Opinião

Se a lei é igual para todos, Bolsonaro não pode ficar a salvo dela

À Justiça não basta que seja justa, tem que parecer que é

Como tenta fazer com Lula, o Centrão arrombou a porta do governo Bolsonaro e tomou-lhe cargos e o controle do Orçamento da União. Foi o preço que Bolsonaro pagou, e Lula não quer pagar, para não ser atropelado por um processo de impeachment.

Para Bolsonaro, não faria, como não fez, diferença. Bolsonaro só desejava uma coisa: torpedear a democracia para pôr no seu lugar um regime autoritário à moda antiga com o apoio dos militares. Se tivesse sido reeleito, era o que faria com chances de êxito.

Como estaria o Brasil se Bolsonaro tivesse vencido? Com mais um ministro do Supremo Tribunal Federal nomeado por ele, e outro às vésperas de ser indicado; quatro ministros de um total de 11. No Congresso, a extrema-direita estaria nadando de braçada.

Por desnecessário, não teria havido a tentativa de golpe abortada em dezembro, nem acampamentos à porta de quarteis, nem o golpe fracassado do 8 de janeiro. O golpe contra a democracia fora consumado em 30 de outubro, e pela via do voto.

O roubo das joias seguiria encoberto, mas caso revelado, não teria importância. Dar-se-ia um jeito de rebaixá-lo. Quem se disporia a enfrentar um governante no auge de sua força? Vida longa ao Rei, clamariam os súditos, e os derrotados que se calassem.

O Papa é argentino, mas, por sorte, Deus ainda parece ter alguma queda pelo Brasil. O tiro saiu pela culatra e Bolsonaro, agora, roga aos céus para não ser preso pelo que fez e pelo que deixou de fazer. Foi por pouco, mas ele perdeu. Inelegível já está por oito anos.

Se a lei é de fato para todos, como se diz e os juízes apregoam, não faz o menor sentido prosperar o que se cochicha insistentemente em Brasília, e que é o mesmo que o ex-presidente Michel Temer defendeu em entrevista à revista VEJA:

“Ao prender um ex-presidente, em vez de produzir efeitos negativos, você o vitimiza. Não é útil para o país. Temos no Brasil uma radicalização de ambos os lados. São palavras, gestos, momentos que levam a nação a uma intranquilidade”.

Temer foi preso pela Polícia Federal em 2019 por ordem do juiz federal Marcelo Bretas, que apurava crimes de cartel, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e fraudes na licitação da construção da usina nuclear Angra 3, no Rio de Janeiro.

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Josias de Souza e seu nada surpreendente palpite infeliz

Não há coisa pior do que um raciocínio forçado, até porque não é raciocínio, mas um bate entope tirado de algum receituário que solou. Ou seja, nisso não há qualquer inteligência.

Abrir o Youtube e dar de cara com representantes puro sangue da mídia que exala, em seu ódio de classe, aquele cheiro de enxofre com naftalina, dá azia até em inteligência artificial.

O arquivo de patacoadas de Josias de Souza não é pequeno. Mas tem horas que ele quer se superar, imitando Kim Kataguiri e Nikolas Ferreira em suas apologias antipetistas.

Pois é, na sua “sinceríssima” opinião, que reflete a opinião geral desse colunismo puído, comparar Lula a tudo de ruim produzido por Bolsonaro, é tática. Na verdade, o alvo de Josias são os pobres que Lula defende.

Mas, sabe como é, é no mínimo descortês para um colunista de grife, mesmo fora de moda, atacar uma legião de desvalidos. A solução é atacar Lula, e como, comparando o triplex que Moro nunca apresentou provas de que pertencia a Lula com as joias roubadas por Bolsonaro com uma absoluta fartura de provas que nem Bolsonaro teve coragem de negar.

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Desemprego cai para 7,9%, o menor índice desde 2014, mas Estadão ataca Lula

Desemprego cai para 7,9%, o menor índice desde 2014, mas o biblicismo do Estadão ataca Lula com o seu classismo caquético num daqueles surtos que o preconceito enfeita de louros o racismo.

Não há ciência que explique esse fenômeno que forma um caldo de provincianismo, fascismo, racismo e seu deslocamento através de uma central de rodamoinho para tudo o que não presta nesse país.

