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A reação de Daniel Silveira após soltura de deputado preso por Moraes

Do presídio de Bangu, no Rio de Janeiro, Daniel Silveira se manifestou após assembleia soltar deputado que estava preso por ordem de Moraes.

Preso em Bangu, no Rio de Janeiro, o ex-deputado Daniel Silveira celebrou o fato de a Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales) soltar Capitão Assumção, que ficou preso preventivamente por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF. E lamentou o fato de ele próprio não ter sido solto pela Câmara dos Deputados na sessão ocorrida em fevereiro de 2021.

Silveira redigiu uma carta aberta aos deputados da Ales. E a entregou à sua esposa, Paola da Silva Daniel. “Parabéns por fazerem o que a Câmara dos deputados não fez comigo e parabéns por não deixarem fazer com a família do deputado capitão Assunção o que fizeram com a minha”, diz trecho do documento.

Daniel Silveira Moraes

A Assembleia Legislativa do Espírito Santo decidiu, em 6/3, soltar Capitão Assumção. Foram 24 votos a favor da soltura, quatro pela manutenção da prisão e uma abstenção, a do presidente da Casa, Marcelo Santos [Podemos], segundo o Metrópoles.

Policial militar reformado, Capitão Assumção ficou preso preventivamente em um batalhão da corporação por descumprir determinação judicial ao usar redes sociais.

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Mundo

Carta de um detento palestino

Em carta coletiva, prisioneiros palestinos dão testemunho da vida em prisão israelense desde o 7 de outubro.

Há relatos de que Israel prendeu palestinos residentes dos territórios ocupados de 1948 por causa de publicações nas redes sociais. Estima-se também que Israel tenha detido milhares de trabalhadores palestinos de Gaza, cujas autorizações de trabalho foram revogadas após 7 de outubro. O número e o estado destes prisioneiros são desconhecidos devido ao fato de Israel ter emitido uma ordem para os considerar “combatentes ilegais”; o que permite à administração mantê-los detidos por um período ilimitado, sem controle judicial efetivo. De acordo com a Comissão Palestina de Detidos, Israel detém atualmente mais de 11 mil prisioneiros políticos palestinos, o dobro do número de prisioneiros antes de 7 de outubro.

Além disso, Israel iniciou uma campanha repressiva terrível contra os prisioneiros políticos palestinos, empregando políticas sistêmicas contra eles e seus direitos. O país suspendeu completamente todas as visitas de familiares e da Cruz Vermelha e limitou severamente as visitas de advogados. Também retirou a grande maioria dos direitos e concessões conquistadas pelos prisioneiros ao longo de décadas de luta, especificamente por meio de greves de fome, desobediência e boicotes a tribunais militares. Os prisioneiros estão descrevendo as condições nas prisões israelenses como semelhantes àquelas observadas em 1968. Israel restringiu severamente o acesso à água e aos alimentos, fechando os refeitórios dos prisioneiros, confiscando equipamentos de cozinha e limitando as refeições àquelas fornecidas pelo Serviço Prisional. E em uma série de ataques violentos, a administração da prisão israelense confiscou todos os pertences pessoais e comunitários dos prisioneiros, inclusive sapatos, a maioria das roupas e equipamentos de limpeza. Dispositivos elétricos foram confiscados e a eletricidade foi cortada das celas. O tempo no pátio foi restrito a menos de 15 minutos por dia e impediu que os prisioneiros de celas diferentes dentro das mesmas alas se comunicassem.

Em meio a esse embargo, dois prisioneiros foram mortos, Omar Daraghmeh, de 58 anos, que estava em detenção administrativa na prisão de Megiddo, e Arafat Hamdan, de 25 anos, que estava detido na prisão de Ofer. O testemunho a seguir foi coletado de vários relatos de prisioneiros por meio de visitas recentes de advogados, bem como de prisioneiros recentemente libertados. Os nomes dos prisioneiros e os locais de sua detenção foram ocultados para protegê-los da campanha contínua de Israel contra eles.

“Outubro é uma fórmula de mistério e de afirmação”.

“7 de outubro. São 6:20. Passada meia hora, as notícias começam a se cristalizar. Em meio a todo o barulho, diante do despertar surpreso e jubiloso dos prisioneiros, os serviços prisionais fecham todas as celas de par em par. Todos estão felizes; fomos estimulados por sentimentos de força e de vitória.

Cada notícia que chegava exemplificava um vasto sentimento de glória e orgulho.

Apesar de todos os canais terem sido cortados pelos serviços prisionais, ainda tínhamos uma antena através da qual tentamos ver o canal local que transmitia a Al-Jazeera. Estavam todos em estado de choque. As cenas causavam estranhamento. Foi este o ponto mais alto a que chegaram as análises dos meios de comunicação e dos especialistas. A batalha continua e as surpresas se sucedem, tal como a derrota dos serviços secretos sionistas, e a alegria encheu toda a nação, instalando-se em nossos corações e mentes – a notícia da captura e detenção de um grande número de pessoas, o potencial para esvaziar completamente as prisões.

