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Orçamento fictício leva equipe econômica a ameaçar nova debandada

Pasta de Guedes vê crime de responsabilidade se governo sancionar texto como está.

As manobras no Orçamento de 2021 e a ameaça ao teto de gastos criaram um ambiente de revolta dentro do Ministério da Economia. Membros da cúpula da pasta sinalizaram que podem deixar os cargos se a regra de limitação de despesas for quebrada.

O movimento poderia ser maior do que a debandada no time do ministro Paulo Guedes (Economia) em agosto de 2020 diante da dificuldade de avanço da agenda liberal no governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Na época, por causa da falta de apoio político, os então secretários especiais Salim Mattar (Desestatização) e Paulo Uebel (Desburocratização) deixaram os cargos ao mesmo tempo.

Ainda surpresos com as recentes trocas feitas por Bolsonaro em ministérios, membros da área econômica ouvidos pela Folha afirmam que se não houver solução para o impasse do Orçamento, deixando a regra do teto em risco, haverá vagas disponíveis no Ministério da Economia.

De acordo com um auxiliar de Guedes, o ministro deu o recado a colegas e a Bolsonaro, a quem caberá a decisão final no governo sobre como o problema no Orçamento será resolvido.

Técnicos do Ministério da Economia ainda buscam uma solução para o impasse: para o teto de gastos não ser rompido, precisará ser feito um corte de despesas que pode paralisar a máquina pública.

A solução, então, é que parlamentares e ministros da área de infraestrutura e obras concordem em desistir de alguns projetos, abrindo espaço no Orçamento para os gastos obrigatórios, que estão abaixo do patamar mínimo.

A análise do ministério sobre as possíveis soluções envolve, principalmente, os secretários de Fazenda, Waldery Rodrigues, de Orçamento, George Soares, e do Tesouro, Bruno Funchal, além de Guedes. O projeto aprovado pelo Congresso desagradou esses membros da pasta, que têm a atribuição de administrar as contas federais e pregam respeito às regras fiscais.

A própria equipe econômica vê risco de o governo cometer crime de responsabilidade ao assinar o texto, caso seja sancionado da forma aprovada pelo Congresso. Para integrantes do governo ouvidos pela Folha, formalizar o Orçamento no desenho atual significaria assinar uma condenação pela Lei de Responsabilidade Fiscal.

A avaliação na pasta é que o presidente estará se colocando em risco se não alcançar um acordo para corrigir o Orçamento. Para uma pessoa próxima a Guedes, a atual versão do texto inviabilizaria o funcionamento do governo nos próximos meses, deixando o presidente em posição vulnerável em relação aos parlamentares, que poderiam cobrar uma fatura mais alta no futuro para tirá-lo de eventual risco de impeachment.

Diante das dificuldades, servidores do ministério também temem assinar documentos e atos da pasta que possam gerar punições no futuro por estarem em desacordo com as regras fiscais. O movimento é conhecido como “apagão de canetas”.

O presidente da Assecor (Associação Nacional dos Servidores da Carreira de Planejamento e Orçamento), Márcio Gimene, afirma que os técnicos do ministério são responsáveis por assinar créditos para a execução orçamentária ao longo do ano, o que os coloca em risco diante dos problemas nas contas de 2021.

“O que está nos preocupando é que na hora de os técnicos se posicionarem sobre esses créditos, eles possam ser arrolados pelo TCU [Tribunal de Contas da União] como partícipes de alguma irregularidade administrativa”, disse. “Estamos avaliando possibilidades jurídicas para nos precavermos”.

O temor dentro do Ministério da Economia também se agravou diante de sinalizações de que o TCU quer ajustes no Orçamento. O tribunal entrou no assunto após uma representação sobre o Orçamento feita por deputados nesta segunda-feira (29).

De acordo com relatos de integrantes do TCU feitos à Folha, o tribunal deve fazer um levantamento dos problemas que levaram ao imbróglio e cobrar informações da Casa Civil ou do Ministério da Economia. Mesmo que não haja uma posição conclusiva, o órgão deve emitir um posicionamento “suficientemente duro” sobre o tema.

O caso será objeto de análise preliminar da unidade técnica do tribunal. Conforme integrantes do TCU, a área pode concluir em parecer que há crime de responsabilidade se Bolsonaro sancionar o Orçamento conforme o texto saiu do Congresso.

Com o objetivo de preservar a equipe, a ordem na pasta é não entrar em confronto com o Congresso. Um exemplo usado internamente é o do ex-ministro Ernesto Araújo (Relações Exteriores), que entrou em um embate público com parlamentares e acabou forçado a pedir demissão.

Guedes fez um pedido à classe política nesta terça-feira (30) para ajustar o Orçamento e para que não haja uma desorganização da economia.

“Nosso apelo final é que os acordos políticos têm que caber nos orçamentos públicos. A essência da política é fazer alocação dos recursos, [com] nosso compromisso com a saúde e a responsabilidade fiscal”, afirmou ao participar da divulgação de dados do mercado de trabalho.

Sem citar nomes, o ministro atribuiu os problemas vistos no Orçamento a um ruído de comunicação entre os envolvidos. Ele disse haver espaço para usar mais recursos públicos neste ano, mas desde que diretamente para o combate à Covid ou seus efeitos e com valor definido para cada programa.

Na semana passada, o Congresso aprovou o Orçamento após um corte em despesas obrigatórias, como a verba para aposentadorias e pensões, que passou a ficar subestimada na previsão de gastos de 2021.

A manobra, que teve o aval de aliados de Bolsonaro, foi para abrir espaço no Orçamento para mais emendas parlamentares —forma de um congressista colocar sua digital numa verba para projetos na base eleitoral, especialmente obras.

Ao turbinar emendas e reduzir os recursos para despesas obrigatórias (que não podem ser adiadas), o Congresso aprovou um Orçamento para 2021 que, na avaliação da equipe econômica, é inexequível e coloca em risco a regra do teto. O alerta foi dado a Bolsonaro.

O teto de gastos é uma regra aprovada pelo Congresso em 2016 para controlar as contas públicas. A norma constitucional impede que as despesas cresçam acima da inflação.

