A ONG lavajatista Transparência Internacional, é tão transparente quanto a ABIN paralela de Bolsonaro.
Alguém precisa enquadrar Lira lembrando que ele é presidente da câmara e não o Rei Arthur. Lembrar sobretudo que os dois últimos super poderosos presidentes da câmara, Cunha e Maia, hoje não são mais nada.
Lira desqualifica o corpo técnico do governo dizendo que os técnicos não gastam sola de sapato rodando o Brasil. Essa pirueta retórica se iguala ao terraplanismo malandro e tardio do bolsonarismo derrotado. Tudo para desbloquear mais orçamento para fisiologismo vagabundo dele.
Qual brasileiro ou brasileira já viu Lira na rua gastando sola de sapato pra conhecer os problemas de quem ele quer sequestrar as políticas públicas criadas pelo governo Lula? Essa receita de picaretagem carregada de palavrório é um insulto a nossa inteligência.
Lira é só um chantagista barato que posa de esperto. Está assinando seu funeral político, mesmo com todas as vigarices que julga ser eficaz para se eternizar em situação estratégica do país. O malandrão vai dançar porque é um cagado com folha corrida de um membro do clã Bolsonaro.
Lira quer por fim no orçamento da saúde e educação pra ratear a grana pública com o centrão.
Em última analise é isso que está em seu jogo de cena.
Eles deveriam ser claros sobre motivos de não participarem de ato em prol da democracia.
O presidente da Câmara, Arthur Lira, informou hoje que não estará presente no ato pela democracia no Congresso, que marcará um ano das tentativas de golpe. Lira alegou problema de saúde na família. Tarcísio de Freitas, que comanda o maior estado do Brasil, e outros quatro governadores alegaram problemas de saúde ou viagem. Seria melhor que dissessem claramente o porque não vão, ficaria mais explícito. Evidentemente não são essas as razões.
O governador de São Paulo, por exemplo, chega hoje à noite de viagem, poderia ter antecipado o voo, claro. O que que isso indica? Indica que a direita brasileira ainda não consegue, na sua totalidade, separar o extremismo da direita democrática. Todas as correntes políticas, direita, esquerda, centro, são bem-vindas no jogo democrático. Quem não é bem-vindo é quem faz o que foi feito no dia 8 de janeiro de 2023, quando foram invadidos o Supremo, o Congresso e o Planalto, destruído o patrimônio público com o objetivo de criar um caos que levasse a uma intervenção militar.
Essas lideranças de direita precisam entender o que é defesa da democracia e o que é divergência política. Não ir ao ato é uma demonstração de falha dessas lideranças, é não perceber que esse é o momento institucional em que todas as divergências políticas deveriam ficar de lado em prol da defesa da democracia.
Esse não é apenas um comportamento das lideranças, muita gente ainda age assim. Felizmente, pesquisa da Quest, divulgada ontem, mostra que 89% dos brasileiros condenam os atos de 8 de janeiro. É importante condenar o ato em si. E também entender que a alternância do poder é do jogo democrático.
Conversei com militares e toda a informação que eu tenho aqui é que as Forças Armadas participarão do evento. Eles irão porque entendem que é um ato institucional em defesa da democracia.
Nesse sentido, a escolha do Congresso como palco central do evento é muito importante, pois mostra que não se trata de um ato do governo Lula, mas da democracia brasileira. E, justamente, o fato do Congresso ser a sede do ato torna ainda pior a ausência de Arthur Lira.
Pauta econômica enverniza figura de líder do centrão, que detém monopólio da Câmara e negocia emendas.
Arthur Lira (PP-AL) já tinha alcançado conquistas expressivas para o centrão, bloco que lidera. Em dois anos e meio na presidência, ele tem fortalecido as bases para que o grupo possa continuar com o monopólio da Câmara e poder sobre o Orçamento. Na semana que passou, deu outro passo relevante: deixou agora também sua marca definitiva com o mercado financeiro, diz a Folha.
Reeleito com a votação recorde de 464 deputados, o presidente da Câmara usou o capital político que tem no plenário para aprovar a Reforma Tributária —um feito histórico, aguardado há mais de três décadas.
