Categorias
Uncategorized

Para vender seu livro, o fanfarrão Janot fabrica escândalo dizendo que ia matar Gilmar Mendes

Só faltou Janot vestir a roupa de palhaço Malaquia do Veio da Havan na promoção dos produtos de suas lojas.

A excentricidade jeca e cafona do Veio deu a ele lugar privilegiado na lista dos milionários brasileiros. Possivelmente, alguém fez a proposta a Janot de plagiar o louro José para vender seu livro e ele aceitou fazer o papel ridículo de dizer que ia matar Gilmar Mendes e, depois, suicidar.

Essas são as novas formas de escandalizar nesse país, algumas como a de Bolsonaro com o fake da facada, fugiu do lugar comum e moveu mundos e fundos, construindo uma farsa para arrancar lágrimas e votos da população.

Janot saiu da PGR e quer mostrar à indústria do livro que tem talento para vender ficção com um estilo de história mirabolante que encanta um público de classe média cada dia mais imbecilizado pela mídia.

Essa foi a intuição de Janot para sua obra de marketing, construir uma cena de terror cheia de suspense numa conversa mole infantiloide para pescar bobocas e, com isso, vender seu livro.

Nesse mundo capitalista, cada vez mais atrevido na arte de fabricar celebridades para vender bugigangas personalizadas do astro ou estrela, Janot foi para o tudo ou nada, numa espécie de gênero brasileiro da comédia bufa.

 

 

*Por Carlos Henrique Machado Freitas

Categorias
Uncategorized

Vazamento: “O barraco tem nome e sobrenome. Raquel Dodge”, assim classificada pela Lava Jato

“Caros. O barraco tem nome e sobrenome. Raquel dodge”. A frase, escrita pelo procurador Januário Paludo a seus colegas da Operação Lava Jato em um chat do Telegram em 11 de março deste ano, é emblemática da cáustica avaliação que a força-tarefa de Curitiba tem da procuradora-geral que os comanda. As conversas dos procuradores, enviadas ao The Intercept por uma fonte anônima e analisadas em conjunto com EL PAÍS, apontam que Dodge, o posto mais alto do Ministério Público, era vista como uma espécie de inimiga interna pela própria operação. E que os procuradores chegaram a discutir a possibilidade de repassar informações secretamente a jornalistas para pressioná-la a liberar ao STF delações, entre elas, a de Léo Pinheiro, da construtora OAS, uma testemunha-chave de casos que incriminam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A relação estreita que, de acordo com os procuradores, existe entre Gilmar Mendes e Raquel Dodge é o cimento que constrói o muro de desconfiança e desdém que separa Curitiba da procuradora-geral da República. É um sentimento que vem desde o começo da gestão dela, em setembro de 2017. Em 20 de junho daquele ano, dias antes de Dodge ser apontada para o cargo pelo então presidente Michel Temer, Dallagnol diz aos colegas: “Bastidores: – Raquel Dodge se aproximou de Gilmar Mendes e é a candidata dele a PGR”, escreve o procurador. Em outra conversa, já em 2018, o coordenador da Lava Jato afirma que Dodge só não confronta Mendes porque “sonha” com uma cadeira no Supremo assim que seu mandato na PGR terminar.

A suposta aproximação com o ministro do STF, no entanto, é só uma das queixas da Lava Jato de Curitiba com Dodge. Para os procuradores liderados por Dallagnol, a procuradora-geral é um obstáculo incontornável também por ser dona da caneta que tanto libera orçamento à força-tarefa como envia ao Supremo os acordos de delações premiadas que envolvem autoridades com foro privilegiado, como a de Léo Pinheiro. Curitiba depende de Dodge de uma forma ainda mais fundamental: já em contagem regressiva para deixar a PGR em 17 de setembro, é ela que determinará se a força-tarefa continuará existindo no ano que vem, uma vez que a atual autorização expira em 9 de setembro.

