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A autonomia do Banco Central é compatível com a Constituição?

Resumo: resta saber se o presidente do Banco Central é o superego da nação.

Por Lenio Streck

Conjur – O tema “independência ou autonomia do Banco Central” está na ordem do dia. O novo governo faz fortes críticas à atuação do BC. Afinal, a taxa de juros no Brasil é o dobro da inflação, desbordando do que ocorre com as demais taxas do mundo (vide EUA e União Europeia).

Para além da economia, o que o Direito pode dizer? Gilberto Bercovici foi quem melhor tratou do assunto no artigo Sobre o Banco Central Independente [1]. O artigo tem de ser lido. Por juristas, economistas, jornalistas e jornaleiros.

Bercovici reconstrói a história institucional do fenômeno. Mostra o fator “privatização dos bancos estaduais” ocorrida na década de 90 como elemento primordial da centralização da autoridade monetária no Banco Central. Diz também que o problema desse processo de reestruturação da política monetária foi o fato de que a recomposição da capacidade de intervenção pública se esgotou na tentativa de controle sobre os gastos públicos. Fala também da bizarrice que foi a equiparação da função de presidente do Banco Central do Brasil à de ministro de Estado em 2004. Isso gerou uma certa confusão institucional: um presidente de autarquia federal vinculada ao Ministério da Fazenda (artigo 8º da Lei 4.595/1964) se torna equiparável a ministro de Estado, ou seja, com as mesmas prerrogativas de função daquele que supostamente é seu superior hierárquico na administração pública, o ministro da Fazenda.

Mas vinha coisa mais complexa pela frente: a tão falada autonomia do Banco Central (Lei Complementar 179, de 24 de fevereiro de 2021). Pela nova legislação, o presidente e a diretoria do Banco Central passam a ter mandatos fixos e não coincidentes com o mandato do presidente da República, que perde o poder de nomear e demitir os ocupantes dessas funções quando bem entender.

Bercovici chama a essa entidade um “Frankenstein” na estrutura administrativa brasileira: uma autarquia não subordinada ao presidente ou a nenhum ministro, um órgão que paira no ar, sem vínculos, sem controles.

Esse é o busílis.

O Supremo Tribunal teve a chance de dar um fim nesse Frankenstein. Porém, na Ação Direta de Inconstitucionalidade ADI 6.696, decidiu pela constitucionalidade.

Passa um pequeno período de tempo e surgem fatos novos. Taxa de juros estratosférica que coloca em polos opostos o novo presidente eleito e o presidente do Banco Central.

O ponto que se põe é: qual seria o dispositivo constitucional que daria suporte à lei que concede autonomia ao Banco Central? Ao argumento de que ele deve ser autônomo para estabilizar a economia, cabe perguntar: a golpe de caneta monetária o presidente do BC tem mais capacidade do que toda a equipe econômica de um presidente da República? A Constituição estabelece quem deve cuidar da economia. E nisso está inserida a estabilidade e a responsabilidade social para com a população.

Examinando o texto constitucional, temos que ali estão determinadas as normas para a consecução de políticas públicas que devem visar a erradicar a pobreza e fazer justiça social (por exemplo, artigo 3º). Isso sem considerar o próprio cerne daquilo que chamamos de “Constituição Econômica”.

Parece que esquecemos que a nossa Constituição tem o claro perfil dirigente. A CF-88 é compromissória e dirigente, filha das Constituições dirigentes do segundo pós-guerra, mormente se pensarmos em países periféricos como o Brasil.

Lembro que nos anos 90 cunhei a tese de uma CDAPP — Constituição Dirigente Adequada para Países Periféricos, na esteira da já então criticada Constituição Dirigente tratada pelo constitucionalista J J Gomes Canotilho.