Em menos de uma semana, o deputado alagoano fez o clima mudar em Brasília e costurou o apoio de governadores e partidos para a Reforma Tributária atingir 382 votos. Eram necessários 308, por ser uma PEC (proposta de emenda à Constituição).
Ao longo das suas duas gestões na presidência da Casa, Lira foi se posicionando com acenos ao mercado, construindo seus mandatos como um defensor de pautas liberais, fez projetos serem aprovados e agora consolida de vez sua imagem com empresários e investidores.
Os laços mais estreitos eram uma meta clara do deputado, que teve início ainda no período de seu antecessor, Rodrigo Maia (PSDB-RJ), justamente na tentativa de rivalizar com ele. Na época, Maia conseguiu se firmar com o mercado, carimbando seu nome com a aprovação da Reforma da Previdência.
Se a PEC for aprovada também pelo Senado, Lira irá conduzir votações de projetos complementares para concluir o quebra-cabeça da Reforma Tributária até o fim de sua gestão, em janeiro de 2025.
Isso dará reiteradas oportunidades para o alagoano se firmar como o queridinho do mercado e buscar envernizar a figura de líder do centrão.
O ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), deu um empurrão para esse projeto de Lira. A investigação sobre supostos desvios em contratos de kits de robótica, que envolve aliados do presidente da Câmara e repasses de emendas, foi suspensa enquanto o deputado desatava os nós para as votações no plenário.
Desde o governo Jair Bolsonaro (PL), Lira construiu um espólio valioso para os deputados. A gorda fatia do Orçamento para emendas consolida o processo de independência e fortalecimento da Câmara, iniciado lá no governo de Dilma Rousseff (PT).
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Líderes partidários alinhados a Arthur Lira preveem até 380 votos para a reforma tributária, mas susto em votação ligou o alerta na Câmara.
Uma tabela que corre entre os líderes partidários alinhados a Arthur Lira mostra que a reforma tributária poderá ser aprovada com 375 votos. Lideranças mais otimistas falam em até 380 votos favoráveis ao projeto, diz Guilherme Amado, Metrópoles.
Apesar da projeção, os governistas que pertencem ao grupo de Lira admitiram que ficaram assustados com a votação para retirar a reforma da pauta da Câmara. Foram 148 votos a favor, contra 302. A expectativa é de que o quórum seja maior na votação da PEC.
Líderes da base e da oposição estiveram no Palácio do Planalto durante a quarta-feira (5/7) para discutir a votação da reforma e de outros projetos econômicos de interesse do governo. Lira pautará o primeiro turno da tributária nesta quinta (6/7).
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Presidente da Câmara comprou terra no interior de Alagoas com recursos em espécie administrados por assessor investigado.
Um negócio fechado por Arthur Lira com uma família do interior de Alagoas dá força às suspeitas da Polícia Federal que envolvem pagamentos de despesas pessoais do presidente da Câmara por um assessor dele investigado por desvio de dinheiro, segundo Rodrigo Rangel, Metrópoles
Como mostraram no fim de semana a revista Piauí e o jornal Folha de S.Paulo, papéis apreendidos durante a Operação Hefesto, deflagrada no início do mês para apurar fraudes na compra de kits de robótica com dinheiro do Ministério da Educação, indicam que o mesmo assessor apontado como integrante do esquema administrava um caixa usado para custear contas de Lira.
O fundo federal de onde saíram as verbas usadas para a aquisição dos kits de robótica era administrado, à época dos desvios, por gente ligada ao Progressistas, antigo PP, partido do presidente da Câmara. A PF suspeita que o esquema ia além — e incluía dinheiro desviado de outros órgãos administrados pela legenda.
Livro-caixa Os documentos apreendidos na operação, incluindo uma espécie de livro-caixa, estavam com Luciano Cavalcante, faz-tudo de Lira, e com o motorista dele, Wanderson de Jesus. No papelório havia uma série de valores relacionados ao nome “Arthur”.
