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‘Rachadinha’: MP denuncia chefe de gabinete de Carlos Bolsonaro e mais seis pessoas ligadas ao vereador

Já as acusações contra o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro foram arquivadas.

O Ministério Público do Estado do Rio (MPRJ) denunciou sete pessoas ligadas ao gabinete do vereador Carlos Bolsonaro (PL) pela prática criminosa conhecida como “rachadinha”. Entre os denunciados está o chefe de gabinete do parlamentar. Por falta de indícios em relação ao filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, as acusações contra ele foram arquivadas. As informações foram divulgadas em primeira mão pela GloboNews.

No período da investigação, Carlos Bolsonaro chegou a ter quebrados os sigilos bancário, fiscal e telemático, mas nada de suspeito foi encontrado.

“visto que não se demonstrou qualquer circulação de valores para suas contas ou pagamentos”, diz um trecho da denúncia do MP.

A investigação apurou que o esquema funcionou dentro do gabinete de Carlos Bolsonaro entre os anos de 2005 e 2021. O chefe de gabinete de Bolsonaro, Jorge Luiz Fernandes, foi apontado na denúncia como o chefe do esquema.

Além dele, outras seis pessoas que tinham cargos comissionados no gabinete de Carlos Bolsonaro foram denunciadas pelo crime de peculato, já que as investigações apontaram que eles devolviam parte de seus salários, o que configura a prática criminosa conhecida como “rachadinha”.

Uma das funcionárias, ainda segundo a denúncia do MP, chegou a movimentar mais de R$ 600 mil para a conta do chefe de gabinete, Jorge Luiz no período em que o esquema funcionou.

As sete pessoas denunciadas foram:

Jorge Luiz Fernandes

Juciara da Conceição Raimundo da Cunha

Alexander Florindo Baptista Júnior

Thiago Medeiros da Silva

José Francisco dos Santos

Andrea Cristina da Cruz Martins Regina Célia Sobral Fernandes (esposa de Jorge Luiz)

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Carlos Bolsonaro ganha R$1,2 mi com venda de imóveis, mas só declara R$ 687 mil ao TSE

Filho de Jair Bolsonaro vendeu dois apartamentos que havia declarado na eleição de 2020.

Documentos obtidos com exclusividade pela coluna mostram que, meses antes do início da campanha eleitoral, o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) vendeu dois apartamentos de sua propriedade no Rio de Janeiro por um total R$ 1,25 milhão. No entanto, na semana passada, ao declarar seus bens ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ele informou um patrimônio de apenas R$ 687 mil, pouco mais da metade do valor obtido com as transações.

Há quatro anos, em 2020, Carlos tinha declarado ao TSE um patrimônio de R$ 591,6 mil, dos quais R$ 290 mil eram referentes aos dois imóveis vendidos.

Ele ainda informou em 2020 um terceiro apartamento, avaliado em R$ 180 mil. Esse imóvel não aparece em sua declaração neste ano, mas a coluna não localizou registros de venda. Os três imóveis representavam juntos 80% do valor dos bens do vereador na última campanha.

As vendas dos imóveis foram descobertas pela coluna a partir de documentos nos cartórios do Rio de Janeiro e os dados foram cruzados com o que foi informado pelo vereador ao TSE. Procurado para explicar as transações, o vereador não retornou.

Entre os bens listados, Carlos Bolsonaro informou possuir uma aplicação em renda fixa no valor de R$ 528 mil, além de R$ 35,6 mil em ações e R$ 5 mil em bitcoin. Ele ainda registrou novamente o mesmo carro que ele já tinha em 2020 e informou ter adquirido duas motos avaliadas em R$ 41,5 mil, somadas. Ele ainda disse guardar R$ 15 mil em dinheiro vivo.

