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Olavo de Carvalho: Bolsonaro foi de “caçador de comunistas” a vendedor de frangos a China

Olavo de Carvalho, o filósofo de si mesmo, conseguiu criar um personagem que daria sustentação a todo o desastre promovido pela teia de interesses barra pesada que cercam o governo Bolsonaro, o “caçador de comunistas”. O guru da turma do QI negativo está fulo, porque Bolsonaro foi chorar suas pitangas na China comunista, lugar que é considerado por Olavão como ” a capital mundial da maldade”.

Olavo de Carvalho bate de frente com a afirmação de Bolsonaro de que a China é um país capitalista e chama, a seu modo, Bolsonaro de banana, de rainha assustada com os reluzentes brasões da China comunista.

Não é para menos a irritação do filósofo gabola. O anticomunismo foi a tipoia que acomodou a falta de discurso de Bolsonaro e sua incapacidade de produzir uma ideia própria. Então, era preciso não desafiar o comunismo, mas ao menos não falar de negócios políticos em público com a China, desfilando na muralha como quem gozava a vida.

Por isso a revolta de Olavo de Carvalho que anda aos tapas com seus ex-principais sacristãos e coroinhas e, com eles, uma tripulação inteira que, a cada dia, abandonam o guru e borram ainda mais a caricatura estética de Bolsonaro criada por ele.

Para Olavão, Bolsonaro se transformou num vendedor de carne de frango, humilhado e reduzido a pó pelo Partido Comunista Chinês. Isso está nas rugas de sua testa e na expressão do olhar quando fala sobre o assunto. A coisa ainda piora quando ele resolve escrever sobre o furdunço, pois aí Olavo de Carvalho imprime toda aquela baixaria clássica de alguém que carrega nas costas a frustração pessoal do mundo e assume a sua personalidade mais idiota, frisando seus pensamentos com palavrões e outras desdobradas paspalhices.

Na realidade, Olavo de carvalho acha que essa viagem de Bolsonaro para a China tirou todos os músculos da armadura heroica do caçador de comunistas que eles haviam pintado e, na velha técnica da política da boa vizinhança, Olavo revela um herói esmorecido que oferece a produção de carne brasileira e as estatais mais estratégicas do país.

Não que Olavo seja contra a privatização, mas suas labaredas retóricas, em nome de um patriotismo da carochinha, o destino de nossas estatais deveria seguir os interesses dos EUA.

Por isso, o paranoico anticomunista, anuncia agora, em seus twitter, de cinco em cinco minutos, que o governo Bolsonaro está bichado.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Bolsonaro quer se distanciar de Queiroz; Bolsonaro quer se distanciar de Bolsonaro

Depois dos mais recentes vazamentos dos áudios de Queiroz em que ele mostra uma alinhamento perfeito entre ele e o clã Bolsonaro, com aquelas expressões típicas da malandragem, Bolsonaro quer romper a aliança que tem com establishment miliciano?

Ora, a definição de Bolsonaro se confunde com a própria definição de milícia. Na verdade, ele é a própria expressão da teia criminosa que envolve as múltiplas formas de atuação da milícia. Todas elogiadíssimas e condecoradas pelo clã.

Na realidade, essa sempre foi a profissão de fé de Bolsonaro. Ele caminhou durante 28 anos pelo esgoto da política, sendo guiado por suas afirmações positivas a grupos de extermínio, extorsões de milicianos e, sobretudo da contaminação do crime nas polícias brasileiras e até nas Forças Armadas. É só rever o balanço histórico do sujeito.

Bolsonaro tem um elevado número de seguidores por suas discriminações a minorias, mas principalmente pelo racismo em que transforma seus discursos em pura emoção de supremacia branca. Ou seja, com Bolsonaro os negros devem ser tratados com tolerância zero. Isso agrada em cheio a classe média brasileira extremamente racista, além de alimentar um ódio racial silencioso que só se revela em ataques a movimentos negros e da própria cultura protagonizada pelos negros.

Queiroz foi uma figura indispensável em sua trajetória e não há quem exclua ou separe Queiroz de Bolsonaro, um está tatuado no outro. O mesmo Queiroz fala com emoção que jamais trairia o chefe.

Não falamos de alguém que é considerado residual por Bolsonaro, mas de quem atua como seu braço direito no maravilhoso mundo militante da causa miliciana.

Não há solução possível para Bolsonaro diante das revelações contidas nos áudios vazados, até porque, na fala de Queiroz existe um plano político de PSL, comandar o PSL num dos principais colégios eleitorais do país, o Rio de Janeiro, prometendo fazer uma limpeza na área. Pelo jeito, é uma de suas especialidades que anda, como mostram as gravações, irritado com a balbúrdia do partido.

Não há cálculo político possível que tire de Bolsonaro seu principal guarda-costas nos negócios escusos do clã. O que se espera é que o Ministério Público avance nas investigações no caso Queiroz e revele ao país, com todas as provas, que tipo de bandido usa a faixa presidencial hoje no Brasil.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

 

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A derrota de Macri é a derrota do Bolsonaro

Depois de sua inútil viagem gastando monumentais recursos públicos sem trazer resultado positivo nenhum de integração com o Japão, China e países árabes, Bolsonaro ainda tem que engolir o resultado das urnas na Argentina, que condena o neoliberalismo de Paulo Guedes, assim como o povo chileno impõe uma derrota a um sistema que faz com que os ricos fiquem mais ricos e pobres mais pobres.

Isso seria fatal. O neoliberalismo é a semente da degeneração no mundo e o resultado na Argentina é somente o reflexo disso.

A vitória de Alberto Fernandez atinge diretamente um governo em crise permanente como o de Bolsonaro, até porque tanto a Argentina quanto o Chile foram explorados como referência pela grande mídia nativa. Com a derrota de Macri na Argentina e a insurreição popular no Chile contra o governo neoliberal de Sebastián Piñera, campanhas e movimentos neoliberais na América Latina perdem muito de sua consistência e espaço, o que consequentemente refletirá na chegada de uma onda que abarcará o Brasil.

