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Jogo político: direita se rebela em Santa Catarina contra Bolsonaro

A disputa política em Santa Catarina esquenta, com reações contra a candidatura de Carlos Bolsonaro à senador.

A política em Santa Catarina está fervendo com descontentamentos em relação à candidatura de Carlos Bolsonaro ao Senado. Com aproximadamente 16 mil habitantes, Pouso Redondo é um dos 295 municípios onde ele busca votos para as próximas eleições. Porém, a movimentação não está sendo bem recebida por todos.

Um vídeo do prefeito Rafael Tambosi, do PL, chocou muitos ao criticar abertamente a “forçação de barra” da candidatura do filho do ex-presidente, que deseja transferir seu domicílio eleitoral para o estado. O clima tenso evidencia uma insatisfação crescente entre as lideranças locais que temem serem vistas como “gado” ao aceitarem essa imposição.

A reação da classe política catarinense
Com um cenário onde a desconfiança predomina, o prefeito de Joinville, a maior cidade do estado, expressou sua indignação: “Entendo isso como uma agressão ao Estado. Não conheço Carlos pessoalmente, mas essa crítica eu faria a qualquer outro que quisesse se mudar para um estado meramente por uma questão de oportunidade de voto”. Assim, dentro da direita, as lideranças começaram a se unir em torno de um descontentamento que se torna cada vez mais palpável.

Adriano Silva, do partido Novo, não hesitou em criticar a candidatura de Carlos, refletindo o que muitos pensam numa reunião com outros prefeitos influentes de Santa Catarina. Os prefeitos de Chapecó, João Rodrigues, e da capital Florianópolis, Topázio Neto, também se mostraram reticentes com a situação. Rodrigues enfatizou que “o catarinense não tem aceitado muito bem o Carlos como candidato”, sugerindo que a popularidade da família Bolsonaro no estado pode estar em declínio.

Expectativas e desafios para a campanha de Carlos Bolsonaro
De acordo com o Globo, os números das últimas eleições beneficiaram Bolsonaro na região, onde o ex-presidente teve 69% dos votos em 2022. No entanto, com as recentes mudanças políticas e sociais, o futuro da candidatura de Carlos permanece incerto. Topázio Neto alertou que com três candidatos surgindo no lado da direita, a fragmentação pode ser fatal em um cenário onde a esquerda tende a unir esforços em torno de um único nome forte, como o de Décio Lima, atual presidente do Sebrae.

A resistência ao nome de Carlos Bolsonaro é vista como natural em meio à incerteza, já que há um ano até a eleição, os sentimentos no estado poderiam ser profundamente afetados. Com a recente prisão de Jair Bolsonaro, especula-se que os efeitos na imagem do ex-presidente também repercutiriam nas candidaturas da família na região.

O gambito político da família Bolsonaro
Informações de bastidores revelam que Jair Bolsonaro havia tentado persuadir Corol de Toni a desistir de sua candidatura, numa estratégia criticada por muitos como machista. Esse distanciamento em relação às lideranças políticas locais reflete uma estratégia que pode não ser viável a longo prazo, especialmente diante da crescente insatisfação com a transferência de votos que não sente raízes na comunidade local.

Em uma tentativa de reafirmar a presença da família no cenário político, Jair Renan, filho mais novo de Bolsonaro, foi eleito o vereador mais votado em Balneário Camboriú. Contudo, mesmo com essa vitória, sua popularidade na política local não permanece infalível, e ele tem sido alvo de críticas por sua falta de posicionamento em questões relevantes.

O que esperar do futuro político em Santa Catarina?
O cenário atual propõe um ato de equilíbrio. Embora a família Bolsonaro tenha margem de manobra baseada em sua popularidade anterior, a situação é dinâmica. As divergências entre os candidatos da direita e as lideranças locais sublinham um descontentamento que pode moldar os resultados das próximas eleições.

Os próximos meses prometem ser decisivos para a candidatura de Carlos e para o próprio futuro político da família Bolsonaro em Santa Catarina. Os políticos locais devem assegurar que suas vozes sejam ouvidas na construção de um futuro que respeite a autonomia e a opinião do eleitor catarinense. O caminho à frente pode exigir uma nova abordagem, senão a resistência poderá se transformar em uma reviravolta nas urnas.

Em um ambiente político em transformação, a luta pela representatividade e a autenticidade na política parece estar apenas começando, e a dificuldade em manter a coesão na direita pode ser apenas o início de desafios maiores a serem enfrentados nas urnas de 2024.