Várias das cifras indicam tratar-se, de fato, de despesas do presidente da Câmara, como contas de um hotel em São Paulo onde Lira costuma se hospedar, além de gastos com automóveis e até com sessões de fisioterapia do pai do deputado.
Mas uma delas, em especial, não deixa margem para dúvidas e revela a rotina de pagamentos de contas particulares de Lira com dinheiro em espécie: a compra, pelo presidente da Câmara, de um pedaço de terra no interior de Alagoas.
“Pagou à vista. Em dinheiro” Entre os documentos encontrados pelos policiais com Wanderson de Jesus, o motorista, havia uma folha manuscrita na qual um casal do município de São Sebastião, a 120 quilômetros de Maceió, declara ter recebido R$ 40 mil como pagamento por uma área com cerca de 50 mil metros quadrados. À PF Wanderson declarou que fazia os pagamentos a mando de Luciano Cavalcante, o assessor de Lira para quem dirigia.
A coluna localizou, no interior alagoano, a família que vendeu a terra. Maria José Pacheco, filha de Manoel Pacheco, o homem que assina o tal recibo, confirmou que o pai vendeu a área a Arthur Lira e que o pagamento foi feito “em dinheiro”.
“O Arthur comprou, sim, uma terra do meu pai. Pagou R$ 40 mil”, disse. Indagada sobre como foi feito o pagamento, Maria José respondeu assim: “Pagou à vista. Em dinheiro”. A transação, segundo ela, ocorreu há cerca de dois anos.
Endereços de Luciano Cavalcante, o faz-tudo de Lira que foi alvo de buscas na operação deflagrada pela PF no início deste mês, foram visitados por entregadores de dinheiro que serviam ao esquema de desvio de verbas públicas e atuavam em Brasília e Maceió.
A partir da descoberta dos papéis nos quais aparecem as menções ao nome “Arthur”, a investigação subiu da Justiça Federal de Alagoas para o Supremo Tribunal Federal, onde devem correr os casos que envolvem congressistas, em razão do foro privilegiado.
Expansão de fazenda A área comprada por Lira fica próxima a uma fazenda da qual ele já era dono — em sua declaração de bens, o presidente da Câmara diz ter recebido “metade da fazenda Pedras” por doação feita por seu pai, o ex-senador Benedito de Lira.
São Sebastião, o município onde está a propriedade, é vizinho de Junqueiro, cidade natal do pai de Arthur Lira.
O que diz Lira Referindo-se, genericamente, aos valores listados nos documentos apreendidos pela PF, Lira disse em nota distribuída no início da semana que os recursos utilizados para o pagamento de suas despesas têm origem no salário que recebe como deputado e nos ganhos que tem como agropecuarista.
“Toda movimentação financeira e pagamentos de despesas do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, seja realizada por ele e, às vezes, por sua assessoria, têm origem nos seus ganhos como agropecuarista e na remuneração como deputado federal”, afirma a nota.
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Polícia Federal encontra anotações de pagamentos para ‘Arthur’ e manda caso para o STF.
A Polícia Federal enviou a investigação sobre supostos desvios em contratos de kit robótica para o STF (Supremo Tribunal Federal) após encontrar documentos com citações a Arthur Lira (PP-AL) e uma lista de pagamentos atrelados ao nome de “Arthur”.
A investigação sobre os desvios em contratos do kit robótica tem origem em reportagem da Folha publicada em abril de 2022. Uma outra lista com citações de pagamentos ao nome “Arthur” também foi encontrada pela PF —essa revelada pela revista piauí e confirmada pela Folha.
A seguir, conheça elos da investigação e dos investigados com presidente da Câmara:
1) Quais as ligações encontradas pela PF? Um documento apreendido com Luciano Cavalcante, auxiliar direto do presidente da Câmara, lista R$ 834 mil em valores pagos de dezembro de 2022 a março de 2023.
Desse total, ao menos R$ 650 mil têm à frente do valor o nome “Arthur”. O documento mostra data, valor, destinatário do gasto e o nome a quem a despesa está atrelada. São ao menos 30 pagamentos com referência a “Arthur”.