Primeira venda
A primeira transação ocorreu em setembro de 2023, quando ele vendeu um apartamento na Tijuca, zona norte do Rio, por R$ 700 mil. Carlos foi o proprietário do imóvel por 20 anos. Ele adquiriu o imóvel em 3 de junho de 2003 por um total de R$ 150 mil que ele informou, em cartório, ter quitado em dinheiro vivo.. Naquela ocasião, o imóvel valia cerca de R$ 213 mil. A venda do imóvel representou uma negociação abaixo do valor de avaliação fiscal. A prefeitura do Rio avaliou o apartamento em um total de R$ 800,5 mil para fins de cobrança de impostos.

Segunda venda
Em fevereiro de 2024, Carlos negociou outro imóvel, dessa vez em Copacabana, na zona sul do Rio, por R$ 550 mil. Ele tinha comprado esse apartamento em 2009, por um valor declarado em cartório, de R$ 70 mil.

O imóvel foi comprado por um valor muito abaixo do mercado e em condições suspeitas já que o vereador foi a um cofre pouco antes de formalizar a negociação (Veja abaixo). O apartamento, um apart-hotel, tinha sido avaliado pela prefeitura do Rio, para fins de cobrança de impostos, em R$ 236 mil, à época.

Carlos também declarou anteriormente a aquisição de um terceiro apartamento que fica localizado na rua Leandro Martins, no centro do Rio. Na escritura, lavrada em 1 de outubro de 2012, ele informou que comprou o imóvel por R$ 180 mil. Ao checar o cartório de registro de imóveis, no entanto, a venda ainda não foi registrada formalmente.

Imóveis são alvo de investigação do MP
Os dois imóveis vendidos por Carlos Bolsonaro estão sob investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro devido a negociações suspeitas com uso de dinheiro em espécie.

O apartamento da Tijuca teve o uso de R$ 150 mil em dinheiro vivo. Já o caso do apartamento de Copacabana envolve o cofre dos irmãos Bolsonaro revelado pela coluna em julho. Carlos manteve um cofre junto com Flávio entre 2004 e 2016 e ambos costumavam acessar o cofre antes de aquisições de imóveis do clã.

Em 2009, na compra do imóvel de Copacabana, Carlos informou na escritura do imóvel que efetuou o pagamento por meio de transferência bancária. No entanto, ao analisar as contas bancárias do vereador, o MP não identificou nenhuma transferência bancária. No extrato bancário de Carlos, consta um débito no valor de R$ 60 mil, cujo lançamento foi identificado como “pagtos diversos autorizados”. Para atingir saldo suficiente para a transação, Carlos já havia recebido um depósito de R$ 10 mil, em espécie, dias antes.

No dia 20 de março, data em que o pagamento do imóvel foi feito, consta um novo crédito, dessa vez de R$ 31.687,05, identificado como “resgate poupança” — o relatório não indica de qual conta teriam vindo esses recursos, nem se ela pertencia ao vereador.

Após analisar as transações, os investigadores pediram mais informações ao Banco do Brasil e foram informados de que Carlos tinha feito um depósito em dinheiro vivo, na boca do caixa, para uma conta que consta em nome do vendedor, segundo o ICL.

O documento relata que “a título de informação, este depósito de R$ 60 mil, cuja origem se deu no saldo da conta Banco do Brasil, foi efetuado na boca do caixa às 14h40min”, duas horas e quarenta minutos depois que Carlos esteve no cofre. Não foi encontrado nenhum outro pagamento da conta de Carlos ao vendedor para totalizar os R$ 70 mil declarados em escritura de compra e venda e também na declaração de imposto de renda do vereador.

Ao mesmo tempo, os investigadores apontam que o depósito em espécie para o vendedor, no total de R$ 60 mil, foi feito em uma agência do BB que fica a 500 metros de onde Carlos mantinha o cofre — ambos os endereços são vizinhos à Câmara dos Vereadores do Rio.

A perícia do MP destaca a ida ao cofre poucas horas antes da transação: “Ademais, com base nas informações constantes no Contrato de Locação de Cofre, Carlos Bolsonaro no mesmo dia 20/03/2009 esteve na agência 0001-9 Rio (rua Lélio Gama, 105 – Centro) e acessou o seu cofre nº 225 entre os horários de 11h48min a 12h”, completa o documento. Carlos já havia mexido no cofre dois dias antes, em 18 de março.

