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Recusa de Trump em aceitar derrota, analistas veem como golpe de Estado em formação

Insistência do presidente dos EUA em repetir alegações de fraude sem comprovação nas eleições americanas provoca crise institucional em Washington; mesmo que golpe não se consuma, especialistas veem risco de presidente minar confiança nas instituições.

WASHINGTON — A insistência do presidente dos Estados Unidos em repetir alegações de fraude sem comprovação nas eleições americanas elevou a tensão política em Washington. Em ciclos eleitorais passados, a equipe de transição já começava a se reunir com o governo anterior e a compartilhar informações preparando o caminho para a nova gestão. Com a recusa de Donald Trump em aceitar a derrota para Joe Biden, a preocupação institucional cresce, e a palavra “golpe” passa a integrar o léxico de analistas que tentam entender o momento atual.

— Ainda não estamos em uma situação similar à de Venezuela ou Bolívia, mas as pessoas não estão levando os comentários de Trump a sério porque isso nunca aconteceu aqui antes. Do meu ponto de vista, é um golpe em formação — diz o professor de História da Universidade de Georgetown Erick Langer. — Quando você demite seu ministro da Defesa, tentando conseguir lealdade no Exército para seguir suas ordens, isso soaria alarmes na América Latina e em qualquer outro país se acontecesse, e deveria provocar a mesma reação aqui também.

Na segunda-feira, primeiro dia útil de Joe Biden como presidente eleito, dia que escolheu para anunciar a equipe responsável por lidar com a pandemia do coronavírus a partir de 20 de janeiro, Trump tentou roubar os holofotes anunciando a demissão de seu secretário de Defesa, Mark Esper, pelo Twitter. Ontem, foi a vez do secretário de Estado, Mike Pompeo, chamar a atenção para si. Disse que haverá uma “transição suave” para um segundo mandato de Trump no país.

O professor da Universidade de Georgetown acredita que a expectativa é que as instituições sejam fortes o suficiente para impedir que um golpe aconteça, mas afirma que não é possível saber o desfecho.

— A pergunta aqui, como na América Latina no passado, é: os militares vão aceitar ir adiante com isso?

Papel dos militares

A relutância do presidente e do Partido Republicano — apenas cinco senadores republicanos reconheceram o resultado até o momento— em aceitar o resultado das eleições trará perda de credibilidade moral para falar sobre democracia em outros países, acredita Langer. O professor também compara a atual situação do país com golpes militares do passado na América Latina.

— Só o fato de que, nos EUA, a mesma pergunta que se coloca é uma que se colocou no passado no Brasil, na Argentina, no Chile, na Bolívia, no Peru e em todos esses países, na África, e os militares serem o fator determinante para se teremos democracia ou não, isso é muito perigoso, porque eles não deveriam nem ser colocados nessa posição.

O professor da Universidade Harvard Steven Levitsky acredita que as Forças Armadas nos EUA não se prestariam a uma “aventura” como esta, mas diz que é impossível ter certeza, pois o país nunca esteve em situação similar.

 

*Com informações de O Globo

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Kamala Harris: As mulheres negras são a espinha dorsal da nossa democracia

Vice-presidente eleita fez seu primeiro discurso após a vitória com destaque para a importância das mulheres negras na sociedade e especialmente sobre o voto. “Eu sou a primeira mulher, mas não serei a última”.

“Toda pequena criança assistindo, vê que esse é um país de oportunidades. Deixamos uma mensagem clara: sonhe e se veja como nunca te viram antes”, começou Kamala. “Para os americanos, não importa em quem você votou. Eu serei uma vice leal, preparada e pensando em você todo dia. É agora que o trabalho começa”.

Ao lado de Kamala, Joe Biden garantiu um eleitorado mais diverso. Durante a campanha, ela mobilizou mulheres e minorias para que votassem nas eleições americanas.

A vice-presidente também afirmou que a democracia do país estava na balança: “Vocês garantiram um novo dia para os Estados Unidos”. A declaração foi dita hoje durante evento que reuniu eleitores para comemorar o resultado.

“Antes de morrer, John Louis escreveu que a democracia é um ato”, começou Kamala. “Proteger nossa democracia é difícil, mas há alegria no progresso. Nós temos o poder de lutar por um futuro melhor e nossa democracia estava na balança. Vocês garantiram um novo dia para os EUA”.

Joe Biden foi eleito o 46º presidente dos Estados Unidos na tarde deste sábado (7). Após vitória na Pensilvânia, o democrata reuniu 273 delegados – três a mais do que o necessário para ganhar o pleito – e derrotou o republicano Donald Trump, que tentava a reeleição.

Durante o evento, Kamala agradeceu ao time que participou da campanha democrata e também aos eleitores. “Obrigada por baterem recorde de votos para que suas vozes fossem ouvidas”, disse a vice-presidente.

Ela também criticou a gestão de Donald Trump.

“Eu sei que tem sido uma batalha. Por 4 anos, você lutou por igualdade e justiça, por nossas vidas e pelo planeta. E então você votou!”, começou ela. “[Os votos] entregaram uma mensagem clara: vocês escolheram esperança, unidade, ciência e, sim, a verdade. Você escolheu Joe Biden como o próximo presidente”.

A vice-presidente também elogiou o novo presidente: “Ele é um unificador. A experiência de perda o deu uma noção de propósito. É um homem de grande coração e Jill será uma primeira-dama incrível”. Kamala ainda destacou a atitude de Biden ao escolhê-la como vice: “ele quebrou uma barreira”.

Ela também agradeceu o apoio da família:

“Para o meu marido Doug e aos nossos filhos: amo vocês mais do que posso dizer. À mulher mais responsável por eu estar aqui, minha mãe, que sempre estará nos meus corações. Quando ela veio da Índia, ela não imaginava esse momento, mas ela acreditava que um momento desses seria possível”, afirmou Kamala. “Eu penso nela e nas gerações de mulheres negras, asiáticas, brancas, latinas, que fizeram história nos Estados Unidos. Mulheres que lutaram tanto por igualdade e liberdade para todos”.

 

*Com informações do Uol

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Política

Com derrota de Trump, hashtag #BolsonaroEoProximo bomba nas redes sociais

Brasileiros comemoram mais a derrota de Trump que a vitória do candidato do Partido Democrata, e ironizam situação de Jair Bolsonaro, que perde seu principal aliado internacional.

A vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, confirmada neste sábado (7), desencadeou uma série de reações nas redes sociais, que variam entre a tristeza, frustração ou raiva de trumpistas e bolsonaristas, e a alegria e celebração de quem torcia pela queda da extrema-direita nos Estados Unidos, supondo que possa ser um primeiro passo pro mesmo acontecer no Brasil daqui a dois anos.

Tanto é assim que uma das hashtags mais difundidas minutos depois de anunciado o resultado na Pensilvânia é #BolsonaroEoProximo, usada por pessoas que ironizam a situação do presidente brasileiro Jair Bolsonaro que, com a derrota de Trump, perderá seu principal aliado internacional.

Também vale destacar que a maioria das publicações com esta hashtag são para satirizar Bolsonaro e Trump, e comemoram mais a derrota do candidato do Partido Republicano do que a vitória em si do candidato do Partido Democrata.

Veja algumas das publicações da hashtag #BolsonaroEoProximo:

https://twitter.com/Uefyerryeni/status/1325126481740255232?s=20

https://twitter.com/RosaRosayme/status/1325126354979811330?s=20

 

*Com informações da Forum

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Perdeu Trump!: Joe Biden acaba de ser eleito presidente dos Estados Unidos

A informação foi dada por todos os veículos de comunicação dos Estados Unidos.

Joe Biden será o 46 presidente dos EUA, projetou a imprensa americana na manhã deste sábado após o ex-vice-presidente ser declarado vencedor na Pensilvânia, seu estado natal. Com os 20 votos do estado no Colégio Eleitoral, Biden chegou a 273 delegados, três a mais que o necessário para ser o próximo comandante da Casa Branca.