As nossas celas assemelham-se agora a masmorras. Voltamos à vida primitiva, lavando à mão o que restava das nossas roupas.

Só percebemos a dimensão das surpresas e da vitória quando vimos os rostos dos carcereiros durante a contagem. Nos seus rostos, o ódio e a tristeza eram o sinal da sua derrota.

9 de outubro. Terceiro dia. O isolamento continua. Mal nos deixam sair para tomar banho. A cada tentativa de estender uma antena para o exterior, a fim de obter um pouco de notícias, o carcereiro apressa-se em cortar o cabo.

A situação se agrava: mais e mais pressão. Mas as cenas pungentes que testemunhamos trazem alívio e restauram a nossa dignidade e orgulho roubados. Essas cenas vão se somar a uma série de momentos históricos em outubro, um mês em que a incrível coragem dos titãs reafirma uma e outra vez a nossa narrativa fundadora, para a qual este outubro apresenta um novo modelo definidor da nossa luta contra a ocupação.

10 de outubro. A manhã não é diferente, exceto pela chegada de uma unidade de busca que faz estragos na cela. A repressão nos faz tomar consciência da magnitude das notícias e da extensão das suas perdas. Percebemos que cada escalada é uma resposta a uma resistência que marca novas conquistas e lhes inflige golpes dolorosos.

12 de outubro. Tal como no dia da invasão, o colono mostra a ignomínia da sua tirania. As medidas intensificam-se e a pressão atinge o seu ponto máximo esta manhã. A unidade de repressão invadiu durante a manhã o pavilhão vizinho, assediando os presos nas suas celas. Os gritos, o barulho e as agressões tornaram-se mais intensos. A comida é escassa e mal cozinhada; a galinha até tem penas.

As refeições fornecidas nem sequer seriam suficientes para alimentar uma ave.

A eletricidade foi cortada durante todo o tempo; só é restabelecida durante a “recontagem” que se realiza três vezes por dia.

13 de outubro. A situação não se alterou significativamente. Pelo contrário, está se tornando mais difícil e mais complexa.

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Dias de silêncio e angústia avassaladores. Falta de informação. Sabemos, no entanto, que à medida que os dias passam, a situação deteriora-se e a repressão persiste.

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19 de outubro. A tensão aumenta. As unidades de busca começam suas incursões. Tudo o que me importa são algumas fotografias, fontes de energia e vida no cativeiro, e alguns pedaços de papel.

21 de outubro. Os serviços prisionais lançaram uma nova campanha – buscas e assédio nas enfermarias e confisco de todos os objetos pessoais e comunitários. Levam tudo: cada preso fica apenas com dois conjuntos de roupas íntimas, uma toalha e uma fronha. Não há tênis, apenas chinelos. Não há nada nas celas.

Os carcereiros se apoderaram de tudo, incluindo a placa elétrica que os detidos utilizavam para cozinhar e aquecer os alimentos, canetas e papel que constituíam o seu único meio de escapar do estado de expropriação em que vivem; são até mesmo privados de consultas e exames médicos.

Os carcereiros atiraram um grande número de ovos em uma das celas. O mau cheiro dos ovos impregnou essa cela e as celas vizinhas. Não contentes com isso, os carcereiros confiscaram os utensílios de limpeza, de modo que o cheiro impregnou todo o local.

Para aqueles que estão nas prisões há muito tempo e que viveram vários acontecimentos nas prisões, esta é a primeira vez que tais medidas são tomadas – a situação nas prisões é semelhante à de 1968.

Os detidos foram obrigados a beber água das torneiras contaminadas das celas, que cheiram mal. Na cela onde antes estavam 6 presos, estão agora 12.

23 de outubro. Um dos piores dias. Exatamente às 9 horas da manhã, as unidades de repressão entraram na cela. A busca prolongou-se até altas horas da noite, até às 23 horas. Durante todo esse tempo, estivemos algemados, sem eletricidade nem água. Regressamos à cela e a única coisa que nos importava era que tínhamos conseguido esconder alguns papéis e uma caneta. Foi o suficiente para nós, em meio a uma agitação aterradora.

Depois de ter sido invadida, a cela estava imunda – havia ovos partidos espalhados por todo o canto, tudo tinha sido confiscado; a cela estava completamente desolada, sem quaisquer objetos. Era uma outra espécie de Nakba. Podíamos ver a malícia nos olhos deles enquanto destruíam tudo.

Incerteza. Não sabemos o que está acontecendo lá fora. Nem sabemos que medidas repressivas os serviços prisionais irão tomar a seguir.

O meu corpo está exausto – talvez por causa dos longos períodos sentado na cela, sentado e dormindo dentro da cela (que tem cerca de 5×3 metros), e por causa das restrições ao tempo de pátio durante o qual costumávamos andar (o pátio tinha cerca de 18×10 metros). Comecei a fazer algum exercício no pequeno espaço partilhado por 8 prisioneiros na cela, uma vez que se tornou o único espaço disponível para nós.