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A guerra entre de Toni e Carlos que Bolsonaro abriu em SC por se achar dono do estado

A deputada federal Caroline de Toni (PL-SC) lançou um ultimato que abalou as estruturas do bolsonarismo em Santa Catarina, ao ameaçar abandonar o Partido Liberal caso não seja indicada para uma das vagas ao Senado em 2026. Em entrevista a uma rádio do interior catarinense, na quinta-feira (23), De Toni não poupou críticas à cúpula do partido e ao governador Jorginho Mello, que, segundo ela, prometeu-lhe a vaga em uma conversa em sua residência, mas agora recua para acomodar alianças. “Tem gente que acha que, por eu ser serena, sou fantoche ou palhaça. Aqui ninguém é fantoche, ninguém é palhaço”, disparou.

A deputada, uma das principais lideranças femininas do PL, reafirmou sua lealdade a Jair Bolsonaro (PL), mas deixou claro que não aceitará ser “atropelada” pela candidatura do vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente. De Toni ameaçou deixar o PL até março de 2026, caso não seja escolhida para a chapa majoritária, e já recebeu sondagens de partidos como Republicanos e Novo. “Tenho gratidão ao presidente, mas não hesitarei em buscar meu espaço”, afirmou, em um recado que ecoou como desafio direto ao núcleo duro bolsonarista.

A crise expõe o que críticos apontam como uma manobra autoritária de Bolsonaro, que busca emplacar mais um filho no Senado, mas evita conflitos familiares diretos. Com Flávio Bolsonaro (PL-RJ) já consolidado como candidato à reeleição para o Senado pelo Rio de Janeiro, o ex-presidente descartou lançar Carlos no mesmo estado, temendo uma competição fratricida que enfraqueceria o clã.

Em vez disso, Bolsonaro, agindo como se tivesse carta branca para redesenhar o mapa político do Brasil, escolheu Santa Catarina — um dos estados mais alinhados ao bolsonarismo — como destino para o vereador carioca. Sem laços históricos com o estado, Carlos mudou seu domicílio eleitoral em junho de 2025, sob a justificativa de “fortalecer a direita” no Sul. A decisão, porém, gerou rejeição entre lideranças locais, que acusam o ex-presidente de tratar Santa Catarina como um “curral eleitoral” para acomodar interesses familiares. No X, a hashtag #SCNãoÉColônia viralizou, com críticas à “importação” de Carlos e apoio a De Toni como representante autêntica do estado.

A confusão teve início em meados de 2025, quando Bolsonaro começou a articular a candidatura de Carlos ao Senado, em um acordo costurado com Jorginho Mello. Inicialmente, o plano previa uma chapa dupla do PL, com Carlos indicado pelo ex-presidente e De Toni pelo governador, aproveitando o peso eleitoral de ambos para garantir as duas vagas disponíveis em Santa Catarina — as cadeiras de Esperidião Amin (PP) e Ivete da Silveira (MDB).

Pesquisas de setembro, como a do Real Time Big Data, mostravam Carlos com 45% das intenções de voto, seguido por De Toni com 33%, sugerindo viabilidade para a estratégia. No entanto, a prioridade dada a Carlos gerou atritos com setores do PL catarinense, especialmente após Michelle Bolsonaro, presidente do PL Mulher, defender publicamente De Toni como uma “querida” e peça-chave para ampliar a representatividade feminina, segundo Henrique Rodrigues, Forum.

A situação escalou quando Jorginho, pressionado por alianças com o PP de Amin, sinalizou em outubro que De Toni poderia ser “relegada” à reeleição na Câmara, enquanto Carlos ocuparia a vaga principal. A deputada reagiu, acusando o governador de descumprir promessas e expondo o racha. Em 24 de outubro, Carlos tentou apaziguar a crise em um vídeo, propondo uma chapa conjunta com De Toni, mas o gesto foi visto como uma tentativa de conter a debandada, enquanto o PL segue dividido entre lealdades familiares e demandas locais.


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Carlos Bolsonaro afirma que o pai segue apoiando ofensiva de Eduardo nos EUA

No dia 27 de setembro de 2025, o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), usou suas redes sociais para rebater rumores de que o pai estaria tentando conter as ações do irmão mais novo, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), nos Estados Unidos.

A postagem de Carlos veio em meio a uma escalada de tensões diplomáticas entre Brasil e EUA, impulsionada por Eduardo, que tem articulado sanções econômicas e diplomáticas contra autoridades brasileiras, especialmente do Supremo Tribunal Federal (STF), em alinhamento com o governo de Donald Trump.

O que disse Carlos Bolsonaro?
Em uma publicação no X (antigo Twitter), Carlos escreveu:
“Estou sempre com meu pai e Flávio, como há poucas horas. Se eu repetir o que o velho nos fala quando vemos essas notícias serão 30 semanas de JN e Fantástico”.

Essa frase é uma referência irônica aos programas de TV, Jornal Nacional e Fantástico, que frequentemente cobriram escândalos da família Bolsonaro. O tom sugere que Bolsonaro não só aprova as ações de Eduardo, mas que qualquer tentativa de “calar” o filho seria contraprodutiva e atrairia mais escrutínio midiático. Carlos, que gerencia boa parte das redes sociais do pai, usou o post para sinalizar unidade familiar e desmentir relatos de que Jair estaria enviando “embaixadores” (como o deputado Sóstenes Cavalcante e o próprio Flávio Bolsonaro) para moderar Eduardo.

