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Política

Polícia de SP ficou seis dias com celular de assessor de Moraes; Zambelli foi avisada de ocorrência

“A polícia levou quase 24h para ter um súbito interesse pelo conteúdo guardado no telefone?”, questiona Rodrigo.

A Polícia Civil de São Paulo ficou pelo menos seis dias de posse do telefone celular de Eduardo Tagliaferro, ex-perito do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) citado em reportagem da Folha de S. Paulo, jornal de direita paulista. A matéria, assinada por Fabio Serapião e Glenn Greenwald, tentou atingir o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, acusado pelo diário de agir “fora do rito”, ao utilizar estrutura do TSE para apurar ações golpistas do bolsonarismo.

Tagliaferro aparece em vários dos diálogos reproduzidos pela Folha, conversando com outros auxiliares de Moraes. Greenwald e Serapião afirmam que as mensagens não foram obtidas com hackeamento ilegal. E, por óbvio, não têm nenhuma obrigação de revelar como obtiveram os diálogos. Ao contrário, podem e devem proteger suas fontes.

Mas como a reportagem da Folha tem servido de munição para a extrema direita atacar Moraes, até com pedidos de impeachment, abre-se caminho para uma importante indagação: quem teria copiado as mensagens e repassado aos jornalistas? O material veio da polícia? Ou seria fruto de arapongagem militar?

Este jornalista teve acesso a dois registros oficiais da polícia paulista, que ajudam a entender a cronologia dos fatos.

No dia 8/05/23, Eduardo Tagliaferro foi preso na Grande São Paulo. Na época, ele atuava em Brasília, como um especialista em tecnologia que auxiliava nas investigações conduzidas pelo TSE, elaborando relatórios sobre fake news e ataques ao sistema eleitoral, que eram entregues a Moraes.

A família de Tagliaferro permaneceu em São Paulo, e o perito costumava se deslocar entre as duas cidades para encontrar a esposa. Foi num desses reencontros que ocorreu grave desentendimento. Tagliaferro teria ameaçado a mulher com uso de arma de fogo. Ela chamou a polícia, e o perito do TSE foi preso.

Era um grave episódio de violência, mas ganhou contornos políticos quando a deputada bolsonarista Carla Zambelli fez uma postagem, nas primeiras horas da manhã do dia 9/05/2023: “O assessor de um homem poderoso no Brasil está na delegacia”.

Reparem: Zambelli fez a postagem enquanto Tagliaferro ainda era ouvido nas dependências da polícia paulista, no município de Caieiras, na Grande São Paulo. Quem avisou Zambelli sobre o potencial político daquele caso, que começara como episódio de violência doméstica?

Não temos a resposta. Mas sabemos que o caso foi conduzido pela delegada Luciana Rafaelli Santini, como se observa no trecho final do boletim de ocorrência emitido pela Delegacia de Caieiras, às 6:10 da manhã do dia 9/05/23.

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Investigação

Celular de Torres tem Lula enforcado, intervenção e acusação a Moraes

Aparelho celular de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, armazena uma série de conteúdos considerados golpistas por investigadores.

O celular de Anderson Torres armazena uma série de conteúdos considerados golpistas por investigadores. No aparelho do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, foi encontrada uma imagem, de dezembro do ano passado, que sugere o enforcamento de Lula e de aliados do petista na posse presidencial, segundo Paulo Cappelli, Metrópoles.

No telefone de Torres, também foi detectado material convocando para “concentração nos quartéis”, com objetivo de “exigir intervenção federal”, a mesma expressão usada por familiares de Mauro Cid em diálogo interceptado.

A alegação sem provas de fraude nas urnas, bem como críticas ao STF e, em especial, a Alexandre de Moraes, consta no celular de Torres. Há, até mesmo, a ilação de que o magistrado teria comprado imóveis com recursos não compatíveis com a renda de ministro do Supremo.

Celular Anderson Torres

Uma das imagens no celular de Anderson Torres, intitulada “A rampa”, data de 3/12/2022, é acompanhada da seguinte legenda: “Os corruptos comunistas que fraudaram as eleições subirão nesta rampa em Brasília construída pelo povo brasileiro”. O detalhe é que a tal rampa leva a uma forca.