Tomar banho tornou-se uma tarefa impossível para os prisioneiros. No passado, os detidos costumavam tomar banho fora das enfermarias, em um espaço designado chamado “chuveiros”. Esse espaço é normalmente coberto por uma lona, que os serviços prisionais confiscaram. Consequentemente, os detidos são obrigados a tomar banho ao ar livre, o que se recusam a fazer, optando por se lavar nas suas celas utilizando recipientes de plástico.

Não há esfregões nas celas. Pedimos um ao carcereiro. Ou ele traz ou a água fica espalhada no chão.

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Desde 7 de outubro, os prisioneiros estão proibidos de sair para o pátio, o que agora é limitado a menos de 15 minutos por cela do pavilhão, e os prisioneiros de diferentes alas do pavilhão estão impedidos de se misturar. Quando o advogado de Abu Nidal (companheiro de cela do autor) foi finalmente autorizado a visitá-lo, não pensou na justiça que isso poderia lhe trazer, pois o que mais ansiava eram os poucos passos que poderia dar nos quatro metros quadrados de que disporia na sala de reuniões dos advogados.

Abu Nidal caminha um pouco e os cantos dos seus lábios esboçam um sorriso – um sorriso de vitória e de antecipação da liberdade.

Nidal me perguntou: vai casar assim que estiver lá fora? Quão otimista acha que o nosso povo está em relação à nossa liberdade?

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Pensando nessas palavras, lembro-me de que, no dia 7 de outubro, perguntei a Nidal sobre uma pilha de livros que ele receberia na prisão; ele respondeu imediatamente: Não preciso deles agora, o meu pai vai lê-los em breve sob um céu livre.

(*) Tradução de Mateus Forli

*Opera Mundi 

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Opinião

Carta ao cartão de crédito de Jair Bolsonaro: conte-nos tudo!

Jamil Chade*

Prezado senhor Cartão de Crédito de Jair Bolsonaro

Ao longo de quatro anos, o senhor foi usado e abusado. Foi escondido, passado sem vergonha, transformado em máquina de fazer dinheiro. Trabalhou como ninguém naquela família.

Descobrimos nesta semana que o senhor foi instrumentalizado para comprar R$ 8.600 em sorvetes. Calculando pelo preço médio de um picolé mais sofisticado que está à venda no mercado, isso representaria 661 sorvetes. Um a cada três dias, durante quatro anos.

Também fiquei muito impressionado com o quanto o senhor foi usado em padarias: R$ 581 mil. Haja sonho. Isso, claro, sem contar com gastos elevados de mais de R$ 100 mil em apenas um dia em um restaurante modesto do Norte do Brasil. Lá, o prato custava 17 reais.

Hoje começo a entender tanto sigilo. E tantas internações por problemas estomacais.

Mas fiquei confuso com todas essas informações. Certo dia, em São Paulo, encontrei por acaso com uma das secretárias mais fiéis ao governo Bolsonaro. E ela me fez uma confissão emocionante: o presidente era uma pessoa “simples” e que “comia arroz e feijão”.

Claro, quando descobrirmos que ele gastou em quatro anos R$ 27 milhões, fico só pensando: alguém está mentindo. Ou o presidente, ou ela ou o senhor.

Também não entendi os gastos de 1,4 milhão de reais em um só hotel. Numa conta rápida, daria para pagar por oito anos de estadia. Mas ele não tinha casa? Aquela das emas que fugiram da cloroquina?

Escrevo esta carta para pedir um favor: conte-nos tudo.

Todos aqueles sorvetes foram ou não consumidos? Aquelas noites de hotel foram ou não usadas? E como comer 6.000 pratos num só dia naquele restaurante modesto?

Afinal, quem era o teu chefe? Um homem simples ou um mentiroso?

Peço perdão por tirá-lo de um sono de cem anos. Mas, sabe, só estou cobrando isso por ser meu o dinheiro que pagou essas contas. Meu e dos demais brasileiros.

Como estamos reconstruindo uma democracia e como ainda lidamos com a herança de 33 milhões de famintos, você tem o potencial de ser uma peça chave nesse processo.

Foram anos de uma destruição profunda do país. E, numa democracia, existem coisas que o dinheiro não compra.

Aparentemente, o presidente de plantão achou que, para todas as outras, existia o cartão de crédito.

Saudações democráticas,

Jamil

*Uol

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Lula assina carta prometendo respeito a religiões e templos em eventual governo; leia aqui

“Em nosso governo não será diferente. Todas as religiões e templos religiosos serão respeitados e tratados com dignidade”.

Após negar subscrever uma carta para prestar satisfações aos evangélicos, o ex-presidente e candidato Lula (PT) lança neste dia 12 de outubro, Dia da Padroeira, um manifesto prometendo respeito a todas as religiões em um eventual governo a partir de 2023.

