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Depois do discurso delirante de Bolsonaro na ONU, a ressaca. Relatório prevê déficit de 861 bilhões no Orçamento

O envio silencioso do relatório ocorre na semana seguinte à polêmica envolvendo o Renda Brasil e menos de 24 horas depois do discurso triunfalista de Bolsonaro na ONU.

De volta ao Brasil real, caricato e burlesco, o Ministério da Economia divulgou nesta terça, 22, na surdina, a avaliação bimestral do Orçamento com uma projeção de déficit de R$ 861 bilhões em 2020.

O envio silencioso, quase clandestino do anúncio do relatório, tradicionalmente feito com entrevista coletiva dos principais secretários que cuidam da área fiscal do governo, desta vez foi balbuciado, restringindo-se a um documento oficial lacônico e uma nota protocolar à imprensa divulgados pela pasta às 19h25, quando a mensagem de envio do relatório já havia sido publicada na calada da noite em edição extra do Diário Oficial da União (DOU).

No documento divulgado hoje, a Economia informou que sua expectativa para receitas em 2020 piorou R$ 9,725 bilhões, passando a R$ 1,446 trilhão.

Ou seja, o país das maravilhas que Bolsonaro vendeu, é uma fraude em todas as suas fantasias.

 

*Da redação

 

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Bolsonaro dá vexame na ONU, dólar sobe, investidores fogem do Brasil e país perde acordos internacionais

O clima de aversão a Bolsonaro no mundo por seu discurso fake na ONU, teve como consequência a desmoralização do Brasil e a desvalorização de nossa moeda frente ao dólar que fechou o dia a 5,47, com alta de 1,32%.

Discurso delirante do pária Bolsonaro na ONU ratifica preocupação de investidor. Essa foi a avaliação do “Observatório do Clima”

A entidade ambientalista que reúne mais de 50 Organizações Não-governamentais (ONGs) e movimentos sociais, foi direto na jugular do presidente que proferiu as maiores mentiras em seu discurso na ONU: “O discurso do presidente Jair Bolsonaro na abertura Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), nesta terça-feira, 22, foi “calculadamente delirante”, diz a nota.

Para o Observatório do Clima, a declaração de Bolsonaro “não foi voltada à comunidade internacional, mas sim à claque bolsonarista”

Em nota enviada ao Broadcast Político, a direção da entidade avalia que o discurso dá a “trilha sonora” para a saída de investidores internacionais e o cancelamento de acordos comerciais com países parceiros.

Para o secretário-executivo do Observatório do Clima, Marcio Astrini, a fala de Bolsonaro ameaça a Economia ao não propor soluções aos problemas ambientais do País e acusar um “conluio inexistente entre ONGs e potências estrangeiras” contra o Brasil.

“Bolsonaro Não teve o objetivo real de prestar esclarecimentos sobre a situação do Brasil a parceiros comerciais e consumidores preocupados, muito menos de propor uma visão de País, como era a tradição, mas de combater a realidade e inventar inimigos imaginários. Bolsonaro usou a tribuna das Nações Unidas para fazer campanha à reeleição e não para promover o país”, completa a entidade.

 

*Da redação

 

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Opinião unânime no mundo: Bolsonaro envergonha o Brasil na ONU

A opinião no mundo civilizado é uma só, Bolsonaro envergonha o Brasil. Cínico, mentiroso e submisso aos interesses dos EUA.

Em franca campanha lacaia de Trump, Bolsonaro fez um discurso na ONU que entrará para a história tal as patacoadas de um presidente desequilibrado social e mentalmente.

O máximo de elogio que Bolsonaro conseguiu foi ser classificado como pitoresco, sobretudo quando abriu seu leque de programas no mesmo discurso em que chama a Venezuela de ditadura e elogia ditaduras teocráticas de países do Oriente Médio e, para piorar, diz que o Brasil é um país cristão e não laico, como está na constituição.

Ninguém esperava elegância ou excelência no discurso de Bolsonaro, mas ele exagerou nas suas desagradáveis mentiras triunfais.

O país que, hoje, é que mais desmata no mundo, ganhou de Bolsonaro sinos de bronze como o que mais preserva a natureza,

No seu sonho magnífico, o genocida, que provocou, até aqui, 138 mil mortes de brasileiros por Covid-19, com seu sombrio discurso negacionista, dobrou a aposta na omissão das vítimas sem colocar freios nas lorotas, vendendo um país que está solapado economicamente como o novo oásis da humanidade.

O pobre animal está tendo o que merece do mundo, repúdio, até porque, com a globalização e o Brasil na beira do abismo, a fuga de capitais é recorde, assim como o real foi a moeda que mais desvalorizou no mundo, somado ao fato do Brasil voltar ao mapa da fome e a opção entre direitos e trabalho, proposta por seu governo, ter apresentado como resultado um “nem, nem”, ou seja, nem direitos, nem trabalho, apenas uma precarização generalizada dos trabalhadores que, naturalmente reflete no momento trágico da economia que o Brasil atravessa.

Não tem graça comentar a sua tentativa de culpar os índios pelas queimadas, já que o Brasil está na mira dos maiores organismos mundiais pela devastação que Bolsonaro está promovendo na Amazônia e no Pantanal para atender aos interesses de contraventores, madeireiros, garimpeiros grileiros e pecuaristas.