Dizia eu, então, no que fui acompanhado por Gilberto Bercovici, Martonio Barreto Lima e Marcelo Cattoni, que a nossa Constituição, a par das críticas ao dirigismo original feito pelo próprio Canotilho, continuava dirigente [2]. Mais: de minha parte, a tese do dirigismo constitucional continua válida enquanto não resolvermos o triângulo dialético propugnado pelo próprio Canotilho, inspirado em Johan Galtung (falta de segurança, pobreza e falta de igualdade política). A Constituição ainda vale. E nela nada consta sobre Banco Central independente ou autônomo. Banco Central aparece oito vezes no texto da Constituição. Nenhuma vez sequer se insinua a sua autonomia ou independência para além do poder do presidente da República — basta ver que o regime continua sendo o presidencialista.

Trata-se de analisar o papel do Estado na economia. E o do governo. Enquanto não resolvermos esses problemas (pobreza, segurança e igualdade política), ainda precisamos de forte atuação estatal para a consecução desses objetivos constitucionais. Isto é, aqui no Brasil a Constituição que dirige não morreu. E por isso precisamos de uma Constituição que diga o que fazer. Que resgate compromissos. Que resgate as promessas modernas até hoje incumpridas. E a nossa diz claramente como fazer isso. Quer queiramos, quer não queiramos. A Constituição é um fato. Ou ela vale apenas quando se fala em imunidades e isenções?

Não parece adequado à Constituição um organismo como o Banco Central autônomo, cujo presidente, sem mandato popular, sem legitimidade, estabeleça as diretrizes do desenvolvimento econômico. Porque, no fundo, é isso que acontece. O Banco Central manda mais que o presidente.

O Brasil é uma República representativa. Presidencialista. Elege-se o presidente para elaborar políticas públicas. Que devem ser compatíveis e obedecer a Constituição. Ora, se o presidente do Banco Central resolver triplicar a taxa de juros em relação ao índice inflacionário (duplicada já está) e isso gerar mais pobreza, quer dizer que a atuação do presidente do Banco Central é inconstitucional, porque a Constituição diz o contrário. Pior: a culpa e responsabilidade serão debitadas na conta de quem foi eleito presidente. Da República. E não do Banco Central. Sei que parece uma platitude dizer isso. Mas por aqui há que se dizer o óbvio — que se esconde no anonimato.

Tem-se a impressão de que estamos no mundo de paroxismos. Ocorre uma disputa quase fratricida nas eleições. Quase ocorreu um golpe. Elege-se o presidente. E quando ele quer fazer cumprir, para o bem e para o mal, sua plataforma de governo, o presidente do Banco Central atua como superego da nação.

Resta saber se o Banco Central pode tanto a ponto de ser esse superego, espécie de grilo falante do sistema político-econômico.

Numa palavra final, retomo Bercovici, para dizer que, para além de toda a questão constitucional, o problema da “independência” do Banco Central é menos jurídico e essencialmente político. A pergunta que deve ser feita é: Banco Central independente de quem?

Ao que parece, o BC é independente do sistema político e de todo e qualquer controle democrático — com o que se volta à questão constitucional.

Por último, alguém dirá que essa questão já está decidida pelo STF. Respondo, dizendo: mas o STF não disse que o modelo anterior era inconstitucional. Consequentemente, então, na pior das hipóteses, a Constituição admitiria mais de uma possibilidade de configuração. Além disso, o fato de o STF dizer por último não significa que esteja sempre certo. E decisões não são eternas.

Isto é, o presidente da República pode entender, e o Congresso também, que esse modelo de “independência” do Banco Central criou um problema do ponto de vista político e econômico.

Ou, ironicamente, a possibilidade de rever decisões que afetam estruturalmente a vida das pessoas seria inconstitucional?

Por isso, diante do problema criado, cabe alterar o modelo de Banco Central. Isso porque a alteração do modelo não é inconstitucional. Ao contrário, tornar-se-ia adequado ao modelo constitucional compromissório e dirigente inscrito na Constituição do Brasil.

