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Aliados pressionam Lira a passar por cima do TSE e derrubar vice da Câmara

Argumento é que assunto não diz respeito à Justiça Eleitoral; se confirmado, ato seria nova fonte de atrito entre Poderes.

Segundo a Folha, aliados do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), têm defendido que seja descumprida uma decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) no caso envolvendo a tentativa de bolsonaristas de trocar o vice-presidente da Casa.

Se levado a cabo, um ato de Lira em desacordo com uma decisão judicial poderia se tornar uma nova fonte de atrito com o Judiciário, além de implicar possível crime de desobediência por parte do presidente da Câmara.

Integrantes do Legislativo, no entanto, dizem que o TSE deveria rever o entendimento porque, segundo eles, não é competência do tribunal emitir ordens do tipo.

o PL pressionou o presidente da Câmara a retirar o ex-integrante da legenda Marcelo Ramos (AM) da vice-presidência da Casa e tentar emplacar um deputado da sigla no posto.

A ofensiva começou há cerca de um mês, mas foi intensificada após as críticas do amazonense à edição de decretos que reduzem o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e afetam a zona franca de Manaus.

O próprio presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou em sua live semanal que pediu ao PL, seu partido, que destitua Ramos, que é seu opositor e trocou o PL pelo PSD de Gilberto Kassab.

Ramos recorreu ao TSE e conseguiu, no final de abril, uma decisão a seu favor, dada por Alexandre de Moraes, considerado pelo Planalto um adversário.

Na ocasião, Moraes determinou que o presidente da Câmara se abstenha de acatar qualquer deliberação do PL que busque afastar ou substituir o deputado da vice-presidência da Casa legislativa.

O ministro ainda terá que decidir sobre um recurso apresentado por Lira contra a decisão inicial. Caso o entendimento de que Ramos não pode ser afastado da vice-presidência seja mantido, líderes partidários alinhados a Lira apoiam que a medida não seja cumprida e que a Câmara resolva a situação conforme suas regras internas.

Na avaliação desses líderes, o Judiciário não pode intervir em uma situação “interna corporis”, ou seja, que deve ser solucionada internamente. Outros parlamentares ponderam, porém, que o objetivo real do discurso é pressionar Moraes ou o plenário do TSE a recuar.

Para um deles, a Câmara não tem que acatar decisão judicial que fira seu regimento interno e é preciso manter a separação de Poderes.

O argumento é parecido com o que vem sendo usado no episódio envolvendo o deputado bolsonarista Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado a 8 anos e 9 meses de prisão e também a perda do mandato. Deputados defendem que apenas a Câmara pode cassar seus próprios integrantes, e não o Supremo.

No caso de Ramos, aliados do presidente da Câmara argumentam que o PL tem direito de reivindicar o cargo de vice. Eles embasam o entendimento no regimento interno da Casa, que determina que o membro da Mesa Diretora que trocar de partido perde automaticamente o cargo que ocupa. A vaga, então, é preenchida após nova eleição.

Tal regra é reforçada por um artigo da Lei dos Partidos, que também estabelece a perda automática de função ou cargo na Câmara do parlamentar que deixar o partido pelo qual tenha sido eleito. O objetivo é manter a proporção partidária.

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Política

Ex-presidente da ANP recusa convite para Petrobras, e Lira se opõe a assessor de Guedes

Dificuldade para encontrar substituto de Silva e Luna, porém, pode fortalecer secretário da Economia

O governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) sondou o ex-presidente da ANP (Agência Nacional de Petróleo) Décio Oddone para ocupar uma vaga no conselho da Petrobras, mas o executivo negou o convite.

Em outra frente, o nome de Caio Mário Paes de Andrade, assessor do ministro Paulo Guedes (Economia) ganha força pela dificuldade do governo de encontrar um nome, mas conta com um veto de peso: o de Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados.

A negativa do ex-presidente da ANP se soma a outras duas dos últimos dias, que levaram o governo a um impasse. Bolsonaro precisa de nomes para presidir o conselho, e a companhia até a assembleia de acionistas, que acontecerá no próximo dia 13.

