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O resultado da visita de Lula à China

Em visita de Estado à China, o presidente Lula (PT) e sua comitiva firmaram, nesta terça-feira (13), um conjunto de 20 atos bilaterais com o governo chinês. Os acordos abrangem áreas estratégicas como infraestrutura, ciência e tecnologia, agricultura, energia, meio ambiente, finanças, inteligência artificial, saúde, cultura e comércio internacional.

A assinatura dos documentos ocorreu paralelamente à 4ª Reunião Ministerial do Fórum China-CELAC, da qual Lula participou como convidado especial, ao lado de outros chefes de Estado e ministros da América Latina e do Caribe. Em declaração conjunta emitida pelas duas partes, Brasil e China se comprometeram a fortalecer a chamada “Comunidade de Futuro Compartilhado” e defender um mundo mais justo, sustentável e multilateral.

VEJA A LISTA COMPLETA DOS ATOS ASSINADOS ABAIXO:

  1. 1) Memorando de Entendimento entre a Casa Civil da Presidência da República Federativa do Brasil e a Comissão de Desenvolvimento e Reforma da República Popular da China sobre a Cooperação para a Primeira Etapa do Plano de Cooperação para o Estabelecimento de Sinergias entre o Programa de Aceleração do Crescimento, o Plano Nova Indústria Brasil, o Plano de Transformação Ecológica, o Programa Rotas da Integração Sul-Americana; e a Iniciativa Cinturão e Rota
  2. 2) Declaração Conjunta de Intenções entre o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil e a Administração Espacial Nacional da China sobre o Compartilhamento de Dados Espaciais om os Países da América Latina e do Caribe
  3. 3) Memorando de Entendimento entre Banco Central do Brasil e Banco Popular da China sobre Cooperação Estratégica no Campo Financeiro
  4. 4) Memorando de Entendimento entre o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima da República Federativa do Brasil e a Administração Nacional de Florestas e Pastagens da República Popular da China sobre Cooperação em Restauração de Vegetações e Sumidouros de Carbono
  5. 5) Memorando de Entendimento para o Estabelecimento Conjunto de um Centro de Transferência de Tecnologia entre o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação da República Federativa do Brasil e o Ministério da Ciência e Tecnologia da República Popular da China
  6. 6) Memorando de Entendimento sobre o Reforço da Cooperação em Inteligência Artificial entre o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços da República Federativa do Brasil e a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da República Popular da China
  7. 7) Memorando de Entendimento (2025–2030) sobre Cooperação em Agricultura Familiar Moderna e Mecanização Agrícola entre o Ministério da Agricultura e dos Assuntos Rurais da República Popular da China e o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar da República Federativa do Brasil
  8. 8) Carta de Intenções sobre a Promoção do Desenvolvimento de Alta Qualidade da Cooperação em Investimentos na Economia Digital entre o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços da República Federativa do Brasil e o Ministério do Comércio da República Popular da China
  9. 9) Plano de Ação de Cooperação para o Desenvolvimento Sustentável da Mineração (2025–2026) entre o Ministério de Minas e Energia da República Federativa do Brasil e a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da República Popular da China
  10. 10) Acordo de Swap de Moedas Locais entre o Banco Central do Brasil e o Banco Popular da China
  11. 11) Memorando de Entendimento entre o Ministério da Agricultura e Pecuária da República Federativa do Brasil e a Administração-Geral de Aduanas da República Popular da China na Área de Medidas Sanitárias e Fitossanitárias
  12. 12) Protocolo de Requisitos Sanitários e Fitossanitários para a Exportação de Proteínas e Grãos Derivados da Indústria do Etanol de Milho e Farelo de Amendoim, da República Federativa do Brasil para a República Popular da China, entre a Administração-Geral de Aduanas da República Popular da China e o Ministério da Agricultura e Pecuária da República Federativa do Brasil
  13. 13) Protocolo entre o Ministério da Agricultura e Pecuária da República Federativa do Brasil e a Administração Geral de Aduanas da República Popular da China sobre Inspeção, Quarentena e Requisitos de Segurança de Alimentos para a Exportação de Carne de Aves do Brasil para a China
  14. 14) Memorando de Entendimento entre a Comissão Nacional de Energia Nuclear e a Autoridade de Energia Atômica da China para Cooperação no Desenvolvimento Sustentável da Energia Nuclear
  15. 15) Memorando de Entendimento no Campo da Comunicação em Saúde entre o Ministério da Saúde da República Federativa do Brasil e a Agência de Notícias Xinhua da República Popular da China
  16. 16) Memorando de Entendimento entre a ApexBrasil e o China Media Group
  17. 17) Protocolo de Intenções de Cooperação entre o Ministério de Minas e Energia da República Federativa do Brasil e a Administração Nacional de Energia da República Popular da China
  18. 18) Memorando de Entendimento entre o Ministério de Minas e Energia da República Federativa do Brasil e a Administração Nacional de Energia da República Popular da China sobre Cooperação em Etanol e Mobilidade Sustentável
  19. 19) Memorando de Entendimento para a Cooperação no Setor Postal entre o Ministério das Comunicações da República Federativa do Brasil e o State Post Bureau da República Popular da China
  20. 20) Memorando de Entendimento entre a ApexBrasil e o Conselho Chinês para a Promoção do Comércio Internacional.