No documento apreendido com Luciano, aparecem como justificativa dos repasses desde despesas com hotéis utilizados por Lira, passando por gastos com alimentação da RO, como é chamada a residência oficial, além de impostos, combustíveis, gastos com automóveis e até fisioterapia do pai do presidente da Câmara.
Outros pontos da lista de pagamento:
Além do nome “Arthur”, há elementos que indicam a relação dos valores com o próprio presidente da Câmara. Um delas é o pagamento de fisioterapia do Bill, como é conhecido o pai do político.
Consta um pagamento de R$ 4.500 atrelado a “Arthur” para “revisão Hilux”. Como mostrou a Folha, a campanha de Lira usou na eleição de 2022 um picape Hilux que também foi utilizada para entregar dinheiro em Maceió, algo que está sob investigação da PF.
Há descrição de gastos para revisão de um Amarok. No ano passado, quando Lira disputou a eleição para renovar o mandato deputado federal, Luciano cedeu um carro de sua propriedade —um VW Amarok, cor preta, ano 2020— para ser usado na campanha do presidente da Câmara.
Compra de pneus para um veículo Saveiro —Lira declarou possuir uma Saveiro em sua prestações de bens à Justiça Eleitoral nas últimas eleições.
Anotações de valores relacionados ao nome “Arthur” com o motorista de Luciano, Wanderson de Oliveira. O caso revelado pela revista piauí aponta para 11 pagamentos de cerca de R$ 265 mil entre abril e maio de 2023. O motorista afirmou que os pagamentos foram realizados a pedido de Luciano.
2) O que acontece agora com a investigação? A Folha apurou que a PF de Alagoas já enviou o material para o STF após encontrar as citações a Lira com Luciano e seu motorista —e agora caberá ao ministro Luís Roberto Barroso definir qual o rumo da apuração. A Procuradoria-Geral da República já havia solicitado o envio do caso para as instâncias superiores.
A existência das citações a Lira nas apreensões da PF circulava em Brasília desde as buscas que miraram Luciano e seu motorista na operação Hefesto, indicando que em algum momento o caso subiria ao STF.
3) Qual a origem da investigação? Tudo começa com reportagens da Folha publicadas em abril do ano passado. Em uma delas, reportagem mostrou que a empresa de Maceió contratada para fornecer kits de robótica para prefeituras por meio de recursos de emendas liberados pelo governo Jair Bolsonaro (PL) vendeu os equipamentos ao poder público com uma diferença de 420% em relação ao preço que declarou ter pago em ao menos uma das compras que fez do produto.
Enquanto municípios desembolsaram R$ 14 mil por cada robô educacional, com dinheiro do governo federal repassado por meio das chamadas emendas de relator, nota fiscal obtida pela Folha mostra que a Megalic adquiriu unidades por R$ 2.700 de um fornecedor do interior de São Paulo.
Os donos da empresa alagoana são Roberta Lins Costa Melo e Edmundo Catunda, pai do vereador de Maceió João Catunda, aliado do presidente da Câmara, Arthur Lira.
O deputado, à época, era o principal responsável por controlar em Brasília a distribuição de parte das bilionárias emendas de relator do Orçamento, fonte dos recursos dos kits de robótica.
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A CBTU é responsável pela administração dos trens urbanos em cinco capitais e possui um orçamento de R$ 1,3 bilhão. Com um orçamento robusto, presença em todo o país e com menor exposição em comparação às principais empresas estatais, a companhia costuma ser utilizada por políticos para acomodar aliados e fornecer serviços às suas bases eleitorais.
A enteada de Lira, Ana Clara Lins Rocha, ocupa o cargo de assistente executiva desde dezembro de 2019, recebendo um salário de R$ 9.255,01. Ana Clara é filha da ex-mulher do político, Jullyene Lins.
Além da enteada, três primos de Lira ocupam cargos na CBTU de Maceió. Kyvia Talline Rocha Melo de Lira e Valmir de Lira Paes são assistentes executivos no órgão regional, com salários de R$ 9.255,01 e R$ 5.933,59, respectivamente. O terceiro primo do presidente da Câmara, Orleanes de Lira Paes Angelo, atua como gerente da companhia e é responsável pelas finanças da superintendência, recebendo R$ 13.313,10 por mês.