Assim, acelera ainda mais a putrefação de um governo fascista que dependeu do adormecimento da classe média ludibriada pelo neoliberalismo e o ódio aos pobres que, se não percebeu ainda a precariedade que isso está causando ao país, também não verá a propaganda dos Chicago Boys derrotados na América Latina que passaram a ser símbolos do bolsonarismo.

Mas estes não são os únicos fatos que despertam a possibilidade de uma outra consciência oposta à pretendida pelos neoliberais, a de que somente um sistema solidário cultivado dentro da sociedade brasileira em que vivem todos os brasileiros, não apenas alguns privilegiados, é que tem futuro.

Cada um de nós, que repudia o que se assiste hoje no Brasil de Bolsonaro, tem que comemorar junto com o povo argentino a vitória da solidariedade contra o egoísmo.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Aos 74 anos, Lula está mais Lula do que nunca

Parece uma contradição, mas para Lula é uma condição, crescer na adversidade. Esta sempre foi a sua forma de encarar a vida. Por isso, veio de onde veio e chegou aonde chegou.

Não foi uma integração casual que Lula, fugindo da miséria e da fome num pau de arara, transformou-se no melhor Presidente da República do Brasil, o mais popular, o que teve a maior aprovação e o que levou a economia e o nome do Brasil ao centro do debate global, porque, vindo de um modelo cívico residual que segrega as pessoas que não fazem parte da essência dos “incluídos”, Lula transformou cada uma das carências de quem passou a vida sob o regime de exceção social em aprendizado, não se subordinando a essa condição, ao contrário, lutando para que não só a sua vida, mas o modelo herdado por ele como Presidente da República fosse visto a partir dos mais pobres, dos miseráveis, dos desvalidos que o capitalismo ensandecido produz.

Lula, aos 74 anos, recebeu muitas homenagens tanto do Brasil quanto do exterior, mas, sem dúvida que a vitória de Alberto Fernandez e Cristina Kirchner, na Argentina e a vitória em primeiro turno de Evo Morales na Bolívia foram o seu maior presente, até porque houve contra Cristina uma tentativa idêntica ao Brasil, do braço armado da direita no judiciário para impedi-la de novamente chegar ao poder, como fizeram com Lula e, em certa medida, também com Dilma.

E aí está o ponto central de uma nova etapa e talvez uma das maiores vitórias de Lula, mobilizar de dentro de seu cativeiro político todas as forças progressistas do mundo para denunciar esse velho, viciado e carcomido pacto entre a elite quatrocentona e decadente do Brasil com o aparelho judiciário do Estado brasileiro.

Foi essa parceria secular que azedou com a Lava Jato. Foi esse braço pesado do Estado, secularmente parceiro das classes economicamente dominantes, que Lula expôs ao sol do meio-dia, a ponto de Luis Roberto Barroso, filho de uma longa tradição da elite econômica do baronato do café, ter que se colocar na vitrine do ridículo na falsa defesa dos pobres contra os ricos, sendo festejado em seu voto pelos maiores milionários do Brasil.

Sim, essa elite sem modos, grotesca e inculta deu para sair da toca e, embalada pela onda bolsonarista, soltou fogos com a preocupação de Barroso punir “poderosos”. Só a reação dos poderosos se refestelando no voto de Barroso contra Lula, sendo a favor da prisão após condenação em segunda instância já denunciaria o hipócrita com o rabo de fora.

Mas há algo ainda mais concreto que desmonta o teatro carregado de afetações eruditas proferidas pelo minúsculo Barroso, que é a absoluta ausência, em sua fala e conduta, da punição dos “poderosos” da Lava Jato que usaram o próprio Estado para enriquecer com uma quantia bilionária inimaginável em nome de uma fundação privada que abarcaria a bolada da Petrobras, os ladrões que se venderam como heróis pela salvação da Petrobras.

E nesse tempo inteiro de Vaza Jato, Barroso limitou-se à medíocre frase, “é fofoca”, escancarando a sua proteção a Moro e aos procuradores, mas sobretudo a Dallagnol por quem nutre um afeto especial que salta aos olhos.

Trocando em miúdos, Barroso está tão contaminado nessa esbórnia da Lava Jato quanto Fachin e Fux,  aliados nas falcatruas da Força-tarefa da Lava Jato.

E foi tudo isso junto, somado à implosão do PSDB, por osmose, mesmo que nenhum corrupto num partido com uma cúpula quase que exclusivamente corrupta, tenha sido punido. Mas foi também por essa impunidade funcional histórica no PSDB que a Lava Jato, com sua parcialidade, causou um constrangimento geral levando o partido a mais humilhante derrota política de sua história.

Assim, pela cabeça de Lula, sobrou o que existia de mais podre, de mais vil na política brasileira, um troço tão ornitorrinco que mistura milícia, contravenção, tráfico com as camadas mais bem sucedidas do empresariado e dos rentistas brasileiros para que o povo pobre não voltasse a ser incluído no orçamento do Estado, como foi na era do PT com Lula e Dilma.

Para colocar Lula na cadeia, tiveram que se autodestruir, implodir suas próprias bases que estão hoje em frangalhos.

E Lula, depois desse bombardeio e confinamento, no dia em que completa 74 anos, como está? Lula está mais Lula do que nunca, muito maior que quando o sequestraram.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Áudio: Queiroz diz que quer assumir PSL no Rio e “blindar” Bolsonaro: “Espertalhão não vai se criar com a gente”

“Trabalha isso aí com o chefe aí. Passando essa ventania aí, ficamos eu e você de frente. A gente nunca vai trair o cara. Ele sabe disso. E a gente blinda, a gente blinda legal essa porra aí”, diz o amigo miliciano do clã Bolsonaro.

Em novo áudio, divulgado neste domingo (27) pela Folha de S.Paulo, Fabrício de Queiroz, ex-assessor responsável pelo esquema de rachadinhas do atual senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), diz que quer assumir o PSL no Rio de Janeiro para blindar Jair Bolsonaro.