*Com informações de Guilherme Paladino/247

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Mundo Política

China produzirá vacinas contra a dengue desenvolvidas 100% pelo Brasil; veja outros acordos de Saúde e Tecnologia

Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou em Pequim a aceleração de parcerias em medicamentos

“Certamente teremos o maior programa de vacinação pública contra a dengue, com a nova vacina desenvolvida pelo Instituto Butantã”, disse o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, em entrevista coletiva nesta segunda-feira (12) em Pequim, onde acompanha a visita ao país do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Padilha se refere à primeira vacina contra a dengue, totalmente brasileira, desenvolvida numa parceria entre o Instituto Butantan e a chinesa WuXi Biologics, como parte do Programa de Desenvolvimento Local e Inovação (PDIL) do Ministério da Saúde.

“O Butantã resolveu a tecnologia, mas não tinha a capacidade de produção de escala para atingir rapidamente o público brasileiro”, explicou.

Essa foi uma das três parcerias que já estavam em andamento, mas que, segundo o ministro, foram aceleradas. Outra foi a produção no Brasil de insulina glargina, que deve garantir ainda este ano 20 milhões de unidades do medicamento, numa parceria entre a Fiocruz, a brasileira Biomm e a chinesa Gan & Lee.

Uma terceira tem a ver com “a instalação de ‘hospitais inteligentes’em diversas regiões do Brasil, que usam inteligência artificial, praticam cirurgias robóticas e promovem o apoio ao desenvolvimento dessas tecnologias”.

Novos memorandums
Um acordo novo será a criação do iBRID — Instituto Brasil-China para Inovação em Biotecnologia e Doenças Infecciosas e Degenerativas, uma parceria entre as empresas Eurofarma, uma multinacional biofarmacêutica brasileira e a chinesa Sinovac Biotech.

O ministro afirmou que a parceria cria uma “possibilidade muito ampla de desenvolvimento, não só tecnológico, mas de escala de produção para essa empresa nacional brasileira, podendo contribuir muito para o Ministério da Saúde”.

“Inclusive é uma plataforma de exportação a partir do Brasil para a região das Américas, continente africano, mercados muito importantes para os produtos brasileiros”, argumentou Padilha.

Um segundo acordo na área de saúde assinado nesta segunda-feira visa reduzir a dependência de importação e garantir autonomia do SUS em relação à produção de Insumos Farmacêuticos Ativos (IFAs), substâncias químicas utilizadas na fabricação de medicamentos.