Enfim, Bolsonaro foi Bolsonaro, o mesmo vigarista que, até hoje, não respondeu por que o miliciano Queiroz depositou R$ 89 mil na conta da primeira-dama Michelle Bolsonaro.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

 

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Brasil, de exemplo mundial de combate à fome a motivo de grande preocupação

“O Brasil não só não cumpre os compromissos que assumiu, como gera desconfiança sobre estes acordos internacionais”, diz o economista Francisco Menezes, que destaca: “a consequência é bastante nefasta”.

Os dados de que há 10,5 milhões de pessoas passando fome no Brasil, divulgados pelo IBGE nesta quinta-feira (17), apenas confirmam as expectativas já denunciadas durante o governo de Michel Temer e de Jair Bolsonaro. Em 2017, por exemplo, o economista Francisco Menezes, que acompanha de perto a situação da insegurança alimentar no Brasil e integra o grupo de trabalho Agenda 2030, alertava que o Brasil voltaria ao Mapa da Fome da ONU.

Naquele ano, o Relatório Luz, o primeiro produzido pelo grupo de trabalho Agenda 2030, mostrava os riscos de um retrocesso (Confira aqui). Signatário aos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), entre os países que integram a ONU, o Brasil prestou contas dessas metas somente uma vez, em 2017, ficando omisso em 2018, no governo Temer, e 2019 e 2020, no governo Bolsonaro.

Também com Jair Bolsonaro foi a primeira vez que o Brasil, desde que é signatário ao pacto em 2015, não incluiu os objetivos de desenvolvimento sustentável no programa de governo. É o que informa o economista que faz parte do GT, em entrevista ao GGN. “No plano estratégico lançado pelo governo, ele [Bolsonaro] suprimiu, pela primeira vez, a referência às ODS, retirou o compromisso que existia antes, o que vemos com muita preocupação”, relatou Menezes.

O alerta do retrocesso na fome e na pobreza no Brasil não foi feito apenas por este grupo de trabalho, que acompanha de perto a situação. Além dos dados do IBGE, divulgados a cada 5 anos, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) publicou um relatório, no ano passado, indicando que a curva de desnutrição no país, que era descendente, começava a crescer, juntamente com a anemia entre mulheres em idade reprodutiva e recém-nascidos abaixo do peso atingindo 8,4%.

E considerando que a fome está diretamente relacionada com outra das metas das ODS, a erradicação da pobreza, dados da Fundação Getúlio Vargas (FVG) divulgados há dois anos também mostravam que a desigualdade no Brasil vem aumentando desde 2016 (Acesse aqui).

Questionado sobre o que esperar de um governo que foi alertado antes mesmo de iniciar o mandato, Menezes foi direto: “desse governo a gente não espera nada, a expectativa é neutralizá-lo na sua lógica de destruição e buscar, a partir da sociedade e em discussão com as instituições brasileiras, propostas alternativas.”

Estão no Mapa da Fome todos os países que têm 5% de sua população ingerindo menos calorias do que o recomendável, ou seja, passando fome. Em 2013, era 3,6% da população no nível de insegurança alimentar. Deixando este mapa, no feito inédito, o Brasil também ganhava credibilidade internacional.

A própria FAO reconhece amplamente os logros do Brasil naquele tempo: “As altas e persistentes desigualdades de renda do Brasil e no acesso a serviços básicos, como educação e os cuidados de saúde são bem conhecidos. No entanto, na década de 2000, a desigualdade diminuiu substancialmente, enquanto a economia cresceu a uma taxa anual de 3,2 por cento entre 1999 e 2014. Como resultado, as reduções em pobreza e desigualdade seguiram de forma semelhante padrão impressionante durante os anos 2000: 26,5 milhões de brasileiros saíram da pobreza entre 2004 e 2014”, destacava, em relatório.

“O Brasil, até 2015, conseguiu cumprir e muitas vezes com sobras esses objetivos. Nós estamos andando para trás, aquilo que a gente tinha conseguido até em um determinado momento, começamos a retroceder e retroceder de uma forma acelerada”, lamentou o economista.

Apesar de não ser uma obrigatoriedade, Francisco Menezes ressaltou os efeitos negativos para o Brasil também em perspectiva de relações internacionais de não cumprir com os compromissos dos quais assinou junto aos demais países.

“A consequência é bastante nefasta para o país. A imagem do país, por esse e outros tantos motivos, tem ficado bastante prejudicada. No caso da erradicação da fome, o Brasil era tido como um modelo, a experiência brasileira era acolhida com muita atenção. Agora, nós somos motivo de uma preocupação de outros países e da humanidade, haja visto o que vem acontecendo também no plano ambiental. O Brasil não só não cumpre os compromissos que assumiu em diversos acordos internacionais, como declara desconfiança sobre estes acordos”, assinalou.

 

*Com informações do GGN

 

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ONU quer abrir inquérito internacional contra o Brasil

Pela primeira vez em seu período democrático, o Brasil é alvo de uma recomendação oficial para que o governo seja objeto de uma investigação internacional por suas políticas ambientais e de direitos humanos.