“Politicamente, eu só posso ir para partido. Trabalha isso aí com o chefe aí. Passando essa ventania aí, ficamos eu e você de frente. A gente nunca vai trair o cara. Ele sabe disso. E a gente blinda, a gente blinda legal essa porra aí. Espertalhão não vai se criar com a gente”, disse no áudio, que não identifica quem é o interlocutor com quem Queiroz está falando.

O ex-assessor de Flávio Bolsonaro diz ainda estar agoniado com a “pica” que o Ministério Público estaria preparando para ele, em relação ao processo que responde, junto com Flávio Bolsonaro, sobre as movimentações suspeitas no Coaf.

“Torcendo para essa pica passar. Vamos ver no que vai dar isso aí para voltar a trabalhar, que já estou agoniado. Estou agoniado de estar com esse problema todo aí, atrasando a minha vida e da minha família, a porra toda.”

Queiroz afirma que quer assumir a sigla no Rio para lapidar “essa porra”. “Resolvendo essa pica que está vindo na minha direção, se Deus quiser vou resolver, vamos ver se a gente assume esse partido aí. Eu e você de frente aí. Lapidar essa porra”

Segundo a reportagem, os áudios foram enviados por Queiroz a um interlocutor não identificado, por meio do WhatsApp, e a fonte que repassou as gravações pediu para não ter o nome revelado.

Ouça:

https://youtu.be/sB-fPhAH-cA

 

 

*Com informações da Forum

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Haiti à beira de uma insurreição popular

No fim de maio, o Tribunal Superior de Contas haitiano submeteu ao Senado uma auditoria de 600 páginas do programa PetroCaribe. Essa auditoria se seguiu a um informe prévio expondo a corrupção e era muito esperada. Ela detalhou a corrupção massiva e o roubo de fundos e mostrou que o próprio Moïse havia embolsado milhões de dólares como parte de um esquema de apropriação indébita para roubar fundos do povo haitiano no valor de bilhões de dólares destinados a gastos sociais e de infraestruturas através do programa PetroCaribe.

De fato, agora parece que três diferentes empresas controladas por Moïse estão envolvidas no escândalo de corrupção. A auditoria comprovou o que todos já sabiam: a classe dominante haitiana e as elites políticas roubaram cerca de 2 bilhões de dólares ao faturar duas vezes o Ministério de Obras Públicas, que também distribuiu fundos às elites corruptas e suas empresas antes que os projetos fossem concluídos e, em alguns casos, antes mesmo que os projetos fossem iniciado.

Depois do terremoto em 2010, foi iniciada a construção de centenas de estradas, escolas. hospitais, etc., mas, em muitos casos, esses projetos nunca foram concluídos. Um artigo explicava que “Ao sul de Porto Príncipe, um gigantesco hospital semiconstruído e uma ponte que não liga nada com nada servem como lembretes diários da apropriação indébita do governo”.

O movimento de massas, que fluiu e refluiu ao longo do último ano e meio, irrompeu novamente em junho com o lançamento da auditoria e com a oposição cada vez mais decidida pedindo a renúncia do presidente Moïse.
Escassez de combustíveis e alimentos

Tendo perdido o acesso ao petróleo venezuelano subsidiado no início de 2018, o governo haitiano foi forçado a recorrer principalmente às empresas petrolíferas estadunidenses e a pagar preços de mercado por seu suprimento de combustíveis. O governo não podia pagar por isso e se endividou com essas empresas de energia, que se recusam a fornecer combustível até que essas dívidas, no montante de cerca de 100-130 milhões de dólares, sejam liquidadas.

A escassez de combustível no país, que já estava em nível de crise, continuou a piorar durante no último verão. Lojas e escolas foram fechadas como resultado da escassez e os hospitais mal estão funcionando. Há longas filas nos postos de abastecimento, com muito pouco combustível disponível. Os apagões são frequentes e duradouros, e, com o aumento dos preços, muitos não têm acesso aos combustíveis.

Com o desemprego agora em mais de 70% e com a inflação em torno de 20%, muitos não podem se permitir pagar os poucos combustíveis e alimentos disponíveis. Para piorar a situação, uma seca severa deixou agora muitas pessoas sem acesso à água. A situação ficou mais aguda quando a República Dominicana fechou sua fronteira com o Haiti, cortando uma rota essencial para suprimentos.

Diante da escassez cada vez mais severa de produtos básicos, as massas tomaram as ruas durante o mês de setembro em uma série contínua de manifestações e greves, que fecharam completamente Porto Príncipe e paralisaram o restante do país.

As manifestações e greves aumentaram chegando a proporções insurrecionais durante a semana passada, quando aliados de Moïse no senado tentaram empossar a escolha do presidente para primeiro-ministro, um cargo que foi formalmente deixado vazio durante meses depois de uma série de renúncias. A sessão do senado se converteu em caos, com um senador aliado a Moïse sacando uma arma de fogo e disparando contra os manifestantes quando saía do prédio do senado, ferindo um jornalista da AP e um guarda de segurança.
Equilíbrio das forças de classe

O Haiti esteve efetivamente em uma situação pré-revolucionária ou revolucionária durante vários anos, com certeza desde pelo menos o verão passado, quando protestos e greves em massa eclodiram devido à crise do combustível e à corrupção.

Naturalmente, em particular devido à ausência de uma liderança determinada, revolucionária e da classe trabalhadora, houve vários fluxos e refluxos no movimento das massas. Nos momentos chave, parecia que o governo Moïse cairia, mas todas as vezes o governo evitou o colapso ou sua derrubada à medida que o movimento diminuía.

Em muitos aspectos, a situação no Haiti é um microcosmo da situação mundial. Globalmente, a classe trabalhadora é muito forte e cada vez mais determinada a reagir aos ataques da classe dominante. Isso explica a intensificação em escala mundial da luta de classes e a polarização da sociedade. No entanto, o movimento é retido a cada passo por sua liderança. Isso impediu a classe trabalhadora em muitos países de avançar diretamente na direção de ações revolucionárias para mudar a sociedade.

