Para tentar livrar Bolsonaro da cadeia, deputados bolsonaristas atacam brasileiros com fibromialgia e autismo

Há quem diga que a chapa vai esquentar para o lado de Bolsonaro logo após a eleição para prefeito.

Muitos apostam que o período eleitoral poderia inflamar os ânimos da militância mais fanática da extrema direita conduzida pela milícia, que operou contra o Brasil e os brasileiros durante os quatro anos de governo Bolsonaro e fazem o que podem para prejudicar os brasileiros.

Tudo isso tem apenas um motivo, tentar a qualquer custo livrar o bandido Bolsonaro da cadeira, o que, certamente, arrastará muitos desses parlamentares, que querem, num ato de desespero, arrancar Moraes da cadeia do Supremo a fórceps.

Na verdade, o que essa gente queria mesmo foi amplamente divulgado na mídia, a invasão das sedes dos três poderes, no dia 8 de janeiro de 2023, quando o prédio do STF foi o mais danificado pelos bolsonaristas que, sob o comando da escumalha e do próprio Bolsonaro, cometeram o crime de tentativa de golpe, terrorismo contra as instituições e, em consequência, muitos foram condenados e presos para cumprir uma longa pena.

Isso deixa o ar de Bolsonaro cada dia mais irrespirável, já que se os comandados pegaram 17 anos de cadeia, imagina o que acontecerá com os mandantes e o principal líder do ato terrorista e tentativa de golpe de Estado, que fracassou.

Nesta terça, antes dos deputados bolsonaristas serem enxovalhados e espinafrados pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, essa mesma escumalha obstruiu, no Congresso, a pauta que se tratava de um projeto que beneficia brasileiros com autismo e fibromialgia.

X, antigo Twitter, volta a funcionar no Brasil para alguns usuários. STF fala em “instabilidade”

“Aparentemente é apenas uma instabilidade no bloqueio de algumas redes”, diz nota do Supremo Tribunal Federal.

Após 19 dias de suspensão, o X, antigo Twitter, voltou a operar no Brasil para alguns usuários de dispositivos Android e iOS. A plataforma havia sido retirada do ar no dia 30 de agosto por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes devido ao descumprimento de ordens judiciais por parte do bilionário Elon Musk, proprietário da rede social. A retomada das operações foi noticiada pelo portal ND Mais, que destacou que a plataforma voltou a funcionar na manhã desta quarta-feira (18), ainda que, até o momento, apenas por meio dos aplicativos móveis. A versão para desktop segue inacessível.

A volta do X foi percebida inicialmente por usuários que acessaram o serviço através de smartphones, enquanto o site oficial da plataforma continua fora do ar para quem tenta acessá-lo via navegador no computador. Apesar da liberação parcial, ainda não há confirmação de uma decisão oficial de Alexandre de Moraes que autorize formalmente o retorno da plataforma. Em nota enviada ao jornal O Tempo, o STF diz que “está checando a informação sobre o acesso ao X por parte de alguns usuários. Aparentemente é apenas uma instabilidade no bloqueio de algumas redes”.

O motivo da suspensão da rede social no país remonta à decisão do ministro Alexandre de Moraes, que, no final de agosto, determinou a interrupção de acesso ao X em razão de reiterados descumprimentos de ordens judiciais, especificamente relacionadas ao fornecimento de informações de contas que divulgavam notícias falsas e discursos de ódio. O episódio gerou grande repercussão no Brasil, um dos maiores mercados da plataforma, e abriu um novo capítulo nas já turbulentas relações entre Musk e as autoridades brasileiras.

A decisão judicial também incluía a aplicação de multas, cujo pagamento foi confirmado apenas na última quinta-feira (12). Segundo comunicado ao STF, os bancos Citibank S.A. e Itaú Unibanco S.A. informaram que o empresário realizou o pagamento dos valores pendentes, que foram transferidos para a conta bancária da União.

Pesquisa Quaest aponta cenário apertado na disputa por SP; veja

O prefeito Ricardo Nunes (MDB), com 24% de menções no cenário estimulado, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), com 23%, e o influenciador Pablo Marçal (PRTB), com 20%.

novo levantamento da Quaest divulgado nesta quarta-feira, 18, sobre as intenções de voto do paulistano para a Prefeitura de São Paulo indica um empate técnico triplo entre o prefeito Ricardo Nunes (MDB), com 24% de menções no cenário estimulado, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), com 23%, e o influenciador Pablo Marçal (PRTB), com 20%. Como a margem de erro do levantamento é de três pontos porcentuais, os três estão tecnicamente empatados.

