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Manifestação neonazista em Berlim é cercada por antifascistas e impedida de seguir

Marcha organizada por ex-membro da AfD é a terceira na Alemanha nos últimos meses.

Cerca de 800 neonazistas tentaram marchar, neste sábado (22) em Berlim, no distrito de Friedrichshain, mas tiveram de ir para casa mais cedo devido à forte oposição de contra-manifestações antifascistas.

Os participantes não conseguiram avançar além do ponto de chegada na estação de trem de Ostkreuz, no leste da capital alemã.

“Algumas centenas de nazistas se reuniram em Ostkreuz, mas só puderam andar cerca de 50 metros porque a rota do protesto estava bloqueada por milhares de antifas!” disse à coluna uma jovem alemã que fez parte das contramanifestações mas pediu para não ser identificada.

O que se sabe até agora é que a polícia mobilizou cerca de 1500 policiais para evitar confrontos entre o grupo de extrema direita e os grupos antifascistas. Enquanto, segundo a polícia alemã, o grupo neonazista tinha aproximadamente 850 pessoas, as contra manifestações antifascistas reuniram entre 2 mil e 5 mil participantes.

Até o momento da publicação da coluna, 100 pessoas haviam sido presas. Os motivos teriam sido o uso de disfarces e símbolos de organizações inconstitucionais. Investigações também estão em andamento por perturbação da paz. Além disso, a saudação de Hitler teria sido feita diante de policiais.

Mas manifestantes antifascistas também relatam violência policial e o uso de gás de pimenta.

Além disso, segundo o jornal alemão Deutsche Welle, três pessoas foram impedidas de participar da manifestação neonazista por determinação judicial. Elas já haviam sido presas anteriormente por exibirem símbolos de organizações inconstitucionais, incluindo um homem que fez a saudação nazista.

Essa foi a terceira de uma série de marchas de extrema direita desde dezembro na Alemanha, com o mesmo lema: “Pela lei e pela ordem. Contra o extremismo de esquerda e a violência com motivação política” e estariam sendo organizados pelo ex-membro da ala mais radical da AfD (partido de extrema direita alemão que ficou em segundo lugar nas últimas eleições parlamentares) Ferhat Sentürk.

Os atos passaram de 150 manifestantes em fevereiro para 850 neste sábado.

Há relatos de que os primeiros atos contaram com outros integrantes da AfD, mas o partido nega que tenha relação com a série de encontros neonazistas, segtundo o ICL.

A polícia alemã declarou no X que estava protegendo a liberdade de expressão e o direito ao protesto e não o conteúdo do ato em si, mas afirmou que fará novas declarações neste domingo (23).

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A Europa se prepara para a guerra

Há sinais de fumaça no horizonte de que os países europeus preparam-se para a guerra. Que guerra? Contra a Rússia.

Tomemos a Alemanha como exemplo.

Primeiro exemplo: a Volkswagen, empresa que há quase um século está vinculada à identidade nacional alemã, vai fechar três de suas fábricas, devido à crise econômica que assola o país e o continente.

Mas há uma empresa interessada na compra das três. Qual? a Rheinmetall, uma das principais produtoras de armamentos na Alemanha.

Por quê? Porque seus diretores preveem uma margem de lucro considerável, graças ao anúncio, por parte da presidenta da Comissão Europeia, Úrsula von der Leyen, de que a União vai investir 800 bilhões de euros em armamentos para incrementar a defesa do continente.

Exemplo 2: paradoxalmente, o diretor de uma das agências do serviço secreto alemão, Bruno Kahl, do Bundesnachrichtendienst, manifestou, em entrevista à Deutsche Welle, em 03/03/2025, a preocupação com a possibilidade de que a guerra na Ucrânia tenha um “fim rápido”.

Por quê? Segundo ele, porque isto liberaria a Rússia para ameaçar o restante da Europa antes de 2029 ou 2030, isto é, antes de que os outros países do continente estejam preparados para enfrentar o “inimigo”.A afirmativa, que provocou indignação em Kiev, mostra que

há uma estratégia pensada a respeito da possibilidade e previsão da guerra.