Declaração incorreta pode configurar falsidade ideológica eleitoral
A declaração de bens e patrimônio é requisito obrigatório para o registro de candidaturas. Quando foi incluída na lei das eleições, duas preocupações principais sustentavam sua obrigatoriedade: facilitar o acompanhamento da evolução dos bens dos candidatos eleitos; e permitir que eleitores tenham conhecimento desses bens e não sejam manipulados por discursos e aparências. Porém, na prática, a aplicação dessa norma não possibilitou efetivamente a fiscalização e/ou punição de candidatos.

Volgane Carvalho professor da PUC Minas e especialista em direito eleitoral avalia que a jurisprudência consolidada impõe limites para a atuação da própria Justiça Eleitoral. Ele classificou o cenário como “frustrante”: “Hoje a pessoa faz uma declaração, que é preenchida lá no site do TSE, e coloca o que quiser. Sem grandes evidências públicas, só o Imposto de Renda, que é sigiloso, poderia confrontar essa declaração. A Justiça Eleitoral não pode pedir essa quebra de sigilo, então fica limitada, de mãos atadas”.

O candidato que declarar valor diferente do que de fato tem, pode ser enquadrado no crime de falsidade ideológica eleitoral — previsto no art. 350, do Código Eleitoral. Volgane Carvalho defende uma mudança na interpretação da lei e na jurisprudência: “A interpretação tem que mudar. Uma coisa é você dizer, declarar que tem um documento que comprova. Outra é apresentar algo que não seja só o Imposto de Renda”, afirmou o especialista, completando:

“Recentemente, a Justiça Eleitoral lidou com um caso de um candidato que alterou sua declaração entre o primeiro e segundo turno, diminuindo consideravelmente o valor que possuía em bens e patrimônio, com o intuito de se apresentar como o candidato mais pobre e humilde. Fez para manipular o eleitorado. A Justiça precisa ter mecanismos para monitorar isso e aplicar a lei”, concluiu.

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Carlos Bolsonaro não pagou plano de saúde com a própria conta por 9 anos, diz MP

Amostragem do MP encontrou boleto pago por assessora que devolveu R$ 832 mil.

Um relatório do Laboratório de Combate à Lavagem de Dinheiro e Corrupção do MP-RJ, obtido pela coluna com exclusividade, constatou que o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) só pagou um boleto de plano de saúde com sua conta bancária em nove anos de contratação desse tipo de serviço.

Existe suspeita de que os pagamentos possam ter sido feitos em espécie com dinheiro oriundo de rachadinha. O mesmo se verificou no caso do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). A coluna tentou contato com a defesa do vereador, mas não conseguiu retorno até a conclusão desta reportagem.

A análise aponta que Carlos Bolsonaro teve contratos ativos com duas operadoras entre 2011 e 2020 — a Qualicorp e a Unimed. O único pagamento encontrado ocorreu em dezembro de 2014, em uma fatura de R$ 545,97.

No documento, os analistas escrevem que “diante desta informação e com base na análise dos títulos de cobrança pagos, indicados nos extratos bancários de Carlos Bolsonaro, que tiveram o “nome_pessoa_od” (beneficiário) identificado pelas instituições financeiras, foi constatado somente 01 pagamento de boleto em 18/12/2014 no valor de R$ 545,97, cujo cedente foi Qualicorp Administradora de Benefícios”.

Como a coluna revelou, o MP constatou que o chefe de gabinete de Carlos, Jorge Fernandes, sistematicamente pagava as despesas pessoais do chefe. Em um trabalho de amostragem, o relatório encontrou 23 pagamentos entre 2012 e 2019. É mencionado ainda um pagamento para a Unimed, dessa vez feito pela esposa de Jorge Fernandes, Regina Celia Sobral Fernandes. Ela também era nomeada no gabinete de Carlos Bolsonaro e devolveu ao marido, apontado como operador da rachadinha, um total de R$ 832,4 mil.