Líder nas pesquisas dedicadas ao segundo turno contra Jair Bolsonaro (PL), Lula é católico e reafirmou, na carta, que em governo anteriores sancionou leis que ajudaram os brasileiros a terem liberdade para escolher e professar a sua religião.

“Em nosso governo não será diferente. Todas as religiões e templos religiosos serão respeitados e tratados com dignidade”, assinalou.

O ex-presidente termina pedindo que bênção à Nossa Senhora Aparecida para que consiga ajudar a reconstruir uma Nação democrática, onde todos tenham vida e “vida em abundância”.

*Com GGN

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Política

Vídeo: Chico Buarque lê trecho da “Carta em defesa do Estado Democrático de Direito”

Documento já conta com mais de 800 mil assinaturas e é reação às manifestações de Bolsonaro contra as urnas eletrônicas.

O cantor e compositor Chico Buarque gravou um vídeo em que lê um trecho da “Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito!”

O documento é inspirado na “Carta aos Brasileiros”, de 1977, que comemorou 45 anos nesta segunda-feira (8). Organizadores da “Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito”, publicaram um novo texto em defesa da democracia nos grandes jornais do país.

O manifesto, que foi divulgado no último dia 26 de julho, já conta com mais de 800 mil assinaturas e é considerado uma crítica velada às acusações de fraude nas urnas eletrônicas feitas pelo presidente Jair Bolsonaro (PL).

Ato em 11 de agosto

O texto publicado nesta segunda-feira comemora a existência da “Carta aos Brasileiros”, reforça o seu propósito de defesa da democracia e convida para participação no ato de quinta-feira (11), no Largo de São Francisco, em frente à Faculdade de Direito da USP.

“A mobilização popular será o antídoto eficaz para evitar eventual investida contra o resultado da eleição, independentemente de quem seja o vencedor”, diz um trecho da “Carta de 22”.

Para assinar a carta, clique aqui.

Veja abaixo o trecho lido por Chico Buarque:

No Brasil atual não há mais espaço para retrocessos autoritários. Ditadura e tortura pertencem ao passado. A solução dos imensos desafios da sociedade brasileira passa necessariamente pelo respeito ao resultado das eleições.

Em vigília cívica contra as tentativas de rupturas, bradamos de forma uníssona:

Estado Democrático de Direito Sempre!!!!

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Delegados da Polícia Civil lançam carta pró-democracia

O documento diz que os subscritores da carta “manifestam a crença nos valores da democracia e da cidadania, rechaçando qualquer tentativa de desrespeito à ordem constitucional”.

Segundo o Correio Braziliense, cento e doze delegados da Polícia Civil de São Paulo lançaram, ontem, o documento Carta Aberta dos Delegados de Polícia pela Democracia. Trata-se da primeira manifestação de policiais depois do lançamento do manifesto Estado de Direito, Sempre!, que deve ser lido, no dia 11 de agosto, na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. Entre os subscritores da carta estão o ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo Domingo de Paulo Neto e o ex-diretor da Agência Nacional de Inteligência (Abin) Mauro Marcelo de Lima e Silva, além de outros delegados de classe especial — topo da carreira na Polícia Civil.

O documento diz que os subscritores da carta “conscientes do papel institucional do delegado de polícia de ser o primeiro garantidor da legalidade e da justiça, manifestam a crença nos valores da democracia e da cidadania, rechaçando qualquer tentativa de desrespeito à ordem constitucional ou arroubos autoritários”. A carta prossegue afirmando que “a democracia é um valor constitucional consagrado na Constituição Cidadã, e seu conteúdo deve ser construído dia a dia pelas instituições, em especial pelas agências de controle que integram o sistema de justiça, a exemplo da Polícia Civil”.

Os delegados lembram o arbítrio durante a ditadura militar e afirmam que em um “Estado Democrático de Direito, a Polícia Civil, tem o papel constitucional da preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio e a função de polícia judiciária e apuração das infrações penais, não sendo possível compactuar com qualquer atentado à lei e aos bens que devem ser protegidos constitucionalmente”.

Os delegados demonstram apoio à Justiça Eleitoral. “A reboque, o papel da polícia judiciária é o de órgão auxiliar da Justiça Eleitoral, inclusive na persecução dos crimes praticados contra a administração da justiça.”

O documento conclui salientando que os signatários reafirmam sua “disposição pela luta para garantia e defesa do Estado Democrático de Direito, pelo respeito aos três Poderes, bem como do processo eleitoral, que representa a vontade do povo e assim deve ser acatada”. “Em suma, parafraseando Ulysses Guimarães: ‘traidor da Constituição é traidor da Pátria. Temos ódio e nojo à ditadura!'”

Base eleitoral

Trata-se de mais uma manifestação de uma categoria que faz parte da base eleitoral do presidente Jair Bolsonaro (PL). Vem na sequência da nota divulgada pelos servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), no último dia 20, em favor do processo eleitoral brasileiro. Por meio de nota, a associação que representa a categoria disse que “não há qualquer registro de fraude nas urnas eletrônicas desde a implantação do atual sistema”.