Apoio a tarifas sobre exportações brasileiras (como carne da JBS, que gera empregos nos EUA), o que poderia elevar preços de hambúrgueres no mercado americano e tensionar relações comerciais.

Parcerias com figuras como Paulo Figueiredo (influencer bolsonarista nos EUA) e assessores de Trump, incluindo eventos em que defendeu intervenção militar americana no Brasil – o que gerou acusações de “crime de lesa-pátria” no Brasil.

Essas iniciativas ganharam tração após a reeleição de Trump em novembro de 2024, com Eduardo apostando em ordens executivas que permitem aos EUA intervir em “detenções injustas” de estrangeiros quando há “interesse nacional”. No entanto, analistas apontam que interesses econômicos americanos (como a inflação de alimentos) podem limitar o apoio real de Trump.

Rumores de Desentendimentos Familiares
A declaração de Carlos surgiu para contrapor reportagens recentes que indicam rachas no clã Bolsonaro:

Segundo a colunista Mônica Bergamo (Folha de S.Paulo) e o blog de Bela Megale (O Globo), Bolsonaro teria instruído Flávio e Sóstenes a “calar a boca” de Eduardo, temendo retaliações do STF contra o PL e impacto nas eleições de 2026.

Vazamentos de mensagens da PF (agosto de 2025) revelaram xingamentos de Eduardo contra o pai, que o chamou de “imaturo” por priorizar agendas nos EUA em detrimento de alianças domésticas, como com o governador Tarcísio de Freitas (SP).

O partido teme sanções judiciais se apoiar abertamente Eduardo, com apenas poucos deputados (como Carla Zambelli) defendendo publicamente as ações.

Esses atritos refletem um dilema maior: enquanto Eduardo busca “impunidade” internacional para o pai (condenado por crimes como tentativa de golpe em 2022), Jair prioriza negociações internas para evitar prisão e preservar o espólio eleitoral.

A postagem de Carlos reforça a narrativa de coesão bolsonarista, mas analistas veem nela um sinal de fragilidade: o clã depende de Eduardo para pressão externa, mas arrisca isolamento interno.


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Desespero: O ataque de Carlos Bolsonaro a Zema, Tarcísio e governadores de direita, “ratos, covardes, canalhas, sujos

Ataque do vereador, que tenta implodir projetos de candidatura à presidência da extrema direita, foi apoiado por Eduardo Bolsonaro

O vereador (federal) Carlos Bolsonaro (PL-RJ) revelou neste domingo (17) a crise vivida pelo bolsonarismo e o racha da extrema direita com relação às eleições de 2026.

Através das redes sociais, Carluxo, como é conhecido o filho “02” do ex-presidente Jair Bolsonaro, fez um desabafo atacando governadores bolsonaristas com pretensões presidenciais. Compõem este grupo Tarcísio Gomes de Freitas (SP), Romeu Zema (MG), Ronaldo Caiado (GO), Ratinho Jr (PR) e Eduardo Leite (RS).

Utilizando adjetivos como “ratos”, “canalhas” e “covardes”, o vereador cobrou mais posicionamento dos mandatários estaduais em apoio a Bolsonaro, prestes a ser preso por tentativa de golpe de Estado, e criticou seus projetos pessoas que visam o Palácio do Planalto, classificando-os como “oportunistas”. De acordo com a Forum, o clã Bolsonaro, desde o fracasso da trama golpista e diante da inelegibilidade do ex-presidente, vem tentando implodir qualquer projeto de candidatura da extrema direita que não seja da própria família.

O ataque de Carlos Bolsonaro aos governadores veio um dia após Romeu Zema lançar sua candidatura à presidência pelo Novo. O governador mineiro, na cerimônia, chegou a afirmar que toparia “compor com outros partidos” se assim Bolsonaro quisesse e rasgou elogios ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.

Carluxo, entretanto, não gostou e disparou não só contra Zema, mas contra todos os outros governadores presidenciáveis de direita.

“Enquanto Jair Bolsonaro está preso, doente e sendo lentamente assassinado a cada dia que passa, Clezão está morto, Silveira a beira do colapso, Filipe Martins torturado diariamente, milhares de presos políticos sangrando a alma na cadeia e os tais direitistas se calam. Não colocam, de forma espontânea, a destruição dos direitos humanos em pauta que transformam o Brasil numa Venezuela cristalinamente. Estão preocupados apenas com seus projetos pessoais e com o que o mercado manda”, diz trecho do texto publicado por Carlos Bolsonaro em suas redes sociais.