Engenheiro, Oddone preside desde 2020 a Enauta, empresa de exploração e produção de petróleo e gás. Assim, segundo integrantes do governo, ele esbarraria nos mesmos empecilhos de compliance que Adriano Pires, que negou na segunda-feira (5) o convite para presidir a estatal.

Com dificuldade para encontrar outra opção, aliados do Planalto dizem que a ideia de emplacar Paes de Andrade, secretário especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia se fortalece.

Nos bastidores da Economia, há a avaliação de que, embora ele não tenha experiência no setor de óleo e gás, o atual secretário não deve ter impedimentos para cumprir a nova função.

O presidente da Câmara, por sua vez, diz a interlocutores acreditar que o fato de Paes de Andrade não ter experiência fará com que ele não consiga resolver o problema do preço dos combustíveis.

O deputado avalia, ainda, que Pires tinha mais traquejo para comandar a estatal e promover as mudanças necessárias para evitar altas no valor dos combustíveis.

Aliados do presidente Jair Bolsonaro, que também defendem um nome do setor para a companhia, defendem que ele participe mais de perto das sondagens, hoje feitas pelo Ministério de Minas e Energia.

Segundo auxiliares palacianos, Bolsonaro está muito irritado com o episódio e quer resolver o imbróglio o mais rápido o possível. Já o ministro de Minas e Energias tem defendido ter calma para encontrar um nome que seja definitivo.

Na noite de segunda-feira, Adriano Pires encaminhou uma carta para o ministro Bento Albuquerque negando o convite para a sucessão do general Joaquim Silva e Luna no comando da estatal.

“Ficou claro para mim que não poderia conciliar meu trabalho de consultor com o exercício da presidência da Petrobras. Iniciei imediatamente os procedimentos para me desligar do Centro Brasileiro de Infraestrutura, consultoria que fundei há mais de 20 anos e que hoje dirijo em sociedade com meu filho. Ao longo do processo, porém, percebi que infelizmente não tenho condições de fazê-lo em tão pouco tempo”, afirmou Pires em carta divulgada pelo ministério no início da noite de segunda.

Na prática, apesar de a troca ter sido anunciada, ela só ocorreria no próximo dia 13, na assembleia geral de acionistas da empresa, quando o governo apresenta sua lista de representantes ao conselho.

Em nota na segunda-feira, a estatal confirmou que recebeu dois ofícios do Ministério de Minas e Energia sobre as desistências de Pires e Rodolfo Landim —que havia sido indicado pelo governo para presidir o conselho da companhia—, e que não recebeu informações sobre os nomes substitutos.

A turbulência fez as ações preferenciais da Petrobras, as mais negociadas na Bolsa, recuarem 0,88% nesta segunda, puxando o mercado para baixo.

Esta será a terceira troca no comando da empresa durante a gestão Bolsonaro, e ocorre em um momento especialmente sensível.

*Com Folha

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Bolsonaro pede urgência, e Lira vai discutir nesta terça projeto que libera explorar minérios em terras indígenas

Lira defende a discussão “independentemente da guerra”, argumentando que é preciso diminuir a dependência do Brasil em relação a fertilizantes, hoje importados da Rússia (23%) e Belarus (3%).

O presidente Bolsonaro aproveitou a crise entre Rússia e Ucrânia para pedir urgência à Câmara para aprovar um projeto que permite a exploração mineral em terras indígenas.

O projeto é de 2020, mas não andou no Congresso. Agora, sob argumento de diminuir a dependência do Brasil de fertilizantes, diante da crise Rússia-Ucrânia, o governo quer celeridade no projeto e já conversou sobre o tema com o presidente da Câmara, Arthur Lira.

Procurado pelo blog, Lira disse que o tema é sensível mas precisa ser abordado – e confirmou que vai discutir o tema com líderes da base e de oposição nesta terça-feira (8).

Lira defende a discussão “independentemente da guerra”, argumentando que é preciso diminuir a dependência do Brasil em relação a fertilizantes, hoje importados da Rússia (23%) e Belarus (3%).

