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O Lobo Hidrófobo

Em 15 de janeiro, em seu discurso de abertura, perante a Comissão de Relações Exteriores do Senado, o então Secretário de Estado designado, Marco Rubio, afirmou o seguinte:

“Então, enquanto a América frequentemente priorizava a ordem global acima do nosso interesse nacional central, outras nações continuaram a agir da maneira que as nações sempre agiram e sempre agirão: no que elas percebem ser o seu melhor interesse. E em vez de se dobrarem à ordem global pós-Guerra Fria, elas a manipularam para servir aos seus interesses às custas dos nossos.

A ordem global pós-guerra não está apenas obsoleta, ela agora é uma arma sendo usada contra nós. E tudo isso levou a um momento em que agora devemos enfrentar o maior risco de instabilidade geopolítica e de crise global geracional na vida de qualquer pessoa viva e nesta sala hoje. Oito décadas depois, somos mais uma vez chamados a criar um mundo livre a partir do caos, e isso não será fácil. E será impossível sem uma América forte e confiante que se envolva no mundo, colocando nossos interesses nacionais centrais mais uma vez acima de tudo.”

Essa é a visão deturpada de Trump e do MAGA sobre a ordem global e o “globalismo”. Eles atribuem, em boa parte, à ordem global seus problemas econômicos, comerciais e geopolíticos.

Ora, a atual ordem global, que realmente é obsoleta em muitos sentidos, foi construída, no pós-guerra, justamente para beneficiar os EUA e aliados.

Na conferência de Bretton Woods, que definiu as normas financeiras e comerciais internacionais, os Estados Unidos, que controlavam dois terços do ouro do mundo, insistiram que o sistema mundial se baseasse tanto no ouro quanto no dólar americano.

Entretanto, quando os EUA passaram a ter problemas inflacionários e a ter dificuldades para financiar seus gastos com a guerra do Vietnã, os bancos centrais europeus começaram a trocar suas reservas em dólar por ouro. Nixon, percebendo o perigo, simplesmente acabou, de forma unilateral, com o padrão ouro.

Assim os EUA sempre fizeram o que quiseram, com a “ordem mundial”. Sempre impuseram regras aos demais países, mas também sempre as quebraram, quando quiseram.

Em 1947, quando os EUA eram a única e inconteste grande potência capitalista, já que os países da Europa e o Japão estavam destruídos ou muito enfraquecidos, Washington impulsionou a assinatura do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio ou Acordo Geral sobre Aduanas e Comércio (em inglês, General Agreement on Tariffs and Trade, GATT). Tal acordo buscava a redução das tarifas de importação e o estabelecimento, em nível mundial, dos princípios do livre comércio.

Frise-se que, em período histórico anterior, os EUA tinham sido um país muito protecionista, resistindo as pressões britânicas pela abertura de sua economia e dos seus portos.

Alexander Hamilton, primeiro Secretário do Tesouro dos EUA, logo advogou pela proteção da indústria do seu país, afirmando que os argumentos de Adam Smith a favor do comércio livre “embora teoricamente verdadeiros (geometrically true)’, eram ‘falsos, na prática”.

As pressões dos EUA pelo “livre comércio”, entretanto, continuaram na segunda metade do século XX até chegarem ao seu auge no início da década de 1990, logo após a queda da União Soviética, quando foram concluídos, em dezembro de 1994, os Acordos da Rodada Uruguai, que transformaram o GATT na OMC.

Tais acordos, assinados primeiramente por 123 países, foram fortemente impulsionados pelos EUA, assim como o foram também o antigo Nafta e a fracassada proposta da Alca, que só não foi aprovada pela resistência do Brasil.

Porém, as mudanças geoeconômicas internacionais ocorridas principalmente a partir da segunda década deste século passaram a reverter a fé inquebrantável dos EUA nos benefícios do livre comércio, que antes tanto defendiam.

No que tange ao Nafta por exemplo, Trump impôs ao Canadá, e principalmente ao México, a renegociação ao acordo, criando o USCMA, mais favorável aos interesses dos EUA.

A história da OMC, no entanto, é mais interessante.

Em primeiro lugar, a OMC perdeu sua capacidade de negociar novos e amplos acordos. Só houve avanços pontuais dignos de nota nas conferências de Bali, em 2013 (Acordo de Facilitação de Comércio) e Nairóbi, em 2015 (proibição de subsídios à exportação de produtos agrícolas).

