Poderia-se até dizer que a cabeça provinciana e medíocre dos lavajatistas de Curitiba não admitiam que um brasileiro fosse tão respeitado no mundo, sobretudo com uma trajetória iniciada na pobreza, para se tornar um dos mais importantes líderes mundiais.
O medíocre pensa de forma medíocre, pequena. Então, forma teorias a partir de sua própria limitação intelectual, arquitetando uma mesquinha história para dar asas à sua pequenez e, assim, tentar, através da arte da manipulação em parceria com a mídia, produzir no psique coletivo uma visão caseira do próprio mundo.
Lógico que esses mesmos incapazes, desde o princípio, sabiam que a denúncia que sustentavam era vaga pelo simples fato da imprensa internacional cobrir as palestras de Lula no exterior. Mas isso precisava ser negado para que o coro e o clima de linchamento levassem a acreditar que Lula era um corrupto.
Essa, na verdade, foi a estética oficial da Lava Jato na doentia perseguição ao maior presidente da história do Brasil que teve uma aprovação recorde depois de oito anos de condução do Brasil que o levou a um patamar inimaginável para o miolo mole dos medíocres de Curitiba.
Agora, chega a notícia de que, sem o pensionato do Jornal Nacional, a mentira teve que ser arquivada e o cabotinismo moral dos imorais, carregado de soberba, tem que enfiar o rabo entre as pernas e escrever com todas as letras que aquela acusação era típica de um inconsolável rancor de classe que os janotas e sinhás da Lava jato carregavam com eles contra Lula.
E só o fizeram porque a lei obriga ou sustentariam essa grosseira acusação para o resto da vida. Mas tiveram que, novamente, de frente para Lula, ajoelhar, enfiar a viola no saco e se confessarem incapazes até de mentir diante da grandeza e envergadura de um líder mundial.
A própria Lava Jato investigou a realização de todas as conferências e depois de cinco anos a Polícia Federal e o Ministério Público não conseguiram apresentar nem uma acusação inventada em torno das palestras. E arquivaram essa acusação.
Entretanto, depois de muito acusarem e insinuarem, quando não acham crime, não reparam o estrago, não pedem desculpas, não divulgam para a imprensa, não saem notícias na TV e rádios do mesmo jeito que fazem quando acusam.
Mas aqui no blog divulgamos a verdade amarga para quem quis difamar Lula.
Afinal de contas, quantos judiciários tem no Brasil?
Não há ingenuidade possível que não sentencie que o sistema de justiça no Brasil faliu.
As engenhosas justificativas para se chegar a esse retrato, são muitas e muito criativas, mas não colaboram, fora do picadeiro humorístico, com a estabilidade institucional do país.
O judiciário, que tão uniformemente se entregou aos desejos da mídia na farsa do mensalão, sofreu uma dilatação tão grande que o ex-juiz Moro, hoje completamente desmoralizado, profissionalizou uma moldura entalhada especialmente para impor suas molecagens jurídicas sem que houvesse qualquer resistência oficial do judiciário. Tudo havia se transformado numa papa só com casca grossa, aonde não penetrava luz.
Assim, o judiciário brasileiro passou a ter um estilo Moro, uma fisionomia lavajatista.
Ali tinha um produto conjugado com farta manipulação dos fatos e, consequentemente da opinião pública, que, na verdade, era o grande objetivo a ser alcançado pela Lava Jato. Isso ficou muito claro no vazamento pelo Intercept, quando Dallagnol diz a Moro que a acusação que tinham contra Lula era extremamente frágil, subjetiva e precisaria passar por um banho de mídia para transformar a condenação de Lula em ação divina.
Ou seja, o sentimento da sociedade tinha quer ser o sentimento de justiça, justiça esta arquitetada nas redações dos grandes jornais em parceria com os foiceiros da Lava Jato.
Foram cinco anos em que a mídia e a república de Curitiba consagraram esse estilo, afastando cada vez mais a justiça da Constituição e aproximando ainda mais a justiça da situação política e, como tal, a negação de um julgamento isento era imperativa.
Com esse estilo histórico da Lava Jato e mídia, Bolsonaro, compreendendo que precisaria recorrer ao mesmo expediente, resolveu filiar-se à mesma matriz com algumas divergências, se sua falange de picaretas já estava queimada na mídia, então o embate deveria ocorrer peito a peito dentro do sistema de justiça, desenhando como uma pintura viva, seu próprio sistema, escrito pelos “pensadores” de seu governo para impor, de forma nua e crua, uma justiça própria que lhe parecesse segura o suficiente para livrar a cara de uma legião de vigaristas da família chamada guanabarinamente de clã Bolsonaro.