No segundo pelotão, aparecem o apresentador de TV José Luiz Datena (PSDB), com 10%, a deputada federal Tabata Amaral (PSB), com 7%, e a economista Marina Helena (Novo), com 2%. Os demais candidatos não pontuaram. São 7% os que votam branco ou nulo e 7% estão indecisos. Os dados são relativos ao cenário estimulado, em que o nome dos candidatos é apresentado aos entrevistados.

A pesquisa Quaest entrevistou 1.200 eleitores de 16 anos ou mais em São Paulo entre os dias 15 e 17 de setembro. A margem de erro é de três pontos porcentuais. O nível de confiança é de 95% e o levantamento foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o código SP-00281/2024.

A pesquisa é a primeira das três que serão divulgadas após o episódio em que José Luiz Datena deu uma cadeirada em Marçal, durante o debate realizado pela TV Cultura no último domingo, 15. Entretanto, um dos dias de coleta da pesquisa Quaest não teve respostas impactadas pela repercussão do caso, uma vez que a agressão ocorreu no final da noite do domingo.

Na pesquisa anterior, divulgada na última quarta-feira, 11, Marçal apareceu com 23% das intenções de voto, empatado tecnicamente com o atual prefeito, com 24%, e com Boulos, com 21%. Datena aparecia na sequência, com 8%, empatado numericamente com Tabata. A margem de erro do levantamento também é de três pontos porcentuais.

A imprensa tem que evitar o surgimento do Marçal 2.0

O coach não respeita regras democráticas das eleições e nem dos debates.

Quando o bolsonarismo surgiu, com um inédito repertório de baixaria, mentiras e truculência, a imprensa insistiu em tratar seus personagens como espécimes banais.

Desde a homenagem de Jair Bolsonaro ao facínora Brilhante Ustra, na sessão da Câmara que decidiu o impeachment de Dilma Rousseff, até a campanha do ex-presidente pelo golpe de Estado, era claro que a política brasileira caminhava para o inferno. Apesar de todos os sinais, um misto de antipetismo e uma noção deturpada de imparcialidade jornalística fez com que os veículos de comunicação lidassem com inimigos da democracia e seus apoiadores como figuras republicanas.

Essa escalada permitiu que o abjeto Bolsonaro fosse normalizado pelo eleitor a ponto de ser eleito à Presidência.

Mesmo com a coleção de crimes contra a democracia e com a série de atentados à vida da população, como ocorreu na pandemia, os bolsonaristas continuaram a ser convidados por jornalistas para participar do debate público, como se tivessem algo a contribuir para o bem-estar dos brasileiros.

Isso foi um dos fatores mais importantes para que o país, mesmo se salvando da reeleição de Bolsonaro, elegesse o pior Congresso de todos os tempos. Na Câmara, em especial, a aberração é a regra. Ali, os políticos que pensam realmente no interesse público são exceções.

O grupo mais barulhento somente está comprometido com a barbárie e a lacração, sob o olhar indulgente do presidente da Casa, Arthur Lira.

Diante do sucesso da empreitada bolsonarista, outros aventureiros políticos se sentiram incentivados. Foram à luta.

E aí está Pablo Marçal, o Bolsonaro 2.0.

Mesmo após a experiência distópica dos últimos anos, a imprensa repete o erro e trata Marçal, candidato à Prefeitura de São Paulo, como se ele fosse digno de respeito.

Boa parte do jornalismo brasileiro finge ignorar que o coach foi condenado por dar golpes financeiros em velhinhos, é um charlatão que promete fazer cadeirantes andarem, está cercado de gente envolvida com o PCC, é um ser execrável capaz de tripudiar sobre o suicídio do pai de uma adversária política, um canalha que inventa em rede nacional que o concorrente é cheirador de cocaína. E por aí vai.

Além disso, não respeita regras democráticas das eleições — todos sabem que paga pelo impulsionamento de postagens nas redes — e nem dos debates.

Com tudo isso, Marçal segue tendo espaço nos noticiários. Ainda recebe convite para sabatinas e é chamado para debates.

Já passou da hora de tratar o coach como se faz com os motoristas de ônibus: noticiemos sobre ele somente o indispensável. E sempre com tom crítico — algo que faltou no caso de Bolsonaro.