Porém, o mais negativo é que a OMC perdeu também a sua importante função de resolver contenciosos comerciais e manter as regras acordadas.

Com efeito, desde 2017 os EUA bloqueiam a seleção de membros do Órgão de Apelação (a segunda e definitiva instância recursal da OMC), que não pode mais receber casos, por não contar com o mínimo de três integrantes, o que paralisa a solução de contenciosos comerciais.

Desse modo, países demandados não podem recorrer de relatórios dos painéis (a primeira instância), como é de seu direito, o que, na prática, implica a suspensão indefinida do contencioso. É como se no Brasil todas as segundas e terceiras instâncias recursais ficassem subitamente paralisadas. Nenhuma questão jurídica se resolveria.

Pois bem, os EUA bloquearam o sistema de solução de controvérsias na OMC porque estavam perdendo muitas causas, inclusive ante o Brasil, como no caso do algodão. Já previam que não era mais conveniente seguir as regras que eles mesmos haviam criado.

Isso veio muito a calhar, agora, com os interesses do MAGA, porque tudo o que Trump está fazendo na área comercial, com seus tarifaços estúpidos e injustificados, segundo o Wall Street Journal, poderia ser facilmente questionado na OMC, caso seu sistema de solução de controvérsias estivesse funcionando normalmente.

Mas o fato é que o sistema internacional de comércio virou uma “terra de ninguém”, na qual a brutalidade e a ilegalidade protecionista de Trump valem. Na realidade, vale-tudo, desde que se tenha poder e força.

Todavia, Trump está indo além de quebrar ou manipular algumas regras. Trump quer acabar com as normas e regras internacionais. Esse é o ponto que o diferencia. Como disse Marco Rubio, Trump tem de criar um novo “mundo livre a partir do caos”. Refazer tudo.

Com Trump, os contratos sociais nacionais e intencionais estão sendo sistematicamente eliminados e a ordem mundial está se convertendo numa ordem hobbesiana, na qual a única regra é o homo homini lupus.

Tudo o que ele propõe viola regras do direito internacional público e muitas convenções, resoluções, tratados e acordos internacionais. Daí os EUA já terem abandonado o Conselho dos Direitos Humanos da ONU.

Sua recente e brilhante ideia de enxotar os palestinos de Gaza e ali construir uma “Riviera do Oriente Médio”, é uma bofetada em todas as resoluções da ONU sobre o tema-israelo-palestino, ademais de uma clara violação dos direitos humanos e do direito humanitário. É algo de uma crueldade e de um cinismo inacreditável.

E os voos com migrantes para Guantánamo já começaram.

O que virá depois? A toma do Canal do Panamá, ou o impedimento daquele país de receber investimentos chineses?

A posse da Groenlândia e das rotas do Ártico?

Nós, brasileiros, seremos obrigados a diminuir a densidade das nossas relações diplomáticas e comerciais com China e Rússia?

Seremos pressionados a desinvestir na integração regional soberana?

Com Trump, tudo pode acontecer. Ele introduziu, na ordem mundial “baseada em regras”, um elemento de forte imprevisibilidade e disrupção que assusta o mundo. Uma anomia que nos força a olhar para a barbárie como o novo normal.

Não há mais regras, apenas há um gigantesco e hidrófobo lobo.

*Marcelo Zero é sociólogo e especialista em Relações Internacionais.

*Viomundo

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Mundo Opinião

Palestinos do Hamas peitam Trump “ameaças não têm valor”

O bravateiro que não resolve nem a falta de ovo nos EUA, tomando uma volta da gripe aviária, acha mesmo que vai intimidar quem dá a vida por uma causa justa contra os demônios sionistas?

Isso só aumenta a podridão da imagem de Israel-EUA

Hamas diz que está adiando a próxima libertação de reféns, alegando violações da trégua israelense

Sobre isso o caça-ovo nada fala.

Não pode sequer dizer que Trump está caçando pelo em cabeça de ovo, porque nem ovo os EUA têm.

Netanyahu que está tão proximo da cadeia quanto Bolsonaro, acha que Trump é gênio.