O que Bolsonaro precisava, ele conseguiu, uma justiça morna, lenta, lerda que despreza o tempo e atrofia o próprio espaço institucional para, assim, impor brilho próprio nas teias das cortes por onde passam os processos contra os membros do seu clã.
O sentido é o mesmo da Lava Jato, proteger aliados e atacar inimigos.
Só que, depois que a Lava Jato ficou com as tripas à mostra, o judiciário, capacho, precisou de um malabarismo mais engenhoso. Ainda assim, diante de tanta velocidade com que Witzel foi sacado do governo do estado do Rio e Crivella ficou inelegível, numa clara guerra política dentro das cortes, a bondade da justiça com os membros do clã, grita no sentimento coletivo da sociedade.
Todos perguntam, a que horas de fato Flávio Bolsonaro será punido por crimes tão escancaradamente descobertos?
Outra pergunta que ficou no ar e que virou piada nacional, feita por um repórter do Globo “Presidente, por que sua esposa, Michelle, recebeu R$ 89 mil de Queiroz?” segue sem resposta de Bolsonaro e da justiça. O que parece é que esse assunto está censurado no mundo dos Meritíssimos.
O que fica claro, não só pela morosidade, mas também pela ineficiência da justiça, é que Bolsonaro foi um bom aluno de Moro e enxergou aí nessa barafunda jurídica o caminho para atravessar a tormenta literalmente sem ser atormentado pelas leis.
A defesa de Lula segue tentando acessar a íntegra do acordo de leniência da Odebrecht.
Na semana passada, os advogados enviaram um novo pedido à 13ª Vara Federal de Curitiba, no qual afirmam que, mesmo após a segunda decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o tema, há documentos do processo que seguem em sigilo.
Entre os dados em segredo estão os documentos assinados entre a Odebrecht e o Departamento de Justiça dos Estados Unidos (Doj), responsável pela leniência com países estrangeiros, além da Procuradoria-Geral da Suíça, outra signatária da tratativa.
Em decisão tomada no início deste mês, o ministro Ricardo Lewandowski determinou que Lula tivesse acesso ao conteúdo da leniência, às correspondências entre a força-tarefa da Lava-Jato com países que participaram das tratativas e aos documentos relativos aos sistemas de pagamento de propinas da Odebrecht.
Os advogados de Lula estão de olho na parte que traz as perícias feitas pela Polícia Federal nesses sistemas.
Eles querem averiguar se os documentos têm indícios de terem sido adulterados antes de pararem nas mãos os investigadores.
Não é por acaso que esta foto em destaque se tornou a imagem real da Lava Jato. Moro representando a justiça brasileira, com a hegemonia da Lava Jato dentro do sistema de justiça no Brasil, e Aécio, à época, presidente do PSDB, representando a liderança da direita no país.
Não é preciso dizer que os dois sempre gozaram da preferência e, consequentemente da proteção da mídia. Isso, para ser econômico. Na verdade, Aécio e Moro, que se nutriam mutuamente dos ataques ao PT, à Dilma e a Lula, com o mesmíssimo slogan de que o PT era uma quadrilha, contaram com a absoluta e massiva publicidade da grande mídia.
Quando eles naufragam abraçados, junto naufraga toda uma estratégia de poder traçada pela direita.
Bolsonaro que, na verdade, é fruto dessa escumalha, representada por Aécio, Moro e grande mídia, está ali agora sendo excomungado por quem produziu e alimentou o esgoto que pariu o monstro.
É difícil saber hoje quem está mais desmoralizado, Aécio ou Moro. Talvez Aécio, porque não teve como a Globo esconder no Jornal Nacional seu pedido de propina a Joesley com a imagem de seu primo carregando as malas de dinheiro, fato filmado pelo próprio Joesley para ser usado no momento oportuno, como foi.
Moro, certamente, o juiz que mais vazou falsas delações para a grande mídia, foi salvo pela Globo, vejam só, pela emissora considerar que a Vaza Jato era verdadeira, porque esse fato nem Moro negou, mas a fonte e a forma com que as vísceras da Lava jato foram expostas pelo Intercept, eram criminosas, segundo a Globo e o próprio Moro.
