Mauro Cid

Afinal, o que Cid falou à PF em seus depoimentos de10 horas?

O que Cid de fato falou em seus longos depoimentos à PF?

Essa é a a indagação que ninguém deixa de fazer hoje em qualquer roda, boca maldita, esquina ou boteco.

Cid queimou a bucha dando nome aos bois? De graça para Bolsonaro é que não saiu.

De longe, fora das luzes e holofotes, Cid respondeu com o que foi perguntado sobre as joias, desencabulou e, sem vacilar, fez uma longa jornada de tudo o que sabe ao menos desse episódio?

Sim, porque ninguém dá três ou mais depoimentos de 10 horas para a PF para falar generalidades, platitudes sem importância, muito menos se pode imaginar o Cid, como na CPI, dando de ombros para as perguntas e evidências que a PF já tem do caso das joias.

Não estamos falando de um basta, podemos até admitir uma espécie de curinga em que uma resposta pode servir para beneficiar tanto Cid quanto Bolsonaro. Mas não revelar nada, é muito difícil.

Versões infantis em que se puxa a lenha para assar a sua própria batata é que não foi. Também não falaria nada de graça, mas aí está a questão, ele não fala com leigos como nós, não estamos investigando a fundo todo esse processo que, certamente, é estudado e refletido em cada descoberta.

Com certeza, não dá para bancar o liso, o ensaboado, o malandro agulha com comentários funestos diante de fatos concretos que a PF tem nas mãos e, pelo tempo que Cid permanece dentro da PF, podem apostar que não fica de cabeça virada para baixo ou para o lado.

O fato é que o verdadeiro Mauro Cid ninguém sabe como é, talvez nem Bolsonaro saiba, sobretudo quem está por trás dele, família, amigos que têm relação profunda com o tenente-coronel, ex-ajudante de ordem do genocida.

Tudo indica que a verdade não foi falseada ou modelada a gosto de Bolsonaro, como quer fazer crer o advogado de Cid.

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Cid ignora silêncio de Bolsonaro, chega antes à PF e estica depoimento sobre joias

As defesas de Jair Bolsonaro (PL) e parte de seus aliados disseram que eles permaneceram em silêncio sobre o caso das joias, em Brasília.

O ex-presidente, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, os assessores Mauro Cid, Osmar Crivelatti e Marcelo Câmara e os advogados Frederick Wassef e Fabio Wajngarten foram para a PF para falar sobre a investigação em torno de desvio, venda, recompra e devolução de presentes de alto valor recebidos pelo ex-chefe do Executivo de autoridades estrangeiras, segundo a Folhapress.

Ficaram em silêncio o casal Bolsonaro, Wajngarten e Câmara. Eles ficaram no local por cerca de uma hora e depois foram para a sede do PL. Já o ex-ajudante de ordens, que chegou quase duas horas antes do horário combinado do seu depoimento, até 12h30 continuava depondo.

A justificativa pelo silêncio é a de que o STF (Supremo Tribunal Federal) não tem competência para atuar nesta fase da investigação, com base em parecer da PGR (Procuradora-Geral da República). Desde o princípio da investigação, aliados dizem que cabe à PF em Guarulhos investigar o caso.

“Desta forma, considerando ser a PGR a destinatária final dos elementos de prova da fase inquisitorial para formação do juízo de convicção quanto a elementos suficientes ou não a lastrear eventual ação penal, os peticionários [Jair e Michelle], no pleno exercício de seus direitos e respeitando as garantias constitucionais que lhes são asseguradas, optam por adotar a prerrogativa do silêncio no tocante aos fatos ora apurados”, diz a petição dos advogados de Bolsonaro e Michelle, Daniel Tesser e Paulo Bueno, aos investigadores.

Já a defesa de Câmara, feito pelo advogado Eduardo Kuntz, disse “que o coronel Marclo Câmara encontra-se absolutamente à disposição para prestar todo e qualquer esclarecimentos, todavia nos termos da petição apresentada existe manifestação da douta Procuradoria-Geral da República que não reconhece o presente local para tanto assim sendo, não se trata de permanecer em silêncio, mas sim prestar esclarecimentos nas esferas efetivamente competentes”.