No documento, deixam claro que a Abin tem “prestado apoio técnico especializado à Justiça Eleitoral no fornecimento e implementação de sistemas e dispositivos criptográficos, que contribuem para a autenticidade, confidencialidade e inviolabilidade dos programas e dados das urnas utilizadas no país”.

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Política

Carta a Fachin confirma que militares estão preparando terreno para barbarizar eleições

O texto emprega conceitos, opiniões e expressões comumente repetidas na pregação golpista por Bolsonaro e pelos generais conspiradores. Nele, o general Paulo Sérgio grifa com negrito vários trechos com ataques explícitos ou com recados ameaçadores, segundo Jeferson Miola, 247.

Os militares atribuem a si próprios funções e atribuições não previstas na Constituição e nas leis brasileiras. Eles avocam o delirante papel de tutores do sistema eleitoral e da democracia e evidenciam a absurda pretensão de equiparação a um Poder de Estado, o quarto poder da República, como transparece em vários trechos:

– “sem esse trabalho dedicado, zeloso e eficiente das Forças Armadas torna-se muito difícil para o Estado brasileiro realizar as eleições em parcela do país.”

O general-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira oficiou ao presidente do TSE Edson Fachin nesta 6ª feira [10/6] a insatisfação das Forças Armadas com as respostas do Tribunal às questões “técnicas” apontadas pelos militares no bojo da Comissão de Transparência Eleitoral.

A carta é recheada de ameaças e insinuações e não deixa dúvidas de que o real objetivo das cúpulas partidarizadas das Forças Armadas é demarcar uma posição de enfrentamento franco e aberto.

O texto emprega conceitos, opiniões e expressões comumente repetidas na pregação golpista por Bolsonaro e pelos generais conspiradores. Nele, o general Paulo Sérgio grifa com negrito vários trechos com ataques explícitos ou com recados ameaçadores.

Os militares atribuem a si próprios funções e atribuições não previstas na Constituição e nas leis brasileiras. Eles avocam o delirante papel de tutores do sistema eleitoral e da democracia e evidenciam a absurda pretensão de equiparação a um Poder de Estado, o quarto poder da República, como transparece em vários trechos:

– “sem esse trabalho dedicado, zeloso e eficiente das Forças Armadas torna-se muito difícil para o Estado brasileiro realizar as eleições em parcela do país.”

– “o trabalho das Forças Armadas tem o intuito sempre democrático, buscando contribuir para que o País tenha eleições justas, democráticas e transparentes.”

– […] “as Forças Armadas elaboraram propostas plausíveis, em vários níveis, desde o técnico até o de governança”

– […] “trago a Vossa Excelência algumas considerações […] com o intento de oferecer importante argumentação para a compreensão dos conteúdos das propostas das Forças Armadas por essa Corte Eleitoral e pela sociedade” […]

– “Reitero que as sugestões propostas pelas Forças Armadas precisam ser debatidas pelos técnicos.”

– “O fato de as Forças Armadas identificarem possíveis oportunidades de melhoria e apresentarem sugestões para tratá-las tem como único objetivo trabalhar, responsavelmente, para proteger o processo eleitoral e fortalecer a democracia.”

– “Cabe destacar que uma premissa fundamental é que secreto é o exercício do voto, não a sua apuração.”

– “Em síntese, o que se busca com as propostas das Forças Armadas é aperfeiçoar a segurança e a transparência do processo eleitoral” […].

Em certo trecho do ofício o general Paulo Sérgio comete um ato falho e assume que as Forças Armadas atuam como verdadeiro partido político, o que equivale a reconhecer esta instituição de Estado como facção partidária armada, ou seja, como milícias fardadas dirigidas pelo partido dos generais.

Escreve o general conspirador: “Vale destacar, ainda, que alguns conceitos jurídicos corroboram o direito de fiscalização de todas as fases do processo eleitoral. […] Soma-se, a esse conceito constitucional, […] onde é estabelecido que os partidos e coligações poderão fiscalizar todas as fases do processo de votação e apuração das eleições e o processamento eletrônico da totalização dos resultados”.

O general Paulo Sérgio explora com astúcia o erro brutal do TSE, que puerilmente confiou no inexistente legalismo e profissionalismo das cúpulas partidarizadas das Forças Armadas que conspiram, atacam a democracia e afundam o país no precipício fascista.

Ele argumenta que “as Forças Armadas foram convidadas por esse Tribunal” para participarem da Comissão de Transparência das Eleições, e “foram elencadas como entidades fiscalizadoras”.

Reclamando que “as Forças Armadas não se sentem devidamente prestigiadas por atenderem ao honroso convite do TSE para integrar a CTE”, apesar de terem sido “convidadas por esse Tribunal”, o general ainda culpa preventivamente o TSE pela “interrupção” das discussões técnicas. Ele alega que isso ocorreu “não por parte das Forças Armadas, mas pelo TSE ter sinalizado que não pretende aprofundar a discussão”.