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Os filhos de Jair Bolsonaro na investigação da Abin Paralela

Uma investigação da Polícia Federal (PF) sobre a chamada “Abin Paralela” aponta que três filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro – Carlos, Flávio e Jair Renan – foram beneficiados por ações clandestinas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante seu governo. O esquema que envolvia o uso ilegal do software de espionagem FirstMile tinha como objetivo proteger interesses políticos e familiares, monitorar adversários e interferir em investigações.

Abaixo, detalhe como cada filho aparece na investigação, com base nas informações disponíveis:

Carlos Bolsonaro 
Papel central: Carlos, vereador do Rio de Janeiro, é apontado como um dos principais beneficiários e idealizadores da estrutura paralelamente. A PF o coloca no “núcleo político” do esquema, afirmando que ele era o “destinatário direto” das informações obtidas ilegalmente, usado para proteger o núcleo familiar e atacar adversários políticos.

Desinformação: Ele é acusado de disseminação articular de notícias falsas, incluindo ataques ao sistema eleitoral brasileiro, uma das bandeiras de Jair Bolsonaro. A PF organizou que Carlos recebeu relatórios de inteligência ilegais e coordenou o chamado “gabinete do ódio”, responsável por difamar opositores nas redes sociais.
Provas : Uma mensagem de sua assessora, Luciana de Almeida, pedindo ajuda a Alexandre Ramagem (ex-diretor da Abin) em inquéritos envolvendo “PR [presidente] e os 3 filhos”, reforça seu envolvimento. A PF também interceptou diálogos onde membros da Abin combinaram marcar Carlos em postagens com fake news contra adversários, como o senador Alessandro Vieira, durante a CPI da Covid.

Flávio Bolsonaro 
Monitoramento ilegal: A Paralela da Abin é atuosa para obstruir investigações sobre o senador Flávio Bolsonaro, especialmente no caso das “rachadinhas” (desvio de substituição de assessores) quando ele era deputado estadual. A PF detalhou que a agência monitorou três auditores da Receita Federal envolvidos na apuração, com o objetivo de descredibilizá-los e neutralizar a investigação.

Obstrução de justiça: As ações incluem obter informações internas da Receita, identificar delatores e fragilizar a legitimidade do processo, configurando desvio de finalidade administrativa. Um áudio gravado pela PF, envolvendo Jair Bolsonaro, Alexandre Ramagem e o general Augusto Heleno, discutiu a investigação das rachadinhas, transferindo interferência direta.

Defesa de Flávio: Relatórios da Abin foram produzidos para subsidiar a defesa de Flávio, conforme planejado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e pela PF.

Jair Renan Bolsonaro 
Proteção preventiva: Jair Renan, vereador eleito em Balneário Camboriú, foi beneficiado por ações da Abin que buscavam antecipar e neutralizar investigações que poderiam impactá-lo. A PF aponta que a agência monitorou trâmites do Ministério Público, relações empresariais e movimentações financeiras para evitar danos à sua imagem.

Tráfego de influência: Em 2021, Jair Renan foi alvo de um inquérito por suspeita de tráfico de influência, arquivado posteriormente. A Abin atrapalhou essa investigação, monitorando o empresário Allan Lucena, ex-sócio de Jair Renan. Um agente da Abin foi flagrado pela Polícia Militar do Distrito Federal seguindo Lucena, sob ordens de um auxiliar de Ramagem, para levantar informações sobre um carro elétrico fornecido por Jair Renan.

Interferência em investigações: A PF destaca uma interferência “desastrosa” da Abin em uma apuração sobre Jair Renan, que investigava sua relação com empresários da construção civil específicos em projetos do Ministério do Desenvolvimento Regional. Ele teria recebido um veículo elétrico como pagamento por intermediação, e um Abin atuou para neutralizar a investigação.
Contexto geral :

A investigação, que resultou no indiciamento de 36 pessoas, incluindo Carlos Bolsonaro e Alexandre Ramagem, revela que a Abin foi usada para fins pessoais, violando princípios de legalidade e impessoalidade.
Jair Bolsonaro, embora não indiciado neste inquérito por já responder por organização criminosa em outro processo (relacionado à tentativa de golpe), é apontado como o “centro decisório” e principais beneficiários das ações, definindo diretrizes estratégicas ao lado de Carlos.

O software FirstMile foi usado para monitorar ilegalmente quase 1.800 telefones, resultando em 60.734 consultas irregulares entre 2019 e 2021, repassando autoridades, jornalistas e opositores.
Flávio Bolsonaro negou envolvimento com a Abin, indicando que a divulgação do relatório visava prejudicar a candidatura de Ramagem à prefeitura do Rio. Carlos e Jair Renan também negaram irregularidades.

Observação: As informações são baseadas em relatórios da PF e reportagens, mas as peças judiciais independentes de análises do Ministério Público e do STF. A investigação expõe um padrão de uso indevido da Abin, mas as defesas dos envolvidos contestam as acusações, alegando falta de provas ou motivações políticas.


