O Ministério de Minas e Energia o Ministério de Energia e Infraestrutura dos Emirados Árabes Unidos assinaram acordo nesta terça-feira para que o país árabe amplie investimentos em energia renovável no Brasil, segundo O Globo.
O fundo Mubadala Capital, do país árabe, já planeja investir R$ 12 bilhões (US$ 2,4 bilhões) para construir uma fábrica de diesel verde e querosene de aviação sustentável na Bahia.
O novo acordo, assinado pelo ministro Alexandre Silveira, prevê colaboração no desenvolvimento e investimentos conjuntos em projetos de energias renováveis, com foco em energia solar e eólica, bem como tecnologias secundárias, incluindo armazenamento de baterias, hidroeletricidade e recuperação de energia de resíduos.
Também faz parte do acordo a possibilidade de explorar a produção de hidrogênio verde e de baixo carbono. Esse combustível tem sido considerado uma nova fronteira para energia e o Brasil é visto como ator importante por conta dos parques eólicos.
Para fazer hidrogênio verde, é necessária uma outra fonte de energia, geralmente a eólica. Esse combustível pode ser armazenado e levado para outros países.
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Iniciativas tomadas até agora terão impacto positivo na vida dos brasileiros.
No turbilhão formado pelo comentário impróprio do presidente da República sobre a guerra Rússia-Ucrânia na passagem por China e Emirados Árabes Unidos, assuntos relevantes da agenda global acabaram negligenciados. Documentos e declarações oficiais dos chefes de Estado sinalizaram atenção ao cumprimento dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável e do enfrentamento à emergência climática. Em Abu Dhabi, Lula chegou a propor que o G20 passe a debater até mesmo uma regulação internacional para as plataformas digitais. É assunto que preocupa o Brasil, à luz das ameaças da extrema direita à democracia e dos recentes episódios de violência contra escolas.
Foi em 2015 que os 193 membros das Nações Unidas se comprometeram a perseguir um conjunto de 169 metas socioeconômicas e ambientais para melhorar a vida no planeta até 2030. Os 17 objetivos, conhecidos como ODS, vão da erradicação da fome e da pobreza à igualdade de gênero. Incluem acesso a saúde e educação, água e saneamento; trabalho decente e energia limpa; consumo responsável e cidades sustentáveis.
A pandemia da Covid-19 interrompeu uma trajetória de avanços, que já vinha trôpega. Na edição 2022 do Relatório Luz, em que ONGs, movimentos sociais e universidades monitoram o cumprimento das metas, o Brasil retrocedeu em indicadores de saúde, educação e trabalho. Os autores chamaram a atenção para uma realidade gravíssima:
— Num contexto de crise sanitária e climática, o aumento da pobreza, da fome, da perda de biodiversidade e da qualidade de vida no Brasil indica, de forma irrefutável, uma sociedade adoecida não apenas pelos efeitos devastadores da Covid-19, mas também pelo crescimento das desigualdades.
Das 168 metas aplicáveis ao Brasil, dois terços (110) estão em retrocesso, em decorrência de políticas públicas interrompidas, negativamente alteradas ou financeiramente asfixiadas. Aumentaram mortalidade materna, exposição a agrotóxicos, fome, precarização do mercado de trabalho.
A invasão da Ucrânia pela Rússia agravou o cenário, em virtude dos efeitos, sobretudo, na oferta e nos preços dos alimentos mundo afora. Boa parte das decisões restritivas de política monetária — que jogam para cima a taxa de juros e para baixo o crescimento econômico — tem a ver com custos da energia, dos combustíveis e da comida.
É bom sinal que países em diálogos bi ou multilaterais ressuscitem acordos pactuados, porém secundarizados pela urgência da crise sanitária, pelo ambiente econômico instável, por relações internacionais tensionadas por um conflito sem horizonte de fim.
Há coisas interessantes acontecendo país e mundo afora, que o foco teimoso nos enredos de sempre interdita. Há uma cena antológica em “Desconstruindo Harry” (Woody Allen, 1997) em que o protagonista se desespera com o mundo que, por incompreensível, julga desfocado. Como reposta, ele ouve que o problema está na lente que usa, não na cena, nas pessoas, nos objetos que observa.