Paulo Sérgio também ataca a decisão do TSE de ampliar o processo de observação e de acompanhamento internacional das eleições: “Não basta, portanto, a participação de ‘observadores visuais’, nacionais e estrangeiros, do processo eleitoral”.

Sob qualquer ângulo que se considere – político, institucional, legal e constitucional –, o ofício do ministro da Defesa ao ministro Fachin é um disparate, e confirma que as cúpulas militares estão preparando o terreno para barbarizar a eleição deste ano.

Eles sinalizam estar dispostos a tumultuar o processo num nível insuportável para, assim, “legitimarem” a retórica de um possível cancelamento das eleições se o TSE não atender as exigências e condicionalidades por eles impostas.

Os militares deturpam e falseiam a Constituição para legitimarem a interferência política e a tutela da democracia e do poder civil, o que é profundamente inaceitável.

No ofício, o ministro da Defesa afirma como “missões estabelecidas pelo Povo para as Forças Armadas” [sic] “a defesa da Pátria e a garantia dos poderes constitucionais, da lei e da ordem”.

Tal afirmação, uma barbaridade, não é encontrável na Constituição brasileira, do mesmo modo que não está escrito na Carta Magna que “as Forças Armadas têm firme compromisso com o fortalecimento do sistema democrático brasileiro e com as suas instituições”.

O general Paulo Sérgio termina o ofício ao ministro Fachin com uma ameaça direta, que dispensa interpretações: “Por fim, encerro afirmando que a todos nós não interessa concluir o pleito eleitoral sob a sombra da desconfiança dos eleitores. Eleições transparentes são questões de soberania nacional e de respeito aos eleitores”, finalizou o general conspirador.

O timing de envio do ofício ao ministro Fachin parece calculado: depois do encontro do Aberração do Planalto com o presidente Joe Biden, dos EUA.

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Jamil Chade: Carta para Arthur do Val: a condição feminina na guerra e na paz

Senhor Deputado

Confesso que não conhecia seu nome, e nem sua denominação de guerra. Mas os áudios indigestos que vazaram com seus comentários sobre a situação na Ucrânia me obrigaram a escrever aqui algumas linhas sobre o que eu vi em campos de refugiados e filas de pessoas desesperadas para escapar da guerra e da pobreza ao longo de duas décadas.

Não estou acusando o senhor e sua comitiva do que estará exposto abaixo. Mas considero que, sem entender essa dimensão do sofrimento humano, fica impossível justificar uma viagem como a que o senhor faz para ajudar a defender um povo.

Ao longo da história, a violência sexual é uma das armas de guerra mais recorrentes para desmoralizar uma sociedade. Ela não tem religião, nem raça. Ela destrói. Demonstra o poder sobre o destino não apenas das vidas, mas também dos corpos e almas.

Percorrendo campos de refugiados em três continentes, o que sempre mais me impressionou foi a vulnerabilidade das mulheres nessa situação.

Mas, antes, vamos ser claros aqui. Não precisamos sair do Brasil para saber que as mulheres, simplesmente por serem mulheres, precisam passar a vida se explicando. Como se necessitassem de chancela ou justificativa para determinar o destino de seu corpo ou coração, se podem trabalhar ou ter tesão. Intolerável, não?

Então, o senhor pode imaginar o que isso significa em tempos de guerra, onde a lei e a moral são suspensas?

Conheci certa vez uma garota yazidi. Ela me contou como, depois de sua cidade ser tomada por islamistas, ela foi transformada em escrava sexual. Aqueles olhos verdes intensos se enchiam de lágrimas quando contava que, num calabouço, ela e as demais meninas se dividiam em dois grupos.

Aquelas que rezavam para sobreviver e aquelas que rezavam para morrer logo.

Ela também me contou que, num ato de solidariedade com as outras mulheres que viriam depois delas, foi iniciado um gesto espontâneo de escrever mensagens nas paredes daqueles quartos imundos, inclusive com dicas de como agir. Escreviam com a única cor que tinham. O vermelho do sangue de suas vaginas estupradas.

O senhor me diria: claro, isso é coisa de terrorista islâmico. Sim, sem dúvida. Mas quero lhe contar o que investigações e auditorias revelaram em um local mais próximo de nós: o Haiti.

Ali e em outros locais onde estão destacadas, as tropas de paz da ONU – repletas de moral, credibilidade e protocolos – foram acusadas de estupro e de abusos com mulheres, meninas e meninos. Alguns, em troca de comida. Num caso específico, um garoto era semanalmente estuprado por oficiais, em troca de bolachas. Há até mesmo uma categoria de crianças hoje nesses países, “os filhos da ONU”.

Na Sérvia, num barracão onde eram depositados os refugiados que aguardavam para chegar até a Europa Ocidental, conheci uma mulher que não falava. Sua irmã, depois, veio me explicar que ela ficou muda depois de ter sido estuprada pelo “guia” que seus pais tinham contratado na Turquia para que elas cruzassem as fronteiras. Para pagar pelo guia, os pais venderam as únicas coisas que tinham: uma casinha e dois animais.

