin Netanyahu de apropriar dos recursos naturais existentes no território palestino.

As reservas de óleo e gás da Palestina, na bacia do Levante, são bem conhecidas e estimadas. Israel vem explorando essas reservas há algum tempo, aproveitando o bloqueio imposto a Gaza, e deve começar em breve a produzir – as reservas de óleo recuperáveis no mar territorial palestino podem chegar a mais de 500 mil milhões de dólares. Países como Israel parecem achar que é muito dinheiro nas mãos dos palestinos. As autoridades israelenses estão tão seguras de si, que vêm negociando esses acordos há anos.

O pano de fundo de quase tudo o que se passa no Oriente Médio ainda se trata da energia. Em 29 de outubro deste ano, o Ministério de Energia de Israel disse que concedeu 12 licenças a seis empresas para explorar gás natural na costa mediterrânea do país, com o objetivo de criar mais concorrência e diversificar fornecedores. As concessões de licença, que ocorreram no momento em que o conflito Israel-Hamas entrava em sua quarta semana, incluíram um grupo liderado pela italiana Eni (ENI.MI), juntamente com a Dana Petroleum e a israelense Ratio Energies (RATIp.TA), que explorará uma área a oeste do enorme campo Leviatã, que fornece gás a Israel e também é usado para exportação. Em junho de 2019, parceiros no gigante campo de gás Leviatã, na costa de Israel, assinaram um acordo de fornecimento de gás de US$ 700 milhões com a Israel Electric.

Um estudo recente da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) aponta que as novas descobertas de gás natural na Bacia do Levante estão na faixa de 122 trilhões de metros cúbicos, enquanto o petróleo recuperável é estimado em 1,7 bilhões de barris. Essas reservas oferecem uma oportunidade de distribuir e compartilhar cerca de US$ 524 bilhões entre as diferentes partes da região.

A ocupação militar israelense dos territórios palestinos desde 1967 e o bloqueio da Faixa de Gaza desde 2007 impediram que o povo palestino exercesse qualquer controle sobre seus próprios recursos de combustíveis fósseis, negando-lhes as receitas fiscais e de exportação tão necessárias e deixando a economia palestina à beira do colapso.

Os custos econômicos infligidos ao povo palestino sob a ocupação estão bem documentados: restrições rígidas ao movimento de pessoas e mercadorias; confisco e destruição de propriedades e bens; perda de terra, água e outros recursos naturais; um mercado interno fragmentado e separação dos mercados vizinhos e internacionais; e a expansão dos assentamentos israelenses que são ilegais de acordo com a lei internacional.

O povo palestino também exerce apenas um controle limitado sobre seu espaço e política fiscal. De acordo com as estipulações do Protocolo de Paris sobre Relações Econômicas, Israel controla a política monetária, as fronteiras e o comércio da Palestina. Também cobra taxas alfandegárias, IVA e impostos sobre a renda dos palestinos empregados em Israel, que depois são repassados ao governo palestino.

A UNCTAD calcula que, sob a ocupação, o povo palestino perdeu US$ 47,7 bilhões em receitas fiscais no período de 2007 a 2017, incluindo as receitas vazadas para Israel e os juros acumulados. Em comparação, os gastos do governo palestino com desenvolvimento no mesmo período foram de aproximadamente US$ 4,5 bilhões.

O fechamento prolongado e as operações militares recorrentes em Gaza deixaram mais da metade da população do território vivendo abaixo da linha da pobreza e custam US$ 16,7 bilhões em PIB perdido anualmente. Esse número não leva em conta o enorme custo de oportunidade de impedir que o povo palestino use seu campo de gás natural na costa de Gaza.

Middle East Eye
Disputa pelos recursos naturais presentes no território palestino está em jogo em atual conflito no Oriente Médio
O Acordo Provisório Israelense-Palestino de 1995 sobre a Cisjordânia e a Faixa de Gaza, conhecido como Acordo de Oslo II, concedeu à Autoridade Nacional Palestina (ANP) jurisdição marítima sobre suas águas até 20 milhas náuticas da costa. A ANP assinou um contrato de 25 anos para exploração de gás com o British Gas Group em 1999, e um grande campo de gás, o Gaza Marine, foi descoberto entre 17 e 21 milhas náuticas da costa de Gaza no mesmo ano.

No entanto, apesar das discussões iniciais entre o governo israelense, a ANP e a British Gas sobre a venda de gás desse campo e o fornecimento da tão necessária receita para os territórios palestinos ocupados, os palestinos não obtiveram nenhum benefício.

Desde o bloqueio de Gaza em 2007, o governo israelense estabeleceu um controle de fato sobre as reservas de gás natural offshore de Gaza. Desde então, a empresa contratada, a British Gas, tem negociado com o governo israelense, ignorando efetivamente o governo palestino em relação aos direitos de exploração e desenvolvimento.