Não se sabe o que o macabro assassino de crianças e mulheres, Netanyahu, está maquinando para tentar fugir da ratoeira da justiça de Israel,

O fato é que Trump não intimida Palestino nenhum que, bravamente, luta por sua sobrevivência, por sua nação, sua cultura e seus valores, infinitamente mais nobres que as bestas do apocalipse sionista

O bravateiro que não resolve nem a falta de ovo nos EUA, tomando uma volta da gripe aviária, acha mesmo que vai intimidar quem dá a vida por uma causa justa contra os demónios sionistas?

Isso só aumenta podridão da imagem de Israel-EUA

Hamas diz que está adiando a próxima libertação de reféns, alegando violações do cessar-fogo israelense

Sobre isso, o caça-ovo nada fala.

Netanyahu, que está tão próximo da cadeia quanto Bolsonaro, acha que Trump é gênio.

Quanto ao cabelo de Trump na foto em destaque, faltou cola.

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Brasil Política

Acordo de Bolsonaro permite humilhação a brasileiros deportados dos EUA

Modelo de deportação que permite às autoridades dos EUA tratar brasileiros deportados com humilhação, racismo e maus-tratos foi anulado em 2006, mas retomado por Bolsonaro.

Muitos discutiram o caso dos brasileiros deportados dos Estados Unidos que chegaram ao Brasil algemados nos pulsos e nos tornozelos, além de terem denunciado humilhações, racismo e maus-tratos pelas autoridades americanas. Mas poucos se questionaram o porquê desse tratamento humilhante.

Alguns argumentaram que isso já era sintoma do fascismo implantado por Donald Trump em seu novo governo. Mas os agentes que algemaram e transportaram os brasileiros como escravos já estavam nas mesmas funções muito antes de Trump tomar posse. Além disso, Joe Biden deportou mais brasileiros do que Trump, inclusive sob as mesmas condições desumanas.

Também se poderia dizer que os americanos são supremacistas e consideram os latino-americanos seres inferiores. Isso já está mais próximo da verdade.

Mas o principal motivo é que o Brasil deixa os Estados Unidos tratarem os brasileiros como lixo. As deportações em voos fretados eram um procedimento comum e legal até 2006, quando o Brasil decidiu que não permitiria mais essa modalidade. Tal decisão dificultou a deportação de brasileiros dos EUA.

7,5 mil deportados sob Bolsonaro
Contudo, a paixão de Jair Bolsonaro pelos Estados Unidos fez com que o Brasil voltasse a aceitar essa humilhação. O primeiro voo fretado de brasileiros deportados dos EUA em 13 anos chegou em outubro de 2019, com 60 imigrantes. O segundo, em janeiro de 2020, com 80. Depois, em março. As denúncias de maus-tratos, assim, também voltaram. Até mesmo um menor de idade relatou ter sido acorrentado nos braços e pés.

Bolsonaro recebeu mais de 7,5 mil brasileiros deportados dos EUA, após concordar com a vinda de dois voos por mês – uma média de mais de 200 a cada mês retornaram ao Brasil. Em geral, sob essas condições subumanas. Segundo a imprensa, o Itamaraty teria tentado, tanto durante o primeiro mandato de Trump quanto no governo Biden, um acordo para liberar os brasileiros do uso humilhante de algemas pelo corpo. Mas outros relatos mostram que o aparato diplomático brasileiro nos EUA atuou contra os direitos de seus cidadãos para favorecer as autoridades norte-americanas.

O acordo de Bolsonaro para retomar as deportações humilhantes passou despercebido, ao contrário do escândalo que gerou a medida que acabou com a necessidade de visto para turistas americanos, sem a tradicional reciprocidade. Uma decisão, complementando a outra, evidencia a que o Brasil foi reduzido: uma colônia de onde bancos e indústrias dos EUA recolhem as riquezas, desgraçando o país, gerando miséria e êxodo, e cujos cidadãos são tratados como animais por tentarem uma nova vida na metrópole. Já os superiores estadunidenses vêm ao Brasil desfrutar de prostitutas e água de coco.

Fulgencio Batista sentiria inveja de Bolsonaro.

*Eduardo Vasco/Diálogos do Sul

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Trump não resolveu sequer a falta de ovos nos EUA e quer bancar o dono do mundo?