No mapa dos embates entre Brasília e Curitiba, o que mais aparece nas mensagens como um ponto nevrálgico dessa relação é a morosidade de Dodge para homologar os acordos de delação, o combustível que manteve a Lava Jato acesa durante seus cinco anos. Peças-chaves da investigação, como Léo Pinheiro, o empreiteiro da OAS que incriminou o ex-presidente Lula em sua primeira condenação, o caso do triplex, ainda não tiveram suas delações validadas pelo STF. Assinado em dezembro de 2018 com a PGR, o acordo de Léo Pinheiro não foi, até hoje, enviado por Dodge ao Supremo.

Procurada, a assessoria de imprensa da PGR afirmou que “não se manifesta acerca de material de origem ilícita” ou sobre acordos de delação, “que possuem caráter sigiloso”. A força-tarefa da Lava Jato também afirmou à reportagem que não faria comentários. Em outras ocasiões, disse que “não reconhece as mensagens que têm sido atribuídas a seus integrantes nas últimas semanas. O material é oriundo de crime cibernético e tem sido usado, editado ou fora de contexto, para embasar acusações e distorções que não correspondem à realidade”.

Nos bastidores, discute-se que o empreiteiro da OAS teria citado membros do STF em seu relato, e que a procuradora-geral planeja postergar a decisão para a próxima gestão. “Russia acabou de perguntar se evoluiu LP“, questionou o procurador Athayde Ribeiro Costa, no chat OAS-Curitiba–acordo, em 28 de junho de 2018. Ele se referia a um questionamento do juiz Sergio Moro, apelidado de Russo pela força-tarefa, sobre a delação de Léo Pinheiro. “Pessoal, advogados de outros potenciais colaboradores ligando querendo saber da evoluçao das negociaçoes. Brasilia precisa resolver nossas pendencias, senao esse povo todo vai fazer acordo com a PF”, respondeu a procuradora Jerusa Viecili, referindo-se ao fato de que as defesas poderiam buscar a Polícia Federal diretamente para fechar uma delação premiada. Neste e em outros diálogos, o EL PAÍS optou por manter todas as frases com a grafia original, sem nenhuma edição.

Procurador Athayde Ribeiro Costa inicia a conversa referindo-se a um questionamento do juiz Sergio Moro, apelidado de Russo pela força-tarefa, sobre a delação de Léo Pinheiro. Procuradores conversam sobre possibilidade de perder delações para a Polícia Federal por falta de resposta da PGR.

No chat, os procuradores reclamam que Dodge sairia de férias entre 3 e 17 de julho, sem resolver “pendências” relacionadas ao acordo. Pela agenda publicada no site do MPF, a procuradora, de fato, tirou férias no período: entre 4 e 18 de julho. No dia seguinte, o coordenador da força-tarefa, Deltan Dallagnol, propõe aos colegas, no mesmo chat, pressionar Dodge “usando” a imprensa “em off”, passando informação a jornalistas sem se identificar, uma estratégia várias vezes cogitada pelo procurador nas mensagens. “Podemos pressionar de modo mais agressivo pela imprensa”, propõe. Outra opção era encostar Dodge contra a parede e apresentar um prazo limite para o encaminhamento. “A mensagem que a demora passa é que não tá nem aí pra evolução as investigações de corrupção, se queixa. “Da saudades do Janot”, encerra.

Como estratégia à lentidão da PGR em responder aos acordos de delação, Dallagnol propõe aos colegas pressionar Dodge “usando” a imprensa “em off”

Os motivos da saudade do ex-procurador-geral ficam evidentes nas mensagens entre Dallagnol e Rodrigo Janot. O antecessor de Dodge mantinha uma relação bem diferente com o coordenador da força-tarefa, ao menos nas conversas mantidas pelo Telegram. Em 16 de julho de 2015, Dallagnol atribui a Janot o sucesso da Operação Politeia, que cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços do ex-presidente Fernando Collor (PTB-AL) e outros políticos com foro privilegiado. “Janot, o maior diferencial é que Vc, por características pessoais, permitiu que esse trabalho integrado acontecesse, a começar pela criação da FT e todo apoio que deu e dá ao nosso trabalho. Vc merece um monumento em nossa história. Grande abraço, Deltan”, escreveu. O coordenador da força-tarefa mostra nas mensagens uma relação mais próxima com o chefe, a quem parabeniza por artigos publicados na imprensa, convida para eventos, divide preocupações, responde prontamente e agradece: “Obrigado por confiar em nós”, escreveu Dallagnol em maio de 2016. Janot não se mostra tão entusiasta nas respostas. Frequentemente, respondia com joinhas (👍👍👍).