Sua vice, Kamala Harris, também faz história ao ser a primeira mulher, a primeira pessoa negra e de ascendência indiana a assumir a Vice-Presidência dos EUA. O resultado, até o momento, foi confirmado pela ABC News, pela Associated Press, pela CNN e pela NBC News.

A apuração ainda está pendente no Arizona, em Nevada, na Geórgia na Carolina do Norte. À exceção deste último estado, Biden também é favorito para ganhar em todos os demais.

Leia mais: Campanha de desinformação sobre a eleição americana está em curso, e vem de dentro da Casa Branca

A campanha republicana entrou com ações judiciais na quinta para suspender a contagem em Michigan, Geórgia, Nevada e Pensilvânia, além de recontagem em Wisconsin, mas dois de seus pedidos já foram rejeitados pela Justiça. À noite, se somou mais um processo, na Filadélfia, também derrotado. Em paralelo, a Suprema Corte determinou que os votos na Pensilvânia recebidos após 3 de novembro sejam contados separadamente. Segundo a CNN, isto não deve ser determinante no resultado.

Diante da derrota iminente, Trump reiterou que contestará judicialmente os resultados nos estados em que a vitória de Biden ocorre por pequena margem — apesar de ele próprio ter vencido nos estados de Michigan, Wisconsin e Pensilvânia em 2016 por uma margem total de apenas 80 mil votos.

Todos os resultados são, por enquanto, baseados em projeções dos principais meios de comunicação americanos — como nos EUA cada estado tem as próprias regras eleitorais, não há um órgão nacional que centralize a apuração dos votos e a a proclamação dos resultados.

 

*Com informações de O Globo

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Candidatura de Trump anuncia pedido de recontagem de votos no Wisconsin

A campanha do presidente Donald Trump, que busca a reeleição nos Estados Unidos, anunciou na tarde de hoje que pedirá recontagem de votos do Wisconsin, estado em que Joe Biden lidera a apuração com ligeira vantagem de votos. Até as 15h de hoje, 95% dos votos do estado haviam sido apurados, e o democrata tinha 49,57% contra 48,95% do candidato à reeleição.

“Há relatos de irregularidades em vários locais do Wisconsin, que alimentam dúvidas sobre a veracidade dos resultados”, diz comunicado divulgado pela campanha republicana. “O presidente está dentro do limite para solicitar uma recontagem, e assim o fará imediatamente.”

Como a diferença entre Biden e Trump é menor que 1 ponto percentual, o presidente pode pedir uma recontagem de votos.

O Wisconsin é considerado um dos locais fundamentais na corrida presidencial. A possível vitória no estado daria a Joe Biden mais 10 pontos na apuração, que não soma votos brutos, mas sim delegados eleitorais de cada região. Até as 15h de hoje, a contagem indicava 238 a 213 para Biden. Vence a eleição aquele que chegar ao mínimo de 270 delegados.

Além do Wisconsin, nas últimas horas, a candidatura democrata também conseguiu uma virada em Michigan, outro estado central na disputa. Os dois integram a lista dos últimos sete estados que ainda não acabaram a apuração, junto com Nevada – outro local em que Biden lidera – e Alasca, Pensilvânia, Georgia e Carolina do Norte – esses quatro com vantagem provisória de Trump.

 

*Com informações do Uol

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A dois dias das eleições, Trump não dá sinais de recuperação nas pesquisas

Com mais de 93 milhões de votos antecipados e um número pequeno de eleitores que ainda se declaram indecisos, não há grandes mudanças nas pesquisas a dois dias das eleições. A vantagem de Joe Biden no voto popular em nível nacional é cada vez mais consolidada, deixando pouca margem de manobra para uma virada do presidente Donald Trump.

De acordo com a média nacional das sondagens, elaborada pelo site FiveThirtyEight, o ex-vice-presidente segue com uma margem de 8,6 pontos percentuais em relação ao republicano. Biden tem 52% dos votos e Trump, 43,4%. Os números mantiveram-se estáveis nas últimas 24 horas.

Como nos EUA a eleição é indireta e cada estado tem um peso diferente no Colégio Eleitoral, vencer no voto popular não garante necessariamente uma vitória democrata. Em 2016, Hillary Clinton teve 3 milhões de votos a mais pelo país, mas saiu derrotada após perder em estados-chave. Para que haja uma reviravolta, no entanto, as sondagens precisariam estar mais equivocadas que há quatro anos.

De sábado para domingo, foram divulgadas ao menos sete pesquisas nacionais de níveis diferentes de qualidade. A considerada mais crível delas, elaborada pela NBC News e pelo Wall Street Journal, põe Biden com 52% dos votos e Trump, com 42%.

Nos estados-pêndulo, que decidem a eleição, vê-se uma esperada melhora de Trump, mas longe do necessário para uma mudança concreta de panorama. Em muitos destes lugares, não haverá mais grandes pesquisas antes da eleição. Na Flórida, vista como uma espécie de “grande prêmio” para os dois candidatos, Biden segue à frente com vantagem de 1,9 ponto percentual, dentro da margem de erro.

Antes considerado território seguro para Trump, a diferença em Ohio apertou muito na última semana: hoje, o republicano está na frente por apenas 0,3 ponto percentual, um empate técnico. A campanha de Biden parece acreditar em chance de virada, já que o ex-vice-presidente visitará Cleveland na segunda-feira.

Em Iowa, onde Biden chegou a estar na frente no sábado por uma margem ínfima de 0,1%, Trump voltou à liderança na média deste domingo, abrindo 1,7 ponto percentual sobre o democrata. Isto, no entanto, não deve ser prenúncio de maiores mudanças no cenário nacional.

De resto, é necessário prestar atenção na Pensilvânia, considerada pela maioria dos analistas políticos como o fiel da balança deste ciclo. Biden mantém vantagem de 4,9 pontos percentuais segundo o Fivethirtyeight, pouco acima da margem de erro.

O estado é tão importante que, neste domingo, o ex-vice-presidente viajou mais uma vez para lá. Sua vice, Kamala Harris, participa de eventos na Geórgia e na Carolina do Norte, onde a disputa também é acirrada.

Trump, por sua vez, faz uma peregrinação por cinco estados-pêndulo importantes: Michigan, Iowa, Carolina do Norte, Geórgia e na Flórida. Assim como Harris, o vice-presidente Mike Pence também está na Carolina do Norte.

 

*Com informações de O Globo

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Janio de Freitas: Firmeza de Mourão não é a de opinião pessoal

Entrada repentina do vice nos temas da vacina e do 5G indica a voz que fala mais grosso.

O firme pronunciamento do vice Hamilton Mourão, contraposto a afirmações incisivas de Bolsonaro, suscita duas interpretações, mas é provável que as duas sejam uma só, com duas roupagens. E, como preliminar, note-se que o dito pelo vice tem mais do que o sentido de confronto, estendendo-se a importante inversão nas relações externas.

Bolsonaro vetou a compra, em qualquer tempo, de vacina chinesa contra a Covid-19: “Não vai haver compra, ponto final”. Antes, usou do mesmo tom definitivo a propósito do sistema 5G, que revolucionará as possibilidades de comunicações. Atrasados na criação do seu sistema, os Estados Unidos de Trump não admitem que o Brasil adote o sistema chinês, o qual, além da vantagem em tempo, evitaria custosas mudanças nos equipamentos de telecomunicações usados aqui, com muitos componentes chineses.

No seu estilo sucinto e de uso das entrelinhas, Mourão antecipa-se a novidades prenunciadas na campanha eleitoral americana. Joe Biden já indicou mais de uma vez que, se eleito, esvaziará a tutela imposta pelos Estados Unidos na América Latina. Com isso, aos países e só a eles caberia a escolha de suas relações comerciais e políticas. Não é o desejado por Bolsonaro, servil a Trump: “Quem vai escolher sou eu. Sem palpite por aí”.

O general-vice, porém, é claro: desde que asseguradas “soberania, privacidade e economia”, qualquer produtor de sistema 5G estará apto a disputar a adoção brasileira. O que, é claro, incluirá o sistema chinês indesejado por Bolsonaro.

A firmeza de Mourão não é a de opinião pessoal. Também não é a do vice de um governo que tem posição pública oposta.