O mundo todo sabe que os ovos de galinha são sagrados nos EUA, sobretudo para o cidadão médio.

Mas os EUA de Trump malvadão vive a chamada “Crise dos ovos’

Os relatos de roubo de carga e dúzias de R$ 60 a 100, é assombrosa.

A crise atinge supermercados e restaurantes.

Quando li isso, pensei, só pode ser mentira.

Lá é a terra do imperador do planeta Donald Trump.

Como vai faltar uma fuleiragem dessas?

A maior economia do planeta refém de uma dúzia de ovos?

Até os tais ovos “orgânicos” sumiram das prateleiras.

Um dólar por um ovo?

O surtado Trump não sabe disso?

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Mundo

Venezuela denuncia outro roubo de avião pelos EUA: ‘ataque contra o país’

Os EUA, agora, especializam-se em roubo de avião, já não bastam os territórios alheios.

Aeronave estava retida desde ano passado na República Dominicana; segundo Caracas, apreensão foi determinada pelo secretário de Estado norte-americano Marco Rubio.

De acordo com Lorenzo Santiago, BdF, o governo da Venezuela denunciou nesta sexta-feira (07/02) o roubo de um outro avião pelos Estados Unidos. Dessa vez, a aeronave pertence à estatal petroleira venezuelana PDVSA. Segundo Caracas, a determinação da apreensão foi feita pelo secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio.

A aeronave estava retida desde o ano passado na República Dominicana. O próprio Marco Rubio fez uma visita ao avião de modelo Dassault Falcon 200 no Aeroporto Internacional La Isabela, na capital Santo Domingo, onde está desde que foi apreendido enquanto fazia manutenção. A Casa Branca afirma que o avião foi detido porque era usado para “evadir as sanções”.

Segundo a Bloomberg, a aeronave era usada pela vice-presidente, Delcy Rodríguez, e outros funcionários do primeiro escalão do governo venezuelano. Ainda de acordo com a publicação, ele era usado para viagens para Grécia, Rússia, Cuba, Nicarágua e Turquia.

O governo venezuelano afirmou que a decisão do governo estadunidense é um “flagrante roubo” e responsabilizou o secretário de Estado pela medida. Ainda de acordo com a chancelaria venezuelana, Rubio tem “ódio” do governo chavista e adota uma postura “criminosa” dentro da política estadunidense.

“O ódio de Rubio pela Venezuela agora o levou ao crime aberto, confiscando ilegalmente um avião da PDVSA com a cumplicidade do governo fantoche da República Dominicana. Este ataque à Venezuela mostra que Rubio nada mais é do que um criminoso disfarçado de político, usando sua posição para saquear e despojar nosso país de seus bens. Seu ódio faz dele um criminoso internacional, capaz de violar qualquer regra para prejudicar nosso país”, afirmou.

O Ministério das Relações Exteriores da Venezuela afirmou que tomará as “medidas necessárias” para denunciar o roubo e exigir a devolução das aeronaves.

O adido nacional para Investigações de Segurança Interna (HSI) do Departamento de Segurança Interna, Edwin Lopez, afirmou que a embaixada dos EUA no Panamá consertou o avião e enviará para Miami nos próximos meses.

O caso é parecido com a apreensão de outro avião venezuelano, realizado em 2024 pela Casa Branca, mas na gestão de Joe Biden. Na ocasião, a aeronave da companhia estatal Emtrasur estava na Argentina, foi apreendida pelos Estados Unidos e levada para a Flórida. O Boeing 747 foi retido no aeroporto de Ezeiza, em Buenos Aires, em junho de 2022, por causa de um tratado de cooperação judicial entre a Argentina e os EUA.

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Trump diz que Israel entregará Gaza aos EUA; Netanyahu elogia plano de ocupação

Ações isolacionistas de Trump levam o mundo inteiro a ficar contra os EUA. Veremos os resultados.

Presidente norte-americano detalha que, no fim da guerra, palestinos serão expulsos do enclave para construção de ‘um dos mais espetaculares desenvolvimentos na Terra’.

Um dia após receber críticas da comunidade internacional sobre suas intenções de ocupar a Faixa de Gaza, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a afirmar nesta quinta-feira (06/02) que o seu plano é assumir o enclave palestino e expulsar sua população para construir a “Riviera do Oriente Médio”.