Por outro lado, a classe dominante é muito fraca. Para todos os lugares que se olhe, os partidos do establishment e os principais elementos da classe dominante estão se tornando cada vez mais isolados – e odiados pelas massas trabalhadoras e pela juventude. Isso criou uma situação em que, devido à força geral da classe trabalhadora e da juventude e à fraqueza geral da classe dominante, os capitalistas em muitas áreas não podem avançar diretamente para uma ação contrarrevolucionária (golpes, ditaduras etc.). Isso criou algo semelhante a um impasse, embora seja um impasse em que todo o impulso recai nos trabalhadores e na juventude.

A situação no Haiti, com greves e manifestações insurrecionais de massas, está muito mais avançada do que em muitos outros países. Isso não é por acaso – a cadeia do capitalismo global está de fato se rompendo por seus elos mais fracos. No entanto, também podemos ver que o equilíbrio das forças de classe é semelhante ao de todo o mundo e que há algo como um ponto morto em que as massas não puderam derrubar o governo e mudar a sociedade. As massas tentaram repetidamente tomar o seu destino em suas próprias mãos, derrubar seu governo apodrecido e tomar o controle de suas vidas, mas todas às vezes o governo sobreviveu.

Como explicamos no início deste ano:

“Sem acesso a fundos ou combustível, o governo haitiano não tem meios de comprar qualquer paz social temporária. Não tem meios econômicos à sua disposição para apaziguar as massas, nem, tem qualquer capital político para apaziguar as demandas políticas do movimento. Com a força policial nacional vacilando, o governo se encontrará em grandes dificuldades para reprimir o movimento com força física. Isso não significa que a polícia não possa atacar e que não atacará as manifestações e os trabalhadores em greve, mas dado o equilíbrio de forças parece improvável que o governo possa derrotar o movimento somente com a ação policial”.

Naturalmente, existem elementos na classe dominante e entre certos setores da pequena burguesia que estariam muito interessados em se mover na direção de algum tipo de golpe para resolver a situação. The Guardian informou recentemente que Nicholas Duvalier (o filho de Jean-Claude “Baby Doc” Duvalier e neto de François “Papa Doc” Duvalier) esteve recentemente em Miami para pedir apoio à comunidade haitiana de lá. Quando perguntado se havia algum apoio no Haiti à família dos ex-ditadores, um entrevistado no Haiti disse: “Sim. Entre pequenos empresários. Conheci um. Ele quer fazer pregos, mas a família Bigio, que tem o monopólio do aço aqui, empurrou-o para o lado. É o tipo de pessoa que apoiaria Nicolas, e existem muitos mais como ele”.

No entanto, dada a debilidade do estado e da polícia haitianos, um golpe bem-sucedido parece improvável – embora possa ser tentado em determinado momento se a crise continuar sem algum tipo de solução.

Naturalmente, um fator importante na política haitiana são os imperialistas – particularmente os EUA, Canadá e França – que, no passado, não temeram intervir política e militarmente de forma direta na política haitiana para preservar seus interesses, investimentos e lucros. Durante os últimos 15 anos, eles tentaram exercer seu domínio e controle através da força de ocupação da ONU. No entanto, deve-se notar que a “a missão de manutenção da paz da ONU” está programada para encerrar suas funções em 15 de outubro e ser substituída por uma “missão política”.

Uma intervenção direta do imperialismo EUA (ou canadense, francês, etc.) parece improvável, dada a situação política nos países imperialistas. No entanto, não se pode excluir algum tipo de acordo seja mediado pelos imperialistas e a classe dominante haitiana para manter as tropas da ONU no Haiti para forçar o fim do movimento de massas e “resolver” a crise, isto é, algum tipo de golpe apoiado ou liderado pelas tropas da ONU.

Cuidado com a Frente Popular

A oposição parece mais decidida do que nunca a derrubar o governo Moïse. Greves e manifestações em massa ocorreram na sexta-feira passada. Foram levantadas barricadas e postos policiais e tribunais foram atacados e incendiados. As massas entraram em confronto direto com o Estado para impor sua vontade sobre a situação e obrigar o governo a renunciar.

Os moradores de Cité Soleil, uma das maiores e mais pobres áreas da capital e, de fato, do mundo, e centro da atividade revolucionária no Haiti, se levantaram e expulsaram de lá as odiadas forças de segurança. De fato, a polícia foi ultrapassada pelo movimento das massas e está sendo desarmada e/ou forçada a se retirar. Um manifestante explicou que, “Estamos dizendo às pessoas que vivem na área de Cité Soleil e à população haitiana para se levantar e derrubar esse governo porque o presidente Jovenel Moïse não está fazendo nada por nós, apenas nos matando”.

Um líder da oposição disse:

“Em 27 de setembro de 2019, o povo demitiu Jovenel Moïse como seu presidente… Jovenel Moïse é um presidente que se esconde… ele não está mais liderando o país”.

Moïse não é visto desde 25 de setembro, quando fez um discurso às 2 horas da madrugada (que ninguém podia ouvir porque estava dormindo ou por falta de acesso à eletricidade devido à escassez de combustível), pedindo “calma”. Embora seus apoiadores insistam em que ele ainda está no controle e “refletindo como um bom treinador”, acredita-se amplamente que, de fato, ele está se escondendo.

A oposição o está buscando ativamente para forçá-lo a renunciar e levá-lo à justiça. Enquanto a oposição caracterizava as manifestações da sexta-feira como “a batalha final na guerra para se livrar de Jovenel”, um dos líderes afirmou que:

“[Se] Jovenel não renunciar hoje, o que acontecer a ele não é de nossa responsabilidade. Jovenel Moïse será responsabilizado por tudo o que acontece no país hoje”.

Dada a escala do movimento para derrubá-lo e a determinação das massas, parece improvável que Moïse fique no poder por muito mais tempo. No entanto, é claro que, embora o movimento esteja unido em seu objetivo de derrubar Moïse, há muitos riscos à frente.