“Vou conversar com os líderes antes, mas não podemos ser dependentes 80% do exterior. É um tema polêmico, sensível… Mas ninguém é dono do subsolo do Brasil. A gente precisa aproveitar para resolver a dependência do Brasil, independentemente da guerra, porque temos uma questão de segurança alimentar”, disse Lira ao blog.

*Com G1

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Lira manipulou sistema de votação da PEC dos Precatórios

Arthur Lira descumpriu Lei de Acesso à Informação e sonegou dados por mais de um mês, diz a Folha.

A Câmara divulgou na noite desta segunda-feira (13) a lista de deputados que teriam votado a PEC dos Precatórios por meio da manobra patrocinada pelo presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), para aumentar as chances de aprovação da medida.

O informe do nome de oito parlamentares ocorreu após mais de 30 dias de sigilo injustificado e depois de Lira rejeitar pedido da Folha feito por meio da Lei de Acesso à Informação.

A lista enviada, porém, contém ao menos um possível erro, além da indicação de ao menos um voto irregular.

O texto, prioridade do governo Jair Bolsonaro (PL), aliado de Lira, passou em primeiro turno pela Câmara com uma folga de apenas quatro votos —312 votos favoráveis (eram necessários ao menos 308)—, na madrugada do dia 4 de novembro.

A votação remota, nos termos definidos por Lira, permitiu que deputados “no desempenho” de viagem de missão oficial pudessem votar sem registrar presença no sistema de identificação biométrica do plenário.

Na lista de oito parlamentares que, segundo a Câmara, votaram remotamente, está o deputado Zé Silva (Solidariedade-MG), cuja missão oficial, segundo os dados oficiais da Câmara e o próprio relatório apresentado pelo deputado, começou três dias depois, em 6 de novembro.

Zé Silva confirmou à Folha que estava em Minas Gerais, seu estado, em compromisso ao lado do governador Romeu Zema (Novo), no dia da análise da proposta.

Ele votou a favor da PEC, que permite a expansão de gastos públicos e viabiliza o Auxílio Brasil de R$ 400 prometido por Bolsonaro.

O Ato da Mesa patrocinado por Lira para permitir a votação remota é claro ao liberar o registro da presença em Brasília apenas ao parlamentar que estiver “no desempenho” de missão autorizada pela Câmara dos Deputados”.

Outro deputado da lista divulgada pela Câmara nesta segunda, Josué Bengston (PTB-PA), afirmou à Folha que estava em Brasília e votou de forma presencial a PEC, também a favor, iniciando sua viagem em missão oficial somente dois dias depois.

Marco Feliciano (PL-SP) havia dito que votou remotamente de São Paulo por estar voltando de missão oficial ao exterior. A Folha não conseguiu falar nesta segunda-feira com o deputado Abílio Santana (PL-BA), outro que votou a favor da PEC.

Segundo a Câmara, também estavam em missão oficial e votaram remotamente, por meio de um aplicativo, os deputados Alceu Moreira (MDB-RS​), Carlos Veras (PT-PE), Rodrigo Agostinho (PSB-SP) e Tabata Amaral (PSB-SP). Esses quatro, porém, votaram contra a PEC.

Ou seja, pela lista divulgada nesta segunda, sem esses votos a PEC teria exatamente os 308 votos mínimos para a aprovação —​ressaltando que presidentes da Casa não costumam votar e essa conta inclui o voto de Lira.

A assessoria do presidente da Câmara foi procurada na noite desta segunda, mas não deu resposta sobre as inconsistências da lista até a publicação desta reportagem.

A recusa do presidente da Câmara de fornecer essas informações por mais de um mês afronta a Lei de Acesso à Informação (12.527/11). Em seu artigo 32, ela classifica esse tipo de negativa como “condutas ilícitas que ensejam responsabilidade do agente público (…) recusar-se a fornecer informação requerida nos termos desta Lei, retardar deliberadamente o seu fornecimento ou fornecê-la intencionalmente de forma incorreta, incompleta ou imprecisa”.