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PF revela como Abin paralela e trama golpista se conectam

Relatório final detalha elo entre estrutura clandestina, Gabinete do Ódio e tentativa de ruptura institucional.

Um dos episódios mais graves da história da inteligência estatal brasileira foi desvendado no relatório final do Inquérito Policial 2023.0022161, produzido pela Polícia Federal. O documento revela a existência de uma estrutura clandestina dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), operada com recursos públicos para fins políticos, ilegais e com desvio de finalidade institucional.

A investigação, conduzida pela Divisão de Operações de Inteligência Cibernética da PF, identificou a atuação de uma organização criminosa (ORCRIM) no interior da Abin, com comando político vinculado ao entorno direto do ex-presidente Jair Bolsonaro. O núcleo da operação era liderado por Alexandre Ramagem, então diretor-geral da agência e hoje deputado federal.

Sob a gestão de Ramagem, o grupo estruturou um sistema de vigilância ilegal, sabotagem institucional e disseminação de desinformação. Parte essencial desse aparato envolvia o uso do sistema First Mile, ferramenta de espionagem eletrônica capaz de rastrear dispositivos móveis sem autorização judicial. A PF foi categórica:

“Todas as 60.734 consultas realizadas na solução First Mile durante a vigência do contrato com a Abin foram, assim, ilegais, em qualquer contexto”.

Abin paralela e Carlos Bolsonaro
O relatório aponta que o núcleo político responsável pelo uso da Abin paralela operava com objetivos eleitorais e repressivos, e tinha como elo com o Palácio do Planalto o vereador Carlos Bolsonaro, figura central do chamado “gabinete do ódio”. A estrutura atuava no monitoramento de ministros do STF, parlamentares, jornalistas e adversários políticos — além de proteger aliados, como Jair Renan Bolsonaro, filho do ex-presidente.

A PF vincula diretamente essas ações à tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, em conexão com os ataques de 8 de janeiro de 2023:

Delação de Cid e provas técnicas

A colaboração premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, foi decisiva para destravar a apuração. A delação revelou detalhes da atuação da estrutura paralela e foi complementada por 104 laudos periciais e mais de 250 relatórios técnicos, a partir da análise de cerca de 200 dispositivos eletrônicos.

A PF também demonstrou que os responsáveis omitiram a natureza intrusiva do sistema First Mile no momento da contratação, que custou R$ 5,7 milhões e foi justificada como apoio à intervenção federal no Rio de Janeiro. Na prática, o sistema foi desviado para espionagem de adversários.

“A motivação para aquisição foi seu uso prioritariamente na intervenção do Rio de Janeiro. Entretanto, os responsáveis pela contratação não enfrentaram a natureza real do sistema […] em flagrante violação aos limites da atividade de inteligência no Brasil”.

Hierarquia, sabotagem e obstrução

A PF detalhou a cadeia de comando e divisão de tarefas da organização, apontando o envolvimento de servidores da Abin, policiais federais cedidos e oficiais de inteligência. A operação era organizada em estruturas como as “Turmas de Buscas” e “Grupos de Consulta”.

Houve, segundo o relatório, obstrução das investigações por meio da formatação de celulares, ocultação de logs e intimidação de servidores que colaboraram. Também foram identificadas ações políticas no Congresso destinadas a desacreditar o inquérito e blindar os envolvidos.

Aparato estatal cooptado

O relatório sustenta que a Abin foi parcialmente convertida em instrumento de perseguição política e ataque a instituições democráticas:

“A estrutura clandestina de inteligência implementada sob a Direção de RAMAGEM era integrada por policiais federais e outros servidores cedidos à Abin […] utilizada para influenciar o resultado das eleições presidenciais de 2022”.

Crimes e pendências no STF

Com base nas evidências reunidas, a PF imputou a dezenas de investigados crimes como organização criminosa, interceptação ilegal, violação de sigilo funcional, corrupção, prevaricação e embaraço à investigação. Parte dos agentes envolvidos ainda ocupa cargos estratégicos na estrutura atual da Abin, o que, segundo os investigadores, compromete o ambiente institucional.

O caso aguarda deliberação no Supremo Tribunal Federal, que poderá determinar novas ações penais e avaliar o impacto institucional de uma das mais profundas crises da história da inteligência brasileira.

*Cleber Lourenço/ICL


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Marinha desmente ataque a helicópteros propagado por Carlos Bolsonaro

Carlos Neves, prefeito de Niterói, também desmentiu notícia falsa propagada pelo vereador e filho do ex-presidente.

O vereador Carlos Bolsonaro (PL) — que já anda enrolado no STF nos inquéritos das fake news e das milícias digitais –, compartilhou uma notícia falsa, no sábado (5), sobre um suposto ataque a tiros a seis helicópteros da Marinha que sobrevoavam a cidade de Niterói durante um treinamento militar.

