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Opinião

Só Bolsonaro não sabia do golpe surpresa para mantê-lo no poder

Presente de amigos ocultos

Por que golpe surpresa, a ser deflagrado em dezembro de 2022 para impedir a posse de Lula e dispensar Bolsonaro de transferir a faixa presidencial em 1º de janeiro? Porque muita gente em torno de Bolsonaro estava envolvida na trama do golpe, menos ele que de nada, nadinha sabia. Seria uma enorme surpresa.

O então ministro da Justiça, Anderson Torres, por exemplo, sabia, e a Polícia Federal apreendeu em sua casa uma minuta do golpe. O ajudante de ordem de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, homem de total confiança do presidente, sabia. Outra minuta de golpe foi encontrada na memória do seu celular.

Mauro Cid é filho do general Mauro Cesar Lourena Cid, colega de turma de Bolsonaro na Academia Militar de Agulhas Negras, nos anos 70. O general passou à reserva em 2019 para chefiar em Miami o escritório da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos. Indicado por quem? Por Bolsonaro.

É provável, mas não é certo, que o general também soubesse do golpe por meio do filho que ele indicou para assessorar o amigo recém-alçado à Presidência. Dificilmente o filho esconderia uma coisa dessas do pai. Mauro Cid, o filho, trocou mensagens sobre o golpe com militares da reserva, não fazia segredo disso.

O deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado à prisão e à perda de mandato por atacar ministros do Supremo Tribunal Federal, e em seguida indultado por Bolsonaro, sabia do golpe. O senador Marcos do Val (Podemos-ES) contou que foi chamado por Silveira para uma reunião em que o golpe seria discutido.

Reunião com quem? Segundo Do Val, com ninguém menos do que Bolsonaro no início de dezembro. Ela aconteceu? Sim. Onde? Na Granja do Torto, uma das residências oficiais do presidente, há pouca distância do Palácio da Alvorada. E o golpe foi discutido? Ao ministro Alexandre de Moraes, Do Val afirmou que sim.

Mas como afirmou ao ministro Moraes, considerado por Bolsonaro seu maior inimigo, a ponto de tê-lo chamado de canalha no dia 7 de setembro de 2021? Do Val fez jogo duplo. Dizia-se eleitor e partidário de Bolsonaro, merecedor de sua confiança, e o traía em conversas face a face ou por celular com Moraes.

Ao ministro, o senador relatou que o golpe passaria pela obtenção de alguma declaração de Moraes que pudesse incriminá-lo ou deixá-lo em maus lençóis. E que queriam que ele, Do Val, com equipamentos de escuta cedidos pelo Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, gravasse conversas com Moraes.

E o que disse Bolsonaro a Do Val durante o encontro na Granja do Torto? Limitou-se a ouvir a exposição sobre o golpe feita por Silveira. Do Val teria pedido tempo para refletir sobre sua participação no golpe; obteve, mas dias depois desistiu de desempenhar seu papel no golpe porque seria arriscado.

À Polícia Federal, em depoimento prestado ontem (o quarto desde que voltou do autoexílio em Orlando, nos Estados Unidos), Bolsonaro confirmou a reunião que teve com Silveira e Do Val, mas disse que não se discutiu o golpe. Perguntado sobre a data e o local da reunião, Bolsonaro respondeu que não se lembrava.

Se Bolsonaro falou a verdade à Polícia Federal, o golpe, se aplicado com êxito, teria sido uma surpresa para ele – e que surpresa, convenhamos. Um belo presente de Natal dado por amigos ocultos. Aguardem os próximos capítulos dessa história mirabolante. Como novela turca, ela não tem data para terminar.

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Política

Se Mauro Cid “cumpria missão” no golpe, cúpulas militares foram mandantes

Conforme noticiado, oficiais das Forças Armadas justificam que o tenente coronel Mauro Cid compareceu com farda do Exército no depoimento à CPMI porque, como ajudante de ordens do Bolsonaro, “cumpria missão” atribuída a ele pelos comandantes.

Hierarquia e disciplina são pilares estruturantes das Forças Armadas.

São princípios tão caros para a organização militar que “devem ser mantidos em todas as circunstâncias da vida entre militares da ativa, da reserva remunerada e reformados”, como estabelece o Estatuto dos Militares [Lei 6880/1980].