A atitude também se choca contra o princípio constitucional da transparência na administração pública.

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Chefes dos poderes, Fux, Lira, Pacheco e Bolsonaro mostram o tamanho da encrenca em que o Brasil está enfiado

A rotina dos brasileiros há quase três anos é ver todos os dias um novo escândalo explodir contra o clã Bolsonaro e nada de concreto acontecer.

Bolsonaro brochou o país, e isso tem método, confessado pelo próprio que veio não para governar, mas para desgovernar o país. Não para construir, mas para destruir todos os avanços promovidos pelos governos Lula e Dilma.

E a partir dessa intenção, cometeu crimes de responsabilidade e ataques às instituições, sem falar de uma série dos demais cometidos pelo clã e, como mostra a CPI, uma outra série de crimes contra a saúde pública envolvendo uma inacreditável teia de corrupção dentro do ministério da Saúde com a compra de vacinas e insumos de combate à covid, além da gigantesca subnotificação que o Brasil, até o momento, por consequência, registra quase 600 mil mortes.

Ainda tem o incalculável número de sobreviventes dos casos graves da doença que enfrentam sequelas que não se sabe exatamente o que representará no futuro em suas vidas.

É muito difícil entender por que esse governo Bolsonaro, cada vez mais rejeitado pela população, com recordes e mais recordes de desaprovação e denúncias, segue, mesmo aos trancos e barrancos, impune.

Há uma clara catimba do comando dos três poderes da República para que nada mais sobressaltado ganhe efetivamente tamanho que possa ameaçar o governo Bolsonaro.

No horizonte dos poderes da República nunca foi visto qualquer sinal de destituição de um governo que em quase três anos demonstra uma ficha corrida de fazer inveja aos piores criminosos da história do país, sejam políticos ou criminosos comuns.

Mas Bolsonaro segue sem ser de fato incomodado pelo equilíbrio de forças entre os poderes. Na prática, ele detém o monopólio das três casas e, nitidamente, pelo seu discurso, não se sente ameaçado, além das manchetes carregadas de desejos que, na prática, nunca se realizam quando o assunto é impeachment.

Ou seja, vivemos esse tempo todo de expectativa em expectiva, mas nada de concreto acontece, ao contrário, as atitudes de Bolsonaro só pioram porque ele se sente absolutamente confortável, como pinto no lixo, para fazer do país o que bem entende, com algumas intervenções cirúrgicas muito pontuais de algum dos demais poderes, mas, na realidade, Bolsonaro segue agindo como imperador autoritário contra os brasileiros.

As pesquisas refletem isso. Mas nada parece mexer com o corpo mole, com a institucionalidade marota que o chefe da nação mantém para deixar sempre tudo como está e o país mergulhar numa crise permanente e afundar a olhos vistos.

Então, vem a pergunta, não se Bolsonaro cairá, ninguém mais crê nisso, justamente por não acreditar na autonomia dos outros poderes, mas sim se o Brasil suportará Bolsonaro no comando até 2022.

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Vídeo: Para Zé Trovão, Bolsonaro, Fux, Barroso, Pacheco e Lira nunca houve tentativa de golpe, apenas uma briga de bêbados

Quando você acha que essa comédia bufa do “deixa que eu deixo” em que nem Bolsonaro fala abertamente em golpe, nem Fux e Barroso falam que Bolsonaro cometeu crime de responsabilidade e Pacheco e Lira desconversam sobre o impeachment de Bolsonaro, Zé Maria Trindade, do Pingo nos Is da Jovem Pan, sintetiza a lambança generalizada, nem impeachment, nem golpe.

O dia começa com Bolsonaro, ressaqueado, completamente muxoxo, tecendo loas à China comunista para e a Putin na reunião dos BRICS. Ao presidente chinês, Bolsonaro exaltou a China dizendo que os seus insumos é que proporcionaram a vacinação em massa do Brasil.

Aquele papo de vírus chinês, esquece, vírus comunista, idem.