O aparelho de Torres também contém um folder pedindo intervenção federal dois dias após o segundo turno eleitoral: “Convocação nacional. O nosso Brasil precisa de nós! 02/11/2022. Concentração nos quartéis por todo o Brasil! Exigência para o cumprimento da intervenção federal. Compartilhem ao máximo”.

Imóveis de Alexandre de Moraes
Também foi encontrado, no celular de Anderson Torres, um vídeo convocando para manifestações que ocorreriam quatro dias após o segundo turno, pedindo “Fora Lula”. E um print de postagem de um usuário do Instagram afirmando que urnas eletrônicas haviam sido “descartadas ilegalmente” em Porto Alegre depois do segundo turno.

O aparelho contém ainda uma ilação sobre Alexandre de Moraes. Acompanhando uma foto do ministro do STF, uma legenda dizia: “Ele é funcionário público. Que tal darmos 5 dias para ele explicar origem do dinheiro para comprar 8 imóveis, ao valor médio de R$ 4 milhões cada? Com salário de R$ 39 mil”.

No STF, Moraes é alvo preferencial de aliados de Bolsonaro que reclamam de perseguição política e suposta atuação parcial do magistrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

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Política

Arquivos no celular de Mauro Cid revelam detalhes sobre venda e recompra de joias nos EUA

Um contato de telefone na agenda do tenente-coronel Mauro Cid reforçou a suspeita de investigadores da Polícia Federal (PF) de que ele tenha feito uso de uma viagem oficial aos Estados Unidos para negociar a venda de relógios e joias presenteados a Jair Bolsonaro (PL) por autoridades estrangeiras e que deveriam ser incorporadas ao patrimônio da União, mas que o ex-mandatário tentou se apropriar. Arquivos armazenados na nuvem do celular do ex-ajudante de ordens da Presidência mostram que no dia 14 de junho de 2022 ele registrou em seu aparelho um número associado ao Mark Miami Diamond Club, joalheria especializada na venda de joias e relógios localizada em Miami, na Flórida, segundo o 247.

Segundo o jornal O Globo, a data em que o registro do contato da loja foi incluído na agenda do celular coincide com o período em que Cid estava nos Estados Unidos, após acompanhar Bolsonaro para a reunião da Cúpula das Américas, em Los Angeles, na Califórnia. Bolsonaro viajou para os EUA no dia 8 de junho e, após participar do evento, liderou uma motociata com apoiadores em Orlando, na Flórida, no dia 11 daquele mês. “Bolsonaro voltou ao Brasil naquele mesmo dia. Cid, entretanto, ficou”, ressalta a reportagem.

De acordo com a PF, o militar passou os dias seguintes indo a diversas joalherias na tentativa de vender os presentes de luxo recebidos por Bolsonaro. A investigação aponta, por exemplo, que no dia 13 de junho, ele esteve em um shopping da Pensilvânia, onde vendeu dois relógios – um Rolex e um Patek Philippe – recebidos por Bolsonaro por mais de R$ 300 mil.

Ainda conforme a reportagem, a investigação apontou também que Cid enviou o endereço da mesma loja ao segundo-tenente Osmar Crivelatti, assessor de Bolsonaro, em março deste ano, quando tentavam reaver os relógios e devolvê-los, como determinado pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

Nos registros do aparelho celular de Mauro Cid também aparecem imagens de malas, objetos empacotados e presentes recebidos pela Presidência em viagens oficiais, alguns dos quais foram solicitados de volta pelo Ministério Público junto ao TCU, como uma réplica do Palácio Taj Mahal, uma escultura de cavalo prateada e um sol esculpido em um quadro de ossos de camelo. Apenas estes itens foram avaliados em cerca de R$ 75,6 mil.

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Política

Coronel Lawand tinha imagens com teor golpista no celular

Jean Lawand Júnior, coronel que sugeriu golpe em conversa com Mauro Cid, tinha imagens com teor golpista salvas na galeria do seu celular.

Ex-subchefe do Estado Maior do Exército, o coronel Jean Lawand Júnior mantinha imagens com teor golpista e de exaltação à ditadura militar salvas na galeria do seu celular. Lawand é investigado pela CPMI do 8 de Janeiro por sugerir um golpe de Estado em conversa com o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, diz Guilherme Amado, Metrópoles.

