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Investigação

PF aponta participação de ‘milícias digitais’ no suposto plano golpista de Bolsonaro

Rede para disseminar fake news teria agido com intuito de desacreditar o processo eleitoral e fomentar possível golpe.

A investigação envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados por suspeita de participação numa tentativa de golpe de Estado indica o uso de uma rede de disseminação de notícias falsas com a finalidade de desacreditar o processo eleitoral e fomentar o caminho para a ruptura. Chamado pela Polícia Federal de “milícia digital”, o núcleo também utilizava o mecanismo para incentivar bolsonaristas a permanecerem na frente de quartéis e estimular ataques contra militares da cúpula que resistiam a aderir aos planos golpistas. Relatórios com fake news sobre urnas eletrônicas e hackers foram outros instrumentos da trama.

Em 4 de novembro de 2022, quando Bolsonaro já havia sido derrotado pelo presidente Lula, uma live realizada por um consultor argentino viralizou entre apoiadores do então chefe do Executivo. Na transmissão, foi apresentado um estudo falso alegando disparidades entre a distribuição de votos em urnas eletrônicas mais novas e o modelo antigo. A tese era que os equipamentos fabricados antes de 2020 “geraram uma anomalia a favor do candidato de número 13”, em referência a Lula.

Na sequência, o material da live foi disponibilizado na nuvem por Tércio Arnaud, então assessor da Presidência, e encaminhado ao tenente-coronel Mauro Cid, à época ajudante de ordens de Bolsonaro. A PF afirma que a intenção do grupo era “propagar a disseminação de conteúdo falso”. Na pasta digital, ainda foi encontrada uma versão editada da live, para facilitar a distribuição.

“O núcleo teria atuado, prioritariamente, na produção, divulgação e amplificação de notícias falsas e de ‘estudos’ quanto à falta de lisura das eleições presidenciais de 2022, bem como sobre supostos registros de votos após o horário oficial, inconsistências no código-fonte, com a finalidade de estimular seguidores a permanecerem na frente de quartéis e de instalações das Forças Armadas, no intuito de criar o ambiente propício para a execução de um golpe de Estado”, escreveu a Procuradoria-Geral da República (PGR) em manifestação.

Em nota, a defesa de Cid afirmou que ele não fazia parte de nenhum grupo e que só vai se manifestar com mais detalhes depois de ter acesso aos autos. Procurada, a defesa de Bolsonaro não se manifestou. Em pronunciamentos anteriores, os advogados afirmaram que o ex-presidente jamais atuou contra o estado democrático de direito. Já a defesa de Tércio disse que não teve acesso completo aos autos e que o momento é de “falar das questões jurídicas e deixar de usar a política como cortina de fumaça”.

Conexão com outras investigações
A investigação inicial das milícias digitais, que se conecta com a apuração sobre a tentativa de golpe, foi instaurada em julho de 2021 pelo ministro Alexandre Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para investigar a produção e a disseminação de conteúdos que atacam as instituições democráticas nas redes sociais e provocam desdobramentos, como os atos de 8 de janeiro. Foi por meio deste inquérito, inclusive, que foi firmado o acordo de delação premiada de Cid, homologado pelo STF. Foi também no âmbito deste inquérito que surgiram três frentes de investigação que atingem Bolsonaro: a venda de presentes oficiais no exterior, como joias e relógios dados pela Arábia Saudita; a falsificação de registros de vacinação contra a Covid-19; e a as trocas de mensagens de teor golpista. No último dia 22 de janeiro, Moraes prorrogou o inquérito pela nona vez, pelo prazo de 90 dias, a pedido da PF.

A atuação das milícias digitais no processo eleitoral de 2022, para favorecer Bolsonaro, também é investigada no inquérito. A PF já realizou, inclusive, mandados de busca e apreensão contra empresários bolsonaristas que enviaram mensagens de teor golpista em grupo de WhatsApp, em agosto de 2022. Em decisões dentro do processo, Moraes já disse que o inquérito das milícias digitais investiga “uma organização criminosa complexa, de forte atuação digital e com núcleos de produção, publicação, financiamento e político, com objetivo de atacar o estado democrático de direito”.

