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‘Evacuação dos hospitais é impossível’, alertam agências da ONU em Gaza

Cerca de 117 mil pessoas estão abrigadas nos 10 hospitais que ainda funcionam em Gaza, em meio a intensificação de bombardeios e amplas operações terrestres israelenses.

Com a crise Israel-Palestina entrando na quarta semana, as equipes de ajuda da ONU destacaram nesta segunda-feira (30/10) a pressão crescente sobre os hospitais do norte de Gaza, onde estão pacientes e profissionais de saúde.

Segundo o Escritório de Assuntos Humanitários da ONU (Ocha), as vizinhanças dos hospitais Shifa e Al Quds, na cidade de Gaza, e do hospital Indonésia, no norte do enclave, foram bombardeadas no fim de semana, em meio a relatos de amplas operações terrestres israelenses.

A evacuação continua “impossível”
De acordo com o Ocha, cerca de 117 mil pessoas deslocadas estão abrigadas nos 10 hospitais ainda operacionais em Gaza e em outras partes do norte da cidade, que receberam “repetidas ordens de evacuação” nos últimos dias.

A Organização Mundial da Saúde, OMS, reiterou que “a evacuação dos hospitais é impossível sem pôr em perigo a vida dos pacientes”.

Cesarianas de emergência estão sendo realizadas sem anestesia em meio à escassez de suprimentos médicos e energia e muitos partos estão sendo realizados de forma prematura, disse o Fundo de Populações da ONU, Unfpa, citando testemunhos da equipe do Hospital Shifa.

A Agência da ONU de Assistência aos Refugiados Palestinos (Unrwa) disse, também nesta segunda-feira, que seus trabalhadores humanitários em Gaza “continuam prestando assistência” a mais de 600 mil pessoas que buscaram segurança nos abrigos da organização.

“Eles são o rosto da humanidade durante uma das suas horas mais sombrias”, disse a Unrwa em um comunicado.

Número de mortos continua aumentando
A agência realizou um serviço memorial no domingo para 59 dos seus funcionários mortos no conflito até agora, e o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, sublinhou a sua “gratidão, solidariedade e total apoio” aos colegas que trabalham para salvar vidas em Gaza enquanto arriscam as suas próprias.

*Opera Mundi

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Mundo

Israel matou Shani

Após dias hospitalizada, faleceu hoje Shani Louk, a famosa turista alemã do vídeo que viralizou mostrando o corpo de uma mulher na caçamba de uma caminhonete.

Julgaram que Shani havia sido estuprada e morta pelo Hamas por estar seminua e aparentemente sem vida no tal vídeo. Mas depois foi confirmado que, na verdade, ela havia sido ferida no fogo-cruzado e no momento do vídeo estava sendo resgatada pelos palestinos. Além disso, ela já estava seminua na festa rave que ficou no meio dos confrontos entre o Hamas e as IDF (Forças de Defesa de Israel), não tendo sido despida para ser estuprada.

Os noticiários também hipocritamente ressaltaram o fato de no vídeo um homem cuspir no corpo de Shani, acusando o Hamas de praticar vilipêndio de cadáver ou coisa do tipo. Convenientemente, ignoram o que tal homem estava desuniformizado e desarmado no vídeo, com tudo indicando ser apenas um civil empolgado no frenesi de ver rompido pela primeira vez o cerco do apartheid israelense. Claro que é sempre errado cuspir no corpo de alguém, mas o que se espera de reação emocional de um povo submetido a oitenta anos de ocupação e genocídio?

Shani foi evacuada para um hospital em Gaza, onde estava sendo cuidada por médicos palestinos há mais de vinte dias. Agora, confirmaram seu falecimento. Da mesma forma que mentiram no começo da história, mentem agora. Reportam a confirmação de sua morte como se os palestinos a tivessem executado em cativeiro, mas Shani morreu por consequência do colapso hospitalar em meio aos incessantes bombardeios israelenses.

Israel matou Shani. Uma tragédia – mas não maior do que as mais de três mil crianças também assassinadas pelas IDF nas últimas três semanas.

Tentaram fazer de Shani um símbolo da violência do Hamas. Mas o que conseguiram foi criar um símbolo da mentira da mídia sionista.