A parceria será entre a Nortec Química S.A., envolve transferência de tecnologia das chinesas Aurisco, Acebright e Goto Biopharm. O projeto aumentar a capacidade de produção de IFAs sintéticos para até 500 toneladas por ano,

Um último acordo foi para atualização dos equipamentos de raios-X no Brasil. Segundo o Ministério da Saúde, a parceria que envolve Careray, Shantou Institute of Ultrasonic Instruments, entre outras empresas chinesas, visa fabricar equipamentos de ultrassom que permtirão exames mais baratos e de melhor qualidade.

*BdF

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Comércio exterior do Brasil bate recorde histórico nos últimos 12 meses

Enquanto o presidente dos EUA, Donald Trump, se esmera em prejudicar o próprio país, impondo um tarifaço irracional que apenas isola os americanos do resto do mundo, o comércio exterior do Brasil segue registrando desempenho impressionante.

Segundo números oficiais divulgados ontem, a corrente de comércio do Brasil, que soma exportações e importações, totalizou US$ 607,65 bilhões no acumulado de 12 meses até abril. Este valor representa mais um recorde histórico para o país, superando o recorde anterior alcançado em 2023, de US$ 606 bilhões.

Já o saldo comercial do país ficou positivo em US$ 64,98 bilhões nos últimos 12 meses, o que é a segunda melhor performance da história, apenas superada pelos US$ 102 bilhões de 2024, sempre considerando o período de 12 meses de maio a abril do ano seguinte.

Um aspecto particularmente positivo dos números é o aumento da participação de produtos industrializados na pauta de exportação brasileira.

Segundo o Comexstat, o banco de dados público da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), as exportações brasileiras de produtos classificados como pertencentes à “indústria de transformação” chegaram a US$ 184 bilhões nos últimos 12 meses até abril, o maior valor da história, de acordo com o Cafezinho.

Enquanto as exportações agropecuárias e extrativas caíram nos 12 meses até abril, a da indústria avançaram 3% no mesmo período.

Em relação aos produtos exportados, os principais, por ordem de grandeza, foram petróleo, soja, moedas, minérios, carne, açúcares, café e aço.

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Política

No Brasil, informalidade recua ao menor nível desde a pandemia

Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), provenientes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (Pnad Contínua), revelam a consolidação da formalização do trabalho no Brasil, evidenciada pelo aumento de vagas com carteira assinada. A pesquisa aponta que a informalidade atingiu o menor índice da sua série histórica, desconsiderando os dados atípicos de 2020.

Especialistas notam que o crescimento do emprego formal superou as expectativas, levando a uma revisão das projeções de geração de vagas, mesmo com a previsão de desaceleração da economia no segundo trimestre. A taxa de desocupação ficou em 7% no trimestre encerrado em março, um aumento em relação aos 6,6% do trimestre anterior. Contudo, ajustada sazonalmente, a taxa caiu para 6,5%. Fernando Honorato, economista-chefe do Bradesco, sublinha que a redução do desemprego tem um impacto positivo na formalização do trabalho.

Honorato observa que houve estímulos significativos do governo federal e dos governos estaduais e municipais, que impulsionaram a atividade econômica. À medida que o nível de desemprego diminui, a formalização do trabalho tende a aumentar, pois chega a uma parte da população ativa que só consegue ser empregada com ofertas melhores do que aquelas do trabalho informal.

Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostram a criação de 71,5 mil empregos formais em março. Apesar do número estar abaixo das expectativas, é considerado compensatório diante dos 431 mil novos postos gerados em fevereiro. O mercado de trabalho formal apresenta um crescimento ininterrupto por 16 meses, enquanto a ocupação informal continua a declinar pelo quinto mês consecutivo.

Analistas associam esse panorama a fatores estruturais, como a reforma trabalhista de 2017, cuja influência se tornou mais evidente com o aquecimento econômico. Segundo Honorato, o verdadeiro teste do impacto da reforma seria em um ciclo de forte crescimento, e a pandemia coincidiu com esse momento, dificultando a análise completa dos efeitos daquela legislação.