O contingenciamento orçamentário, que pode se aproximar de R$ 40 bilhões, precisaria ser nas chamadas despesas discricionárias, que englobam gastos com energia elétrica, água, terceirizados e materiais administrativos, além de investimentos em infraestrutura, bolsas de estudo e emissão de passaportes, por exemplo.

*Com informações da Folha

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Política

Bresser-Pereira: “Brasil está pronto para o impeachment de Bolsonaro”

O economista e ex-ministro da Fazenda Luiz Carlos Bresser-Pereira defendeu nesta terça-feira (30) o impeachment de Jair Bolsonaro.

Segundo Bresser, líderes do Centrão estão se afastando de Bolsonaro. “Compreenderam que a proximidade a ele só os desmoraliza. Não tenhamos dúvida. O Brasil está pronto para o impeachment”, afirmou pelo Twitter.

A tese do impeachment de Jair Bolsonaro voltou a ganhar força no país em meio ao aumento da catástrofe criada pela gestão criminosa na pandemia, somada aos claros sinais de aprofundamento da crise econômica. Sentado em 73 pedidos de afastamento, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), mandou na quarta-feira (24) um recado sem meias palavras para o presidente: “Os remédios políticos no Parlamento são conhecidos e são todos amargos. Alguns, fatais. Muitas vezes são aplicados quando a espiral de erros de avaliação se torna uma escala geométrica incontrolável”.

Para o cientista político Jorge Zaverucha, professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a renúncia dos comandantes das três Forças Armadas expõe a “fragilidade” de Jair Bolsonaro, afirma Com o episódio, Bolsonaro perde uma “carta na manga que achava ter” para enfrentar um eventual processo de impeachment. As Forças Armadas saem fortalecidas como instituição. Se o pedido for bem fundamentado, as Forças Armadas vão se comportar como instituição de Estado e não de governo”, afirmou.

*Com informações do 247

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Arthur Lira avisa a Bolsonaro que seu impeachment entrou no radar do Congresso

Arthur Lira começa a cobrar de Bolsonaro o preço da traição.

Lira foi curto e grosso ao mandar recado a Bolsonaro: “todos conhecem o remédio amargo quando não mais governabilidade e que ele costuma ser amargo e fatal”.

Depois de duas bolas nas costas, uma com o episódio do médica Ludhmila Hajjar, indicada por ele para o ministério da Saúde e, outra, com o voto ontem de Kássio Nunes Marques que Lira e outros parlamentares do centrão tinham como certo o voto favorável à suspeição de Moro pelo ministro indicado por Bolsonaro ao STF. Mas Bolsonaro fez as contas políticas e preferiu enfrentar o moribundo Moro em 2022 do que Lula que, logo na primeira semana de elegível, pesquisas já mostravam Lula 10 pontos à frente de Bolsonaro tanto no primeiro quanto no segundo turno.

Lira já estava profundamente irritado porque se sentiu um idiota com a traição  que Bolsonaro que recebeu a médica possível substituta de Pazuello, quando na verdade, já estava decidido, por indicação de Flávio, de Marcelo Queiroga para a pasta.

Não deu outra, hoje, em discurso bastante contundente, Lira deixou claro que o impeachment de Bolsonaro entrou no radar no Congresso. O mote para o discurso do presidente da Câmara foram as 300 mil mortes provocadas pelo negacionismo do genocida. Mas, na realidade, o pano de fundo é a política “venha a nós e ao vosso reino nada”, como é prática conhecida de Bolsonaro.

Ou seja, o centrão mostrou os dentes para o aliado traidor.

*Da redação

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A batata de Bolsonaro está assando

“O único pacto que pode salvar o país é o pacto por sua remoção da Presidência. É para um pacto que desta ordem que apontam os movimentos em curso na superestrutura do país – dos governadores, do capital, do próprio Centrão”.

O pior tipo de ignorante é aquele que se acha sábio, diz o senso comum, ou autor que desconheço. O pior tipo de ignorante é aquele que fabrica outros ignorantes, emendo com Marcel Proust. Jair Bolsonaro se enquadra nas duas condições. Agarrado à sua ignorância e aos que fabrica e atrai, não percebe que pode estar em curso a convergência política para a salvação nacional, que exigirá sua remoção do cargo.

Não estou afirmando que isso vá acontecer, através do impeachment ou de um processo por crime comum, mas que há uma batata assando, isso há. Pode ser que um milagre apague o fogo, mas amplia-se, a olhos vistos, seu isolamento. Cresceu entendimento de que, se ele não for parado, viveremos um desastre bíblico.

Bolsonaro não compreendeu a crispação de sua relação com o Centrão a partir da molecagem que cometeu na escolha do novo ministro da Saúde. Nem o quanto pesou, para os congressistas, a morte do senador Major Olímpio, um aliado de primeira hora que dele não mereceu uma só palavra de pesar.

Não compreende a natureza essencial do Centrão, um bloco parlamentar conservador que, em primeiro lugar, é súdito do poder econômico. Que só servem a governantes de plantão enquanto têm o aval dos verdadeiros donos do poder. Quando o capital disser “basta”, o Centrão será o primeiro a obedecer.

Bolsonaro não entendeu importância da Carta do Capital, o documento que mais de 1500 empresários, executivos e economistas do campo liberal já assinaram, apontando o fracasso do governo no enfrentamento da pandemia, enumerando os erros crassos que vêm sendo cometidos, condenando o negacionismo e pedindo alinhamento com a ciência, mudança de rumo e adoção das medidas necessárias. Disseram tudo isso sem escrever o nome dele e sem mencionar a necessidade de seu impedimento, seja por que via for.

Bolsonaro respondeu com a arrogância dos ignorantes: não vai mudar porque ninguém o convenceu ainda de que as medidas de isolamento podem acabar com o vírus. Então, ele não mudará, seguirá, como diz, defendendo a economia. Lorota, porque quanto mais dura a pandemia, com isolamentos parciais que nada resolvem, e a vacinação caminha a passos de cágado, mais sofre a economia.

Quanto a acabar com o vírus, ninguém jamais afirmou que o isolamento, brando ou mais duro, na forma do lockdown, produzirá este resultado. Mas o isolamento contém a circulação do vírus, que como diz o doutor Miguel Nicolelis, hoje domina completamente o Brasil. E reduzindo o número de infectados, o isolamento evita o colapso da rede hospitalar, a falta de oxigênio e de remédios para uso nas UTIs, mazelas que já estamos enfrentando.