O militar teve o sigilo telemático quebrado pela CPMI. As imagens estavam salvas no iPhone de Lawand e foram obtidas pela coluna. Uma delas tinha um brasão com o slogan “Deus, Pátria, Família, Liberdade”, usado por Bolsonaro na campanha eleitoral, com um pedido de “S.O.S.” às Forças Armadas. É comum ver a mesma mensagem em atos antidemocráticos e em defesa de uma intervenção militar.

Lawand salvou um print do site Jusbrasil, com o artigo 142 da Constituição. Bolsonaristas defendem, de forma equivocada, que o trecho autoriza as Forças Armadas a atuarem como poder moderador, o que permitiria uma intervenção militar em períodos de crise. O STF, em manifestação sobre o tema, classificou a interpretação de “terraplanismo constitucional”.

Outra imagem encontrada no celular de Lawand trazia a bandeira do Brasil com a frase: “Liberdade não se ganha, se toma!”. O coronel guardava uma postagem do polemista Olavo de Carvalho em que ele afirmava que uma “democracia não pode ser instaurada por meios democráticos” […] “nem pode, quando moribunda, ser salva por meios democráticos”.

O militar também mantinha diversas imagens laudatórias à ditadura militar, como capas de jornais da época; entre elas, havia uma do Correio da Manhã com a manchete: “Por causa do povo em massa nas ruas é que houve a intervenção militar”.

Outra imagem citava o general Humberto Castelo Branco, primeiro ditador do regime militar, e sugeria que a ditadura era uma alternativa melhor ao sistema democrático atual. “Castelo Branco desfilou sob aclamação do povo, em 1965. Os vermes de hoje têm que se esconder do povo e só circulam em aviões da FAB e jatos particulares às custas do povo, de quem roubam o sangue, o suor e a dignidade”, dizia o texto.

Lawand também guardava imagens com conteúdo político, como um discurso do empresário Luciano Hang a favor do bolsonarismo e a foto de uma manifestante exaltando o ex-deputado nacionalista Enéas Carneiro. “Faltam sete dias para derrotarmos o socialismo”, dizia outra imagem, com os rostos de Lula e Fernando Haddad atrás de um sinal de proibido.

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Política

O que começou a contar o celular do tenente-coronel Mauro Cid

Esquenta a chapa dos militares golpistas

Sabe por que demorou mais de 6 horas, ontem, o novo depoimento prestado à Polícia Federal pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordem do ex-presidente Bolsonaro?

Porque no celular apreendido de Cid foram achados indícios de que militares da ativa financiaram atos antidemocráticos e uma tentativa de um golpe após as eleições do ano passado.

Foi também por isso que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), proibiu Cid de se comunicar com Bolsonaro e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Na análise parcial dos dados armazenados no celular de Cid, descobriu-se mensagens nas quais militares da ativa incentivaram a continuidade das manifestações antidemocráticas.

Segundo relatório da Polícia Federal entregue a Moraes, Cid “compilou estudos que tratam da atuação das Forças Armadas para Garantia dos Poderes Constitucionais e GLO”.

Há fortes indícios de que houve desvio de bens de alto valor patrimonial ofertados por autoridades estrangeiras a Bolsonaro ou a agentes públicos a serviço dele.

*Blog do Noblat

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Justiça

Polícia apreendeu celular e HD, diz advogado de Renan Bolsonaro

O advogado de Jair Renan Bolsonaro, Admar Gonzaga, comunicou ao Poder 360 nesta quinta-feira (24) que a Polícia Civil do Distrito Federal efetuou a apreensão do celular, um disco rígido (HD) e anotações pertencentes ao filho de Jair Bolsonaro (PL). Essas ações ocorreram no âmbito das diligências realizadas em relação a alegações de lavagem de dinheiro.

