Sim, a acusação de que Cláudio Castro teria orquestrado a Operação Contenção — a ação policial mais letal da história do Rio, com 121 mortes nos complexos do Alemão e da Penha — como uma distração ou “cortina de fumaça” na véspera de seu julgamento no TSE por crimes eleitorais em 2022, ganhou tração em debates políticos e na mídia, como realmente tinha que ganhar.
Data da operação: A “Operação Contenção” começou na terça-feira, 28 de outubro de 2025, envolvendo cerca de 2.500 policiais para cumprir mandados contra o Comando Vermelho. Resultou em 117 suspeitos e 4 policiais mortos, com denúncias de execuções sumárias e violações de direitos humanos.
Castro a classificou como “sucesso” e “início de um grande processo” contra o narcotráfico, mas o episódio gerou críticas internacionais da ONU e de entidades como Anistia Internacional.
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O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) começou a julgar, nesta terça-feira (4), os recursos que pedem a inelegibilidade e a cassação de mandato do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL).
Os processos se referem às eleições de 2022, quando Castro foi reeleito para o comando do governo estadual.
abuso de poder político e econômico;
irregularidades em gastos de recursos eleitorais; e
conduta proibida aos agentes públicos no período eleitoral.
👉🏽 O Ministério Público Eleitoral e a coligação que apoiou Marcelo Freixo, o adversário na disputa, entraram na Justiça Eleitoral em setembro de 2022 com ações de investigação eleitoral por:
⚖️ Este tipo de processo pode resultar em cassação de mandatos e inelegibilidade por oito anos.
O Ministério Público Eleitoral e a campanha de Freixo acusaram o governador e o vice na chapa, Thiago Pampolha, de irregularidades na Ceperj (uma fundação estadual que atua em estratégias de políticas públicas) e na Uerj (a universidade do estado).
Entre elas:
O desvirtuamento da atuação da Ceperj com finalidade eleitoreira; aumento exponencial do orçamento e valores empenhados pela Ceperj para a execução de projetos não previstos na lei;
Criação de programas sociais não previstos no orçamento; manutenção de uma “folha de pagamento secreta” de 18 mil pessoas contratadas sem concurso público.
No julgamento no Tribunal Regional Eleitoral do Rio (TRE-RJ), o governador e o vice foram absolvidos e tiveram os mandatos mantidos.
O MP e a coligação de Freixo, então, recorreram ao Tribunal Superior Eleitoral. Eles reiteraram as acusações e voltaram a pedir a condenação de Castro e do vice, com a aplicação de inelegibilidade.
Julgamento O julgamento deverá ter o relatório e o voto da ministra Isabel Gallotti, relatora do caso.
Além dela, votam outros seis ministros da Corte Eleitoral. Caberá ao grupo decidir se o pedido deve ser rejeitado ou aceito. No primeiro caso, o processo é arquivado; no segundo, é determinada a cassação de mandatos e a aplicação de inelegibilidade.
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O ministro André Mendonça pediu vista e suspendeu, em agosto, o julgamento no TSE que pode cassar o governador de Roraima. Em março, o instituto fundado pelo ministro recebeu R$ 273 mil do governo do estado, em um contrato sem licitação. O caso foi revelado pelo jornal O Globo e confirmado pelo UOL
O governador Antônio Denarium (PP) teve o mandato cassado e recorreu ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O motivo da cassação foi abuso de poder político e econômico durante as eleições de 2022, quando Denarium foi reeleito. Foram quatro cassações em nível estadual, as duas últimas em janeiro e novembro de 2024.
Em agosto, a ministra Isabel Galloti, relatora do caso no TSE, votou pela cassação imediata; no mesmo dia, Mendonça pediu vista e suspendeu o julgamento. O pedido de vista, feito em 26 de agosto, era válido por 30 dias. No final de setembro, Mendonça renovou o pedido de vista por mais 30 dias. O TSE não informou ao UOL quando o julgamento será retomado.
Mendonça é fundador do Iter, que foi contratado pelo governo de Denarium, em fevereiro, para dar dois cursos para funcionários estaduais. Naquele mês, Denarium já tinha apresentado recursos ao TSE contra sua cassação. Mendonça já era ministro do TSE — está na corte desde junho de 2024.
Em março, o governo de Roraima pagou R$ 273 mil pelos dois cursos, que tiveram duração total de seis dias — de 19 a 26 de fevereiro. Isso dá R$ 45,5 mil por dia de curso. Foram ofertadas 40 vagas para cada um dos treinamentos.