Fato é que Bolsonaro não entendeu o recado do capital, acha que tem o Centrão na mão e há poucos minutos, enquanto escrevo, perdeu no STF, pelo voto do ministro relator, Marco Aurélio Mello, a ação que moveu contra os governadores que estão adotando medidas mais duras.

Com o país à beira do abismo, ele só conta mesmo hoje com os bolsões radicais da extrema direita. Os militares? Seguem no governo, agraciados com 22% das verbas do Orçamento, ocupando cargos importantes. Um ministério até será criado para garantir ao general Pazuello o foro especial do STF, por conta dos crimes cometidos na pandemia, especialmente os de Manaus. Mas há fricções. A citação reiterada das Forças Armadas, nas ameaças de golpe que Bolsonaro faz e depois nega, para manter o país acuado, vêm irritando setores militares. Apoio para uma quartelada Bolsonaro não terá deles.

O que está em curso – ainda que possa não chegar ao desfecho desejado – é a formação de uma coalizão para a salvação nacional. E com Bolsonaro, não haverá salvação. Se chegar a tomar forma, ela contará com a oposição de esquerda, com boa parte da direita liberal, com toda a ciência e com os setores mais decisivos do capital (porque o agronegócio sofre mas segue calado). Deste ensaio fazem parte as conversas para uma aproximação PT-PSDB.

O Centrão? Quando vier a ordem para jogar Bolsonaro ao mar, não hesitará. Foi assim com Dilma.

Mas Bolsonaro segue impávido em suas convicções, fazendo cada vez mais por merecer o epíteto de genocida. Não vai renunciar a ser o que é. Não fará concessões, como se verá no teatrinho de amanhã, quando se reunirá com os chefes dos outros poderes para discutir um pacto contra a pandemia.

O único pacto que pode salvar o país é o pacto por sua remoção da Presidência. É para um pacto que desta ordem que apontam os movimentos em curso na superestrutura do país – dos governadores, do capital, do próprio Centrão. Enquanto isso, a economia sangra, os brasileiros morrem, alguns asfixiados, cadáveres se amontam, já acontecem enterros à noite, porque o dia é curto para tanta morte, mais pessoas vão morar na rua, mais pessoas passam fome.

O povo está cansado, sofrido e sangrando. Mais uma vez, a crise talvez exija um pacto pelo alto, reunindo inclusive os que nos levaram a ter Bolsonaro na Presidência.

*Tereza Cruvinel/247

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Centrão faz ameaças veladas de abertura de impeachment e de CPI contra Bolsonaro

Um mês depois, acaba a lua de mel do Centrão com Bolsonaro.

A escalada de mortes na pandemia minou a aliança do presidente Jair Bolsonaro com o Centrão. Há pouco mais de um mês da vitória dos candidatos governistas nas eleições internas do Congresso, a parceria se alterou de um estado de “lua de mel” para cobranças públicas e ameaças veladas de abertura de impeachment e CPI para investigar o Planalto.

Na semana passada, o presidente preteriu a indicação da médica Ludhmila Hajjar, de perfil técnico, para substituir o general Eduardo Pazuello, demitido da Saúde. Ela foi endossada pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL). Ludhmila se guiava por uma cartilha de combate à covid-19 que seguia as orientações de especialistas mundiais. O presidente escolheu o cardiologista Marcelo Queiroga, amigo de seu filho senador, Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). Queiroga prometeu seguir a cartilha do Planalto.

Lira ficou contrariado. Numa videoconferência, falou em evitar “agonia” dos brasileiros e um “vexame internacional”. Antes, ele se manifestava contra a abertura de um processo de impeachment de Bolsonaro. Chegou a dizer que “não era prioridade” e poderia “desestabilizar” o País. Na última semana, esquivou-se com outro argumento: não teve “tempo” de analisar os pedidos.

Queiroga assumiu o ministério sem poder contar com a “paciência” do Centrão, sem tempo para aprender e sem poder errar, avisou o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), um porta-voz do grupo no poder. Ele e Lira também declararam publicamente que Bolsonaro não poderá contar com eles para impor medidas mais extremas. “É zero a chance”, disseram os dois. Horas antes, Bolsonaro citou o termo “estado de sítio” numa conversa truncada com apoiadores na portaria do Palácio Alvorada em que criticava os governadores.

O deputado Fausto Pinato (Progressistas-SP) confirma que há uma mudança sutil no relacionamento do Centrão com o governo e que o “sinal laranja” de alerta já está ligado e “caminhando para o vermelho”. “Ninguém vai querer se expor em um governo que pode acabar mal por causa da pandemia. Acredito que os líderes estão se afastando de Bolsonaro até ver no que vai dar esse ministro da Saúde e qual plano será adotado”, afirmou Pinato. “Se não manter um cronograma de vacinação, e as mortes aumentarem, não terá como segurar (a CPI)”, avisou.

A deputada Celina Leão (Progressistas-DF), cada vez mais próxima da família Bolsonaro, diz que o papel da Câmara tem sido colaborativo, mas alerta: “O grande erro de Bolsonaro foi não entender, no momento certo, a importância da vacina. Ninguém quer fazer lockdown, desgasta o governador, a população não aguenta. A solução é vacina”.

No Senado, a pressão pela CPI da Saúde é ainda maior. O presidente Rodrigo Pacheco (DEM-MG) se diz contra, mas após a morte do senador Major Olímpio (PSL-SP), o terceiro por covid-19, já admite a interlocutores que não sabe até quando vai conseguir evitar a investigação. Teme que chegue um momento em que se verá entre garantir o apoio à sua gestão ou a de Bolsonaro. “A situação crítica do Brasil exige a coordenação do presidente da República, ações do Ministério da Saúde e toda colaboração dos demais Poderes, governadores, prefeitos e instituições”, escreveu Pacheco, no Twitter.