*Do twitter de Lucas Leiroz

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Opinião

Fantástico, da Globo, superou tudo o que já se viu de manipulação sobre o holocausto de Israel na Palestina

A Globo adotou a mesma linha de ação adotadas pelos sionistas de Israel que reproduzem a célebre frase de Nelson Rodrigues, “Se os fatos são contra mim, pior para os fatos”.

Israel matou 9 mil palestinos, metade deles é de crianças, este é o fato. Para justificar esse morticínio, Israel panfleta que matou 200 membros do Hamas, com um detalhe, não há qualquer prova dessas mortes. Além da desproporção entre as mortes de membros do Hamas e civis inocentes e desarmados. Sem fala dos corpos de palestinos soterrados pelos bombardeios criminosos de Israel, que devem somar uma quantidade ainda maior de vítimas fatais.

Nada disso foi dito pelo Fantástico.

Mas a coisa não para aí. Na construção de sua narrativa, o Fantástico mostra cidades inteiras da Palestina devastadas, como se sabe, pelos sistemáticos bombardeios do exército terrorista de Israel. Mas na sua forma simples de manipulação, a Globo mostra a cena dramática sem dizer quem produziu tal tragédia.

Ou seja, para o Fantástico, quem bombardeia a Faixa de Gaza é um inimigo invisível, ninguém sabe, ninguém viu. Tudo seguindo a lógica e método de manipulação da Globo. Isso revela que ela é mais sionista do que o próprio sionismo.

Na verdade, não é que o Fantástico não tenha mostrado uma multidão de crianças assassinadas pelo exército terrorista de Israel, a Globo simplesmente sequer vez menção a uma única vítima fatal do lado palestino, apenas as vítimas de Israel mortas pelo Hamas no dia 7 de outubro.

Conhecemos bem a emissora, sabemos dos resultados de sua política e ódio. Está aí um país conflagrado que se divide em dois, o dos manipulados, que passaram a vida toda sendo catequisados pelo Jornal Nacional, que deu nesses estúpidos, chamados bolsonaristas e daqueles que, por uma questão cultural no sentido mais amplo da palavra, jamais se renderam a uma grotesca fórmula de manipulação, que sempre teve um único objetivo, o de construir no Brasil uma corrente fascista que a própria Globo chama de anti-PT que, na realidade é uma corrente antipobre, antipreto que dá nesse caldo pastoso de fascismo midiático.

Neste domingo, no Fantástico, a Globo seguiu a mesma regra pró-sionista absolutamente, como é de hábito em décadas.

O melhor dessa história é a extensão da visão que Israel tem sobre a ONU que simplesmente ignora qualquer resolução, como é comum nas milícias, a uma representação institucional.

A Globo, que arrota institucionalidade, quando ataca movimentos sociais, ignora a ONU, que classificou Israel como Estado criminoso de guerra.

Na verdade, essa manipulação de grotesca ação inédita, tal seu fundamentalismo reacionário, traz uma mensagem dura e seca contra a própria mídia hegemônica ocidental.

A globalização das pessoas em todo o mundo, começa a ter uma única pulsação a partir dos fatos concretos e dolorosos do holocausto que Israel promove na Palestina, deixando claro que a era da manipulação dos maiores barões da comunicação de massa e congêneres está chegando ao fim.

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Investigação

Polícia procura ex-senador Telmário Mota, suspeito de mandar matar a mãe da filha

Antônia Araújo de Sousa, de 52 anos, foi executada em 29 de setembro, um ano após acusar o ex-senador de estupro. Sobrinho de Telmário teria encomendado assassinato e assessora entregue moto ao autor do tiro.

A Polícia Civil de Roraima desencadeou uma operação nesta segunda-feira (30) para prender o ex-senador Telmário Mota, suspeito de ser o mandante do assassinato de Antônia Araújo de Sousa, de 52 anos, mãe de uma filha dele que, no ano passado, o acusou de estupro.

Antônia foi assassinada na manhã de 29 de setembro, quando saia de sua casa para trabalhar em Boa Vista, Roraima. Ela foi brutalmente atingida por um tiro.

Além de Mota, um sobrinho dele, Harrison Nei Correa Mota, conhecido como “Ney Mentira”, e o suposto executor do crime, identificado como Leandro Luz da Conceição, estão sendo alvo de prisão da polícia. A polícia cumpre ainda sete mandados de busca e apreensão, diz a Forum.

Informações preliminares da Polícia Civil indicam que o ex-senador está em Brasília, onde policiais tentam localizá-lo.