O Código Penal Militar, no artigo 163, prevê pena de prisão de até dois anos para o militar que “recusar obedecer a ordem do superior sobre assunto ou matéria de serviço”.

Se, portanto, oficiais militares justificam que Mauro Cid compareceu fardado à CMPI porque cumpria missão militar, isso significa que as próprias cúpulas militares reconhecem e assumem a responsabilidade direta pelos atos ilegais do seu subordinado.

Ou seja, as cúpulas fardadas admitem claramente o papel central que desempenharam na concepção e no engendramento permanente dos atentados antidemocráticos e nos ataques sistemáticos às instituições da República. O tenente coronel era apenas um operador – um operador relevante, é verdade – do empreendimento golpista dos chefes militares.

Numa estratégia presumivelmente estabelecida em entendimento com o comando do Exército, na abertura do seu depoimento à CPMI Mauro Cid fez questão de ressaltar que cumpriu ordens do comando do Exército.

Ele relatou que “em 2018 eu havia sido selecionado para participar de um curso de Estado-Maior do Exército americano. Entretanto, fui redesignado pelo então comandante do Exército para assumir a função de chefe da ajudância de ordens da Presidência da República”.

Cid ainda destacou que “a minha nomeação jamais teve ingerência política. Minha vinculação administrativa era estabelecida pelo Gabinete de Segurança Institucional, inclusive por meio de onde provinha minha remuneração”. O general conspirador Augusto Heleno, seu chefe direto, era o ministro do GSI.

Como diria o general da Morte Eduardo Pazuello, “é simples assim”: se o tenente coronel Mauro Cid “cumpria missão” a ele atribuída, os seus superiores imediatos – os generais do partido militar – foram os mandantes da missão cumprida por ele.

Não é por outra razão que até o presente momento o Exército ainda não tenha instaurado investigações e procedimentos disciplinares em relação a Mauro Cid, a despeito dos inúmeros ilícitos cometidos por ele. Se prevalecesse no Exército o mínimo de legalidade e de profissionalismo, o tenente coronel Mauro Cid já teria sido expulso da corporação.

Não fosse por decisão do STF, a depender do MP militar, da justiça militar e do comando do Exército, o faz-tudo de Bolsonaro e das cúpulas militares sequer estaria preso por falsificar carteiras de vacinação e adulterar documentos públicos – apenas um dos inúmeros crimes pelos quais, se justiça for feita, ele ainda deverá cumprir muitos anos de prisão.

Combinada com as próprias cúpulas militares, a estratégia de Mauro Cid de arrastar as Forças Armadas para o foco central da CPMI tem como objetivo central, além de eximir sua responsabilidade individual, amedrontar a Comissão Parlamentar com a ameaça militar.

A CPMI, como expressão do poder político e da representação popular, tem diante de si uma extraordinária oportunidade de trazer para o banco dos réus os artífices centrais do projeto golpista, que são as cúpulas partidarizadas das Forças Armadas.

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Política

E Bolsonaro quer que acreditemos que ele nunca ouviu falar em golpe

O enterro da democracia, mas “dentro das quatro linhas da Constituição”

“O presidente Bolsonaro jamais participou de qualquer conversa sobre um suposto golpe de Estado”, disseram seus advogados de defesa em nota oficial. E acrescentaram, a propósito do plano de golpe encontrado no celular do ajudante de ordem de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, preso há 45 dias:

“Registramos ainda que o ajudante de ordens, pela função exercida, recebia todas as demandas – pedidos de agendamento, recados etc. – que deveriam chegar ao presidente da República. O celular dele, portanto, em diversas ocasiões, se transformou numa simples caixa de lamentações”.

Na categoria “lamentações”, certamente se destaca a prosaica mensagem enviada a Mauro Cid pelo coronel Jean Lawand Junior, à época o subchefe do Estado Maior do Exército, cotado para ser promovido em breve a general:

“Cidão, pelo amor de Deus, cara. Ele [Bolsonaro] dê a ordem que o povo está com ele, cara. Se os caras [os generais] não cumprir, o problema é deles. Acaba o Exército Brasileiro se esses caras não cumprir a ordem do Comandante Supremo. Como é que eu vou aceitar uma ordem de um General, que não recebeu, que não aceitou a ordem do Comandante. Pelo amor de Deus, Cidão. Pelo amor de Deus, faz alguma coisa, cara. Convence ele a fazer”.