Wajngarten, por sua vez, se queixa de não ter tido acesso à íntegra das mensagens trocadas entre ele e Cid, a respeito de joias, que levaram a PF a chamá-lo para depor nesta quinta. Diz ainda que é advogado constituído por Bolsonaro nos autos.

Essa apuração da PF a respeito das joias é, até o momento, a mais preocupante para o entorno do ex-presidente, por aproximá-lo de um suposto esquema de desvio de dinheiro público, o que Bolsonaro nega.

Também é o caso em que o ex-mandatário terá de elucidar contradições em declarações anteriores, uma vez que ele já mudou, mais de uma vez, sua linha de defesa.

Todos convocados para depoimento nesta quinta-feira são citados na investigação das joias que ocorre dentro do inquérito das milícias digitais no STF (Supremo Tribunal Federal), sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes.

Vídeo relacionado: Alexandre de Moraes proíbe comunicação entre Mauro Cid e Bolsonaro (Dailymotion)

A determinação de depoimentos ao mesmo tempo ocorre como uma forma dos investigadores de minimizar versões combinadas sobre os episódios. Além disso, Moraes proibiu a comunicação entre os investigados, com o mesmo objetivo.

Entre os presentes recebidos, há joias e relógios negociados nos Estados Unidos, segundo a PF. Depois, os objetos teriam sido alvo de uma “operação resgate” orquestrada por Mauro Cid e pessoas próximas ao ex-presidente.

O uso de uma aeronave da Força Aérea Brasileira para levar as joias e presentes aos Estados Unidos e as mensagens indicando o retorno do dinheiro oriundo de vendas para o bolso do ex-mandatário são até agora as principais informações reveladas pelos investigadores.

A PF quer saber de Bolsonaro até que ponto participou da operação e quanto lucrou com a negociação das joias e presentes. A defesa tem negado as irregularidades e colocou o sigilo bancário do ex-mandatário à disposição do STF após Moraes ter autorizado o levantamento dos dados.

Um dos argumentos utilizados por seus defensores é o de que os presentes eram itens personalíssimos quando recebidos e, portanto, não haveria irregularidade numa suposta venda.

Para a PF, Bolsonaro utilizou a estrutura do governo federal para desviar presentes de alto valor e isso resultou em enriquecimento ilícito.

O depoimento desta quinta-feira é o quinto de Bolsonaro aos policiais neste ano. O ex-presidente já foi chamado a prestar esclarecimento sobre o caso das joias em outro momento, dos atos golpistas de 8 de janeiro, da suposta fraude em cartão de vacina e das acusações do senador Marcos do Val (Podemos-ES).

Ao autorizar a deflagração de ação pela PF sobre as joias, Moraes apontou a investigação do possível cometimento dos crimes de peculato e de lavagem de dinheiro.

Ambos ilícitos possuem penas altas e, em caso de uma eventual condenação, após trânsito em julgado, poderiam resultar em pena de prisão em regime fechado ou semiaberto.

No momento, não há nem sequer uma denúncia formal, e o caso ainda está em fase de investigação —no decorrer da qual o enquadramento das condutas ainda pode ser alterado.

Uma prisão preventiva, por outro lado, não depende de condenação, mas só poderia ocorrer em caso de perigo para a investigação ou risco comprovado de fuga e, em cenário em que outras medidas cautelares se mostrem insuficientes.

Previsto no Código Penal, o crime de peculato consiste no ato de apropriação, por funcionário público, de dinheiro, valor ou bem público ou particular de que ele tenha posse em razão do cargo. Fica configurado também quando há desvio desse bem em proveito próprio ou alheio. A pena prevista é de 2 a 12 anos de prisão, além de multa.

Já o crime de ocultar a origem, localização ou propriedade de bens ou valores provenientes —direta ou indiretamente— de infração penal, pode levar a punição de 3 a 10 anos de reclusão, e multa.

A prisão em regime fechado ocorreria no caso de a pena total ser superior a 8 anos, enquanto pena superior a 4 até 8 anos poderia ser cumprida em regime semiaberto.