Segundo a investigação, Temário teria encomendado ao crime ao sobrinho em uma reunião na fazenda Caçada Real. Leandro já é investigado pelo latrocínio da empresária Joicilene Camilo dos Reis, de 47 anos, morta em dezembro de 2019.

Segundo a polícia, a moto usada pelos assassinos de Antônia foi comprada pelo sobrinho do ex-senador por R$ 4 mil, pago em dinheiro.

“(Após comprar a moto, o sobrinho a entregou) para uma assessora do ex-senador levar até uma oficina e realizar alguns reparos/revisão. Em seguida, pediu para a assessora entregar a moto para os autores do crime em um local indicado”, duz trecho do relatório da polícia.

A polícia tem imagens da assessora do senador indo entregar a moto aos assassinos um dia antes do crime.

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Mundo

Contra Bolsonaro, cidadania italiana considerará conspiração contra Estado

A Itália vai examinar se uma pessoa cometeu conspiração política ou qualquer atentado contra a democracia, antes de conceder cidadania. No último dia 26, uma emenda foi aprovada no Parlamento Italiano, introduzindo conspiração política e contra o Estado entre os crimes tipificados para a eventual rejeição do pedido.

A iniciativa foi do deputado do partido Verdi e Esquerda, Angelo Bonelli. Sua proposta foi aprovada por 191 votos a favor e somente 6 contrários, e faz parte do projeto de lei de combate a violência contra a mulher e estabelece as tipologias de crimes para o rejeito da cidadania italiana.

O texto, porém, foi pensando nos efeitos danosos para democracia diante a uma possível concessão da cidadania italiana ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

Para Bonelli, “a aprovação da emenda é importante porque empenha o governo a modificar a lei que introduz o veto para a aquisição da cidadania diante a esses crimes”.

“Quando estava pensando no texto da emenda, o caso Bolsonaro me veio à mente imediatamente. A Itália não pode permitir que pessoas que tenham conspirado contra o Estado possam ter a cidadania reconhecida. Isso não faz bem para nossa Democracia”, disse.

Bolsonaro é alvo de um pedido de indiciamento no relatório final da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investigou os atos golpistas de 8 de janeiro. Ele foi acusado pela Comissão de ter praticado os crimes de associação criminosa, violência política, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.

Segundo o texto apresentado por Bonelli, “o governo italiano se compromete a avaliar a conveniência de rejeitar o pedido de cidadania italiana para aqueles que foram condenados, inclusive no exterior, por crimes de violência doméstica, violência contra a mulher, crimes de terrorismo, crimes de violência sexual e pedofilia, crimes de crime organizado, crimes de tráfico de drogas e conspiração politica e contra o Estado”.

Bonelli está há tempos na linha de frente para impedir que Bolsonaro tenha acesso à cidadania italiana para que possa assim evitar a Justiça no Brasil. A sua batalha começou quando em outubro de 2021 a prefeitura de Anguillara Veneta, cidade de origem de seus antepassados, concedeu a cidadania honorária ao ex-presidente.

O italiano fez várias interrogações parlamentares sobre a questão e na última, feita em no final de 2022, obrigou o ministro das Relações Exteriores, Antonio Tajani, a declarar que Jair Bolsonaro não havia entrado com o pedido, mas somente seus filhos.

O parlamentar sabe que o acesso à cidadania é garantido por direito sanguíneo, mas continua a acreditar que “se o governo der a cidadania aos filhos de Bolsonaro ou mesmo ao ex-presidente, será um fato de gravidade sem precedentes para a democracia”.

Pragmatismo e temor de crise diplomática
Se o atual governo de Giorgia Meloni conta com membros que são aliados ao clã Bolsonaro e se mesmo sua vitória foi celebrada pelos filhos do ex-presidente, há uma forte pressão em Roma contra qualquer gesto que possa favorecer Bolsonaro.

O Brasil é um dos principais destinos de investimentos italianos no mundo e o temor de uma parcela da elite econômica do país de que abrigar o ex-presidente possa criar uma crise diplomática com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

*Jamil Chade/Uol

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Vídeos: Multidão tenta barrar chegada de israelenses e judeus em aeroporto na Rússia

Distúrbios levaram a Autoridade de Aviação Civil da Rússia a fechar o aeroporto temporariamente, até 6 de novembro.