Participação em debates, nem pensar: quem joga fora das regras sempre leva vantagem.

Se a empreitada de autopromoção de Marçal continuar dando certo, novos aventureiros poderão surgir.

E, como o Brasil está cansado de saber, nada é tão ruim que não possa piorar.

A continuar como está, a imprensa estará colaborando decisivamente para o surgimento do Marçal 2.0.

Ainda há tempo de evitar.

*Chico Alves/ICL

Estudo identifica microplásticos em cérebro de moradores de São Paulo

Pesquisadores alertam que a presença de microplásticos no organismo pode causar desde problemas cardíacos até diminuição da fertilidade.

São Paulo — Um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) em parceria com a Universidade Livre de Berlim identificou fragmentos de microplásticos no cérebro de pessoas que moraram na cidade de São Paulo.

De acordo com a pesquisa liderada pela professora Thais Mauad da FMUSP, oito em 15 amostras coletadas de pessoas falecidas que viviam em São Paulo continham a presença de fibras e partículas de microplásticos. Para os especialistas, as vias olfativas são a porta de entrada para o material.

Os pesquisadores do estudo explicam que a identificação da presença desse material é preocupante porque as partículas podem ser internalizadas pelas células e interferirem no metabolismo celular. O risco é ainda maior para as crianças, que possuem o cérebro em desenvolvimento, o que pode causar alterações definitivas na vida adulta.

Além disso, problemas endócrinos, doenças cardíacas e até diminuição da fertilidade podem ser consequências desses materiais do cérebro.

Para os especialistas envolvidos no estudo, a pesquisa sugere a necessidade de se repensar o uso elevado
de plástico no dia a dia.

Descaderado, Marçal não aguenta o repuxo

De caso pensado ou não, a cadeirada de Datena em Marçal tirou completamente o prumo do coach.

Mentiroso inveterado, esculpiu as mentiras de sua valentia que, mesmo ridícula, enternecia uma legião de trouxas convencidos de que as suas histórias de pescador mentiroso, era a mais pura verdade.

Por isso, os vídeos do coach dando aula de como enfrentar um tubarão à mão e um tigre à unha, virou apito na boca de toda a oposição que o sujeito enfrenta hoje para comparar sua covardia diante de Datena e ser julgado por seu público.

É nítido e notório que Marçal saiu sambado depois da cadeirada. O caso é sério, Datena defumou o sujeito para ser engolido pelos opositores.

Na verdade, Marçal se transformou no maior meme da internet em 24 horas. O camarada, a partir de então, não anima nenhuma ideia, sem qualquer sopro de “genialidade”, sem sequer um vago fulgor de concepção empresarial, como sempre se esbaldou.

A ideia central de Pablo era valentia, os arroubos diante de um inimigo que ele tornava subornável.

Pablo sonhava ser o comandante de um grande império conservador no Brasil, com suas grosserias e pronunciamentos imbecis.

Agora, o sujeito fica corado à toa, mais que isso, como mostrou hoje, em caminhada pela cidade, não aguentou o repuxo de uma simples gozação sem espinotear e partir para a agressão, revelando o quanto é ingênuo politicamente, pela flagrante perturbação psicológica em que ficou depois que cavou a cadeirada que levou de Datena.

O fato é que o herói virou uma lombriga, justamente no momento em que estava farejando mel, flagrando que, hoje, pode se transformar naquilo que lhe resta, num Pablo Russomano. Suas feições de plantão denunciam isso.

O provocador Marçal não aguenta provocação e parte para cima de opositores na rua

Vereador Rubinho Nunes não gostou da provocação a Marçal e investiu contra um motoboy que segurava um banco.

O candidato Pablo Marçal (PRTB) fez nesta segunda-feira (16) uma caminhada pela região da Santa Ifigênia, centro de São Paulo, onde cumprimentou comerciantes. O evento reuniu dezenas de apoiadores, que gritaram palavras de apoio ao candidato e hostilidades contra a imprensa.

Mas também houve protesto contra Marçal, em que algumas pessoas levantaram bancos e cadeiras enquanto ele passava, numa alusão ao ataque desferido pelo candidato José Luiz Datena (PSDB), no debate da TV Cultura, realizado na noite anterior.

Uma das pessoas que segurava um banco, o motoboy Rodrigo Rodrigues, foi alvo do vereador Rubinho Nunes (União Brasil), que tentou tirar o objeto da mão do manifestante.