A superintendência do órgão na capital de Alagoas é chefiada por um aliado político de Lira desde setembro de 2019. Carlos Jorge Ferreira Cavalcante é o comandante da CBTU alagoana e irmão do ex-assessor de Lira, Luciano Cavalcante, que está sendo investigado pela Polícia Federal por supostas fraudes na aquisição de kits de robótica por prefeituras de Alagoas.
Na regional de Alagoas, Lira também empregou Glaucia Maria de Vasconcelos Cavalcante, esposa de Luciano. Ela foi nomeada para o cargo de gerente regional de Planejamento e Engenharia do órgão, recebendo atualmente um salário de R$ 13.313,10. O órgão regional também conta com André Marcelino Viana Silva, ex-funcionário de Lira na Câmara, atuando como coordenador operacional de Planejamento. Ele recebe um salário mensal de R$ 11.532,14.
O diretor-presidente da companhia, José Marques de Lima, está no cargo desde julho de 2016. A nomeação de Marques de Lima para o comando da companhia em Brasília foi iniciativa de Lira. Como chefe da CBTU, Lima recebe o maior salário: R$ 25.705,66.
A companhia em Alagoas também emprega dois membros do União Brasil de Alagoas, Divaldo Pereira Madeiro e Allan Teixeira Brandão.
* O Cafezinho
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Reportagem da Piauí teve acesso a documentos apreendidos pela PF nos quais o nome “Arthur” aparece como destinatário de um total de 265 mil reais entre abril e maio.
Desde o dia 1º de junho, o deputado Arthur Lira, presidente da Câmara, está inquieto. Naquela data, agentes da Polícia Federal realizaram uma operação de busca e apreensão nos endereços do principal auxiliar do deputado, Luciano Cavalcante, e do motorista do auxiliar, Wanderson Ribeiro Josino de Jesus. A Operação Hefesto, assim batizada em referência ao deus grego da tecnologia e da metalurgia, investiga fraude em licitação e desvio de 8 milhões de reais na compra de kits de robótica pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). O caso levou o deputado Arthur Lira a dizer que “cada um é responsável pelo seu CPF nesta terra e neste país”, tentando afastar as suspeitas de que o dinheiro desviado poderia acabar no seu bolso.
Agora, a piauí teve acesso a relatórios da PF sobre a busca e apreensão – e a situação de Arthur Lira tende a se complicar. No endereço do motorista Wanderson de Jesus, os agentes apreenderam um caderno-caixa, mostrando saldos, repasses, destinatários e datas. As anotações manuscritas, que estavam dentro de um Corolla, referem-se aos meses de abril e maio deste ano. O nome “Arthur”, que os investigadores suspeitam referir-se ao deputado Arthur Lira, aparece onze vezes e vem acompanhado dos maiores valores, que totalizam pouco mais de 265 mil reais.
Nas anotações do mês de abril, consta que “Arthur” recebeu 20 mil reais no dia 8. Uma semana depois, foram mais 30 mil reais. No dia 17 de abril, houve um gasto de 3 652,00 reais para “Hotel Emiliano = Arthur”. Coincidência ou não, quando vai a São Paulo, o deputado costuma se hospedar no Hotel Emiliano, nos Jardins. Além disso, os registros da Aeronáutica mostram que no exato dia 17 Arthur Lira embarcou num avião da FAB em Brasília com destino a São Paulo.
O dia 28 de abril registra o maior volume de recursos, com quatro repasses no total:
* 6 026,87 reais para “carro Arthur”.
* 844,47 para “Pix almoço […] Arthur”
* 29 200 reais em favor de “Djair = Arthur”
* 100 mil reais para “Arthur”.
O relatório da PF não informa quem é “Djair”, o beneficiário de 29 200 reais, mas há mais uma coincidência: o deputado Arthur Lira emprega em seu gabinete um secretário parlamentar cujo nome é Djair Marcelino. O secretário parlamentar foi denunciado como integrante de um milionário esquema de rachadinha, que, segundo o Ministério Público Federal, Lira comandou na Assembleia Legislativa de Alagoas na época em que era deputado estadual.