Ataques a militares
Outra frente de ataques ao sistema eleitoral identificada pela PF foi levada adiante pelo economista e blogueiro Paulo Figueiredo Filho. Segundo a investigação, ele atuava para insuflar os militares a aderirem ao plano golpista “vazando” informações da caserna — uma das ocasiões teria sido a divulgação de nomes de integrantes da cúpula do Exército que estariam resistentes à ofensiva. Na manhã do dia 28 de novembro de 2022, Cid recebeu de um interlocutor um aviso para que assistisse ao programa do qual Figueiredo participava — Cid respondeu dizendo que já sabia o que iria acontecer. Mais tarde, Figueiredo publicou uma mensagem nas redes sociais dizendo que daria “nome aos bois” e falaria do “verdadeiro clima entre os militares”.

No programa, generais como o atual comandante do Exército, Tomás Paiva, que recusaram a ofensiva golpista, foram alvos de ataques. Procurado, Figueiredo afirmou que sempre se posicionou “fortemente contra golpes de Estado, intervenções militares ou atos inconstitucionais”. O texto diz ainda que as informações apresentadas por ele “foram confirmadas pela investigação, provando-se absolutamente verídicas. Não propaguei, portanto, ‘desinformação’, mas sim fatos inconvenientes para alguns”.

Segundo a PF, o general da reserva e ex-ministro da Casa Civil Walter Braga Netto, que concorreu a vice na chapa de Bolsonaro, também atuou diretamente na tentativa de golpe e se valeu do método da milícia digital para promover ataques para “desacreditar os militares que, defendendo a Constituição e a legalidade, estavam resistindo às investidas golpistas”. Braga Netto não se manifestou.

O material apreendido pela PF revela mensagens em que o ex-ministro orienta integrantes do grupo a difundirem ataques via redes sociais para constranger militares da cúpula a cederem aos esforços golpistas. Um dos alvos escolhidos foi então comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro do ar Baptista Júnior, tratado entre eles como “traidor da pátria”. O então comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, foi chamado de “cagão”. A iniciativa atingiu também Paiva, que, para Braga Netto, nunca “valeu nada” e era vinculado ao PT.

A PF afirma que até mesmo informações oriundas de hackers foram usadas pelo núcleo na tentativa de tumultuar o processo eleitoral. Em uma mensagem apreendida, Cid afirma que está recebendo “cara de TI, hacker”. A tentativa foi frustrada: na sequência, o próprio ex-ajudante de ordens diz que não houve nenhuma descoberta “capaz de abrir uma investigação”. Em outra troca de mensagens, Cid recebe áudios encaminhados afirmando que votos teriam sido computador a favor de Lula, especialmente no Nordeste, após o fim do horário de votação, o que é comprovadamente falso. Supostas inconsistências no código fonte das urnas — jamais provadas — também estiveram na mira do grupo.

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Frota, bombástico, entrega a rede criminosa de fake news: Olavo, deputados e empresários

Apoiador de primeira hora do então candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL), desde o início de 2018, Alexandre Frota (PSDB-SP) rompeu com o presidente há cerca de dois meses. Desde então, é um de seus críticos mais veementes. Na última quarta-feira (30), foi à CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) das Fake News e fez uma série de acusações ao governo.

Já em entrevista exclusiva que concedeu ao UOL nesta sexta, o deputado federal deu ainda mais detalhes e nomes supostamente envolvidos no caso.

De acordo com o parlamentar, uma rede de produção de notícias falsas e ataques virtuais coordenados está ativa e operante em gabinetes de deputados federais e estaduais, das assembleias legislativas de São Paulo e do Rio de Janeiro.

Ela seria comandada pela família Bolsonaro, pelo escritor Olavo de Carvalho e pelo jornalista Allan dos Santos, dono da página Terça Livre, veículo abertamente apoiador do governo.

A reportagem do UOL procurou os citados por Frota, e publicou separadamente as respostas e comentários.

O deputado afirma estar conduzindo uma investigação por conta própria para desvendar os meandros da rede propagadora de notícias falsas.

Os trechos publicados em áudio ao decorrer da entrevista trazem frases de destaque do parlamentar, nem sempre incluídas no texto.