Conhecido por espalhar fake news contra o trabalho social do padre Julio Lancelloti, o vereador disse que o homem tentou agredir Marçal e que, por isso, teve que agir fisicamente para segurá-lo e derrubá-lo.

O motoboy negou essa versão e disse que pegou uma banqueta emprestada do estabelecimento para exibir aos apoiadores, momento em que Rubinho Nunes “foi para cima dele”. Em entrevista ao jornal O Globo, o manifestante disse que só estava brincando e que foi agredido com “mata leão, bicuda.

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Marçal x Datena
Marçal recebeu alta do Hospital Sírio-Libanês pela manhã e disse que irá pedir o indeferimento da candidatura de Datena. Ele foi ao IML (Instituto Médico Legal) para ser submetido ao exame de corpo de delito.

A comprovação das lesões será anexada ao inquérito aberto pela Polícia Civil para investigar o caso. Segundo Tássio Renam, advogado de Marçal, foi registrada queixa pelos crimes de lesão corporal e injúria em boletim de ocorrência no 78º DP (Jardins).

Ao deixar o IML, o candidato prestou depoimento em uma delegacia no Itaim Bibi, na zona oeste, para formalizar a representação contra Datena. Antes disso, na saída do hospital, o candidato do PRTB ironizou o adversário do PSDB. “Foi só um esbarrão, né, Datena”, disse. “Estou com o sexto arco costal com uma leve fissura.”

Em nota, o hospital afirmou que Marçal teve traumatismo na região do tórax à direita e no punho direito, “sem maiores complicações associadas”.

Durante a caminhada, o coach repetiu provocações contra José Luiz Datena (PSDB), a quem chamou de “velho tarado”.

Com o braço direito em uma tipoia e uma tala no dedo, o candidato do PRTB também atacou a imprensa e os demais candidatos que, segundo ele, não o apoiaram.

“Aos brasileiros que comemoraram [a agressão] e disseram que eu mereci, realmente, têm merecido os governantes que a gente tem”, disse. “Quero dar os parabéns para a maior parte da imprensa que está passando pano. O descontrole emocional foi dele, ele já começou o debate dizendo que tinha vontade de me bater”, continuou.

Marçal x Datena
Marçal recebeu alta do Hospital Sírio-Libanês pela manhã e disse que irá pedir o indeferimento da candidatura de Datena. Ele foi ao IML (Instituto Médico Legal) para ser submetido ao exame de corpo de delito.

A comprovação das lesões será anexada ao inquérito aberto pela Polícia Civil para investigar o caso. Segundo Tássio Renam, advogado de Marçal, foi registrada queixa pelos crimes de lesão corporal e injúria em boletim de ocorrência no 78º DP (Jardins).

Ao deixar o IML, o candidato prestou depoimento em uma delegacia no Itaim Bibi, na zona oeste, para formalizar a representação contra Datena. Antes disso, na saída do hospital, o candidato do PRTB ironizou o adversário do PSDB. “Foi só um esbarrão, né, Datena”, disse. “Estou com o sexto arco costal com uma leve fissura.”

Em nota, o hospital afirmou que Marçal teve traumatismo na região do tórax à direita e no punho direito, “sem maiores complicações associadas”.

Durante a caminhada, o coach repetiu provocações contra José Luiz Datena (PSDB), a quem chamou de “velho tarado”.

Com o braço direito em uma tipoia e uma tala no dedo, o candidato do PRTB também atacou a imprensa e os demais candidatos que, segundo ele, não o apoiaram.

“Aos brasileiros que comemoraram [a agressão] e disseram que eu mereci, realmente, têm merecido os governantes que a gente tem”, disse. “Quero dar os parabéns para a maior parte da imprensa que está passando pano. O descontrole emocional foi dele, ele já começou o debate dizendo que tinha vontade de me bater”, continuou.

Farmacêutica de opioides repete no Brasil tática que matou milhares nos EUA

Empresa da crise de opioides contrata médicos para ensinar prescrição no Brasil; um deles fez projeto de lei que difunde uso das substâncias.