Dias antes da queda de Pazuello, o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, que relutava em reconhecer a iminente demissão do colega general, disse ao Estadão que houve uma mudança notável na relação entre os poderes e minimizou o desgaste que se avizinhava com o recrudescimento da pandemia. “Todos nós estamos muito preocupados pela pandemia, mas ela vai fazer a gente se unir mais ainda”, ressaltou. Sem experiência política, o ministro disse que sua impressão deve-se a experiência do Exército. “Essa pandemia, infelizmente, é um fator que ainda vai solidificar mais ainda nossa união.”
Abandono

Um dirigente do DEM, com trânsito no Palácio do Planalto, afirma que o Centrão se move pela expectativa de poder – por isso, não há dúvidas de que pode abandonar Bolsonaro. E cita como exemplo a debandada do grupo, em 2016, do governo Dilma Rousseff, o que deteriorou as condições políticas da presidente para enfrentar o impeachment, que terminaria aprovado. Um a um, partidos como Republicanos, Progressistas, PSD e PL foram deixando o governo para depois ingressar na cúpula do governo Michel Temer.

As fissuras entre o governo e o Centrão coincidem com sinais positivos de integrantes do bloco à reabilitação eleitoral do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para caciques que acompanham as apostas, as pesquisas de intenção de voto terão papel decisivo, a depender do humor popular com o antipetismo e o antibolsonarismo. A taxa de rejeição, atualmente mais alta para Bolsonaro, é fator mais considerado, pois indica o potencial de votos. Eles também lembram que, em algum momento, todos os políticos no controle dos partidos do Centrão foram aliados próximos de Lula.

No bloco, o PL, o Progressistas e o Republicanos são vistos por ministros do governo e dirigentes partidários como os mais fechados com Bolsonaro – principalmente os dois últimos. No governo, os ministros reconhecem de abandonar ou não Bolsonaro será movida por ideologia, sentimento de poder e circunstâncias regionais de interesse dos partidos.

O Solidariedade é uma das agremiações que balança entre Bolsonaro e Lula. A interlocutores, o presidente do partido, Paulinho da Força (SP), já admitiu inclinação por apoiar uma eventual candidatura de Lula em 2022. Chefe do PSD, o ex-ministro Gilberto Kassab, apoiador de Bolsonaro, também não descarta o petista. “Lula é forte. Mas nós buscamos ter candidato próprio, não temos pressa”, desconversa.

*Com informações do Estadão

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Política

General Villas Bôas, um Bolsonaro que sabe falar Português

O livro recém-lançado pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) a partir de depoimento concedido em 2019 pelo general reformado e ex-comandante do Exército Eduardo Villas Bôas deve ser recebido como um relato unilateral, sem espaço para o contraditório.

Como em outros livros produzidos pela FGV a partir de depoimentos de oficiais militares relevantes no país, a obra recorre à história oral, metodologia usada pelo seu CPDOC (Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil) desde os anos 70.

Entrevistas assim não costumam trazer contestações e perguntas mais duras. Estão mais para um bate-papo amistoso, como indica o próprio título de “Villas Bôas: conversa com o comandante” (Editora FGV, 2021, 244 págs).

É importante ressaltar que o depoimento, concedido ao longo de cinco dias entre agosto e setembro de 2019, num total de 13 horas, enfrentou séria limitação. O general é portador da ELA, doença degenerativa do sistema nervoso, e na época se expressava e respirava com dificuldade, embora a capacidade intelectual estivesse totalmente preservada, como frisa o entrevistador, o professor e pesquisador Celso de Castro, autor de diversos livros sobre a temática militar, que atua há mais de três décadas no CPDOC da FGV.

Não era o objetivo do livro. Mas a ausência de contrapontos à narrativa do general deixa no ar ideias que ele apenas apresenta mas não desenvolve nem esclarece.

Dito isso, é um livro que agrega ao menos duas informações. Primeiro, temos um alto militar às voltas com suas grandes contradições. Em segundo lugar, mesmo que não reconheça e mesmo negue, Villas Bôas acaba por revelar como a democracia vive no país em um arranjo extremamente frágil, enquadrada pelas posições de um grupo de oficiais militares que acredita numa agenda política ultrapassada, quando não bizarra, banhada em teorias conspiratórias e uma compreensão distorcida da realidade.

Conversas com candidatos sobre “projeto nacional”

As contradições são muitas. O general defende, por exemplo, que os quartéis fiquem longe da política, mas em seguida relata uma conversa que manteve com o então vice-presidente Michel Temer antes do impeachment de Dilma Rousseff – na qual Temer teria indagado como o Exército reagiria em caso de impeachment – e como, depois, uma indicação sua levou à nomeação do ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) no governo Temer. Incoerências como essas aparecem e morrem no livro sem maiores debates. Para percebê-las, o leitor precisa ir e voltar na obra a fim de colocar a fotografia dentro do filme inteiro.

Em outro trecho, o general reitera que sua “preocupação era grande, talvez excessiva, de que a política pudesse voltar a entrar nos quartéis”. Diz enxergar na caserna, aliviado, “uma postura apolítica e totalmente profissional”.

Logo em seguida, contudo, o general narra: “Com vistas nas eleições, convidei os candidatos para conversar. Essa rodada de entrevistas aconteceu antes que as candidaturas fossem oficializadas. Nelas eu expunha temas relativos à importância de reconstrução de um projeto nacional. Discorria sobre a Amazônia, os problemas e as soluções cabíveis e, por fim, tratava de defesa, das Forças Armadas e de questões importantes que lhes dizem respeito. Minha expectativa de que esses assuntos fossem discutidos por ocasião dos debates eleitorais acabaram frustradas [acabou frustrada]. Nos poucos que ocorreram, esses temas não foram provocados pelas emissoras.”

Em outro trecho, afirma que “Bolsonaro deu ênfase ao combate ao politicamente correto, do qual a população estava cansada. A Globo, o reino do politicamente correto, foi o mais importante cabo eleitoral do presidente eleito”.

Em uma frase é o comandante técnico avesso à política, na outra se reúne com vários políticos dentro da instituição e debate supostos projetos nacionais. Afirma uma “postura apolítica”, mas na sequência engole idiotices contra a mídia disseminadas por propagandistas incendiários de extrema-direita.

Villas Bôas não vê problema em um político populista que mente sobre um falso problema no seu país com o objetivo de ser eleito; errada está a Rede Globo. É uma abordagem primária sobre a sociedade brasileira, que elege um meio de comunicação como foco dos problemas nacionais, recurso frequentemente usado por bolsonaristas e pelo próprio Bolsonaro.