A iniciativa partiu do relator especial da ONU (Organização das Nações Unidas), Baskut Tunkat, responsável pelos temas de resíduos tóxicos e direitos humanos. Sua proposta é de que o Conselho de Direitos Humanos aprove a abertura de uma investigação. Para que isso ocorra, porém, governos teriam de apresentar um projeto de resolução e aprovar a proposta por um voto da maioria.

Para experientes negociadores, tal cenário hoje na ONU seria improvável.

Mas o pedido reflete um mal-estar sem precedentes entre o governo brasileiro e os enviados independentes da ONU. O relator realizou uma missão ao Brasil no final de 2019 e, ao preparar seu informe, constatou sérias violações nas obrigações ambientais e de direitos humanos do país, inclusive no contexto da pandemia da covid-19.

Tunkat concluiu seu mandato em meados do ano e o informe será apresentado pelo novo relator, Marcos Orellana.

O informe também avaliou as queimadas, ataques contra defensores de direitos humanos, a situação dos pesticidas, além da resposta do Estado diante de Brumadinho, Mariana e do derramamento de petróleo nas praias nacionais. O texto será entregue ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, no final desta semana.

Documento coloca Brasil ao lado da Síria

O informe ainda recomenda que a ONU realize “uma sessão especial sobre a proteção da floresta Amazônica e dos direitos humanos, assegurando a participação ativa de todos os interessados”. Sessões especiais apenas são solicitadas para crises graves, como na crise da Venezuela, a repressão na Bielorússia ou Síria.

Procurado, o Itamaraty não se pronunciou. O governo, no dia 18, irá responder ao informe durante reunião da ONU, em Genebra (Suíça).

Desde o início do governo de Jair Bolsonaro, queixas foram apresentadas ao Tribunal Penal Internacional por diferentes sindicatos e ONGs. Nesta semana, a corte arquivou temporariamente as denúncias, considerando que precisaria de mais provas para justificar o inquérito.

Desta vez, o pedido vem de um dos mecanismos especiais da ONU e não fala de crimes contra a humanidade, mas de um Estado que não cumpre suas obrigações legais de defender sua população, além de prejudicar o mundo por conta da destruição das matas.

Descontrolado, Brasil pode gerar catástrofe de proporção global, diz documento

O relator faz uma convocação aos governos estrangeiros e às entidades para que atuem com o objetivo de frear o que ocorre no país. “Se deixada sem controle, a situação no Brasil se transforma não apenas em uma catástrofe nacional, mas também em uma catástrofe com repercussões regionais e globais fenomenais, incluindo a destruição de nosso clima”, alerta o documento.

Entre embaixadores estrangeiros consultados pela coluna, muitos acreditam ser improvável que a investigação siga adiante, mas destacam que, pela primeira vez desde o final da ditadura militar, uma proposta concreta é submetida para que se abra uma investigação contra o Brasil, com um constrangimento diplomático sem precedentes.

Hoje, apenas países como Síria, Coreia do Norte, Mianmar, Venezuela ou Burundi contam com inquéritos específicos por parte da ONU.

Se fosse aberta, a investigação colocaria o Brasil de forma permanente na agenda de direitos humanos das Nações Unidas.

“Brasil está em um estado de profundo retrocesso e os crimes corporativos contra trabalhadores e comunidades são perpetrados com impunidade, e os direitos à informação e participação são reduzidos drasticamente”, alerta.

 

*Jamil Chade/Uol

 

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Política

Aumenta o cerco internacional contra Bolsonaro

Relatores da ONU acusam Bolsonaro de glorificar torturadores, que responde dizendo que seus afagos aos monstros da ditadura é liberdade de opinião, provocando, com isso, um profundo mal-estar entre os responsáveis pelos Direitos Humanos na ONU.

A insistência de Bolsonaro em recusar a existência do golpe militar de 1964 e sua apologia a torturadores como Brilhante Ustra, segundo peritos da ONU, são violações das leis internacionais que não lhe conferem tal direito de opinião, repudiando teorias revisionistas e negacionistas de violações dos direitos humanos do passado.

Por outro lado, o principal guru de Bolsonaro, Olavo de Carvalho, sofre uma retaliação implacável do Sleeping Giants Brasil, que está fazendo um verdadeiro estrago no bolso do charlatão em seu canal no Youtube. Vários anunciantes do canal, a maioria de corporações, como Casas Bahia, Mc Donalds, tiraram seus anúncios, o que fez Olavo se insurgir contra o próprio Bolsonaro, chamando-o de bundão por não investigar quem é o dono do movimento que está liderando o boicote empresarial ao seu canal.

Mas a coisa não para aí, o general Augusto Heleno se sentiu obrigado a rebater um vídeo que roda por todo o planeta, a partir da Europa, aonde Bolsonaro é acusado de destruir a Amazônia. Augusto Heleno admitiu que isso prejudica o agronegócio, acordos comerciais e a imagem do Brasil e pede para que os bolsonaristas assistam ao vídeo dos capachos bem pagos pelo governo, como os da Jovem Pan que mostram o vídeo europeu e rebatem de forma ensaiada com o governo.

https://youtu.be/646wrVkv6U4?t=3

 

*Carlos Henrique machado Freitas

 

 

 

 

 

 

 

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Matéria Política

Bolsonaro pode gerar violência real contra imprensa, alertam organizações

Os ataques nos últimos dois dias por parte de Jair Bolsonaro contra a imprensa ampliaram as críticas no exterior contra seu governo e o tema entra no radar dos relatores de direitos humanos, de governos estrangeiros, da OEA (Organização dos Estados Americanos) e dentro do bloco europeu.