O Brasil adentrou um túnel escuro por quatro longos anos. Depara agora com os primeiros raios de sol. A democracia mostrou-se resiliente a uma saraivada de ataques e a uma tentativa de golpe. A centena de réus ratificados pelo Supremo Tribunal Federal nesta semana são indício de justiça — sem anistia.
Num par de viagens internacionais, o governo voltou com R$ 62 bilhões em acordos firmados com China e Emirados Árabes Unidos. Ainda ontem, os Estados Unidos anunciaram com pompa que o Brasil receberá, em cinco anos, meio bilhão de dólares para combater o desmatamento na Amazônia. O plano de enfrentamento está em consulta pública e deverá ser lançado até meados de maio.
Recriado, o Ministério da Cultura tem quase R$ 9 bilhões para distribuir em editais a uma cadeia produtiva que emprega mais de 7 milhões de brasileiros e representa 3,11% do PIB nacional, mais que a indústria automotiva, estimou o Observatório Itaú Cultural em relatório recente. O orçamento das universidades será recomposto. Famílias já começaram a receber o adicional do Bolsa Família por crianças de até 6 anos; adolescentes também serão incorporados ao programa, quase esfacelado dois anos atrás. O teto de gastos dará lugar a um regime fiscal mais realista e eficiente. Vem aí a reforma tributária. Depende do Congresso Nacional garantir que ela promova justiça para que os mais pobres paguem menos; avesso do presente. Cada uma dessas iniciativas tem ou terá impacto positivo na atividade econômica, na qualidade de vida e no futuro dos brasileiros. Elas precisam ser olhadas, medidas e avaliadas com outro peso, outro olhar.
*O Globo
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Foragido há cerca de seis meses nos Emirados Árabes, o empresário Thiago Brennand teve a extradição para o Brasil autorizada pelas autoridades do país. Ele é acusado de agressão e estupro e é alvo de quatro pedidos de prisão pela Justiça de São Paulo, informa o Metrópoles.
A informação da extradição foi divulgada pela TV Globo. Procurada, a defesa de Brennand ainda não se manifestou.
No início do mês, o advogado do empresário divulgou que ele tinha a intenção de retornar ao país para se apresentar às autoridades brasileiras.
Em um vídeo publicado nas redes sociais, Brennand disse que provavelmente seria preso “injustamente” – ele é acusado dos crimes de estupro, cárcere privado, tortura, lesão corporal gravíssima, coação no curso do processo, ameaça e registro não autorizado de intimidade sexual.
O empresário chegou a ser preso em outubro do ano passado, em Abu Dhabi, mas foi solto após pagar fiança e informar um endereço fixo. A defesa dele pleiteia a revogação do pedido de prisão preventiva e a exclusão de seu nome da lista de difusão vermelha da Interpol.
Pedidos de prisão
Os quatro pedidos de prisão se referem a ações movidas por mulheres. No mais recente, de 6/3, ele é acusado de estuprar a modelo e estudante de medicina Stefanie Cohen em outubro de 2021, em um hotel na capital paulista.
O primeiro pedido se refere à agressão contra a modelo Alliny Helena Gomes em uma academia na zona oeste de São Paulo, registrado por câmeras de segurança do local. O empresário também teve a prisão decretada por corrupção de menores – segundo a denúncia do Ministério Público, ele incentivou o filho que tem menos de 18 anos a ofender Alliny.
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Agência Brasil – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva visita neste sábado (15) Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos. Lula irá se reunir com o presidente e emir de Abu Dhabi, xeique Mohammed bin Zayed Al Nayhan. É a segunda vez que o presidente visita o país. A primeira foi em dezembro de 2003, durante o primeiro mandato presidencial.
No encontro, os chefes de Estado devem tratar de acordos comerciais, investimentos bilaterais e meio ambiente. A comitiva brasileira é composta por representantes de 30 empresas, de diversos setores, como mineração e carne, segundo a Presidência da República.
