Categorias
Opinião

O embuste tem um preço e Milei pagará por ele

A quebra de paradigma não virá. A tal dolarização prometida pelo Bolsonaro argentino não se realizará e a frustração será implacável com quem acreditou em suas fantasias econômicas. Melei está para Macri como Bolsonaro para Temer.

Lembra da hiperinflação que Collor herdou de Sarney? Trocentos%. O que Collor fez? Sequestrou a poupança do povo com o aplauso entusiasmado da mídia. Em menos de um ano, ele dobrou de tamanho da hiperinflação e o povo ficou sem sua poupança. Milei fará coisa assim. A ver.

O que ninguém fala é que se Bolsonaro teve a votação que teve, foi em função do Bolsa Família que ele copiou de Lula. Programa social que ele sempre desconjurou. Ou seja, a vitória política de Lula foi muito maior que a eleitoral, pq colocou Bolsonaro de joelhos no milho.

Não há variação que busque outros caminhos no neoliberalismo, é sempre a mesma presepada com planos mirabolantes que, no final, o povo sai derrotado e os ricos enchendo as burras de ouro em pó. Foi assim com os militares, com a hiperinflação explodindo no governo Figueiredo.

Detalhe fundamental, todos os planos neoliberais, de Sarney, Collor, Fernando Henrique, Temer e Bolsonaro, são somadas inflação e depressão. Ou seja, todos eles padeceram dessa doença neoliberal, com os mesmos sintomas e com as mesmas queixas do povo.

Por isso, temos kow how suficiente para dizer que todos os governos escravos do neoliberalismo, como é o caso das promessas de Meili, como foram as de Macri, fracassarão. Pior, com a bandeira das privatizações e a diminuição do Estado, na base dos rompantes, o que se vê é o caos.

 

 

Categorias
Mundo

UE quer fechar acordo com Mercosul antes de Milei assumir na Argentina

Posse do futuro presidente da Argentina, Javier Milei, está marcada para 10 de dezembro. Ele é conhecido por criticar o Mercosul e o Brasil.

A União Europeia (UE) quer assinar acordo com o Mercosul até 7 de dezembro, dias antes de Javier Milei, eleito nesse domingo (19/11) à Presidência da Argentina, assumir o comando da Casa Rosada. A posse do político ultraliberal está prevista para 10 de dezembro, segundo o Metrópoles.

Nesta segunda-feira (20/11), o bloco europeu declarou que as negociações têm sido “extremamente construtivas” e que o plano é no sentido de que o processo seja encerrado até o fim de 2023. A declaração está em um comunicado publicado hoje pela União Europeia.

Um encontro entre as partes envolvidas para assinar o acordo deve acontecer até o dia 7 de dezembro, quando o Brasil sai da presidência do grupo e o Paraguai assume. “É importante que a presidência brasileira do Mercosul tente selá-lo antes do final do nosso mandato [em 7 de dezembro]”, afirmou um diplomata brasileiro ao Financial Times.

O presidente Lula estaria, inclusive, se envolvendo pessoalmente no assunto.

E mesmo na sede da União Europeia, em Bruxelas, o assunto estaria sendo tratado a toque de caixa para que Milei não faça o acordo melar. “Aumentaram a frequência e a intensidade das negociações na crença de que uma zona de aterrissagem para um acordo político só será alcançável sob a presidência brasileira do Mercosul”, apontou um alto funcionário da UE.

Categorias
Mundo

Pois é, Javier Milei, da extrema direita, vence a eleição na Argentina

O representante da extrema-direita à presidência da Argentina, Javier Milei (La Libertad Avanza), venceu a disputa em segundo turno neste domingo (19). Embora o resultado não tenha sido divulgado, a vitória do candidato oposicionista foi reconhecida pelo seu adversário, Sergio Massa (Unión Por La Patria), atual ministro da Economia.