Pela plataforma Truth Social, o mandatário norte-americano declarou que o Estado de Israel deverá transferir o território aos EUA e, assim, seu país “começará gradual e cuidadosamente a construção do que será um dos maiores e mais espetaculares desenvolvimentos desse tipo na Terra”.

“A Faixa de Gaza será entregue aos EUA por Israel no final dos combates. Palestinos, pessoas como Chuck Summer [senador democrata de Nova York e ex-líder da maioria no Senado de 2021 a 2025], já terão sido realocados para comunidades muito mais seguras e bonitas, com casas novas e modernas, na região [do Oriente Médio]. Eles terão uma chance real de serem felizes, seguros e livres. Os EUA, trabalhando com grandes equipes de desenvolvimento de todo o mundo, começarão lenta e cuidadosamente a construção do que será um dos melhores e mais espetaculares desenvolvimentos desse tipo na Terra. Nenhum soldado dos EUA será necessário! A estabilidade reinará na região!!”, escreveu o magnata.

O posicionamento de Trump foi elogiado pelo seu aliado, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que, em entrevista ao canal estadunidense de extrema direita Fox News classificou-o como uma “ideia extraordinária” que “realmente deveria ser implementada”.

“O que há de errado com isso? Eles [palestinos] podem sair, podem depois voltar, podem se realocar e voltar. Mas é preciso reconstruir Gaza”, disse Netanyahu, apoiando a iniciativa trumpista.

Na terça-feira (04/02), o presidente norte-americano recebeu o premiê israelense na Casa Branca, em uma visita durante a qual sugeriu que os palestinos deveriam abandonar Gaza “para sempre e viver em paz em outros países”. A ideia foi rejeitada pela comunidade internacional, sobretudo por países como Brasil, China, Rússia, Reino Unido, Espanha, França, Arábia Saudita, incluindo também as Nações Unidas (ONU), que consideraram a manobra como uma “limpeza étnica” na região e um crime contra a humanidade, conforme os termos do Tribunal Penal Internacional (TPI).

Nesta quinta-feira, o ministro da Defesa israelense, Israel Katz, emitiu um comunicado ordenando que os militares de seu Exército preparassem um plano para permitir a “partida voluntária da população de Gaza”, ao alegar que os palestinos devem ter “liberdade de movimento e de imigração”. Acrescentou ainda que será apresentado um projeto de reconstrução de uma “Gaza desmilitarizada”, após um possível cenário pós-guerra no enclave.

O gabinete de Katz sugeriu que a população de Gaza partisse para diversas regiões do mundo, citando Espanha, Irlanda e Noruega, países que o ministro criticou de fazerem “falsas acusações” contra Israel referentes ao massacre no território palestino. A autoridade israelense afirmou que, se estas nações se recusarem a aceitar os palestinos, “sua hipocrisia será exposta”.

*Opera Mundi

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Palestinos reagem à proposta de Trump governar Gaza: “A terra é nossa”

A imprensa internacional e analistas também repercutiram as propostas do presidente americano de comandar a Faixa de Gaza.

A população palestina da Faixa de Gaza reagiu com indignação às declarações de Donald Trump de que pretende assumir o controle do território completamente devastado pelos ataques israelenses.

A imprensa internacional e analistas também repercutiram as propostas do presidente americano lançadas após um encontro com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, na Casa Branca, na terça-feira (4/2).

Trump anunciou a intenção de assumir o controle da Faixa de Gaza para transformá-la em área turística e sugeriu que os palestinos da região devem procurar abrigo em outros países.

Na cidade de Gaza, o jornalista Rami Al Meghari, da RFI, falou nesta manhã com moradores da principal cidade do enclave.

“O plano de Trump está fadado ao fracasso”, afirma Hadj Mohaned, um palestino idoso. “A fome não nos fez deixar Gaza, não será Trump que nos fará partir. Esta é nossa terra”, acrescenta.

“Minha mensagem para Trump e para todos os que cobiçam Gaza: esta é nossa terra. Vivemos aqui e morreremos aqui. Apesar de todas as bombas que caíram sobre nós e de todas as destruições, escolhemos ficar aqui”, diz o jovem Mohamed.

O plano do presidente americano prevê o deslocamento da população para a Jordânia ou o Egito, países vizinhos.