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Lula tratorou o bibelô do sistema financeiro, Roberto Campos Neto

Lula foi direto ao ponto na questão central da economia brasileira. Ele colocou o dedo na ferida dessa escandalosa taxa de juros tocada pela batuta do presidente do BC, Roberto Campos Neto.

A princípio, a mando do baronato do dinheiro grosso, a mídia fez a leitura do que é especialista, digo, leitura de 1ª série primária, para defender a ferro e fogo essa lógica pornográfica que só tem serventia a um sistema inútil para a sociedade, descabido para o país, mas extremamente conveniente aos rentistas.

O incômodo que Lula causou foi de significativa presteza para o Brasil e o povo brasileiro, extorquidos pelo sistema que acostumamos chamar de mão invisível do mercado, mas que é tocado por pessoas de carne e osso e, por isso mesmo bambearam com a fala potente e fundamental de Lula.

Ou seja, Lula deixou bem claro que não voltou para fazer gênero, mas para governar e cobrou definição de uma política do Banco Central que tem que prestar contas à sociedade e não aos punguistas do sistema financeiro, que enxergam o brasileiro como um batedor de carteiras enxerga sua vítima.

Agora há uma aglomeração de críticos ao BC na mídia, porque ninguém aguenta mais a prática de furtos de um sistema financeiro bandalha, despudorado, que se comporta de maneira indecorosa, totalmente dissociado da realidade do país.

Pois bem, o intocável, Roberto Campos Neto, na era Bolsonaro, era recatado, do lar, um pudico, um casto para cumprir a função cínica de cupido entre os lucros estratosféricos dos urubus financeiristas com o bolso dos brasileiros sem jamais enfrentar um inconveniente.

Foi aí que Lula entrou em campo para honrar a dignidade do povo brasileiro e denunciar a política indecente do BC, que não apresenta nada de técnico de um sistema degenerado em que a lasciva presidência do Banco Central sempre cerrou fileira.

Lula quis saber o que tem no subsolo desse mundo reservado aos ricos, e foi exatamente aí que a terra de Campos Neto tremeu, mostrando que ele tem plena consciência de que os juros são obscenos.

Logo após sua entrevista no Roda Viva, Campos Neto viu as críticas a essa depravada política do BC se agigantarem, de maneira intensa e ferrenha.

O fato é que Lula teve a coragem de, num frio realismo, adotar uma fala dura cobrando do presidente do BC uma atitude nacional, não admitindo um regime de mentiras adotado como técnica de economia.

A fala de Lula teve a eficiência de um trator que deixou Campos Neto sem rumo.

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Campos Neto é o padre Kelmon dos banqueiros plantado no Banco Central “independente”

O que é e para que serve esse tal de Banco Central independente no Brasil?

É isso que a sociedade brasileira quer saber.

O que está claro, e ficou ainda mais escancarado, depois da entrevista de Campos Neto no Roda Viva, é que ele e o mercado financeiro estão chantageando o povo.

Para começo de conversa, tem que perguntar: um presidente do Banco Central, que arrota uma suposta técnica, mas leva cola para uma entrevista, presta?

A verdade é que a burguesia blefa, e Lula mostrou para a sociedade que o BC coloca os juros que os banqueiros querem, sem qualquer critério técnico. Isso foi tão bem entendido pelo povo que a pesquisa Genial/Quaest apontou que 76% dos brasileiros concordam com as críticas de Lula aos juros abusivos do Banco Central.

No Roda Viva, baseado apenas em arrogância, o gabola Campos Neto martelou a mesma chantagem funesta do Estadão: “se baixar os juros, os pobres sofrerão”.

O Brasil não pode mais continuar sequestrado pelo bolsonarismo, e Roberto Campos, do BC, é um.

Ao fim e ao cabo, Campos Neto, em duas horas de entrevista, não respondeu por que as taxas de juros seguirão extorquindo os brasileiros, aliás essa questão central não foi colocada na mesa para não incomodá-lo.