The Guardian informou que a organização Batay Ouvriye está circulando panfletos proporcionando uma análise marxista da situação e pedindo que o movimento revolucionário se arme para se defender. Isso é, sem dúvida, uma boa coisa e um passo necessário para o movimento tomar.

Contudo, Andre Michel, porta-voz do Setor Democrático e Popular, disse algumas coisas que representam um risco direto para o movimento. Há alguns dias ele tuitou que: “O Setor Democrático acompanhará a população em sua mobilização até arrancarmos Jovenel Moïse. A população necessita permanecer mobilizada até instalarmos um presidente e um governo provisório no país”. Mais tarde, ele também disse em uma entrevista que, “Jovenel Moïse não é mais o presidente; o povo o demitiu, mas o povo deve permanecer mobilizado. Os obstáculos devem continuar e a mobilização deve ir além até que instalemos um governo provisório”.

Michel está correto quando diz que as massas devem permanecer mobilizadas para se livrar de Moïse. No entanto, a divisão de classes na oposição se revela claramente no que ele disse. Quando ele diz que as massas devem permanecer mobilizadas “até instalarmos um presidente e um governo provisório”, ele está refletindo os interesses da burguesia e das camadas pequeno-burguesas da oposição, que querem usar as mobilizações e as greves de massas para dar um golpe contra seus oponentes no governo e se colocarem no poder. Uma vez no poder, naturalmente vão querer que as massas vão para casa e parem as mobilizações.

Do ponto de vista das massas, a derrubada do podre governo de Moïse somente representaria o início real da Revolução Haitiana, e não o seu fim. A classe dominante haitiana provou mais de uma vez que é completamente incapaz de liderar o país ou de resolver os problemas de pobreza e desemprego que as massas enfrentam.

Movimentos e greves de massas não podem ser ligados e desligados como uma torneira. Embora os elementos burgueses na oposição tentem, as massas haitianas não serão usadas como peões em um tabuleiro de xadrez. A derrubada de Moïse será um tremendo avanço e uma vitória para o movimento, mas por si só não resolverá nada para o povo do Haiti. Não resolverá os problemas da corrupção, da pobreza esmagadora, do desemprego e da inflação, da escassez de combustíveis e alimentos e da crise econômica geral.

Se Moïse for derrubado, um novo governo burguês, governando com base no capitalismo e no interesse dos imperialistas, será totalmente impotente para fazer qualquer coisa com respeito à situação. A corrupção continuará. As necessidades do povo não serão atendidas, a crise econômica continuará a se aprofundar e as massas se encontrariam na mesma situação em que estão agora (ou até mesmo em situação pior).

As massas haitianas não podem confiar nos elementos burgueses na oposição para resolver a crise e só podem confiar em suas próprias forças. Se o governo de Moïse cair – algo que parece cada vez mais provável a cada dia que passa – as massas não podem se conformar em esperar por um novo governo provisório baseado no capitalismo e na cooperação com os imperialistas. O povo haitiano não pode esperar que outro governo burguês fracasse.

O movimento de massas de trabalhadores, jovens e pobres deve tomar o poder em suas próprias mãos. Esta será a única maneira de lidar com os problemas econômicos que o país enfrenta, a corrupção e a pobreza, e a única maneira de lidar com a escassez de combustíveis e alimentos. Comitês de greve devem ser criados e interligados por todo o país para coordenarem as ações de greve e as atividades que o governo é incapaz de realizar.

As fontes de combustível, alimento e água devem ser expropriados e distribuídos de acordo com a necessidade pelos comitês de greve. Esses comitês devem começar organizando a coleta e distribuição de produtos básicos como alimentos, água e combustível, e organizar o transporte, a educação, o saneamento e os cuidados de saúde. Nenhum governo burguês, provisório ou qualquer outro, será capaz de fazer isso.

Isso coloca a transformação socialista da sociedade na ordem do dia no Haiti. A situação que as massas haitianas enfrentam é verdadeiramente socialismo ou barbárie. Só um governo dos trabalhadores, agricultores e pobres do Haiti será capaz de resolver a crise atual. Só o socialismo oferece um caminho a seguir para o povo do Haiti.

 

 

*Com informações do Diálogos do Sul

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Sozinho e empesteado: O isolamento que se prenuncia é o que Bolsonaro não percebe

A festa da direita está chegando ao fim. “O mundo se vira para a direita” veio a ser uma ideia que encobriu todo o planeta. E trouxe uma onda de voracidade material e prepotência antissocial projetadas como um ódio sem razão nem controle. Nada sugeria essa irrupção: os ricos continuavam se fazendo mais ricos, o fantasma do comunismo destruíra-se, as guerras eram o de sempre. Onde o desejo de menos injustiça social chegara ao poder, não houve um só caso de cobrança à riqueza particular por seu débito humanitário. No entanto, a onda veio, voraz e feroz, planejada por teorias econômicas forjadas (nos dois sentidos da palavra) onde maiores são a riqueza e seu poder.

O refluxo da onda diz respeito ao Brasil de modo particular. Com referências diretas e indiretas ao risco de “contaminação”, Bolsonaro mostra o mesmo medo disseminado no poder empresarial pelo levante do povo chileno. Bem de acordo com sua capacidade de compreensão, ao mesmo tempo ele ameaça isolar a Argentina se a direita lá perder a presidência. E faz dessa eleição o pretexto para retirar o Brasil do Mercosul —intenção, na verdade, já exposta como candidato e adequada a reiterado desejo de Trump.

O isolamento que se prenuncia é, porém, o que Bolsonaro não percebe. No Chile, Sebastián Piñera, de centro-direita, se afasta do Brasil de Bolsonaro, forçado a abandonar suas políticas afinadas só com o capital, estopins da explosão agressiva que o surpreendeu. O plano de aproximar o Brasil mais de Uruguai e Paraguai, para isolar a Argentina, revela desinformação patética: neste domingo mesmo, os uruguaios devem eleger Daniel Martínez, definido como “o oposto de Bolsonaro”.