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O caminho que os militares vêem para se distanciar da crise Mauro Cid

Membros da cúpula das Forças Armadas classificam Mauro Cid como o maior problema que enfrentam hoje. Militares da ativa e da reserva avaliam que o caminho que mais ajudaria a descolar a imagem da instituição da crise gerada pelo tenente-coronel seria sua ida para a reserva, segundo Bela Megale, O Globo.

Mesmo sem ter tempo suficiente de serviço militar para tomar esse caminho, existe uma brecha que seria a chamada cota compulsória. Ela é aberta por interesse da administração da Força, quando pouca gente passa para a reserva e é preciso ter maior rotatividade e fluxo da carreira, com um percentual de tempo mínimo estabelecido para cada posto. Como Cid é tenente-coronel, o tempo mínimo é de 25 anos e já foi cumprido por ele, pois a conta inclui o período de formação.

Para isso, porém, seria necessário ter a concordância do próprio Cid, que até agora não manifesta interesse em deixar a ativa.

Fontes do Exército e do Superior Tribunal Militar (STM) afirmam que o tenente-coronel não teria benefícios em seu julgamento criminal, se for para a reserva. O artigo 99 do Código Penal Militar prevê que o oficial condenado a mais de dois anos de reclusão responda a um novo processo no STM. Na maioria dos casos, a corte decide pela expulsão.

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Mauro Cid deu detalhes incriminatórios de sua atuação à PF

O militar passou mais de 16 horas no prédio da PF nos últimos dias; versões apresentadas estão sendo conferidas pelos investigadores.

Ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o tenente-coronel Mauro Cid mudou de postura recentemente e explicou aos investigadores da Polícia Federal (PF) detalhes incriminatórios de sua atuação no governo, segundo fontes ouvidas pelo Metrópoles.

A espécie de confissão, feita na sexta-feira (25/8) e na segunda (28/8), ao longo de quase 16 horas de permanência dele na sede da PF, engloba sua participação no chamado caso das joias e também a relação de Bolsonaro com o hacker Walter Delgatti, investigado por um suposto plano golpista que envolveria desacreditar a eleição e um grampo no ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Fontes afirmaram que o valor das declarações de Cid será dado dentro dos critérios definidos pela legislação, que incluem a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da suposta organização criminosa.

Provas
Eventuais acordos de delação ou a promessa de benefícios por uma confissão não serão decididos imediatamente. Hoje, a postura da PF é ouvir o investigado – e, antes de promessas de benesses penais, conferir as declarações com provas já arrecadadas ou futuramente produzidas.

Neste caso, há farto material em posse dos investigadores, como os celulares, as localizações registradas por antenas de telefonia ou de GPS de aplicativos de celular. Há e-mails e informações fiscais e bancárias de todos os investigados.

Hoje, ao jornal O Globo, o advogado do militar, Cézar Bittencourt, afirmou que sua equipe está “verificando um monte de material”. Na quinta (31/8), o tenente-coronel será ouvido novamente, pela terceira vez nesta rodada de depoimentos. Na mesma data, a PF ouve outros nomes relacionados com o caso, como o próprio ex-presidente Bolsonaro e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

A informação original de que Cid poderia confessar foi publicada pela revista Veja, em 18 de agosto. De lá para cá, a defesa do tenente-coronel apresentou versões divergentes sobre tal anúncio, inclusive negando a confissão. Ao longo desta semana, a imprensa começou a repercutir que Cid teria começado a colaborar. Hoje, veículos do Grupo Globo confirmaram a informação ao longo do dia, segundo reportagens.

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O que começou a contar o celular do tenente-coronel Mauro Cid

Esquenta a chapa dos militares golpistas

Sabe por que demorou mais de 6 horas, ontem, o novo depoimento prestado à Polícia Federal pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordem do ex-presidente Bolsonaro?

Porque no celular apreendido de Cid foram achados indícios de que militares da ativa financiaram atos antidemocráticos e uma tentativa de um golpe após as eleições do ano passado.