Lula acaba de enfiar um rolete de fumo no Estadão e congêneres, e o Estadão, com o objetivo de desqualificar Lula, ataca a China e maneja conceitos para atacar Lula.

Por favor, libertem o Mesquita desse suplício. Ele acha mesmo que vai construir ventos contrários para dar uma pernada na popularidade de Lula? Ainda mais usando o rodopio infrene do racista William Waack, que não escreve artigos, mas molecagem a granel.

O que se pode dizer quando mexe e remexe na história do Estadão e afins, é que a mídia brasileira é um ninho de gabinete do ódio, infestado de reacionários defendendo com mãos de ferro uma oligarquia arcaica, amarrada no próprio tronco da estupidez, cheirando a enxofre.

Alguém precisa dizer para essa gente que não tem como estragar, através de objetivos baixos, a escalada virtuosa de Lula, dentro e fora do país, até porque o colunismo dos jornalões, na revolução digital, foi a coisa mais esquecida nesse país. “A luz do farol”, que guiava as chufas, na base da mesquinhez restrita à filosofia e modo de vida dos podres de ricos no Brasil serve hoje apenas como escultura dos tempos jurássicos em que a palavra de um jornal trombeteando pelas buzinas de seus colunistas, faturavam leitores como se fossem o próprio pedestal da opinião pública.

Aquela sensação augusta dos donos dos jornalões parece mesmo que virou uma angústia na alma do último reduto fascista desse país.

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Está chegando a hora

A história apertou o passo contra Sergio Moro.

Nos bastidores de Brasília ele já é dado como carta fora do baralho do Senado. Será cassado, o que convenhamos é pouco para quem cometeu tantos crimes enquanto juiz da Lava Jato. O pior deles foi a condenação e prisão de Lula por quase dois anos sem qualquer prova.

Pois bem, os partidos Podemos e União Brasil, ligados a Moro, têm que entregar até 7 de setembro documento que certamente confirmarão que Moro usou valores superiores aos estipulados para a campanha ao Senado.

O TRE do Paraná tomou tal decisão dois meses após os processos movidos pelo PL e PT, que produziram provas contra Moro, que excedeu o limite de gastos permitidos pela justiça eleitoral em sua pré-campanha ao Senado. Um claro abuso de poder econômico, o que certamente lhe custará a cabeça e o mandato de senador, assim como foi com Deltan Dallagnol na Câmara dos Deputados.

A conferir.

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O que têm a contar os celulares de Wassef, advogado de Bolsonaro

São mais de mil gigabytes de informações, parte delas conversas com o ex-presidente.

Se arrependimento matasse, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante-de-ordem de Bolsonaro, já estaria morto. A perda por descuido ou de propósito do seu celular talvez bastasse para salvar a sua e a honra da família Lourena Cid, aí incluídos o pai, um general de quatro estrelas, e a mulher, mãe dos seus filhos.

Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, foi mais esperto – ou descuidado. Às vésperas do golpe de 8 de janeiro, viajou aos Estados Unidos onde estava Bolsonaro. E voltou de lá sem o celular. Perdeu-o, foi o que simplesmente disse.

Nos celulares de Mauro Cid foram encontradas mensagens que o comprometem, e à sua mulher, Gabriela Santiago, com a falsificação de certificados de vacina contra a Covid-19 e a tentativa fracassada de golpe para anular os resultados das eleições vencidas por Lula em 2022 e perdidas por Bolsonaro.

Gabriela já foi ouvida pela Polícia Federal que guarda em segredo o que ela contou. Mauro Cid já foi ouvido mais de uma vez – somente ontem, durante 10 horas. Ninguém passa tanto tempo calado só ouvindo perguntas. É verdade que pode passar tanto tempo mentindo, mas quanto mais mentir, pior para ele.

Será inevitável que o general Mauro Lourena Cid acabe sendo chamado a depor. Vai ter que explicar por que uma das joias roubadas por Bolsonaro foi parar em suas mãos. Há fotos dele com ela. E porque parte do dinheiro apurado com a venda de outras joias foi depositada por ele, general, na conta de Bolsonaro.