No domingo, o presidente respondeu uma pergunta sobre denúncias de corrupção com a seguinte frase: “minha vontade é encher tua boca com uma porrada”. Um dia depois, ele voltou a atacar a imprensa durante um evento sobre a pandemia. Enquanto ele lançava sua ofensiva, uma coletiva de imprensa praticamente no mesmo momento na OMS (Organização Mundial da Saúde) em Genebra pedia que governos trabalhassem com jornalistas para levar coerência na mensagem à população.

O temor de especialistas internacionais é de que as palavras de Bolsonaro se transformem em atos concretos contra os profissionais de imprensa.

“Esse tipo de retórica violenta pode ser visto por alguns como apenas caricatura, quase um discurso sem conteúdo, como se disséssemos ‘lá vai ele de novo’”, afirmou David Kaye, que foi o relator da ONU (Organização das Nações Unidas) para Liberdade de Expressão entre 2016 e julho de 2020 e hoje é professor de direito na Universidade da Califórnia.

“Mas como Duterte nas Filipinas ou Trump nos Estados Unidos, sabemos que as ameaças contra os jornalistas ajudam a estabelecer um ambiente que pode levar à violência real, à intimidação dos jornalistas, a uma contenção de em reportagens que o público merece”, disse.

“É claramente um esforço para fazer com que os jornalistas não reportem sobre alegações de corrupção”, alertou.

“Exemplo rude da hostilidade”

Ele, porém, elogiou a rápida resposta de jornalistas pelo Brasil que foram às redes sociais para questionar o presidente. “É bom ver uma solidariedade jornalística tão ampla chamando o presidente para isso”, disse.

Edison Lanza, relator da OEA para Liberdade de Imprensa, também se pronunciou. “Não consigo encontrar um exemplo mais rude da hostilidade de um alto funcionário à imprensa e da exposição do jornalista à violência”, afirmou.

Entre os governos, a atitude de Bolsonaro também foi recebida com preocupação. Em Bruxelas, negociadores da UE (União Europeia) indicaram que a publicidade que se fez nos jornais do Velho Continente sobre o caso amplia a rejeição da opinião pública sobre qualquer tipo de acordo que a Europa tente fechar com o Brasil.

“Fica muito difícil justificar uma aproximação ao governo brasileiro”; admitiu um embaixador, na condição de anonimato.

Parlamento Europeu coloca Brasil como local com acesso à informação ameaçado

Um documento datado de maio e produzido pelo Parlamento Europeu a deputados cita especificamente Bolsonaro entre os líderes que estariam ameaçando o acesso à informação, em plena pandemia da covid-19. Seus atos, assim, “minam a liberdade de imprensa no Brasil”.

Há um mês, a delegação do governo da Suíça na ONU criticou países que estão se aproveitando da emergência da covid-19 para violar direitos humanos, principalmente no que se refere ao papel da imprensa. Berna citava Cuba, China e Venezuela. Mas também incluía em sua lista o Brasil.

O comportamento do governo levou negociadores estrangeiros a ironizar o gesto do Itamaraty quando, em julho, o Brasil patrocinou uma resolução na ONU para defender a liberdade de imprensa.

Semanas antes, a entidade Repórteres Sem Fronteiras publicou um levantamento apontando para os “ataques sistemáticos do sistema formado por Bolsonaro e seus seguidores” no segundo trimestre de 2020. Naquele período, a entidade registrou pelo menos 21 agressões partindo do próprio presidente na direção de jornalistas e da imprensa em geral. No primeiro trimestre, foram 32 casos.

“Pelas redes sociais, Carlos Bolsonaro, vereador no Rio de Janeiro, disparou 43 ataques contra a imprensa; Flávio Bolsonaro, senador, foi autor de 47; e Eduardo Bolsonaro, deputado federal, de 63”, revelou.

 

*Jamil Chade/Uol

 

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Matéria Mundo

Governo Bolsonaro envia “relatório fake” a ONU, sobre direitos humanos no Brasil.

O governo brasileiro submeteu à Organização das Nações Unidas um relatório amplo que serve como uma espécie de raio-x da situação dos direitos humanos no Brasil. Mas o documento, datado de 4 de junho de 2020, não traz as medidas adotadas pelo governo de Jair Bolsonaro e se limita a listar as iniciativas até 2018. Para entidades de direitos humanos no país, trata-se de um “relatório fake”.

O estado brasileiro deveria ter submetido a informação em 2014. O atraso, agora, foi quitado pelo governo. Mas, sem os dados da atual administração, peritos alertam que o documento pode enfrentar resistências. De fato, será com base nesse informe que o Comitê da ONU sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais realizará uma sabatina e um exame sobre a situação no Brasil.

Para ongs e ativistas brasileiros, o documento não corresponde à atual situação no país. Enéias da Rosa, secretário-executivo da Articulação para o Monitoramento dos Direitos Humanos no Brasil, revelou que a sociedade civil já está em diálogo para contestar os dados submetidos pelo governo à ONU.