E a indústria da guerra parece ser um dos vetores mais importantes para a recuperação econômica da Alemanha e do continente.

A Alemanha ocupa o quinto lugar entre os maiores exportadores de armas do mundo.

São eles, em ordem crescente, segundo o Instituto Internacional de Investigação para a Paz, sediado em Estocolmo: Israel, Coreia do Sul, Espanha, Reino Unido, Alemanha, China, França e Rússia praticamente empatadas, e Estados Unidos.

Há duas enormes discrepâncias entre estes países. Primeira: de Israel à China, o percentual de participação nas exportações mundiais de armas fica em um dígito, de 1 a 5%.

Com Rússia e França, o índice dá um salto, para 10,5 e 10,9%, respectivamente, sendo que a França superou a Rússia porque as exportações desta caíram, graças à guerra com a Ucrânia e os aliados que a apoiam.

Com os Estados Unidos, o salto é maior ainda: o índice de sua participação é de 40% do mercado mundial.

Segunda discrepância: nos últimos dez anos o valor destas exportações caiu, em oito dos dez países. A duas grandes exceções são a França e os Estados Unidos. No caso destes, o aumento foi de 24%.

Das 100 maiores empresas privadas de produção de armamentos, 41 são norte-americanas, e 27 europeias, excluindo-se a Rússia, que tem apenas 2 empresas entre elas.

Invertendo-se a perspectiva, verifica-se que o país que mais importa armas no mundo é a Ucrânia, com quase 9% do setor. E seus principais fornecedores são os Estados Unidos, a Alemanha e a Polônia.

Assinale-se uma curiosidade: nenhum país da América Latina figura entre os principais exportadores ou importadores de armas.

Aqueles números acima mostram que, como no passado, infelizmente a guerra ou sua perspectiva permanecem sendo um bom negócio para afastar o fantasma de recessões econômicas para quem produza armas, não para quem suporte seus efeitos.

Como afirmei no começo, há sinais de fumaça no horizonte apontando na direção de uma guerra. Sabe-se que onde há fumaça, há fogo.

Sempre que os países da Europa prepararam-se para uma guerra, a guerra aconteceu. E este continente propiciou as duas guerras que em toda a história humana ganharam o triste título de “mundiais”.

*Por Flávio Aguiar

*Publicado originalmente na Rádio França Internacional (Brasil).

*Flávio Aguiar, jornalista e escritor, é professor aposentado de literatura brasileira na USP. Autor, entre outros livros, de Crônicas do mundo ao revés (Boitempo

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Vendas da Tesla despencam na Europa após apoio de Musk à extrema direita

As vendas de novos carros da Tesla caíram quase para a metade (45%) em janeiro na Europa, segundo dados divulgados na terça-feira (25/02) pela Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis. As quedas foram maiores na França e Alemanha.

A fabricante que produz veículos elétricos vendeu cerca de 9 mil unidades no mês passado na Europa, apontando uma queda em relação ao mesmo período de 2024.

Na Alemanha, país que abriga a única fábrica da Tesla na Europa, registrou uma queda de 59,5%, enquanto que na França as vendas caíram 63%.

Especialistas debatem para tentar compreender possíveis causas para a queda. Porém, campanhas contra a compra de carros da marca vêm se multiplicando desde que Elon Musk, fundador e maior acionista da empresa, se posicionou ao lado da extrema direita, primeiro nos Estados Unidos e depois na Alemanha.

Uma reportagem do jornal britânico Guardian também mostra que entre os atuais proprietários de veículos da Tesla há uma parcela descontente com as posições assumidas por Musk.

O estrategista digital Mike Schwede, por exemplo, ficou horrorizado quando o bilionário investiu milhões de dólares na campanha de Donald Trump. Ele se orgulhava de ser um dos pioneiros em conduzir um Tesla, símbolo de luta contra a crise climática, e o republicano prometia aumentar a produção e o uso de petróleo e gás.