Pai e filho envergonharam a farda que ainda vestem, e seus colegas de caserna. O que os colegas dirão à tropa? Que pai e filho, supostos discípulos de Caxias, o patrono do Exército, não souberam ou não quiseram dizer não às vontades de um ex-capitão, órfão da ditadura, que só pensava em ficar rico, e ficou?

No momento, o que parece interessar à Polícia Federal é o conteúdo dos quatro celulares tomados de Frederick Wassef, conhecido como Wasséfalo, um dos advogados de Bolsonaro. São mais de mil gigabytes de informações. Wasséfalo diz ter recomprado com seu dinheiro o Rolex que Bolsonaro roubou.

Recomprou para quê? Para devolvê-lo ao Estado brasileiro, dono das joias roubadas, apagando assim o crime cometido – mas isso Wasséfalo não diz. Dirá uma mentira qualquer para salvar a própria face, e a do seu patrão. Por ora, a Polícia Federal não tem pressa em interrogá-lo. Ouvirá primeiro os quatro celulares.

É o que Bolsonaro mais teme. Wasséfalo sempre foi um boquirroto, exibicionista e franco atirador. Faz o que lhe dá na cabeça. Mas é improvável que tenha resgatado o Rolex por sua própria conta e risco, e gastando do seu bolso. Cumprida a missão, ele entregou o relógio a Mauro Cid, que agora chora pelo pai,

Wassef pode ser mais Wasséfalo do que Wassef, mas não é de rasgar dinheiro. Pelo menos o dele, não. Só acumula. E é grato ao seu cliente preferencial. Bolsonaro é que é ingrato com todo mundo que o ajuda. Uma hora vai pagar por isso.

*Blog do Noblat

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Dilma, Lula e a pedalada editorial

Ora, ninguém é obrigado a produzir prova contra si, e não seria a gloriosa e imparcialíssima mídia brasileira, principal protagonista do golpe em Dilma e inventora da Lava Jato, que faria isso, afinal, ela coloca todos os pingos nos is desde a farsa do mensalão até a condenação e prisão de Lula e, consequentemente, a chegada de Bolsonaro ao poder, resultando na morte de mais de 700 mil brasileiros.

Sim, é um labirinto, a mídia brasileira a serviço dos poderosos contra os oprimidos, sempre jogou assim, isso é tradição, ainda mais no caso do escravocrata Estadão.

Pula daqui, salta de lá, e o final da operação editorial é sempre a favor do rico contra o pobre, do banqueiro contra o trabalhador.

Dito isso, porque nem vale alongar tanto, a mídia jamais dirá que o golpe, que ela insuflou contra a primeira mulher presidente do Brasil, foi golpe.

Mas como a mídia quer que esqueçamos da sua própria campanha com os ataques mais misóginos desse país?

Lógico que ela quis construir uma imagem que, quando muito, Dilma teria sofrido um semi-golpe, já que os timoneiros da bandalha golpista eram os insuspeitos Aécio, Janaína, Cunha e Temer, só um nome dessas quatro figuras já mostra o nível de bandidagem daquilo que se viu, com direito ao espetáculo de Bolsonaro e Eduardo, que horrorizou o mundo quando ele exalta a tortura contra Dilma feita pelo militar assassino, Brilhante Ustra, sem que uma única linha fosse escrita contra esse rato que viria a ser presidente da República em combinação um juiz da mesma espécie, chamado Sergio Moro e com o aplauso da mídia, condenou e prendeu Lula que venceria a eleição, para que Bolsonaro ganhasse.

Para o delírio de Vera Magalhaes e Andreaza, o Mequinho de Curitiba assumiria as pastas da Justiça e Segurança Pública do governo da milícia.

Ou seja, o vigor do ataque não só do Estadão, mas de toda a mídia contra Dilma e Lula, é um ataque preventivo de quem sabe o que fez no último carnaval institucional desse país.

Normal. Segue o jogo.

*Desenho: Latuff

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As informações que a mídia corporativa brasileira sonegou ao respeitável público sobre a Cúpula do Brics

As não notícias

Por Ângela Carrato*

A mídia corporativa brasileira, aquela na qual prevalecem os interesses do patrão e dos anunciantes, bateu seu próprio recorde negativo na semana que passou.