Aazza é palestino-egípcia e vive em Gaza desde a infância. “Donald Trump pode guardar suas brilhantes ideias para ele”, ironiza a jovem. “Meu pai é egípcio e minha mãe é palestina. Mas sou muito ligada à Palestina, nunca partirei. Amo Gaza. E, ao contrário de outros palestinos de Gaza, eu poderia me instalar no Egito por escolha. Mas me recuso a sofrer um deslocamento forçado.”

“Banalizar o inaceitável e provocar desequilíbrio”
“Com o plano em Gaza, um Trump sem rédeas lança uma ideia improvável”, diz a manchete de uma análise do New York Times. “As proposições de Trump estavam tão fora da caixa que não estava claro se ele sabia que havia uma caixa”, escreve o jornalista Peter Baker.

“São propostas ainda mais ousadas para redesenhar o mapa-múndi na tradição do imperialismo do século 19. Primeiro foi comprar a Groenlândia, depois, anexar o Canadá, retomar o Canal do Panamá e rebatizar o Golfo do México. Propostas dignas de um programa de entrevistas bombásticas”, analisa o diário americano.

O jornal francês Le Monde lembra que tirar dois milhões de habitantes de um território destruído, controlado por um movimento islâmico armado, ao longo de 40km, “necessitaria um grande contingente militar americano – hipótese que Trump não descarta – e que pode levar à morte de dezenas e até centenas de soldado”.

Dois cenários se desenham, segundo o correspondente do Le Monde em Washington, Piotr Smolar: “ou o presidente americano fala sério, ou muda os termos do debate, como faz habitualmente, para banalizar o inaceitável e provocar desequilíbrio”.

Outro jornal francês, Le Figaro, compara as atitudes de Trump a de um lutador de luta livre, “esporte onde o resultado é combinado, com forças desiguais entre adversários, onde a violência e a amoralidade são leis”.

“Desde que entrou na política, o republicano iconoclasta se comporta como um lutador na cena mundial, abusando de frases ameaçadoras e desenfreadas”, analisa Victor Mérat, nas páginas do Le Figaro.

Uma tática de Trump é dividir para reinar melhor, diz Jérôme Viala-Gaudefroy, doutor em civilização, ao jornal. “Ele faz isso usando elogios ou insultos. Ele coloca os países uns contra os outros. É uma reminiscência da sua forma de trabalhar no seu gabinete durante a sua primeira presidência, do seu gosto pelos esportes de combate, mas também do que encenou no seu reality show ‘O Aprendiz’, onde popularizou a frase ‘Você está despedido!’”.

*RFI

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Política

Lula faz críticas às “bravatas” de Trump e defende “direito” do BRICS à desdolarização

“Os BRICS significam praticamente metade da população mundial, quase metade do comércio exterior. Os Estados Unidos também precisam do mundo”, pontuou.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar a postura do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em relação à política externa e ao comércio internacional, com destaque aos BRICS. Em entrevista concedida nesta quarta-feira (5) a rádios de Minas Gerais, Lula condenou declarações recentes de Trump sobre a Faixa de Gaza e destacou a necessidade de os palestinos administrarem seu próprio território.

Além da questão do Oriente Médio, o presidente brasileiro reprovou a forma como Trump conduz sua política internacional, classificando suas ações como “bravatas”. Para Lula, o republicano adota uma postura provocativa que prejudica as relações diplomáticas globais. “Tem um tipo de político que vive de bravata. O presidente Trump fez a campanha dele assim, ele agora tomou posse e já anunciou ocupar a Groenlândia, já anunciou anexar o Canadá, já anunciou mudar o nome do Golfo do México para Golfo da América, já anunciou reocupar o Canal do Panamá. Ou seja, sinceramente, nenhum país, por mais importante que seja, pode brigar com todo mundo a todo tempo”, afirmou.

Defesa do BRICS e da desdolarização
Durante a entrevista, Lula também enfatizou a importância do bloco dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) na economia global e defendeu a possibilidade de adoção de uma moeda alternativa ao dólar nas transações comerciais. “Os BRICS significam praticamente metade da população mundial, significam quase metade do comércio exterior desse mundo e nós temos o direito de discutir a criação de uma forma de comercialização que a gente não dependa só do dólar. Não foi o mundo que decidiu que o dólar seria a moeda, foram os Estados Unidos”, ressaltou.