A contratação ocorreu sem licitação; um dos cursos era justamente sobre como fazer licitações; o contrato foi celebrado pela Secretaria de Licitação e Contratação. O governo de Roraima dispensou a licitação sob a alegação de “inexigibilidade”.
Em dezembro, a Secretaria de Licitação mandou um email para o Iter solicitando proposta de preços; orçamento de 21 páginas foi enviado quatro horas depois. Além do orçamento detalhado, Iter enviou dois atestados de capacidade técnica e quatro notas fiscais de cursos ofertados por outras instituições públicas e privadas.
Proposta do Iter traz a foto e a biografia de Mendonça, apresentado como “founder” (fundador). Já o presidente do Iter é Victor Godoy, ex-ministro da Educação de Jair Bolsonaro. Mendonça foi ministro da Justiça de Bolsonaro antes de ser indicado ao STF.
Mendonça também assinou os diplomas dos alunos dos cursos. “Prof. Dr. André Mendonça, Founder”. A segunda assinatura no diploma é de “Victor Godoy, CEO”. “Completou o curso sobre Nova Lei de Licitações e Contratos Administrativos — turma in company Roraima com carga horária de 24 horas, no período de 24 a 26 de fevereiro de 2025”.
O Iter se tornou uma sociedade anônima fechada em outubro de 2024, não permitindo saber quem são seus sócios atuais; até então, uma empresa de Mendonça era sócia do instituto. Os demais sócios eram Victor Godoy; Rodrigo Sorrenti, chefe de gabinete de Mendonça no STF; Tercio Tokano, advogado da União e professor do Mackenzie; e o economista Danilo Dupas, que foi presidente do Inep na gestão de Bolsonaro.
Procurado, Mendonça não se manifestou. O UOL entrou em contato com o gabinete do ministro e com as assessorias do TSE do Supremo Tribunal Federal (STF). O texto será atualizado se houver resposta.
O governador de Roraima também não respondeu à reportagem. Foi eleito governador pela p
rimeira vez em 2018, como representante da onda bolsonarista. Apesar da cassação no tribunal eleitoral regional, está no penúltimo ano do segundo mandato.
O Tribunal de Contas de Roraima também contratou o Iter para dar cursos de oratória a três conselheiros, ao preço de R$ 54 mil. As notas de empenho foram emitidas de março a julho deste ano. O UOL questionou o tribunal a respeito. O texto será atualizado se houver resposta. Proposta do Iter, ligado a André Mendonça, para o governo de Roraima Imagem: Reprodução
*Uol
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Nesta terça-feira (14 de outubro de 2025), a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) começou a analisar o julgamento do chamado “núcleo 4” da tentativa de golpe de Estado articulada após as eleições de 2022, com o objetivo de manter Bolsonaro no poder.
Lembrando que se desse certo, Lula, Alckmin e Moraes estariam mortos.
E Bolsonaro teve a cara dura de pedir a um de seus alvos de morte, Alexandre de Moraes, a revogação de sua prisão, uma mariola e um selinho. Claro, recebeu um NÃO!
Esse grupo, conhecido como o “núcleo criminoso da desinformação”, é formado por sete réus acusados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de disseminar notícias falsas sobre as urnas eletrônicas, promover ataques virtuais a autoridades e instituições, e pressionar as Forças Armadas a aderir ao plano golpista.
A PGR, em suas alegações finais, pediu a condenação de todos por cinco crimes graves, que somados podem resultar em penas superiores a 40 anos de prisão cada.
O cronograma inclui sessões nos dias 14, 15, 21 e 22 de outubro, com foco inicial em preliminares processuais (como nulidades alegadas pelas defesas) e, em seguida, no mérito das acusações.
Se rejeitadas as preliminares, os ministros avaliarão indícios de autoria e materialidade para condenação.
Todos respondem pelos mesmos cinco crimes:
Organização criminosa armada
Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
Tentativa de golpe de Estado..
Dano qualificado pela violência e grave ameaça contra patrimônio da União.
Deterioração de patrimônio tombado
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Decisão do ministro absolveu Bolsonaro e outros cinco réus, mas manteve condenação de Braga Netto e Mauro Cid
O julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a tentativa de golpe de Estado ganhou um novo capítulo nesta quarta-feira (10), quando o ministro Luiz Fux apresentou um voto surpreendente que absolveu a maior parte dos réus, com argumentos contraditórios.