‘Senti nojo e perdi o gosto pelo meu Tesla’
Mas o definitivo para Schwede foi ver Musk fazer um gesto que remeteu à uma saudação nazista. “Eu senti nojo e perdi o gosto pelo meu Tesla”, conta o empreendedor que vive e trabalha na Suíça. Ele pensou em vender o carro, mas, em vez disso, resolveu doar 10 centavos por cada quilômetro rodado para a caridade, sobretudo as que ajudam jovens LGBTQIA+ ou que combatem o extremismo da direita.

O alemão Patrik Schneider resolveu lançar uma linha de adesivos anti-Elon depois que foi vaiado por um estranho que apontava para a marca de seu carro em um posto de gasolina. As mensagens dos adesivos são “Elon é uma droga” ou “Comprei isso antes de Elon enlouquecer”.

Segundo ele, à medida que Musk se aprofundava no apoio ativo à ultradireita do partido Alternativa para a Alemanha (AfD), a demanda pelos adesivos disparou. Mesmo sem publicidade alguma, ele vende agora até 2 mil unidades por dia e não só para países de língua alemã, como também para a Austrália e Coreia do Sul.

Na Alemanha, duas empresas já eliminaram os carros Tesla de suas frotas pelas posições políticas de Musk. Foram elas a LickBlick e a rede de farmácias Rossmann. Esta última já o fez antes mesmo do bilionários se envolver na campanha eleitoral alemã apoiando a AfD.

‘Vai de zero a 1939 em 3 segundos’
Depois do gesto nazista de Musk, a britânica Led by Donkeys anunciou a mesma decisão e postou em suas redes sociais a campanha “Não compre um Tesla”. Ativistas londrinos também parodiaram a publicidade da empresa com um adesivo que inundou a cidade e os carros da marca que por lá circulam. Os adesivos dizem: “vai de zero a 1939 em 3 segundos”.

Na Polônia, onde a ocupação nazista matou 6 milhões de pessoas, o ministro do Turismo Slawomir Nitras pediu abertamente o boicote à Tesla.

*Opera Mundi

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Ultradireita se torna segunda maior força política na Alemanha

O partido Alternativa para a Alemanha (AfD) obteve um avanço expressivo nas eleições federais antecipadas deste domingo (23/02), consolidando-se como a segunda maior força política do país. Com 19,9% dos votos, a legenda quase dobrou sua votação em relação a 2021, superando os social-democratas do SPD e os Verdes. A sigla de ultradireita ficou atrás […]

O partido Alternativa para a Alemanha (AfD) obteve um avanço expressivo nas eleições federais antecipadas deste domingo (23/02), consolidando-se como a segunda maior força política do país. Com 19,9% dos votos, a legenda quase dobrou sua votação em relação a 2021, superando os social-democratas do SPD e os Verdes.

A sigla de ultradireita ficou atrás apenas da União Democrata-Cristã (CDU), de Friedrich Merz, que deverá liderar a formação do próximo governo. Com a derrota do SPD, a legenda do chanceler Olaf Scholz caiu para terceiro lugar no Parlamento.

A AfD indicou como candidata a chanceler a deputada Alice Weidel, uma das colíderes do partido. Após a divulgação dos primeiros resultados, Weidel celebrou o desempenho da legenda:

“Somos o único partido a dobrar em relação à última eleição – o dobro!”

Crescimento sem acesso ao poder
Apesar do crescimento expressivo, a AfD continua isolada politicamente. Nenhum dos partidos tradicionais pretende formar uma coalizão com a legenda, o que inviabiliza sua participação direta no governo.

A CDU precisará buscar parceiros para garantir maioria no Bundestag. No entanto, Merz já descartou qualquer possibilidade de aliança com a AfD, reforçando o “cordão sanitário” imposto pela política alemã contra a ultradireita.

Esse isolamento tem sido um padrão nas eleições estaduais. Mesmo quando terminou em primeiro lugar, como no pleito de 2024 na Turíngia, a AfD não conseguiu integrar governos locais, pois partidos adversários se uniram para evitar sua ascensão ao poder.