O presidente reforçou a necessidade de um debate mais amplo sobre a autonomia financeira dos países e criticou a dependência global da moeda norte-americana. Para ele, o mundo deve buscar maior equilíbrio no comércio internacional e evitar imposições unilaterais por parte dos Estados Unidos. “Não é o mundo que precisa dos Estados Unidos. Os Estados Unidos também precisam do mundo, precisam conviver harmonicamente com o Brasil, com o México, com a China. Ninguém pode viver de bravata a vida inteira. Ninguém pode viver ameaçando todo mundo a vida inteira”, completou.

Relações comerciais e possíveis taxações
Lula também abordou a relação comercial entre Brasil e Estados Unidos, enfatizando que ambos os países mantêm um fluxo significativo de comércio. Segundo ele, o Brasil não aceitará medidas protecionistas unilaterais sem resposta. Questionado sobre a possibilidade de taxar produtos norte-americanos em caso de retaliação econômica, Lula foi direto: “É lógico. O mínimo de decência que merece um governo é utilizar a lei da reciprocidade. Você tem na Organização Mundial do Comércio uma permissão para que você possa taxar qualquer produto até 35%. Para nós, seria importante os Estados Unidos baixarem a taxação e nós baixarmos a taxação, mas se eles ou qualquer país aumentarem a taxação do Brasil, nós iremos utilizar a reciprocidade e taxá-los também”.

O presidente também fez um apelo para que os EUA abandonem uma postura isolacionista e retomem o diálogo internacional. “Os Estados Unidos estão se isolando do mundo, e isso não é importante, nem para eles e nem para o mundo. É importante que a diplomacia volte a funcionar e que a gente restabeleça a harmonia. Como é que a gente vai prescindir de um país do tamanho da China, da Índia, de uma força como a Rússia, do México, dos países africanos?”, questionou.

A fala de Lula reforça a postura do Brasil em defesa do multilateralismo e da cooperação internacional, contrapondo-se ao discurso protecionista e beligerante de Trump. O debate sobre a desdolarização no BRICS ganha cada vez mais força, sinalizando uma possível mudança nos rumos do comércio global nos próximos anos. Com 247.

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Mundo

Trump pipocou e Xi Jinping sorriu

Trump perdeu o rebolado e o rumo de casa depois do troco arrumado que levou na fuça da China.

Está zonzo, perdido e fugindo da prosa sobre a guerra comercial que promoveu com a China sem conseguir segurar o repuxo.

Na verdade, é moeda corrente hoje nos EUA, que dessa lambança que Trump arrumou, só a China riu.

Trump ficou no vácuo e agora tá empepinado sem saber como sai dessa;

Disse que não tem pressa em resolver suas pendengas com o presidente chinês.

Questionado sobre a decisão da China de emitir tarifas retaliatórias sobre as importações dos EUA, Trump respondeu “tudo bem”.

Para quem roncou valentia, rodopios e rodamoinho contra Xi Jinpin, fica escancarado que o malvadão americano, deu uma senhora pipocada pra China.

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Brasil

Tarifas da China sobre o petróleo dos EUA são oportunidade para o Brasil

A decisão da China de impor tarifas de 10% sobre as importações de petróleo bruto dos EUA abre uma “janela de oportunidade” para o Brasil aumentar as exportações de petróleo para o país asiático, disse o presidente do Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP) nesta terça-feira.

O Brasil foi o sétimo maior fornecedor de petróleo para a China no ano passado, com uma média de 720.000 barris por dia, de acordo com dados da StoneX até setembro.

“Pode acontecer realmente um incremento”, disse Roberto Ardenghy, do IBP.

Cerca de 30% das exportações de petróleo da Petrobras foram para a China no quarto trimestre do ano passado, disse a empresa na segunda-feira, ante 44% no mesmo período de 2023.

As tarifas criam uma “assimetria de mercado” que pode levar ao aumento das vendas “oportunisticamente” para a Petrobras na China, disse o diretor de Logística Comercialização e Mercados da estatal, Claudio Schlosser, a repórteres no evento.

Mas a mudança não é estrutural e pode ser revertida, observou ele.

Na China, tarifas sobre os produtos dos EUA entram em vigor na próxima segunda-feira.