Vera Magalhães, com seu escapulário, foi extremamente amável, nenhuma pergunta sobre suas contas em offshore.

Mesmo lendo uma cola, Campos Neto, objetivamente, não respondeu nada. Mas como o Brasil é o único país em que a mídia defende aumento de juros, a coisa passou em brancas nuvens.

Por tudo isso, a mídia, que se diz defensora da democracia, tentou a todo custo censurar o presidente da República por questionar a taxa de juros.

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Roberto Campos Neto não respondeu por que o Brasil tem os juros mais altos do mundo?

Vera Magalhães e sua, já famosa imparcialidade, escreveu um artigo hoje em O Globo, dizendo que, no Roda Viva, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, ergueu bandeira branca, e perguntou, PT aceitará?

A lista de bobagens que Vera escreve em seu artigo se choca com as críticas pesadas que o presidente do BC recebeu no twitter, logo após a entrevista, que buscou flexibilizar todos os engodos e contradições do moço.

Quem assistiu à entrevista, viu o cientista econômico soltar balões para consumo interno, ou seja, para emagrecer as políticas sociais do governo Lula e seguir o roteiro do próprio bolsonarismo, do qual ele é parte.

Aliás, num daqueles lapsos, Campos Neto, que arrota independência, soluçou que tomava bronca de Bolsonaro quando recebia no BC opositores do governo.

Um sujeito que leva cola, bem ao estilo Bolsonaro, tem a cara de pau de ler respostas, é quem já sabia de antemão o teor das perguntas, pode dizer que sabe o que está fazendo quando adiciona arrogância em sua fala, afirmando que não vai baixar nenhuma taxa de juros, quando, no passo seguinte, responde de maneira evasiva, marota uma questão central?

Quando perguntado por que não são divulgados os nomes das empresas que têm autorização para o comércio de ouro com o Banco Central sem nenhum monitoramento, Campos responde, não sei responder essa pergunta, deve ter uma regra, porque somos transparentes.

Essa resposta é um gigantesco insulto à inteligência dos brasileiros, porque, numa única linha, ela é absolutamente contraditória. Campos diz que comanda um sistema transparente, mas não sabe responder a essa pergunta, e ainda diz que deve ter uma regra?

O fato é que Campos Neto tem aquela sensibilidade social de um elefante pisando em ovos.

Segundo o próprio, o Pix, que ele julga ser mais importante que a invenção da roda, é uma agenda de responsabilidade social, e dá uma explicação inacreditável: facilita que os garotos possam vender doces na rua.

Campos Neto, como se sabe, é um office boy dos bancos dentro do Banco Central, daí a defesa sobre qualquer pergunta em qualquer lugar que tem da mídia 24 horas por dia.

Qualquer crítica à taxa de juros do BC é vista pela grande mídia como ameaça à democracia.

Ficou claro, no entanto, que ele vai tentar a todo custo, impedir que Lula tire o Brasil dessa lama em que ele e Paulo Guedes e Bolsonaro jogaram o país.

Cada dia fica mais vivo que o sujeito, que tem a cara de pau de dizer que tem uma postura independente, indo votar com a camisa da seleção, fugindo da pergunta se realmente usou a camisa bolsonarista, além de não ter independência coisa nenhuma, mostra-se muito mais escorpiônico.

André Lara Resende tem sido um duro crítico dos juros altos do BC e, portanto, um dos pais do Real, afirmou que o Brasil pode enfrentar recessão séria, se mantiver os juros nas alturas. Mas o Roda Viva de Vera Magalhães é o Roda Viva de Vera Magalhães, é um pensamento alinhado com o antipetismo que compra qualquer gororoba que siga nessa direção e, lógico, preparou sua bancada com a cara da dona da festa.

A mídia, que é uma espécie de tribunal pró-sistema financeiro, arrumou hoje um jeito de reinterpretar a entrevista de Campos no Roda Viva com uma maquiagem que deixou a cara do sujeito ainda mais borrada.