Bastaria aquela armação tosca entre Moro, Veja e Globo às vésperas do segundo turno da eleição de 2014 em que a Veja publicou a infame capa, “Eles sabiam de tudo”, estampando os rostos de Dilma e Lula, para se afirmar que a Lava Jato praticamente começa tentando colocar Dilma de joelhos e entregar a Aécio a vitória daquela eleição.
Detalhe, o suposto delator não é ninguém menos do que o doleiro de estimação de Sergio Moro desde o escândalo do Banestado, Alberto Youssef, que hoje goza de uma vida de rei com o fruto de sua corrupção, com duas absolvições de Moro, no Banestado e na Lava Jato.
Com tanta mentira, com tanta corrupção envolvendo o mundo desses dois que ficaram famosos juntos através dessa imagem promíscua, que acabaram morrendo abraçados, afogados na própria ganância, enquanto Lula e Dilma estão politicamente mais fortes do que nunca.
Pelo tom da matéria ameaçadora da Crusoé/Antagonista sobre Toffoli, tendo Alexandre de Moraes como coadjuvante, os dias de Moro dentro do STF estão contados.
A reportagem que trata de uma suposta delação de Marcelo Odebrecht contra Toffoli tem aquela credibilidade que todos sabem quando o assunto é delação e Lava Jato.
A condenação de Bretas por unanimidade pelo TRF-2, a ordem de Gilmar Mendes para que Bretas explique em cinco dias a operação contra escritórios de advogados pela Lava Jato, autorizada por ele e a intimação da PF para Moro depor, mesmo como testemunha sobre os atos antidemocráticos, porque à época era ministro de Bolsonaro, mostram que a Lava Jato, senão toda, parte dela está sendo passada a limpo pela justiça.
E cada degrau perdido por qualquer um desses membros do oráculo lavajatista, como também é o caso de Dallagnol que caiu em desgraça, os antigos heróis vão perdendo força e, perdendo força, perdem também a capacidade de resistir a uma corrente contrária que se avoluma a cada dia contra o lavajatismo.
É difícil saber o que vem por aí, mas vem coisa grande, pelo tom da reportagem do blog do qual Moro é sócio, o que está sendo esculpido contra a república de Curitiba e congêneres, não é coisa pequena e pode revelar surpresas inimagináveis contra o califado lavajatista.
Órgão Especial do tribunal deu um pequeno passo em favor do resgate do decoro do Poder Judiciário.
Reinaldo Azevedo – Num país em chamas, em que o devido processo legal está sendo esturricado junto com as onças e os jacarés —enquanto doutores do punitivismo pisam nos astros desastrados—, o Órgão Especial do TRF-2 deu um pequeno passo em favor do resgate do decoro do Poder Judiciário. Decoro! Gosto dessa palavra nas lentes do direito ou em Paulo, o apóstolo. “Tudo me é permitido, mas nem tudo me convém.”
Por 12 votos a 1, com um impedimento, os juízes federais aplicaram a pena de censura ao juiz Marcelo Bretas, triunfando, por quase unanimidade, o voto do relator, Ivan Athié, que viu “superexposição e autopromoção” na conduta do chamado “juiz da Lava Jato do Rio” ao participar de eventos públicos, no dia 15 de fevereiro, em companhia do presidente da República e de outros políticos.
Em seu voto, Athié citou trechos de um texto que publiquei em meu blog, apontando a desconformidade da atuação de Bretas com o que dispõe resolução do Conselho Nacional de Justiça, que recomenda ao juiz “evitar expressar opiniões ou compartilhar informações que possam prejudicar o conceito da sociedade em relação à independência, à imparcialidade, à integridade e à idoneidade do magistrado ou que possam afetar a confiança do público no Poder Judiciário”.
O mesmo texto alerta que o magistrado deve “evitar manifestações que busquem autopromoção ou superexposição”. Os leitores desta coluna certamente conhecem ao menos parte das minhas reservas à atuação judicial e extrajudicial de Marcelo Bretas. De seu particularíssimo entendimento do artigo 312 do Código de Processo Penal, por exemplo, que regula a prisão preventiva, à exibição narcísica de sua, digamos, musculatura jurídica, não me parece que ele seja um bom discípulo de Paulo.