Na competição política com João Doria em torno da vacina Sinovac, chinesa, a irracionalidade natural de Bolsonaro está perdendo. Mourão tanto parece dar-lhe um socorro, como parece aplicar-lhe um safanão excludente: “É lógico que o Brasil vai comprar o imunizante. O governo não vai fugir disso aí”, dos 46 milhões de doses previstos de início.

O passado guarda vários casos de divergência embaraçosa entre Bolsonaro e Mourão. As diferenças na comparação com as atuais começam no ambiente. O que lá atrás eram previsões, hoje é o notório desgaste do Exército, com os papéis deploráveis de vários do seus generais instalados no governo.

São exibições ora de arrogância e desatino, ora de ignorância e servilismo, diversas vezes de pusilanimidade sob ofensa e desmoralização. Isso tudo como personagens de um governo imbecilizado, destruidor, ridículo no fanatismo, negocista com o patrimônio nacional, sem projeto e sem rumo, antissocial e mortífero.

A interpretação de que Hamilton Mourão veio fortalecer as críticas dos generais Santos Cruz, mais diretas, e Rêgo Barros é cabível. Até óbvia. Mas a entrada repentina de Mourão em dois temas de grande relevância atual, em ambos levando Bolsonaro à beira do abismo, não é voz de decepções, arrependimento ou ressentimento. É voz mais grossa.

De modo diferente do planejado sob indução e orientação do general Eduardo Villas Bôas —quando, apesar de quase invalidado por doença neuromuscular, comandava o Exército porque visto como democrata—, estamos vendo os passos iniciais de um governo mais sob decisões e comando de militares do Exército do que de Bolsonaro e seu grupo.

O títere do plano, o presidente-laranja, fracassa. Se deterá os passos adversários, logo se verá. Enquanto isso, é justo reconhecer que o tropeção dessa aventura antidemocrática se deve tanto a Bolsonaro quanto aos generais ineptos que o circundam.

Dois coadjuvantes

A reunião de Bolsonaro com advogados de seu filho Flávio, no crime das “rachadinhas”, contou com duas presenças inadmissíveis: Augusto Heleno Pereira e Alexandre Ramagem. O general do Gabinete de Segurança Institucional e o delegado da Polícia Federal que dirige a Abin (Agência Brasileira de Inteligência). Dois cargos que proporcionam meios múltiplos de interferências em investigações policiais, em conduta de envolvidos e em ação do Ministério Público.

O procurador Lucas Furtado, frequente condutor de questões importantes no Tribunal de Contas da União, pediu que o tribunal investigue o uso de meios governamentais para favorecer o complicado Flávio Bolsonaro. Mas são necessárias providências também em outros âmbitos.

Bolsonaro não chamou assistentes jurídicos. Logo, Augusto Heleno e Ramagem estiveram na reunião em razão dos seus cargos, usando-os em ato contra a comprovação de crimes graves como o de corrupção para apropriação de dinheiro público.

 

*Janio de Freitas/Folha

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Política

Íntegra do primeiro artigo de Glenn Greenwald censurado pelo Intercept

No texto censurado, o fundador do Intercept, Glenn Greenwald detalha como a família Biden fez negócios na Ucrânia após a “revolução colorida” que aconteceu no país e como a mídia hegemônica nos Estados Unidos esconde essas acusações e ainda faz acusações falsas contra a Rússia.

Por Glenn Greenwald, na plataforma Substack – Estou postando aqui o rascunho mais recente do meu artigo sobre Joe e Hunter Biden – o último visto pelos editores do Intercept antes de me dizer que eles se recusam a publicá-lo, sem grandes mudanças estruturais envolvendo a remoção de todas as seções críticas a Joe Biden, deixando apenas um artigo estreito criticando os meios de comunicação. Também irei, em uma postagem separada, publicar todas as comunicações que tive com os editores da Intercept em torno deste artigo para que vocês possam ver a censura em ação e, dadas as negativas da Intercept, decidam por si mesmos (este é o tipo de transparência que jornalistas responsáveis ​​fornecem, e que a Intercept se recusa até hoje a fornecer sobre sua conduta na história do Vencedor da Realidade). Este rascunho obviamente teria passado por mais uma rodada de revisão e edição por mim – para encurtá-lo, corrigir erros de digitação, etc. – mas é importante para a integridade das reivindicações publicar o rascunho na forma inalterada que os editores do Intercept viram pela última vez, e anunciaram que não iriam “editar”, mas sim como condição para publicação:

A publicação pelo New York Post de duas semanas atrás de e-mails do laptop de Hunter Biden, relacionados ao trabalho do vice-presidente Joe Biden na Ucrânia, e artigos subsequentes de outros meios de comunicação sobre a busca da família Biden por oportunidades de negócios na China, provocou esforços extraordinários por uma união de meios de comunicação, gigantes do Vale do Silício e a comunidade de inteligência para suprimir essas histórias.

Um dos resultados é que a campanha de Biden concluiu, racionalmente, que não há necessidade de o candidato presidencial mais concorrido abordar até mesmo as questões mais básicas e relevantes levantadas por esses materiais. Em vez de condenar Biden por ignorar essas questões – o instinto natural de uma imprensa saudável quando se trata de uma eleição presidencial – os jornalistas abriram caminho inventando desculpas para justificar seu silêncio.

Favores na Ucrânia

Depois do primeiro artigo do Post, tanto aquele jornal quanto outros meios de comunicação publicaram vários outros e-mails e textos supostamente escritos de e para Hunter refletindo seus esforços para induzir seu pai a tomar medidas como vice-presidente benéficas para a empresa de energia ucraniana Burisma, em cujo conselho dos diretores, Hunter recebia um pagamento mensal de US$ 50.000, bem como propostas para negócios lucrativos na China que negociavam com sua influência com seu pai.

Indivíduos incluídos em algumas das cadeias de e-mail confirmaram a autenticidade do conteúdo. Um dos ex-parceiros de negócios de Hunter, Tony Bubolinski, apresentou-se oficialmente para confirmar a autenticidade de muitos dos e-mails e insistir que Hunter, juntamente com Jim, irmão de Joe Biden, planejavam incluir o ex-vice-presidente em pelo menos um negócio em China. E o pesquisador do Partido Republicano, Frank Luntz, que apareceu em uma das cadeias de e-mail publicadas, pareceu confirmar a autenticidade também, embora se recusasse a responder a perguntas de acompanhamento sobre isso.

Até o momento, nenhuma prova foi oferecida por Bubolinski de que Biden efetive sua participação em qualquer um dos negócios discutidos. O Wall Street Journal diz que não encontrou nenhum registro corporativo refletindo que um negócio foi finalizado e que “mensagens de texto e e-mails relacionados ao empreendimento que foram fornecidos ao Journal pelo Sr. Bobulinski, principalmente a partir da primavera e verão de 2017, não mostre Hunter Biden ou James Biden discutindo um papel para Joe Biden no empreendimento.”

Mas ninguém alegou que tais negócios foram consumados – portanto, a conclusão de que um não foi não nega a história. Além disso, alguns textos e e-mails cuja autenticidade não foi contestada afirmam que Hunter foi inflexível para que qualquer discussão sobre o envolvimento do Vice-Presidente seja mantida apenas verbalmente e nunca por escrito.

Além disso, a colunista do Journal Kimberly Strassel revisou um estoque de documentos e “encontrou correspondência corrobora e amplia em e-mails publicados recentemente pelo New York Post”, incluindo aqueles em que Hunter insistia que sua ligação com seu pai era o maior trunfo procurado pelo conglomerado chinês com quem estavam negociando. O New York Times chegou no domingo a uma conclusão semelhante: embora nenhum documento prove que tal acordo foi consumado”, registros produzidos por Bobulinski mostram que, em 2017, Hunter Biden e James Biden estiveram envolvidos em negociações sobre uma joint venture com uma empresa de energia e finanças chamada CEFC China Energy “e” deixar claro que Hunter Biden via o nome da família como um bem valioso, citando com raiva a ‘marca da família’ como uma razão pela qual ele é valioso para o empreendimento proposto. ”

Esses documentos também demonstram, noticiou o Times, “que os países que Hunter Biden, James Biden e seus associados planejaram almejar para negócios coincidiram com países onde Joe Biden já havia estado envolvido como vice-presidente.” Strassel observou que “um documento de ‘expectativas’ de maio de 2017 mostra Hunter recebendo 20% do patrimônio do empreendimento e mantendo outros 10% para ‘o grandão’ – que Bobulinski atesta ser Joe Biden.” E o jornalista independente Matt Taibbi publicou um artigo no domingo com ampla documentação sugerindo que a tentativa de Biden de substituir um promotor ucraniano em 2015 beneficiou o Burisma.