Tuíte que pressionou STF foi discutido previamente na alta cúpula do Exército

As perguntas são muitas: cabe ao comandante do Exército exercer o papel de articulador de programas de candidatos a cargos eletivos? Está autorizado, por algum trecho da Constituição, a ajudar na elaboração de planos de governo alheio ou cobrar que certo candidato debata determinado assunto em algum lugar? Quem lhe concedeu esse poder?

Chegamos ao episódio do seu tuíte de abril de 2018, pelo qual praticamente exigiu dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) que dessem uma decisão contrária a um habeas corpus em favor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O general revela, no livro, que o conteúdo do tuíte foi previamente discutido nos altos escalões do Exército. Um rascunho passou por várias mãos, dos integrantes do Alto Comando aos “comandantes militares de área”. O general repetiu o que já havia dito, com outras palavras em entrevista anterior, que “tínhamos a consciência de estarmos realmente tangenciando o limite da responsabilidade institucional do Exército”.

Para um brasileiro preocupado com o futuro da democracia, seria preferível que o tuíte tivesse partido da cabeça apenas do comandante, num gesto tresloucado. Nada disso. Agora sabemos que foi fruto de uma autêntica conspiração nos altos escalões dos quartéis, que calcularam todos os termos, efeitos e consequências da mensagem.

É estarrecedor que militares conscientemente afrontem, com propósitos políticos, ministros da mais alta corte do Judiciário. Podemos agora afirmar que há um amplo grupo na oficialidade mais alta que não fica constrangido com o risco de atuar no “limite da responsabilidade institucional”. Uma pergunta: quando voltarão a agir assim de novo?

General reclama de demarcação de terras indígenas em Roraima

Não há nenhuma garantia de que não volte a acontecer, e com desdobramentos ainda mais sérios.

É sob esse prisma que o livro de Villas Bôas pode ser visto como a confirmação de que a democracia no país corre, sim, risco real. É a conclusão inversa do que pretendia o general com seu depoimento aparentemente cândido. Porque às vezes um pedaço da verdade se esconde, mas pode ser achado, exatamente onde não é dito.

Temos que juntar a denúncia do “politicamente correto” da TV Globo, o apoio a Bolsonaro, o tuíte, as conversas políticas de Villas Bôas com as razões de fundo que ele também pontua ao longo do livro. Razões que apontam para dois temas caros aos militares: a teoria conspiratória da “internacionalização” da Amazônia e a ditadura militar.

Por duas vezes Villas Bôas reclama de demarcações de duas terras indígenas em Roraima, diz que supostamente os militares não foram “ouvidos” antes da decisão. Aqui ele fabula, a reclamação é enganosa e infelizmente não foi contraditada na conversa.

No primeiro caso, a Terra Indígena Yanomâmi teve sua portaria de reconhecimento do Ministério da Justiça assinada em 1991 por ninguém menos que o coronel da reserva do Exército Jarbas Passarinho, então ministro da Justiça, um expressivo representante das Forças Armadas, um dos conspiradores do golpe militar de 1964 e um dos políticos e militares mais ouvidos e considerados pelos quartéis ao longo de décadas. A homologação ocorreu pelas mãos do presidente Fernando Collor, em 1992, um expoente da direita brasileira e hoje aliado de Bolsonaro.

É verdade que parte dos oficiais não concordava que a demarcação incluísse faixas de fronteira (ou seja, eram contra um pedaço da demarcação, não toda ela), mas Villas Bôas convenientemente pulou o papel de Passarinho e Collor, que podem ser tudo, menos de esquerda. Para a teoria conspiratória de Villas Bôas que envolve ONGs e países estrangeiros, é importante deixar de lado a elite da direita brasileira.

Demarcação foi debatida durante 16 anos e aprovada pelo Supremo

A segunda demarcação, da Terra Indígena Raposa/Serra do Sol, ocorreu já sob o rito estabelecido pelo decreto 1775/1996, que envolve um amplo direito ao contraditório dentro de um processo administrativo que inclui diferentes instituições e esferas públicas. O parágrafo 8° prevê que “desde o início do procedimento demarcatório até noventa dias após a publicação” do relatório de identificação do território, os Estados e municípios em que se localize a área sob demarcação “e demais interessados” podem se manifestar. Ou seja, o Exército a qualquer momento poderia protocolar manifestações no processo administrativo se entendesse que havia algum problema na demarcação.

A realidade é que poucas demarcações de uma terra indígena foram tão debatidas e analisadas por tantas esferas na história do Brasil do que a da Raposa/Serra do Sol. Ela foi delimitada em 1993 e somente 12 anos depois, em 2005, foi homologada pela Presidência. Mesmo assim, o caso foi parar no STF, que chegou ao requinte de mandar à região um grupo de ministros antes de decidir, em plenário, sobre a ação. A decisão final ocorreu em 2009, 16 anos depois da identificação.

De um lado: onde estavam as Forças Armadas nesse tempo todo? Se queriam ser ouvidas sobre a demarcação, como diz Villas Bôas, o que fizeram a respeito? De outro lado: o general diz que a caserna é “totalmente profissional”, mas não aceita até hoje uma decisão do Supremo Tribunal Federal, pilar do estado democrático de direito? É de novo preocupante, pois demonstra a rejeição de um alto oficial, que mesmo na reserva tem muita influência sobre o seu público, ao controle da constitucionalidade pelo Judiciário.

O fato incontornável e que realmente importa – igualmente não abordado pelo general – é que essas duas terras indígenas jamais trouxeram qualquer problema de soberania nacional ao país. Militares contrários à Terra Indígena Yanomami – um deles, aliás, se chamava Jair Messias Bolsonaro, que chegou a ir à Justiça para barrar a demarcação – diziam que havia risco de uma espécie de insurreição dos Yanomami, momento em que indígenas, ONGs e interesses estrangeiros se juntariam para criar uma “Nação Yanomami”, declarando independência do Brasil.

Essa besteira foi totalmente desmentida pela passagem do tempo. Depois de quase 30 anos da demarcação, nada do que foi previsto aconteceu. Jamais se ouviu da boca do líder yanomami Davi Kopenawa qualquer insinuação nesse sentido. Hoje chamaríamos de fake news, na época era pura mentira mesmo.