Leia, abaixo, a entrevista de Alexandre Frota concedida ao UOL. UOL –

O senhor denunciou na CPMI a existência de uma rede de produção de fake news e ataques virtuais controlada por políticos do PSL ligados à família do presidente da República. Como isso funciona? Por que decidiu falar sobre isso só agora?

Alexandre Frota – Eu comecei a ter conhecimento a partir de maio da existência de dois ou mais gabinetes que abrigam os milicianos digitais, militantes da extrema-direita, travestidos hoje de assessores parlamentares. Estão, hoje, com suas credenciais, suas carteiras, recebendo um bom salário para atuarem dentro dos gabinetes. A gente já tem algumas suspeitas bem positivas de onde eles podem estar abrigados.

Como essa rede de ataques virtuais atua?

Eles escolhem o alvo. Geralmente, ou o Allan dos Santos ou o Olavo de Carvalho dão a primeira dica, a primeira pancada, a primeira postagem. Isso depois de terem passado pelos criadores.

Então, tem os criadores, tem os programadores, que vão programar os horários e as redes sociais. Se vai sair primeiro no Twitter, no Instagram ou no Facebook. A partir daí, dos programadores, vêm os publicadores, e depois vêm os replicadores.

Além disso, existe uma ala orgânica, iludida, que acha que este é o caminho. E tem também os credenciados, remunerados e abrigados na Alesp, na Alerj, na Câmara dos Deputados e até no Senado.

E qual a participação do escritor Olavo de Carvalho?

Olavo de Carvalho participa não só da promoção como escolhe as vítimas, os adversários. Ele inicia geralmente o linchamento, falando inclusive palavrões absurdos. Atrás, vem a ala mais sectária deles: Allan dos Santos, Bernardo Kuster [youtuber apoiador de Jair Bolsonaro], Claudia Wild? entram eles. Na sequência vem os publicadores e replicadores. Tem Allan Frutuoso, Edson Salomão, Douglas Garcia, Gil Diniz . É um monte de nome. São muitos.

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) atua nesta rede?

Se o presidente atua na elaboração, coordenação das redes e distribuição de fake news, isso eu não sei. Mas que ele publica na conta dele uma série de coisas, como o vídeo do leão. Quantas vezes neste ano ele mesmo já falou que foi o Carlos [Bolsonaro] que publicou e depois ele pede desculpa? Agora, o Bolsonaro levou das ruas, das milícias digitais, levou para dentro o tal do Tércio Tomaz, os dois Mateus [José Matheus Sales Gomes e Mateus Matos Diniz], que já foi falado várias vezes têm suas contas fakes, particulares, e atuam para o governo e atuam detonando os adversários. Eles fazem em paralelo o serviço bom e o serviço sujo para o Bolsonaro. Todo mundo sabe disso. E eles estão dentro do governo. Estão ao lado da sala do Bolsonaro, morando lá e com apoio do Filipe G. Martins [assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais].

Há gente do governo Bolsonaro atuando na rede de fake news?

Eu fui almoçar com o Bolsonaro muitas vezes. Uma das vezes que fui almoçar no palácio [Frota não especifica se foi no Planalto ou no Alvorada], eu encontrei dentro da sala do Bolsonaro o Tércio, o Matheus, o outro Mateus e o Carlos Bolsonaro. Na minha chegada, todos saíram. Eles estavam reunidos com o presidente. Eu sei que eles promovem esses ataques. Já faziam isso na campanha.

O senhor falou a respeito de alguém chamado Jefferson, ou Jeffrey, que teria um papel preponderante dentro da rede de produção de fake news. Quem é ele?

Sim, o Jeffrey Richard Nyquist. É uma pessoa que já apareceu há algum tempo dentro da Câmara. Ele muitas vezes foi visto no ativismo. Hoje ele se encontra no partido Novo, mas ele vem prestando e oferecendo serviço, com cobrança de um valor entre R$ 15 mil e R$ 20 mil, para trabalhar as redes sociais, programar as redes sociais, dentro da Câmara. É uma pessoa em que a gente está de olho. Ele tem sido visto com frequência dentro da Câmara, e, para minha surpresa, o nome dele já estava na CPMI da Fake News.