O fato é que Campos Neto chegou com seu clichê pronto, dizendo que, mudar meta de inflação agora, terá efeito contrário ao desejado.

E o que isso quer dizer além de nada? Quer dizer o principal, que Roberto Campos Neto, presidente do BC, ficou sentado confortavelmente na cadeira central do Roda Viva durante duas horas sem responder a principal pergunta que os brasileiros estão fazendo, por que o Brasil tem os juros mais altos do planeta?

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A marca de batom na cueca de Campos Neto

Florestan Fernandes Jr*

Em 29 de abril de 2021, toma posse o primeiro presidente do “tal” Banco Central autônomo, justamente Roberto Campos Neto, que já comandava o BC por indicação de Paulo Guedes e teve seu mandato prorrogado por Bolsonaro até dezembro de 2023.

Na prática, ao entrar em vigor no meio do mandato de Bolsonaro, a lei Complementar 179/2021 permitiu ao ex-presidente da República, mesmo estando fora do poder, continuar determinando a política monetária do país.

A estratégia é perfeita, não fossem os deslizes de Campos Neto na sua ligação umbilical com a extrema-direita bolsonarista. Deixou-se fotografar em manifestações com a camisa amarela, participou ativamente da reeleição de seu “chefe” e era ativista num grupo de WhatsApp dos ministros de Bolsonaro.

Hoje (13/02), a coluna de Guilherme Amado no Metrópoles publica a prova incontestável dessa relação despudorada de Roberto Campos Neto com Bolsonaro, a marca indelével de sua adesão apaixonada ao projeto político bolsonarista.

Durante a campanha eleitoral do ano passado, o presidente do “BC Independente” fazia previsões estatísticas em grupo de WhatsApp que garantiam a vitória de seu dileto candidato, cuja reeleição era dada como certa por Campos Neto. Mais do que eleitor, entusiasta da campanha, o atual presidente do BC alimentava animadamente a Confraria dos vilões da democracia.

Toda essa situação é extremamente preocupante. Seja porque ficou evidente que Campos Neto não é capaz de demonstrar ou mesmo inspirar a necessária postura de independência política e econômica que o cargo exige; seja porque já dá para cravar que o presidente do BC anda longe da expertise em projeções e estatísticas… lembrando que a função do BC é a de prever os riscos de inflação e determinar a taxa de juros adequada para o controle da nossa economia.

Pelo seu próprio histórico de parcialidade política e econômica, não existe mais a imparcialidade fundamental para manter Campos Neto na presidência do BC. Não resta outra saída ao presidente Lula senão encaminhar imediatamente denúncia ao Senado Federal pedindo a substituição imediata de Campos Neto, antes que seja tarde demais e o quadro de recessão que se avizinha se torne irreversível.

*Com 247

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Os juros do BC são mais uma teoria neoliberal vendida como fábula

No Brasil, se a inflação oficial foi, em 2022, de 5,79%, o que justifica, de forma concreta, o Banco Central manter a taxa de juros em 13,75%? Que manual econômico defende isso?

Essa é a questão central que a mídia parece querer somar silêncio com o próprio presidente do BC.

Aliás, os tecnocratas neoliberais desse país jamais revisitaram suas lambanças, a maior delas, a privataria de FHC.

Na verdade, a direita, no Brasil, odeia o passado. odeia a própria história e, consequentemente. vive de rótulos para que o conteúdo de determinados resultados atualizados não venha à tona. Isso acontece em todos os campos da política.

Não é sem motivos que a mídia reagiu mal em favor dos mitos que justificaram o golpe do impeachment m Dilma, quando Lula revisitou o assunto e tirou do Bolso uma verdade cristalina, foi golpe.

Isso também ocorre com a Lava Jato, um produto muito mais da direita, mais precisamente da grande mídia, do que do sistema judiciário brasileiro.