Regina pagou R$ 954,48 para a operadora de saúde suplementar em novembro de 2018, segundo os dados obtidos pelo MP.

Peritos do MP veem possível crime de peculato
Diante dos fatos, os peritos do MP sugerem ao promotor responsável pela investigação que sejam requisitados os dados detalhados de pagamentos de plano de saúde à Qualicorp e à Unimed.

“Em se tratando de suposta prática do crime de peculato, caso o Promotor de Justiça entenda necessário para análise dos gastos declarados pelo investigado com plano privado de saúde, sugere-se que sejam oficiadas as pessoas jurídicas Qualicorp Administradora de Benefícios (CNPJ n.º 07.658.098/0001-18) e Unimed (CNPJ n.º 42.163.881/0001-01) para que informem se o investigado Carlos Nantes Bolsonaro (CPF n.º 096.792.087-61) possuiu de fato vínculo contratual de plano privado de saúde com as respectivas pessoas jurídicas, informando, ainda, o período contratual, as datas dos pagamentos, os valores pagos mensalmente e o banco responsável pela emissão dos boletos”, conclui o relatório.

O modus operandi é similar ao encontrado na investigação da rachadinha no gabinete de Flávio Bolsonaro (PL-RJ), outro membro da família envolvido em denúncias de corrupção. No caso de Flávio, as despesas de sua família eram pagas pelo assessor Fabrício Queiroz — muitas vezes em dinheiro vivo na boca do caixa.

Além de despesas pessoais como plano de saúde e escola das filhas, Flávio também terceirizou o pagamento das prestações de 12 salas comerciais que adquiriu em 2008. Entre 2008 e 2009, o hoje senador quitou R$ 297 mil da compra dos imóveis, mas nada passou por sua conta bancária.

A 1ª Vara Criminal Especializada do TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio) autorizou a quebra de sigilos fiscal e bancário de Carlos Bolsonaro e de seus assessores entre 2005 e 2021. A 3ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada apura peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa no gabinete de Carlos e pediu uma análise dos dados obtidos. O relatório obtido pela coluna é de 22 de agosto de 2023.

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Chefe de gabinete pagava sistematicamente despesas pessoais de Carlos Bolsonaro

Jorge Fernandes recebeu cerca de R$ 2 milhões de outros seis assessores do vereador, diz MP.

Juliana Dal Piva e Igor Mello

A coluna teve acesso, com exclusividade, a relatórios da investigação do MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) sobre o esquema de rachadinha no gabinete de Carlos Bolsonaro, filho 02 do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Na análise bancária do vereador e de seus funcionários foi verificado que o chefe de gabinete de Carlos, Jorge Luiz Fernandes, pagou sistematicamente boletos de suas despesas, como faturas de cartão de crédito, plano de saúde, impostos e multas de trânsito.

Foram encontrados 23 contas do vereador e de pessoas ligadas a ele pagas por Fernandes entre 2012 e 2019, que somam um total R$ 27.929,66. Ao mesmo tempo, só foi identificado uma transferência online de R$ 8 mil de Carlos para Jorge em dezembro de 2011.

O Laboratório de Combate à Lavagem de Dinheiro e Corrupção do MP-RJ analisou por amostragem esse tipo de movimentação financeira — sorteando aleatoriamente um número de documentos. Isso significa que o número pode ser ainda superior.

O chefe de gabinete é investigado por ser supostamente o operador do esquema de rachadinha de Carlos Bolsonaro. De acordo com a quebra de sigilos, ele recebeu pouco mais de R$ 2 milhões em sua conta de seis outros nomeados por Carlos Bolsonaro na Câmara.

A prática costuma ser apontada como um indício de lavagem de dinheiro. A coluna tentou contato com a defesa do vereador, mas não conseguiu retorno até a conclusão desta reportagem.

A 1ª Vara Criminal Especializada do TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio) autorizou a quebra de sigilos fiscal e bancário de Carlos Bolsonaro e de seus assessores entre 2005 e 2021. A 3ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada apura peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa no gabinete de Carlos e pediu uma análise dos dados obtidos. O relatório obtido pela coluna é de 22 de agosto de 2023.