Segundo ele, embora com grande atraso, a entrega do informe é importante. “Contudo, a entrega não pode ser um ato de estratégia política e pública de mera atualização de documentos internacionais de direitos humanos que encontrem-se em atraso”, disse.

“O relatório precisa refletir efetivamente a realidade dos direitos e como o estado brasileiro vem implementando as recomendações feitas pelos comissionados. Do contrário, o relatório passa a ser um “relatório fake” pelo qual o governo brasileiro mente ao Comitê da ONU”, declarou.

“Esse relatório exagerou no que já tem sido praxe da diplomacia brasileira de apresentar na ONU uma versão de país descolada da realidade”, afirmou Camila Asano, diretora de programas da Conectas Direitos Humanos. “O governo Bolsonaro já enviou relatórios repletos de omissões sobre os retrocessos que têm promovido em direitos humanos. Mas esse documento de agora é ironicamente saudoso, já que contém informação só até julho de 2018, excluindo deliberadamente seu mandato presidencial”, disse.

Em sua introdução do raio-x nacional, o governo indica que os dados se referem ao período entre 2007 e julho de 2018.

O Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos explicou que, “apesar de o relatório ter chegado à ONU oficialmente apenas em julho deste ano, ele foi finalizado no Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) no primeiro semestre de 2019 e, por esta razão, o escopo da elaboração não comportava ações daqueles primeiros meses do ano”.

“Os trâmites entre os órgãos da Administração e a necessidade de tradução do relatório para os idiomas oficiais da ONU para a submissão formal do relatório acarretaram este lapso temporal entre a finalização do texto e sua chegada ao órgão de tratado”, explicou a pasta. “Não obstante, a elaboração dos relatórios atrasados deixados pelos governos anteriores já nos primeiros meses deste governo representa um grande avanço na prestação de contas aos compromissos internacionais assumidos pelo Estado brasileiro em matéria de direitos humanos”, destacou o governo.

O Ministério liderado por Damares Alves rejeita a crítica das entidades. “Não se trata de atualizar o documento, pois ele nunca foi entregue pelos governos anteriores. O que estamos fazendo com a entrega dos relatórios atrasados é quitar o débito de prestação de contas com os organismos internacionais deixado pelos governos anteriores”, diz.

Para a Justiça Global e a Plataforma DHESCA Brasil, a iniciativa do governo é “bastante preocupante”. Além dos seis anos de atraso, as entidades alertam que as informações se referem a um período que “não abrange justamente os 2 últimos anos, em que o desmonte das políticas públicas de Direitos Humanos foi avassalador”.

Educação

No que se refere à educação, o informe é duramente criticado pela sociedade civil. “O relatório traz um cenário de legislação da educação e da criança e do adolescente que não somente não é seguida pelo governo, como ele atua na contramão dessas previsões legais”, disse Andressa Pellanda, coordenadora-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação.

“Há um desmonte sistemático da educação, que tem sido vitrine do governo em termos de fundamentalismos e de Estado mínimo diante do primeiro direito social listado pela Constituição Federal de 1988”, afirmou.

Segundo ela, o relatório cita a Lei de Cotas, de 2012, que de fato é um marco na história da educação no Brasil. “Acontece que o presidente é contra as cotas: diz que ajuda a “ensinar o socialismo” e que é “equivocada” e “coitadismo”. Ainda, seu ex-ministro da educação, Velez Rodrigues, defendeu que “universidade não é para todos”, disse Andressa.

Num dos trechos, o relatório aponta que “o Brasil tem investido anualmente 6% do seu PIB na área de educação, um aumento de 72,9% em relação a 2000, o que corresponde a 108,9% da média investida pelos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, que foi de 5,6%”.

O documento também revela que o Programa Nacional de Educação 2014-2024 estabelece o investimento de 7% até 2019 e 10% do PIB até 2024. “Como proporção das receitas da União, a despesa federal em educação quase dobrou sua participação, passando de 4,7% para 8,3% no período de 2008 a 2017, correspondendo a uma expansão do PIB de 1,1% para 1,8%”, diz.

Mas os dados são contestados pela sociedade civil. “O relatório contudo omite que o investimento em educação no Brasil vem caindo nos últimos anos”, disse Enéias da Rosa, secretário-executivo da Articulação para o Monitoramento dos Direitos Humanos no Brasil. “Somente entre 2014 e 2018, por exemplo, o investimento caiu em torno de 56% e estes cortes continuaram acontecendo em 2019 e 2020 no atual governo”, explicou.

Homofobia

O relatório ainda destaca iniciativas como o Programa Brasil Sem Homofobia, criado em 2004, e o governo destaca que, em 2011, “o STF decidiu favoravelmente sobre a legalidade da parceria doméstica entre duas pessoas do mesmo sexo, reconhecendo-a como uma entidade familiar, com direitos e deveres equivalentes aos da parceria doméstica heterossexual”.

“Em outra decisão histórica e sem precedentes, em 2015, o STF concedeu aos casais do mesmo sexo o direito de adoção, estabelecendo um precedente que é levado em consideração em todos os procedimentos legais sobre o mesmo assunto”, indicou.

O conteúdo do informe, porém, foi alvo de críticas dos movimentos sociais. “O governo Bolsonaro mente mais uma vez”, declarou Gustavo Coutinho, da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos. “Ao omitir dados sobre a população LGBTI e apresentar informações errôneas à ONU, o governo escancara sua política genocida”, disse.