Israel também assumiu o controle do campo de petróleo e gás natural de Meged, localizado dentro da Cisjordânia ocupada. Israel afirma que o campo fica a oeste da linha de armistício de 1948, mas a maior parte do reservatório está situada sob o território palestino ocupado desde 1967. Mais recentemente, Israel começou a desenvolver novas descobertas de petróleo e gás no Mediterrâneo Oriental, exclusivamente para seu próprio benefício.

Ao se apoderar e explorar os recursos palestinos de petróleo e gás, Israel está agindo em violação à lei e ao princípio das Regulamentações de Haia, da Quarta Convenção de Genebra e de um conjunto de leis internacionais humanitárias e de direitos humanos que tratam da exploração de recursos comuns por uma potência ocupante, sem levar em conta os interesses, os direitos e as ações da população ocupada. Uma participação justa nas receitas de petróleo e gás poderia proporcionar aos palestinos um financiamento sustentável para investir em reconstrução, reabilitação e recuperação econômica de longo prazo. A alternativa é que esses recursos comuns sejam explorados individual e exclusivamente por Israel e se tornem mais um motivo para o conflito.

Por ora, a motivação imediata por parte de Israel parece estar no cumprimento do que foi iniciado no século passado. A bacia está dividida entre o Egito e Israel, e isto implica no simples fato de que o Egito pode estar “costurando por fora” um acordo com Israel também, não é difícil pensar nisso quando há na mesa uma quantidade exorbitante de dinheiro e não há indiferença. Gaza é uma faixa litorânea com 80 km de comprimento, diante do exposto, não é distante a possibilidade de surgirem geógrafos para argumentar linhas que evidenciem que a bacia não é de território palestino e com isso justificar mais incursões militares. Geólogos e economistas de recursos naturais confirmaram que o Território Palestino Ocupado encontra-se sobre grandes reservatórios de petróleo e gás natural, na Área C da Cisjordânia ocupada e na costa mediterrânea da Faixa de Gaza. No entanto, este problema envolve também o Líbano, ainda que supostamente a disputa tenha sido “resolvida” na Organização das Nações Unidas (ONU), mas não antes de Israel ameaçar ir à guerra por “suas reservas”. O campo de gás natural Leviatã está localizado na Bacia do Levante, no Mar Mediterrâneo.

O campo é de propriedade conjunta da Ratio Energies, da Chevron Mediterranean e da NewMed Energy, com participações de 15%, 39,66% e 45,34%, respectivamente. A Chevron se tornou a operadora do campo com a aquisição da Noble Energy, a operadora anterior do campo, em junho de 2020.

A Noble Energy obteve aprovação para o plano de desenvolvimento do campo do Ministério de Infraestrutura Nacional, Energia e Recursos Hídricos de Israel em junho de 2016. A decisão final de investimento no desenvolvimento da Fase 1A do campo, no valor de US$ 3,75 bilhões, foi tomada em fevereiro de 2017. A primeira produção da Fase 1A começou em dezembro de 2019. A Fase 1B do campo Leviatã aumentará a capacidade de produção de gás do campo de 12 bcm por ano para 21 bcm por ano. Os parceiros atribuíram ao projeto um orçamento de US$ 96,4 milhões para a execução da engenharia e do projeto preliminar de front-end (pré-FEED) em fevereiro de 2023. O desenvolvimento do campo Leviatã está alinhado com a visão do Ministério de Energia de Israel de substituir o carvão como combustível de geração de eletricidade até 2025.

Localização
O campo de gás Leviatã fica a 1.645 m de água na Bacia do Levante, a aproximadamente 130 km a oeste de Haifa, Palestina. Ele faz parte das licitações de Rachel e Amit e cobre uma área de 330 km². Na época da descoberta, o campo de gás Leviatã era o campo mais proeminente já encontrado na área subexplorada da Bacia do Levante, que abrange cerca de 83.000 km² da região leste do Mediterrâneo. Em relação às questões de fronteira marítima entre o Líbano e Israel sobre o campo de gás, o Líbano considerou que os campos de gás Leviatã e Tamar se estendiam ao território libanês e alegou que Israel estava ignorando esse fato. Israel retaliou ameaçando usar a força para proteger suas descobertas de gás.

Contudo, Tel Aviv continua impedindo que os palestinos desenvolvam seus campos de energia para explorar e se beneficiar de tais ativos. Dessa forma, foram negados ao povo palestino os benefícios do uso desse recurso natural para financiar o desenvolvimento socioeconômico e atender à sua necessidade de energia. As perdas acumuladas são estimadas em bilhões de dólares. Quanto mais tempo Israel impedir os palestinos de explorar suas próprias reservas de petróleo e gás natural, maiores serão os custos de oportunidade e os custos totais da ocupação suportados pelos palestinos.

As disputas e tensões envolvendo petróleo e gás natural não podem ser separadas do contexto político que as envolve e do fato de que o período em que as descobertas de gás natural foram feitas coincidiu com vários acontecimentos políticos importantes na região. O contexto político se cruza em muitos pontos cruciais com os desenvolvimentos dos recursos de petróleo e gás natural e, portanto, complica uma situação política já complexa. Ignorar essas complexidades só pode prejudicar a análise de muitos determinantes cruciais.

