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Parte do centrão já admite derrota de Bolsonaro em 2022

Integrantes do Progressistas e do PL reconhecem sérias dificuldades eleitorais para o presidente caso não haja guinada no seu comportamento e economia não saia das cordas.

Aliado de Jair Bolsonaro no Congresso, o Centrão se dividiu para a disputa de 2022 e uma importante ala do bloco avalia que a chance de o presidente conquistar o segundo mandato está cada vez mais distante. Em conversas reservadas, o núcleo do Progressistas, partido do presidente da Câmara, Arthur Lira (AL), e do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, tem traçado esse cenário e aposta que a eleição para o Palácio do Planalto pode até mesmo ser decidida no primeiro turno, se o presidente não mudar radicalmente o comportamento e a população não sentir no bolso uma melhoria econômica.

O diagnóstico marca uma mudança significativa na avaliação de políticos próximos do Planalto. Até então, o palpite era de que Bolsonaro voltaria a ser competitivo novamente no ano que vem com crescimento econômico e com um novo Bolsa Família, agora batizado de Auxílio Brasil. Apoiadores do presidente também argumentavam que, com todo mundo vacinado, ninguém mais se lembraria do desastre na gestão da pandemia de covid-19. O que mudou? Com inflação, juros e desemprego em alta, a população sente os efeitos da deterioração econômica e do aumento do preço dos alimentos, do gás de cozinha, da conta de luz e da gasolina. Não se trata de uma situação vista como passageira e, além de tudo, é agravada por uma nova onda da pandemia, crise hídrica e arroubos autoritários de Bolsonaro, que investe em ameaças à democracia e em conflitos institucionais.

O presidente do PSD, Gilberto Kassab, diz em público o que grande parte dos dirigentes de partidos reserva para o bastidor. “Tem uma chance grande de o presidente Bolsonaro não estar no segundo turno. A gestão está ruim e mal avaliada e uma série de fatores o atrapalham”, afirmou Kassab, considerado até por adversários como hábil analista de cenários políticos.

Ao fazer o inventário de problemas, Kassab citou “a conduta do presidente na pandemia, as coisas que estão sendo apontadas na CPI da Covid, a inflação chegando no preço do feijão e a vacinação que demorou para começar”.

O PSD tem em seus quadros o ministro das Comunicações, Fábio Faria, que está de saída do partido por causa das divergências da sigla comandada por Kassab com o governo. Faria vai para o Progressistas e Kassab faz articulações para filiar o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), ao PSD. A ideia é lançá-lo à cadeira de Bolsonaro.

Presidente do Solidariedade, o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (SP), também vê possibilidade de Bolsonaro perder já no primeiro turno. “Se o Lula (ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva) souber trabalhar, ampliar, manter a unidade da esquerda – o que é difícil por causa do Ciro (Gomes, candidato do PDT) – e caminhar para o centro, tem muita chance de ganhar a eleição no primeiro turno”, afirmou o deputado. Na eleição de 2018, o Solidariedade integrava o Centrão e apoiou a campanha de Geraldo Alckmin (PSDB), mas há tempos o partido se descolou do grupo.

Até mesmo nas bancadas de legendas com assento na Esplanada de Ministérios, como o Progressistas e o PL, há deputados que admitem muitos obstáculos na campanha de Bolsonaro para 2022.

*Com informações do Estadão

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Política

Partidos não querem a filiação de Bolsonaro

PP, Republicanos, PSL e PL impõem resistências a planos de filiação de Bolsonaro.

Presidente enfrenta dificuldades para encontrar uma sigla que aceite abrigá-lo na disputa pela reeleição. Após tentativas frustradas, a legenda do senador Ciro Nogueira (PP-PI), escolhido para a Casa Civil, passou a ser opção, mas alianças regionais são entraves.

O presidente Jair Bolsonaro completou, no início do mês, a marca de 600 dias sem estar filiado a um partido e segue enfrentando obstáculos no caminho para encontrar uma sigla que aceite abrigá-lo na disputa pela reeleição, em 2022. No caso do PP, destino que ganhou força após a escolha do senador Ciro Nogueira (PP-PI) para o comando da Casa Civil, alianças regionais aparecem como entraves. Outros partidos avaliados pelo chefe do Executivo e seu entorno também apresentam barreiras, casos de Republicanos, PL e PSL.