Durante mais de 11 horas de exposição, Fux defendeu a condenação apenas do general Walter Souza Braga Netto e do tenente-coronel Mauro Cid, deixando de fora da sentença o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros cinco acusados. A explanação do ministro inspirou memes nas redes sociais.
As montagens ressaltam que o voto de Fux foi favorável a Jair Bolsonaro e reforçou os argumentos que levaram Donald Trump a impor sanções tarifárias ao Brasil e ao ministro Alexandre de Moraes por razões políticas.
Alguns memes também fazem alusão ao logo tempo que o ministro usou para justificar seu voto, como na montagem em que ele aparece de pijama em meio ao julgamento.
O placar atual está em 2 a 1 pela condenação do ex-presidente, e o julgamento será retomado nesta quinta-feira (11) com os votos de Cármen Lúcia e Cristiano Zanin.
O julgamento histórico deve se estender até sexta-feira (12), quando será definido o desfecho do núcleo 1 da investigação da Procuradoria-Geral da República.
Veja alguns memes sobre o voto de Fux:
*ICL
*Foto-arte: Jota
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Entre os réus estão o ex-presidente Jair Bolsonaro, os generais Walter Braga Netto, Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira, o almirante Almir Garnier, o deputado Alexandre Ramagem, o ex-ministro Anderson Torres e o tenente-coronel Mauro Cid.
Os cinco ministros da Turma vão decidir se as acusações apresentadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra as lideranças do grupo são procedentes. Os ministros Alexandre de Moraes e Flávio Dino votaram, nesta terça-feira (9), pela condenação de todos os réus. Votarão ainda os ministros Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin, nessa ordem.
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STF retomou hoje o julgamento de Bolsonaro e outros sete réus acusados de tentativa de golpe de Estado após eleição de 2022;
Nesta fase, ministros da Primeira Turma começam a ler seus votos; posição de Fux é a grande dúvida;
Bolsonaro é acusado de liderar organização criminosa armada; tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de Estado; dano contra patrimônio da União; e deterioração de patrimônio tombado. Ele nega;
Atos contra o ex-presidente e também contra o julgamento foram registrados no fim de semana do Sete de Setembro;
Julgamento ocorre sob pressão do presidente americano, Donald Trump, que pediu interrupção do processo contra o aliado Bolsonaro e impôs tarifas contra importações brasileiras em retaliação.
Cobertura ao Vivo Há 3 minutosTentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito x golpe de Estado Alexandre de Moraes afirma que os atos cometidos pela organização criminosa comandada por Jair Bolsonaro entre julho de 2021 e 8 de janeiro de 2023 devem ser analisados em conjunto.
O magistrado dedicou ainda um tempo a explicar melhor os crimes imputados pela PGR. Segundo ele, muitos confundem ou dizem tratar-se dos mesmos delitos os crimes de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado. “São dois crimes autônomos”, disse.
Moraes explicou que a tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito se dá, por exemplo, quando um governo que está no poder age para que o sistema de freios e contrapesos deixe de existir. Já um golpe de Estado é configurado por um Executivo que age para se manter indefinitivamente no poder.
Jair Bolsonaro é acusado de liderar organização criminosa armada; tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de Estado; dano contra patrimônio da União; e deterioração de patrimônio tombado. Ele nega.
Assista:
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou em entrevista ao SBT em 5 de setembro de 2025 que o ex-presidente Jair Bolsonaro, ao defender anistia antes de seu julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) por suposta tentativa de golpe de Estado, estaria assumindo sua culpa.
Segundo Lula, “o fato dele pedir anistia antes de ser julgado significa que ele sabe que é culpado. Ele está se autocondenando”.
O petista destacou que Bolsonaro deveria estar focado em provar sua inocência, mas considera que a defesa do ex-presidente não apresenta argumentos consistentes. Lula também enfatizou que o processo é jurídico, com forte conotação política, e que atentados contra o Estado Democrático de Direito devem ser punidos.
O julgamento de Bolsonaro e outros sete réus no STF, relacionado aos atos de 8 de janeiro de 2023 e à suposta trama golpista, está em andamento na Primeira Turma da Corte, com sessões previstas para a semana de 9 a 12 de setembro de 2025.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) acusa Bolsonaro e aliados de crimes como tentativa de golpe, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa, com base em delações premiadas de ex-integrantes do governo.