Bolsonaro virou um cordeirinho manso esfregando a cabeça nos sapatos de Xi Jinping. Já com Putin, ele exaltou a parceria comercial fundamental para o Brasil, assim como fez com a China.

Isso acontece depois de uma madrugada em que gravou um vídeo onde a voz que aparece é de um homem cansado, varado como um cavalo que teve o sangue sugado pelo Saci.

Para se ter uma ideia, a imitação de Adnet ficou mais parecida com a voz de Bolsonaro do que a dele próprio.

Já Zé Trovão ficou só trovão, meio imitando Fux e Barroso que resolveram dar respostinhas genéricas na base da figura de linguagem, ou seja, conversa de bêbados.

Pacheco e Lira, é exatamente aquilo que a gente viu, meio barro, meio tijolo.

Por último, Zé Trovão grava um vídeo ridículo em que aparece dizendo que essa greve de caminhoneiro, que de greve nada tinha, não tem nada a ver com Bolsonaro e que os caminhoneiros têm que continuar fazendo pressão sobre o Pacheco, na base do gás da Coca-Cola.

Tudo porque nesse acordo entre Bolsonaro e Zé Trovão, o presidente colocou o Itamaraty de babá do herói efêmero lá no México para que ele responda à justiça e, certamente, vai largar o leão sem dente na sua jaula. Pelo menos foi o que Zé Maria, da Jovem Pan, deixou claro:

“Zé Trovão radicalizou para salvar a própria pele e negociar a sua liberdade”. E tripudiou, “ele não está livre, livre anda nas ruas, ele está foragido por uma decisão do Supremo Tribunal Federal que ordenou a sua prisão.”

Ou seja, tudo não passou de um deixa disso, com Lira fazendo coro com Bolsonaro e fechando com chave de ouro a palhaçada:

“Ninguém é obrigado a cumprir decisão inconstitucional”.

Sem mais.

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Barros desafia Bolsonaro e Lira: “Eu sei me defender, não vou sair da liderança”

“Eu sei me defender. Não vou sair da liderança.” Com essas duas frases, o deputado Ricardo Barros (PP-PR) resumiu ontem em uma reunião de líderes do governo a sua disposição para enfrentar as denúncias de envolvimento com o contrato irregular da Covaxin, em investigação na CPI da Covid.

Malu Gaspar, O Globo – O encontro, realizado virtualmente na tarde desta segunda-feira, era para tratar das pautas do governo, mas acabou servindo para o líder na Câmara se explicar aos colegas.

Diante de parlamentares governistas e da ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, Barros deixou bem claro que não pretende recuar, nem submergir, como cogitavam alguns aliados.

“Eu entendo do assunto”, afirmou no encontro, segundo relataram à coluna alguns dos presentes à reunião virtual. Ricardo Barros foi ministro da Saúde no governo Michel Temer e até hoje exerce influência política no ministério.

Antes que perguntassem, ele negou estar por trás das pressões sofridas pelo servidor público Luis Ricardo Miranda para liberar a importação da vacina indiana, mesmo com documentação irregular.

O servidor e seu irmão, o deputado Luis Miranda (DEM-DF), denunciaram o caso ao presidente Jair Bolsonaro no final de março, no Palácio da Alvorada. Segundo eles, o presidente afirmou que aquilo era “coisa do Ricardo Barros”.

No encontro, Barros afirmou que está negociando com o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), para depor na comissão. Seu plano é depor o mais rápido possível para tentar estancar a crise. Aziz, porém, diz que não conversou com Barros. Segundo ele, o líder do governo só deverá depor na semana que vem.

Antes, a CPI vai ouvir o empresário Francisco Maximiano, dono da Precisa Medicamentos, que intermediou o contrato de R$ 1,6 bilhão com o Ministério da Saúde. O servidor Luis Ricardo também deve depor novamente, desta vez em sessão secreta.

Entre os senadores do grupo majoritário da comissão, que reúne sete senadores de oposição e independentes, o que se diz é que não há pressa em ouvir o líder do governo. “Vamos deixá-lo sangrar”, disse um senador.