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PF encontra provas do envolvimento de Carlos Bolsonaro no caso da ‘Abin paralela’: “pegamos ele”

“As coisas se conectam: Abin paralela e milícias digitais”, diz um investigador da Polícia Federal.

Nas próximas semanas, os holofotes se voltarão, segundo Robson Bonin, da revista Veja, para Carlos Bolsonaro, vereador do Rio de Janeiro e filho de Jair Bolsonaro (PL). Ele é alvo de investigações no Supremo Tribunal Federal (STF) em duas frentes principais: seu suposto envolvimento com milícias digitais e sua participação em uma estrutura clandestina apelidada de “Abin paralela”. Estas investigações são conduzidas pela Polícia Federal (PF).

A “Abin paralela” refere-se a um esquema clandestino de monitoramento, alegadamente organizado durante o governo de Jair Bolsonaro na Agência Brasileira de Inteligência. Este esquema teria utilizado recursos do serviço secreto brasileiro para espionar autoridades públicas, adversários políticos e outras figuras de interesse do Planalto, tudo sem a devida autorização judicial.

O relatório da PF sobre esse esquema está em fase final de revisão e será encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes no STF em breve. Um investigador da PF afirmou com segurança: “pegamos ele”, em referência às provas que ligariam Carlos Bolsonaro ao esquema.

Carlos Bolsonaro é também acusado de ter envolvimento com milícias digitais — grupos organizados que utilizam a internet para espalhar desinformação e atacar adversários políticos. De acordo com a PF, há uma interconexão clara entre a operação das milícias digitais e a “Abin paralela”. “As coisas se conectam: Abin paralela e milícias digitais”, comentou o investigador.

Em janeiro deste ano, Carlos Bolsonaro foi alvo de mandados de busca. Com a comprovação de seu possível envolvimento com o uso indevido de ferramentas de geolocalização para espionagem ilegal, o vereador poderá enfrentar uma série de acusações criminais

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PL planeja repassar teto do Fundo Eleitoral ao vereador Carlos Bolsonaro

Previsão é de que ele receba cerca de R$ 1,5 milhão da legenda para fazer sua campanha no RJ.

Filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, o vereador Carlos Bolsonaro (RJ) deve contar com o teto permitido pelo Fundo Eleitoral para candidatos a vereador na capital fluminense neste ano. Tido como principal puxador de votos do PL para a Câmara Municipal, a previsão é de que ele receba cerca de R$ 1,5 milhão da legenda para fazer a sua campanha.

O filho “zero dois” de Bolsonaro é tido como o nome mais forte da sigla para o legislativo municipal e espera-se que faça até 150 mil votos. Para que Carlos consiga atingir a meta, o partido pretende atrelar a imagem dele à do pai em todos os materiais eleitorais, além de contar com a presença dos dois membros do clã Bolsonaro em eventos.

Os votos em Carlos, acredita o partido, têm a possibilidade de fazer com que o PL salte dos atuais três vereadores no Rio para até 13 na próxima legislatura. Além dos 150 mil votos em Carlos, o PL também vê o vice-presidente do Flamengo, Marcos Braz, e o cantor gospel Waguinho como puxadores. Os votos na legenda 22, por influência de Bolsonaro, também serão distribuídos pela nominata.

Presidente nacional do partido, Valdemar da Costa Neto diz acreditar que Carlos será o mais votado da cidade.

— Não tenho dúvidas de que ele será o principal candidato e o maior puxador de votos do partido — afirma o cacique do PL.

Com influência no partido, Carlos também pode assumir uma função de dirigente após o período eleitoral. Na ocasião da ida dele para o PL, foi pactuado que o filho de Bolsonaro poderia assumir o diretório municipal do partido, caso quisesse. Atualmente, o posto é ocupado por Bruno Bonetti, um dos principais homens de confiança de Valdemar.

Responsável pela distribuição de recursos para a campanha a vereador, Bonetti afirma que Carlos terá recursos compatíveis com o seu potencial de atração de votos.