“Desde 2018, a política de participação social foi sucateada ao extremo, o governo brasileiro se posicionou contra a criminalização da LGBTIfobia no STF, dificultou a regulamentação da doação de sangue por LGBTs pela ANVISA. Além disso, não foram implementados, em seu governo, nenhum Centro de Referência ou Ambulatório Trans, e o discurso de ódio do Presidente continua incitando crimes contra nós”, completou.

Pobreza

O documento também traz medidas adoptadas no Brasil para lidar com alguns de seus principais problemas sociais. Uma vez mais, porém, não há referências às políticas do governo atual. “A principal estratégia adotada nos últimos anos a este respeito foi o “Plano Brasil Sem Miséria”, criado em junho de 2011″, diz.

“Resultados recentes mostram que o Brasil está se recuperando economicamente e, portanto, recuperando empregos e demanda de mão de obra. A regulamentação do emprego informal é um dos desafios enfrentados pelos formuladores de políticas”, garante o país.

O Bolsa Família é um dos destaques do informe. Segundo o país, a iniciativa proporciona “acesso efetivo aos direitos básicos, assim como às oportunidades de emprego e empreendedorismo”.

“Nos últimos anos, o Bolsa Família teve um impacto relevante com mais de 36 milhões de brasileiros deixando a condição de extrema pobreza”, diz.

“A proporção de pessoas pobres no país diminuiu de 23,4% em 2002 para 7% em 2014”, comemora. O governo ainda indica que o projeto “também foi responsável por retirar o Brasil do Mapa da Fome da ONU em 2014”. De acordo com o informe, o país “alcançou as principais metas internacionais estabelecidas para vencer a fome no mundo, tornando-se uma referência internacional”, insistiu.

Saúde e Mais Médicos

Entre os diferentes programas citados com destaque está o Mais Médicos, iniciativa que o governo Bolsonaro colocou um fim. “Com relação à cobertura da saúde da população, em 2013, o Brasil tinha uma relação médico-paciente de cerca de 1,8 médicos para cada mil habitantes”, explica o documento. “A fim de expandir e fortalecer a prestação de serviços de atenção primária, a Lei 12.871/2013 criou o Programa Mais Médicos”, destaca.

“Até setembro de 2014, o Programa Mais Médicos destinou 7.786 médicos, incluindo brasileiros e estrangeiros, atingindo um total de 14.462 médicos ativos em 3.785 cidades”, diz. “Foi dada prioridade às localidades do interior do Brasil e às periferias das grandes cidades. O programa atendeu mais de 50 milhões de pessoas, das quais 61% viviam nas regiões Norte e Nordeste e apresentavam os mais altos índices de pobreza”.

“O Programa foi substituído em 2019 por Médicos Pelo Brasil”, explica o documento, sem qualquer referência aos ataques do presidente ao projeto.

Um dos trechos do informe aponta como, em 2010, o estado brasileiro criou a Secretaria Especial de Saúde Indígena e como “o Programa Mais Médicos priorizou a alocação de profissionais em aldeias indígenas localizadas nas regiões mais remotas do país para prestar atendimento direto à população indígena”. Até julho de 2015, 582 médicos ajudaram a oferecer serviços.

Enéias da Rosa mais uma vez contesta o informe e aponta como o Mais Médico foi “desmontado por birra ideológica”. “Também o relatório esquece de informar que por conta do desinvestimento nas políticas de saúde nos últimos períodos, houve uma importante diminuição de leitos no SUS, o que agora com a Pandemia da COVID no País torno ainda mais difícil a garantia desta direito para as populações mais vulnerabilizadas”, completou.

O governo nega que a informação seja uma chancela aos programas. “Os relatórios de tratados internacionais são documentos descritivos que relatam as realizações do Estado em determinada matéria adstrita ao texto do tratado ratificado pelo país no período que está sendo relatado”, indica.

“Cabe ao órgão de tratado fazer suas ponderações ao relatório apresentado, e, ao Brasil, seguir informando suas ações. Não há espaço para avaliações, pois são documentos de teor metodológico essencialmente descritivo”, diz. “De qualquer forma, rupturas institucionais abruptas não são condizentes com a postura democrática deste governo e com as políticas de direitos humanos adotadas pelo Ministério”, completou.

Desmonte

De acordo com as entidades Justiça Global e a Plataforma, o relatório não cita “o impacto da Emenda constitucional 95, que congela o gasto público por 20 anos e afetou fortemente a garantia de Direitos sociais como saúde e educação”.

“Bastante emblemático desse quadro geral de retrocessos nos direitos humanos foi a aprovação, pelo Congresso Nacional, da Proposta de Emenda Constitucional 95 (PEC 95), em dezembro de 2016”, disse Melisanda Trentin, membro da coordenação da Justiça Global e da Plataforma DHESCA Brasil.

“Para enquadrar-se nas novas limitações estabelecidas pela PEC 95, o Governo Federal publicou o Decreto de Contingenciamento, em 30 de março de 2017, que levou a uma redução de quase 50% no orçamento de alguns órgãos, alguns deles já com poucos recursos. O Ministério do
Desenvolvimento Social, por exemplo, teve suas despesas reduzidas em 44%, o da Cultura em 41% e o da Educação em 18%”, disse Melisanda.