Apesar da segurança demonstrada por Ricardo Barros, os aliados sabem que sua situação é delicada. Nem o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), nem Jair Bolsonaro estão empenhados em defendê-lo publicamente. Tanto um quanto outro calculam seus movimentos. Lira tem diferenças antigas com Barros e o vê como adversário.

Já Bolsonaro enfrenta um dilema. No final de semana, o deputado Luis Miranda (DEM-DF), deu entrevistas sugerindo que pode ter alguma prova contra o presidente, que muitos no Congresso acreditam ser uma gravação.

Por isso, o presidente ainda não decidiu qual a melhor estratégia a adotar. Se por um lado pode não ser conveniente atacar Miranda, Bolsonaro sabe também que abandonar Ricardo Barros à própria sorte pode acabar sendo um tiro no pé.

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Vídeo: CPI da Covid, o começo do fim de Bolsonaro

Não há a menor chance de Bolsonaro continuar governando o Brasil depois da CPI. Não há nenhuma linha de ação que possa livrá-lo do impeachment, nem se Lira fizesse um milagre, coisa que não faz. A ampulheta está virada para Bolsonaro e sua queda é questão de dias.

Assista:

*Da redação

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Dois caciques do bolsonarismo carioca caíram, o último está nas mãos de Arthur Lira

Nas voltas que o mundo dá, o que ainda ontem era glória, hoje é só treva. Sim, a rotação da terra produz a noite, e a noite produz a treva, o sobrenatural.

Toda essa gente de natureza dupla está se diluindo em névoa, evaporando. O primeiro filho das sombras do mundo bolsonarista a cair, foi Crivella, anunciando pela boca da aurora que o segundo grande espetáculo a cair em desgraça seria Witzel que, em pleno processo de CPI da covid, recolhe-se e desaparece da vida brasileira.

Mas falta um para que a fauna inteira dos pesadelos nacionais vá para o esgoto, para tanto, basta que Lira afrouxe um pouco a mão para que Bolsonaro caia e sua canoa vire, pelo menos, em última análise, foi isso que Ciro Nogueira deixou claro no encontro que teve com banqueiros e empresários, que o horizonte de Bolsonaro estava tão escuro na CPI quanto os processos que derrubaram Crivella e Witzel.

Depende de um assovio de Lira para que Bolsonaro tenha o mesmo destino dos outros dois trevosos que aparecem com ele na foto em destaque e que pegaram carona na calda do cometa bolsonarista.

Podemos citar também outro que já foi para o vinagre que, assim como os que foram desembarcados da política, foi eleito no embalo da histeria bolsonarista no Rio, o deputado Daniel Silveira, que segue o mesmo caminho do matadouro que já engoliu Crivella e, agora, Witzel, mas que falta pouco para que este que protagonizou a barbárie com a placa de Marielle tenha o mesmo destino, porque preso e, agora réu, não terá a menor chance de seguir com a sua curta carreira de deputado federal, o que enfraquece e amedronta ainda mais Bolsonaro, fortalecendo e aumentando o apetite de Lira no balcão das negociatas políticas.

A pergunta é, Bolsonaro tem cacife para bancar sua própria cabeça diante de um Lira com prato e garfo na mão para devorar o governo de seu protegido?

Como disse o senador Ciro Nogueira, a CPI não vai dar em nada, mesmo que provem que o governo Bolsonaro cometeu as maiores barbaridades que resultaram em mais de 400 mil mortes por covid, Lira não permitirá que o impeachment entre em votação, só não disse quanto isso vai custar a Bolsonaro.

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Bolsonaro, com farda não serve à guerra, com terno, não serve para nada

Com uniforme, seria inútil à guerra porque lhe falta raciocínio lógico; com o terno, não serve à paz.

Jair Bolsonaro só entende a linguagem da ameaça, seja como agente, seja como alvo. E, nesse particularíssimo sentido, agiu bem Arthur Lira, presidente da Câmara. O “mau militar” (segundo Ernesto Geisel) está, como chefe do Executivo, abaixo da crítica: não fosse o morticínio em massa, ele não valeria nem uma boa lista de insultos.