Por meio de um comunicado, Gonzaga declarou que Renan recebeu a notícia com surpresa, mas que mantém tranquilidade absoluta diante da operação em curso. “Não houve condução de Renan para depoimento ou qualquer outra medida. A defesa informa que foi recém-constituída, e que, por isso, não obteve acesso aos autos da investigação ou informações sobre os fundamentos da decisão”. Admar Gonzaga foi ministro efetivo do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) entre 2017 e 2019, nomeado por Michel Temer (MDB)

Renan Bolsonaro está sob investigação por suspeita de envolvimento em estelionato, falsificação de documentos, evasão fiscal e lavagem de dinheiro. Além dele, outras duas pessoas também foram alvo das buscas realizadas na manhã desta quinta. Conforme informações da Polícia Civil, foram executados dois mandados de prisão preventiva e cinco de busca e apreensão em localidades como Brasília e Santa Catarina. >>> Quem é Maciel Carvalho, amigo e instrutor de tiro de Jair Renan preso nesta quinta

A investigação delineou que o grupo operava por intermédio de um testa de ferro e de entidades fictícias. As autoridades policiais alegam que os suspeitos utilizavam a identidade falsa de Antônio Amâncio Alves Mandarrari para abrir contas bancárias e estabelecer-se como proprietários de entidades jurídicas fictícias. “Os policiais civis ainda descobriram que os investigados forjam relações de faturamento e outros documentos das empresas investigadas, usando dados de contadores sem o consentimento destes, inserindo declarações falsas com o fim de alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante, além de manter movimentações financeiras suspeitas entre si, inclusive com o possível envio de valores para o exterior”, diz a polícia.

A ação policial recebeu o nome de “Nexum,” fazendo referência ao antigo instituto contratual do direito romano, que simbolizava a transferência de dinheiro e a transmissão simbólica de direitos. No total, 35 agentes da Polícia Civil de Brasília e Santa Catarina participaram das operações de busca.

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Política

Mensagens no celular de George Washington, da bomba que falhou em Brasília

Por Denise Assis, Brasil 247 – Mensagens inéditas do celular do empresário George Washington de Oliveira Sousa (Marabá), obtidas com exclusividade pelo Brasil 247, revelam detalhes do plano terrorista para explodir uma bomba perto do Aeroporto Internacional de Brasília no dia 24 de dezembro de 2022. Em mensagens enviadas ao deputado federal Elieser Girão (PL-RN), e ao senador Eduardo Girão (Novo- CE), George Washington apelou para o uso dos CACs (Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador) em apoio ao plano terrorista. O deputado Elieser Girão, de megafone em punho, anunciou para os bolsonaristas: “coloquem os sapatinhos na janela. Teremos novidade no Natal”. A “novidade”, eram dezenas de vítimas que em consequência do atentado idealizado por George, poderiam ter ido pelos ares, no aeroporto da capital federal, na véspera dos festejos natalinos.

As mensagens constam em material enviado sigiloso pela Polícia Civil do Distrito Federal no dia 22 de junho de 2023 à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), que busca esclarecer o golpe do dia 8 de janeiro de 2023. O 247 teve acesso à documentação e e conversou com o deputado federal Rogerio Correia (PT-MG), integrante da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI). Na avaliação do deputado, esse material é muito importante para pautar os trabalhos da comissão que vai interrogar na próxima terça-feira (11/07), Mauro Cid (ajudante-de-ordem de Bolsonaro). Para o parlamentar, os documentos “demonstram um envolvimento de várias pessoas com o terrorista George Washington, entre elas até deputados. Isso, segundo Rogerio Correa, desmancha a narrativa que Mauro Cid tem repetido, a de que para o próprio Bolsonaro o telefone de seu ajudante-de-ordens era apenas um muro de lamentações. Nas conversas trocadas no aplicativo de mensagens fica claro que as conversas não tinham nada de muro de lamentações. Era algo muito mais sério, que por pouco não foi concretizado. Só deu errado porque houve falha na última hora, ressaltou o deputado do PT.

“O que existe nesse material começa a mostrar que não apenas essas pessoas confessam que foram lá para isso, para poder estabelecer uma quebra, né, da democracia e ocupar os poderes para destituir o presidente eleito, mas também começa agora a aparecer uma organização por trás, inclusive, de atos que eles falavam que teriam que seriam atos que levados a cabo criariam um caos e dentro disso tem esse caso, que é o mais explícito do caminhão a bomba, mas tem também o fechamento de rodovias, que levariam ao caos. E aquele ato do dia 12 levaria a que setores das Forças Armadas fizessem uma intervenção para que o Bolsonaro voltasse. Que era o que eles esperavam para fechar e dar o golpe”.