O filho 02 do ex-presidente Jair Bolsonaro reproduziu um vídeo com som intenso de tiros no momento em que as aeronaves cruzavam o bairro do Caramujo, seguido de uma mensagem velada, que tentava colocar o pai como vítima de perseguição política.

“Enquanto eles ficam perseguindo quem não faz nada, o terrorismo avança livremente. Só coincidência”, escreveu.

https://www.instagram.com/reel/DIEloYcgx5u/?utm_source=ig_web_button_share_sheet&igsh=ZDNlZDc0MzIxNw==

Prefeito de Niterói também desmente ataque
O comando da Marinha e o prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, correram para desmentir o boato, que teria sido criado com o uso de Inteligência Artificial (IA). Nas imagens, não é possível ver a fumaça dos tiros e nem o som dos helicópteros, apenas o barulho dos disparos, o que reforça a hipótese de manipulação.

Em nota à imprensa, a Marinha do Brasil disse que “não houve a percepção de tiros, conforme vídeo que circula nas mídias sociais”.

O comunicado acrescenta que os helicópteros mantinham um padrão de voo previamente estabelecido, compatível com as normas de segurança e com os órgãos de controle de tráfego aéreo.

ataque

*Tempo Real

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“Não tem como Carlos Bolsonaro escapar de uma investigação sobre Marielle”, diz Nassif

Luís Nassif aponta lacunas e possíveis manobras na apuração da morte de Marielle Franco, envolvendo Carlos Bolsonaro e o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Manipulação de provas e a atuação de Carlos Bolsonaro

Um dos pontos mais controversos é a suposta manipulação de provas por Carlos Bolsonaro, vereador pelo Rio de Janeiro. Nassif narra que, após a divulgação da reportagem do Jornal Nacional em 2019, Carlos teria gravado vídeos para “esclarecer” os fatos, mas que, na verdade, teriam alterado o contexto das investigações. O jornalista relata que Carlos acessou registros telefônicos para tentar comprovar que não havia ligação entre o episódio e sua família, mas as informações levantam mais dúvidas do que respostas. “Ele estava lá. Mais que isso, o sistema de telefonia do condomínio permitia transferências para celulares, invalidando o álibi apresentado”, explica Nassif.

Outro ponto levantado foi o ambiente político à época. Segundo Nassif, a intervenção militar no Rio de Janeiro, comandada pelo general Braga Netto, foi duramente criticada por Bolsonaro, que enxergava nela um acordo entre o ex-presidente Michel Temer e o então comandante do Exército, general Villas Bôas, para impedir a candidatura de Lula em 2018. Nesse contexto, Marielle Franco, que liderava uma comissão de acompanhamento da intervenção, tornou-se alvo de oposição. “A investigação revelou que Ronnie Lessa, apontado como executor do crime, pesquisava perfis de opositores à intervenção, com destaque para Marielle”, destacou Nassif.

A promessa de esclarecimento e o silêncio prolongado

Após o assassinato, Braga Netto declarou que os mandantes do crime já haviam sido identificados e que as investigações estavam avançando. No entanto, mais de cinco anos se passaram, e embora os responsáveis pela execução tenham sido presos, os mandantes permaneceram oficialmente desconhecidos até que o ex-policial militar Ronnie Lessa delatou Domingos Inácio Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), como um dos responsáveis pelo atentado. Brazão, que já havia sido mencionado em apurações anteriores, nega qualquer envolvimento. “Criou-se um embaraço que acabou por excluir o principal suspeito, Carlos Bolsonaro, das investigações”, critica Nassif.

Manobras institucionais e rachadinhas

Nassif também apontou o papel de instituições como a Polícia Federal e o Supremo Tribunal Federal (STF) no atraso das investigações. Segundo ele, havia, na época, uma tentativa de evitar atritos com o então presidente Bolsonaro, o que teria resultado em omissões tanto no caso Marielle quanto no escândalo das rachadinhas. “Trazer tudo isso à tona agora exporia um período em que o país ficou desarmado de todos os lados”, avalia.

O futuro das investigações

Com mudanças no cenário político e no comando das instituições, há expectativas de que o caso seja retomado com mais seriedade. “Espero que o Supremo e a Polícia Federal levem adiante essas investigações. Estamos falando da democracia e do direito das famílias de Marielle e Anderson à justiça”, concluiu Nassif.

A declaração de Luís Nassif reacende o debate público sobre o caso e aumenta a pressão para que as autoridades concluam as investigações de maneira transparente e imparcial.

*Luis Nassif/247

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‘Rachadinha’: MP denuncia chefe de gabinete de Carlos Bolsonaro e mais seis pessoas ligadas ao vereador

Já as acusações contra o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro foram arquivadas.