Dezenas de manifestantes invadiram, neste domingo, o aeroporto de Makhachkala, capital da república russa do Daguestão, de maioria muçulmana, após o anúncio de que um avião procedente de Tel Aviv, em Israel, estava chegando. Os distúrbios levaram a Autoridade de Aviação Civil da Rússia fechar o aeroporto temporariamente, até 6 de novembro.

“Após a invasão de indivíduos não identificados na área de tráfego, decidiu-se fechar temporariamente o aeroporto para pousos e decolagens”, informou a entidade, acrescentando que forças de segurança foram enviadas para o local.

As autoridades do Daguestão pediram aos manifestantes para porem fim às suas “ações ilegais” e, à noite (tarde no Brasil), informaram que as forças de segurança tinham retomado o “controle” da situação.

Segundo os veículos de comunicação Izvetsia e RT, a multidão ocupou o teto do terminal e invadiu a pista do aeroporto nesta cidade do Cáucaso. Vídeos no Telegram mostram dezenas de pessoas forçando a entrada do aeroporto e tentando controlar os veículos que deixavam o local.

O governo israelense expressou preocupação e informou que está trabalhando para garantir a segurança dos cidadãos israelenses e judeus na área. A Rússia, por sua vez, abriu uma investigação criminal e prometeu deter os manifestantes, segundo o jornal israelense Hareetz.

“Todos os habitantes do Daguestão têm empatia com o sofrimento das vítimas pelas ações de pessoas e políticos injustos e rezam pela paz na Palestina. Mas o que aconteceu no nosso aeroporto é ultrajante e deveria receber a avaliação apropriada das autoridades policiais”, disse Sergei Melikov, governador da república, no Telegram. “Isso será feito.”

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ONU alerta para ‘colapso da ordem pública’ em Gaza enquanto advertências a Israel se intensificam

Situação é ‘cada vez mais desesperadora’, disse o secretário-geral da ONU, António Guterres.

Uma sequência de saques a armazéns e centros de distribuição de alimentos da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos (UNRWA na sigla em inglês) levou o órgão a alertar, neste domingo, sobre o “colapso da ordem pública” na Faixa de Gaza, ao passo que as Forças Armadas de Israel intensificam os bombardeios e ampliam sua ofensiva terrestre na região. A situação revela-se “cada vez mais desesperadora”, alertou o secretário-geral da ONU, António Guterres, instando novamente por uma pausa humanitária no enclave palestino, e autoridades internacionais alertam para uma resposta “desproporcional” de Israel ao conflito, diz O Globo.

“Milhares de pessoas entraram em vários armazéns e centros de distribuição da UNRWA no centro e no sul da Faixa de Gaza”, afirmou a agência da ONU num comunicado. “É um sinal preocupante que a ordem pública esteja começando a ruir depois de três semanas de guerra e de um cerco rigoroso a Gaza”, disse o chefe da UNRWA em Gaza, Thomas White, acrescentando que as “pessoas estão assustadas, frustradas e desesperadas”.

O Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas (PMA), por sua vez, alertou que os saques representam a “fome e desespero crescentes” entre a população de Gaza, em comunicado divulgado neste domingo.

“Este é um sinal de que as pessoas perdem a esperança e ficam mais desesperadas a cada minuto. Estão com fome, isoladas e sofrem violência e imensa angústia há três semanas”, disse Samer Abdeljaber, diretor do PMA para a região. “Precisamos de uma pausa humanitária para podermos chegar às pessoas necessitadas com alimentos, água e necessidades básicas de forma segura e eficaz.

‘Errei’: Sob pressão após culpar militares e a Inteligência pelo ataque do Hamas, Netanyahu se desculpa e recua

— Estamos na fila desde as 5h30. (…) Não temos certeza [se conseguiremos alguma coisa] — disse à AFP Aisha Ibrahim, deslocado do norte de Gaza, na tentativa de conseguir pegar pão para a família se alimentar.

Em um dos armazéns da agência na cidade de Deir al-Balah, na região central da Faixa, estão guardados suprimentos humanitários que chegaram ao enclave palestino nos primeiros comboios que atravessaram do Egito pelo posto fronteiriço de Rafah, em 21 de outubro — quase três semanas após Israel impor bloqueio total ao fornecimento de alimentos, água, medicamentos e combustível a Gaza.