Com uniforme, seria inútil à guerra porque lhe falta raciocínio lógico, e todo tiro sairia pela culatra. Com o terno, não serve à paz. Está talhado para a arruaça e a briga de gangues. Não por acaso, o Exército o chutou. Ocorre que a política o capturou, e a Lava Jato o elegeu presidente. “Ah, foi o povo…” Eu sei. Segundo circunstâncias que não eram de sua escolha.

Até a semana passada, Bolsonaro buscava nos intimidar com um autogolpe. Lembro à margem: tinha parado com a tara “putchista” depois da prisão de Fabrício Queiroz. Voltou a roncar papo quando o STJ livrou a cara de Flávio. Corolário: ele só sabe ameaçar ou ser ameaçado. Há uma pulsão aí, que a psicanálise poderia dissecar, para horror do próprio.

Os mais de 300 mil mortos não conseguiram silenciar sua pregação homicida. O centrão perdeu a paciência e decidiu acenar com o impeachment. Foi o que fez Lira na quarta-feira (24) à noite ao afirmar que estava “apertando um sinal amarelo para quem quiser enxergar”. Observou: “Os remédios políticos no Parlamento são conhecidos e são todos amargos. Alguns fatais”. O remédio fatal de que dispõe o Congresso para quem conduz o país à ingovernabilidade é o impedimento.

Esse tal centrão não é um lugar nem um grupo determinado, mas um espírito. Desde a redemocratização, apoiou todos os governos e garantiu, à sua maneira, que o dinheiro público chegasse às suas bases eleitorais.

Alguns de seus próceres, é verdade, são notórios ladrões, outros não. Mas também há ladrões notáveis fora do grupo. Tenho cá minhas dúvidas, quando noto o apego ao povo de certos especialistas, se uma burocracia formada por “jovens turcos” (pesquisem o sentido da expressão) seria mais sensível aos problemas dos pobres. A minha certeza quando leio a ata do Copom: não!

Lira foi além das metáforas: “Não vamos continuar aqui votando e seguindo um protocolo legislativo, com o compromisso de não errar com o país, se, fora daqui, erros primários, erros desnecessários, erros inúteis, erros que não são muito menores do que os acertos cometidos, continuarem a ser praticados”.

Bolsonaro fez o acordo com o centrão para eliminar o risco de que a penca de crimes de responsabilidade pudesse levá-lo ao impeachment. Todos lucraram. Mas o pacto supõe um mínimo de governabilidade e de eficiência na gestão, que hoje inexiste. O pior, alertam os cientistas, está por vir.

Nesta quinta (25), Bolsonaro e Lira se encontraram. Manso, o presidente fez questão de declarar à imprensa, com sintaxe sempre muito pessoal, que, entre ele e o deputado há “zero problema”. Que se saiba, o outro ainda não anunciou ter desligado “o sinal amarelo”, que enseja “remédios fatais”.
Bolsonaro precisa estar sob ameaça para não ameaçar a democracia.

Mudo de foco, mas não de assunto, já que foi a Lava Jato que trincou a xícara que nos legou o país dos cemitérios. João Pedro Gebran Neto, relator dos casos da Lava Jato no TRF-4, concedeu longa entrevista a esta Folha. Disse que a operação é objeto de uma “guerra de narrativas”. Logo, fala um narrador, não um juiz.

Eu o desafio, de novo, a informar em quais páginas da sentença de Moro, que o senhor endossou, com agravamento da pena, aparecem as provas da denúncia apresentada pelo Ministério Público. Vai que tenham me escapado… Atenção, doutor Gebran! Encontrei lá, e o senhor também, em palavras, o que Deltan Dallagnol esquematizou no PowerPoint. Cobro as provas do que está na denúncia recebida, como exige o devido processo legal. Ou estou errado?

Que o senhor seja um cara batuta e contrário à corrupção, bem, isso eu também sou. Até os corruptos dizem o mesmo. A questão é saber se a Justiça deve ser sequestrada por “jovens turcos”, alguns nem tão decentes. Deve?​

*Reinaldo Azevedo/

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