Ao obter acesso ao celular de George Washington – um Samsung S21, IMEI: 351751190123219, de cor preta, com senha: GEGI2630 -, a Polícia Civil do DF avançou bastante nas investigações. A partir do conteúdo é possível, por exemplo, verificar que a afirmação de que o explosivo era destinado a postes de energia não condiz com a verdade, pois nos prints de páginas das suas conversas saltam diálogos em que ele fala sobre colocar a bomba no caminhão, deixando claro que este já era o plano desde o início.

Primeiro a ser detido pelo atentado, em Auto de Prisão em Flagrante, George Washington encontra-se preso e foi condenado pela Justiça a 9 anos e 4 meses de prisão, em regime fechado, incurso nos crimes previstos nos artigos 12, 14 e 16, da Lei 10.826/2003, que versam sobre o porte ilegal de armas. O seu comparsa Alan Diego dos Santos Rodrigues se encontra preso e recebeu pena de cinco anos e quatro meses. Ambos foram condenados em primeira instância em 11 de maio, pela Justiça do Distrito Federal, podendo recorrer.

George Washington foi detido no mesmo dia 24, por suposto envolvimento no caso e contou que veio do Pará para Brasília, a fim de participar das manifestações (em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro – PL-, derrotado nas eleições), que ocorriam em frente ao quartel-general do Exército.

George foi localizado e preso por ordem do delegado-chefe adjunto, Paulo Renato Fayão, em um apartamento na região do Sudoeste e confessou que tinha intenção de explodir o artefato no aeroporto. Com ele, foi apreendido um arsenal com pelo menos duas espingardas, um fuzil, dois revólveres, três pistolas, centenas de munições e uniformes camuflados. No apartamento, foram encontradas outras cinco emulsões explosivas (clique aqui, para ver a relação completa: https://bit.ly/44elZIh). À época, George Washington disse que “queria dar início ao caos”

Hoje, infere-se, que o plano era forçar a decretação de uma Garantia da Lei e da Ordem – GLO, o que colocaria o poder em mãos do Exército.

A Polícia Militar do Distrito Federal detonou o explosivo após o artefato ser encontrado pelo motorista do caminhão-tanque, Jeferson Henrique Ribeiro da Silveira, estacionado no pátio do aeroporto, com combustível para aviões, na manhã de 24 de dezembro. O motorista não soube dizer quem havia deixado o material ali e a polícia descartou a participação dele no caso. A tentativa de explosão não impactou as operações no Aeroporto JK e o motorista, conforme verificação da PC-DF, não teve participação no caso.

Ao ser ouvido, George Washington afirmou que estava preparado para a “guerra”, aguardando uma convocação do Exército, pois era um defensor da liberdade, estando, em suas palavras, “para matar ou para morrer”.

Ele confessou sua participação no atentado daquela manhã, afirmando que, no dia 23/12, à noite, foi até o QG e deixou o artefato explosivo já preparado, com Alan Diego dos Santos Rodrigues, seu cúmplice no atentado. Disse também que acreditava que o explosivo “seria colocado tão somente em um poste para interromper a transmissão de energia para Brasília”. George, porém, foi enfático em asseverar que sua ação foi Ideológica” e “em defesa da liberdade”.

De posse das declarações, a Polícia Civil concluiu que ele não estava agindo sozinho e empreendeu diligências, a fim de chegar nos demais participantes da ação criminosa. Em um dos relatórios produzidos pela equipe de investigadores da DRACO, o de número 11/2023 3/ 45, a Polícia chegou aos seguintes nomes:

Alan Diego dos Santos Rodrigues, nascido aos 14/07/1990 em Comodoro/MT. Wellington Macedo de Souza, vulgo “Preso do Xandão” nascido aos 05/02/1975 em Fortaleza/CE. Conforme mencionado no referido relatório, foi possível verificar que Wellington Macedo de Souza circulou durante toda a madrugada do dia 24/12/2022 pelo aeroporto de Brasília. Ao que as diligências indicam, Wellington estava no veículo Hyundai/Creta de cor branca, placa GGH7D35, que é de propriedade de sua companheira Andressa Aguiar da Silva Macedo. Andressa Aguiar da Silva Macedo, nascida no dia 05/02/1975 em Sobral/CE. Proprietária do veículo Hyundai/Creta, GGH7D35. De acordo com o mencionado no relatório nº 11/2023 – DECOR, no dia 06/01/2023, a equipe policial realizou acompanhamento do Hyundai/Creta de propriedade da companheira de Wellington Macedo de Souza, ocasião em que foi possível observar que outro indivíduo estava no veículo. “Em continuidade ao monitoramento do Hyundai/Creta, verificou-se que este saiu de Brasília no dia 09/01/2023 e, no dia 11/01/2023, já se encontrava em Foz do Iguaçu/PR. Tomamos conhecimento de que o referido veículo foi abordado pela Polícia Rodoviária Federal no dia 12/01/2023 no município de Ubiratã/PR. Em contato com a equipe policial que realizou a abordagem, tomamos conhecimento de que o motorista do Hyundai/Creta era Paulo Leandro Galdo Rodrigues, a mesma pessoa registrada no acompanhamento realizado no dia 06/01/2023”, concluíram os policiais. Paulo Leandro Galdo Rodrigues, nascido no dia 15/04/1980. Informamos, ainda, que, com o objetivo de identificar o maior número de indivíduos envolvidos no atentado à bomba no aeroporto de Brasília, foi realizada análise parcial do aparelho celular que estava na posse de George Washington de Oliveira Leal na ocasião de sua prisão.

George Washington apelou a congressistas radicais e às FAs, por golpe
Na data de 11/12/2022, um dia antes dos atos de vandalismo que marcaram Brasília, George enviou mensagens por meio do aplicativo Instagram ao General Elieser Girão, entre elas, um link de uma publicação que se refere à possível criação de uma força de segurança paralela pelo governo do presidente Lula. Em seguida, colocou-se à disposição para uma convocação das forças armadas.

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Aqui é forçoso dizer que o deputado federal Elieser Girão (PL-RN) é de uma turma anterior à de Bolsonaro na Academia Militar de Agulhas Negras (AMAN) e, portanto, segundo a lógica militar, tem ascendência sobre ele. Girão formou-se em 1976 e Bolsonaro é da turma de 1977. É forte a relação entre ambos.

O deputado entrou para a política na condição de general reformado, reconhecidamente um radical de direita e que, em 2009, comandava a 1ª Brigada de Infantaria de Selva sediada em Boa Vista – RO, e ficou malvisto pelo governo da época – Luiz Inácio Lula da Silva -, por ter seguido o general Augusto Heleno, então comandante do Batalhão de Selva de Manaus, em suas preleções favoráveis aos “arrozeiros”. O grupo era acusado de entrar em confronto e matar indígenas nas comunidades de Raposa do Sol, na divisa com a Venezuela.

Elieser Girão é conhecido na Câmara como “general Girão”. Nas eleições presidenciais, fazia discursos inflamados, convocando a população para o golpe. Em um áudio postado no Twitter pelo colega de Câmara, Glauber Braga (PSOL-RJ), ele aparece, (curiosamente o atentado se deu na véspera do Natal), prometendo para o “Natal”, boas novas aos bolsonaristas. “Coloquem os seus sapatinhos na janela”, recomendava nesse vídeo:https://twitter.com/glauber_braga/status/1607781504352145409?s=48&t=s_c_febHYy5WHDo6HrzeCA . Postado às 1h52 de 27/12/2022, o tuíte foi reverberado pelo coronel Marcelo Pimentel, militar reformado e contrário à politização do Exército. Ele comentou que atitude de Girão era “impensável para um militar”.

tweets

Na sexta-feira (07/07), o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou a abertura de inquérito para apurar suposta incitação, por parte do deputado Girão, aos atos golpistas de 8 de janeiro pelo deputado federal General Girão (PL-RN). A decisão atendeu a um pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República) e da PF (Polícia Federal).