Qual a relação do empresário Otávio Fakhouri com a produção de notícias falsas e ataques virtuais? Seu site Crítica Nacional teria algo a ver com isso?

Sobre o empresário Otávio Fakhouri, ele é um dos financiadores do Crítica Nacional, que é um jornaleco, um portal, que era administrado pelo insosso professor Paulo Enéas, que é discípulo de Olavo de Carvalho. Então, este Crítica nacional estava falido por completo, e o Otávio Fakhouri viu uma oportunidade ali. Então ele financiou, se tornou diretor do veículo, que hoje em dia serve para fazer os linchamentos dos adversários da família Bolsonaro.

O deputado estadual paulista Gil Diniz (PSL) participa desse rede? O Gil Diniz, conhecido com Carteiro Reaça, foi alçado a essa sorte de entrar nesta gangue que se tornaram os amigos do Eduardo Bolsonaro. Essa milícia digital. O Gil, além da suspeita das rachadas que foram produzidas no gabinete dele, ele sempre foi um ativo defensor do Olavo de Carvalho. Ele faz parte do “conversadorismo”. Ele sempre defendeu o Olavo com unhas e dentes. Promove ataques, inclusive contra mim. Usa hoje do cargo de deputado estadual, da Alesp, para continuar propagando os ataques, humilhações, criticando aqueles que não concordam com a família Bolsonaro, principalmente quando discordam do Eduardo Bolsonaro.

O Gil Diniz está dentro da Alesp e, do gabinete dele partem os ataques. Outro dia eles deram a desculpa que era nas horas de intervalo, mas a gente sabe que não é porque quando os ataques vêm são 16h, 15h, 21h, 10h. Ou seja, não é especificamente na hora do almoço como eles tentaram se defender.

O deputado estadual de São Paulo Douglas Garcia (PSL) também participa?

O Douglas Garcia veio do ativismo de rua, do Movimento Direita São Paulo. Recentemente, eles inventaram o Movimento Conservador, que tem o Edson Salomão [presidente]. O Douglas Garcia só está no PSL por minha causa. Ele havia falado mal do Eduardo Bolsonaro e eu que tive que ir ao PSL pedir para que virassem essa página. Inclusive o próprio Edson Salomão, que é sócio dele e amigo inseparável, sempre me agradeceu por isso.

Eles trouxeram das ruas essa opressão, esse ódio. Eles tentam desqualificar aqueles que não concordam com o Bolsonaro, com o Olavo de Carvalho. Fazem ataques brutais, assassinatos de reputações, humilhações. Todos contratados pelo gabinete do deputado Douglas Garcia. Todos.

Um monte de covarde, que não tinham dinheiro para nada, não tinham onde cair morto, a primeira vez que foi levado a uma churrascaria foi por mim, chorou na churrascaria, e hoje usam, abusam e se lambuzam do poder e do dinheiro que é dado a eles. Nós temos, inclusive, uma listagem enorme com o nome de todos que se programam para fazer isso [produzir fake news difamatórias].

Quem está nesta lista?

A lista das pessoas que promovem ataques é enorme: professora Paula Marisa [youtuber de Canoas-RS, apoiadora de Jair Bolsonaro], Camila Abdo [blogueira e assessora parlamentar no gabinete do deputado estadual Coronel Nishikawa, do PSL-SP], Paulo Enéas [escritor que lançou o site Crítica Nacional], Douglas Garcia, Edson Salomão. A lista é grande. Se você faz um cruzamento dos linchamentos, você verá que eles estão sendo envolvidos.

O senhor disse que pessoas que trabalham na Câmara dos Deputados trabalham nessa rede. Como o senhor soube disso? Tem como provar?

Como eu fui o primeiro a falar que eu desconfiava e que tinha suspeitas de que dois ou três gabinetes na Câmara abrigavam esses milicianos digitais, isso saiu na imprensa. No dia seguinte, eu fui atacado na rede social por um militante ativista que eu já conhecia de vista, chamado Nicolas Melo. Eu respondi fortemente a ele. No dia seguinte, quando chego ao plenário da Câmara, a deputada Carol De Toni [PSL-SC], uma olavista das mais fanáticas, se dirige a mim no plenário e vem questionar o motivo do ataque ao Nicolas Melo.