Alessandra Ribeiro, diretora da consultoria Tendências, ressaltou que a reforma trabalhista ajudou a diminuir a judicialização das demissões e aumentou a previsibilidade jurídica para as empresas. Embora o número total de ações trabalhistas tenha ultrapassado 2 milhões em 2024, a proporção destas em relação à população ocupada continua inferior ao que era antes da reforma.

Bruno Imaizumi, economista da LCA 4Intelligence, destacou que a legislação atual favorece a contratação formal em modalidades como trabalho intermitente e temporário, que já representam cerca de 11% das admissões com carteira assinada no Caged.

Entre os fatores que impulsionam a formalização estão o aumento da escolaridade e a digitalização na intermediação de vagas. O percentual de brasileiros com ensino superior triplicou entre 2000 e 2022, ampliando o acesso a empregos formais. Ribeiro também mencionou o papel das plataformas digitais que, ao reduzirem os custos de intermediação entre empregadores e empregados, facilitam contratações.

O crescimento do número de microempreendedores individuais (MEIs) contribui para os índices de formalidade; em fevereiro de 2025, havia 6,7 milhões de MEIs registrados. Muitos utilizam aplicativos para prestar serviços, mas uma parcela significativa opta pela formalização para acessar benefícios como crédito, previdência e proteção social.

A projeção da LCA 4Intelligence para a taxa de desemprego em 2025 é de estabilidade em 6,6%, com uma previsão de geração de 1,4 milhão de empregos com carteira assinada, superando a estimativa anterior de 1,1 milhão. A Tendências Consultoria, por sua vez, revisou suas expectativas de criação líquida de vagas formais, passando de 1 milhão para 1,5 milhão.

A combinação de estímulos das políticas públicas, os efeitos de reformas passadas e fatores estruturais no mercado de trabalho são cruciais para a trajetória atual da formalização, enquanto o primeiro trimestre de 2025 representa um período de consolidação desse processo, mesmo em um cenário de crescimento econômico mais modesto nos próximos meses.

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Brasil

Brasil sobe cinco posições no Índice de Desenvolvimento Humano da ONU

O Brasil deu um passo adiante no cenário internacional ao subir cinco posições no ranking global do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), divulgado nesta terça-feira (6), pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Com dados referentes ao ano de 2023, o país alcançou a 84ª colocação entre 193 nações analisadas, depois de ocupar o 89º lugar em 2022.

O novo levantamento aponta que o Brasil atingiu uma pontuação de 0,786 em uma escala que vai de 0 a 1 — quanto mais próximo de 1, maior o nível de desenvolvimento humano. Esse resultado mantém o país na categoria de IDH “alto”, que abrange índices entre 0,700 e 0,799. No ano anterior, o índice brasileiro era de 0,760.

Renda per capita e Saúde
A melhora foi impulsionada principalmente pelo aumento da renda nacional bruta per capita e pela retomada dos indicadores de saúde, especialmente a expectativa de vida, que voltou a subir após os impactos causados pela pandemia de Covid-19. Esses fatores ajudaram a alavancar o desempenho nacional no ranking da ONU.

No entanto, nem todos os indicadores apresentaram avanços. O relatório chama atenção para o desempenho da educação, que continua estagnado. O tempo médio de escolaridade no país segue abaixo da média observada em outras nações com IDH elevado, o que ainda limita o potencial de crescimento do Brasil no ranking global.

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Brasil

Brasil sobe 47 posições em ranking de liberdade de imprensa

Especialistas indicam clima menos hostil pós-governo Bolsonaro

O Brasil deu um salto de 47 posições no Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa da Repórteres Sem Fronteiras (RSF), organização não governamental e sem fins lucrativos. A comparação é entre a posição de 2025, quando país ficou na 63º posição, e a de 2022. Segundo os pesquisadores, há um clima menos hostil ao jornalismo depois da “era Bolsonaro”.