O Ministério Público do Estado do Rio (MPRJ) denunciou sete pessoas ligadas ao gabinete do vereador Carlos Bolsonaro (PL) pela prática criminosa conhecida como “rachadinha”. Entre os denunciados está o chefe de gabinete do parlamentar. Por falta de indícios em relação ao filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, as acusações contra ele foram arquivadas. As informações foram divulgadas em primeira mão pela GloboNews.

No período da investigação, Carlos Bolsonaro chegou a ter quebrados os sigilos bancário, fiscal e telemático, mas nada de suspeito foi encontrado.

“visto que não se demonstrou qualquer circulação de valores para suas contas ou pagamentos”, diz um trecho da denúncia do MP.

A investigação apurou que o esquema funcionou dentro do gabinete de Carlos Bolsonaro entre os anos de 2005 e 2021. O chefe de gabinete de Bolsonaro, Jorge Luiz Fernandes, foi apontado na denúncia como o chefe do esquema.

Além dele, outras seis pessoas que tinham cargos comissionados no gabinete de Carlos Bolsonaro foram denunciadas pelo crime de peculato, já que as investigações apontaram que eles devolviam parte de seus salários, o que configura a prática criminosa conhecida como “rachadinha”.

Uma das funcionárias, ainda segundo a denúncia do MP, chegou a movimentar mais de R$ 600 mil para a conta do chefe de gabinete, Jorge Luiz no período em que o esquema funcionou.

As sete pessoas denunciadas foram:

Jorge Luiz Fernandes

Juciara da Conceição Raimundo da Cunha

Alexander Florindo Baptista Júnior

Thiago Medeiros da Silva

José Francisco dos Santos

Andrea Cristina da Cruz Martins Regina Célia Sobral Fernandes (esposa de Jorge Luiz)

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Carlos Bolsonaro ganha R$1,2 mi com venda de imóveis, mas só declara R$ 687 mil ao TSE

Filho de Jair Bolsonaro vendeu dois apartamentos que havia declarado na eleição de 2020.

Documentos obtidos com exclusividade pela coluna mostram que, meses antes do início da campanha eleitoral, o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) vendeu dois apartamentos de sua propriedade no Rio de Janeiro por um total R$ 1,25 milhão. No entanto, na semana passada, ao declarar seus bens ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ele informou um patrimônio de apenas R$ 687 mil, pouco mais da metade do valor obtido com as transações.

Há quatro anos, em 2020, Carlos tinha declarado ao TSE um patrimônio de R$ 591,6 mil, dos quais R$ 290 mil eram referentes aos dois imóveis vendidos.

Ele ainda informou em 2020 um terceiro apartamento, avaliado em R$ 180 mil. Esse imóvel não aparece em sua declaração neste ano, mas a coluna não localizou registros de venda. Os três imóveis representavam juntos 80% do valor dos bens do vereador na última campanha.

As vendas dos imóveis foram descobertas pela coluna a partir de documentos nos cartórios do Rio de Janeiro e os dados foram cruzados com o que foi informado pelo vereador ao TSE. Procurado para explicar as transações, o vereador não retornou.

Entre os bens listados, Carlos Bolsonaro informou possuir uma aplicação em renda fixa no valor de R$ 528 mil, além de R$ 35,6 mil em ações e R$ 5 mil em bitcoin. Ele ainda registrou novamente o mesmo carro que ele já tinha em 2020 e informou ter adquirido duas motos avaliadas em R$ 41,5 mil, somadas. Ele ainda disse guardar R$ 15 mil em dinheiro vivo.

Primeira venda
A primeira transação ocorreu em setembro de 2023, quando ele vendeu um apartamento na Tijuca, zona norte do Rio, por R$ 700 mil. Carlos foi o proprietário do imóvel por 20 anos. Ele adquiriu o imóvel em 3 de junho de 2003 por um total de R$ 150 mil que ele informou, em cartório, ter quitado em dinheiro vivo.. Naquela ocasião, o imóvel valia cerca de R$ 213 mil. A venda do imóvel representou uma negociação abaixo do valor de avaliação fiscal. A prefeitura do Rio avaliou o apartamento em um total de R$ 800,5 mil para fins de cobrança de impostos.

Segunda venda
Em fevereiro de 2024, Carlos negociou outro imóvel, dessa vez em Copacabana, na zona sul do Rio, por R$ 550 mil. Ele tinha comprado esse apartamento em 2009, por um valor declarado em cartório, de R$ 70 mil.

O imóvel foi comprado por um valor muito abaixo do mercado e em condições suspeitas já que o vereador foi a um cofre pouco antes de formalizar a negociação (Veja abaixo). O apartamento, um apart-hotel, tinha sido avaliado pela prefeitura do Rio, para fins de cobrança de impostos, em R$ 236 mil, à época.

Carlos também declarou anteriormente a aquisição de um terceiro apartamento que fica localizado na rua Leandro Martins, no centro do Rio. Na escritura, lavrada em 1 de outubro de 2012, ele informou que comprou o imóvel por R$ 180 mil. Ao checar o cartório de registro de imóveis, no entanto, a venda ainda não foi registrada formalmente.