— Carlos Bolsonaro é o grande puro-sangue do nosso partido. Ele reúne o potencial de votos e a firmeza ideológica do PL. Logo, terá investimentos proporcionais a isto — diz.

O principal desafio da vida política de Carlos, entretanto, deve ocorrer em 2026, quando espera-se que ele se candidate à Câmara dos Deputados. Embora siga como o principal nome do PL em nível municipal, ele registrou uma queda no número de votos na última eleição. Em 2020, ele amealhou pouco mais de 71 mil votos — menos do que os 106 mil registrados em 2016, quando foi o mais votado da cidade.

Procurado para falar sobre a estratégia eleitoral, Carlos não se manifestou.

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O presente de Bolsonaro ao membro do gabinete do ódio alvo da PF

Jair Bolsonaro entrou em campo para ajudar seu ex-assessor palaciano Tércio Arnaud, que foi alvo de buscas recentes da Polícia Federal. O ex-presidente contou a aliados que ele mesmo arcou com o prejuízo de repor o computador de Tércio, após a máquina ser apreendida pela PF. Foi Bolsonaro quem comprou um novo notebook para o aliado.

Apesar da ajuda, o ex-chefe do Executivo está proibido pela Justiça de ter contato com seu ex-assessor, por ambos serem investigados no inquérito que apura a tentativa de um golpe de Estado. Tércio fazia parte do chamado “gabinete do ódio”, usado para atingir reputações de inimigos políticos do governo, diz Bela Megale, O Globo.

O computador de Tércio foi levado no fim de janeiro, durante a operação que mirou Carlos Bolsonaro. O inquérito apura se o vereador tem envolvimento com a criação de uma Abin paralela que monitorou desafetos de seu pai. Na ocasião, a PF realizou buscas na casa de Angra dos Reis (RJ), da família Bolsonaro, e apreendeu computadores que estavam no local, sendo um deles de Tércio.

O ex-assessor palaciano estava hospedado na casa da família desde o Ano Novo. Na semana passada, porém, Tércio saiu do imóvel, após se tornar um dos investigados do inquérito que apura o golpe de Estado planejado por membros do governo Bolsonaro.

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Operação contra Carlos Bolsonaro deve levar PF a Jair

Investigado por arapongagem, Zero Dois sempre deixou claro que cumpria ordens do pai.

Depois de se eleger presidente, Jair Bolsonaro informou que presentearia o filho Carlos com a Secretaria de Comunicação Social. “O cara é uma fera nas mídias sociais. Tem tudo para dar certo”, justificou. A ideia pegou mal, e o capitão desistiu do ato de nepotismo explícito. O Zero Dois não virou ministro, mas se tornaria uma eminência parda do governo.

Carluxo fabricou crises, derrubou ministros e comandou o famigerado gabinete do ódio. Sem cargo formal em Brasília, ganhou o apelido de vereador federal. O pai preferia chamá-lo de “meu pit bull”. Um cão feroz, sempre a postos para morder a canela dos adversários.

Em março de 2020, o ex-ministro Gustavo Bebianno disse que o Zero Dois queria criar uma “Abin paralela”. Um sistema de informações clandestino, que não deixaria rastros de suas atividades. Agora a Polícia Federal acredita que essa ideia também ficou pelo caminho. Os Bolsonaro acharam mais útil capturar a Abin oficial.

Na decisão que autorizou as buscas desta segunda-feira, o ministro Alexandre de Moraes enumerou provas do “desvirtuamento” da agência no governo passado. Em vez de produzir inteligência para o Estado, a Abin fez arapongagem para o clã. Ajudou a bisbilhotar opositores e obstruir investigações que ameaçavam os filhos do presidente.

A espionagem usou um programa israelense que descobre a localização de pessoas pelo sinal do celular. A ferramenta foi acionada ilegalmente contra congressistas, uma promotora do caso Marielle e ao menos dois ministros do Supremo. A Abin era comandada por Alexandre Ramagem, hoje deputado e pré-candidato a prefeito do Rio. Acima dele estava o general Augusto Heleno, que será ouvido na semana que vem.