Em 2022, o comércio bilateral movimentou US$ 5,7 bilhões, alta de 74% na comparação ao volume do ano anterior. Os produtos agropecuários brasileiros respondem por quase 60% das exportações aos Emirados Árabes Unidos.
Carne bovina e de frango estão entre os itens mais vendidos aos árabes. O Brasil é o maior exportador mundial de carne de frango halal, produzida conforme os preceitos e tradições do islamismo.
Além do fluxo comercial, os Emirados Árabes Unidos são os maiores investidores do Oriente Médio no mercado brasileiro, na ordem de US$ 10 bilhões.
Em relação à pauta do meio ambiente, o país árabe tem investido em energias renováveis e no compromisso de zerar emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2050, em consonância com estratégia adotada pela gestão do presidente Lula. O país irá sediar a 28ª Sessão da Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP28).
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Refinaria vendida é responsável pelo refino de 14% do petróleo extraído no país.
E, surpresa ironia, para os Emirados Árabes, os novos donos, a Landulpho Alves será uma empresa estatal.
Agenda do Poder – Hoje a Petrobras anunciou a conclusão da venda da Rlam, sigla pela qual é conhecida a Refinaria Landulpho Alves, no interior da Bahia.
Miguel do Rosário relata em texto postado hoje que, com capacidade instalada de produzir cerca de 323 mil barris por dia (14% da capacidade total do país), a Landulpho Alves é a segunda maior refinaria do Brasil, atrás apenas da refinaria de Paulínia (Replan), que tem capacidade para produzir 425 mil barris por dia.
É também a primeira refinaria criada no Brasil. Seu nome é uma homenagem ao senador Landulpho Alves, importante líder político do PTB de Getúlio Vargas, que foi líder da bancada de seu partido no Senado, em 1952, e relator da Lei 2.004, que criou a Petrobras.
Rlam foi vendida ao governo dos Emirados Árabes (controlador do fundo Mubdal), o que repete a ironia tão comum às forças liberais brasileiras, que fazem campanha contra o Estado nacional, mas vendem nossos principais ativos a fundos e grupos controlados por Estados estrangeiros. A produção, exploração e distribuição de petróleo e derivados nos Emirados Árabes é estatal.
Segundo a Federação Única dos Petroleiros (FUP), o preço de venda, US$ 1,8 bilhão, corresponde a menos da metade dos US$ 3 a 4 bilhões que a refinaria efetivamente vale.
Entretanto, o mais triste é que a operação vai na contramão da necessidade de oferecer combustíveis a preços mais estáveis e mais acessíveis a consumidores e empresas, ampliando a exposição da economia brasileira à volatilidade insana das cotações internacionais do petróleo.
Quanto a Petrobras, a venda da Rlam consiste numa grave mutilação da estatal, porque remove um de seus principais ativos. Quando as cotações do petróleo estão elevadas, como hoje, a Petrobras pode viver apenas de suas vendas de óleo bruto. Mas quando elas caem, as refinarias ajudam a dar estabilidade ao orçamento da empresa. Agora, se houver queda do preço do petróleo, quem vai lucrar será o… governo dos Emirados Árabes.
Além disso, enfraquecida, a Petrobras tem menos desenvoltura para investir em pesquisa e tecnologia, sobretudo em energias alternativas, o que também é um movimento que vai na contramão de todo o mundo desenvolvido, em que governos e grandes empresas (contratadas por governos) investem quantidades imensas de recursos no desenvolvimento de energias mais limpas e mais econômicas.
Para se ter uma ideia da importância das refinarias para a Petrobras, tenha em mente que, no acumulado dos primeiros nove meses deste ano (jan/set), a receita líquida da estatal com a venda de refinados foi de R$ 191,13 bilhões, contra R$ 89,48 bilhões obtidos com a exportação de petróleo bruto.
Com um faturamento desse quilate, não faltariam recursos próprios para que a Petrobras pudesse ampliar o parque de refino nacional sem a necessidade de alienar seu patrimônio.
A venda da Rlam é um crime do governo Bolsonaro contra a soberania nacional, porque expõe ainda mais o país às instabilidades do mercado internacional de petróleo, o mais volátil do mundo.