Destaca-se também a troca de mensagens entre Gabriela Santiago, mulher de Mauro Cid, e Ticiana Villas Bôas, filha do general Villas Bôas, comandante do Exército quando Bolsonaro se elegeu. Bolsonaro é grato a Villas Bôas. A mulher do general frequentou o acampamento dos golpistas à porta do QG do Exército.

Ticiana – Tem que ter alguém que articule isso com os protestantes. E isso tem de vir dos caminhoneiros.

Gabriela – Não vai ser dessa forma. Como você falou, a orientação tem que ser outra. Os caminhoneiros têm que ser orientados.

Ticiana – Alguém tinha que falar com eles.

Gabriela – Sim, foi o que o presidente pediu. E acho que todos têm que vir para Brasília.

Gabriela – Invadir Brasília como no 7 de setembro, e dessa vez o presidente com toda essa força agirá.

O golpe seria em três atos, aqui resumidos.

Ato I

Bolsonaro proclama que as decisões tomadas pelo Tribunal Superior Eleitoral durante as eleições de 2022 desrespeitaram a Constituição, decreta o Estado de Sítio e pede que os militares indiquem um interventor federal.

Ato II

O interventor afasta do tribunal os ministros Alexandre de Moraes, Ricardo Lewandowski e Cármen Lúcia, substituindo-os pelos ministros André Mendonça, Kássio Nunes Marques e Dias Tóffoli. São anulados os resultados da eleição presidencial de 2022

Ato III

Dentro de um prazo incerto, o interventor convoca uma nova eleição presidencial. (A minuta do golpe não diz se Bolsonaro poderá disputá-la, e se Lula será impedido. Mas diz que tudo será feito “dentro das quatro linhas da Constituição”.)

Está na Constituição que a democracia é uma cláusula pétrea. Como tal, não pode ser revogada. Nada previsto na minuta do golpe sob a guarda de Mauro Cid está de acordo com a Constituição. Um dos fundamentos da democracia é a alternância no poder. Bolsonaro nunca escondeu que é a favor da ditadura.

Ele só não tentou dar o golpe porque não tinha certeza da adesão à ideia do comando do Exército e das demais Forças. Afirmar que jamais conversou sobre o golpe com ninguém, jamais ouviu falar de golpe, jamais cogitou aplicá-lo é uma grossa mentira, mais uma de um presidente que governou à base de mentiras.

Na palavra de Bolsonaro, hoje, só acreditam – ou talvez ainda acreditem – aqueles que, segundo o coronel Jean Lawand Junior, “cagavam” e tomavam “banho de chuva” sob a proteção dos militares, país afora.

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Política

Os riscos da manutenção do golpe na Eletrobras

Luis Nassif*

A Eletrobras é peça central no equilíbrio do setor elétrico brasileiro. Possui quase 50% dos reservatórios nacionais.

Em um deserto de boas reportagens, a Folha publicou um trabalho detalhado, de autoria de Alexa Salomão, sobre a privatização da Eletrobras. Nele, ela mostra como tendo menos de 1% de participação nas ações com direito a voto, passou a controlar o Conselho Deliberativo da empresa. É o mesmo jogo que transformou Daniel Dantas em controlador da Brasil Telecom e da Telemig Celular, com parcela mínima de capital.

O que chama a atenção é o silêncio constrangedor de lideranças industriais e das próprias comercializadoras de energia, a um poder extraordinário nas mãos dos chamados “piranhas financeiros” – na figura de Jorge Paulo Lehman e da 3G.

O termo foi cunhado no Chile, pós-queda de Salvador Allende, quando financistas sem nenhum escrúpulo passaram a se apossar de bens públicos. Coube a Pinochet acabar com a brincadeira, mandar para a prisão o mais atrevido dos “piranhas” e reestatizar o maior banco público privatizado.

A Eletrobrás é peça central no equilíbrio do setor elétrico brasileiro. Possui quase 50% dos reservatórios nacionais. Tratam-se de peças centrais para o modelo elétrico, pois são o fator de equilíbrio para as flutuações das chuvas.