A apuração provisória deverá ser divulgada daqui a pouco. Pelo sistema eleitoral argentino, o resultado provisório se dá a partir dos dados enviados pelo Ministério do Interior de cada seção e que são enviados para a Direção Nacional Eleitoral. A contagem oficial de votos começa 48h depois do fim da votação. A posse está prevista para 10 de dezembro. Ainda assim, o resultado provisório já é considerado como o indicativo de qual candidato venceu as eleições.

Javier Milei é o presidente eleito pela maioria dos argentinos para os próximos quatro anos”, afirmou Massa. “Foi uma campanha muito longa e difícil, com conotações duras e espero que o respeito por quem pensa diferente seja estabelecido na Argentina”, acrescentou. O instituto AtlasIntel projeta vitória de Milei com 52,5%.

A vitória do candidato de extrema-direita representa um avanço para o grupo político na América do Sul. No Brasil, Milei teve o apoio da família de Jair Bolsonaro (PL) e de seus seguidores. Ligado ao peronismo, Sergio Massa tinha o apoio declarado do PT.

Com a vitória de Milei, a direita espera retomar o espaço perdido nos últimos quatro anos na América do Sul. Em 2019, presidentes considerados de direita comandavam dez dos 12 países do subcontinente. Hoje, são apenas três.

A candidata que alcançou o terceiro lugar nas eleições presidenciais da Argentina, Patrícia Bullrich, apoiou oficialmente Milei no segundo turno da disputa. Ela teve 23% dos votos. Ex-ministra do ex-presidente Maurício Macri, Bullrich faz parte da direita argentina e é adepta de um modelo econômico liberal.

Categorias
Mundo

Candidato de extrema direita na eleição presidencial argentina, Milei é alvo de protesto em teatro: “lixo, você é ditadura” (assista ao vídeo)

O candidato de extrema direita na eleição presidencial na Argentina, que ocorrerá neste domingo (19), foi alvo de manifestações nessa sexta (17) no Teatro Cólon, em Buenos Aires. A plateia, ao perceber sua presença, começou a gritar palavras de ordem como “Nunca mais”, e “Milei, lixo você é ditadura”. Milei, que disputará a Presidência contra o peronista Sérgio Massa, já negou em declarações o número de mortos durante a ditadura argentina. E sua candidato a vice, nesta semana, afirmou que o país precisa passar por uma “tirania”.

Categorias
Mundo

Argentina: Candidato governista Sergio Massa se impõe sobre Javier Milei e domina debate presidencial na Argentina

Relações com Brasil e presidente Lula foram ponto de forte discordância entre os candidatos.

O candidato à Presidência e ministro da Economia, Sergio Massa, conseguiu uma vantagem sobre o ultraliberal Javier Milei no debate entre presidenciáveis neste domingo (12/11), a uma semana das eleições. Sergio Massa conseguiu envolver o oponente, determinar o foco dos assuntos e ditar o ritmo do debate. As relações com o Brasil em geral e com o presidente Lula em particular foram um ponto de forte discordância entre os candidatos. A dúvida é se a vantagem de Sergio Massa no debate será suficiente para se refletir nas urnas numa disputa tecnicamente empatada.

Javier Milei até começou bem, dizendo que, “como economista liberal, era um especialista em crescimento econômico, em criar empregos de qualidade e em exterminar a inflação”.

Mas logo no primeiro capítulo do debate, justamente sobre Economia, Sergio Massa usou o seu tempo para fazer perguntas enfáticas a Milei. Em vez de abordar a economia, exigiu respostas afirmativas ou negativas sobre declarações contraditórias de Milei. Com isso, desviou o foco da economia para outros assuntos.

Milei caiu na armadilha e, quando se esperava um ataque à má gestão de Massa como ministro de uma economia em agonia, gastou o tempo tentando explicar sobre declarações polêmicas. Em vez de ganhar por nocaute, Milei passou à defensiva.