Em fevereiro de 2023, numa sala de convenções do resort de luxo Villa Rossa, funcionários da gigante farmacêutica Mundipharma ergueram suas taças de espumante e brindaram aos bons resultados de vendas no ano anterior e aos 10 anos de atividade do laboratório no Brasil. A celebração, que atravessou quatro dias no resort a 76 quilômetros de São Paulo, teve como ponto alto uma festa de carnaval com todos de abadá, e entrega de medalhas pelo empenho nas vendas de medicamentos à base de opioides, substâncias que, bem longe dali, foram protagonistas na morte de mais de meio milhão de americanos. Uma pista do passado da empresa estava nas paredes do salão, decoradas com cartazes da Mundipharma exibindo o slogan “Construindo um futuro com precisão” — uma referência à autocrítica que a empresa fez, de não terem sido precisos ao explicitar os riscos do uso da oxicodona, princípio ativo de seu principal produto, e assim terem levado a uma das mais mortais crises de saúde pública dos Estados Unidos.

A investigação jornalística Mundo da Dor, uma colaboração do Metrópoles e mais 10 veículos, entre eles o site americano The Examination e a revista alemã Der Spiegel, revela, porém, que a expiação do slogan talvez esteja mais para uma peça de marketing do que para uma mudança real de conduta da empresa.

Após cinco meses de apuração, a investigação mostrou que, tal qual nos Estados Unidos, a Mundipharma no Brasil repete táticas de venda usadas por lá na década de 1990 e no início dos anos 2000. O laboratório segue afirmando que a oxicodona de liberação prolongada não causa dependência, embora a ciência diga o contrário. A empresa também minimiza o eventual risco de uma crise semelhante à americana acontecer no Brasil, o que é contestado por especialistas. A Mundipharma financia, assim como fez nos Estados Unidos, eventos sobre o uso de opioides — em que médicos promovem essas substâncias a outros médicos —, sob a justificativa de que visam à formação e educação para o uso dos medicamentos. Nessas aulas, a farmacêutica detém o controle absoluto sobre o que os médicos falam das substâncias e paga todas as despesas dos profissionais convidados para participar dos eventos.

A Mundipharma é conhecida mundialmente por distribuir os remédios da Purdue Pharma, empresa americana que assumiu a culpa pela morte de mais de 500 mil pessoas nos Estados Unidos por overdose causada por opioides. Fundada pelos irmãos e médicos Arthur, Mortimer e Raymond Sackler, a Purdue Pharma é responsável por desenvolver o OxyContin, remédio composto pela substância oxicodona, que tem um efeito 150% maior que a morfina e possui alto risco de dependência. O marketing e a propagação do OxyContin para o tratamento de dor no fim da década de 1990 e início dos anos 2000 levaram aproximadamente 90 mil pessoas à morte só naqueles 10 anos, por overdose de opioides, segundo dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças americano.

infografia-opioides

A Mundipharma desembarcou no Brasil em 2013, um ano antes de a Purdue começar a ser alvo de processos judiciais coletivos nos Estados Unidos pelas consequências do uso do OxyContin. A entrada do OxyContin no mercado de tratamento de dor no país era o principal objetivo da farmacêutica. Em março daquele ano, a empresa deu entrada no processo de regulamentação do medicamento na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e só conseguiu a aprovação três anos depois, em julho de 2016.

Remédios à base de oxicodona começaram a ser comercializados no Brasil em 2001 pelo laboratório Zodiac. Entretanto, os primeiros dados que a Anvisa tem sobre a venda de oxicodona são de 2014, quando foram comercializadas 149,8 mil caixas. Em 2016, ano em que o OxyContin, da Mundipharma, entrou para o mercado brasileiro, o número saltou para 169,5 mil caixas vendidas, um aumento de 13,5%. O crescimento aconteceu até 2017. No mesmo período, a Mundipharma começou a vender outro opioide no Brasil: o Restiva, um adesivo que tem como princípio ativo a buprenorfina e é considerado, atualmente, o principal produto da farmacêutica no Brasil.

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O medicamento mais recente do laboratório a ser regulamentado pela Anvisa, em 2018, foi o Targin, que representou um retorno da empresa à promoção da oxicodona, princípio ativo em que foi pioneira. Ao contrário do OxyContin, o Targin não tem apenas a oxicodona. O remédio é associado a outra substância, a naloxona, que funciona como um antídoto para algumas reações adversas do opioide. Sua bula explica que a naloxona é usada para reduzir os efeitos colaterais, como a constipação.

Outro efeito colateral do medicamento, também citado na bula, é a dependência. Em 21 de agosto de 2024, a Mundipharma disse, em resposta a essa investigação, porém, que a associação com a naloxona torna o uso do Targin seguro. A afirmação é falsa, segundo o pesquisador sênior da FioCruz Francisco Inácio Bastos. De acordo com o médico, a associação das duas substâncias não torna o medicamento seguro contra a dependência.