O estudo define liberdade de imprensa como “a possibilidade efetiva de jornalistas, como indivíduos e como coletivos, selecionarem, produzirem e divulgarem informações de interesse público, independentemente de ingerências políticas, econômicas, legais e sociais, e sem ameaça à sua segurança física e mental”.

Os números brasileiros, porém, estão entre as poucas melhoras nesse indicador de 2025. Seis em cada dez países caíram no ranking. Pela primeira vez na história do levantamento, as condições para o jornalismo são consideradas “ruins” em metade dos países do mundo e “satisfatórias” em menos de um em cada quatro.

A pontuação média de todos os países avaliados ficou abaixo de 55 pontos, o que qualifica a situação da liberdade de imprensa no mundo como “difícil”. Segundo a RSF, o ranking é um índice que mede as condições para o livre exercício do jornalismo em 180 países do mundo.

O índice tem cinco indicadores: político, social, econômico, marco legal e segurança. Com base na pontuação de cada um, é definida a pontuação geral por país. O indicador econômico foi o que mais pesou em 2025. O que significa falar em concentração da propriedade dos meios de comunicação, pressão de anunciantes ou financiadores, ausência, restrição ou atribuição opaca de auxílios públicos.

Segundo a RSF, os meios de comunicação estão divididos entre a garantia da própria independência e a luta pela sobrevivência econômica.

“Garantir um espaço de meios de comunicação pluralistas, livres e independentes exige condições financeiras estáveis e transparentes. Sem independência econômica, não há imprensa livre. Quando um meio de comunicação está economicamente enfraquecido, ele é arrastado pela corrida por audiência, em detrimento da qualidade, e pode se tornar presa fácil de oligarcas ou de tomadores de decisão pública que o exploram”, diz Anne Bocandé, diretora editorial do RSF.

“A independência financeira é uma condição vital para assegurar uma informação livre, confiável e voltada para o interesse público”.

Outros dados
Alguns países merecem destaque na pesquisa. Caso da Argentina, que ocupa a 87ª posição entre os 180 países. Segundo a pesquisa, há retrocessos pelas tendências autoritárias do governo do presidente Javier Milei, que estigmatizou jornalistas, desmantelou a mídia pública e utilizou a publicidade estatal como instrumento de pressão política. O país perdeu 47 posições em dois anos.

O Peru (130º) também foi um lugar em que pesquisadores identificaram que a liberdade de imprensa entrou em colapso, 53 posições a menos desde 2022. Os motivos apontados são assédio judicial, campanhas de desinformação e crescente pressão sobre a mídia independente.

Os Estados Unidos (57º) são marcados pelo segundo mandato de Donald Trump, que, segundo o levantamento, politizou instituições, reduziu o apoio à mídia independente e marginalizou jornalistas. No país, a confiança na mídia está em queda, os repórteres têm enfrentado hostilidade e muitos jornais locais estão desaparecendo. Trump também encerrou o financiamento federal da Agência dos Estados Unidos para a Mídia Global (USAGM).

As regiões do Oriente Médio e Norte da África são consideradas as mais perigosas para os jornalistas no mundo. Destaque, segundo a RSF, para o massacre do jornalismo em Gaza pelo exército israelense. A situação de todos os países nessas regiões é considerada “difícil” ou “muito grave”, com exceção do Catar (79º).

Big Techs
A RSF pontua o papel das big techs nos problemas atuais. Diz que a economia de mídia é minada pelo domínio do GAFAM (Google, Apple, Facebook, Amazon e Microsoft) na distribuição de informações. O que significa falar em plataformas não regulamentadas, que capturam receitas de publicidade que sustentavam o jornalismo.

Os números de 2024 mostram que o gasto total com publicidade nas redes sociais alcançou US$ 247,3 bilhões, aumento de 14% em relação a 2023. A RSF aponta que elas também contribuem para a proliferação de conteúdos manipulados ou enganosos, tornando piores os fenômenos de desinformação.