Quando há escassez de chuvas, os reservatórios ajudam a regularizar a oferta de água, impedindo a explosão de preços. Em períodos de abundância de chuvas, consegue reduzir o custo da energia.

O que acontecerá com a Eletrobras privatizada, sendo gerida da mesma maneira que as Americanas? Hoje em dia, ela é a grande fornecedora de energia contratada – com preço regulado, destinada às distribuidoras e ao abastecimento de residências e pequenas empresas. Com abundância de água, a energia poderia estar muito mais barata. Mas são beneficiados apenas os grandes grupos, que adquirem energia no mercado livre.

Justamente por isso, grandes consumidores de energia julgam estar a salvo dos malefícios trazidos pela privatização da Eletrobras.

*GGN

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Mundo

Vídeo: Trump revela trama dos EUA para golpe na Venezuela: “nós iríamos tomá-la e pegar todo o petróleo”

Durante um discurso na Convenção do Partido Republicano da Carolina do Norte neste sábado (10), o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, atual candidato a assumir o posto novamente, revelou uma trama da potência mundial para sabotar a Venezuela, “tomar o controle do país e pegar todo o seu petróleo”.

O republicano criticava a administração do democrata Joe Biden por ter voltado a comprar petróleo do país latino, como se isso fosse uma vergonha aos EUA, que supostamente teria estado muito próximo de tomar controle da Venezuela durante seu governo: “e quanto a estarmos comprando petróleo da Venezuela? Quando eu saí [do governo], a Venezuela estava prestes a colapsar, nós teríamos tomado o país e pegaríamos todo aquele petróleo, teria sido ótimo”.

“Mas agora estamos comprando petróleo da Venezuela então estamos enriquecendo um ditador. Vocês acreditam? Ninguém consegue acreditar nisso. E o petróleo deles é um lixo, é horrível, é o pior que se pode conseguir, é como alcatrão (tar). E para refiná-lo, você precisa de refinarias especiais”.

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Opinião

Bolsonaro abandona Mauro Cid à própria sorte

O que a nota (de Lauro Jardim, em O Globo 10/06) não conta – suscinta, porque é nota, do contrário seria uma reportagem – é que o tenente-coronel Mauro Cid, rumo ao generalato antes de o seu caminho se cruzar com o de Jair Bolsonaro, está preso sim, por seus atos, mas principalmente por fidelidade ao chefe, a quem, de fato, interessavam as minutas e planos de golpe.

Ou alguém acredita que tenha baixado um Napoleão de frente no tenente-coronel e ele, de uma hora para a outra, resolveu considerar que tinha todo o talento do mundo para ditador e decidiu que era o golpe ou nada?

É brincar com a inteligência alheia considerar que o distinto público não vai ligar léo com créo. Se não, vejamos: estávamos nós em ano de uma eleição acirrada (2022). Desde o início de condução do mandato (iniciado em janeiro de 2019) que Bolsonaro ameaçava dar um golpe no país e governar de maneira autocrata. Confiou nos generais dos quais se cercou, para fazer a liga com o comando geral do Exército e convencê-los a aderir à sua aventura, coisa que não rolou. Ainda assim, contou com o seu entorno – Mauro Cid era o seu ajudante de ordens -, para articular e pavimentar o seu sonho.

Os planos incluíam: uma convulsão social de qualquer natureza, desde que parecesse fugir ao controle, a ponto de justificar a chamada, pelo Executivo, do expediente da Garantia da Lei e da Ordem (GLO).

Daí tentaram no dia 30 de outubro um adiamento da votação, tumultuada por uma “operação empata”, feita ao arrepio da Lei, pela Polícia Rodoviária Federal; no dia 12, quando após a diplomação de Lula no Congresso, carros e ônibus foram incendiados nas ruas da capital; no dia 24, quando uma dupla de trapalhões (graças a Deus!), tentou sem sucesso mandar pelos ares o aeroporto de Brasília; pensaram, mas não ousaram devido à multidão que compareceu, melar a posse de Lula no dia 1º de janeiro e, por fim, conseguiram, mas não lograram sucesso na conclusão, invadir e depredar os prédios públicos, a fim de provocar, finalmente, a convocação de uma GLO pelo presidente eleito.