Um vídeo da Mundipharma usado para o treinamento de seus funcionários, e obtido pela coluna, mostra que, em 2022, a farmacêutica tinha o objetivo de transformar o ano seguinte no “ano de Targin” no Brasil. A peça apresenta o medicamento como “equivalente ao OxyContin” e fala em construir “o futuro de Targin com precisão”, em outra referência à confessa falta de precisão ao anunciar os efeitos do remédio protagonista da crise nos Estados Unidos. Mas o vídeo é impreciso na apresentação do risco de dependência. O tema foi tratado em breves quatro segundos, num longo texto com letras pequenas, somente no início do vídeo.

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A exemplo do OxyContin, o Targin é um comprimido com liberação lenta na corrente sanguínea. O desbloqueio controlado da substância no sangue não causa um pico no sistema nervoso central, que está diretamente ligado a efeitos colaterais, como a dependência. Em entrevista à coluna, Walter Almeida, gerente de Acesso da Mundipharma, afirmou que, no Brasil, nunca chegou a ser vendido o mesmo OxyContin comercializado no início da década de 1990 nos Estados Unidos. “O Oxycontin de liberação rápida, que causou o problema nos Estados Unidos, nunca chegou ao Brasil. O que a gente trouxe para cá já era de liberação controlada”, disse Almeida.

Mas um estudo de 2003 do Departamento de Prestação de Contas do governo dos Estados Unidos (Government Accountability Office) mostra que o OxyContin de liberação controlada, aprovado em 1995, foi apontado como o causador da crise dos opioides naquele país. A informação de que a dispensação lenta no sangue mitigaria a dependência da substância também era usada pela Mundipharma na década de 1990. Nas farmácias brasileiras, desde a chegada do Targin, o OxyContin foi substituído e, há alguns anos, a Mundipharma passou a vender o medicamento apenas para uso hospitalar.

Disse o estudo do Departamento de Prestação de Contas do governo dos Estados Unidos:

“Essa característica [liberação controlada] pode ter tornado o OxyContin um alvo atraente para abuso e desvio, segundo o DEA [Departamento Antidrogas dos EUA]. Funcionários da FDA [Food and Drug Administration, agência sanitária dos EUA] pensaram que o recurso de liberação controlada tornaria a droga menos atraente para os usuários. No entanto, a FDA não percebeu que o medicamento poderia ser dissolvido em água e injetado, o que reverte as características de liberação controlada e cria uma sensação imediata de euforia, aumentando, assim, o potencial de abuso”.

*Reportagem de Bruna Lima e Guilherme Amado/Metrópoles

“Uma supremacia branca”, diz Lula sobre posse de ministro em tribunal

Lula afirmou que o cenário que encontrou em evento do Judiciário “não tem nada a ver com a realidade brasileira”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou, nesta segunda-feira (16/9), o que chamou de “supremacia branca” que observou em evento no Judiciário. “Esses dias eu fui na posse de um ministro num tribunal e era uma supremacia branca que não tem nada a ver com a realidade brasileira”, afirmou o petista em evento no Itamaraty nesta segunda-feira (16/9).

“Eu dizia que eu não via nenhum aluno do Prouni [Portal Único de Acesso ao Ensino Superior] naquela posse. Eu não vi nenhum aluno do Fies [Fundo de Financiamento Estudantil], parecia que era um outro mundo”, citou. O presidente, porém, não especificou a que evento a que se referia.

Lula trouxe a crítica à falta de representatividade no momento em que elogiava a diversidade da cerimônia de formatura da Turma Esperança Garcia do Instituto Rio Branco, no Palácio Itamaraty.

O chanceler Mauro Vieira afirmou que a turma que se formou é uma das turmas mais diversas que já integrou o ministério, “com 21 homens e 15 mulheres, a maior proporção da participação feminina na história da instituição”. “Dos 36 diplomatas, dez são negros, o maior número em termos absolutos até então”, destacou.

“Vocês não sabem a alegria que eu tenho de saber que essa turma é a turma que tem mais mulher e a turma que tem mais gente negra”, afirmou o chefe do Palácio do Planalto

Embora não tenha feito menção a algum evento específico, Lula participou recentemente da cerimônia de posse do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Mauro Campbell Marques como corregedor nacional de Justiça. A cerimônia ocorreu no início do mês no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em Brasília, segundo o Metrópoles.