Um dos impactos teria sido sentido nos direitos quilombolas. “Segundo dados da Comissão Pastoral da Terra em 2012 foram 36 assassinatos por conflitos no campo, em 2013 foram 34 as ocorrências, em 2014 foram 36”, explicou.

“Em 2015 houve um salto para 50 assassinatos e em 2016 ocorreram 61 assassinatos por conflitos no campo. Em 2017, o Brasil teve o maior número de assassinatos em conflitos no campo dos últimos 14 anos. Foram 71 pessoas assassinadas, das quais, 31 das mortes ocorreram em 5 massacres, o que corresponde a 44% do total”, completou.

Deportação

Um dos aspectos citados é a política migratória. Mas, segundo Camila Asano, “o relatório exalta que a deportação imediata passou a ser inviável devido à Lei de Migração de 2017”. “Porém, em julho do ano passado o Ministério da Justiça autorizou, por portaria contrária à Lei, a deportação sumária”, destacou.

“Agora com a pandemia, o governo voltou a criar a figura de deportação imediata sem nenhuma garantia de devido processo legal. A justificativa foi a contenção da pandemia. Só que desde julho o governo federal autorizou a entrada de turistas e investidores, mas mantém a proibição de entrada de solicitantes de refúgio por fronteiras terrestres”, alertou.

“Na semana passada, famílias venezuelanas que buscaram acolhida e proteção no Brasil foram cruelmente deportadas de forma imediata em Assis Brasil, fronteira com o Peru”, explicou a diretora de programas da Conectas Direitos Humanos.

 

*Jamil Chade/Uol

 

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Bolsonaro decide desobedecer ordem judicial do STF e se nega a entregar o dossiê dos antifascistas à Cármen Lúcia

O Ministério da Justiça e Segurança Pública negou, em manifestação enviada nesta quinta-feira (6/8) ao Supremo Tribunal Federal, que produza dossiês de opositores do governo.

O governo também negou o pedido de compartilhamento de informações de inteligências produzidos pela sua Secretária de Operações Integradas (Seopi).

“A atividade de Inteligência dedica-se a produzir conhecimentos para assessorar o processo decisório das autoridades públicas. Assim, é dever dizer que não há qualquer procedimento investigativo instaurado contra qualquer pessoa específica no âmbito da Seopi, muito menos com caráter penal ou policial. Noutras palavras, não compete à Seopi produzir ‘dossiê’ contra nenhum cidadão e nem mesmo instaurar procedimentos de cunho inquisitorial”, informou o Ministério da Justiça.

A manifestação enviada ao STF foi provocada por decisão da ministra Cármen Lúcia, que cobrou esclarecimentos sobre supostas investigações de servidores públicos antifascistas.

O assunto chegou ao Supremo graças a uma ADPF ajuizada pelo partido Rede Sustentabilidade.

Segundo a legenda, o Ministério da Justiça, pasta chefiada pelo ministro André Mendonça, promoveu, por meio do Seopi, perseguição política contra os 579 funcionários, confundindo “interesse nacional” com “interesse do Presidente da República”.

Pouco conhecida, a secretaria é uma das cinco subordinadas a Mendonça. Ela é dirigida por um delegado da Polícia Civil do Distrito Federal e uma Diretoria de Inteligência chefiada por um servidor com formação militar. Ambos foram nomeados em maio pelo ministro.

“O que se vê é um aparelhamento estatal em prol de perseguições políticas e ideológicas a partir de uma bússola cujo norte é o governante de plantão: quem dele discorda merece ser secretamente investigado e ter sua imagem exposta em dossiês ‘da vergonha’ perante suas instituições laborais”, afirma a peça.

Além da abertura de inquérito, a Rede solicita que a produção de informações de inteligência estatal sobre integrantes do movimento antifascista seja imediatamente suspensa.

Também pede que o dossiê seja enviado ao STF para análise; que o Ministério da Justiça preste informação sobre conteúdos produzido em 2019 e 2020 no âmbito do subsistema de inteligência de segurança pública; e que a pasta se abstenha de produzir e disseminar conteúdos que tenham como fim constranger cidadãos.

“Ao que parece, o Brasil, infelizmente, ainda não superou por completo o traço autoritário e ditatorial de limitações indevidas à ampla liberdade de expressão, sobretudo política. Esse pernicioso contexto de violação a direitos fundamentais mínimos atrai a jurisdição dessa egrégia corte constitucional”, prossegue o documento.

Dossiê

O dossiê secreto contra servidores antifascistas foi elaborado em 5 de junho deste ano, depois que foi divulgado o manifesto “Policiais antifascismo em defesa da democracia popular”, assinado por 503 servidores da área da segurança pública.

Além dos policiais, a ação teve como alvo três professores universitários. Um deles é Paulo Sérgio Pinheiro, ex-secretário nacional de direitos humanos e relator da ONU sobre direitos humanos na Síria.

O Ministério da Justiça produziu o levantamento com nomes e, em alguns casos, utilizou fotografias e endereços de redes sociais das pessoas monitoradas.