Alertado para o fato de que esse era o plano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva escapou da arapuca, chamando uma intervenção no Distrito Federal e não uma GLO que o colocaria nas mãos dos militares e, aí, sabe-se lá se reaveria o seu poder. Certamente não haveria nem a chance de este artigo ser escrito, pois estaríamos de volta à pauta de 1964: porões, morte, porrada e bomba.

Sendo assim, vamos parar de brincar e encarar os fatos. O golpe não deu certo, mas todas as provas estão gritando de dentro do celular do ajudante de ordens Mauro Cid que, como bem esclarece o título do cargo que ocupou, nada mais fazia do que cumprir ordens. Não é crível que houvesse de sua parte interesse em “tomar o poder”, golpeando àquele a quem serviu com fidelidade canina, a ponto de ter uma caminha no quarto contíguo ao do casal, no Alvorada, para quando trabalhasse até tarde, pernoitasse ali, aos pés do chefe.

Não convence à opinião pública que Mauro Cid, por sua conta e risco, se movimentasse para fabricar atestados de vacina (como se fosse a corte do Rei Luiz XVI, em fuga para escapar da guilhotina) para si, a família e todos os escalados que seguiriam em disparada para a terra do Pateta. Observem que somente quem fazia parte do entourage com destino a Miami teve cartões de vacina falsificado.

O roteiro, embora não seja ficção, infelizmente, grita aos olhos de todos: prepare para mim um golpe “à la carte”, tenha o cuidado de que ele pareça espontâneo, programe para uma data em que eu já esteja longe. Caso tenha êxito, eu volto nos braços do povo. E, se naufragar, que eu tenha um convincente cartão de vacina que me permita trafegar por quantos países sejam necessários, em minha fuga com a família e assessores.

Todos os preparativos ficam com vocês. E, se descoberto, você, Mauro Cid, segura todas, até que a frouxidão das leis e seus subterfúgios permitam que se junte ao seu irmão bem-sucedido, na Flórida, para uma vida ao sol.

Até aqui funcionou. Afinal, o que é uma inelegibilidade? Resta saber se o pé que se amoldou ao coturno e o corpo treinado para estar dentro de uma farda suportará com galhardia o uniforme de presidiário por muito tempo. A propósito: ex-aliado, por quê? Não está lá, aguentando a cana dura? Melhor não provocar. Vai que o humor vira…

*Denise Assis/247

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Justiça

Celular de Mauro Cid tinha minuta de GLO e estudo para dar ‘suporte’ a um golpe

De acordo com o ministro Alexandre de Moraes, novo conjunto de mensagens traz documentos que dariam ‘suporte jurídico e legal para a execução de um golpe de Estado’, diz Malu Gaspar, O Globo.

A Polícia Federal encontrou no celular do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o coronel Mauro Cid, a minuta de um decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e alguns “estudos” que, segundo os investigadores, eram destinados a dar suporte a um eventual golpe de estado.

A GLO é uma operação militar que permite ao presidente da República convocar as Forças Armadas em situações de perturbação da ordem pública.

Segundo o que apurei, Cid esteve na sede da PF em Brasília nesta terça-feira para depor sobre esse novo conjunto de evidências, que ainda não se tornou público.

No despacho que autorizou a oitiva de Cid, o ministro Alexandre de Moraes diz que o ex-ajudante de ordens “reuniu documentos com o objetivo de obter suporte jurídico e legal para a execução de um golpe de estado”.

De acordo com o texto, o material trata “da possibilidade de emprego das Forças Armadas em caráter excepcional destinados a garantir o funcionamento independente e harmônico dos poderes da União”.

A PF queria saber quem preparou os tais estudos e para quem eles estavam sendo compilados, entre outras coisas. Não há, por enquanto, sinal de que o material tenha sido enviado a Bolsonaro pelo celular.

A subprocuradora da República Lindora Araújo acompanhou o depoimento de forma virtual, mas Cid se recusou a falar. Preferiu se manter em silêncio.

Os documentos recolhidos por Cid estavam em mensagens trocadas com o sargento Luis Marcos dos Reis, preso junto com ele no início de maio na operação que apura fraudes nos cartões de vacinação de diversas pessoas, entre elas o ex-presidente e sua filha Laura. Reis deve ser ouvido nesta quarta-feira pela PF.