Trajetória da AfD e apoio externo
Fundada em 2013, a AfD começou como um partido eurocético de tendência liberal, mas rapidamente migrou para a ultradireita, principalmente após a crise dos refugiados de 2015-2016. Hoje, a legenda defende políticas radicalmente anti-imigração e tem membros monitorados pelos serviços de inteligência por ligações com o extremismo de direita.

A AfD é especialmente forte no Leste da Alemanha, onde liderou as eleições estaduais na Turíngia e ficou em segundo lugar na Saxônia e Brandemburgo. Entre os eleitores de 16 a 24 anos, o partido conquistou a maior fatia de votos nessas regiões.

Durante a campanha, a legenda recebeu apoio internacional, incluindo um endosso do bilionário Elon Musk e do vice-presidente dos EUA, J.D. Vance. Musk chegou a participar, por vídeo, de um comício da AfD e declarou:

“Só a AfD pode salvar a Alemanha.”

A declaração gerou acusações de interferência externa na eleição. O governo alemão também acusou a Rússia de espalhar desinformação para influenciar o pleito e minar a confiança na democracia.

Além disso, membros da AfD enfrentaram escândalos envolvendo financiamento estrangeiro. Em 2024, um deputado do partido foi acusado de receber dinheiro da Rússia, e um assessor foi preso sob suspeita de espionagem para a China.

Apesar da resistência política e dos escândalos, a AfD segue ampliando sua base eleitoral e consolidando-se como uma das principais forças da política alemã.

*Jean-Philip Struck | 23/02/2025 | DW

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Alemanha à beira do abismo

Alemães tomam as ruas contra extrema direita apoiada por Musk.

Isso mesmo, a Alemanha, está com um pé no precipício e outro no cadico de barranco que lhe sobra.

O despenhadeiro econômico, tem nome: neoliberalismo globalizado.

Em uma noite carregada fluidos negativos, dezenas de milhares de pessoas tomaram as ruas de Berlim no último sábado.

Na verdade a Alemanha virou uma panela de pressão prestes a explodir e arrancar o teto.

Daí o inimaginável crescimento do neonazismo no país.
Cenário trevoso.

A coisa está tensa, ainda mais em ano eleitoral em que a Alemanha se encontra rachada.

O movimento “Fridays for Future”, cerca de 100 mil manifestantes se reuniram no Portão de Brandemburgo.

As pesquisas mais recentes indicam que o partido conservador CDU lidera as intenções de voto, com o AfD crescendo rapidamente.

A Alemanha está vivendo um divisor de águas turvas.

As trevas nazistas estão logo ali. Isso pode mudar drasticamente seu destino e da própria União Europeia.

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Com decisão do TPI, Alemanha diz que prenderá Netanyahu caso premiê visite país: ‘cumpriremos a lei’

Tribunal Penal Internacional emitiu mandado de prisão contra primeiro-ministro de Israel e seu ministro da Defesa, Yoav Gallant, pelos crimes de guerra em Gaza.

O governo da Alemanha confirmou, nesta quarta-feira (22/05), que “cumprirá a lei” do Tribunal Penal Internacional (TPI) sobre o mandado de prisão para o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, caso ele viaje a Berlim.

A declaração veio do porta-voz do governo alemão, Steffen Hebestreit, após ser questionado em uma conferência de imprensa se Berlim obedeceria à decisão do promotor do TPI, Karim Khan, emitida na última segunda-feira (20/05).

“Esta é uma questão hipotética, então darei meio passo para trás e direi: em princípio, somos apoiadores do TPI e continuará assim”, afirmou Hebestreit, segundo o jornal britânico Daily Mail.

Logo em seguida, o jornalista repetiu a sua pergunta, e Hebestreit respondeu: “Pensei ter respondido à pergunta através da minha declaração normativa, caso contrário, se ainda houver dúvidas: claro. Sim, cumprimos a lei”, reiterou.

A decisão da Alemanha vem após o embaixador de Israel em Berlim, Ron Prosor, ter apelado ao governo alemão para que rejeitasse o mandado de prisão proposto pelo TPI.