Se um terrorista árabe explodir um oleoduto no Casaquistão, e os preços internacionais explodirem, o país não terá mais instrumentos para evitar que um repasse brusco e imediato dos custos aos consumidores tumultue e paralise a economia brasileira.
Para os monarcas árabes, e seus sócios milionários em todo mundo, no entanto, é um excelente negócio!
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A Globo News, que esteve muda até esta quarta-feira e, depois de sofrer um turbilhão de críticas, por ignorar por completo o sucesso da viagem de Lula por países da Europa, decidiu, enfim, ir a fundo na comparação da viagem do ex-presidente com a de Bolsonaro e escancarando a realidade dos fatos. Destaca-se os comentários surpreendentes de Eliane Cantanhêde. Isso deixou Bolsonaro profundamente irritado.
“Bolsonaro é fiasco internacional; Lula é sucesso”, dizia a legenda na tela da emissora, em referência a uma fala da comentarista Eliane Cantanhêde durante a edição do programa “Em Pauta” desta quarta-feira. Pouco antes, a legenda era: “Lula é recebido por Macron com protocolos de chefe de Estado”.
Bolsonaro ironizou nesta quinta-feira (18) no Qatar as comparações que foram feitas entre seu giro pelo Oriente Médio e a recepção ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Europa.
“Eu vi na Globo News: ‘Bolsonaro decepciona, Lula é um sucesso’. Ah, pelo amor de Deus”, declarou, antes de embarcar de volta ao Brasil.
O presidente brasileiro encerrou uma viagem de seis dias por três países. Além do Qatar, esteve também nos Emirados Árabes Unidos e no Bahrein. Ele se encontrou com autoridades locais e empresários, além de ter visitado eventos como uma feira do setor aéreo e a Expo 2020, em Dubai.
Simultaneamente, Lula, provável adversário do presidente na eleição do ano que vem, teve vasta agenda na Europa, onde visitou o Parlamento Europeu e foi recebido com honras de chefe de Estado pelo presidente da França, Emmanuel Macron.
A coincidência levantou comparações entre as duas viagens e observações de que, enquanto o petista visitava líderes democraticamente eleitos, Bolsonaro encontrava ditadores do golfo Pérsico.
Na véspera, antes de visitar o estádio que sediará a final da Copa do Mundo do ano que vem, no Qatar, Bolsonaro já havia alfinetado o périplo do petista. “O Lula tem que andar pelo Brasil”, disse o presidente.
Bolsonaro afirmou que sua viagem pelo Oriente Médio foi altamente positiva. “Excelente viagem. Conversas excepcionais”, declarou, sem entrar em muitos detalhes a respeito do que foi tratado com os líderes árabes. “O que é reservado é reservado”, disse.
De acordo com o presidente, a imagem internacional do Brasil é muito boa, e o país vem tendo protagonismo crescente no palco global.
*Com informações da Folha
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Jair Bolsonaro ainda disse que tratou sobre acordos na área da “Defesa” com autoridades dos Emirados Árabes; Flávio Dino suspeita que Bolsonaro quer exílio político, e não é para menos. É, no mínimo, muito estranho.
Em uma curta entrevista durante sua viagem a Dubai, Jair Bolsonaro teve dificuldades em descrever o que dialogou com autoridades dos Emirados Árabes, disparando generalidades, sem trazer qualquer coisa de concreto.
Questionado sobre o que foi discutido com o primeiro-ministro dos Emirados Árabes, Mohammed bin Rashid Al Maktoum, neste sábado (14), respondeu que houve conversa sobre diferentes áreas, como Educação, Defesa. Indagado especificamente sobre o que foi assinado na área educacional, respondeu à repórter: “não vou entrar em detalhes com você”.
Uma das frases, no entanto, a princípio passou despercebida, mas agora circula nas redes sociais com legenda e maior destaque. Sem explicações, Bolsonaro disse ter tratado também sobre “troca de presos políticos”
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Envixia Pharmaceuticals daria ‘suporte para registro’ e venda de vacina no Brasil; firma não foi localizada.