Na Bolívia, Evo Morales já bateu Carlos Mesa, este nostálgico da Presidência a que um dia renunciou, e deve derrotar a articulação internacional para impedi-lo de tomar posse. Negócios com o Brasil, sim; com Bolsonaro, nada. No Equador, Lenín Moreno, eleito pelo antecessor Rafael Correa, traiu-o depressa, traiu seus eleitores e entregou-se ao FMI, que, mais uma vez, provocou violenta revolta de massa. Lenín agora vai trair a si mesmo, para conter a revolta. Da Venezuela, nem se fale.

Na Europa que vale bom entendimento, a imagem do Brasil pode ser encontrada em certos latões nas calçadas da madrugada. Nos Estados Unidos, o amado dos Bolsonaros recebe a cada dia nova acusação, já em trâmite o processo de impeachment. Além disso, tem a disputa eleitoral a assoberbá-lo por antecipação, com a vantagem inicial dos democratas.

O Brasil em breve estará isolado por Bolsonaro. Na duvidosa companhia apenas de Peru, Colômbia e, olhe lá, Paraguai. O bom vizinho, conceito que o Brasil se deu com orgulho, está empesteado.

As violentas insurreições e os resultados eleitorais, em nossa vizinhança, têm em comum a sua causa: as políticas antissociais, de arrocho, de desemprego, de aposentadorias degradantes, de transporte caro, de preços altos e salários baixos. Apesar disso, a alienação política e mental do governo Bolsonaro iguala o ministro da Economia aos napoleões de hospício.

Sua cogitação mais recente é nada menos do que a liberação dos governadores para cortar vencimentos dos funcionários e demitir à vontade, como redução de custo. Paulo Guedes ignora a realidade à sua volta, não conhece a Constituição e imagina que o Congresso aderiria ao seu delírio.

O Chile era o paraíso proclamado por Paulo Guedes. Os governos chileno, do Equador e da Argentina praticaram as políticas que Paulo Guedes quer no Brasil. E percebiam a realidade tanto quanto ele.

O ministro do Meio Ambiente só acionou o Plano de Contingência para Incidentes de Poluição por Óleo em Água, chamado PNC, mais de 40 dias depois de constatada a presença de petróleo em praias nordestinas. E só o fez porque o Ministério Público Federal exigiu-o com ação judicial. Enquanto mais e mais praias eram atingidas, Ricardo Salles viajava por aí.

São necessárias mais iniciativas do Ministério Público —o federal e o estadual das áreas atingidas. O governo Bolsonaro extinguiu mais de 50 conselhos e dois comitês do PNC no começo do ano, o que mutilou o dispositivo de ação contra desastres ambientais como o atual. Verificada a disseminação do petróleo, não tomou as providências convencionadas. São muitos, portanto, os indícios de crime de prevaricação a merecerem um inquérito criminal para as responsabilidades de Ricardo Salles, incluídas as suas mentiras públicas.

 

 

*Janio de Freitas/Folha

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A Ignorância Malandra

O primeiro fenômeno de popularidade da direita que emergiu das redes sociais foi Fernando Holiday, um jovem negro que tinha como principal plataforma em suas lives no youtube o ataque ao movimento negro, mas, sobretudo às cotas para negros nas universidades públicas.

Imediatamente Holiday passou a ser seguido e cultuado pela classe média formada quase que exclusivamente por não negros, jovens e não tão jovens. Seu discurso era no sentido de que os negros tivessem seus direitos negados como foram negados durante os cinco séculos da história do Brasil.

Para Holiday os negros não estavam em busca de cidadania, mas sim de privilégios, mesmo com o cotidiano de racismo que o país ainda sustenta e talvez agora com mais violência, como mostram as estatísticas de jovens negros assassinados pelo Estado.

O fenômeno dessa promoção relâmpago de Holiday tem três dados centrais, o preconceito, o racismo e a discriminação. O primeiro, a corporalidade. O segundo, a individualidade e, o terceiro, a cidadania. Lógico que essas três questões caminham juntas resumidas objetivamente à corporalidade, justamente aonde Holiday, de forma recorrente, fazia seus ataques, num exercício retórico que negava direitos propondo que a cor da pele não deveria ser mote para reivindicar o preconceito em si, repetindo o velho ramerrão de que no Brasil não existe racismo contra os negros, mas sim preconceito contra os pobres.

Parte significativa de seus seguidores que frequentemente o elogiavam nas redes sociais, passaram, a partir de então, a tratar o senso comum como tomada de consciência. Afinal, a cidadania não é um tema de interesse da classe média brasileira, branca na sua quase totalidade, porque no Brasil o Estado construiu uma prerrogativa que sempre permitiu que as desigualdades raciais fossem estruturais, ou seja, o modelo institucional do Brasil é herdado da escravidão e, por isso marca até hoje as relações sociais desse país.

É a partir dessa falsa democracia brasileira que a direita acrescentou, com uma atuação estrutural, uma rede de mentiras de si própria, porque o essencial era que os recursos públicos jamais fossem utilizados para o resto da sociedade, ou seja, os pobres e os negros. Daí a revolta e o ódio com os governos Lula e Dilma, pois o cálculo econômico dos governos do PT incluíam uma imensa nação de segregados presentes no país que viveram até então sem a menor perspectiva de futuro.

Assim, criou-se um clima na sociedade, tradicionalmente aberta a lendas e conspirações para estabelecer fronteiras e impedir que os “debaixo” historicamente segregados, subissem algum degrau e se aproximassem dos “de cima”, representados na melhoria de vida proporcionada pelos governos do PT, com Lula e Dilma. Daí o antipetismo disseminado pelos barões da comunicação brasileira.

Para se fugir do conflito direto, o discurso oficial da direita no Brasil passou a ser de anticorrupção, agradando em cheio a parcela mais corrupta da sociedade, formada pelas classes média e alta que mais se beneficiam não só da produção do país, como de todo um processo corrupto promovido pelo próprio sistema capitalista.