Biden e seu filho

Todos esses novos materiais, cuja autenticidade nunca foi contestada por Hunter Biden ou a campanha de Biden, levantam questões importantes sobre se o ex-vice-presidente e atual candidato à presidência estava cientes dos esforços de seu filho para vender influência com o vice-presidente com fins lucrativos e também se o vice-presidente já agiu em sua capacidade oficial com a intenção, pelo menos em parte, de beneficiar os sócios de negócios de seu filho. Mas nas duas semanas desde que o Post publicou sua história inicial, uma união das entidades mais poderosas do país, incluindo sua mídia de notícias, tomou medidas extraordinárias para obscurecer e enterrar essas questões, em vez de tentar fornecer respostas a elas.

Os documentos iniciais, afirmou o New York Post, foram obtidos quando os laptops que os continham foram deixados em uma oficina de Delaware com danos causados ​​pela água e nunca foram retirados, permitindo ao proprietário acessar seu conteúdo e, em seguida, entregá-los ao FBI e a um advogado do conselheiro de Trump, Rudy Giuliani. O dono da loja de reparos confirmou essa narrativa em entrevistas com agências de notícias e depois (sob pena de processo) para um Comitê do Senado; ele também forneceu o recibo supostamente assinado por Hunter. Nem Hunter nem a campanha de Biden negaram essas alegações.

Censura e acusação contra a Rússia

A publicação dessa história inicial do New York Post provocou uma campanha de censura altamente incomum no Facebook e no Twitter. O Facebook, por meio de um ex-agente do Partido Democrata de longa data, prometeu suprimir a história enquanto se aguarda sua “checagem de fatos”, que até o momento não produziu conclusões públicas. E enquanto o CEO do Twitter, Jack Dorsey, se desculpou pela forma como o Twitter lidou com a censura e reverteu a política que levou ao bloqueio de todos os links da história, o New York Post, o quarto maior jornal do país, continua sem acesso à sua conta no Twitter, incapaz de postar com a aproximação das eleições, por quase duas semanas.

Depois que a censura inicial estourou no Vale do Silício, cuja força de trabalho e oligarcas doaram quase inteiramente para a campanha de Biden, foram os meios de comunicação do país e a ex-CIA e outros oficiais de inteligência que tomaram a liderança na construção das razões pelas quais a história deveria ser rejeitada, ou pelo menos tratado com desprezo. Como de costume na era Trump, o tema que ocupou o centro do palco para atingir esse objetivo foi uma afirmação infundada sobre a responsabilidade do Kremlin pela história.

Numerosos meios de comunicação, incluindo o Intercept, rapidamente citaram uma carta pública assinada por ex-funcionários da CIA e outros agentes do estado de segurança alegando que os documentos têm as “marcas registradas clássicas” de um complô de “desinformação russa”. Mas, como meios de comunicação e até as agências de inteligência estão agora admitindo lentamente que nenhuma evidência foi apresentada para corroborar essa afirmação. Na sexta-feira, o New York Times relatou que “nenhuma evidência concreta surgiu de que o laptop contém desinformação russa” e o jornal disse que até o FBI “reconheceu que não havia encontrado nenhuma desinformação russa no laptop. ”

O Washington Post publicou no domingo um artigo de opinião – de Thomas Rid, um daqueles professores estabelecidos centristas que os meios de comunicação usam rotineiramente para fornecer a fachada de aprovação de especialistas para teorias de conspiração perturbadas – que continha esta declaração extraordinária: “Devemos tratar o vazamento do caso Hunter Biden como se fosse uma operação de inteligência estrangeira – mesmo que provavelmente não seja.”

Sem provas contra a Rússia

Até mesmo a carta dos ex-oficiais de inteligência citados pelo The Intercept e outros meios de comunicação para insinuar que tudo isso era parte de algum esquema de “desinformação russa” admitia explicitamente que “não temos evidências do envolvimento russo”, embora muitos meios de comunicação tenham omitido isso reconhecimento ao citar a carta para denegrir a história como um enredo do Kremlin:

Apesar da total falta de evidências, a campanha de Biden adotou esta frase usada por oficiais de inteligência e meios de comunicação como seu mantra para explicar por que os materiais não deveriam ser discutidos e por que eles não respondiam a perguntas básicas sobre eles. “Acho que precisamos deixar muito, muito claro que o que ele está se fazendo aqui está ampliando a desinformação russa”, disse a vice-gerente de campanha de Biden, Kate Bedingfield, sobre a possibilidade de Trump levantar os e-mails de Biden no debate de quinta-feira à noite. O consultor sênior de Biden, Symone Sanders, da mesma forma alertou no MSNBC: “se o presidente decidir ampliar essas últimas acusações contra o vice-presidente e seu único filho vivo, isso é desinformação russa”.

Os poucos jornalistas tradicionais que tentaram apenas discutir esses materiais foram difamados. Pelo crime de simplesmente notá-lo no Twitter naquele primeiro dia, a repórter do New York Times Maggie Haberman teve seu nome tendência durante toda a manhã, juntamente com o apelido depreciativo “MAGA Haberman”. Bo Erickson, da CBS News, foi amplamente atacado, mesmo por alguns na mídia, simplesmente por perguntar a Biden qual foi sua resposta à história. E o próprio Biden se recusou a responder, acusando Erickson de espalhar uma “difamação”.

A autocensura no jornalismo

A tese de que é irresponsável e até antiético mencionar esses documentos tornou-se uma visão difundida no jornalismo convencional. O Editor Público da NPR, em uma declaração surpreendente representativa de grande parte da mentalidade da mídia predominante, justificou explicitamente a recusa da NPR de cobrir a história com o fundamento de que “não queremos perder nosso tempo com histórias que não são realmente histórias. . . [ou] desperdiçar o tempo dos leitores e ouvintes com histórias que são apenas distrações. ”

Para justificar o fracasso de seu próprio programa em cobrir a história, Leslie Stahl de 60 Minutes recorreu a uma justificativa totalmente diferente. “Não pode ser verificado”, afirmou o repórter da CBS ao ser confrontado pelo Presidente Trump em uma entrevista sobre o fracasso de seu programa em cobrir os documentos de Hunter Biden. Quando Trump insistiu que havia várias maneiras de verificar os materiais no laptop, Stahl simplesmente repetiu a mesma frase: “não pode ser verificado”.

Depois do debate presidencial final na noite de quinta-feira, um painel da CNN zombou da história como muito complexa e obscura para qualquer um seguir – uma profecia que se cumpriu, uma vez que, como o repórter de mídia da rede Brian Stelter observou com orgulho, a história mal foi mencionado na CNN ou MSNBC. Como o New York Times observou na sexta-feira: “a maioria dos telespectadores da CNN e MSNBC não teria ouvido muito sobre os e-mails não confirmados de Hunter Biden … As menções da CNN a“ Hunter ”atingiram um pico de 20 segundos e as da MSNBC de 24 segundos um dia na semana passada”.