Em Dadaab, no Quênia, entendi toda a minha ignorância quando fui perguntar para um grupo de crianças do que elas tinham mais medo. Achei que a resposta seria: as bombas de Mogadíscio. Mas era do escuro do campo de refugiados. Quando pedi para saber o motivo, uma delas sussurrou: “não podemos nem ir ao banheiro pela noite. Um homem pode fazer coisas ruins com nosso corpo”.

Anos depois, voltei a viajar para a África. Da janela do avião a hélice em que eu voava, podia ver como um garoto usava um pedaço de galho para tentar dirigir o destino de vacas e outros animais. Enquanto ele conseguia dar direção ao gado, algumas reses escapavam um pouco adiante.

Do assento em que eu estava, quase não consegui ouvir quando o piloto se virou para trás e, competindo com o barulho do motor, gritou que estávamos iniciando a aterrissagem. Jamais imaginaria que, minutos depois, era sobre aquele local de terra de onde o garoto estava retirando os animais que o avião iria pousar. O que de fato eu tinha visto era a preparação da pista de pouso.

Eu tinha viajado para um lugar a oeste da cidade de Bagamoyo, na Tanzânia, para escrever sobre o impacto da Aids numa das regiões mais pobres do planeta. Mas seria naquele local que eu descobriria, de uma maneira inusitada, a dimensão do drama de imigrantes e refugiados. Ao longo dos anos, visitei campos de refugiados na fronteira do Iraque, entre o Quênia e a Somália, em Darfur, na rota entre a Turquia e a Europa. Vi milhares de pessoas sem destino. Mas, nas proximidades de Bagamoyo, aquela história era diferente. Oficialmente, não havia uma guerra. Não havia um acampamento de refugiados. Mas eu logo descobriria que nem por isso o desespero deixava de estar presente naquela população.

Eu fazia uma visita a um hospital e esperava para falar com o diretor. Por falta de médicos, ele fora chamado para fazer um parto. Sabia que aquilo significava que eu passaria horas ali, à espera de minha entrevista. Restava fazer o que eu mais gostava nessas viagens: descobrir quem estava ali, falar com as pessoas, perambular pelo local, ler os cartazes e simplesmente observar. No portão do centro de atendimento, centenas de mulheres com seus véus coloridos aguardavam de forma paciente. Tentavam afastar as moscas, num calor intenso, enquanto o choro de crianças rompia os muros descascados daquela entrada de um galpão transformado em sala de espera.

Ao caminhar para uma das alas, fui barrado. Os enfermeiros me pediram que não entrasse no local. Quando perguntei qual era a especialidade daquela área, disseram que não podiam revelar. Em partes da África, o preconceito e o estigma em relação aos pacientes de Aids obrigam os hospitais a não indicar nem em suas paredes o nome da doença. Decidi sair do prédio em ruínas e, num dos pátios do hospital, vi duas garotas brincando.

Não tinham mais de 10 anos de idade. E o único momento em que olharam para o chão, sem resposta, foi quando perguntei o que faziam ali. Mas a curiosidade delas em saber o que um rapaz branco, com um bloco de notas na mão e uma câmera fotográfica, fazia lá era maior que sua vontade de contar histórias. Desisti de seguir com minhas perguntas. Expliquei que era jornalista brasileiro e, para dizer meu nome, mostrei um cartão de visita, que acabou ficando com elas.

Quando iam responder à minha pergunta sobre os seus nomes, nossa conversa foi interrompida por uma senhora que, da porta do hospital, me avisava que o diretor já estava à disposição para a entrevista. Deixei aquelas crianças depois de menos de cinco minutos de conversa. Já caminhando, virei e disse uma das poucas expressões que tinha aprendido em suaíli: kwaheri – “adeus”. Ganhei em troca dois enormes sorrisos.

Terminada a entrevista com o diretor do hospital, confesso que nem sequer notei se as meninas continuavam ou não no pátio. Estava ainda sob o choque de um pedido do gerente da clínica, que, ao terminar de me explicar o que faziam, me perguntou se eu não poderia deixar para eles qualquer comprimido que tivesse na mala. Qualquer um. Até mesmo se o prazo de validade já tivesse expirado.

Alguns meses depois, já na Suíça, abri minha caixa de correio de forma despretensiosa ao chegar em casa. Num envelope surrado e escrito à mão, chegava uma carta de Bagamoyo.

Pensei comigo: deve ser um erro e a carta deve ter sido colocada na minha caixa por engano. Eu não conheço ninguém em Bagamoyo. Mas o envelope deixava muito claro: era para Jamil Chade.