General atribui ao governo Bolsonaro um fundo que existe desde 2008

As coisas se complicam mais quando Villas Bôas desenvolve, no livro, seu raciocínio sobre a Amazônia. Ele atribui ao governo Bolsonaro a criação do Fundo Amazônia, que na verdade existe há quase 13 anos. Primeiro ele critica a política ambiental adotada pelo país nas últimas décadas – a mesma que levou o Brasil a ser reconhecido em todos os fóruns internacionais. Depois diz que “vemos o governo Bolsonaro caminhar em sentido contrário, ao criar o Fundo Amazônia, entregando a responsabilidade para um profundo conhecedor daquela região, o general Mourão, vice-presidente”.

O Fundo Amazônia, ao contrário do que diz Villas Boas, foi criado em 2008, durante o governo Lula, e justamente em 2019 todas as novas contratações foram paralisadas em consequência de ações do governo Bolsonaro, que implodiu a governança do Fundo. Mais de R$ 2,9 bilhões deixaram de entrar na Amazônia na forma de projetos apoiados pelo Fundo durante o governo Bolsonaro. É um dinheiro já depositado e não utilizado.

Villas Bôas diz genericamente que “há muita desinformação, até de caráter intencional, principalmente sobre os temas meio ambiente e questão indígena”. Haveria um “filtro” que impediria que “a realidade” chegasse “aos centros econômicos culturais e políticos”. Critica a imprensa, de novo a Rede Globo, que teria “alguns setores dominados pelo politicamente correto”, o “jornalismo investigativo”, ao qual teriam faltado “vontade ou competência”. Ataca a memória de Chico Mendes (1944-1988), líder ambientalista covardemente assassinado numa emboscada, a quem ele qualifica como “um mito” que teria sido “construído”.

Aqui o general é basicamente um Bolsonaro que sabe falar português.

Infelizmente o general não explica sobre qual desinformação está falando. A Amazônia não está sendo desmatada, destruída por garimpos ilegais, não tem sua madeira roubada por quadrilhas? Acha que não há muitos incêndios? Os indígenas isolados não correm risco de morte? Tudo é invenção da mídia?

Sobre o desmatamento, não é. Porque Villas Bôas reconhece também que “há inúmeras razões pelas quais devemos impedir que o desmatamento avance”. Mas não é exatamente isso que a TV Globo, os ambientalistas, os indígenas, os especialistas, afinal de contas, cobram? É mais uma contradição acumulada por Villas Bôas nas páginas de suas memórias.

Villas Bôas revela por que militares não pediram desculpas por crimes na ditadura

O tema da ditadura é obviamente caro ao general. Ele deixa bem claro que a instalação da Comissão Nacional da Verdade, determinada pela então presidente Dilma Rousseff em 2012, foi um ingrediente na panela de ódio e pressão dos militares contra ela e seu governo. Nesse ponto ele faz uma das revelações mais interessantes do seu livro, ao apresentar um dos motivos pelos quais os militares não produziram, até hoje, um pedido de desculpas pelos crimes cometidos durante a ditadura militar.

Ele conta que, ao observarem os casos do Chile e da Argentina, os militares brasileiros perceberam que alguns pedidos de desculpa nesses países “foram considerados confissão de culpa, motivando a intensificação dos procedimentos de investigação”.

Em suma, a falta do pedido de desculpas dos militares brasileiros foi por medo mesmo. Medo de que os crimes viessem à tona e militares fossem enfim punidos.

Quando a então presidente Dilma Rousseff (2011-2016) o nomeou comandante do Exército, em janeiro de 2015, Villas Bôas foi saudado como um conciliador que poderia conduzir a Força de forma menos “solitária” – foi o termo usado na época – do que seu antecessor Enzo Peri.

Em sua primeira ordem do dia, em abril daquele ano, Villas Bôas disse que o Exército era uma instituição que continuava “democrática e apartidária”. Menos de dois anos depois, ele se converteu em um ativo ator político, que confabulou com políticos em momentos de crise e se posicionou publicamente sobre assuntos afetos a outros Poderes, como o Judiciário.

A principal marca deixada por Villas Bôas na sua gestão de quatro anos (2015-2019) no Comando do Exército é justamente a que ele procura negar no seu livro de memórias. Ele foi, sim, o responsável por reintroduzir a prática, frequente até a década de 80, de militares tomarem partido em disputas políticas, opinarem e intervirem nos rumos do país. Pelo menos desde o governo Sarney, encerrado em 1990, não se via uma atividade política tão intensa em um chefe militar. É de certa forma surpreendente que, em seu livro, ele não compreenda ou não enfrente esse dado da realidade.

*Rubens Valente/Uol

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Maia ameaça com impeachment de Bolsonaro

Ao ser informado pelo presidente do DEM, ACM Neto, de que a maioria dos deputados do partido apoiaria a candidatura de Lira para o comando da Câmara, Maia cogitou até mesmo deixar a sigla.

A decisão da Executiva do DEM de desembarcar do bloco de apoio à candidatura do deputado Baleia Rossi (MDB-SP) e a disposição do PSDB e do Solidariedade de seguir o mesmo caminho levaram o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a ameaçar aceitar um pedido de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro. A eleição que vai escolher a nova cúpula da Câmara e do Senado está marcada para esta segunda-feira, 1º.

Ao ser informado pelo presidente do DEM, ACM Neto, na noite deste domingo, 31, de que a maioria dos deputados do partido apoiaria a candidatura de Arthur Lira (Progressistas-AL) para o comando da Câmara, e não Baleia, Maia ficou irritado. O presidente da Câmara ameaçou até mesmo deixar o DEM. A reunião ocorreu na casa dele, onde também estavam líderes e dirigentes de partidos de oposição, como o PT, o PC do B e o PSB, além do próprio MDB.

Maia encerra o mandato à frente da Câmara nesta segunda-feira, 1º, e, segundo apurou o Estadão, afirmou que, se o DEM lhe impusesse uma derrota, poderia, sim, sair do partido e autorizar um dos 59 pedidos de afastamento de Bolsonaro. Integrantes da oposição que estavam na reunião apoiaram o presidente da Câmara e chegaram a dizer que ele deveria aceitar até mais de um pedido contra Bolsonaro.