Até hoje o colunismo se pega na suposta devolução de dinheiro, sobretudo a de Pedro Barusco que, na CPI da Petrobras, disse que montou o seu esquema de corrupção ainda no governo FHC, em 1996, seis anos antes da chegada de Lula ao poder.

Para isso, a mídia fecha os olhos, os ouvidos, mas principalmente para a história real de cada personagem utilizado na Lava Jato para descrever o “mar de corrupção” na Petrobras. Isso, sem falar que jamais cobrou provas concretas de Moro que justificasse a condenação e prisão, porque sabe que elas não existem, porque jamais existiu crime do atual presidente da República.

O mesmo se dá agora quando a mídia ataca Lula em defesa do presidente do BC, o bolsonarista ideológico de extrema direita, Roberto Campos Neto.

A disparidade entre o valor do dólar e a inflação, é gritante. Por isso, a mídia passa a léguas desse que é o ponto nevrálgico da questão, reduzindo tudo a um suposto populismo de Lula que, segundo as redações, não tem responsabilidade com a meta oficial da inflação e, muito menos com o equilíbrio fiscal, ou seja, o oposto do que ocorreu nos 8 anos do governo Lula, quando a meta fiscal foi para lá de respeitada por Lula. A inflação oficial caiu de forma vertiginosa, assim como a dívida pública.

Lula não estourou qualquer meta, ao contrário, acumulou garantias para o mercado de que não existiria qualquer risco para o investidor.

Não foi sem motivos que Lula encerrou seus governos com o fiel da balança, tendo 87% de aprovação da sociedade brasileira.

O que aqui se quer dizer é que, até agora, a questão central não foi respondida pelos burocratas do Banco Central “independente”, porque um índice de 5,79% de inflação mereceu como remédio que, na verdade, é um veneno para a economia brasileira, a taxa de juros de praticamente 14%.

E mais, esqueçam as taxas mensais pornográficas dos bancos que chegam a 1.000% ao ano. Lembrem-se que as taxas chegam aonde chegam porque a matriz desse pensamento que, não tem sequer palavras para descrever, é a fonte, é a base, é a própria ideologia de exploração que assola a economia brasileira e o bolso dos trabalhadores.

Ou seja, fazer discussão política sem discutir o cerne da questão, é tudo o que interessa aos que ganham muito com essas taxas nas alturas, os barões do sistema financeiro para quem os tecnocratas sempre trabalharam verborragicamente e efetivamente para fazer o papel de Robin Hood às avessas.

Está na hora do Brasil dar um basta na fábula neoliberal e ir para a vida concreta, a vida como ela é para o povo brasileiro, depois da desastrosa política monetária de Paulo Guedes no governo Bolsonaro, em parceria siamesa com o bolsonarista ideológico que preside o Banco Central, Roberto Campos Neto.

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André Lara Resende, pai do Plano Real, faz coro com Lula na crítica ao Banco Central: ‘esses juros estão errados’

A promessa do Banco Central independente é a de que não haveria nenhuma influência tecnocrata, muito menos teocrática do clero abastado do deus mercado. Porém, o que se vê é um pensamento amesquinhado, descolado da realidade da população, pois beneficia uma classe opulenta, que se acha gente da nobreza, porque é a classe mais poderosa economicamente.

Pior, o pensamento que predomina nessa classe é o de uma ambição perigosa, o que produz esse gigantesco desequilíbrio social que o Brasil vive.

O embuste do Banco Central independente brindou-nos com isso, uma espécie de laboratório do inferno para a imensa maior parte dos brasileiros, sobretudo porque essa gente burguesa tem costas largas nas redações da mídia.

Quando Lula subiu o tom em suas críticas contra os juros do Banco Central, dizendo que ele não pode se transformar num tronco feroz da escravidão financeirista, a mídia correu para dizer que Lula “falava com a alma de um populista”, carregado de nacionalidades pueris e que, também por isso, transformou-se num expoente natural daqueles que não entendem nada de economia.