Os documentos colhidos foram enviados a vários órgãos públicos, como Polícia Federal, Centro de Inteligência do Exército, Polícia Rodoviária Federal, Casa Civil e Agência Brasileira de Inteligência.

Nesta semana, Mendonça decidiu trocar a chefia da diretoria de inteligência da Seopi. O coronel Gilson Libório de Oliveira Mendes foi tirado do comando do órgão.

 

*Do Conjur

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ONU: Brasil emerge como um epicentro da pandemia e indígenas preocupam

Num comunicado emitido nesta terça-feira em Genebra, o Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur) afirma estar preocupado com a situação dos indígenas deslocados no Brasil e na América Latina diante do coronavírus.

Pelas contas da OMS, o Brasil é o quarto local com maior número de casos do coronavírus no mundo. Mas os dados são defasados. Pelo levantamento é da Universidade Johns Hopkins, o país aparece com 250 mil casos, na terceira colocação com mais notificações pela covid-19, atrás de Estados Unidos (1.506.732 casos) e Rússia (290.678 casos).

De acordo com o Acnur, uma situação especialmente preocupante é a dos indígenas deslocados. “Com a propagação da pandemia do Coronavirus pela América Latina, o ACNUR alerta que muitas comunidades indígenas deslocadas estão agora perigosamente expostas e em risco”, disse a porta-voz Shabia Manto.

“Há quase 5 mil venezuelanos indígenas deslocados no Brasil, principalmente da etnia Warao, mas também das comunidades Eñapa, Kariña, Pemon e Ye’kwana”, disse.

“Com a COVID-19 atingindo duramente esta região amazônica e o Brasil emergindo como um epicentro da pandemia, o ACNUR está preocupado que muitos possam lutar sem condições adequadas de saúde e saneamento”, alertou a agência.

A crise não se limita ao Brasil. “Na Colômbia, vários grupos indígenas binacionais, incluindo os Wayuu, Bari, Yukpa, Inga, Sikwani, Amorúa, vivem perto da fronteira com a Venezuela. Enquanto seus lares ancestrais se encontram nos dois países, muitos não conseguiram regularizar sua estadia na Colômbia e estão indocumentados. Alguns agora também enfrentam ameaças de grupos armados irregulares que controlam as áreas onde vivem”, apontou a ONU.

“O ACNUR está preocupado que, para alguns indígenas venezuelanos, questões de documentação, principalmente seu status irregular e condições de vida, os colocam em alto risco”, disse Shabia Manto.

De acordo com a ONU, muitos vivem em áreas isoladas ou remotas, onde não têm acesso a serviços de saúde, água limpa e sabão. “Outros vivem em moradias apertadas ou em assentamentos urbanos informais, sem acesso a equipamentos de proteção”, disse.

“A maioria dos grupos indígenas fronteiriços está ameaçada pela extinção física e cultural devido à alimentação insuficiente e à desnutrição severa que pode aumentar o risco de contágio. Essas áreas carecem de serviços de saúde adequados, o que agora pode agravar a situação atual”, apontou a porta-voz.

Os bloqueios nacionais também paralisaram muitas de suas atividades de subsistência, como a agricultura, a venda de produtos e a produção artesanal.

“Diante do aumento da pobreza e da miséria, alguns não têm outra opção senão a de vender mercadorias nas ruas para tentar sustentar suas famílias. Isso não só os expõe ao risco de infecção, mas também à estigmatização e discriminação pela percepção de incapacidade de cumprir com medidas de isolamento e distanciamento físico”, alertou a ONU.

Há também o risco de que haja um maior de recrutamento de crianças em certas áreas da Colômbia, onde o conflito armado não cessou. “A educação também é um desafio, pois estudantes e professores indígenas isolados e empobrecidos não têm meios de aprender remotamente e buscar a educação virtual durante o confinamento”, disse.

O ACNUR explica que vem trabalhando com os governos nacionais para garantir que as medidas de prevenção e assistência da COVID-19 cheguem a áreas remotas.

Como o número de casos suspeitos e confirmados aumenta e as primeiras mortes são relatadas entre as comunidades indígenas, o ACNUR tem ampliado seu apoio, apesar da grave falta de fundos.

“Para tentar limitar a disseminação e o impacto do vírus, o ACNUR está trabalhando com as autoridades nacionais para aumentar a capacidade dos sistemas nacionais de saúde”, disse a porta-voz.

“Novas estruturas, incluindo abrigos melhorados, instalações de atendimento e isolamento, bem como sistemas de alerta precoce, também foram implantadas para responder à COVID-19 entre indígenas, venezuelanos deslocados e seus anfitriões”, afirmou.

No Brasil, o ACNUR está apoiando os esforços nacionais para garantir abrigo adequado para os refugiados indígenas Warao da Venezuela. Atualmente, cerca de mil indígenas se beneficiam de abrigo, alimentação, serviços médicos e educacionais prestados pela Operação Acolhida.

“Além disso, cerca de 770 Warao foram transferidos para abrigos municipais com melhores condições de higiene nas cidades de Manaus e Belém, em resposta ao surto do coronavírus coronavírus. O ACNUR está facilitando a realocação fornecendo suporte técnico e assistência material, incluindo redes mosquiteiras, kits de higiene, lâmpadas solares, bem como transporte”, disse

 

 

*Jamil Chade/Uol