O outro Girão

George tentou também contato com o senador Eduardo Girão (Novo-CE) -, que hoje integra a CPMI do 8 de janeiro. Na época (dia 11/12) o terrorista lhe enviou mensagens com cobranças sobre a atuação e uso dos CACs, (Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador) no golpe. Vamos nos lembrar que um dos planos ventilados na época que antecedeu a posse do presidente Lula foi a do uso de um “Sniper” para alvejá-lo na subida da rampa.

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Não se tem notícia de um retorno do senador Eduardo Girão, que é também radical de direita. (Basta lembrar da cena dele tentando entregar para o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, em uma audiência, um feto de cera, para provocar uma discussão sobre aborto). Sabe-se, no entanto, que ele foi um dos que bateu pé para a criação da CPMI. Convém também, trazer de volta a organização, feita por ele, de uma audiência pública em desagravo ao deputado – hoje preso -, Daniel Silveira (PTB-RJ), que contou com os terroristas George Washington e seu cúmplice, Alan dos Santos, na plateia. (Na época, a mídia publicou que “foi pedido sigilo” sobre quem os havia convidado. Depois, soube-se que o convite partiu do senador Girão). Em reportagem do site Metrópoles, George Washington aparece na foto, de camisa xadrez.

Recentemente, no dia 13 de junho, em matéria para a Agência Senado, Girão afirmou, em pronunciamento no Plenário, que o governo “invadiu” a CPMI do 8 de Janeiro e “não deixou a oposição votar e aprovar uma série de requerimentos que iriam elucidar a verdade”. Por “verdade”, ele quer fazer prevalecer a ideia de que o governo se omitiu propositalmente no golpe do dia 8, para se “vitimizar”. A tese não se sustenta, mas ele esbraveja afirmando que a maioria da comissão rejeitou requerimentos que solicitavam, por exemplo, acesso a imagens do Itamaraty e do Ministério da Justiça e Segurança Pública no dia do ataque.

“Ficou muito claro o teatro, o circo que querem fazer dessa CPMI. Eles querem fazer uma investigação seletiva, só do que lhes interessa, e nós, da oposição, que iniciamos essa CPMI, que fomos lutar por ela, com o povo brasileiro junto, tivemos nossos requerimentos, praticamente todos, rejeitados. Mas nós aprovamos os deles! Por quê? Uma prova de que a gente quer a verdade!” A “verdade” a que se refere é a versão absurda, por exemplo, sobre a viagem do presidente Lula a Araraquara (SP), onde prestou solidariedade às vítimas das chuvas que arrasaram a cidade, atitude que o ex-governo que ele defende nunca fez. Ao que parece, o senador se arrependeu de lutar por uma CPMI que de todo ângulo que se olha, não vai beneficiar à oposição.

George Washington apela também às FAs, se colocando à disposição para “matar ou morrer”, conforme declarou ao ser preso pala Polícia Civil – DF.print4

De acordo com o relatório da Polícia, “no aparelho celular de GEORGE foram encontradas conversas, pelo aplicativo WhatsApp, com um contato salvo como Ricardo Adesivaço Xinguara (imagens abaixo).

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Áudio enviado por RICARDO no dia 14/11/2022 (Relatório da Polícia):

“Transcrição do áudio” feita pela PC:

“Washington, não consegui falar contigo. Eu vim para o hotel mais o Arnaldo. O Tonico falou que vai dormir com as meninas, a filha dele, lá no outro hotel.

Aí a cama do Tonico vou passar para Arnaldo. Ele já está comigo aqui no hotel. Aí eu te espero aqui. Tá ok?”

No dia 10/12/2022, RICARDO envia uma mensagem dizendo que GEORGE precisa fazer parte de uma missão. No dia 13/12/2022, um dia após aos atos de vandalismo que marcaram Brasília, George envia uma imagem contendo manchete de uma reportagem informando que o Índio Serere havia sido preso e que esse fato poderia fortalecer o movimento”.

Imagens do celular de Ricardo:

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Matéria completa no 247

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Análise do celular de Mauro Cid guarda as conversas com Jair Bolsonaro

Investigações revelam possíveis mensagens comprometedoras entre Mauro Cid e Jair Bolsonaro.