As anotações ainda registram dois pagamentos adicionais. Um deles, realizado no dia 10 de abril, no valor de 12 509,71 reais, foi em favor do “Hotel Emiliano”, mas não há menção ao nome de “Arthur”. Em outra coincidência, os registros da Aeronáutica mostram que o deputado viajou para São Paulo no dia 4 de abril, voando em avião da FAB de Maceió para São Paulo, de onde voou para Brasília no dia 9 de abril. E, neste período, passou por uma cirurgia que demandou repouso na capital paulista. Outro pagamento, feito no dia 29 de abril, no valor de 4,8 mil reais, em favor de “telefone – D. Ivonete”. Não há detalhes, mas os agentes da Polícia Federal desconfiam que seja uma menção à mãe de Arthur Lira. Ela se chama “Ivanete”, com “a” em vez de “o”.
No dia 8 de abril, aparecem ainda dois registros – um de 1 mil reais, outro de 4 mil reais – em favor de “Álvaro”. Em 26 de abril, “Álvaro” recebeu mais 700 reais. A Polícia Federal também não identifica no relatório o beneficiário, mas, em nova coincidência, um dos filhos de Arthur Lira chama-se Álvaro.
As anotações de maio registram gastos mais modestos. Mostra que no dia 2 houve um repasse de 8 170 reais para “pagamento Fabio engenheiro/Arthur”. No dia seguinte, foram 23 850 reais para “materiais elétricos fazenda = Arthur”. Em 5 de maio, houve dois pagamentos. Um de 24 884 reais, em favor de “Fabio engenheiro Arthur” e mais 8,5 mil reais para “pagamento irrigação = Arthur”. Arthur Lira tem fazendas em Alagoas.
No endereço de Wanderson de Jesus, além do caderno-caixa, os agentes da PF encontraram papéis relacionados ao caso dos kits de robótica, apreenderam pouco mais de 150 mil reais em espécie e, também, um manuscrito no qual os signatários declaram ter recebido do deputado Arthur Lira “a importância de R$ 40.000,00 (quarenta mil reais) referente à nova área de 11,5 tarefas [uma medida agrária] do Sr. Manoel Pacheco Filho e Joana Martins Pacheco, pelo qual dou plena e total quitação”. Não há data no recibo.
À Polícia Federal, o motorista Wanderson de Jesus disse que as anotações se referem a pagamentos que ele próprio realizou a mando de Luciano Cavalcante, que, segundo ele, também é o dono do Corolla, onde os documentos foram encontrados. O relatório afirma: “A grande quantia de dinheiro em espécie apreendida com Wanderson, totalizando R$ 150.200,00 (cento e cinquenta mil e duzentos reais), somada às diversas anotações de pagamentos, que ao que tudo indica eram também feitas em espécie […], configura[m] o tipo previsto no artigo 1º, inciso ii, da Lei nº 9613/98.” Uma parte desse total, 110 mil reais, foi encontrada em uma mochila dentro do porta-malas. O motorista relatou que pertencia a Cavalcante. (Em diligências anteriores, a PF identificou que Wanderson de Jesus recebeu dinheiro em mãos do empresário Pedro Magno Salomão, apontado como operador financeiro do esquema.) O relatório da apreensão prossegue: “As diversas atividades desempenhadas por Wanderson a mando de Luciano, além da aparente disposição por parte deste último de [ter] bem registrado em nome da esposa de Wanderson, denotam a existência de uma divisão clara de tarefas com a finalidade da prática de lavagem de dinheiro”
No endereço do próprio Luciano Cavalcante, segundo o relatório, os agentes apreenderam “duas agendas contendo manuscritos que podem ser relevantes para a investigação” e “documentos diversos relacionados à pessoa de Arthur César Pereira de Lira (encontrados na gaveta)”. Entre os principais documentos, estão:
“Papéis manuscritos contendo relação de valores.”