Outro ponto de preocupação é a concentração de propriedade, que ameaça diretamente o pluralismo de imprensa. Em 46 países, a propriedade dos meios de comunicação está altamente concentrada — ou mesmo totalmente nas mãos do Estado —, segundo a análise dos dados do ranking.

*Agência Brasil

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Em atrito com os EUA, a China investe para ligar o Brasil ao Pacífico

A China está investindo na construção de um corredor bioceânico para conectar os oceanos Atlântico e Pacífico, atravessando Argentina, Brasil, Chile e Paraguai. O objetivo é facilitar o comércio entre a Ásia e a América do Sul, especialmente em meio à guerra comercial com os Estados Unidos, liderada por Donald Trump. Esse projeto tem como principais metas a redução dos tempos de trânsito e dos custos logísticos para exportações agrícolas sul-americanas, como soja, carne e grãos, evitando as rotas tradicionais de navegação.

Recentemente, uma delegação chinesa visitou o Brasil para discutir projetos de infraestrutura, incluindo o Corredor Bioceânico. Essa visita está alinhada aos acordos estratégicos firmados entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Xi Jinping durante a viagem de Estado de Xi ao Brasil no ano anterior. Está previsto que o presidente brasileiro retorne a visita em maio do próximo ano.

O Canal do Panamá, que foi inaugurado no início do século passado, serve como uma importante rota para o comércio marítimo internacional, oferecendo uma alternativa para encurtar distâncias. Com seus 77,1 quilômetros, a travessia pelo canal toma entre 20 e 30 horas. As rotas alternativas incluem contornar o continente, passando pelas pontas meridionais da África e da América do Sul ou usar o Canal de Suez.

A crescente influência da China sobre esta infraestrutura estratégica é vista com preocupação pelos Estados Unidos, que a consideram um risco à segurança. O fortalecimento da influência americana na região é uma vitória diplomática para Washington, especialmente considerando a importância do Canal do Panamá no comércio mundial. A conclusão do Corredor Bioceânico pode alterar dinâmicas comerciais e geopolíticas na América do Sul.
Desde 2017, a China tem intensificado seus investimentos no Panamá, especialmente em infraestrutura portuária e logística, visando facilitar seu comércio. Como o segundo maior usuário do Canal do Panamá, atrás dos EUA, a China buscava criar condições comerciais mais vantajosas. O Corredor Bioceânico surge agora como uma alternativa ao canal, permitindo que Pequim mantenha sua influência crescente na América Latina, uma região historicamente dominada pelos EUA.

O governo brasileiro, por meio do Ministério do Planejamento e Orçamento, está desenvolvendo as cinco rotas de Integração e Desenvolvimento Sul-Americano, parte de uma agenda de integração regional. Essas rotas foram delineadas após consultas com os 11 estados brasileiros que fazem fronteira com os países sul-americanos e têm o objetivo de promover o comércio entre o Brasil e seus vizinhos, além de reduzir o tempo e o custo do transporte de mercadorias para a Ásia.

As rotas de integração incluem 190 obras já integrantes do PAC, garantindo assim recursos orçamentários. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) investiu US$ 3 bilhões, enquanto instituições regionais, como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF), contribuíram com mais US$ 7 bilhões. Para completar os projetos de logística, investimentos adicionais serão necessários, abrindo espaço para a participação chinesa.

O governo brasileiro estima que as rotas estejam operacionalizadas entre 2025 e 2027, o que poderá transformar a dinâmica do comércio regional e facilitar a conexão entre o Brasil, seus vizinhos e a Ásia, além de potencialmente alterar a influência chinesa na América Latina. Com Metrópoles.