Antes mesmo de entrar em casa, deixei minha sacola no chão e abri o envelope. Uma vez mais, meu nome estava no papel, com uma letra visivelmente infantil. Eu continuava sem entender. Até que comecei a ler. No texto, em inglês, quem escrevia explicava que tinha me conhecido diante do hospital e que tinha meu endereço em Genebra por conta de um cartão que eu lhe havia deixado.

Como num sonho, as imagens daquelas garotas imediatamente apareceram em minha mente. Mas o conteúdo daquela carta era um verdadeiro pesadelo. A garota me escrevia com um apelo comovedor. “Por favor, case-se comigo e me tire daqui. Prometo que vou cuidar de você, limpar sua casa e sou muito boa cozinheira.” A carta contava que sua mãe havia morrido de Aids – naquele mesmo hospital – e que seu pai também estava morto.

Cada um dos oito filhos fora buscar formas de sobreviver e ela era a última da família a ter permanecido na empobrecida cidade. “Preciso sair daqui”, escrevia a garota. A cada tantas frases, uma promessa se repetia: “Eu vou te amar.”

Uma observação no final parecia mais um atestado de morte: “Com as últimas moedas que eu tinha, comprei este envelope, este papel e este selo. Você é minha última esperança.”

Deputado, talvez o senhor classificaria essa pessoa no grupo de “meninas fáceis”. Eu, porém, chorei de desespero e de impotência diante daquele pedido de resgate.

Eu e o senhor- homens brancos – nascemos como a classe mais privilegiada do planeta. Eu e o senhor não tivemos de fazer nada para adquirir esses privilégios. Existimos.

É nossa obrigação, portanto, desmontar o processo de profunda desumanização de uma guerra e da miséria. Cada um com suas armas.

Não sei qual será o destino que a Assembleia Legislativa em São Paulo, seu partido e seus eleitores darão ao senhor. Qualquer que seja ele, só espero que esse episódio revoltante sirva para que haja alguma insurreição de consciências sobre a condição feminina. Na guerra e na paz.

Grato pela atenção

Jamil Chade

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Carta de general da Anvisa é histórica e humilhante para Bolsonaro

“Barra Torres faria uma nota com essa contundência sem ter o respaldo de outros oficias superiores das Forças Armadas?”

A carta aberta que o oficial general Antonio Barra Torres, diretor-presidente da Anvisa, enviou a Jair Bolsonaro no último sábado (08), em resposta aos ataques que a instituição tem sofrido por causa da vacinação infantil, é um documento histórico e humilhante para o presidente da República. É o que avaliam dois políticos de oposição ao atual governo, o deputado federal Paulo Pimenta (PT) e o governador do Maranhão, Flávio Dino (PSB).

Em mensagem a Bolsonaro, Barra Torres pediu que o presidente não “prevarique” e abra imediatamente uma investigação contra os funcionários da Anvisa se tiver provas de agenda obscura na vacinação infantil, ou então que se “retrate” das ilações que fez em público. A resposta ocorreu após Bolsonaro questionar quais é o “interesse da Anvisa” em permitir a vacinação das crianças a partir de 5 anos.

“Esse documento integra a história do Brasil por dois motivos: trata-se de um oficial-general reagindo às múltiplas agressões daquele que deveria honrar as Forças Armadas, e não o faz. E é o registro de um tempo em que a coação e a mentira são métodos de governo”, apontou o governador Flávio Dino.

Leia, abaixo, a carta de Barra Torres a Bolsonaro.

*Cíntia Alves/GGN

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EUA negam retirada das tropas do Iraque, mas Chevron retira seus funcionários como medida de segurança

Após carta vazada sobre a retirada das tropas, EUA negam que vão retirar tropas do Iraque.

Por outro lado a Chevron retirando funcionários norte-americanos do Iraque, mostra que a coisa parece mais séria do que o governo Trump quer transparecer.

“Não sei o que é aquela carta”, declarou Mark Esper, chefe do Pentágono, mas parece que a Chevron sabe.

O porta-voz da companhia disse que a operação no Curdistão iraquiano será tocada por trabalhadores locais e que os trabalhadores estrangeiros serão mandados de volta a seus países como medida de segurança.

Por isso a declaração dada à imprensa na tarde desta segunda-feira (6) pelo secretário de Defesa dos Estados Unidos, Mark Esper, negando que o país esteja planejando uma retirada de suas tropas do solo iraquiano após a circulação de uma carta do general William Shelly que os estadunidenses sairiam do Iraque em respeito à decisão do parlamento local, não convenceu.

Após a declaração, autoridades teriam afirmado que o documento vazado seria apenas um “rascunho” sem explicar qual o objetivo do tal “rascunho”.

A mensagem que circulou mais cedo afirmava que a coalizão deixaria o Iraque “em respeito à soberania” do país e iria “reposicionar as forças nos próximos dias e semanas”. Embora não tenha sido confirmada pelo Departamento de Defesa dos EUA, autoridades estadunidenses teriam garantido a veracidade à jornalista Liz Sly, responsável pela cobertura do Washington Post no Oriente Médio, e a agências de notícias como a Reuters.

 

*Da redação