A análise do celular de Mauro Cid continua sendo feita pela PF e, de acordo com pessoas a par das investigações, vai trazer nos próximos 15 dias novidades tão impactantes quanto às já reveladas. O que pode incluir um filé mignon: trocas de mensagens que comprometem diretamente Jair Bolsonaro, diz Lauro Jardim, O Globo.

Os detalhes específicos das mensagens e seu conteúdo ainda são desconhecidos, mas a possibilidade das divulgações de informações comprometedoras envolvendo Jair Bolsonaro tem gerado grande expectativa no cenário político atual. Mauro Cid, cujo celular está sendo submetido a análises forenses, é uma figura central nessa investigação. As conversas que ocorreram entre ele e Bolsonaro podem lançar luz sobre possíveis irregularidades ou ações controversas do ex-presidente.

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PF encontra material “vasto e comprometedor” no celular de Marcos do Val

O senador bolsonarista Marcos do Val, que é alvo de investigação da PF após ter denunciado que se envolveu em uma trama golpista que envolvia o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), pediu licença do mandato por 115 dias. O parlamentar fez o pedido após um “mal-estar” sentido por ele na terça-feira.

Segundo a coluna Radar, da Veja, no entanto, o afastamento pode estar relacionado aos desdobramentos da operação da Polícia Federal contra ele no dia 15 de junho. Para os investigadores, a piora na saúde do senador está diretamente ligada ao “vasto e comprometedor” material encontrado no celular de Do Val. “Há de tudo no aparelho”, afirma a revista.

O senador foi destaque na mídia no início deste ano, por ter afirmado que se reuniu com Jair Bolsonaro e o ex-deputado Daniel Silveira em 2022 para arquitetar um plano de grampear Moraes, a fim de incriminá-lo e abrir uma brecha para o fechamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e um posterior golpe de Estado para a manutenção de Bolsonaro no poder. Após fazer tal confissão, o senador passou a criar diversas novas versões da mesma história, o que motivou Moraes a abrir uma investigação contra o parlamentar.

Segundo a coluna Radar, da Veja, no entanto, o afastamento pode estar relacionado aos desdobramentos da operação da Polícia Federal contra ele no dia 15 de junho. Para os investigadores, a piora na saúde do senador está diretamente ligada ao “vasto e comprometedor” material encontrado no celular de Do Val. “Há de tudo no aparelho”, afirma a revista.

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Justiça

Veja imagem: Mauro Cid guardava no celular arquivo com declaração de estado de sítio no Brasil

O tenente-coronel Mauro Cid compartilhou em seu celular uma minuta de um texto de anúncio da declaração de estado de sítio no Brasil. O documento foi enviado pelo próprio ajudante de ordens e contava com três páginas argumentando sobre a situação política do país. O final do texto era marcado pela declaração de um estado de sítio e a decretação da Operação de Garantia da Lei e da Ordem. Abaixo, a página final do documento, publica O Globo:

Ao todo, a declaração conta com três páginas e faz uma longa análise do cenário. Trechos do texto indicam que se tratava de um esboço que estava sendo preparado, como a indicação de incluir novos pontos. Na página final, por exemplo, há a inscrição “[Aqui, tratar de forma breve das decisões inconstitucionais do STF]”, um aviso de que aquilo seria incluído posteriormente.

A declaração de estado de sítio está no último parágrafo do texto. A declaração termina em primeira pessoa e com uma expressão típica do ex-presidente Jair Bolsonaro, “dentro das quatro linhas”.

“Afinal, diante de todo o exposto e para assegurar a necessária restauração do Estado Democrático de Direito no Brasil, jogando de forma incondicional dentro das quatro linhas, com base em disposições expressas da Constituição Federal de 1988, declaro o Estado de Sítio; e, como ato contínuo, decreto Operação de Garantia da Lei e da Ordem”, afirma o texto. Na imagem, o restante da declaração é coberto com outro papel.

Em nota, os advogados Bernardo Fenelon e Bruno Buonicore, que defendem Cid, afirmaram que “por respeito ao Supremo Tribunal Federal, todas as manifestações defensivas serão feitas apenas nos autos do processo”.

Página final do documento que estava guardado no celular de Mauro Cid

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