Dallagnol atribui a Janot o sucesso da Operação Politeia, que cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços do ex-presidente Fernando Collor (PTB-AL) e outros políticos com foro privilegiado

Em meio a tantos dissabores, que nos grupos de procuradores também aparecem como decepção pela forma como Dodge encampa ou não demandas sobre benefícios e salários na carreira, a categoria também olha para o futuro. “É chegada a hora de construir alternativas de médio/longo prazo, porque o curto prazo será mais do que já temos. E o café da RD já está sendo servido no palito de tão frio”, diz o procurador João Carlos de Carvalho Rocha, em dezembro de 2018, em referência a Dodge. A gestão da procuradora-geral se encerra no dia 17 de setembro e agora o destino das grandes decisões do Ministério Público está nas mãos de Jair Bolsonaro. Cabe ao presidente anunciar seu sucessor, o que ele promete fazê-lo nos próximos dias e avisa que, pela primeira vez em 16 anos, pode apontar alguém fora da lista tríplice dos mais votados entre os procuradores. Caberá ao escolhido conseguir o que, para Dodge, pareceu impossível: reconciliar a procuradoria-geral com a Lava Jato.

Procuradores debatem decisão de Dodge de ir contra a criação de uma fundação com recursos de multa bilionária paga pela Petrobras aos EUA, que seria gerida pela força-tarefa da Lava Jato.

 

*do El País

Categorias
Uncategorized

Novo Vazamento: “Lava Jato e eleições”, tema de Dallagnol e Fux em reuniões clandestinas com banqueiros

Por Reinaldo Azevedo

Aqui tudo parece/ que é ainda construção/ e já é ruína”. São versos da música “Fora da Ordem”, de Caetano Veloso, que está em “Circuladô”, de 1991. É o mesmo disco que traz “Cu do Mundo”, em que se canta: “A mais triste nação/ na época mais podre/ compõe-se de possíveis/ grupos de linchadores”. O poeta americano Ezra Pound afirmou que os “artistas são as antenas da raça”. Podem antecipar maravilha e horror. Quase 28 anos depois de “Circuladô”, os linchadores, também os do mundo virtual, perderam qualquer pudor, e a ruína tenta se passar por construção.

Leiam o diálogo que segue, travado entre Débora Santos, assessora da XP Investimentos, e Deltan Dallagnol, coordenador da Lava Jato A transcrição segue conforme o original. E vocês entrarão em contato com dois flagrantes da nossa ruína: Deltan e, antes dele, o ministro Luiz Fux, do Supremo, participaram de reuniões privadas com banqueiros e investidores para discorrer sobre o tema “Lava Jato e eleições”. Os encontros devem ser chamadas, sem exagero, de clandestinos.

17 de maio de 2018

16:57:38 Débora Olá Deltan, tudo bem? Aqui é Debora Santos. Já nos vimos algumas vezes no ANPR, sou esposa do Pelella. Peguei seu contato com ele para te fazer um convite

16:58:59 Débora Trabalho como consultora/ analista de política e Judiciário da XP Investimentos. Queria te convidar para um bate papo com investidores brasileiros e estrangeiros aqui em SP

17:00:45 Débora Vi que você tem um evento aqui em SP no final do mês e queria ver se conseguimos encaixar um encontro.

17:43:11 Deltan Oi Debora tudo bem? Que honra seu contato!!

17:43:24 Deltan Então, já tenho uma palestra agendada na XP pro fim do ano 17:43:35 Deltan Seria um público diferente?

17:43:53 Deltan Neste mês quase impossível pela agenda, julho mais fácil. 17:44:05 Deltan Vc falaria com Graziella que cuida das palestras?