Seja no entendimento da Constituição, seja na interpretação que faz do Evangelho, entendo que o juiz é mais um a ignorar a letra explícita das leis, dos códigos e mesmo das escrituras. E o faz em favor do solipsismo estridente, de modo que seu subjetivismo e seu personalismo, embora alinhados com a metafísica influente destes tempos, atuam contra as garantias do devido processo legal e do Estado democrático e de Direito.
Não destaco por vaidade o fato de o juiz federal Athié ter citado um texto meu num voto que encontrou uma única dissensão, sendo referendado por 11 outros. Eu o faço em homenagem a uma postura —hoje minoritária no país e na imprensa—, que reconhece não haver saída para o Brasil fora do ordenamento legal e da prevalência das instituições.
E assim é porque vivemos num regime democrático, ainda que literalmente sufocado por fumaças, imposturas e omissões. Numa ditadura, numa tirania, a subversão é um dever moral e um imperativo ético. E me orgulho muito de, dentro das limitações do que me permitia a juventude, ter atuado para sabotar o estado ditatorial. Na democracia, um conservador preserva instituições. Se em desconformidade com elas, força os limites da moldura em favor de mudanças.
Considero inaceitável, aí sim, que quadros que integram o aparato da ordem —devendo, pois, atuar em defesa da sua permanência, assegurando, por óbvio, a eficácia dos mecanismos que lhe permitem a mudança— atuem como subversivos de toga, de sorte que as garantias que a própria Constituição assegura à magistratura ou ao Ministério Público são postas, então, a serviço da corrosão da institucionalidade.
Infelizmente, essa visão intervencionista, subversiva e corrosiva da Justiça já chegou às cortes superiores. Para quem sabe ler as linhas e as entrelinhas, o discurso de posse de Luiz Fux como presidente do STF acena para a condescendência com os métodos ilegais e heterodoxos da Lava Jato. A substituição da política pela polícia —de sorte que se pode falar hoje, em certos casos, de uma polícia política— abriu o caminho para o triunfo dos “hooligans” contra a ordem democrática.
Estão por aí, a crestar, real ou simbolicamente, tudo o que encontram pela frente: Constituição, bicho ou gente. Em meio à fumaça e à cultura da morte, o TRF-2 emprestou um respirador à democracia.
Com a mesma velocidade que surgiu na cauda da histeria midiática contra o PT, a meteórica ascensão do bolsonarismo se esfarela numa velocidade ainda maior.
Witzel sofre impeachment por corrupção e Bretas é punido por participação em evento político com Bolsonaro e Crivella.
Aparentemente há uma coincidência no fato de Witzel ver a aprovação pela Alerj do seu processo de impeachment no mesmo dia em que seu padrinho político, Marcelo Bretas, sofre uma amarga punição vinda do TRF-2, ou seja, de dentro do próprio ambiente jurídico.
É preciso entender isso por um ponto de vista amplo, porque sabe-se hoje que, enfim, Moro conseguiu sua carteira da OAB.
Aqui fala-se de três juízes de primeira instância, e é para esse ponto que tem que se atentar, que tiveram ascensão instantânea no país depois de, praticamente, uma década em que o judiciário se prestou à politicagem mais rastaquera de que se tem notícia na história do Brasil, deixando-se pautar pela mídia e pelos interesses nada republicanos que colocaram o judiciário de joelhos para o grande capital.
Em nome de um combate à corrupção, o STF aceitou ser protagonista da farsa do mensalão que serviu de degrau para a farsa da Lava Jato que, por sua vez, serviu de degrau para o militarismo representado pelo governo Bolsonaro chegar ao poder.
Hoje, para todos esses pontos em que se olha, que se concatenam pela mesma mentira, o resultado é igual, terra arrasada.
O STF nunca imaginou viver o inferno que viveu há pouco tempo por quem tinha o Supremo como o oráculo do antipetismo. Em seguida, foi Moro que se achou mais bolsonarista do que o próprio Bolsonaro, apostando numa popularidade efêmera e, hoje, além de amargar o ostracismo, vê a sua Lava Jato rebaixada a uma quadrilha de espertos que tentou, através de uma série de combinações, criar uma nova via para se chegar ao poder.
O resultado disso tudo foi o governo Bolsonaro com o aniquilamento completo do PSDB, que foi quem organizou essa barafunda em parceria com a Globo para sabotar e derrubar o governo Dilma.