Deixou de noticiar ou noticiou como se fosse algo trivial, quando não atacou, algumas das mais importantes informações de todos os tempos para a população brasileira.

Informações que fazem a diferença para entender o que se passou no país nos últimos sete anos e a importância das decisões tomadas na XV Cúpula dos BRICS, na África do Sul.

Na segunda-feira, 21 de agosto, o Tribunal Federal da 1ª Região (TRF-1), órgão de segunda instância da Justiça, cuja sede é Brasília, rejeitou um recurso e manteve o arquivamento da última ação de improbidade administrativa contra a ex-presidente Dilma Rousseff por causa das chamadas “pedaladas fiscais”.

Ao rejeitar este recurso, a Justiça brasileira atesta que Dilma não cometeu crime de responsabilidade e que o impeachment contra ela não passou de um golpe de estado de tipo novo, no qual teve protagonismo o Parlamento, a própria Justiça e a mídia.

Golpes de estado de tipo novo têm nome e sobrenome: guerra híbrida.

Mesmo este conceito estando tipificado na bibliografia da Ciência Política, Sociologia e Relações Internacionais, a mídia corporativa brasileira continua ignorando a sua existência e descumprindo sua função essencial que é a de informar.

Sob a alegação de que Dilma havia cometido “pedalada fiscal”, esta mídia promoveu uma das mais sórdidas campanhas de que se tem notícia na história brasileira.

Campanha que em nada ficou a dever às acusações, igualmente infundadas, do “mar de lama”, que levou o presidente Getúlio Vargas ao suicídio em 23 de agosto de 1954.

Dilma não autorizou as tais “pedaladas fiscais”, operações de crédito vedadas pelos órgãos de controle, da mesma forma que nunca se encontrou indícios de que o governo de Getúlio tivesse mergulhado em corrupção, por mais que os inimigos de ambos tenham escarafunchado as contas públicas.

Se a mídia corporativa brasileira não tivesse sido parte deste golpe, ela deveria ter publicado, em manchete, que não houve impeachment e, sim, uma trama para derrubar uma presidente democraticamente eleita e colocar em seu lugar o vice Michel Temer, com o objetivo de implementar a agenda neoliberal derrotada nas urnas e rechaçada pela própria Dilma.

Dito de outra forma, derrubar Dilma era fundamental para retirar direitos dos trabalhadores (a dita Reforma Trabalhista), destruir o ensino público (a tal Reforma do Ensino Médio), inviabilizar a aposentadoria da maioria dos brasileiros (a enganosa Reforma da Previdência), destruir as empreiteiras nacionais, além de privatizar a Eletrobras e entregar a Petrobras para os interesses estrangeiros.

Não é coincidência que as ações colocadas em prática por Temer e depois por Jair Bolsonaro são praticamente as mesmas contra as quais Getúlio se bateu.

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Travar o desenvolvimento do Brasil, com ações contra a Eletrobras e a Petrobras, e submeter a população brasileira aos interesses da exploração sem limites do capital internacional esteve, desde sempre, na raiz de todos os golpes contra governos progressistas aqui e nos demais países da América Latina.

Quem ainda não leu, precisa ler, com urgência, a Carta Testamento de Getúlio Vargas. Ela é um roteiro atualizadíssimo sobre o que aconteceu e continua acontecendo contra os governos populares e que defendem a soberania do Brasil.

Numa semana emblemática, em que Dilma foi completamente inocentada e na qual se marcou o 69º ano do suicídio de Getúlio, não há explicação para o silêncio da mídia a não ser sua venalidade e compromisso com quem trabalha e joga a favor do inimigo.

Em Angola, para onde viajou na sexta-feira, após participar da histórica Cúpula do BRICS, Lula não deixou de dar o seu recado. “O Brasil deve desculpas à presidente Dilma, porque ela foi cassada de forma leviana”, afirmou.

Quem se lembra de multidões nas ruas chamando Dilma de corrupta, incompetente e até de louca, estimuladas por uma mídia que não parava de atacá-la da forma mais sórdida?

Até agora não vi editoriais fazendo o mea culpa e, a julgar pelo passado, dificilmente isso acontecerá.

Mas o mundo dá voltas.