Para engrossar o coro, a grande mídia espetacularizou essa mentira, sobretudo nas duas farsas centrais, a do mensalão e a da Lava Jato, contando com o luxuoso auxílio do aparelho judiciário brasileiro, secularmente segregacionista.

Na concepção de combate à corrupção, ataca-se o inimigo e protege-se o amigo, construindo uma espécie de contrato social em que cada um desse bolsonistão, além de repetir, amplia uma mentira. E o que parece ser ignorância, na realidade, é perversidade sistêmica programada e respaldada por uma rede de fake news, como a que hoje Alan dos Santos comanda, chamada “Central do Ódio”, de uma mansão na zona mais rica de Brasília e que conta com uma gama incontável de agentes dessa organização criminosa que, não por acaso, entregou nas mãos da deputada do PSL, Bia Kicis, o vídeo fake em que criminosos virtuais, comandados por Alan Santos e sua equipe, diziam que estavam, em nome das FARC, dispostos a atacar Bolsonaro em favor de Lula.

Alguns idiotas úteis até acreditaram num troço tão mal feito como aquele, mas a maioria que espalhou o vídeo fake, assim como vários parlamentares do PSL e o próprio Bolsonaro, sabiam da mentira e se divertiram ao espalhar em suas redes sociais. Eles apostaram que os ignorantes premeditados viralizariam o fake news, estimulando esse tipo de crime e a violência contra um suposto inimigo poderoso que estava propondo um ataque guerrilheiro ao Presidente da República.

Essa tem sido a principal técnica para Bolsonaro tentar se manter no poder. Seus três filhos são, na verdade, as raízes comuns dessa rede. Os três filhos, de alguma forma, trançam uma teia de corrupção dentro do legislativo em que Queiroz é uma espécie de gerente. Isso sem falar de tudo o que já se sabe sobre o envolvimento do clã com as milícias. Mas são eles os comandantes dessa rede de fake news.

E é aí que entra a limitação moral dos falsos moralistas, porque não querem nem ouvir falar em combater o esquema de Flávio Bolsonaro e Queiroz exaustivamente denunciado, inclusive pela mídia amiga, aliada de Bolsonaro na agenda econômica.

É bom dar um basta na ideia de que há uma ignorância plena no bolsonarismo, quando, na verdade, há um jogo todo programado para que a parte mais podre da sociedade brasileira, a mais corrupta, a que passou a vida correndo atrás de privilégios, mantenha-se de forma escancarada produzindo esse tipo de banditismo digital sem ser efetivamente incomodada pelo restante da população que já sofre pesadamente os efeitos dessa sórdida forma de manipulação, como os resultados das políticas públicas mutiladas pelo governo Bolsonaro.

Como disse o patético guru de Bolsonaro, Olavo de Carvalho, para seu gado espontâneo, “dane-se o que o governo Bolsonaro faz de errado, o importante é combater o “comunismo””.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Vídeos: mobilizações no Brasil e no mundo levam #ParabensLula aos Trending Topics do Twitter

Ex-presidente completa 74 anos neste domingo (27) com centenas de atos pelo Brasil e pelo mundo clamando por Lula livre.

Os 74 anos completados neste domingo (27) por Lula levará milhões de pessoas às ruas em todo o mundo contra a prisão injusta do ex-presidente e levou a hashtag #ParabensLula ao topo dos Trending Topics do Twitter logo pela manhã.

Em Curitiba, Lula não estará sozinho. Milhares de pessoas estarão cantando parabéns ao ex-presidente na festa que que foi preparada pelo coletivo Vigília Lula Livre. Pelo menos 9 ônibus partiram de Brasília e outras dezenas de várias regiões do país rumo ao acampamento montado em frente à Superintendência da Polícia Federal, onde Lula está preso.

https://twitter.com/Trom_Petista/status/1188086221983158272?s=20

Lula nasceu em Caetés, Pernambuco, onde a festa vai contar com um café solidário, a partir das 8h, na casa onde viveu sua infância. Cada convidado vai levar um item para a celebração.

Em São Paulo, um grande almoço de aniversário será realizado no Armazém do Campo, a partir das 13h (Alameda Eduardo Prado, 499, Campos Elíseos). Para homenagear o aniversariante, comida nordestina com produção da chef Carmem Virgínia, além de atrações musicais. Estão previstas atividades também em Diadema, São Bernardo do Campo, Campinas, Ribeirão Preto e diversos bairros da capital.

No Rio de Janeiro, a festa será na orla de Copacabana (Avenida Atlântica com Rua Francisco Sá), com direito a futebol na praia, a partir das 9h30. Barra Mansa realiza o Festival Lula Livre no sábado (26), no Calçadão Dama do Samba, centro da cidade. As apresentações começam às 9h, com previsão de 12 horas de duração.

Em Florianópolis, também tem Festival Lula Livre, no Miramar, a partir das 12h, com artistas de renome da música nacional e local, como Ana Cañas, Francisco El Hombre, grupo Mulamba e Clave de Samba.

Belo Horizonte será palco de mais um Festival Lula Livre, no Armazém do Campo (Avenida Augusto de Lima, 2.136), a partir das 10h. Vai haver atividades para a garotada, além de feira de alimentos agroecológicos, barracas de comida com tropeiro, galinhada, churrasquinho e mais.

Haverá festa e mobilização pelo aniversário de Lula e por sua libertação ainda em Porto Alegre, Salvador, Recife, Fortaleza, Vitória, Distrito Federal, Natal, João Pessoa e dezenas de cidades em todo o país e, pelo menos, em 80 cidades do mundo (veja a lista).

Twitter
Pelo Twitter, políticos, artistas, intelectuais, amigos e eleitores de Lula já estão dando os parabéns ao ex-presidente.

O músico Chico Buarque e a advogada Carol Proner publicaram um vídeo em que a jurista toca acordes de Parabéns à você.

https://twitter.com/luh_roma/status/1188317011459346433?s=20

Martinho da Vila também mandou felicidades ao amigo. “Você não está ficando velho, você está entrando em uma idade nova. Felicidades para você”, afirmou Martinho.