Foi também por isso que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), proibiu Cid de se comunicar com Bolsonaro e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Na análise parcial dos dados armazenados no celular de Cid, descobriu-se mensagens nas quais militares da ativa incentivaram a continuidade das manifestações antidemocráticas.

Segundo relatório da Polícia Federal entregue a Moraes, Cid “compilou estudos que tratam da atuação das Forças Armadas para Garantia dos Poderes Constitucionais e GLO”.

Há fortes indícios de que houve desvio de bens de alto valor patrimonial ofertados por autoridades estrangeiras a Bolsonaro ou a agentes públicos a serviço dele.

*Blog do Noblat

Em medida inédita, CPI do 8/1 vai propor delação premiada a Mauro Cid

Integrantes da CPI do Senado estão buscando orientação técnica para fazer proposta de delação ao ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

A CPI dos atos golpistas de 8 de janeiro vai propor um acordo de delação premiada ao tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), segundo o metrópoles.

Essa possibilidade de delação premiada em CPI existe desde 2013, mas nunca foi utilizada. O acordo pode ser estendido a outros investigados que queiram colaborar com provas.

Os integrantes da CPI estão buscando orientação técnica para propor o acordo e aguardam um parecer da Advocacia do Senado, segundo fonte ligada à CPI ouvida pela reportagem. O acordo precisa ser aprovado pelo colegiado da CPI e ter homologação na Justiça.

Mauro Cid está preso desde maio por suspeita de envolvimento em um esquema de fraude de cartões de vacina. Ele também é investigado pela Polícia Federal pelo desvio de presentes enviados por delegações internacionais para Bolsonaro.

Cid na Câmara Legislativa do DF
A exemplo do que fez na CPI do 8/1, em julho, o tenente-coronel Mauro Cid também permaneceu em silêncio durante oitiva na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, nessa quinta-feira (24/8) na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF).

Antes de anunciar que não responderia às perguntas dos deputados distritais, ele leu o mesmo discurso que proferiu na CPI do Congresso Nacional. Porém, um parágrafo do texto escrito pela defesa dele foi retirado.

Cid escolheu não afirmar que sua vinculação administrativa era estabelecida pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI), como alegou no Congresso.

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Um general chora pelos cantos. Outro, cala-se e se esconde

O tenente-coronel Mauro Cid irá depor outra vez. Fardado?

Você ouviria calado mentiras que manchassem sua honra? Ou as repeliria na hora, indignado, e processaria quem as fez?

Comandante do Exército do governo Bolsonaro, depois ministro da Defesa, o general Paulo César Nogueira está calado.

Finge desconhecer que a mando de Bolsonaro, em agosto do ano passado, o hacker Walter Delgatti foi ao Ministério da Defesa.

Delgatti disse à CPI do Golpe que esteve no ministério pelo menos cinco vezes para reuniões com técnicos militares.

À Polícia Federal descreveu a sala onde ocorreram as reuniões e contou que sempre entrava no ministério pela porta dos fundos.

Em pauta, a segurança ou vulnerabilidade das urnas eletrônicas. A Bolsonaro Delgatti disse que as urnas não eram vulneráveis.

Mas Bolsonaro chegou a propor-lhe que montasse uma urna onde, digitado o número 22, do PL, apareceria o 13, do PT.

A falsa urna seria exibida durante os festejos do dia 7 de setembro, em Brasília, e mais tarde no Rio de Janeiro.

Delgatti não topou. E agora que está preso e condenado a 20 anos e 1 mês de cadeia, resolveu contar o que sabe ou diz saber.

Por que o general Paulo Cesar Nogueira não fala? Por que não o desmente, e com toda razão, o achincalha?

Se não quer ele mesmo fazer isso para não se rebaixar a Delgatti, por que não se vale de uma nota ou de um advogado?

O ministro José Múcio Monteiro Filho, que sucedeu a Nogueira no cargo, quer saber quais militares estão sendo investigados.

A Polícia Federal se recusa a dizer porque a investigação corre em segredo de justiça. O ministro Alexandre de Moraes, não diz.

Monteiro Filho alega que assim fica difícil colaborar com as investigações. Tem razão, mas é melhor para ele.