Mas, agora, a prosa terá que mudar de rumo, porque o pai do Plano Real, André Lara Resende, quem a mídia sempre teve em sua conta as luzes e ilustrações mais fortes, não quis saber de poetizar os juros e muito menos mimar o presidente do BC, Roberto Campos Neto, cristalizando assim a sua crítica contundente com esta frase:

“Faz sentido nesse contexto você ter uma taxa de juros há dois anos nesse nível? Claramente não. Os objetivos do Banco Central, determinados na lei que deu autonomia ao Banco Central são o controle da inflação, a estabilidade do sistema financeira e a garantia do pleno emprego. Obviamente essa taxa de juros de 13,75%, é incompatível com esses objetivos. Ela está errada”, disse.

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Roberto Campos Neto, do BC, virou a nova vaca sagrada da mídia

Não se fala de outra coisa nos blogs, sites da imprensa corporativa que não seja em defesa do presidente do Banco Central, Roberto Campos, por sua política de juros altos.

Nada de novo no front, todo e qualquer tecnocrata, neoliberal é, de antemão, visto com os olhos da mídia, como quem está enxergando a própria divindade. Mas por enxergar nele um oponente de Lula, ela já o colocou num pedestal mais alto de intocável.

As duas mais recentes vacas sagradas, sobretudo para as Organizações Globo, foram Collor e Moro. Deu no que deu.

Ainda agora, Sergio Moro, em última análise, foi considerado um juiz corrupto e ladrão em seu próprio território, Curitiba, considerado curral jurídico do ex-xerife da Lava Jato.

Collor, dispensa comentário.

A única coisa que a mídia esquece quando critica Lula por reclamar do Banco Central praticar juros astronômicos, que faz o Brasil ter taxa real mais cara do mundo, é que se dentro de três meses a economia não atender às expectativas da mídia, ela não cobrará de Roberto Campos, mas de Lula.

Ou seja, o homem do mercado não pode ser criticado justamente por representar a cartilha da plutocracia. Assim, a mídia cairá de pau em cima de Lula e não do presidente do Banco Central que insiste numa taxa de juros pornográfica para qualquer mortal nesse país, o que é absolutamente proibitivo para o país retomar o crescimento.

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A pergunta que a mídia não faz sobre o Banco Central

É escandaloso o fetiche que os colunistas da grande mídia levam a ferro e fogo quando o assunto é economia.

Já no prefácio de suas limitadas análises, o escândalo aparece com uma literatura em série que, de forma geral e de cara, limita o debate sobre temas que são caros ao país. Pior, acham mesmo que determinados assuntos não devem fazer parte do debate na sociedade, eles têm que estar restrito e reservado à publicação das redações.

É só fazer um retrospecto de toda a literatura que serve a interesses de grandes grupos econômicos no Brasil, que se observará que os primeiros mártires do neoliberalismo brasileiro, a começar pelo ministro da Fazenda da ditadura, Roberto Campos, como prova de que o malabarismo para se pregar um determinado conto econômico, é nota primeira dos editores.

Ou seja, independente de democracia ou ditadura, o jornalismo econômico sempre priorizou a defesa dos interesses das classes economicamente dominantes no Brasil.

Seja que ministro for, do governo que for, a conclusão dos editorialistas precisa introduzir falsos depoimentos, porque não vêm acompanhados de prova que mostrem ao menos um traço concreto que conclua que o que está em jogo é o interesse do país e da população.

Assim, o que se pode dizer com a mão na consciência, sem medo de errar, é que essa linha de ação da mídia brasileira é a mais acentuada característica de quem sempre se colocou contra os sacrificados, aonde tudo se arranja para que o algoz sempre vença.