Dilma não só foi inocentada, como estava presente na foto oficial do encerramento da XV Cúpula do BRICS, que a mídia corporativa brasileira também escondeu do seu respeitável público.

Dilma, desde março, é a presidente do NBD, o importante banco de desenvolvimento multilateral da instituição, e, pelo que se sabe, não houve, até agora, sequer interesse da mídia corporativa brasileira em entrevistá-la.

Pior ainda. Esta mídia tentou esconder o quanto pode a reveladora entrevista que Dilma deu, há seis dias, ao jornal inglês Financial Times, uma das bíblias do capitalismo, na qual afirma que o NBD “espera emprestar entre U$ 8 bilhões e U$ 10 bilhões, com 30% do volume em moedas locais”.

Reconheço que não deve ser fácil para uma mídia que apostou no fim do PT e na criminalização de suas principais lideranças, noticiar que Lula e Dilma estão no centro da política nacional e também das grandes mudanças na ordem internacional.

No entanto, por dever de ofício, essa mídia teria obrigação de noticiar tais fatos ou mudar de ramo. Uma mídia que esconde as notícias e manipula as informações está fadada à lixeira da história.

Quais informações foram sonegadas da população pela mídia brasileira em se tratando da cúpula do BRICS?

A mais importante é a de que essa reunião marcou o início de uma nova era nas relações internacionais, com a progressiva derrocada do poder imperialista dos Estados Unidos e seus associados e a ascensão de um mundo multipolar, onde o chamado Sul Global (ex-Terceiro Mundo) passa a ter voz e vez.

Mais de 60 chefes de estado estiveram presentes nos dois dias de reuniões em Joanesburgo, a segunda maior cidade da África do Sul. Ao contrário do noticiado, não houve divergência entre os cinco membros fundadores do bloco (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) no que diz respeito à sua expansão e muito menos supremacia de quem quer que seja.

Nos últimos dias, a mídia corporativa brasileira insistiu em divulgar que havia divisão no bloco, que o Brasil se opunha ao ingresso de novos membros e que a China buscava a supremacia.

Intriga e mentira das grossas!

O Brasil não só apoiou como patrocinou o ingresso da vizinha Argentina, que, ao lado do Irã, Arábia Saudita, Emirados Árabes, Egito e Etiópia, também passam a compor o BRICS, agora rebatizado como BRICS Mais (BRICS Plus).

Trata-se verdadeiramente do início de um novo tempo, marcado pelo aumento da influência do bloco em regiões do mundo onde até então sua presença era bastante limitada.

O ingresso desses novos membros vai adicionar maior capital político ao BRICS, que terá melhores condições para lidar com o imperialismo cultural do chamado Ocidente.

Imperialismo representado pela vergonhosa prática dos Estados Unidos e de países europeus de querer ensinar aos outros países como eles devem viver e se comportar.

Ao contrário de continuar tentando demonizar a China, a mídia brasileira deveria ter mostrado o recente papel que ela desempenhou para a normalização das relações entre Arábia Saudita e Irã, cuja divergência sempre foi estimulada pelos Estados Unidos, colocando em prática o velho mandamento “dividir para imperar”.

Deveria ter mostrado, igualmente, que esses dois países do Oriente Médio que aderiram ao BRICS são ricos em recursos naturais representando, junto com Rússia, Índia e Brasil, perto de 70% das reservas mundiais de petróleo e gás.

Geopoliticamente falando, essa é a informação mais relevante do século!

Já a entrada do Egito no grupo foi um claro sinal de que o BRICS está atento ao que aconteceu nos verões passados.

Pouco antes do Brasil, o Egito vivenciou as turbulências da impropriamente chamada Primavera Árabe, que desestabilizou diversos países no Norte da África e no Oriente Médio em 2011 e que contou com a interferência externa das potências ocidentais de sempre.

Primavera Árabe é também um nome fantasia para guerra híbrida, que assume características peculiares em cada região ou país onde é travada.

A bola da vez agora é a Argentina.

Não por acaso, o ingresso do país vizinho no BRICS pode ser visto como uma forma de se contrapor ao patrocínio das potências imperialistas à candidatura do extremista de direita Javier Milei à presidência da República.