Os militares são uma corporação. Entre eles, predomina o espírito de corpo. Todos se protegem. Ninguém entrega ninguém.

O Exército impediu várias vezes a entrada da Polícia no acampamento dos golpistas porque entre eles havia militares.

A mulher do general Villas Boas, ex-comandante do Exército a quem Bolsonaro deve tantos favores, esteve no acampamento.

E como ela, muitas outras mulheres, filhos de militares da ativa e da reserva, sobrinhos e amigos. A família militar em peso.

O general Mauro Cesar Lourena Cid chora pelos cantos, arrependido de ter-se metido com a venda das joias roubadas.

Seu filho, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordem de Bolsonaro, chora pelo pai desde que foi preso em maio.

Autorizado pelo Exército, Mauro Cid apresentou-se fardado para depor à CPI do Golpe. Hoje irá depor a outra CPI. Fardado? A ver.

*Blog do Noblat

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Contas de Michelle, venda de carro e ‘consórcio informal’: as explicações do ex-ajudante de Bolsonaro para movimentar R$ 3,3 mi

Sargento Luis Marcos Reis irá prestar depoimento nesta quinta-feira à comissão parlamentar de inquérito.

Chamado pela CPI do 8 de Janeiro para explicar movimentações financeiras atípicas em sua conta bancária, o segundo-sargento do Exército Luis Marcos Reis, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, já tem uma explicação para dar aos parlamentares, caso decida não recorrer ao direito de ficar em silêncio. O depoimento está marcado para esta quinta-feira. Ao GLOBO, o advogado do militar, Alexandre Vitorino, afirma que seu cliente captava dinheiros com colegas de caserna para fazer investimento e depois dividir os lucros. Ele alega ainda que Reis pagava algumas contas da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, além de ter vendido um carro para o tenente-coronel Mauro Cid, seu chefe direto na época de Palácio do Planalto.

Na comissão, ele será questionado sobre um relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) que identificou uma movimentação da ordem de R$ 3,3 milhões, conforme revelou O GLOBO. O período analisado pelo órgão foi de fevereiro de 2022 a maio de 2023. O montante se refere a R$ 1,5 milhão no crédito e R$ 1,45 no débito.

— Como sargento do Exército, ele tem uma renumeração de R$ 4 mil a R$ 5 mil. Então, ele tinha essa atividade informal. Pode chamar de bico. Eles se juntam em 15 pessoas. Aí cada um fornece um valor (R$ 10 mil, R$ 15 mil, R$ 20 mil) para a aplicação de juros mais altos. Ele (sargento Reis) me disse que fazia isso com muita habitualidade — afirmou o advogado.

Segundo o defensor, o sargento organizava os investimentos de um grupo de 15 militares que se reuniam para obter rendimentos mais altos do que conseguiriam se aplicassem o dinheiro sozinhos. Ele diz que a atividade era uma espécie de “consórcio informal” entre os colegas de trabalho.

— Nos quarteis, sobretudo entre os praças, é muito comum que os colegas se reúnam e transfiram o dinheiro para um único militar que faz uma aplicação com condições de juros melhores. Depois, esses rendimentos são partilhados de volta entre os integrantes do consórcio — acrescentou.

Ao analisar as movimentações, o Coaf também fez um destaque para um repasse de R$ 72 mil de Reis ao tenente-coronel Mauro Cid em quatro depósitos. Ele era subordinado a Cid na Ajudância de Ordens da Presidência. Os dois estão presos preventivamente desde maio por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. Ele é suspeito de participar do suposto esquema de inserção de dados falsos no cartão de vacinação de Cid e seus familiares.

A defesa do militar alega que a transferência do dinheiro se refere à venda de um carro do tenente-coronel vendido pelo sargento.

— Ele tinha uma procuração do Mauro Cid para vender um veículo dele. E repassou o dinheiro para ele — afirmou Vitorino.