17:55:02 Débora Claro, claro. Seria um público mais seleto. CEOs e tesoureiros dos grandes bancos brasileiros e internacionais

7:57:02 Débora Falo com a Graziella. Obrigada. Abs

17:59:19 Deltan Me passa uma lista de quem são?

17:59:22 Deltan Quando seria?

18:01:41 Débora Quando você puder. Antes do final do semestre.

18:04:57 Débora JP Morgan Morgan Stanley Barclays Nomura Goldman Sacha Merrill Lynch Cresit Suisse Deutsche Bank Citibank BNP Paribas Natixis Societe Generale Standard Chartered State Street Macquarie Capital UBS Toronto Dominion Bank Royal Bank of Scotland Itaú Bradesco Verde Santander

18:06:17 Débora Esses seriam os convidados. Nem todos comparecem.

18:06:36 Débora Você deve estar agendado para o Expert, uma conferência grande que realizamos em setembro.

18:07:42 Débora Esse bate-papo é privado, com compromisso de confidencialidade, onde o convidado fica à vontade para fazer análises e emitir pareceres sobre os temas em um ambiente mais controlado.

18:08:17 Débora Semana passada recebemos o presidente do TSE, ministro Fux, por exemplo e não saiu nenhuma nota na imprensa.

18:09:25 Débora Nem sobre a presença dele na XP.

18:09:43 Débora Assim, já aconteceu com vários personagens importantes do cenário nacional, como você.

18:22:33 Deltan Quais as datas possíveis de junho?

18:22:51 Deltan Tome em conta os jogos da copa

18:23:10 Débora Primeira semana

18:23:21 Débora Qualquer dia, seria ótimo.

19:31:19 Deltan Primeira semana não consigo.

19:31:19 Deltan A partir do dia 18 conseguiria

19:31:19 Deltan Agenda antes está impraticável.

21:08:39 Débora Podemos acertar então. Na semana do dia 18, só tem jogo do Brasil na sexta. Veja qual dia é melhor pra voc.

23:06:04 Deltan Mas me esclarece melhor: Vcs têm encontros regulares sem data definida? Ou querem fazer um encontro específico com alguma pauta? O ideal seria eu participar de um encontro que já exista.

18 de maio de 2018

10:33:53 Débora Fazemos econtros regulares com atores do mercado para fazer análises conjunturis sobre temas da atualidade. Estamos na fase de ciclo de encontros sobre Lava Jato e Eleições, por isso estivemos com o ministro Fux, na semana passada, e estamos negociando data com os ministros Barroso e Alexandre de Morais tb.

10:34:49 Débora Além de integrantes do Judiciário, estivemos nas últimas semanas com algumas lideranças políticas e cientistas políticos.

10:35:33 Débora A reunião com vc se coloca nesse contexto do ciclo de debates sobre eleições, lava jato e conjuntura política em 2018.

11:24:14 Débora A principal diferença entre a conferencia que vc fará em setembro e dessa reunião privada é o tipo de público. Na conferencia ampliada, é um público heteregeneo que compreende o cenário mais amplo, sem aprofundamentos, meio que o que já está nos jornais. O público dessas reuniões privadas é mais qualificado, se aprofunda em conceitos de debates.

22 de Maio de 2018

23:08:33 Deltan Débora, a ida dos Ministros é remunerada como palestra?

23:09:01 Deltan Os encontros são convocados então tendo em vista um convidado especifico, certo?

23:42:49 Débora Sim, fazem parte de um projeto que vem sendo desenvolvido ao longo do ano, mas são convocadas rodadas para cada convidado

23:44:40 Débora Temos como hábito respeitar a privacidade dos nossos convidados 23:55:23 Deltan Opa entendo perfeitamente.

23:55:44 Deltan Debora vou pedir para a Fernanda que me ajuda com essas palestras para falar com Vc.

23 de Maio de 2018

00:01:15 Débora Tudo bem.