No domingo, Christiane Amanpour da CNN mal fingiu estar interessada em qualquer jornalismo em torno da história, zombando durante uma entrevista de pedidos de Elizabeth Harrington da RNC para cobrir a história e verificar os documentos dizendo a ela: “Não vamos fazer o seu trabalho para você.” Veja como os jornalistas mais importantes dos EUA estão anunciando abertamente sua recusa em sequer considerar o que esses documentos podem refletir sobre o favorito democrata:

Esses jornalistas estão desesperados para não saber. Como Taibbi escreveu no domingo sobre este espetáculo espalhafatoso da imprensa: “As pessoas menos curiosas no país agora parecem ser a mídia de notícias credenciada, uma situação normalmente única em sociedades autoritárias minúsculas.”

odas essas desculpas e pretextos – emanados em grande parte de uma mídia nacional que é quase explícita em sua ânsia por Biden vencer – serviram durante a primeira semana ou mais após a história do Post para criar um cone de silêncio em torno desta história e, para este mesmo dia, um escudo protetor para Biden. Como resultado, o candidato presidencial da frente sabe que não precisa responder nem às perguntas mais básicas sobre esses documentos, porque a maior parte da imprensa nacional já sinalizou que não o pressionará a fazê-lo; pelo contrário, eles vão inventar defesas em seu nome para evitar discutir o assunto.

As perguntas do Intercept para Biden

As questões relevantes para Biden levantadas por este novo relatório são tão evidentes quanto importantes. No entanto, Biden teve de responder a muito poucas delas ainda porque não foi perguntado e, quando o fez, os meios de comunicação justificaram sua recusa em responder, em vez de exigir que o fizesse. Enviamos nove perguntas para sua campanha sobre esses documentos que o público tem o direito absoluto de saber, incluindo:

1 – se ele afirma que algum dos e-mails ou textos são fabricados (e, em caso afirmativo, quais são específicos);
2 – se ele sabe se Hunter realmente deixou laptops na loja de conserto de Delaware;
3 – se Hunter alguma vez o convidou para se encontrar com executivos do Burisma ou se ele de fato o fez;
4 – se Biden já sabia sobre propostas de negócios na Ucrânia ou na China sendo buscadas por seu filho e irmão das quais Biden era um participante proposto e,
5 – como Biden poderia justificar o gasto de tanta energia como vice-presidente exigindo que o Procurador Geral ucraniano fosse demitido, e por que a substituição – Yuriy Lutsenko, alguém que não tinha experiência em direito; era amigo do presidente ucraniano Petro Poroshenko; e ele próprio tinha um histórico de alegações de corrupção – era aceitável se o objetivo de Biden realmente fosse combater a corrupção na Ucrânia em vez de beneficiar o Burisma ou controlar os assuntos internos da Ucrânia para algum outro objetivo.

Embora a campanha de Biden tenha indicado que eles responderiam às perguntas do Intercept, eles não o fizeram. Uma declaração que eles divulgaram para outros meios de comunicação não contém respostas para nenhuma dessas perguntas, exceto para afirmar que Biden “nunca considerou se envolver em negócios com sua família, nem em qualquer negócio no exterior.” Até o momento, mesmo que a campanha de Biden ecoe as alegações infundadas dos meios de comunicação de que qualquer um que esteja discutindo esta história está “ampliando a desinformação russa”, nem Hunter Biden nem a campanha de Biden disseram se reivindicam os e-mails e outros documentos – que eles e a imprensa continua a rotular “desinformação russa” – são falsificações ou se são autênticas.

Documentos podem ser verificados

A campanha de Biden acredita claramente que não há necessidade de responder a nenhuma dessas perguntas em virtude de uma panóplia de desculpas da mídia oferecidas em seu nome que desmoronam com o mínimo escrutínio:

Primeiro, a alegação de que o material é de autenticidade suspeita ou não pode ser verificada – a desculpa usada em nome de Biden por Leslie Stahl e Christiane Amanpour, entre outros – é flagrantemente falsa por vários motivos. Como alguém que relatou grandes arquivos semelhantes em parceria com vários meios de comunicação ao redor do mundo (incluindo o arquivo de Snowden em 2014 e o Arquivo Brasil do Intercept no ano passado, mostrando corrupção por altos funcionários do Bolsonaro), e que também cobriu a reportagem de arquivos semelhantes de outros veículos (Panamá Papers, WikiLeaks war logs de 2010 e e-mails DNC / Podesta de 2016), está claro para mim que o tesouro de documentos dos e-mails de Hunter Biden foi verificado de maneiras bastante semelhantes a essas.

Com um arquivo deste tamanho, nunca se pode autenticar independentemente cada palavra em cada último documento, a menos que o assunto da reportagem o confirme voluntariamente com antecedência, o que raramente acontece. O que foi feito com arquivos semelhantes é que os jornalistas obtêm verificação suficiente para criar altos níveis de confiança jornalística nos materiais. Alguns dos materiais fornecidos pela fonte podem ser confirmados de forma independente, comprovando o acesso genuíno da fonte a um disco rígido, telefone ou banco de dados. Outras partes em cadeias de email podem confirmar a autenticidade do email ou das conversas de texto em que participaram. Investigam-se fatos não públicos contidos nos documentos para determinar se eles estão de acordo com o que os documentos refletem. Especialistas em tecnologia podem examinar os materiais para garantir que nenhum sinal de falsificação seja detectado.

Este é o processo que permitiu aos maiores e mais estabelecidos veículos de comunicação em todo o mundo relatarem grandes arquivos semelhantes obtidos sem autorização. Nesses outros casos, nenhum meio de comunicação foi capaz de verificar cada palavra de cada documento antes da publicação. Não havia como provar o negativo de que a fonte ou outra pessoa não alterou ou falsificou parte do material. Esse nível de verificação é inatingível e desnecessário. O que é necessário é evidência substancial para criar alta confiança no processo de autenticação.

Os documentos de Hunter Biden têm pelo menos tanta verificação quanto aqueles outros arquivos que foram amplamente divulgados. Existem fontes nas cadeias de e-mail que verificaram se os e-mails publicados são precisos. O arquivo contém fotos e vídeos privados de Hunter cuja autenticidade não está em dúvida. Um ex-parceiro de negócios da Hunter declarou, inequivocamente e oficialmente, que não apenas os e-mails são autênticos, mas também descrevem os eventos com precisão, incluindo a proposta de participação do ex-vice-presidente em pelo menos um negócio que Hunter e Jim Biden estavam buscando na China. E, o mais importante de tudo, nem Hunter Biden nem a campanha de Biden sequer sugeriram, muito menos alegou, que um único e-mail ou texto é falso.

Por que o fracasso dos Bidens em alegar que esses e-mails são falsificados é tão significativo? Porque quando os jornalistas fazem uma reportagem sobre um arquivo enorme, eles sabem que o evento mais importante no processo de autenticação da reportagem ocorre quando os sujeitos da reportagem têm a oportunidade de negar que os materiais são genuínos. É claro que isso é o que alguém faria se os principais meios de comunicação estivessem se preparando para publicar, ou de fato estivessem publicando, fabricando ou forjando materiais em seus nomes; diriam isso para semear dúvidas sobre os materiais, senão para matar a credibilidade do relato.

Silêncio sobre o caso

O silêncio dos Bidens pode não ser determinante sobre a questão da autenticidade do material, mas quando adicionado à montanha de outras evidências de autenticação, é bastante convincente: pelo menos igual à evidência de autenticação em outros relatórios sobre arquivos igualmente grandes.

Em segundo lugar, a alegação frequentemente repetida de meios de comunicação e agentes da CIA de que os e-mails e textos publicados eram “desinformação russa” foi, desde o início, obviamente infundada e imprudente. Nenhuma evidência – literalmente nenhuma – foi apresentada para sugerir o envolvimento de quaisquer russos na disseminação desses materiais, muito menos que fosse parte de algum complô oficial de Moscou. Como sempre, tudo é possível – quando não se sabe ao certo qual é a proveniência dos materiais, nada pode ser descartado – mas no jornalismo, as evidências são necessárias antes que os meios de comunicação possam validamente culpar algum governo estrangeiro pela divulgação das informações. E nenhum jamais foi apresentado. No entanto, a alegação de que se tratava de “desinformação russa” foi publicada em incontáveis ​​veículos de notícias, programas de televisão e relatos de jornalistas nas redes sociais, normalmente apontando para alegações sem evidências de ex-funcionários da CIA.