Veja detalhes:

 

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Comércio do Brasil com BRICS atinge US$ 235 bilhões, recorde histórico

O comércio exterior do Brasil nos últimos 12 meses até março totalizou US$ 608 bilhões, o segundo maior valor da história, superado apenas pelo mesmo período até março de 2023, quando havia atingido US$ 610 bilhões.

Foram US$ 337 bilhões de exportação, mais US$ 271 bilhões de importação, perfazendo também um saldo comercial de US$ 66 bilhões.

Apenas para os países dos BRICS ampliado, hoje formado por 22 países (10 membros plenos, mais 12 não plenos), o comércio do Brasil totalizou US$ 235 bilhões nos últimos 12 meses até março, um recorde histórico.

Já o comércio com os EUA, que era superior a 20% no início dos anos 2000, passou a oscilar entre 13% e 14% nos últimos 20 anos.

*Com Cafezinho

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China vira as costas aos EUA e aposta na soja do Brasil

Com tarifas sufocando a soja americana, a China redireciona suas importações ao Brasil e reforça plano para garantir segurança alimentar.

A China acaba de adquirir uma quantidade excepcionalmente grande de soja brasileira, evidenciando como a escalada da guerra comercial está inviabilizando as compras de grãos dos Estados Unidos. Pelo menos 2,4 milhões de toneladas de soja foram negociados no início desta semana, volume que representa quase um terço da média mensal processada pela China, segundo fontes familiarizadas com o assunto que conversaram com Hallie Gu, da Bloomberg News. Elas destacaram que a onda de compras foi incomumente grande e rápida.

Embora Pequim tenha diversificado suas importações agrícolas nos últimos anos, os EUA ainda são seu segundo maior fornecedor de soja. No entanto, com a rápida escalada da guerra tarifária entre os dois países — que está pressionando o setor agrícola de ambas as nações —, a realidade é que comprar soja americana tornou-se inviável.

Soja como alvo estratégico na guerra comercial
Ao direcionar tarifas contra os EUA, a soja — base da alimentação de suínos e aves — era uma escolha amplamente esperada. A China responde por metade da receita das exportações americanas do grão. Mas o país não está sozinho nessa estratégia: a União Europeia incluiu a soja em sua resposta tarifária às medidas dos EUA sobre aço e alumínio (embora tenha decidido adiar a implementação por 90 dias após a reversão de Donald Trump sobre as chamadas tarifas recíprocas).

O conflito sino-americano está remodelando um comércio que movimentou mais de US$ 12 bilhões em 2024, beneficiando produtores latino-americanos. A China já vem comprando mais soja do Brasil, seu principal fornecedor atualmente.

hina busca alternativas para garantir suprimentos
Além de aumentar as importações brasileiras, a China está adotando outras medidas para assegurar o abastecimento. O país trabalha para ampliar sua produção de grãos, reforçando a determinação de depender mais da produção doméstica e reduzir o uso de farelo de soja na ração animal. Uma das estratégias é promover tecnologia de dieta com baixo teor proteico, que utiliza mais aditivos como aminoácidos em vez de farelo, de acordo com o Cafezinho.

Em seu plano decenal de segurança alimentar, divulgado na segunda-feira, o Comitê Central do Partido Comunista da China afirmou: “Um país forte deve primeiro ter uma agricultura forte, e só uma agricultura forte pode tornar o país poderoso.”

Ovo ainda caro nos EUA, pressionado por gripe aviária e tarifas
A inflação nos EUA pode ter desacelerado no mês passado, mas os preços dos ovos continuam teimosamente altos, sem perspectiva de alívio imediato devido à gripe aviária e às tarifas. Em março, os consumidores pagaram em média US$ 6,227 por dúzia, um recorde, segundo o Bureau of Labor Statistics. O valor é o dobro do registrado um ano atrás, mesmo com a queda acentuada nos preços pagos pelos supermercados aos fornecedores.

O alto custo dos ovos é uma má notícia para Trump, que frequentemente atribuiu o fenômeno ao fracasso de seu predecessor. O governo tem trabalhado para aliviar a escassez aumentando as importações, e Trump tem creditado a si mesmo a recente correção nos preços no atacado.