COMPREENDENDO A CONVERSA

Como sabemos, a Lava Jato buscou e busca se estabelecer como o eixo formador de um outro país. Desse eixo irradiariam um novo Ministério Público, um novo Poder Judiciário, um novo Congresso e uma nova forma de fazer política. E, no entanto, a cada diálogo que se revela, o que se vê é a ruína moral a serviço da corrosão institucional. O diálogo que vocês acabam de ler diz muito mais do que parece.

Reportagem publicada em parceria pela Folha e pelo site The Intercept Brasil já evidenciou que Deltan Dallagnol, em conversa com Roberson Pozzobon, seu colega de força-tarefa, buscou criar uma empresa, em nome das respectivas mulheres, para profissionalizar a sua atividade de palestrante. Em uma mensagem enviada àquela que Sergio Moro diria ser sua “conge”, o procurador admite ter ganhado R$ 400 mil líquidos com a atividade paralela só no ano passado. O Brasil empobreceu bastante de 2014, ano em que teve início a Lava Jato, a esta data. Mas Deltan enriqueceu.

Falemos um pouco das personagens que aparecem no diálogo acima. Débora Santos é mulher do procurador Eduardo Pelella, que foi chefe de gabinete e braço direito de Rodrigo Janot quando procurador-geral da República. Era, de fato, dizem as boas línguas, quem tocava a PGR. Ela já foi personagem deste blog. E por uma razão singularíssima: trabalhava na área de “consultoria em comunicação social e gestão de crises” no gabinete de ninguém menos do que Edson Fachin, o ministro do Supremo que é o relator do petrolão.

Vocês entenderam direito: Pelella, o marido de Débora, traçava as estratégias do procurador-geral da República, também chefe do Ministério Público Federal, o órgão que acusa. E Débora, a mulher de Pelella, traçava as estratégias de comunicação de Fachin, o relator do petrolão, o homem que julga. A promiscuidade entre acusador e juiz parece que tenta se estabelecer como regra no país. O resultado é desastroso.

LAVA JATO E ELEIÇÕES

Débora quer que Deltan discorra sobre “Lava Jato e eleições” a quem regula suas apostas a depender de cenários que, ora vejam, dependem, por sua vez, em grande parte, das decisões do próprio procurador. Quanto custa a bola de cristal do vidente que tem como interferir no futuro? Reitere-se: Débora, a mulher de Pelella, o íntimo de Janot, que desenhou a Lava Jato, não está convidando o buliçoso procurador para falar a uma plateia ampla — a conferência —, que ela trata até com certo desdém. Afinal, um evento assim, aberto, seria formado por um “público heterogêneo”, que se contenta “meio com o que já está nos jornais.”.

Não! A Pelella do Pelella quer mais — e sabe que Deltan vai oferecer: “O convidado fica à vontade para fazer análises e emitir pareceres sobre os temas em um ambiente mais controlado”.

Ou por outra: aquele que representa o órgão que é o titular da ação penal e que detém praticamente o poder de vida e morte sobre carreiras políticas vai desenhar cenários, que ele próprio tem o poder de fabricar, a banqueiros, em “reuniões privadas”.

 

*Matéria completa no Blog do Reinaldo Azevedo

Categorias
Uncategorized

Empresa de eventos de Deltan poderia ser cliente da fundação de R$ 2,5 bilhões da Lava Jato

A reportagem de hoje da Folha, sobre a #Vazajato, começa a entrar no campo definitivo, os interesses financeiros dos procuradores envolvidos no caso, na figura de Deltan Dallagnol e suas palestras.

Nas conversas, Deltan combina com o colega Roberson Pozzobon a criação de uma empresa, a se tocada pelas duas esposas, para organizar palestras sobre corrupção. A data dos diálogos coincide com a da tentativa de criação da fundação que receberia R$ 2,5 bilhões do Departamento de Justiça, justamente para estimular a divulgação de trabalhos anticorrupção.

Como vimos apontando desde o início, esse é o tema que atinge diretamente os fanáticos por Deltan Dallagnol. Atropelar leis, combinar julgamentos, inventar provas são infrações aceitas, em um país com pouco cuidado com princípios legais, em nome do bem maior.