Pior é a parte da “desinformação” da equação da mídia. Como esses materiais podem constituir “desinformação” se são e-mails e textos autênticos realmente enviados de e para Hunter Biden? A facilidade com que os meios de comunicação que deveriam ser céticos em relação aos pronunciamentos sem evidências da comunidade de inteligência, em vez disso, publicaram suas afirmações sobre a “desinformação russa” é alarmante ao extremo. Mas eles fizeram isso porque instintivamente queriam encontrar um motivo para justificar a ignorância do conteúdo desses e-mails, alegando que a Rússia estava por trás disso e que os materiais eram “desinformação”, tornou-se seu substituto até que pudessem descobrir o que mais deveriam diga para justificar ignorar esses documentos.

Intervenção na Ucrânia

Terceiro, a mídia se apressa em proteger Biden sobre a questão de se ele se envolveu em corrupção vis-à-vis a Ucrânia e o Burisma no que são, na melhor das hipóteses, defesas factualmente duvidosas do ex-vice-presidente. Grande parte dessa controvérsia gira em torno dos esforços agressivos de Biden enquanto vice-presidente no final de 2015 para forçar o governo ucraniano a demitir seu procurador-chefe, Viktor Shokhin, e substituí-lo por alguém aceitável para os EUA, que acabou sendo Yuriy Lutsenko. Esses eventos são indiscutíveis em virtude de um vídeo de Biden se gabando diante de uma platéia de como ele voou para Kiev e forçou os ucranianos a despedir Shokhin, sob pena de perder US$ 1 bilhão em ajuda.

Mas há muito que duas questões gigantescas foram levantadas por esses eventos, e os e-mails publicados recentemente os tornam mais urgentes do que nunca: 1) a demissão do Procurador-Geral da Ucrânia era uma alta prioridade para Biden como vice-presidente dos Estados Unidos por causa da demissão de seu filho papel altamente lucrativo no conselho de administração do Burisma, e 2) se esse não fosse o motivo, por que era tão importante para Biden ditar quem era o promotor-chefe da Ucrânia?

A resposta padrão à pergunta sobre o motivo de Biden – oferecida por Biden e seus defensores da mídia – é que ele, junto com o FMI e a União Europeia, queria que Shokhin fosse despedido porque os EUA e seus aliados estavam ansiosos para limpar a Ucrânia, e eles viu Shokhin como insuficientemente vigilante no combate à corrupção.

“A missão de Biden era falar com simpatia e mandíbula Poroshenko para fazer reformas que os benfeitores ocidentais da Ucrânia desejassem ver”, escreveu Glenn Kessler do Washington Post no que o Post chama de “checagem de fatos”. Kessler também endossou a defesa-chave de Biden: que o disparo de Shokhin era ruim para Burima, não era bom para ele. “Os Estados Unidos viram [Shokhin] como ineficaz e em dívida com Poroshenko e os oligarcas corruptos da Ucrânia. Em particular, Shokin não conseguiu investigar o fundador do Burisma, Mykola Zlochevsky ”, afirma Kessler.

Alianças com corruptos

Mas essa afirmação nem passa no teste do riso. Os EUA e seus aliados europeus não se opõem à corrupção de seus regimes fantoches. Eles são aliados dos regimes mais corruptos do planeta, de Riad ao Cairo, e sempre foram. Desde quando os EUA se dedicam a garantir um bom governo nas nações que tenta controlar? No mínimo, permitir que a corrupção floresça tem sido uma ferramenta fundamental para permitir que os EUA exerçam poder em outros países e abram seus mercados às empresas americanas.

Além disso, se aumentar a independência do Ministério Público e fortalecer a vigilância anticorrupção fosse realmente o objetivo de Biden ao trabalhar para exigir a demissão do promotor-chefe ucraniano, por que o sucessor de Shokhin, Yuriy Lutsenko, seria aceitável? Afinal, Lutsenko não tinha “antecedentes jurídicos como procurador-geral”, era conhecido principalmente como lacaio do presidente ucraniano Petro Poroshenko, foi forçado em 2009 a “renunciar ao cargo de ministro do Interior depois de ser detido pela polícia no aeroporto de Frankfurt por estar bêbado e desordenado”, e” foi posteriormente preso por peculato e abuso de poder, embora seus defensores tenham dito que a sentença teve motivação política.”

É remotamente convincente para você que Biden teria aceitado alguém como Lutsenko se seu motivo realmente fosse fortalecer os processos anticorrupção na Ucrânia? No entanto, foi exatamente isso que Biden fez: ele disse pessoalmente a Poroshenko que Lutsenko era uma alternativa aceitável e prontamente liberou US$ 1 bilhão após o anúncio de sua nomeação. Qualquer que seja o motivo de Biden ter sido usar seu poder como vice-presidente dos EUA para mudar o promotor na Ucrânia, sua aceitação de alguém como Lutsenko sugere fortemente que o combate à corrupção na Ucrânia não era o objetivo.

Quanto à outra alegação em que Biden e seus aliados da mídia confiaram fortemente – que despedir Shokhin não foi um favor para o Burisma porque Shokhin não estava conduzindo nenhuma investigação contra o Burisma – as evidências não justificam essa afirmação.

É verdade que nenhuma evidência, incluindo esses novos e-mails, constitui prova de que o motivo de Biden em exigir a demissão de Shokhin foi para beneficiar o Burisma. Mas nada demonstra que Shokhin estava impedindo as investigações sobre o Burisma. De fato, o New York Times publicou em 2019 uma das investigações mais abrangentes até hoje sobre as alegações feitas em defesa de Biden quando se trata da Ucrânia e da demissão deste promotor, e, embora observando que “nenhuma evidência apareceu de que o primeiro o vice-presidente intencionalmente tentou ajudar seu filho pressionando pela demissão do procurador-geral “, assim concluíram seus repórteres sobre Shokhin e o Burisma:

A campanha de pressão [de Biden] acabou dando certo. O procurador-geral, há muito alvo de críticas de outras nações ocidentais e credores internacionais, foi eliminado meses depois pelo Parlamento ucraniano.

ntre aqueles que tinham interesse no resultado estava Hunter Biden, o filho mais novo de Biden, que na época estava no conselho de uma empresa de energia de propriedade de um oligarca ucraniano que estava na mira do promotor-geral demitido.

O Times acrescentou: “O escritório do Sr. Shokhin supervisionou as investigações sobre [o bilionário fundador do Burisma] Zlochevsky e seus negócios, incluindo o Burisma.” Em contraste, eles disseram, Lutsenko, a substituição aprovada pelo vice-presidente Biden, “inicialmente continuou investigando Zlochevsky e Burisma, mas o inocentou de todas as acusações dentro de 10 meses após assumir o cargo”.

Portanto, quer fosse ou não a intenção de Biden conferir benefícios ao Burisma exigindo a demissão de Shokhin, acabou sendo bastante favorável ao Burisma, visto que o totalmente inexperiente Lutesenko “inocentou [o fundador do Burisma] de todas as acusações dentro de 10 meses após assumir o cargo”.

O novo relatório abrangente do jornalista Taibbi no domingo também apóia fortemente a visão de que havia antagonismos claros entre Shokhin e Burisma, de forma que despedir o promotor ucraniano teria sido benéfico para o Burisma. Taibbi, que relatou por muitos anos enquanto morava na Rússia e continua muito bem informado na região, detalhou:

Apesar de toda a imprensa negativa sobre Shokhin, não há dúvida de que houve vários casos ativos envolvendo Zlochevsky/Burisma durante seu curto mandato. Isso foi até mesmo admitido por repórteres americanos, antes que se tornasse tabu descrever tais casos sem amarras de palavras como “dormente”. Veja como Ken Vogel do New York Times colocou em maio de 2019:

“Quando o Sr. Shokhin se tornou procurador-geral em fevereiro de 2015, ele herdou várias investigações da empresa e do Sr. Zlochevsky, incluindo por suspeita de evasão fiscal e lavagem de dinheiro. O Sr. Shokin também abriu uma investigação sobre a concessão de licenças lucrativas de gás para empresas propriedade do Sr. Zlochevsky quando ele era chefe do Ministério de Ecologia e Recursos Naturais da Ucrânia. ”

Autoridades ucranianas que contatei esta semana confirmaram que vários casos estavam ativos durante esse período.