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Oportunidade para o Brasil: China suspende mais da metade dos fornecedores de carne bovina dos EUA

A China suspendeu a compra de carne bovina de mais da metade dos fornecedores americanos devido à crescente guerra tarifária com os Estados Unidos. Essa situação abre uma oportunidade ao Brasil para expandir suas exportações ao mercado chinês. Em maio, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva visitará a China para se encontrar com o presidente Xi Jinping.

Atualmente, 654 empresas americanas estão habilitadas para exportar carne bovina para a China, mas 392 delas tiveram suas operações suspensas pela Administração Geral das Alfândegas da China, representando 60% dos fornecedores do setor. Além disso, o número de suspensões tem aumentado, afetando fornecedores de carne de aves e suínos. Recentemente, nove empresas, incluindo American Proteins e Mountaire Farms of Delaware, não tiveram suas habilitações renovadas.

De acordo com o Departamento de Segurança Alimentar de Importação e Exportação da Administração Geral das Alfândegas da China, as suspensões visam prevenir riscos à segurança alimentar e estão alinhadas com legislações locais e padrões internacionais. Isso é apresentado como uma medida científica e razoável para assegurar a segurança alimentar.

Além disso, até 18 de junho, 68 fornecedores terão suas habilitações expiradas, incluindo dez de carne bovina, 11 de carne suína e 47 de carne de aves. No cenário atual, o foco da suspensão se concentra na carne bovina, com 590 fornecedores, dos quais apenas dez estão suspensos. Em contraste, entre os 594 fornecedores de carne de aves, apenas três enfrentam restrições.

No campo mais amplo do comércio internacional, as bolsas da Ásia e Europa tiveram forte alta após o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciar uma pausa de 90 dias nas tarifas para vários países, excluindo a China. Em contrapartida, a China elevou suas tarifas sobre produtos americanos de 104% para 125% em retaliação às políticas de Trump, que por sua vez impusera uma tarifa de 84% sobre produtos dos EUA.

A Embaixada do Brasil em Pequim destacou que, apesar das medidas de suspensão de fornecedores estarem ligadas a controles sanitários e de segurança alimentar, elas também refletem a guerra tarifária entre Brasil e Estados Unidos e a crise nas relações comerciais sino-americanas.

Roberto Perosa, ex-secretário de Comércio do Ministério da Agricultura e atual representante do agronegócio brasileiro, participou de reuniões com autoridades chinesas na semana passada enquanto as novas tarifas dos EUA e as reações de Pequim eram divulgadas. Ele descreveu as conversas como “muito positivas” e elogiou os encontros no Ministério do Comércio da China, na aduana e com empresas do setor alimentício. Perosa enfatizou que a China reiterou que o Brasil é um parceiro estratégico, afirmando que as relações estão em seu melhor momento e que o presidente Lula fará uma visita a Pequim.

A China continua sendo o principal destino das exportações brasileiras de carne bovina. Em 2024, as exportações para o país superaram 1 milhão de toneladas, representando um aumento de 12,7% em comparação ao mesmo período de 2023 e gerando US$ 6 bilhões em negócios. As exportações de carne bovina estão atrás apenas da soja, minério de ferro e petróleo no Brasil. De janeiro a março deste ano, os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) mostram que o Brasil vendeu US$ 1,36 bilhão em carne bovina para a China, um crescimento de 11,3% em relação ao primeiro trimestre de 2023.

Esses números refletem não só a força das relações comerciais entre Brasil e China, mas também a resiliência do setor agrícola brasileiro frente a desafios globais. O fortalecimento das relações e o aumento das exportações de carne bovina são sinais positivos que podem indicar uma evolução nas parcerias comerciais entre os dois países, especialmente em um contexto internacional conturbado por questões tarifárias e de segurança alimentar.