Imóveis são alvo de investigação do MP
Os dois imóveis vendidos por Carlos Bolsonaro estão sob investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro devido a negociações suspeitas com uso de dinheiro em espécie.

O apartamento da Tijuca teve o uso de R$ 150 mil em dinheiro vivo. Já o caso do apartamento de Copacabana envolve o cofre dos irmãos Bolsonaro revelado pela coluna em julho. Carlos manteve um cofre junto com Flávio entre 2004 e 2016 e ambos costumavam acessar o cofre antes de aquisições de imóveis do clã.

Em 2009, na compra do imóvel de Copacabana, Carlos informou na escritura do imóvel que efetuou o pagamento por meio de transferência bancária. No entanto, ao analisar as contas bancárias do vereador, o MP não identificou nenhuma transferência bancária. No extrato bancário de Carlos, consta um débito no valor de R$ 60 mil, cujo lançamento foi identificado como “pagtos diversos autorizados”. Para atingir saldo suficiente para a transação, Carlos já havia recebido um depósito de R$ 10 mil, em espécie, dias antes.

No dia 20 de março, data em que o pagamento do imóvel foi feito, consta um novo crédito, dessa vez de R$ 31.687,05, identificado como “resgate poupança” — o relatório não indica de qual conta teriam vindo esses recursos, nem se ela pertencia ao vereador.

Após analisar as transações, os investigadores pediram mais informações ao Banco do Brasil e foram informados de que Carlos tinha feito um depósito em dinheiro vivo, na boca do caixa, para uma conta que consta em nome do vendedor, segundo o ICL.

O documento relata que “a título de informação, este depósito de R$ 60 mil, cuja origem se deu no saldo da conta Banco do Brasil, foi efetuado na boca do caixa às 14h40min”, duas horas e quarenta minutos depois que Carlos esteve no cofre. Não foi encontrado nenhum outro pagamento da conta de Carlos ao vendedor para totalizar os R$ 70 mil declarados em escritura de compra e venda e também na declaração de imposto de renda do vereador.

Ao mesmo tempo, os investigadores apontam que o depósito em espécie para o vendedor, no total de R$ 60 mil, foi feito em uma agência do BB que fica a 500 metros de onde Carlos mantinha o cofre — ambos os endereços são vizinhos à Câmara dos Vereadores do Rio.

A perícia do MP destaca a ida ao cofre poucas horas antes da transação: “Ademais, com base nas informações constantes no Contrato de Locação de Cofre, Carlos Bolsonaro no mesmo dia 20/03/2009 esteve na agência 0001-9 Rio (rua Lélio Gama, 105 – Centro) e acessou o seu cofre nº 225 entre os horários de 11h48min a 12h”, completa o documento. Carlos já havia mexido no cofre dois dias antes, em 18 de março.

Declaração incorreta pode configurar falsidade ideológica eleitoral
A declaração de bens e patrimônio é requisito obrigatório para o registro de candidaturas. Quando foi incluída na lei das eleições, duas preocupações principais sustentavam sua obrigatoriedade: facilitar o acompanhamento da evolução dos bens dos candidatos eleitos; e permitir que eleitores tenham conhecimento desses bens e não sejam manipulados por discursos e aparências. Porém, na prática, a aplicação dessa norma não possibilitou efetivamente a fiscalização e/ou punição de candidatos.

Volgane Carvalho professor da PUC Minas e especialista em direito eleitoral avalia que a jurisprudência consolidada impõe limites para a atuação da própria Justiça Eleitoral. Ele classificou o cenário como “frustrante”: “Hoje a pessoa faz uma declaração, que é preenchida lá no site do TSE, e coloca o que quiser. Sem grandes evidências públicas, só o Imposto de Renda, que é sigiloso, poderia confrontar essa declaração. A Justiça Eleitoral não pode pedir essa quebra de sigilo, então fica limitada, de mãos atadas”.

O candidato que declarar valor diferente do que de fato tem, pode ser enquadrado no crime de falsidade ideológica eleitoral — previsto no art. 350, do Código Eleitoral. Volgane Carvalho defende uma mudança na interpretação da lei e na jurisprudência: “A interpretação tem que mudar. Uma coisa é você dizer, declarar que tem um documento que comprova. Outra é apresentar algo que não seja só o Imposto de Renda”, afirmou o especialista, completando:

“Recentemente, a Justiça Eleitoral lidou com um caso de um candidato que alterou sua declaração entre o primeiro e segundo turno, diminuindo consideravelmente o valor que possuía em bens e patrimônio, com o intuito de se apresentar como o candidato mais pobre e humilde. Fez para manipular o eleitorado. A Justiça precisa ter mecanismos para monitorar isso e aplicar a lei”, concluiu.