*Opera Mundi

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No primeiro acordo da trégua no Oriente Médio, 63 pessoas são libertadas entre reféns do Hamas e palestinos presos em Israel

Após um mês de tensas negociações, o acordo feito entre Hamas e Israel levou à libertação nesta sexta-feira (24) de 63 pessoas, entre israelenses e palestinos. A trégua tem duração prevista quatro dias.

O Hamas libertou nesta sexta-feira (24) o primeiro grupo de reféns. No total, 24 pessoas foram libertadas – 13 mulheres e crianças israelenses, como previsto pelo acordo, além de 10 cidadãos tailandeses e 1 filipino, soltos após negociações paralelas com os governos desses países.

Em troca, Israel colocou em vigor a trégua de quatro dias nos bombardeios e libertou 39 palestinos que estavam presos no país desde antes do início da guerra. O Ministério de Relações Exteriores do Catar, que fez a intermediação do acordo, confirmou todas as libertações.

A negociação foi feita de forma secreta durante mais de um mês e intermediada pelo Catar e pelos Estados Unidos.

Os reféns libertados pelo Hamas foram entregues por membros do Hamas a agentes da ONG Cruz Vermelha, que coordenou a operação.

O grupo, que estava sob poder do Hamas em Gaza, foi sequestrado durante os ataques do grupo terrorista ao sul de Israel, em 7 de outubro.

Por volta do meio-dia no horário de Brasília, os cidadãos entregues pelo Hamas atravessaram a fronteira entre Gaza e o Egito pela cidade de Rafah, a mesma por onde brasileiros que estavam no território palestino cruzaram há pouco mais de dez dias.

Na fronteira, ainda na parte de Gaza, palestinos aplaudiram e sorriram quando o grupo passou, diante da perspectiva de que a devolução dos reféns signifique também que a trégua, para o lado deles, estava mesmo em vigor.

Já no Egito, em um local não divulgado, helicópteros do exército Israel receberam o grupo, que foi atendido por médicos e especialistas em comunicação com reféns. Eles então foram levados de volta ao território israelense. Eles vão ficar 48 horas em hospitais em Israel. Os reféns da Tailândia e das Filipinas que foram libertados também seriam conduzidos a Israel para atendimento em hospitais e, de lá, de volta a seus países.

Em Tel Aviv, centenas de pessoas aguardava para recepcionar os reféns israelenses. Na Cisjordânia, uma multidão também aguardava na frente de um presídio em Ramala pela libertação dos 39 palestinos presos.

Nos próximos dias, mais reféns serão libertados. O acordo prevê que o Hamas solte mais de 50 reféns, em troca da trégua temporária nos ataques, que começou na madrugada desta sexta, e da soltura de prisioneiros palestinos, que já estavam detidos antes de a guerra começar.

Palestinos que estavam presos

O primeiro grupo de 39 palestinos presos, entre eles adolescentes, foi solto nesta sexta. Eles foram transferidos de diferentes presídios onde estavam, todos na Cisjordânia, e levados a um centro penitenciário da cidade de Ramala para, de lá, serem libertados.

O porta-voz do ministério catari, Majed Al-Ansari, confirmou que os palestinos foram libertados.

Catar e Egito monitoram cumprimento a acordo

O acordo começou a vigorar às 7h no horário local (2h em Brasília). O cessar-fogo vale no norte e no sul de Gaza, informou o Ministério das Relações Exteriores do Catar, que mediou o acordo. O Hamas confirmou em seu canal no Telegram que todas as hostilidades de suas forças vão cessar.

O Catar disse que uma sala de operações em Doha vai monitorar a trégua e a libertação dos reféns, e que mantém linhas diretas de comunicação com Israel, com o escritório político do Hamas em Doha e com o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV).

O Egito, que também está envolvido na mediação, recebeu listas de reféns e prisioneiros que devem ser libertados e pediu a ambos os lados que respeitem o acordo, disse Diaa Rashwan, chefe do serviço

Relembre o que aconteceu

Em 7 de outubro, homens armados do grupo terrorista Hamas atravessaram a cerca da fronteira entre a Faixa de Gaza e Israel, mataram 1.200 pessoas e capturaram cerca de 240 pessoas, de acordo com os israelenses.

Nesse mesmo dia, Israel declarou guerra ao Hamas e começou a atacar a Faixa de Gaza. Cerca de 13 mil habitantes de Gaza foram mortos pelos bombardeios israelenses, cerca de 40% deles crianças, segundo autoridades de saúde palestinas, ligadas ao Hamas (esses números não foram checados por alguma entidade independente).

Os serviços de saúde palestinos disseram que tem sido cada vez mais difícil manter uma contagem atualizada, pois o serviço de saúde tem sido prejudicado pelos bombardeios israelenses.