Na primeira metade do debate, Javier Milei, claramente, foi dominado. A segunda metade foi mais equilibrada, mas a sensação geral é de que Massa colocou Milei contra as cordas, tentou mostrar que Milei não está preparado para ser presidente e aproveitou a inexperiência do ‘outsider’.

Contradições expostas
Massa confrontou Milei sobre declarações em entrevistas nas quais o libertário disse que eliminaria subsídios às tarifas públicas, que acabaria com a gratuidade na educação e na saúde, que privatizaria a Previdência, que eliminaria o Banco Central, que adotaria o dólar como moeda, em substituição ao peso argentino, e até que privatizaria rios e mares.

Milei confirmou que vai eliminar o Banco Central e ‘dolarizar’ a economia, mas negou o resto da lista, surpreendendo-se com a privatização de rios e mares.

Sobre o aumento de tarifas, disse que primeiro recuperaria a economia. E sobre cobrar pelo ensino universitário, hoje totalmente gratuito, respondeu que “no curto prazo, não cobraria”, dando a entender que depois sim.

“No curto prazo, não vou cobrar. Depois, darei os recursos às pessoas para que decidam a quais universidades querem ir”, explicou.

Javier Milei tinha um “banquete” servido e Sergio Massa era o prato principal. Não apenas pela má administração da economia, mas também por recentes escândalos de corrupção e de espionagem ilegal que envolvem aliados de Massa. Mas Milei manteve um curioso silêncio.

Na única vez em que Milei acusou Massa de fazer negócios com empresários amigos, o candidato governista o convidou a irem os dois juntos a fazerem uma denúncia na Justiça.

“Ou você faz uma denúncia ou você se retrata”, desafiou Massa. Milei calou-se.

Provocar um ataque
Sergio Massa procurou o tempo todo desestabilizar emocionalmente Javier Milei, conhecido por furiosas reações em entrevista nas quais é questionado.

Logo no começo, Milei começou a elevar a voz e a chamar Massa de mentiroso. Quando Massa ironizou, pedindo que Milei ficasse agressivo porque o debate estava apenas começando, o libertário passou a controlar a habitual veemência.

“Não te agredi. Somente expresso com paixão a indignação que o teu governo gera”, defendeu-se.

Massa trouxe à tona uma informação desconhecida: a de que Javier Milei, quando jovem estudante, foi reprovado para renovar um estágio no Banco Central, dando a entender que o motivo da reprovação foi o exame psicotécnico.

“Os argentinos têm de eleger quem tem a sobriedade, o equilíbrio mental e o contato com a realidade para poder conduzir a Argentina”, advertiu Massa.

Sem reuniões pessoais com Lula
Um dos pontos fortes da noite foram as relações com a China, mas sobretudo com o Brasil, principal sócio político e comercial da Argentina.

Ao longo da campanha, Javier Milei disse que não teria relações políticas com líderes comunistas e corruptos. Nessa lista, incluiu o presidente Lula, com quem não pretende reunir-se se eleito.

“Não vamos ter relações com aqueles que não respeitam a liberdade individual e a paz. Os meus aliados serão Estados Unidos, Israel e o mundo livre”, diferenciou o libertário.

Massa alertou que romper relações com o Brasil e com a China implica à Argentina perder dois milhões de empregos. Milei, então, contra-argumentou dizendo que vai permitir que os privados tenham comércio com quem quiserem, mas que ele não terá relações políticas nem pessoais com Lula.

Também disse que, se os exportadores perderem esses mercados, poderão substituí-los por outros.

Milei lembrou a Massa que o atual presidente Alberto Fernández não falava com o ex-presidente Jair Bolsonaro. “Qual é o problema se eu não falar com Lula?”, questionou Milei.

Desempate
No final do debate, Sergio Massa disse que queria ser presidente “para acabar definitivamente com a polarização política” no país, “para que os jovens continuem com universidades públicas” e para que “as mulheres possam entrar no mercado de trabalho sem medo nem discriminação”, em contraposição implícita a Milei.