O material apreendido durante a operação dos cartões de vacinação deu origem a um novo inquérito, este sobre a participação do mesmo grupo em preparativos para um golpe de estado. Foi no âmbito dessa investigação que Cid foi ouvido nesta terça-feira (6).

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Luis Nassif: Qual seria o golpe aplicado no governo de SP no caso Antonov?

Caso reportado pela CNN poderia se resumir a uma “barriga” jornalística, não fosse a notícia oficialmente divulgada pelo governo de SP.

Em um primeiro momento, parecia apenas uma fake news com propósitos políticos. O fabricante da Antonov – maior navio cargueiro do mundo -, que pertence a uma estatal ucraniana, teria decidido investir US$ 50 bilhões em São Paulo, mas desistiu por causa de uma frase do presidente Lula sobre a guerra.

A notícia era inverossímil por dois motivos:

  1. O valor corresponde a um terço do PIB ucraniano de 2021. E o País, hoje em dia, está menor ainda.
  2. O investimento seria em 5 anos, o que corresponderia a 3% do PIB da Ucrânia por ano. Para efeito de comparação, todo investimento público brasileiro não chega a 1% do PIB.
  3. Nenhuma empresa séria suspende investimento dessa ordem devido a uma declaração de um presidente da República, que nem foi contra o País.

Logo depois, veio uma nota oficial do governo ucraniano negando a existência de qualquer representante no país ou de qualquer negociação.

Tudo poderia se resumir a uma “barriga” jornalística, soprada por alguma fonte não confiável, não fosse o fato de que a notícia foi oficialmente divulgada pelo governo de São Paulo.

Pontos de análise

  1. O governo de São Paulo admitiu, oficialmente, as supostas tratativas.

“A Secretaria de Negócios Internacionais do Estado de São Paulo informa que, no dia 11 de abril, recebeu representantes de Oleksandr Nykonenko e Victor Avdeyev, conselheiro e vice-presidente da Antonov Company, para audiência a respeito do interesse da estatal ucraniana Antonov desenvolver atividades no Brasil, em especial no Estado de São Paulo”, diz o governo de SP em nota.

A empresa, por sua vez, é uma fabricante de ventiladores de alto desempenho, para refrigeração, máquinas e processos industriais, entre outros.

Na Internet, há um currículo dele apresentando-o como embaixador da Ucrânia em Portugal e também ex-diretor de assuntos militares no Ministério de Assuntos Internacionais na Ucrânia, mas no período 2008-2010, antes da era Zelensky. Também foi embaixador da Ucrânia em Brasília, entre 1995-2000. Mas não se encontra menção no portal da Antonov.

Já na busca pelo nome Victor Avdeyev, que seria o vice-presidente da Antonov, desautorizado pela própria empresa, aparece um perfil no Facebook de alguém ligado à Cúpula Missionária Internacional. Podem ser apenas homônimo. No LinkedIn, há outro Viktor Avdeev apresentado como profissional de vendas especializado em marketing digital.

2. O Secretário de Negócios Internacionais do governo de São Paulo é Lucas Ferraz, que tem passagem pelo banco dos BRICS, BID, entre outros bancos internacionais, além de ter sido secretário de Comércio Exterior do Ministério da Economia.

3. A Beuno Maia Consultoria aparece na web apenas como “consultoria de inteligência financeira”, sem mais detalhes.
Hipótese mais provável

Tentaram dar um golpe no governo de São Paulo, com essa história inverossímil. Em algum momento, o governo fez alguma exigência que não poderia ter sido atendida pelos grupo. Criou-se então essa versão extravagante para o negócio ter falhado.

GGN

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Opinião

A dobra na aposta de golpe dos bolsonaristas para se livrarem da cadeia pode estar sendo comandada por Carluxo com muito mais violência

A pergunta que todos fazem é, quem vazou para a CNN o vídeo que custou a demissão do general Gonçalves Dias do GSI?

Mas há uma pergunta ainda mais capciosa a ser feita, quem tinha mais interesse em sua saída e por quê?

A operação pode ter sido feita por algum militar ou algum dos muitos agentes do Estado que receberam o material. Mas há uma questão maior, quem pediu a cabeça do general, utilizando justamente esse material?