“Correspondência da Santa Casa destinada a Arthur Cesar Pereira de Lira”
“Documento intitulado Passagens Família Arthur.”
“Listas e contratos encontrados na mala de viagem em poder de Luciano Ferreira Cavalcante.”
“Duas agendas contendo manuscritos que podem ser relevantes para a investigação.”
A piauí procurou o deputado Arthur Lira para falar sobre o conteúdo do relatório da PF. Em mensagem de WhatsApp, a revista perguntou se o ex-auxiliar e o motorista haviam feito pagamentos pessoais em seu favor entre abril e maio, se suas despesas no Hotel Emiliano haviam sido bancadas por terceiros, se alguma de suas fazendas havia adquirido material elétrico e realizado despesas com irrigação e, por fim, se o deputado havia desembolsado 40 mil reais por um pedaço de terra. Em caso de resposta afirmativa para alguma das perguntas, a piauí pedia ao deputado se poderia identificar a fonte do dinheiro. Lira recebeu as perguntas no sábado à tarde, mas, no final da manhã de domingo, informou que não iria se manifestar.
A piauí também procurou o advogado André Callegari, que representa Luciano Cavalcante e Wanderson de Jesus, para saber se eles fizeram pagamentos pessoais em favor do deputado Arthur Lira e familiares. “Vamos aguardar a investigação para qualquer manifestação”, respondeu o advogado. “Após o relatório do delegado e da análise dos autos, podemos nos manifestar.”
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No papel estão anotados 11 pagamentos, referentes aos meses de abril e maio deste ano, com o nome “Arthur”. Despesas coincidem com gastos efetuados pelo deputado.
Um revelação bombástica publicada em reportagem de Breno Pires, no site da revista Piauí deste domingo (25), colocam o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), no centro das investigações sobre um suposto esquema de corrupção que seria comandado por seu ex-assessor Luciano Cavalcante e operado pelo motorista do auxiliar, Wanderson Ribeiro Josino de Jesus.
Em meio ao material apreendido na operação de busca e apreensão realizada no início do mês, a Polícia Federal (PF) encontrou um manuscrito dentro de um Corolla que estava na casa de Josino de Jesus que mostra uma espécie de contabilidade.
No papel estão anotados 11 pagamentos, referentes aos meses de abril e maio deste ano, com o nome “Arthur” que, segundo a PF, pode ser uma referência ao deputado, alçado por Jair Bolsonaro (PL) ao comando da Câmara, onde implantou o chamado Orçamento Secreto.
No total, segundo a reportagem os pagamentos somam R$ 265 mil. A situação complica ainda mais porque em alguns casos, os pagamento coincidem com gastos do deputado.
A reportagem cita, por exemplo, um gasto de R$ 3.652 para “Hotel Emiliano = Arthur” no dia 17 de abril. Nesse dia, os registros da Aeronáutica mostram que Lira embarou em um voo da Força Aérea Brasileira (FAB) para São Paulo, onde o deputado costuma se hospedar no Hotel Emiliano, localizado nos Jardins, área nobre da capital paulista.
No endereço do motorista, além do manuscrito, os agentes da PF encontraram papéis relacionados ao caso dos kits de robótica, esquema que seria operado para desvio de dinheiro público a partir de emendas do Orçamento Secreto.
*Com Forum
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Governo Lula está ciente de que Arthur Lira tem interesse em assumir o controle do Ministério da Saúde e da distribuição de emendas.
A decisão até pode mudar, mas, hoje, Lula não está disposto a dar a Arthur Lira nenhuma das duas principais reivindicações do presidente da Câmara: o Ministério da Saúde e o controle da distribuição das emendas, como ele tinha no governo Bolsonaro, segundo Guilherme Amado, Metrópoles.
Nenhum dos dois pedidos foi feito por Lira diretamente a Lula. São os interlocutores de Lira, muitos do próprio PT, que levam a Alexandre Padilha e a Lula os recados.
Lula tem dito que o governo deve insistir em retomar a relação com o Congresso como era no passado, ou seja, nutrida à base de cargos e emendas, mas sem o Executivo perder o papel que constitucionalmente lhe cabe.
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