A defesa do ex-ajudante de ordens disse ainda que, como parte do seu trabalho, Reis fazia pagamentos de despesas pessoais da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro — o que também é investigado pela Polícia Federal. Mas refuta as acusações de que ele participou do suposto esquema do desvio de relógios e joias recebidos pela presidência da República por autoridades estrangeiras.

— Apesar de estar na Ajudância de Ordens, ele não tem conexões com os negócios da família Bolsonaro. Ele era um praça que tinha uma hierarquia subalterna, e, não fosse pelo fato de ser amigo do Mauro Cid, talvez nem estaria preso hoje — concluiu o defensor.

Reis também deverá ser questionado sobre as mensagens em que ele diz ter participado dos atos de 8 de janeiro. O material foi apreendido pela PF.

Segundo o advogado, ele foi à Esplanada dos Ministérios naquele dia, se “aproximou” do Congresso Nacional, mas chegou depois da invasão aos prédios públicos.

Segundo a defesa, ele está se sentindo “cansado” com a detenção prolongada em um batalhão do Exército e se vê injustiçado. A quem o visita, ele costuma dizer que realmente era amigo de Mauro Cid, mas não fazia parte do núcleo de confiança do ex-presidente Jair Bolsonaro.

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As comparações da Lava Jato com o que acontece hoje são imprecisas e não ajudam muito

Leandro Demori*

Mesmo a cobertura da mídia é diferente: hoje o grande cerne do caso coberto pela imprensa são e-mails dos próprios acusados montando o quebra-cabeça da quadrilha.

Os e-mails vieram à tona e estava tudo lá. Não tem um Deltan manipulando a história. Não tem uma turma do MPF selecionando delações e documentos pra montar uma linha narrativa. Dezenas de jornalistas publicaram os e-mails de Mauro Cid e de seus colegas da Ajudância de Ordens da Presidência e eles são cristalinos, diferentemente das informações vazadas seletivamente pela Lava Jato ao longo de anos.

No passado tínhamos operações da PF com releases do MPF distribuídos em coletivas de imprensa na mesma manhã. Os jornalistas todos comiam na mão da versão única montada nessas coletivas. Um espetáculo muito diferente do que se vê hoje. Alguém sabe o nome do procurador do caso? E do delegado? Pois é. Cada momento histórico com suas características.

No mais, segue valendo o que sempre valeu: provas na mesa e devido processo legal com amplo direito a defesa pra todo mundo.

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Novo advogado de Mauro Cid empurra responsabilidade para Bolsonaro: “assessor cumpre ordens”

Sobre os atos criminosos supostamente cometidos pelo militar, Cezar Bitencourt declarou: “alguém mandou, alguém determinou”. Cid era ajudante de ordens de Bolsonaro.

Novo advogado do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), Cezar Bitencourt afirmou na manhã desta quarta-feira (16) que o militar era “só o assessor” que cumpria ordens, jogando a responsabilidade dos atos supostamente praticados por ele para Bolsonaro: “militar cumpre ordens”

“Ele é um militar, mas é um assessor. Assessor cumpre ordens do chefe. Assessor militar muito mais. O militar tem por formação essa obediência hierárquica. Então alguém mandou, alguém determinou. Ele [Cid] é só o assessor. Assessor faz o quê? Assessora, cumpre ordens, cumpre determinação”, afirmou. Mais à frente, o responsável pela defesa de Cid disse que “a gente vai examinar quem é quem, até onde vai a responsabilidade de um e até onde vai a responsabilidade do outro”.

“Ele não fez nada por conta. Ele não teve iniciativa. Ele tem uma função, que cumpre da melhor forma possível, com a formação militar que ele tem. Aliás, uma grande formação. O Mauro Cid é um gênio, mas ele tem uma função. Essa obediência hierárquica para um militar é muito séria. Exatamente essa obediência [inaudível] afastar a culpabilidade dele”, complementou.

Bitencourt ainda classificou Cid como “grande injustiçado”. “É um absurdo que o Mauro esteja trancafiado dentro de uma cela dentro do Exército. Essas questões nós vamos começar a discutir”.

O advogado fez questão de registrar que assumiu a defesa de Cid na noite de terça-feira (16) e que ainda não pôde conversar com o militar.

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