O PSDB não existe mais, tanto que o Globo e o programa Roda Viva da TV Cultura farão homenagens póstumas ao túmulo do tucano desconhecido exaltando a múmia de FHC.
Ou seja, o PSDB não se sentindo satisfeito em quebrar o país três vezes durante o governo FHC, resolveu aniquilar com o país depois da quarta derrota consecutiva para o PT.
Hoje vê-se um governo de militares completamente incompetente em todas as áreas, produzindo a morte, até o momento, de mais de 134 mil brasileiros por Covid-19, incêndio de proporções catastróficas na Amazônia e pantanal, aumento exponencial da miséria e da fome, além da economia aos cacos que expões o Brasil ao vexame internacional, ao isolamento global e à marginalização do país no sistema financeiro mundial.
Isso tudo vem da mesma fonte, tanto que a imagem não mente quando se vê Witzel e Bretas comemorando juntos, no mesmo avião, o passeio à Brasília para a posse de Bolsonaro.
Nessa tragédia que o Brasil vive, mídia, Bolsonaro, Bretas, Crivella, Moro, Dallagnol, Lava Jato, STF, militares, PGR, estão todos juntos e misturados. Basta puxar um fio que vem o novelo inteiro.
Mais recente investida da Lava Jato contra o ex-presidente copia ilicitudes e inova ao repetir denúncia já julgada.
“A história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa”. A célebre frase de Karl Marx ganhou contornos de atualidade no último dia 14, quando a força-tarefa Operação Lava Jato de Curitiba ofertou sua quarta ação penal contra Luiz Inácio Lula da Silva, por suposto ganho ilegal de valores cedidos pela empreiteira Odebrecht, em troca de favorecimentos à empresa em contratos públicos.
Isso porque a denúncia repete as ilegalidades e impossibilidades processuais constantes nas anteriores, o que já é uma tragédia. Mas não apenas mimetiza a fórmula ilegal: reproduz acusações já apresentadas, apreciadas e rejeitadas pela Justiça, como se um novo fato fosse, a justificar um novo processo.
A denúncia, de 121 páginas, está aqui. É quase tão caudalosa quanto a primeira da série, que tinha 149 páginas, de 2016, sobre o triplex do Guarujá (SP), imortalizada na apresentação de PowerPoint de Deltan Dallagnol. Em 85 das 121 páginas, os assuntos tratados não são relacionados ao suposto crime que se denuncia: lavagem de dinheiro por meio de doações fraudulentas da Odebrecht ao Instituto Lula.
Nessas páginas, os procuradores da Lava Jato repetem todo o teor do PowerPoint de 2016, mas de forma estendida. Discorrem sobre a teoria de que Lula era o chefe de um esquema criminoso que fraudava contratos públicos em desfavor da União em troca de vantagens recebidas em dinheiro ou bens patrimoniais, para si próprio, aliados, campanhas eleitorais ou partido político.
Sendo a teoria da Lava Jato amparada pela realidade ou não, fato é que o que precisa constar em uma denúncia para que a Justiça possa acatá-la é algo muito mais simples: a descrição de um ato criminoso, a atribuição de sua autoria a alguém e as provas de que o delito em questão foi cometido pelo acusado que se aponta. Isso, assim como o libelo acusatório de 2016, a nova denúncia não traz.
A inquestionável falta de provas da denúncia
Eis o crime que tenta denunciar o MPF-PR: a empresa Odebrecht, entre dezembro de 2013 e março de 2014, realizou quatro doações, no valor de R$ 1 milhão cada, para o Instituto Lula. Na verdade, porém, dizem os acusadores, não era intenção da empreiteira doar esses valores ao instituto. Tratava-se de um pagamento de propina ao ex-presidente, travestido de doação a seu instituto, em troca de favorecimentos que Lula teria garantido à companhia em contratos públicos enquanto era presidente da República.
De início, para aceitar a lógica da denúncia, é preciso acreditar que Lula favoreceu a Odebrecht enquanto era presidente, mas, por algum motivo, aceitou, na negociata em que teria se envolvido, que a propina por sua atuação no esquema fosse paga só quatro anos após ter deixado a Presidência da República.
Então, segundo a lógica da Lava Jato, entre 2010 e 2014, Lula teria aguardado pacientemente até que a empreiteira pagasse pelos favorecimentos há anos concretizados. Nesse ponto, há uma vantagem em relação à denúncia do triplex: pelo menos a propina teria chegado a Lula através de seu instituto, e não por meio de um imóvel no Guarujá do qual jamais foi dono ou usufruiu, e de que nem a empreiteira que estaria pagando a propina era dona, mas sim seus credores judiciais.