E é bom lembrar que não é um artigo aqui, outro acolá, é campanha acirrada em que as forças contrárias ao desenvolvimento do país e ao bem-estar da população, estes são violentamente atacados numa luta de classe em que a mídia jamais teve a grandeza de abrir mão de uma irredutível posição a favor da oligarquia para dar peso equivalente aos dois lados da moeda. Ao contrário, agiu como um supremo tribunal, condenando o povo em benefício da elite.

É assim em todos os temas delicados desse país, em que, de um lado, os interesses da coletividade são tratorados por um pedacinho privilegiado do país nas penas do colunismo sabujo do grande capital.

Nesse exato momento, a pergunta a ser feita é: Em 25 de fevereiro de 2021, a lei, que tornou o Banco Central independente, entrou em vigor. O que mudou na vida concreta dos brasileiros nesses dois anos?

A mídia não vai responder por que a economia brasileira está no fundo do poço. E a independência do Banco Central é apenas uma parte perfurada pelos golpistas que Bolsonaro, via Guedes, sublinhou.

Mas nesse particular, abriu-se todas as portas do tesouro nacional para a plutocracia e, no mesmo processo, fechou para todo o restante do Brasil.

Daí que, na marra, tentando baixar a temperatura política, a mídia não aceita sequer a opinião de Lula, o atual chefe da nação, só porque Lula rompeu, como feixe de luz, a verdade absoluta de que o Banco Central deve ser independente, como martela a mídia, e jamais questionado por suas taxas de juros.

Na contraposição a Lula, qual é a resposta que a mídia dá à população? O futuro dirá.

Todo o sacrifício do povo fica sem resposta. E o futuro prometido, como se sabe e viu-se em todas as reformas, cai em total esquecimento, como se de fato a solução da economia brasileira dada pelos neoliberais fosse a certa.

É a velha onipotência de uma mídia que acha que manda no país, em que a segunda parte das questões, ou seja, a parte que interessa à população é, literalmente, abolida da cartilha dos senhores doutores da economia midiática, o que demonstra que essa gente não faz outra coisa senão uma campanha pueril em favor dos interesses de uma minúscula parcela da população, os muito ricos, que formam o cordão dos felizes, banqueiros e rentistas.

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Opinião

Ao contrário do que diz a Folha, Lula não está isolado, o povo está com ele

Se Bolsonaro, frouxo como é, não teve coragem de, em nome do bem público, defender as necessidades do povo contra banqueiros e rentistas, os interesses desses grupos financeiros, aqui por diante, com Lula, enfrentarão uma guerra de um governo forte que tem com ele, literalmente, a força do povo.

Ao contrário do que diz a Folha de São Paulo, Lula não está isolado, porque, segundo ela, o Congresso não prevê alterar a autonomia do Banco Central. Se o Congresso pretende agir assim, azar o dele.

As críticas feitas pelo presidente Lula à maior taxa de juros do planeta, são acompanhadas até por quem não votou nele.

Pouco importa se Pacheco e Lira descartem a mudança de regras que prevê o Banco Central independente, o mesmo banco tocado por um sujeito que simplesmente fraudou o fluxo de caixa em R$ 12 bilhões para ajudar Bolsonaro na eleição.

Pouco importa o que a Folha diz para atacar Lula em defesa dos muito ricos, dos barões do sistema financeiro. No Brasil, o tamanho da fila do osso está umbilicalmente associado ao tamanho das taxas de juros do Banco Central e, consequentemente, à farra dos banqueiros que cobram juros reais de crédito que chegam a 1000% ao ano.

Essa é uma das piores formas de ditadura, pois, como sabemos, produz uma prosperidade às avessas em que 33 milhões de brasileiros vivem na mais absoluta miséria, enquanto mais da metade da população vive insegurança alimentar.

Do outro lado, o dos ricos, é só felicidade com recordes e mais recordes de lucros extraídos dos pobres diabos que se sujeitam ao precipício financeiro quando enfrentam as taxas de juros mais imorais do mundo.

Mas os bonecos do mercado na mídia atacam quem? Lula, porque não podem atacar o alvo real, o povo.

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