“Havia números diferentes, mas de 7 a 14”, disse Serhii Horbatiuk, ex-chefe do departamento de investigações especiais da Procuradoria-Geral da República, quando questionado sobre quantos casos de Burisma havia.

“Pode ter havido dois ou três episódios combinados, e alguns já foram encerrados, então não sei a quantidade exata.” Mas, insiste Horbatiuk, houve muitos casos, a maioria deles tecnicamente iniciados com Yarema, mas pelo menos ativo sob Shokin.

Os números citados por Horbatiuk brincam com os oferecidos pelo Procurador-Geral Rulsan Ryaboshapka mais recente, que no ano passado disse que houve em um momento ou outro “13 ou 14” casos envolvendo Burisma ou Zlochevsky.

Mais intervenção na Ucrânia

Taibbi analisa reportagens em tempo real na Ucrânia e nos Estados Unidos para documentar várias outras investigações pendentes contra Burisma e Zlochevsky que foram supervisionadas pelo promotor cuja demissão Biden exigiu. Ele observa que o próprio Shokhin disse repetidamente que estava realizando várias investigações contra Zlochevsky no momento em que Biden exigiu sua demissão. Em suma, conclui Taibbi, “não se pode dizer que não há evidências de casos ativos de Burisma, mesmo durante os últimos dias de Shokin, que diz que foi a ordem de apreensão de fevereiro de 2016 [contra os bens de Zlochevsky] que o fez ser despedido.”

E, observa Taibbi, “a história parece ainda mais estranha quando nos perguntamos por que os Estados Unidos usariam tanto poder de política externa para fazer com que Shokin fosse demitido, apenas para permitir a substituição – Yuri Lutsenko – que, segundo todos os relatos, foi um fracasso espetacularmente maior em a batalha contra a corrupção em geral, e Zlochevsky em particular. ” Em suma: “é inquestionável que os processos contra o Burisma foram todos encerrados pelo sucessor de Shokin, escolhido em consulta com Joe Biden, cujo filho permaneceu no conselho da referida empresa por mais três anos, ganhando mais de US$ 50 mil por mês.”

Desonra familiar

Os fatos conhecidos publicamente, aumentados pelos recentes e-mails, mensagens de texto e relatos registrados, sugerem uma séria desonra do filho de Joe Biden, Hunter, ao tentar vender sua influência com o vice-presidente para obter lucro. Mas eles também levantam questões reais sobre se Joe Biden sabia e até mesmo se ele mesmo se envolveu em uma forma de corrupção legalizada. Especificamente, essas informações recentemente reveladas sugerem que Biden estava usando seu poder para beneficiar os negócios de seu filho, associados ucranianos, e permitindo que seu nome fosse negociado enquanto vice-presidente por seu filho e irmão em busca de oportunidades de negócios na China. Essas são perguntas que uma imprensa minimamente saudável gostaria que fossem respondidas, não enterradas – independentemente de quantos escândalos semelhantes ou piores a família Trump tenha.

Mas o verdadeiro escândalo que foi comprovado não é a má conduta do ex-vice-presidente, mas de seus apoiadores e aliados na mídia dos EUA. Como diz a manchete de Taibbi: “Com o caso Hunter Biden, a supressão na mídia é um escândalo maior do que a história real.”

Desespero pró-Biden na mídia

A realidade é que a imprensa dos EUA está planejando este momento há quatro anos – inventando justificativas para se recusar a noticiar um material interessante que possa ajudar Donald Trump a ser reeleito. Um fator importante é a verdade inegável de que jornalistas com veículos nacionais baseados em Nova York, Washington e cidades da Costa Oeste não apenas favorecem Joe Biden, mas estão desesperados para ver Donald Trump derrotado.

É preciso muita credulidade para acreditar que qualquer ser humano é capaz de separar uma preferência partidária tão intensa de seu julgamento jornalístico. Muitos mal se dão ao trabalho de fingir: as críticas a Joe Biden costumam ser atacadas primeiro não por membros da campanha de Biden, mas por repórteres políticos em veículos de notícias nacionais que escondem sua ânsia de ajudar Biden a vencer.

Mas muito disso tem a ver com as consequências da eleição de 2016. Durante essa campanha, veículos de notícias, incluindo The Intercept, fizeram seu trabalho como jornalistas, relatando o conteúdo de documentos autênticos e dignos de nota: a saber, os e-mails publicados pelo WikiLeaks nas caixas de entrada de John Podesta e DNC que, entre outras coisas, revelavam corrupção severa que forçou a renúncia dos cinco principais funcionários do DNC. O fato de os materiais terem sido hackeados e as agências de inteligência sugerirem que a Rússia era a responsável não nega o valor jornalístico dos documentos, razão pela qual os meios de comunicação de todo o país relataram repetidamente sobre seus conteúdos.

No entanto, os jornalistas passaram quatro anos sendo atacados como facilitadores de Trump em seus círculos culturais predominantemente democratas e liberais: as cidades em que eles vivem são predominantemente democratas, e sua demografia – cidades grandes, profissionais com ensino superior – tem cada vez menos apoio de Trump. Uma pesquisa do New York Times sobre os dados da campanha de segunda-feira conta apenas uma parte dessa história de insularidade e homogeneidade cultural:

Joe Biden superou o presidente Trump com base em alguns dos locais mais ricos e educados dos Estados Unidos, aumentando a pontuação de arrecadação de fundos em cidades e subúrbios de forma tão retumbante que arrecadou mais dinheiro do que Trump em todos, exceto dois dias nos últimos dois meses … Não é apenas que grande parte do apoio mais forte de Biden venha esmagadoramente das duas costas, o que acontece … [Acima] Sr. Trump, os republicanos sofreram uma hemorragia de apoio dos brancos eleitores com diploma universitário. Em códigos postais com uma renda familiar média de pelo menos US$ 100.000, Biden esmagou Trump na arrecadação de fundos, de US$ 486 milhões para apenas US$ 167 milhões – respondendo por quase toda sua vantagem financeira … Um CEP do Upper West Side – 10024 – foi responsável por mais de US$ 8 milhões para o Sr. Biden, e a cidade de Nova York no total entregou US$ 85,6 milhões para ele – mais do que ele arrecadou em todos os estados exceto a Califórnia….

A renda familiar média nos Estados Unidos era de US$ 68.703 em 2019. Em códigos postais acima desse nível, Biden superou Trump em US$ 389,1 milhões. Abaixo desse nível, o Sr. Trump estava realmente à frente por US$ 53,4 milhões.

Querendo evitar uma repetição do sentimento de desprezo e rejeição em seus próprios círculos extremamente pró-democratas e anti-Trump, os meios de comunicação nacionais passaram quatro anos inventando padrões para a reportagem do ano eleitoral sobre materiais hackeados que nunca existiram e que são totalmente anátema para a função jornalística central. O editor executivo do Washington Post, Marty Baron, por exemplo, emitiu um memorando cheio de advertências sobre como os repórteres do Post deveriam, ou não, discutir materiais hackeados, mesmo que sua autenticidade não seja duvidosa.

O oposto do jornalismo

Que um meio de comunicação deva até mesmo considerar a abstenção de reportar sobre materiais que eles sabem ser autênticos e de interesse público por causa de questões sobre sua procedência é o oposto de como o jornalismo tem sido praticado. Nos dias que antecederam a eleição de 2016, por exemplo, o New York Times recebeu pelo correio um ano das declarações de impostos de Donald Trump e – apesar de não ter ideia de quem as enviou ou como essa pessoa as obteve: foi roubado ou hackeado por uma potência estrangeira? – o Times noticiou seu conteúdo.