Após mais de 200 dias da ofensiva de Israel na Faixa de Gaza, o procurador do tribunal com sede em Haia informou em um comunicado que apresentou pedidos para ordens de prisão contra Netanyahu e seu ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes como “matar deliberadamente os civis de fome”, “homicídio doloso” e “extermínio e/ou assassinato” na Faixa de Gaza.

“Afirmamos que as acusações de crimes contra a humanidade foram parte de um ataque generalizado e sistemático contra a população civil palestina, para cumprir uma política de Estado. Segundo as nossas conclusões, alguns destes crimes continuam sendo cometidos”, declarou Khan, em referência aos líderes israelenses Netanyahu e Gallant.

Se o tribunal emitir a ordem, qualquer um dos 124 Estados-membros do TPI deveria deter Netanyahu caso ele entrasse em seu território. Isto poderia impedir algumas viagens de Netanyahu, mas o tribunal internacional não tem força para garantir o cumprimento das suas ordens, o que significa que a aplicação da medida depende dos países-membros.

O Estado de Israel não faz parte do Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional e não reconhece sua jurisdição. Em Tel Aviv, Netanyahu classificou o anúncio de Haia como “uma desgraça” e “uma completa distorção da realidade”.

*Sputnik

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OTAN defende intensificar produção de armas e preparar ‘confronto de décadas’ contra a Rússia

Secretário-geral Jens Stoltenberg afirmou que países membros da aliança militar devem ‘reconstruir e expandir mais rapidamente’ sua base industrial.

Em coletiva ao jornal alemão Welt am Sonntag, publicada neste sábado (10/02), o diplomata norueguês Jens Stoltenberg, secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), afirmou que os países membros da aliança militar foram aconselhados a incrementar a produção de armas nos próximos anos.

Segundo o chefe da OTAN, esse reforço na fabricação de novos armamentos deve ter como objeto a preparação para um possível “confronto de décadas” contra a Rússia.

“A OTAN não procura uma guerra com a Rússia, mas devemos nos preparar para um confronto que poderá durar décadas”, explicou Stoltenberg.

Em outro trecho da entrevista, o diplomata norueguês disse que os países da aliança devem “reconstruir e expandir sua base industrial o mais rapidamente, para aumentar o fornecimento à Ucrânia e reabastecer suas reservas próprias”.

Jens Stoltenberg afirma que países de Otan devem se preparar para possível conflito prolongado contra a Rússia
“Isso significa passar do atual ritmo de produção mais lento, típico de tempos de paz, para uma produção rápida, mais adequada a tempos de conflito”, ressaltou.

Polêmica surgida na Alemanha

As declarações de Stoltenberg surgem em meio a um debate que acontece principalmente na Alemanha, após o ministro da Defesa desse país, Boris Pistorius, afirmar que Berlim está se preparando para um possível ataque de Moscou.

“A dissuasão é o único meio eficaz de se posicionar antecipadamente contra um agressor. Se formos atacados, devemos ser capazes de travar uma guerra. Isso é crucial. Temos de nos preparar para isso”, afirmou o ministro germânico.

*Opera Mundi

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Rússia sobre o apoio da Alemanha a Israel em Haia: ‘Especialista em extermínio em massa de humanos’

A Alemanha decidiu apoiar Israel no processo movido na Corte Internacional de Justiça (CIJ), em Haia, pela África do Sul que acusa o país de genocídio contra a população palestina, diante das mais de 25 mil mortes causadas pela guerra só na Faixa de Gaza.

Para a representante oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, a decisão não é uma surpresa, já que o apoio “incondicional” ao país judeu é obrigatório na “ordem internacional baseada em normas” dos Estados Unidos. A declaração aconteceu neste domingo (21).

“A decisão do governo alemão não nos surpreende. Ela ocorre no contexto do apoio incondicional que Berlim sempre prestou a Israel, sem levar em consideração suas consequências”, respondeu Zakharova.
Além disso, a representante oficial pontuou que “as elites políticas alemãs parecem ter feito um grande desserviço a Israel”.