Desde então, 117 caminhões de ajuda chegaram ao território, contando com a nova remessa (e a maior em um único dia até então, com 33 veículos) enviada neste domingo, segundo Wael Abo Omar, porta-voz da passagem fronteiriça de Rafah. A ONU estima serem necessários ao menos 100 caminhões por dia para atender às necessidades dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza.

— Lamento que, em vez de uma pausa humanitária cruelmente necessária, apoiada pela comunidade internacional, Israel tenha intensificado as suas operações militares — declarou Guterres durante uma visita a Katmandu, capital do Nepal, neste domingo.

Os saques e a intensificação dos bombardeios na Faixa de Gaza coincidiram com uma interrupção das comunicações e da Internet, o que complicou ainda mais os esforços de ajuda humanitária no sábado. Apenas neste domingo os sinais foram restaurados, segundo a organização de monitoramento de rede Netblocks, um dia após intensos ataques aéreos causarem o apagão na região, afetando a comunicação de agências da ONU (como o Unicef e a OMS) e suas equipes locais, além de ONGs, como a Médicos Sem Fronteiras (MSF).

O território também enfrenta uma escassez de medicamentos. Algumas operações cirúrgicas são realizadas sem que os pacientes estejam completamente sedados, devido à falta de produtos anestésicos, alertou a MSF no sábado. Segundo o Ministério da Saúde palestino, administrado pelo Hamas, 12 hospitais não funcionam mais na Faixa.

 

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Vídeo: Um paramédico, herói da Cruz Vermelha, salva bebê dos escombros e se emociona

Não é preciso dizer nada.

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Guerra enfraquece Abbas, e moradores da Cisjordânia já apoiam abertamente Hamas

Violência aumenta no maior território palestino, e muitos veem o confronto como única via contra Israel.

As crianças correm com fuzis de assalto de brinquedo sobre o barro e os pedaços de asfalto em uma rua destruída horas antes por retroescavadeiras israelenses. Escondem-se por trás dos escombros do que até um dia antes era um monumento —também destruído— em homenagem à repórter da rede Al Jazeera Shireen Abu Akleh, morta 2022 pelas forças de Israel neste mesmo campo de refugiados de Jenin, no norte da Cisjordânia, o maior território palestino. Buracos de bala e rastros de sangue ainda estão frescos após a operação da última sexta-feira (27). Dois combatentes do Jihad Islâmico foram mortos aqui quando tentavam impedir a entrada de soldados israelenses, diz a Folha.

Mais cedo, adolescentes armados com fuzis —estes verdadeiros— abriam o cortejo fúnebre que correu o centro da cidade de Jenin e as ruas estreitas do campo de refugiados com os corpos dos dois homens. Os adultos disparavam para o ar rajadas de tiros. As crianças, com suas armas de plástico, os imitavam. Centenas de pessoas os acompanhavam.

Em meio aos tiros, aos cânticos religiosos e ao choro, todos parecem comungar da ideia de que já não há mais espaço para diálogo e negociações com Israel. “[Mahmoud] Abbas [presidente da Autoridade Palestina] é um inútil, passou anos tentando negociar, buscar apoio internacional, e nós estamos morrendo todos os dias, perdendo nossas terras”, diz Abu Ahmad (nome fictício), o pai de um dos meninos com armas de brinquedo.

Desde o ataque da facção terrorista Hamas a Israel —que deixou cerca de 1.400 pessoas mortas e levou a uma violenta resposta de Tel Aviv em Gaza, com mais de 7.400 mortos—, críticas abertas a Abbas têm se espraiado de forma inédita na Cisjordânia. Em Ramallah, centro político e administrativo da Autoridade Palestina, protestos contra Abbas —mas de apoio ao Fatah, partido ao qual ele é ligado— explodiram na semana passada. No início, foram contidos pelas forças de segurança locais. Mas agora ocorrem de forma corriqueira, com bandeiras do Hamas e do Jihad Islâmico tremulando pelas ruas da cidade e enfeitando as cabeças de palestinos que pedem uma atuação mais agressiva contra Israel.

“Nós alertamos a comunidade internacional que, com o aumento da pressão sobre os palestinos, facções armadas a favor de uma relação conflituosa iriam ganhar apoio na Cisjordânia”, diz à Folha o vice- secretário-geral do Fatah, Sabri Saidam. O partido, criado pelo histórico líder palestino Yasser Arafat (1929-2004), é dominante entre uma série de facções políticas que compõem a Organização para a Libertação Palestina e aquele que oficialmente controla a Cisjordânia.