Segundo reportagem da Folha, o negócio suspeito da Covaxin envolveu uma segunda intermediadora da vacina indiana, como mostra um documento obtido pela Folha.
A empresa Envixia Pharmaceuticals LLC, com sede nos Emirados Árabes Unidos, aparece em memorando de entendimento como responsável por apoiar todas as atividades relacionadas a registro e comercialização do imunizante no Brasil.
A primeira intermediadora da vacina, que assina o contrato com o Ministério da Saúde e que conduziu as tratativas com a pasta para garantir o negócio de R$ 1,6 bilhão, é a Precisa Medicamentos, do empresário Francisco Maximiano.
A CPI da Covid no Senado quebrou os sigilos da empresa, do dono e de diretores, todos eles convocados para depoimento na comissão.
Com a Envixia, já são quatro os empreendimentos e países envolvidos na negociação.
A vacina é fabricada pela Bharat Biotech, na Índia. A Bharat assinou memorando em 24 de novembro de 2020 com a Precisa, do Brasil, e com a Envixia, dos Emirados Árabes. Uma empresa de Singapura, a Madison Biotech, foi usada em tentativa frustrada de pagamento antecipado de US$ 45 milhões.
As suspeitas sobre a Covaxin no Brasil passaram a ser um dos focos da CPI da Covid após a Folha revelar, no dia 18 de junho, a existência e o teor do depoimento do servidor Luis Ricardo Miranda, chefe do setor de importação do Ministério da Saúde, ao MPF (Ministério Público Federal).
Ele apontou uma pressão atípica para liberação da importação do imunizante.
Irmão do servidor, o deputado Luis Miranda (DEM-DF) afirmou ter levado ao presidente Jair Bolsonaro, no Palácio da Alvorada, um relato sobre as irregularidades no contrato.
Bolsonaro teria dito, então, segundo o relato do congressista, que o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), estava implicado nas suspeitas.
Bolsonaro passou a ser alvo da PGR (Procuradoria-Geral da República) por suspeita de prevaricação. MPF, Polícia Federal, TCU (Tribunal de Contas da União) e CGU (Controladoria-Geral da União) instauraram procedimentos para investigar suspeitas de corrupção.
Para provar a existência de uma parceria com a Bharat, a Precisa enviou ao Ministério da Saúde uma cópia do memorando de entendimento assinado com a farmacêutica indiana e com a Envixia.
A assinatura ocorreu quatro dias depois da primeira reunião entre representantes da empresa brasileira e integrantes do ministério.
No documento, tratado como um contrato definitivo e sem especificação das comissões a serem pagas às empresas intermediadoras, Maximiano assina pela Precisa e uma pessoa chamada Anudesh Goyal pela Envixia.
Maximiniano firmou o memorando em 24 de novembro. Não aparece data na assinatura de Goyal, identificado como gerente-geral da Envixia.
As funções da Precisa, descritas em um anexo, são buscar e patrocinar os testes clínicos, garantir a aprovação da vacina indiana pelo órgão regulador no Brasil e importar e distribuir o imunizante ao governo e à iniciativa privada, entre outras.
No caso da Envixia, conforme a tradução do memorando encaminhada pela Precisa ao Ministério da Saúde, a função é pouco detalhada.
Segundo o documento, cabe à empresa registrada nos Emirados Árabes “fornecer suporte para todas as atividades relacionadas ao registro e comercialização Vacina Covid-19 no Brasil”. O texto original, em inglês, especifica que se trata da vacina da Bharat Biotech.
O endereço informado no memorando, em Fujairah, nos Emirados Árabes Unidos, é o mesmo de outras empresas distintas, de ramos diversos.
A reportagem consultou diferentes interlocutores e entidades envolvidos de alguma forma nas tratativas em torno da vacina indiana ou com atuação nos Emirados Árabes. Eles disseram desconhecer a empresa e o gerente que assina o memorando de entendimento.
A Folha questionou, então, a diretora-executiva da Precisa Medicamentos, Emanuela Medrades, sobre o papel da Envixia no negócio. Medrades foi uma das representantes da empresa brasileira nas tratativas com o Ministério da Saúde. Ela foi convocada pela CPI para prestar depoimento.