Depois, os procuradores têm que enfrentar outros dois fatos que não colaboram com sua tese: o primeiro é que as doações foram feitas todas publicamente e de acordo com o ordenamento normativo em vigor no país, seguindo todas as regras contábeis, tributárias e comerciais vigentes, constantes em declarações de renda, balanços financeiros e informes à Receita Federal.
O segundo é o de que os valores doados em nada diferem, em escala e procedimentos, de muitas outras doações idôneas desse tipo, feitas por outras empresas ao mesmo Instituto Lula. E também em nada diferem em procedimento ou valores de doações que essas mesmas empresas já fizeram a entidades semelhantes de manutenção de acervo histórico presidencial, como o Instituto Fernando Henrique Cardoso ou o Instituto Obama, nos Estados Unidos.
A questão, inclusive, já foi apreciada pela Justiça em ação penal anterior proposta pelo mesmo MPF-PR contra os mesmos réus, tendo como base outra empresa e outra doação. Daí a farsa da denúncia, que tenta fazer julgar algo que já foi julgado, conforme explica ao Brasil de Fato o advogado Fernando Fernandes, que representa Paulo Okamotto.
“Não há diferença entre essas doações e outras já realizadas pela Odebrecht, pela OAS ou qualquer empresa, sobre as quais a Justiça já se posicionou: não constituem lavagem de dinheiro. O assunto já foi objeto de ação anterior, e Paulo Okamotto já foi absolvido da acusação.”
Quer dizer: em princípio, nada nas operações de doação faz crer que tenham sido um acobertamento do crime de lavagem de dinheiro. À primeira vista, são transações legais, corriqueiras e insuspeitas.
De qualquer maneira, o Ministério Público bem poderia demonstrar o ânimo criminoso que teria movido as doações, se tivesse havido um. Para tanto, precisaria deixar claro e provado:
a) Qual foi o favorecimento que Lula forneceu em troca da propina travestida de doação.
b) Por que as doações, na verdade, não são doações, e sim pagamento de propina.
A tarefa, como se nota, não é fácil, mas não seria impossível. Os procuradores têm à sua disposição uma série de ferramentas legais para alcançar a materialidade de atos criminosos. Uma prova poderia ser, por exemplo, uma escuta telefônica em data e horário autorizados pela Justiça em que Lula ou algum assessor combina com algum executivo da empreiteira que a favoreceria neste ou naquele contrato com a União em troca das doações – dali a uns quatro anos – a seu instituto.
O problema, e aí reside a repetição, é que os procuradores novamente acusam Lula (e também o presidente do Instituto, Paulo Okamotto) sem qualquer prova. Custa-se a crer, mas a denúncia, disponibilizada acima, é a própria prova do que se afirma.
Ao longo das 121 páginas do documento do MPF, não figura uma evidência sequer que sustente a tese acusatória. Não há uma gravação de interceptação telefônica, uma mensagem de texto, um e-mail trocado, um documento fraudado, um depósito bancário, uma foto de malas trocadas, um apartamento com milhões de reais dentro, uma testemunha, nada.
O simulacro de sustentação para a tese da Lava Jato dá-se por meio de delações premiadas assinadas por executivos e políticos que efetivamente confessaram e foram condenados por ter pago ou recebido propinas milionárias em desfavor da União – no caso, Marcelo Odebrecht e Antonio Palocci.
O problema – para essa e as outras acusações da Lava Jato contra Lula – é que réus da Justiça que assinam acordos de delação premiada não são testemunhas. Sua palavra não tem valor de prova testemunhal, quanto menos pericial ou documental.
Mas é só assim que o MPF, ao arrepio da lei, sustenta sua acusação. É só assim, muito embora a lei que cria o instituto da delação premiada (12.850/2013) seja cristalina ao afirmar, em seu 16º parágrafo do Artigo 4º: “§ 16. Nenhuma sentença condenatória será proferida com fundamento apenas nas declarações de agente colaborador.”
A razão para a existência de tal norma é evidente. Não fosse assim, qualquer indivíduo que incorresse em ato delituoso poderia, a fim de livrar-se da consequência penal de seus feitos, criar as histórias e acusações que bem entendesse e bem interessasse aos procuradores, livrando-se em parte ou no todo dos débitos que tem com a Justiça. Por isso, delação só vale se acompanhada de provas.