Até então, eu não sabia. Falei: “Quem é o Nicolas Melo?” Ela disse: “Ele trabalha para mim. Ele ficou assustado com sua resposta. Não faça mais isso.” Agora, eu já conhecia ele do ativismo e da militância nas redes, mas não sabia que ele estava trabalhando no gabinete dela. Aí, sem eu ter falado nada com ela, ela virou para mim e falou: “Não tenho nenhum miliciano digital abrigado no gabinete”. Ora, eu não perguntei nada sobre isso. Ela é que se antecipou e falou isso.

Passados três dias ela exonerou o Nicolas Melo. Nós levantamos a ficha. Ou seja, o Nicolas Melo, ativista e militante, estava prestando serviço para a dona Carol de Toni dentro da Câmara dos Deputados como assessor, mas estava promovendo ataques. Ou seja, era um miliciano lá dentro. E por que ela exonerou ele logo depois que falou comigo? Tudo levar a crer que ele estava no gabinete dela participando dessa milícia digital, credenciado, contratado, recebendo travestido de assessor parlamentar e logo depois foi exonerado. Está lá documentado.

O senhor citou o jornalista Allan dos Santos. Qual a participação dele na rede?

Essa é uma pergunta que estamos atrás de resposta. O CPF dele e o CNPJ do Terça Livre não constam na Segov [Secretaria de Governo] e Secom [Secretaria de Comunicação] do governo federal. O que acreditamos é que existe uma empresa contratada e que terceiriza o Allan dos Santos. Por isso ele não aparece. Mas quem paga aquela mansão? Quem paga o carro Corolla, que está alugado? Está em nome de quem o carro? Por que ele mora em Brasília? Como ele consegue andar credenciado dentro da Câmara e ao lado do presidente todas as horas que ele quer? Como ele consegue os melhores ângulos nas entrevistas do presidente? São perguntas que ele provavelmente vai ter que responder.

Ele é um dos provedores e promotores dos ataques mais viscerais que há. Tem aí os posts dele atacando inclusive aqueles com quem ele sempre compactuou, como o Nando Moura (youtuber que era apoiador do governo, mas que rompeu com a família Bolsonaro há cerca de um mês). Então, isso está sendo investigado. Como ele recebe dinheiro? Só de venda online de revista e livro? Nem a Playboy vendeu tanto para poder dar uma casa assim para alguém nos últimos anos. Inclusive, a Playboy faliu. Quero saber das palestras dele. Quanto ele ganha em cada palestra? Onde são as palestras? Quero ver. Vamos pedir na Receita Federal que ele apresente os valores da casa que ele vive. Vamos atrás desse cara.

O senhor já foi membro do PSL. Já se beneficiou da rede de fake news que diz existir?

Nunca me beneficiei de divulgação de fake news. Quando eu compartilhei alguma coisa que era fake news, eu compartilhei sem saber que era e estou pagando processo até hoje por isso. Eu sempre fui independente. Criei minha própria rede, meus próprios seguidores e não participava disso. Não tinha nem convite nem acesso a essas pessoas, a essa milícia.

A deputada Joice Hasselmann disse que filhos do ex-presidente têm uma rede para espalhar fake news. O senhor sabe de algo sobre isso?

Assim como a Joice, eu acredito que eles estejam, até porque todos os dias nós assistimos às intervenções tanto do Eduardo como do Carlos Bolsonaro nas redes sociais. Atacando as pessoas e discutindo, criando confusões, humilhando e tentando desconstruir. Atrás deles tem os assessores. No caso do Eduardo, tem lá o Gil Diniz e mais um tropa com ele. O Eduardo Bolsonaro, quando passou pelo PSL, levou metade dos cargos. Tanto é que tem deputado do PSL que nunca teve um cargo. Eu mesmo fiquei esse tempo no PSL e não tive um cargo no PSL. Diferentemente do Filipe Barros [deputado federal, PSL-PR], sobre o qual eu soube na CPI que tinha dois cargos. Eu não sabia disso. Por que ele tem dois cargos e não tinha nenhum?

 

 

*Do Uol