Agora se entra no campo dos ganhos financeiros com palestras e desmascara-se o álibi do bom mocismo, de que as palestras eram para que pudesse levar a mensagem de Deus aos ímpios.

Juntando as conversas divulgadas com as denuncias de 2017, sobre as palestras de Deltan, identifica-se claramente o processo de ceder gradativamente às tentações quando se dispõe de um poder sem limites. E o poder da Lava Jato era garantido pela blindagem total de quem se apresentava como arauto da moralidade.

Primeiro, se aceitam os pagamentos com algum constrangimento, doando parte do que recebe. Depois, a cupidez se impõe e passa-se a ser cada vez mais exigente. Suerge o deslumbramento com as possibilidades de ganhos – e isso fica amplamente demonstrado nos diálogos.

Em 2017, quando vazaram as primeiras informações sobre os ganhos de Deltan, conversei com o responsável por sua contratação para um evento, e ele se dizia espantado com a cupidez demonstrada.

A defesa de Deltan foi informar que, no ano anterior, doara parte dos cachês a um hospital de tratamento de câncer infantil. Provavelmente era verdade.

Mas em 2017 já estava a pleno vapor faturando as palestras para si próprio e inventando argumentos falsos para se eximir de explicações – como se verá a seguir. Mais que isso, parte do interesse pelas palestras decorria do terror que a Lava Jato passou a infundir em todas nas empresas.Em 2018 já de vangloriava de faturar R$ 400 mil com palestras. Em 2019, planejava montar uma empresa só de palestras. Aliás, mesmo caminho percorrido por Rosângela Moro.

À medida em que se foi entrando nesse terreno, quais os limites obedecidos, ainda mais em um universo em que advogados desconhecidos que passaram a ganhar cachês milionários com esquemas de delações? Esse é o teste final. Até onde foram nessa cupidez? Atravessaram o Rubicão e entraram na seara das delações premiadas? Ou se limitaram a atropelar apenas princípios éticos?

O fundo do poço do MPF

O episódio expõe, de maneira clara, a maneira como a Lava Jato esgarçou os limites éticos do próprio Ministério Público Federal, desarmando os sistemas de controle.

Há uma regra ética tácita, de que procurador não pode faturar com temas em que esteja trabalhando. Palestras, debates sobre o tema que se está trabalhando fazem parte do trabalho.

Tinha-se, na Lava Jato, um grupo de jovens procuradores, provincianos, deslumbrados, inexperientes com o sucesso, e facilmente influenciáveis pela dinheirama que escorria entre seus dedos. Caberia à corregedoria orientá-los e definir limites. Como diz o nome, a corregedoria co-rege. Em vez disso, considerou perfeitamente normal receber cachês milionários. E como dizer o contrário se, pelos diálogos divulgados, sabia-se até o cachê de R$ 30 mil do próprio Procurador Geral Rodrigo Janot?

Além dos aspectos éticos, esse deslumbramento criou vulnerabilidades que podem ter comprometido as investigações.

Uma empresa com culpa no cartório – e ainda não descoberta pela Lava Jato – poderia contratar uma palestra, ou de um procurador ou do próprio PGR, e pagar regiamente. Quando seu nome aparecesse, estaria instantaneamente blindada. Afinal, que procurador – ou PGR – indiciaria uma empresa, sabendo-se que, mais tarde, poderiam ser levantados os pagamentos pelas palestras contratadas?

Além disso, a exploração econômica das operações – Deltan aparece orientando uma colega sobre como faturar em palestras sobre o tema que investigava – criou um padrão que se espalhou, pelo mau exemplo, por toda a corporação. Além da quebra da economia brasileira, dos pre-juízos infligidos à Petrobras com ações deletérias de acionistas, alimentados por provas da Lava Jato, o pior legado de Janot foi a dissolução dos valores que regiam tacitamente a instituição. Para procuradores influenciáveis, e mais flexíveis, retorno financeiro pessoal das operações passou a ser um critério de seleção de temas.

Este é o segundo maior desafio de sua sucessora, Raquel Dodge, que seguramente não é feita da mesma massa de Janot.

 

Por Luis Nassif/GGN