Em 2006, o Fatah perdeu as eleições legislativas para o Hamas, que assumiu o controle da Faixa de Gaza. Os dois grupos são rivais políticos importantes e, até pouco tempo, a atuação do Hamas na Cisjordânia era combatida pelas forças de segurança da Autoridade Palestina.

Saidam diz entender as críticas e as manifestações pró-Hamas cada vez mais explícitas, mas afirma que as turbulências são passageiras. “As emoções estão acirradas, e é óbvio que quem está no governo é mais cobrado, isso é comum. Não estamos preocupados com a popularidade do Hamas ou de nenhum outro grupo, estamos preocupados agora em encontrar uma solução para cessar o conflito.”

Nas ruas da Cisjordânia, no entanto, raras vezes a Autoridade Palestina foi tão questionada publicamente como agora. “Mas isso vai passar, é o calor do momento, os palestinos sabem que a única maneira de encontrarmos a paz é por meio de negociações”, declara Saidam, que afirma ter perdido ao menos 30 integrantes de sua família nos bombardeiros a Gaza.

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Desesperados, com fome e sede, milhares de moradores de Gaza invadem centro de distribuição da ONU

Milhares de cidadãos de Gaza invadiram armazéns e centros de distribuição da Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA). Eles pegaram farinha e “itens básicos de sobrevivência”, informou a organização neste domingo (29).

“Este é um sinal preocupante de que a ordem civil está começando a ruir depois de três semanas de guerra e de um cerco apertado a Gaza”, afirmou a UNRWA em comunicado.

A Internet e o sinal de telefone estão sendo restaurados para muitas pessoas em Gaza, de acordo com a empresa de telecomunicações Paltel, o grupo de defesa do acesso à Internet NetBlocks.org e confirmação no terreno, informa a agência de notícias Associated Press.

A região da Faixa de Gaza sofreu um blecaute de comunicação desde a noite de sexta-feira (27), deixando seus 2,3 milhões de residentes isolados do mundo exterior em meio às perdas de bombardeios aéreos e terrestres israelenses.

Já o fornecimento de ajuda a Gaza foi bloqueado desde que Israel começou a bombardear o enclave em resposta ao ataque do Hamas.

Em dos armazéns, localizado em Deir al-Balah, a UNRWA armazena suprimentos dos comboios humanitários que atravessam Gaza vindos do Egito.

“Os suprimentos no mercado estão acabando, enquanto a ajuda humanitária que chega à Faixa de Gaza em caminhões vindos do Egito é insuficiente”, alertou a UNRWA, acrescentando que o atual sistema para levar comboios humanitários para Gaza estava “preparado para falhar”.

“As necessidades das comunidades são imensas, mesmo que apenas para a sobrevivência básica, enquanto a ajuda que recebemos é escassa e inconsistente”, explicou.

A UNRWA afirmou que a sua capacidade de ajudar as pessoas em Gaza foi completamente prejudicada pelos ataques aéreos que mataram mais de 50 dos seus funcionários e restringiram a circulação de suprimentos.

Mesmo antes do conflito, a organização tinha dito que o seu funcionamento estava em perigo devido à falta de financiamento.

Fundada em 1949, após a primeira guerra árabe-israelense, a UNRWA presta serviços públicos, incluindo escolas, cuidados de saúde primários e ajuda humanitária em Gaza, na Cisjordânia, na Jordânia, na Síria e no Líbano.

Brasileiros orientados a estocar comida

O embaixador do Brasil na Palestina, Alessandro Candeas, tem orientado os brasileiros que estão nas cidades de Rafah e Khan Yunis, localizadas no sul da Faixa de Gaza, a estocar os produtos não perecíveis comprados com os recursos repassados pelo governo a estocar os produtos não perecíveis comprados com os recursos repassados pelo governo, informou Teo Cury, da CNN.

A orientação vem sendo dada em meio à escalada da guerra e a consequente crise de desabastecimento que afeta a região mais crítica do conflito entre Israel e Hamas

O governo tem enviado dinheiro para que brasileiros e palestinos que integram o grupo que aguarda a repatriação possam fazer compras e garantir o mínimo para a sobrevivência.

Os preços dos produtos na feira e nos mercados locais, no entanto, têm triplicado, às vezes quadruplicado.