Milei, uma espécie piorada de Bolsonaro, que se apresenta como “anarcocapitalista”, não passa de um joguete do império para tentar cravar um punhal na integração latino-americana, principal linha de ação da política externa do terceiro mandato de Lula.

Além de Milei, também a candidata da direita, Patrícia Bullrick, ex-ministra da Segurança no governo de Maurício Macri, criticou a entrada de seu país no bloco.

Mesmo se tratando de extremistas ferozes, a mídia corporativa dos Estados Unidos e da Europa tem se empenhado em naturalizá-los.

Milei é apresentado como um tipo excêntrico.

Um político que defende a adoção do dólar como moeda nacional, que quer o fim da educação e da saúde pública, que anuncia que permitirá a venda de órgãos humanos e a de bebes, como faz Milei, não é apenas excêntrico. É um ser pior do que Hitler, Mussolini ou Bolsonaro, se é possível pensar em uma escala para o mal.

Mesmo a Argentina tendo um histórico de diversificar suas parcerias políticas e econômicas e sua adesão ao BRICS sendo fruto disso, Milei anunciou que, se eleito, vai cortar relações com a China, retirar seu país do bloco, bem como do Mercosul, da Unasul e da Celac. Sem se preocupar com o ridículo, atacou Lula e Cristina Kirchner, chamando-os de “comunistas”.

É importante observar que o presidente Alberto Fernández comemorou esse ingresso e que milhares de argentinos agradecerem, nas redes sociais, o apoio e força dados pelo presidente Lula. Fatos igualmente desconhecidos pela mídia brasileira.

Sobre Bullrich, nunca é dito que integra uma das famílias mais ricas da Argentina e que, quando ministra, reprimiu com violência as manifestações dos trabalhadores e colocou os serviços de inteligência para perseguir a ex-presidente Cristina.

Bullrich já deixa clara a intenção de apoiar Milei num eventual segundo turno.

Impossível ficar mais óbvio a quem servem.

Os capachos da mídia brasileira seguem à risca essas naturalizações.

Na disputa pela Casa Rosada está em jogo não apenas o poder interno, mas, em grande medida, o próprio futuro da América Latina.

Continuaremos ou não sendo o “quintal” do Tio Sam?

Por tudo isso, a adesão desses novos países ao BRICS é um dos principais eventos do século XXI.

Para o professor emérito da UFRJ, José Luís Fiori, ela significa uma verdadeira “explosão sistêmica” da ordem internacional construída e controlada pelos europeus e seus descentes diretos há pelo menos seis séculos.

Mesmo na reunião de Joanesburgo não tendo sido criada uma nova moeda e nem discutido abertamente essa criação, fica evidente, pelo que disse Dilma Rousseff, que o dólar será progressivamente substituído nessas transações.

O que significará um tempo novo para a vida de países como a Argentina e de tantos outros, que hoje são obrigados a se curvar às exigências do FMI e do Banco Mundial, nos quais os Estados Unidos e os países europeus detêm exorbitante poder de voto.

É importante lembrar que nesta cúpula do BRICS, o presidente Lula destacou que o bloco já começa a pensar na necessidade de desenvolver uma moeda comum para transações entre seus membros. O dólar, como moeda única nessas transações, está com os dias contados.

Um assunto de tamanha importância e dito por Lula não deveria merecer manchetes na mídia nacional?

É óbvio que sim. Mas o que fez a mídia golpista brasileira?

Desconheceu a fala de Lula em seu noticiário, preferindo atacá-la virulentamente em editoriais como os publicados pelos jornais O Globo, Folha de S. Paulo e Estado de S. Paulo. Editorias que parecem ter sido ditados a partir de Washington.

Numa das provas mais evidentes de submissão ao interesse do Tio Sam, seja qual for o ocupante da Casa Branca, a mídia brasileira abriu os mais generosos espaços para a foto de Donald Trump indiciado, evento transformando pelos marqueteiros do ex-presidente em início antecipado de sua campanha eleitoral.

Isso, ao mesmo tempo em que escondeu a foto do século, na qual os dirigentes do BRICS, de mãos dadas e braços para cima, comemoravam o fim da cúpula, a vitória da maioria global e a abertura de um novo tempo para o mundo.