É, no mínimo, estranho que, em pleno momento decisório para a sua vida, de seus pai e de seus irmãos, Carlos Bolsonaro, que todos sabem, foi o autor e executor da farsa da facada em 2018, tenha ido para as redes sociais com um textinho novelesco para avisar a quem, ninguém sabe, que não estaria mais no comando do gabinete do ódio.

O que é preciso ver e de verdade analisar é o que Carlos Bolsonaro pretendeu com o tuíte em que avisa que deixará o comando da rede de fake news, que era não apenas uma rede de ações para estimular a proliferação de mentiras, mas também de uso estratégico para as ações criminosas, que não foram poucas, do governo Bolsonaro.

A meu ver, tem muito mais coelho nesse mato e, possivelmente, a cabeça do general tenha sido planejada aí a degola da cabeça do general.

Deixo claro que não há qualquer acusação, já que não há provas, apenas externo meu estranhamento a todos os fatos interconectados no momento em que o clã está na marca do pênalti.

Que venham as investigações e cheguem aonde devem chegar.

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Política

A mando do mercado financeiro, Alexandre Silveira tenta dar golpe na Petrobras

Florestan Fernandes Jr*

A economia brasileira está entranhada pelo “neoliberalismo” de desmontes e retrocesso de Paulo Guedes.

Não demorou dois meses para o governo Lula sentir o tamanho das garras do mercado financeiro, acomodado no lugar de condução da política econômica e habituado ao poder de direcionamento das políticas públicas durante os governos Temer e Bolsonaro.

O primeiro a mostrar suas garras foi o presidente bolsonarista do Banco Central que, sem qualquer justificativa plausível, manteve a taxa Selic nas alturas, preservando os ganhos milionários dos rentistas.

Agora, acompanhando Campos Neto nessa cantilena, engrossa o coro o “porta-voz” do Centrão, ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD).

De maneira desleal, desrespeitando uma decisão acordada com o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, na composição do novo conselho da estatal, o ministro substituiu, por conta própria, dois dos nomes indicados pelo Palácio do Planalto para o novo conselho da companhia — do economista Eduardo Moreira e do empresário e presidente da FIESP, Josué Gomes da Silva. Os substitutos são nomes de confiança do mercado financeiro.

O intuito é claro: impedir que o governo Lula leve a cabo a extinção da política de Paridade de Preços de Importação e também o processo de privatização da Petrobras, este em curso nos últimos seis anos.

Ao que tudo indica, o BTG Pactual, capitaneado por Bruno Bianco, tem todas as digitais nessa articulação “golpista” para manter o novo Conselho de Administração da Petrobras nas mãos do mercado financeiro.

Falar-se em Petrobras para os brasileiros, em defesa dos interesses de uma empresa com imensa relevância estratégica para o povo brasileiro, avançar em ações e projetos que efetivamente devolvam a Petrobras ao seu papel histórico, implica violar dogmas desse “Deus Mercado” que se pretende onipotente.

Priorizar os interesses dos brasileiros e a recuperação da economia tão combalida? Arriscar a absurda posição da Petrobras de maior pagadora de dividendos do mundo? Isso, não! O “deus” mercado reagiu e reagiu fortemente.

Seja o patamar estratosférico da taxa básica de juros, seja essa mais recente investida contra a Petrobras, têm efeitos profundos no nosso dia a dia, pois afetam a economia como um todo e guardam o potencial de inviabilizar os avanços sociais planejados pelo governo federal.

Há pouco mais de um mês, fomos testemunhas de uma tentativa de golpe que devastou as sedes dos Poderes. As ações terroristas/golpistas foram perpetradas por bolsonaristas, entusiastas do caos e da degradação da democracia. As investigações têm apontado para uma verdadeira cooptação de parte dos órgãos de estado. Ou seja, Bolsonaro saiu do Planalto, mas deixou seus agentes inflamados por mentira e ódio social.

Guardadas as diferenças, a economia sofre do mesmo mal. O ex-ministro Paulo Guedes não ocupa mais o ministério da Fazenda, mas a economia brasileira está entranhada pelo “neoliberalismo” de desmontes e retrocesso de Paulo Guedes.

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