“Em uma declaração do governo relacionada, Berlim se refere à ‘história alemã e ao crime contra a humanidade na forma do Holocausto’, reivindicando-se assim como ‘especialista’ em extermínio em massa de seres humanos”, indicou.

Zakharova afirmou que as ações do governo alemão mostram o contrário de um “arrependimento ativo e admissão incondicional de culpa” com relação aos crimes de guerra do país, diante da recusa a pagar indenizações aos sobreviventes não judeus do cerco à cidade soviética de Leningrado (atual São Petersburgo). Além disso, há grande apoio alemão a Kiev.

Assim, Zakharova denunciou que “mais uma vez, como há 80 anos, nas ações do Berlim oficial, existe uma divisão das pessoas com base na nacionalidade, levada a um novo nível mais sofisticado”.
“Berlim decidiu singularizar apenas uma parte de sua culpa histórica para com a humanidade — o Holocausto — e não considerá-la em sua totalidade, mas apenas do ângulo que lhe é favorável”, explicou.

“É chocante e indignante que a maior parte dos crimes do Terceiro Reich, incluindo o extermínio de 27 milhões de cidadãos da URSS [União das Repúblicas Socialistas Soviéticas], não seja considerada pelas autoridades alemãs como motivo de arrependimento”, acrescentou.

Para concluir, a representa oficial do Ministério das Relações Exteriores afirmou que o comportamento “inaceitável, ilegal e imoral” do país europeu pode ter consequências “muito graves” para o destino da própria Alemanha, bem como para a Europa e o mundo, “dada a experiência histórica contraditória deste país”.

*Sputnik

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Sigilo defendido por Lula no STF é regra no Supremo alemão

DW – Presidente sugeriu que votos individuais de ministros não precisam ser públicos. No modelo alemão, nem o placar é divulgado, e a decisão é redigida pela maioria – mas juízes podem publicar votos divergentes.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva atraiu críticas na terça-feira (05/09) ao defender que as opiniões e votos individuais de cada membro do Supremo Tribunal Federal (STF) não sejam divulgados publicamente, e que seria preferível que somente a decisão final e o placar fossem tornados públicos.

Lula defendeu a ideia apontando que uma contenção na publicidade das posições individuais dos ministros ajudaria a melhorar o funcionamento do STF e a diminuir a animosidade de setores da sociedade contra alguns membros da Corte.

A declaração foi dada após o ministro Cristiano Zanin, indicado por Lula ao STF, ter entrado na mira de apoiadores do presidente que consideraram alguns de seus votos conservadores, como contra a descriminalização do porte de drogas e contra a equiparação da homofobia e da transfobia à injúria racial.

Embora a ideia de Lula tenha provocado críticas e tenha sido considerada inexequível por alguns juristas, que apontam que o princípio da publicidade na Constituição impediria uma mudança nesse sentido, a proposta não seria considerada exótica na Alemanha, onde vigora um modelo com algumas similaridades ao defendido por Lula.

“Se eu pudesse dar um conselho, é o seguinte: a sociedade não tem que saber como é que vota um ministro da Suprema Corte. Acho que o cara tem que votar e ninguém precisa saber… Votou, a maioria [ganha]. 5 a 4, 6 a 4, 3 a 2… Não precisa ninguém saber se foi o Uchôa que votou, se foi o Camilo que votou”, disse Lula.

Na quarta-feira, Rui Costa, ministro da Casa Civil, disse que concorda com Lula e citou especificamente o modelo da Alemanha. “Defendo a ideia do presidente Lula. Veja na Alemanha como funciona. Os ministros aqui muitas vezes não conseguem tranquilidade para votar, pois estão muito expostos à opinião pública por causa do excesso de exposição pública”, afirmou Costa.

Portas fechadas, sem televisão e juízes pouco conhecidos
Com um modelo que serviu para a instalação de outras cortes constitucionais no mundo, o Tribunal Constitucional Federal da Alemanha (BVerfG, na sigla em alemão) é conhecido por uma atuação intervencionista em assuntos de sociedade, mas seus 16 membros dificilmente seriam reconhecidos pelo público nas ruas.