ACM Neto passou na casa de Maia antes da reunião da Executiva do DEM justamente para informar que, dos 31 deputados da legenda, mais da metade apoiava Lira. Pelos cálculos da ala dissidente, 22 integrantes da bancada estão com Lira, que é líder do Centrão.

O PSDB e o Solidariedade têm reuniões marcadas para esta segunda-feira, 1º e, diante da fragilidade da candidatura de Baleia, também ameaçam rifá-lo. “Ou mostramos força e independência apoiando claramente o Baleia ou adeus às expectativas de sermos capazes de obter alianças e ganhar as próximas eleições. Se há algo que ainda marca o PSDB é a confiança que ele é capaz de manter e expressar. Quem segue a vida política estará olhando, que ninguém se iluda”, disse recentemente o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em um grupo de WhatsApp da bancada tucana.

O ex-senador José Aníbal foi na mesma linha. “O PSDB assumiu compromisso com Baleia. Espero que cumpra. De outro modo, é adesão ao genocida”, afirmou Aníbal neste domingo, 31.

Maia lançou a candidatura de Baleia à sua sucessão em dezembro, com o respaldo de uma frente ampla, que incluiu partidos de esquerda. Na ocasião, o líder do DEM, Efraim Filho (PB), assinou um documento no qual o partido avalizava o nome do MDB.

Diante do racha, ACM Neto atuou para amenizar a crise. Saiu da casa de Maia e foi direto para a sede do partido. Conduziu a reunião da Executiva pedindo para que o DEM ficasse oficialmente neutro. Além das ameaças de Maia, partidos de oposição afirmaram que, com o abandono de Baleia por parte do DEM, também a esquerda poderia desembarcar da candidatura de Rodrigo Pacheco (DEM-MG) ao comando do Senado. Até agora, Pacheco é o favorito para a cadeira de Davi Alcolumbre (DEM-AP).

Ao final da reunião, a cúpula do DEM decidiu não aderir mais ao bloco de Baleia nem ao de Lira, ao menos oficialmente, assumindo posição de “independência” e abrindo caminho para traições, uma vez que o voto é secreto. O candidato do Progressistas, no entanto, divulgou em sua agenda que nesta segunda, 1.º, às 9h30, receberá o apoio do DEM.

Nos bastidores, deputados comentavam neste domingo que o racha pode afastar o apresentador Luciano Huck do DEM. Huck planeja entrar na política para disputar a eleição para a Presidência, em 2022, e tem flertado tanto com o DEM como com o Cidadania ao defender uma frente de centro para derrotar Bolsonaro.

*Do Estadão

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Política

Vídeo – Haddad: ‘Quem sustenta Bolsonaro é o PSDB do Doria, o MDB do Temer e a mídia’

Petista criticou “jogo de cena” dos principais jornais do país, que defendem o impeachment de Bolsonaro em editoriais, mas não cobram esse posicionamento de líderes tucanos e emedebistas.

Para o ex-prefeito de São Paulo e ex-candidato à presidência Fernando Haddad, o impeachment de Jair Bolsonaro não pode ser uma questão de conveniência. A questão principal é saber quantas vidas e empregos perdidos podem ser evitados com o seu afastamento. Mas ele diz que há um “jogo de cena” entre a mídia e partidos, como o PSDB e o MDB. Ao mesmo tempo em que atacam a figura do presidente, apoiam a agenda econômica do ministro Paulo Guedes.

“Quem sustenta hoje o Bolsonaro é o PSDB, do Doria, e o MDB, do Temer”, afirmou Haddad, em entrevista ao Jornal Brasil Atual, nesta sexta-feira (29). São esses partidos que, segundo o petista, se adotassem posição firme contra o atual governo poderiam mudar o curso da história.

Entrevistado por Maria Tereza Cruz e Paulo Donizetti de Souza, editor-chefe da Rede Brasil Atual, Haddad criticou o papel da imprensa tradicional. “A grande imprensa pede timidamente o impeachment do Bolsonaro nos seus editoriais. Mas não cobram o PSDB e o MDB. Não cobram o Doria e o Temer. Ninguém está falando a verdade para as pessoas. Isso é um jogo de cena. Interessa a eles desgastar Bolsonaro como figura pública, enquanto mantêm o apoio à agenda econômica do Guedes.”

Ainda mais contundente, Haddad afirmou que a imprensa jogou o país “no colo de um psicopata” em função de uma agenda econômica. Agenda essa que promove a retirada de direitos sociais, trabalhistas e previdenciários, com vistas à margem de lucro dos empresários. Contudo, esse modelo ortodoxo foi abandonado em todo o mundo. O petista citou as diretrizes econômicas do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que anunciou pacote de estímulo de US$ 1,9 trilhão. “É um absurdo. Estamos na contramão de todas as recomendações, inclusive do FMI.”

Pior do mundo

Haddad destacou que o governo Bolsonaro é o pior do mundo no combate à pandemia, citando estudo do Lowy Institute, de Sydney, divulgado ontem, que comparou o desempenho de quase 98 países. “Ontem foram quase 1.400 pessoas que morreram. Eu perdi minha madrinha ontem, dentro dessa estatística. A pandemia está chegando na casa de todo mundo, está todo mundo vendo chegar.”

Ele destacou a falta de resposta do governo brasileiro à farmacêutica Pfizer, sobre a proposta de aquisição de 70 milhões de vacinas, ainda em meados do ano passado. Além disso, Bolsonaro e seus representantes entraram em rota de colisão com a China, que produz insumos para a maior parte das vacinas contra o novo coronavírus. “O Brasil hoje é considerado um pária mundial.”

Auxílio emergencial

Haddad também criticou o ministro Paulo Guedes, por ter sinalizado que voltaria com o auxílio emergencial, caso o Brasil voltasse a atingir a casa de 1.500 mortes por dia. Beirando esses números trágicos, o ex-prefeito disse que é provável agora que o ministro queira “dobrar a meta”. “Para leite condensado, tem dinheiro à vontade. Mas para o auxílio emergencial, não vai ter. Esses caras, é difícil de dizer isso, mas eles não têm ideia do que é o Brasil”.