Medrades classificou a Envixia como uma “finder”, termo em inglês usado por ela para dizer que a empresa busca outros empreendimentos. “[A Envixia] Foi escolhida pela Bharat Biotech. Ela tem contrato para fornecer a Covaxin nos Emirados Árabes Unidos. Numa primeira operação, busca companhias ao redor do mundo inteiro [para fornecer a vacina indiana nos países]”, disse.
Segundo a diretora, além do memorando, haveria um contrato posterior entre as partes. Primeiro, Medrades disse que a Envixia não estaria nesse contrato subsequente. Depois, a diretora afirmou que a empresa com sede nos Emirados Árabes faria, sim, parte do documento.
“A participação da Envixia é normal. Foi escolhida pela Bharat para prospectar possibilidades de vacinas no Brasil e nos Emirados Árabes”, disse.
Medrades afirmou ainda que houve alterações contratuais, mas que não se lembra do papel definitivo da Envixia após essas supostas mudanças.
Entre os documentos entregues ao Ministério da Saúde, para garantir o contrato de fornecimento de 20 milhões de doses, a um custo de R$ 1,61 bilhão, não consta esse segundo documento citado pela diretora da Precisa.
“Ele ainda não estava assinado em fevereiro de 2021”, afirmou Medrades, que não revelou quanto Precisa e Envixia receberam ou receberão pela intermediação feita.
Em 22 de fevereiro, o governo Bolsonaro emitiu a nota de empenho de R$ 1,61 bilhão para o pagamento das vacinas. A nota é uma reserva no Orçamento, espécie de autorização para o gasto.
Até agora, nenhuma dose foi entregue nem houve efetivação de pagamentos, apesar da tentativa de desembolsos antecipados a partir de invoices —espécies de faturas— emitidas pela empresa de Singapura.
O contrato entre Ministério da Saúde, Bharat Biotech e Precisa foi assinado em 25 de fevereiro. Por decisão cautelar da Corregedoria-Geral da União, que funciona no âmbito da CGU, está suspenso desde o dia 28 de junho, em razão das suspeitas de irregularidades.
O ministério avalia se rescinde o contrato. A Precisa afirmou ter sido transparente e seguido a legislação ao negociar a Covaxin. Ela negou ter existido qualquer vantagem ou favorecimento.
“A Precisa informa que as tratativas entre a empresa e o Ministério da Saúde seguiram todos os caminhos formais e foram realizadas de forma transparente junto aos departamentos responsáveis do órgão federal”, disse a empresa em nota.
A reportagem não localizou a Envixia e representantes.
Dentro do próprio Itamaraty, comunicado emitido por chanceler Ernesto Araújo em apoio ao ato de Trump foi duramente criticado por colocar em risco os interesses nacionais, por abandonar respeito à soberania e por quebra de uma tradição diplomática do país de diálogo.
GENEBRA – Aliados do governo de Donald Trump afirmam que deverão ser cobrados e testados em sua aliança com a Casa Branca no dossiê iraniano durante uma conferência organizada no Brasil, em um mês.
Nos dias 5 e 6 de fevereiro, o governo brasileiro aceitou sediar um encontro entre aliados militares dos EUA para debater a situação no Oriente Médio e no Golfo.
Oficialmente, a reunião faz parte do Processo de Varsóvia e teria como função o debate de assuntos relacionados à crise humanitária e refugiados, numa agenda que já havia sido estabelecida em dezembro. O Processo de Varsóvia foi lançado pelo governo Trump na capital polonesa no início de 2019 com o objetivo de reposicionar os EUA na região. Mas, nos bastidores, o projeto tem um só objetivo: conter o Irã.
Levando em consideração os encontros dos últimos meses, nenhum das demais potências deve fazer parte da iniciativa. China e Rússia alertam que o processo é uma forma diplomática que os americanos encontraram para planejar o Oriente Médio e o Golfo sem o Irã. A França também se recusou a participar da iniciativa.
Na região, os participantes são os aliados americanos: Afeganistão, Bahrein, Jordânia, Emirados Árabes e Arábia Saudita, além dos israelenses.