Veja mais declarações de parabéns ao ex-presidente no Twitter

https://twitter.com/ChicoDiaz3/status/1188393546589573120?s=20

 

 

*Com informações da Forum

 

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Vaza Jato: Para fechar delação, Lava Jato levou ministro do STF a manter empreiteiros presos

Novas mensagens obtidas pelo The Intercept Brasil e analisadas pela Folha mostram que Teori Zavascki engavetou habeas corpus após dar aval a prisão domiciliar de executivos da Andrade Gutierrez, em 2016.

O novo capítulo da Vaza Jato revela que os procuradores da Lava Jato usaram prisões como instrumento para obter delações premiadas – e que a manobra contou não apenas com o apoio do ex-juiz Sergio Moro como também de Teori Zavascki, ministro do STF que morreu num misterioso acidente aéreo.

O ministro Teori Zavascki do Supremo Tribunal Federal foi convencido por procuradores da Operação Lava Jato a manter dois executivos da empreiteira Andrade Gutierrez presos para conseguir fechar delação premiada em 2016.

Segundo mensagens obtidas pelo The Intercept Brasil e analisadas pela Folha de S. Paulo e pelo site, mensagens trocadas por integrantes da operação mostram que a iniciativa foi executada com apoio do então juiz e atual ministro da Justiça, Sergio Moro, cuja opinião os procuradores consultaram antes de levar a proposta ao Supremo.

Os diálogos apontam que foi o então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que conversou com o ministro Teori Zavascki, que era relator dos processos da Lava Jato no STF. Teori tinha sobre a mesa dois habeas corpus impetrados pelos executivos da Andrade Gutierrez que haviam sido presos.

Ficou firmado no acerto com a empresa que os dois sairiam da cadeia no Paraná para ficarem um ano em prisão domiciliar, trancados em casa e monitorados por tornozeleiras eletrônicas.

Conforme mostraram as imagens, Moro concordara em revogar as ordens de prisão preventiva que os mantinham atrás das grades, mas faltava convencer Teori do plano.

Como relator da Lava Jato, o ministro seria o responsável pela homologação dos acordos de delação premiada dos executivos da Andrade Gutierrez, que prometiam implicar em seus depoimentos políticos que tinham direito a foro especial e só podiam ser investigados e processados no Supremo.

A preocupação com a longa duração das prisões dos investigados pela Lava Jato era crescente, e os procuradores acreditavam que Teori estava inclinado a soltar os empreiteiros.

No dia 4 de fevereiro de 2016, Teori deu seu aval e pediu os nomes dos executivos presos. “Pq ele vai travar os hcs aqui esperando vcs”, escreveu o procurador Eduardo Pelella, chefe de gabinete de Janot, ao dar a notícia ao coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol.

É provável que, caso não fosse acionado pelos procuradores, o ministro do STF determinasse a soltura dos dois executivos. Eles poderiam aguardar em liberdade o julgamento de seus processos e a homologação dos acordos de colaboração, e poderiam até rediscutir seus termos.

Com os habeas corpus engavetados por Teori, Moro transferiu os executivos para o regime de prisão domiciliar no dia seguinte. Os procuradores do caso se organizaram então para tomar seus depoimentos, sem medo de que os delatores fossem soltos e cogitassem abandonar o acordo negociado pela empreiteira.

Tudo foi feito com discrição, porque a força-tarefa não queria melindrar o ministro do STF, com quem mantinha uma relação tensa, e pretendia evitar que uma ordem de soltura da corte reduzisse seu poder de barganha nas negociações com outras empresas que estavam na fila para negociar delações premiadas. “Acho melhor manter o sigilo”, disse Pelella a Deltan. “Só pro Teori ficar tranquilo”, acrescentou.

Resposta – À Folha, a força-tarefa comentou sobre as mensagens, limitando-se a dizer que não houve ilegalidade nas gestões no STF e que os executivos foram assistidos por seus advogados durante as negociações.

Moro disse que houve respeito aos direitos da defesa e que discussões entre procuradores e juízes como as reveladas pelas mensagens são normais.

Acordo – Das grandes empreiteiras atingidas pela Lava Jato, a Andrade Gutierrez foi a segunda a colaborar com as investigações, depois da Camargo Corrêa. A empresa reconheceu sua participação em fraudes e aceitou pagar multa de R$ 1 bilhão para voltar a fazer negócios com o setor público.

Teori homologou os acordos dos executivos em abril de 2016, depois de analisar os depoimentos colhidos pelos procuradores em Brasília e Curitiba em fevereiro e março. O ministro do STF morreu num acidente aéreo em janeiro de 2017.

A operação foi concluída em 5 de fevereiro, um dia após o aval de Teori. Num processo até hoje mantido sob sigilo em Curitiba, a força-tarefa pediu a transferência dos executivos para prisão domiciliar, argumentando que haviam decidido cooperar com as investigações. Moro concordou.

A lei que estabelece regras para os acordos de delação premiada no Brasil diz que os benefícios negociados com os colaboradores devem ser avaliados pelo juiz responsável ao fim dos processos em que eles forem acusados, na hora da sentença. Na Lava Jato, porém, muitos acordos garantiram benefícios imediatos aos delatores.

Otávio Azevedo, que presidiu o grupo Andrade Gutierrez de 2008 a 2015, deixou a cadeia após sete meses, ficou mais um ano trancado em casa e hoje presta serviços numa vara da Justiça Federal em São Paulo durante algumas horas por semana. Ele pagou multa de R$ 2,7 milhões à Lava Jato.

Teori homologou os acordos dos executivos em abril de 2016, depois de analisar os depoimentos colhidos pelos procuradores em Brasília e Curitiba em fevereiro e março. O ministro do STF morreu num acidente aéreo em janeiro de 2017. As informações são da Folha.

 

 

*Com informações do Jornal Bahia