Quando questionado pela NPR por que eles relatariam documentos sem saber a fonte, muito menos os motivos da fonte em fornecê-los, David Barstow, duas vezes vencedor do Prêmio Pulitzer, explicou convincentemente o que sempre foi o princípio básico do jornalismo: ou seja, um jornalista só se preocupa com duas questões – (1) os documentos são autênticos e (2) eles são do interesse público? – mas não se preocupa com os motivos de uma fonte ao fornecer os documentos ou como eles foram obtidos ao decidir se deve relatá-los:

A mídia dos Estados Unidos frequentemente lamenta que as pessoas tenham perdido a fé em seus pronunciamentos, que sejam cada vez mais vistas como não confiáveis ​​e que muitas pessoas veem os sites de Fake News serem mais confiáveis ​​do que os meios de comunicação estabelecidos. Eles são bons em reclamar disso, mas muito ruins em perguntar se alguma de suas próprias condutas é responsável por isso.

Um meio de comunicação que renuncia à sua função central – buscar respostas para perguntas relevantes sobre pessoas poderosas – é aquele que merece perder a fé e a confiança do público. E é exatamente isso que a mídia norte-americana, com algumas exceções, tentou fazer com essa história: ela assumiu a liderança não ao investigar esses documentos, mas ao inventar desculpas para justificá-los.

Como meu colega Lee Fang disse no domingo: “Os padrões duplos partidários na mídia são incompreensíveis este ano, e grande parte da mídia independente supostamente de esquerda é tão covarde e conformista quanto a mídia corporativa convencional. Todo mundo está agindo por medo. ” Discutindo sua história de domingo, Taibbi resumiu o ponto mais importante desta forma: “A questão toda é que a imprensa perde o rumo quando se preocupa mais com quem se beneficia com a informação do que se ela é verdadeira.”

 

*Com informações do 247

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Trump testa positivo para a Covid-19 e muda todo o cenário das eleições

Presidente americano enfrenta o cancelamento de comícios e eventos de arrecadação de fundos, além de possível revés de sua tentativa de desviar o foco da pandemia.

WASHINGTON — O teste positivo de Covid-19 de Donald Trump muda de forma drástica as últimas semanas da campanha presidencial dos Estados Unidos. O presidente agora enfrenta não apenas um problema de saúde, mas também um caos logístico e de sua equipe a cerca de um mês antes do dia das eleições.

Após a confirmação de que o teste de Trump havia dado positivo, a Casa Branca cancelou eventos políticos na sexta-feira, como um comício planejado nos arredores de Orlando, na Flórida. As viagens de campanha e arrecadação de fundos planejadas para os próximos dias — com visitas a estados-chave, como Wisconsin, Pensilvânia e Nevada — devem ser canceladas, já que o presidente permanece em quarentena na Casa Branca.

Trump se apoia em eventos políticos presenciais para arrecadar fundos e despertar entusiasmo entre seguidores, enquanto tenta ganhar terreno contra o candidato do Partido Democrata, Joe Biden, que lidera as pesquisas e a captação de recursos, em grande parte devido às políticas erráticas do presidente contra o coronavírus, que acabou por atingi-lo.

Trump esperava desviar o foco da pandemia nas semanas finais da campanha e se concentrar em sua indicada para a Suprema Corte, na recuperação econômica e nos protestos contra o racismo — questões nas quais acredita levar vantagem. Mas sem seus comícios e sem poder abordar questões que mais entusiasmam seus eleitores, fica mais difícil diminuir a distância em relação a Biden, que mantém vantagem constante de cerca de 7 pontos percentuais na média das pesquisas nacionais há algum tempo.

Agora, as próximas semanas com certeza serão dominadas por discussões constantes sobre a saúde de Trump, com foco na pandemia cuja gestão, na opinião da maioria dos americanos, foi mal conduzida pelo presidente dos EUA.

Suas preocupações políticas são agravadas pelo risco imediato do vírus para Trump, que tem 74 anos e agora luta contra uma doença que matou mais de 200 mil americanos desde fevereiro. Mesmo que o presidente permaneça assintomático, será desafiado a manter a calma no mercado financeiro durante sua recuperação.

Trump confirmou que ele e sua mulher haviam tido testes positivos horas depois de uma reportagem da Bloomberg News ter informado que Hope Hicks, uma das assessores mais próximas do presidente, havia contraído o vírus.

As implicações do diagnóstico do presidente também devem impactar seu adversário democrata, além de trazer uma nova variável importante em uma campanha já imprevisível.

Biden precisará decidir se também deve fazer quarentena, após ter participado de um debate com o presidente apenas 72 horas antes de seu teste positivo. Embora a campanha de Biden não tenha feito comentários imediatos sobre a infecção de Trump, seus assessores disseram que o democrata é testado regularmente e que anunciariam se ele contraísse o vírus.

Não está claro, mas é improvável que Trump possa participar do segundo debate presidencial, agendado para 15 de outubro. A campanha do presidente não respondeu de imediato um pedido de comentário sobre seus planos, mas, se Trump for obrigado a cancelar o debate, isso poderia privá-lo de uma de suas últimas oportunidades de destacar seus contrastes com Biden diante de uma grande audiência na TV.

 

*Com informações do Globo

 

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Pesquisa indica Sanders como candidato com mais chances de vencer Trump

Cenário em que senador aparece disputando contra Trump é similar às duas vezes em que Obama foi eleito, diz fundador de instituto de pesquisa de opinião.

Caso as eleições presidenciais americanas acontecem agora e o senador Bernie Sanders fosse o candidato a disputar contra o presidente Donald Trump, o democrata sairia vitorioso. É o que aponta a pesquisa de intenção de voto mais recente encomendada pela revista “Forbes”, divulgada nesta quinta-feira.

Ao ouvir jovens de 18 a 29 anos, o levantamento mostrou que Sanders venceria o presidente, com 58% contra 34%. De acordo com o fundador do instituto responsável pela pesquisa, John Zogby, a situação é similar às diferenças de voto que o ex-presidente Barack Obama teve nas duas vezes em que foi eleito.

— Quando Obama foi eleito presidente em 2008 e 2012, ele venceu por uma margem parecida. Na primeira vez, ele teve 66% dos votos entre pessoas de 18 a 29 anos, e, depois, 61%, na reeleição. Sanders mostra que tem capacidade de conseguir esses números entre os eleitores jovens — afirmou Zogby.

De acordo com a pesquisa, no cenário entre Sanders e Trump, a porcentagem de indecisos é de 8%. Essa, segundo Zogby, é a vantagem do senador quando comparado ao ex-vice-presidente Joe Biden. Caso Trump dispute contra Biden, a vitória também seria do lado democrata: o atual presidente teria 35% dos votos, enquanto o ex-vice-presidente, 51%. No entanto, a pesquisa mostra que 14% não saberiam em quem votar nessa situação.

— O problema é que, quando há um número alto de indecisos, de dois dígitos, isso sugere que muitas dessas pessoas podem nem ir votar — diz Zogby. — E se os jovens não forem votar, isso afetará muito os democratas.

O levantamento feito pelo instituto Zogby International ouviu 1.104 jovens americanos nos dias 19 e 20 deste mês. Entre os entrevistados, 650 se disseram eleitores do Partido Democrata. A margem é de três pontos percentuais para cima ou para baixo.

Nessa faixa etária, que abrange desde millennials (nascidos entre 1981 e 1995) até a Geração Z (entre 1996 e 2010), o candidato democrata com maior intenção de votos é Sanders, com 32%. Logo após vem Biden, com 16%. Em terceiro lugar aparecem Elizabeth Warren e Mike Bloomberg, com 9%, seguidos por Andrew Yand, com 8%.

— Os eleitores de 18 a 29 anos são loucos por Bernie Sanders. Na verdade, os outros candidatos não chegam nem perto dele. E não é só aí que vemos a força de Sanders entre esses eleitores. Quando perguntamos aos entrevistados se eles eram a favor ou não de cada candidatura, o senador continua na frente: 64% que afirmam que são favoráveis a Sanders, enquanto 28% dizem que não, não são favoráveis — conta Zogby.

Nesse sentido, segundo a pesquisa, Biden continua em segundo lugar, tendo 55% dos entrevistados favoráveis a sua candidatura e 33% desfavoráveis. Em terceiro, Warren com 49% a favor e 38% contra.

 

*Camila Zarur – O Globo