Paralelamente, aliados de Bolsonaro, como o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante, articulam um projeto de lei de anistia que perdoaria os envolvidos nos atos de 8 de janeiro e poderia restaurar a elegibilidade de Bolsonaro para 2026, abrangendo até crimes investigados desde 2019.
A oposição, com apoio de figuras como o governador Tarcísio de Freitas, intensifica esforços para aprovar a proposta, enquanto Lula mobiliza apoiadores contra ela, alertando para o risco de enfraquecimento da democracia.
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Começou o julgamento no STF do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros sete réus por tentativa de golpe de Estado. Você pode assistir ao vivo aqui no YouTube da BBC News Brasil, que retransmite a TV Justiça. Também traremos atualizações e análises ao vivo em bbcbrasil.com.
O julgamento vai continuar nos dias 3, 9, 10 e 12 de setembro, também com transmissão ao vivo na BBC News Brasil, pelo YouTube, Instagram, Facebook, TikTok e bbcbrasil.com.
O ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal, vai ler o relatório do caso. Em seguida, falará o procurador-geral da República, Paulo Gonet.
O julgamento será feito pela Primeira Turma do STF, composta pelos ministros Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin.
Os demais réus são: deputado federal Alexandre Ramagem; Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha; Anderson Torres, ex-ministro da Justiça; Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência; Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro; Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa; e Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil.
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Bolsonaro enfrenta julgamento histórico no STF, em processo que testa democracia e gera tensão com Trump
O jornal norte-americano The Washington Post publicou nesta segunda-feira (1) uma análise assinada pelo repórter Terrence McCoy sobre o início do julgamento de Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF). O processo é descrito como um marco inédito na história do Brasil, país que já enfrentou mais de uma dezena de tentativas de golpe, mas nunca havia levado generais ou políticos a julgamento por atentar contra a democracia.
Segundo o veículo, Bolsonaro — figura mais popular da direita brasileira — é acusado de articular um plano para subverter a ordem constitucional após a derrota para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2022. Ao lado dele, também respondem militares de alta patente, incluindo um almirante e três generais, todos negando as acusações e denunciando suposta perseguição política.
O peso histórico do julgamento Especialistas ouvidos pelo jornal norte-americano apontam que o processo representa um divisor de águas. Carlos Fico, historiador da Universidade Federal do Rio de Janeiro, destacou: “Por décadas, estudei mais de uma dúzia de golpes e tentativas de golpe, e todos resultaram em impunidade ou anistia. Desta vez será diferente”.
A acusação sustenta que Bolsonaro não apenas questionou, sem provas, a legitimidade das urnas eletrônicas, mas também teria redigido e apresentado a militares um decreto para “corrigir” o resultado eleitoral. O documento previa ainda a possibilidade de prender e assassinar Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, segundo mensagens interceptadas pela polícia, lembra a reportagem.
Reação internacional e confronto com Trump A análise ressalta também a crescente tensão diplomática entre Brasil e Estados Unidos. O presidente norte-americano, Donald Trump, aliado de Bolsonaro, classificou o processo como uma “caça às bruxas” e impôs tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, além de sancionar Moraes. Em entrevista ao The Washington Post, o ministro rebateu: “O Brasil não vai ceder à pressão. Todos aqui reconhecem e respeitam o poder militar e econômico dos Estados Unidos, mas o Brasil é independente e continuará independente”.
O impacto interno e os fantasmas da ditadura O julgamento ocorre em um país ainda marcado por silêncios históricos: a escravidão e a ditadura militar. Ao contrário de vizinhos como Chile e Argentina, que processaram responsáveis por violações de direitos humanos, o Brasil optou pela anistia em 1979. Para a historiadora Lilia Schwarcz, da Universidade de São Paulo, o caso atual tem forte simbolismo: “O Brasil carrega dois pactos de silêncio. É por isso que este processo é tão simbólico”.
A análise do Post lembra que, ao longo da história republicana, o Brasil sofreu 14 tentativas de golpe, metade delas bem-sucedidas. A mais marcante, em 1964, instaurou 21 anos de regime militar, período de censura, torturas e assassinatos reconhecidos pela Comissão Nacional da Verdade em 2012.
Efeitos políticos e o futuro da direita As audiências devem durar menos de duas semanas, com transmissão nacional, e podem redefinir a relação entre militares e política. Para o cientista político Matias Spektor, da Fundação Getulio Vargas, trata-se de um momento sem precedentes: “O país nunca colocou na prisão alguém que teve acesso ao aparato bélico do Estado. Isso é revolucionário”.
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