Iraque, Síria, Turquia e Líbano, além dos palestinos, também se recusam a chancelar o processo.
No caso do encontro no Brasil, porém, diplomatas na Europa afirmam que o programa de debates ameaça ser fortemente marcado pela crise declarada entre EUA e Irã. A perspectiva é de que, nos corredores e fora da agenda oficial, negociadores americanos usem a ocasião para garantir um apoio da aliança aos seus atos contra o regime de Teerã.
Desde a morte do general Qasem Soleimani, na sexta-feira, em um ataque americano, o Ocidente e aliados americanos foram tragados para a crise.
Do lado americano, porém, há uma enorme pressão para que tradicionais aliados mostrem “unidade” neste momento.
Diversos países que contam com bases americanas ou que têm sido um aliado explícito de Trump indicaram que temem ser alvos de uma represália por parte do Irã ou de milícias.
Reino Unido, Austrália e Canadá se queixaram de que o ato americano ocorreu sem qualquer tipo de consultas com os aliados que enviaram soldados no Iraque.
Os australianos anunciaram que sua embaixada em Bagdá estava fechada, enquanto Ottawa também demonstrou preocupação com sua presença militar no Iraque.
Brasileiros sob ameaça? No Brasil, certas alas das Forças Armadas deixaram claro que não querem ver o país envolvido na crise entre americanos e iranianos. Mas o grupo mais próximo aos EUA, liderado pelo Itamaraty, pressionou por uma declaração de apoio aos atos de Trump e acabou prevalecendo.
Fontes em Brasília indicaram que, antes de o comunicado oficial do governo ser emitido pela chancelaria, versões preliminares circularam com um tom de apoio ainda mais forte aos interesses da Casa Branca.
Dentro do Itamaraty, o comunicado de apoio aos americanos também foi duramente criticado. Embaixadores e diplomatas indicaram que o texto reflete um rompimento de uma tradicional posição de promoção da paz e diálogo do Brasil, assim como uma chancela de uma violação da soberania de outro país. “Ninguém respeita quem adota uma posição de lacaio”, alertou um experiente embaixador. “Em vez de defender os interesses do país, defendem os interesses americanos. Assim, nenhum país pode ser respeitado”, disse.
Para outro representante da diplomacia nacional, declarações de lealdade em relação ao presidente Donald Trump representam até mesmo um risco para empresas brasileiras.
Cientes dos atos de Soleimani, esses diplomatas brasileiros insistiam na necessidade de uma postura de neutralidade por parte do Brasil. Temendo uma retaliação por parte do chanceler Ernesto Araújo, diplomatas pediram para que suas identidades não fossem reveladas pela reportagem.
À coluna, o ex-ministro da Defesa e ex-chanceler, Celso Amorim, alertou que a posição do governo ameaçaria a própria segurança do país. “A questão é saber até onde irá (a aliança entre Bolsonaro e Trump)”, declarou. “E se, além das perdas comerciais, o governo está disposto a colocar em risco a segurança do Brasil e dos brasileiros”, questionou.
Pressão e Bastidores
Mas fontes diplomáticas confirmaram que, em meio à eclosão da crise, o governo americano fez questão de pressionar seus aliados para que saíssem em apoio à sua ofensiva. Nos últimos dias, o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, se queixou do frágil apoio que recebeu dos governos europeus diante do assassinato do general Qasem Soleimani, na sexta-feira. “Não ajuda”, declarou o americano.
No fim de semana, o presidente da França, Emmanuel Macron, telefonou às lideranças iraquianas para demonstrar o apoio de Paris à soberania de Bagdá. Para diversos especialistas europeus, o governo americano violou a soberania iraquiana ao realizar a operação em território estrangeiro, sem ter sequer consultado com o país onde o ataque ocorreria.
A tentativa de manter os canais de comunicação abertos com o Irã também foi demonstrada pela UE, que convidou o chanceler de Teerã para um encontro em Bruxelas.