Metade dos 16 juízes e juízas são indicados pelo Bundestag, a câmara baixa do Parlamento alemão, e a outra metade pelo Bundesrat, a câmara alta do Parlamento, sendo eleitos para mandatos de doze anos, sem reeleição. A idade limite para um integrante se aposentar é aos 68 anos.

Os 16 integrantes atuam em dois senados de oito membros cada, que contam com respectivamente três câmaras. O Primeiro Senado julga reclamações constitucionais e de direitos fundamentais e o Segundo Senado, conflitos federais administrativos.

As discussões entre os juízes ocorrem a portas fechadas. Apenas sessões orais que eventualmente ocorrerem nos senados, nas quais as partes sustentam seus argumentos, são abertas ao público – mas elas não são televisionadas como no Brasil.

Só a leitura de decisões pelos senados que tiverem sido precedidas por sessões orais podem ser televisionadas. Decisões das câmaras não são divulgadas, e apenas remetidas por escrito às partes envolvidas. Não há nada parecido como no Brasil, com leitura de votos, discussões e deliberações sendo transmitidas pela TV.

Essa forma de divisão em senados e câmaras também privilegia a primazia de colegiados sobre decisões individuais. Dessa forma, o relator de um caso costuma adotar a posição que seja a média do tribunal logo no começo do julgamento. A redação final da decisão é elaborada em conjunto pelos membros do lado vencedor. Essa decisão é publicada e divulgada. Normalmente, o público só toma conhecimento na etapa final do julgamento.

Pelos procedimentos internos do tribunal, nem mesmo o placar de uma votação precisa se tornar público, mas o BVerfG, em contraste com outros tribunais da Alemanha, costuma divulgá-los. Porém, a forma como cada juiz votou não é tornada pública.

Há apenas uma exceção notável. Alguns juízes podem optar por solicitar a publicação e divulgação de um voto divergente – ou derrotado –, que é anexado junto à decisão final, com seu nome indicado.

Esse procedimento passou a fazer parte do tribunal em 1971, e constitui uma das poucas janelas para conseguir pistas sobre o comportamento individual de um juiz atrás das portas. Ainda assim, as opiniões e deliberações nas sessões fechadas são mantidas sob sigilo.

Distância do poder
Em 2016, em visita ao Brasil, a juíza Sibylle Kessal-Wuf, membro do BVerfG, destacou que a localização geográfica do tribunal alemão também era “saudável”. A corte não fica na capital, Berlim, mas na cidade de Karlsruhe, a 750 quilômetros de distância.

“Mesmo quando a capital era em Bonn, não ficávamos em Bonn. Somos o órgão constitucional que controla os outros órgãos constitucionais, então o órgão que controla fica longe dos órgãos controlados. A distância só faz bem”, disse a juíza à época.

Sigilo é adotado em outros países europeus
A Alemanha foi o primeiro país europeu a autorizar em lei a publicação de opiniões divergentes dos magistrados de sua corte constitucional. Tribunais semelhantes até hoje não permitem a prática, como as cortes de Áustria, Bélgica, França, Itália e Luxemburgo, segundo estudo da pesquisadora Katalin Kelemen publicado em 2013 na revista científica German Law Journal.

Portugal e Espanha, países com os quais o sistema de Justiça do Brasil tem mais proximidade, também permitem desde a década de 80 a publicação de votos divergentes de ministros.

Um dilema sobre publicar ou não votos divergentes de ministros é a necessidade de as cortes constitucionais terem, como corpo único, legitimidade e autoridade perante a nação versus o risco de que a divulgação de divergências possa expor fissuras e sujeitar os ministros individualmente à pressão de setores da população.

Oito ministros, de vestes vermelhas, em pé diante de uma mesa. Ao fundo, uma águia que simboliza a federação alemã.

Por esse motivo, algumas cortes constitucionais no leste europeu criadas após a queda do regime socialista da antiga União Soviética optaram, no início, por proibir a publicação de votos divergentes, e passaram a admiti-los apenas mais recentemente, depois que a legitimidade da corte foi consolidada – como o caso da Lituânia e da Romênia. Na Letônia, até hoje as opiniões divergentes não são publicadas junto com as decisões, mas reunidas em uma coletânea publicada uma vez por ano.