Até quando a população brasileira continuará sendo enganada por tamanha manipulação da realidade?

Até quando prevalecerão as não notícias?

*Ângela Carrato é jornalista e professora do Departamento de Comunicação Social da UFMG

*Viomundo

A direita virou um chulé

Agosto é mesmo o mês do cachorro louco.

Somente isso para explicar a inacreditável tentativa da direita de ressuscitar o mumificado Aécio Neves, aquele mesmo que, logo após sua derrota para Dilma Rousseff, teve todos os microfones e holofotes da grande mídia para babar e, consequentemente, cuspir ódio, ser o ponta de lança do golpe em Dilma para, em seguida, ser declarado politicamente morto com os escândalos de corrupção, gravada em vídeo e áudio em que ele aparece pedindo propina e, depois, seu primo ser pego com malas de dinheiro.

O mesmo primo que Aécio disse a Joesley, da JBS, que o mataria para que não o delatasse.

Ou seja, Aécio é um chulé sabor parmesão.

A direita está muito pior do que julga a nossa vã filosofia. Mas pudera, os candidatos da direita para 2026 que estão sendo colocados no bolão de apostas são, Tarcísio de Freitas, que passou 4 anos como ministro da Infraestrutura ajudando Bolsonaro a não fazer nada. É um portento esse rapaz. O outro candidato a candidato é Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, que pode perfeitamente ser chamado de café com leite, tal a importância nenhuma que ostenta na vida nacional.

Nessa lista tríplice da direita, Aécio, Tarcísio e Eduardo Leite, dois são do PSDB que, mesmo não se bicando, defendem o mesmo conteúdo político, sobretudo na economia.

Afinal, quem já foi rei do neoliberalismo, não perde a majestade.

Agora, temos que confessar, ninguém esperava que a mídia bancasse a piada de fazer exumação política de Aécio para ver consegue ao menos transformá-lo numa espécie de Quincas Berro D’água ressignificado

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Militares abandonam Bolsonaro tardiamente: o estrago já foi feito

Antes de qualquer coisa, temos que lembrar sempre que os militares foram a principal mola propulsora da chegada de Bolsonaro ao poder pelas mãos de Sergio Moro.

Nem vale a pena revisar toa as esbórnia, dentro dos quartéis que Bolsonaro praticou ainda como candidato. É difícil afirmar quem usou quem nessa balbúrdia. Os militares que o apoiaram, fizer questão de ignorar que Bolsonaro foi expulso das Forças Armada, porque, como militar, praticava, de forma recorrente, garimpo ilegal e, na tentativa de desestabilizar o comando do exército, ameaçou praticar terrorismo com bomba fora, mas sobretudo dentro dos quartéis.

Ou seja, não tem bobo nessa história, todos sabiam quem era Bolsonaro. O que talvez eles não imaginassem que o próprio seria tão letal para a imagem das Forças Armadas, como foi nos quatro anos de pode.

O pior de todo esse processo, foi o general da ativa, Eduardo Pazuello, assumir a responsabilidade, como ministro da Saúde, de centenas de milhares de brasileiros, como o próprio general Pazuello disse às gargalhadas dos dois, que Bolsonaro mandava e ele obedecia.

Toda essa patifaria envolvendo seu ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid e seu pai, o general do espelho, apesar de ser algo vexatório para as Forças Armadas, ainda estão aquém das ações e dos ingredientes que marcaram a gestão do rei, Pazuello, chamado de o rei da logística que, junto com Bolsonaro, produziu o maior morticínio da história da país.

Não dá para enumera as ações criminosas para se chegar à quantidade absurda de vítimas fatais pela covid que o irresponsável comandou da cadeira da presidência da República, tendo um general como seu capacho, que se comportou de forma humilhante.

O fato é que não há como separar uma coisa da outra, e Bolsonaro sempre soube disso. Ele quis associar a imagem das Forças Armadas à imagem do seu governo para dividir responsabilidades e utilizar as mesmas fardas de quem, desde a campanha, ainda embrionária, caminhou de braços dados com o monstro.