O gesto foi interpretado como um ato de desafio ao plano americano de isolar o Irã. O objetivo é o de convencer os iranianos a não responder com um ataque militar, já que isso certamente abriria o caminho para uma ofensiva ainda maior por parte de Trump.
O governo do Reino Unido também enviará nesta semana um de seus ministros para Washington, na esperança de convencer a Casa Branca a adotar uma postura menos agressiva na região.
No Vaticano, o papa Francisco apelou para o “auto-controle” e pela manutenção do diálogo. Enquanto isso, os governos da Suíça e do Japão têm tentado mediar a crise, com contatos entre Teerã e Washington para buscar uma desescalada do conflito.
Nomeado “embaixador do turismo internacional” pela Embratur no dia 15 de agosto, o professor de jiu-jitsu e empresário Renzo Gracie publicou ataques ao presidente francês Emmanuel Macron e à sua esposa, Brigitte. Macron entrou em rota de colisão com o presidente Jair Bolsonaro por causa da crise ambiental na Amazônia.
Em um vídeo que circula nas redes sociais, Renzo, membro da família que fundou o jiu-jitsu brasileiro, chama o presidente francês de “palhaço” e diz que ele tem “pescoço de franga”. O empresário, que já participou de uma live com Bolsonaro, também minimizou as queimadas na floresta amazônica e disse que “o único fogo que tem é no coração dos brasileiros e do nosso .
“Macron… I’m sorry, Micron, Micron. Mermão, tá falando mal do meu país. O único fogo que tem é no coração dos brasileiros e do nosso presidente, seu palhaço. Vem aqui que tu vai tomar um gogó nesse pescoço, nesse pescoço de franga. Tu não me engana não, pô. Aqui o Merthiolate tá ardendo, fera”, afirma Renzo Gracie na gravação.
Em contato com a reportagem, Renzo disse que estava em missão de trabalho da Embratur com empresários, políticos e diplomatas em Miami, quando soube das críticas feitas por Macron à política ambiental brasileira. Ele resolveu “desabafar” contra o que considera uma propaganda negativa do Brasil.
“Estava com o pessoal da American Airlines, e o cara checava quantos passageiros estavam indo ao Brasil e começou a ter uma queda absurda, um monte de gente cancelando viagem por causa desse falso incêndio”, disse ele, que afirmou ter oferecido a Bolsonaro dados de satélites mostrando que as queimadas na Amazônia estão em nível normal.
“Esse bando de palhaço só abre a boca para falar mal do nosso país”, afirmou o embaixador do turismo, referindo-se a Macron. “É claro que um monte vai se espantar, vai achar que eu chamei ele de franga porque a hombridade dele é duvidosa, mas não. Eu já conheci muitos gays mais machos que esse imbecil.”
Renzo também vem compartilhando entre seus contatos memes e piadas com comentários depreciativos sobre Brigitte Macron, esposa do presidente francês, que foi ofendida na página da Bolsonaro no Facebook. À reportagem ele reafirmou o teor das piadas:
“Vou te fazer uma pergunta, a mulher dele é bonita ou feia? Você pegava? Se você esculhambar o nosso país, se prepara para ouvir um monte de besteira, e também sobre seus parentes. O fato dele estar dormindo com dragão não faz dele especialista em incêndio. Ela é feia, mermão!”, afirmou Renzo.
Os comentários sobre a aparência da primeira-dama francesa geraram uma onda de solidariedade nas redes sociais e, na última quinta-feira, ela respondeu agradecendo.
Renzo Gracie, dono de uma importante rede de academias em Nova York, tem sido um grande apoiador do presidente e já disse que o acompanhará em viagem aos Emirados Árabes Unidos, em outubro. Gracie também tem academias no país.
Acompanhado do presidente da Embratur, Gilson Machado Neto, nos Estados Unidos, ele afirma que não recebe nada pelo trabalho de relações públicas junto a empresários e políticos estrangeiros. “Não quero um centavo do governo, estou tirando tudo do meu bolso porque acredito no Bolsonaro. Finalmente temos um presidente que fala o que tem que ser falado. Melhor um homem falando do jeito que ele fala do que vinte intelectuais sentados ali”, afirmou.