Por sua vez, Milei disse que “os argentinos devem perguntar-se se querem continuar neste caminho decadente que só aumenta a quantidade de pobres, condenando o país à miséria e os jovens a irem embora do país” por culpa de “uma casta política corrupta, parasita e inútil”, em alusão ao “modelo empobrecedor de Massa”.

Milei pediu ainda que “os eleitores votem sem medo porque o medo beneficia o status quo”.

No meio desta semana, devem sair novas pesquisas de intenção de voto já com o impacto deste debate. Os números podem confirmar se o domínio de Sergio Massa no debate tende a se traduzir em votos.

Por outro lado, nesta segunda-feira sairá o índice de inflação de outubro que deve rondar os 10%, elevando a inflação a mais de 150% nos últimos 12 meses.

Até agora, a disputa está tecnicamente empatada, a seis dias da eleição do próximo domingo.

*Opera Mundi

Categorias
Mundo

É difícil ser tão ruim quanto Bolsonaro, mas Milei tem tentado

Quem quiser o título deve ser comparável a catástrofes naturais e pragas bíblicas.

A Argentina vai às urnas neste domingo eleger seu novo presidente. O primeiro colocado nas pesquisas é Javier Milei, por vezes chamado de “Bolsonaro argentino”. O clã Bolsonaro, de fato, apoia Milei com entusiasmo.

É preciso tomar cuidado ao dizer que alguém é o Bolsonaro de outro país. Muito pouca coisa no mundo é tão ruim quanto Jair Bolsonaro.

Graças a Bolsonaro, durante alguns meses de 2021 o Brasil teve um terço das mortes por Covid-19 no mundo, mais de dez vezes nossa proporção da população mundial (2,8%). Segundo cálculos do epidemiologista Pedro Hallal, a recusa de ofertas de vacinas pelo governo Bolsonaro causou, só entre janeiro e junho de 2021, 95 mil mortes.

Bolsonaro também desmontou os mecanismos de combate à corrupção no Brasil e permitiu que os congressistas apresentassem emendas secretas ao Orçamento (por isso não sofreu impeachment). Realizou pelo menos duas tentativas de golpe de Estado. A primeira, em 7 de setembro de 2021, quando declarou que não obedeceria mais ao Supremo Tribunal Federal. E outra logo depois de sua derrota ano passado.

Na semana passada, uma Comissão Parlamentar de Inquérito apontou o ex-presidente como mentor intelectual da destruição da praça dos Três Poderes em 8 de janeiro, ápice de uma onda golpista que se seguiu ao resultado das eleições. Um terrorista que havia ocupado cargo no governo Bolsonaro tentou explodir o aeroporto de Brasília na véspera de Natal de 2022.

Ou seja, não basta ser conservador, populista, nem mesmo a versão radical de qualquer uma dessas coisas, para ser “o Bolsonaro” de seu país. Quem quiser o título deve ser comparável, não a outros estadistas, mas a catástrofes naturais e pragas bíblicas.

Embora já tenha mentido sobre o número de desaparecidos durante a ditadura, o currículo de Milei como fascista é bem mais modesto que o de Bolsonaro, um ex-militar que já tinha tentado explodir o próprio quartel. O déficit de fascismo de Milei é só parcialmente coberto por sua candidata a vice, Victoria Villarruel, que tem vínculos históricos com os militares presos por crimes da ditadura argentina e chegou a visitar o ex-ditador Jorge Videla.

Mas o programa econômico de Milei é consideravelmente pior do que o de Bolsonaro. Jair sempre admitiu que era completamente ignorante sobre o assunto. O candidato argentino parece estacionado naquele pico de estupidez em que o indivíduo sabe o suficiente para ter convicções fortes, mas não o suficiente para deixar de ser burro: defende extinguir o Banco Central, dolarizar a economia e eliminar órgãos públicos cujo funcionamento, obviamente, não compreende.

*Celso Rocha de Barros/Folha