Ainda assim, o Ministério Público Federal sustenta a tese de que Lula, com a ajuda de Okamotto, lavou dinheiro de propina por meio de doações declaradas e contabilizadas baseado unicamente em delações de réus confessos, que obtiveram vantagens judiciais cedidas pelo próprio MPF para assiná-las.
Seria surpreendente se fosse a primeira vez. Mas não é, trata-se do mesmo expediente utilizado pela Lava Jato para denunciar Lula no caso do triplex. Junto com Sergio Moro e os desembargadores do TRF-4, obtiveram a condenação na primeira oportunidade, para o vexame do Brasil diante da comunidade jurídica internacional.
O advogado Cristiano Zanin, que representa o ex-presidente Lula nas ações encampadas pela Lava Jato, resume a questão:
“Essa nova denúncia repete a mesma fórmula das anteriores. É uma denúncia sem qualquer materialidade, que tenta transformar quatro doações lícitas para o Instituto Lula, documentadas, contabilizadas e declaradas, em doações dissimuladas e ilícitas. É mais um grande absurdo. O único amparo para essa nova acusação, para variar, são delações, em especial a delação de Antonio Palocci.”
Estranhamente, cinco dias após Ricardo Barros, líder do governo na Câmara, dizer que a Lava Jato armou para tirar Lula da disputa eleitoral, seu escritório no Paraná, terra da Lava Jato, sofre uma devassa.
O Ministério Público do Paraná cumpre mandado de busca e apreensão no escritório do deputado federal Ricardo Barros, em Maringá (PR). Ele é líder do governo Bolsonaro na Câmara dos Deputados.
A ação é realizada pelo do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP e conta com a ajuda da ajuda da Polícia Civil.
Independente da acusação que pesa sobre Barros, que precisa ser averiguada, uma coisa é certa, a Lava Jato age por vingança ou conluio.
A última reportagem da Agência Pública, em parceria com o Intercept, na Vaza Jato, dá conta de que a obscura relação entre Dallagnol e Bruno Brandão, diretor da Transparência Internacional, de transparente e ética, nada tem. O que foi revelado na troca de mensagens entre os dois paladinos , é assombroso pelos fatos narrados e pelo modus operandi da Lava Jato e da própria, dita Transparência Internacional.
Outro fato que assombra é a manipulação da procuradora Renata Ribeiro Baptista, colocando palavras na boca do delator, Orlando Diniz, para que ele dissesse o que ela queria contra Cristiano Zanin, advogado de Lula.
Então, não é preciso juntar os fios, eles já estão aí dando curtos pra todo lado, tamanha a imoralidade romanceada pela mídia em defesa da Lava Jato que afunda em seu inferno mortal e tenta arrastar para a sua própria sombra quem ela considera inimigo.
Por isso, não se pode duvidar de que essa operação contra Ricardo Barros seja mais uma das molecagens jurídicas de uma Lava Jato que está enfiada em seus próprios pesadelos no fundo do poço.
Lula: “Sou contra isenção de impostos pra igreja católica, evangélica, ou qualquer que seja”.
O ex-presidente Lula, em entrevista concedida ao site DCM nesta terça-feira (15), apontou as organizações Globo como umas das principais mentoras da criminalização da política no Brasil, através da sua relação com a operação Lava Jato. “Como a Globo vai se desfazer do Moro? Foi ela que pariu o Moro”, disse Lula, que durante vários anos foi manchete principal do jornal Nacional, apontado arbitrariamente como corrupto.
“A Lava Jato todo dia inventa uma mentira na expectativa de que algo cole contra o Lula… Essa gente ainda vai ser condenada por crime de lesa pátria. É apenas uma questão de tempo. O Ministério Público é uma instituição séria e não pode ser tomado por fedelhos messiânicos”, acrescentou o ex-presidente.
Lula também disse que “eles [da Lava Jato em Curitiba] precisam encontrar rota de fuga”.
“O crime que eu cometi foi a ousadia. Eles tentam anular essa parte da história do Brasil. Tenho força e caráter para enfrentar a podridão da força-tarefa de Curitiba. Estou tranquilo. A mesma safadeza estão fazendo com o Cristiano Zanin [seu advogado de defesa]. Até quando o Judiciário terá conivência com essa podridão?”, concluiu.