Se haverá ou não punição de alguns militares pinçados do alto comando para passar como boi de piranha, só o tempo dirá. Mas uma coisa é certa, a imagem das FFAA nunca foi tão severamente destroçada depois de um verdadeiro filme de terror do qual participaram como coadjuvantes, chamado governo Bolsonaro. Isso jamais será esquecido pela história.

A essa altura dos fatos, não há como devolver a pasta de dente para o tubo.

Até os bolsonaristas, que tinham devoção pela farda, por pneus, pelos militares e por ETs, têm em sua conta que foram traídos pela caserna.

Ou seja, deu tudo errado.

Os militares terão um longo caminho pela frente para ao menos tentar reduzir os danos causados pela própria imprudência dos que fecharam com o genocida, ladrão de joias, corrupto e vagabundo.

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Como se formam as lendas neoliberais no Brasil

Na verdade, num país com tantas lendas, a ilhota dos ricos que fazem do Brasil o seu quintal, criou, lógico, de forma resumida, a lenda do neoliberalismo de resultados. Discutir detalhes, debater ponto a ponto cada uma dessas fórmulas mágicas, ninguém quer.

Quantas conferências de fins de semana, que exploram a ingenuidade alheia, feitas pelo modismo dos coach, acontecem nesse país?

Essa rapaziada, que anda vendendo riqueza com facilidade na internet, que se acha a sala do júri, é materialmente deprimente.

Os muquiranas moldam sua fala a partir de um figurino imaginário funcional. Sim, é uma coisa cósmica e que, de tão lendária, diria mais, poética, desfaz-se e desaparece na poeira.

Mas o que se observa nesses figurões é que suas mentiras saem da alma, fazendo parecer que até acreditam no que falam, pregando num enorme deserto de ideia, onde uma legião de incautos precisa descobrir a pedra de toque para se tornar o Midas.

Porém, a coisa não se resume nisso, esse modismo vigarista não surgiu agora. Do viveiro tucano saíram muitos desses homens dotados de uma visão espacial que não passa de um palmo do nariz, mas que sempre indica o caminho das pedras.

A mídia, que trata Fernando Henrique Cardoso como o próprio Olimpo grego, segue vendendo sonhos vagos que jamais, repito, jamais deu as caras para a realidade brasileira.

A suprema safra de neoliberais no Brasil, detalhe, que não gostam de ser pintados como neoliberais, mas sim, liberais, induz, através da arte do palavrório que, antes mesmo de colocar a bola para rolar, os projetos ou propostas da esquerda para governar o país já chegam cheios de infiltração.

A linguagem diária da grande mídia, todos sabem, é a do monumento chamado mercado. Como sempre, a imensa maior parte da população não tem a mínima ideia desse troço chacoalhado diuturnamente no papel dos jornalões e revistonas e, claro, nas telinhas, como na varinha mágica dos maestros convocados pelas grandes emissoras de TV que, para surpresa de ninguém verborragiam suas teses bichadas.

Porque, na hora de esculpir até o bezerro de ouro, ignora-se a cabeça, o tronco e os membros da gênese grega.

O fato é que ninguém quer discutir as prometidas catedrais dos sonhos depois que ela se realizou e virou pesadelo para o povo. Os autores daquelas defesas calorosas, desaparecem e o bode fica na sala esperando o curso de uma nova eleição para que ele saia de lá ou lá permaneça para uma nova flora de lambanças econômicas que, irremediavelmente, colocam o país à beira do barranco.

Ora, se a forma com que a mídia e os neoliberais tratam a economia de um país fosse minimamente factível, eles sacariam dos bolsos os números maravilhosos que vários governos neoliberais do Brasil adotaram.

Mas, por que preferem, em seus ilusionismos, tirar coelho da cartola do que casar na mesa os triunfos das políticas econômicas neoliberais? Simples, o clero dos abastados não pode falar em números, porque sempre escancarará que tal política arrasou com a vida de milhões para enriquecer os poucos que, numa economia escassa, faturam sem a menor nobreza de pensar a nação.

Foi assim com a ditadura militar e a hipertinflação, lembra? O mesmo se deu com Sarney, Collor, FHC, Temer e Bolsonaro, todos, absolutamente todos apresentaram como armas a natureza bruta do neoliberalismo. E o trágico resultado não é preciso lembrar.

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