Para a PF, Carluxo integrava o “núcleo político” da quadrilha. Como ele nunca fez nada para si mesmo, é provável que os investigadores ainda batam na porta do ex-presidente, que agora se diz vítima de “perseguição implacável”.

No primeiro discurso como vereador, o Zero Dois avisou que não devia obediência à legenda pela qual se elegeu: “Falo não em nome do Partido Progressista, mas em nome do Partido do Papai Bolsonaro”. Vinte e quatro anos depois, só mudou a sigla de fachada.

*Bernardo Mello Franco/O Globo

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A paranoia de Carlos Bolsonaro com seu celular apreendido pela PF

Descrito como “paranoico” e com “mania de perseguição” por ex-membros do governo Bolsonaro, o vereador Carlos Bolsonaro tomava todo tipo de cuidado com seu celular. Nesta segunda-feira, seu aparelho foi apreendido na operação policial que investiga o monitoramento ilegal de pessoas feito pela Abin.

Antigos integrantes do Palácio do Planalto relataram que o filho do ex-presidente trocava com frequência o número de telefone e o aparelho que usa. Segundo ex-ministros, as trocas chegaram a acontecer a cada três meses em períodos de maior preocupação do vereador. Pessoas próximas aa Carlos também relataram que ele usava mais de um chip nos seus aparelhos, mudando de número, a depender do interlocutor, diz Bela Megale, O Globo.

O filho de Jair Bolsonaro também fazia questão de não colocar sua foto no perfil do WhatsApp, e raramente respondia e encaminhava mensagens para integrantes do governo. O filho do ex-presidente deixava claro que ele tinha pânico de ser alvo de “espionagens” ou de uma operação da Polícia Federal, mesmo quando o pai ainda era o chefe do Executivo.

Em conversas com membros do governo, o próprio Carlos dizia que não gostava de encaminhar mensagens por WhatsApp, como o pai, e preferia falar no X (antigo Twitter), pois atingia muitas pessoas simultaneamente.

Carlos também era reservado e limitava seus contatos a poucos integrantes do governo.

 

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PF apreende computador da Abin com Carlos Bolsonaro

Vereador foi alvo de operação que mira em possíveis destinatários de informações coletadas ilegalmente pela Abin.

A Polícia Federal apreendeu na manhã desta segunda-feira (29) um computador da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) com o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), informa a jornalista Daniela Lima em seu blog no portal g1. O filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi alvo de operação de busca e apreensão, com mira em possíveis destinatários de informações coletadas ilegalmente pela Abin.

Um segundo computador da agência foi apreendido na casa de um dos assessores de Carlos Bolsonaro que é casado com uma funcionária da Abin. Formalmente, a Polícia Federal não confirma e nem comenta a apreensão

O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, é quem assina a autorização para os mandados. A Polícia Federal suspeita que, sob o mandato de Jair Bolsonaro, a Abin atuou como um braço de coleta de informações ilegais, sem autorização judicial, e também como fonte de informações falsas, depois disseminadas por perfis de extrema direita para difamar instituições e autoridades.

Foram cumpridos nove mandados de busca e apreensão:

  • Rio de Janeiro (RJ): 5
  • Angra dos Reis (RJ): 1
  • Brasília (DF): 1
  • Formosa (GO): 1
  • Salvador (BA): 1

A busca em Angra dos Reis ocorreu onde Jair Bolsonaro realizou uma live nas redes sociais no domingo (28). O ex-presidente e os filhos estavam no local durante esta manhã, e deixaram a casa de barco.

Carlos Bolsonaro é vereador desde 2001 e está em seu sexto mandato consecutivo na Câmara Municipal do Rio. Ele foi apontado pelo ex-braço-direito de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, como chefe do chamado gabinete do ódio, uma estrutura paralela montada no Palácio do Planalto para atacar adversários e instituições – como o sistema eleitoral brasileiro.

O filho de Jair Bolsonaro não se pronunciou sobre a operação até a última atualização desta reportagem.