Segundo o petista, a volta do auxílio emergencial é necessária para garantir a sobrevivência das pessoas e da economia, enquanto a vacinação em massa não tiver avançado. “Bastava ter passado um dia numa escola de economia para saber que você não consegue sair de uma pandemia, dessa maneira absolutamente irresponsável. As pessoas não têm horizonte. Estão desesperadas”, declarou.

Ele destacou, inclusive, que a extensão do auxílio emergencial é uma das propostas do Plano de Reconstrução e Transformação do Brasil, apresentado pelo PT em setembro. “É bom lembrar que o valor do auxílio emergencial se deve mais à oposição do que ao próprio governo, cuja oferta inicial era de R$ 200 por família. O que iria quebrar o país. Estamos atuando no Congresso para salvar o país, mesmo quando Bolsonaro fatura os louros da decisão”.
Eleições 2022

De acordo com o ex-candidato à presidência, mais importante do que a formação de uma chamada “frente ampla”, é preciso estabelecer um compromisso, entre todos os candidatos, pela derrota de Bolsonaro. Ele voltou a provocar o PSDB, que quer aparecer como oposição, mas poderia votar em Bolsonaro num eventual segundo turno. Também voltou a ressaltar que a mídia tradicional ainda tenta “sufocar o PT”, que é o “único grande partido de oposição”.

“Eu vou votar em quer derrotar o Bolsonaro. Quero saber dos outros, de quem já foi presidente, de quem quer ser candidato a presidente, se essas pessoas têm coragem de dizer hoje o que farão num segundo turno, se o Bolsonaro estiver representado. Sem isso, fica muito difícil”, declarou Haddad.

Assista:

*Com informações da Rede Brasil Atual

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Vitória de Lira será o impeachment informal de Bolsonaro

O Centrão é formado por um bando de urubus que sabe farejar carniça, e o governo Bolsonaro está em estado avançado de decomposição

A especialidade do centrão é comer carne podre e já mostrou que não vai querer migalhas em troca de apoio a Lira, candidato de Bolsonaro.

A princípio, quer dois ministérios, Saúde e Cidadania, mas para manter seu “apoio” a Bolsonaro, vai querer cada dia mais espaço no governo e já fala que quer a recriação do Ministério do Desenvolvimento e Indústria.

Bolsonaro, em estado de deterioração, já fala em conceder os três pedidos aos partidos que dão sustentação ao candidato apoiado pelo ele – Arthur Lira.

O Centrão, que tem compulsão por cargos e pastas, seguirá descontrolado querendo cada vez mais privilégios para manter sua “fidelidade” a Bolsonaro.

Com isso, em pouco tempo, Bolsonaro será apenas um casulo choco, desprovido de sentido; fútil e insignificante.

E o Brasil assistirá à cobiça dos parlamentares do Centrão ditarem as diretrizes do país, ou Bolsonaro e filhos caem em desgraça e vão direto para a cadeia.

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Le Monde destaca participação inédita de eleitores de Bolsonaro nas manifestações por impeachment

O jornal Le Monde destaca nesta segunda-feira (25) o aumento da rejeição de parte da direita ao presidente Jair Bolsonaro. A decepção de seus eleitores, manifestada em protestos nesse fim de semana em várias cidades brasileiras, estaria ligada principalmente à incapacidade do governo de administrar a crise sanitária.

Uma simples advertência ou o começo do fim? pergunta o jornal Le Monde sobre as manifestações, que aconteceram neste fim de semana contra o presidente Jair Bolsonaro. O jornal destaca como inédita a participação de uma parte da direita nos protestos, até agora convocados pela esquerda. Mas pondera afirmando que a presença da “caravana da direita”, organizada pelo Movimento Brasil livre e pelo Vem pra Rua, “dois grupos ultraliberais”, era modesta” e contava com apenas com alguns carros.

Para os manifestantes entrevistados por Le Monde, a carreata foi um primeiro ensaio. De acordo com Fabio Gideão, eleitor de Jair Bolsonaro, coordenador do MBL no Rio e organizador do evento, as manifestações contra o presidente vão aumentar e serão “mais massivas”. Ele diz ter se decepcionado, já que achava que seu candidato seria o melhor presidente da história do Brasil.

Para os críticos, o presidente não realizou as reformas liberais esperadas e mostrou uma gestão totalmente incompetente da crise da Covid-19.

Segundo uma pesquisa de opinião do instituto Datafolha deste mês, 40% dos brasileiros julgam negativamente a ação do presidente, oito pontos a mais que em dezembro. Bolsonaro passou a ser maioritariamente rejeitado pelas classes mais ricas e mais diplomadas, dois grupos marcados à direita que, no entanto, votaram por ele em 2018.

Eleitores traídos

Segundo o jornal, a rejeição parece diretamente ligada à incapacidade do presidente em organizar uma campanha de vacinação no Brasil. A tarefa acabou sendo realizada por seu principal rival, o governador de São Paulo, João Dória. Mas o pior talvez ainda esteja por vir, prevê Le Monde, com o fim da ajuda de emergência adotada no começo da epidemia que poderia diminuir a popularidade do presidente entre as classes populares.

A publicação cita um terceiro fator agravante: a posse de Joe Biden no governo dos Estados Unidos, em 20 de janeiro. Durante a campanha, o candidato democrata ameaçou o Brasil pelo aumento do desmatamento na Amazônia.

Mais de 60 pedidos de impeachment já foram depositados contra o presidente brasileiro por deputados no Congresso. Entre os autores, o deputado Kim Kataguiri, de São Paulo, que se diz “arrependido de ter votado em Bolsonaro. Eu me sinto traído”.

Fundador do MBL, ele foi um dos líderes da contestação contra a ex-presidente Dilma Rousseff em 2016. Ele afirma ao Le Monde acreditar que pode conseguir rapidamente uma destituição de Bolsonaro. “Uma forte mobilização popular poderia derrubá-lo”, diz.

Mas o presidente de extrema direita conserva uma base eleitoral fiel, particularmente entre a comunidade evangélica. Mas a gravidade da situação sanitária e econômica poderia rapidamente implodir este apoio, aponta a reportagem.

*rfi

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