De outro lado, a independência judicial, a liberdade de expressão e a transparência são valores citados por quem defende a publicação dos votos divergentes, para garantir aos magistrados que expressem suas opiniões minoritárias.

A França é um dos países que até hoje não permite a divulgação de votos divergentes dos ministros da sua corte constitucional. O tribunal tampouco publica as suas deliberações e os votos vencedores. “As decisões são curtas e secas, escritas quase como silogismos”, disse à DW Thomaz Pereira, professor de direito constitucional da FGV Direito Rio.

Para compensar as críticas à escassez de argumentos em suas decisões, a corte francesa passou a publicar comentários sobre suas decisões, que “servem a função de explicar o que os próprios votos não explicam”, disse Pereira.

Debate pertinente no Brasil?
Há muita pesquisa na academia brasileira sobre o processo de tomada de decisões do STF, e o sistema atual de deliberação “realmente traz diversos problemas para uma efetiva ‘deliberação’, no sentido de trocas de ideias, convencimento mútuo, voltar atrás em argumentos”, diz Pereira, ponderando que há sim casos de ministros que mudam de posição e ajustam seus votos de acordo com os argumentos apresentados por colegas.

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Militar alemão preso por complô para derrubar governo viveu em SC e tem empresas no Brasil

Alemanha prendeu 25 pessoas de grupo de extrema direita que planejava atacar Parlamento.

Um dos 25 presos em uma operação contra um grupo de extrema direita que planejava um ataque armado contra o Parlamento alemão, Rudiger Wilfred Hans Von Pescatore, de 69 anos, morou no Brasil e ainda mantém empresas ativas em Santa Catarina. O oficial aposentado do Exército seria integrante do “braço militar” do grupo terrorista.

De acordo com a imprensa alemã, Von Pescatore foi preso em Freiburgo, no sul da Alemanha, onde mora sua filha. Ele, no entanto, passava parte do tempo no Brasil.

Von Pescatore consta na Receita Federal como proprietário de duas empresas: a Solacera, com sede em Blumenau (SC) atua na área de energias renováveis; a Acera, situada em Pomerode (SC), é uma consultoria em gestão empresarial.

Segundo a Deutsche Welle, Von Pescatore escreveu, em 2019, comentários na página de um agitador de ultradireita alemão. Na ocasião, ele pediu a eliminação de “maçons”, disse que “a verdade só estará acessível à humanidade após a mudança do sistema” e mandou “saudações do Brasil”.

O jornal britânico The Guardian afirmou que Von Pescatore foi descrito pelos promotores como o aspirante a líder do “braço militar” do grupo terrorista. O ex-oficial foi comandante do batalhão de paraquedistas 251. Ele teria sido expulso do Exército devido à venda não autorizada de armas dos estoques do antigo Exército da Alemanha Oriental.

Operação

Quase 3 mil agentes das forças de segurança foram mobilizados em toda a Alemanha em mais de 130 operações de busca e apreensão, na maior operação antiterrorista da história recente do país.

Os detidos, que tinham ligações com o movimento Reichsbürger (Cidadãos do Reich), são suspeitos de “preparativos concretos para entrar de maneira violenta no Bundestag com um pequeno grupo armado”, informou um comunicado do Ministério Público. O Cidadãos do Reich é um movimento não hierárquico, cuja ideologia se baseia no regime imperial alemão de antes da Primeira Guerra Mundial e rejeita as estruturas democráticas da República Federal estabelecida em 1949.

Entre os 25 suspeitos presos pelas autoridades da Alemanha por tramarem a derrubada do governo do país, o nome do príncipe Heinrich XIII de Reuss, de 71 anos, chamou atenção. Descendente de uma família aristocrática que já chegou a governar territórios alemães, Heinrich XIII seria o novo chefe de Estado caso o plano de golpe tivesse sucesso, segundo as investigações da polícia alemã.

*Com O Globo

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