O roteiro atípico de um ocupante do Planalto que não consegue um partido para se filiar existe desde 12 de novembro de 2019 (623 dias atrás), quando Bolsonaro deixou o PSL para, em tese, criar seu próprio projeto partidário. Como a iniciativa do Aliança pelo Brasil não foi adiante, restaram as tentativas — frustradas — de ingresso no Patriota. O partido enfrentou um racha interno, seguido de uma disputa jurídica, após mudanças no estatuto para receber o presidente.

Na semana passada, o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) disse que a presença de Nogueira no Palácio do Planalto facilitaria o ingresso do pai no PP. Parlamentares do partido ouvidos pelo GLOBO, no entanto, avaliam que não será simples construir um consenso para que Bolsonaro dispute a reeleição pela sigla. Parte das lideranças do PP já se prepara para apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na disputa pelo Palácio do Planalto no ano que vem. Há resistências ao nome de Bolsonaro em estados do Nordeste, como Bahia, Maranhão, Pernambuco e Paraíba. Integrantes do PP dizem ainda que é muito improvável que o presidente consiga controlar estruturas regionais, como desejava fazer com o Patriota.

São Paulo é entrave

Bolsonaro sempre manifesta o desejo de que um de seus filhos, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), controle o diretório de São Paulo do partido que receberá a família — no caso do PP paulista, que apoia a gestão do governador João Doria (PSDB), a hipótese está fora de cogitação.

Nas últimas semanas, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), tentou convencer o presidente do PSL, Luciano Bivar, a retomar o diálogo com Bolsonaro e filiá-lo novamente ao partido que o levou a vitória contra Fernando Haddad (PT-SP) em 2018. Como a conversa não evoluiu — o deputado Julian Lemos, por exemplo, reiterou que não abrirá mão do comando da legenda na Paraíba —, Lira e Ciro Nogueira tentarão convencer Bolsonaro a insistir nas conversas com outras siglas menores. Na última quinta-feira, o presidente revelou, durante uma transmissão ao vivo, que esteve com José Maria Eymael, do Democracia Cristã (DC).

Senador do PP por Santa Catarina, Esperidião Amin diz que é amigo de Bolsonaro, mas reconhece que a filiação ao partido, neste momento, não seria um bom negócio:

— Vai provocar ciúme. A inveja é o crime que ninguém confessa. Como eu gosto dele, tenho uma convivência de 30 anos (com Bolsonaro), quero bem, digo que não seria a melhor hora de entrar no partido.

Deputado por São Paulo, Fausto Pinato (PP) é um crítico contumaz do governo Bolsonaro. Já disse que o presidente é portador de “grave doença mental” e constantemente entra em rota de colisão com os filhos do presidente. Sua maior preocupação, segundo diz, é o “extremismo ideológico”. Presidente da Frente Parlamentar Brasil-China, insurgiu-se nos últimos anos contra a política externa do governo, comandada por mais de dois anos por Ernesto Araújo, que não mantinha bom relacionamento com o país asiático.

— O partido tem uma linha independente. Eu sou um crítico da conduta do governo e do extremismo. Não sou contra as pessoas. De repente, a ida do Ciro (Nogueira) pode ser uma sinalização de que, a partir de agora, pode haver moderação. O nosso partido é pragmático — diz Pinato.

Outro nome de destaque entre os que não são alinhados a Bolsonaro é Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), próximo ao ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ). No início do ano, decidiu não apoiar o candidato do Planalto à presidência da Câmara, o colega de partido Arthur Lira. Ex-ministro das Cidades de Dilma Rousseff, Ribeiro é contra a entrada de Bolsonaro no partido.

O deputado federal André Fufuca (PP-MA) ressalta que os contornos regionais têm um peso significativo na história da legenda:

— O PP tem essa característica de respeitar o diálogo nos estados. Em 2018, quando a ex-senadora Ana Amélia foi vice de Alckmin, a realidade era outra em outros estados. Em Pernambuco, estávamos fechados com o PSB. Piauí, Bahia e Ceará, com o PT. Não sei se esse quadro mudaria em 2022.

Os outros dois principais partidos da base de apoio a Bolsonaro no Congresso seguem sem se movimentar para recebê-lo. A interlocutores, o presidente do Republicanos, Marcos Pereira, afirma que a sigla não deseja filiar Bolsonaro e contenta-se em apoiá-lo e ter espaço no governo com o Ministério da Cidadania, que tem João Roma à frente. Ligado à Igreja Universal do Reino de Deus, o Republicanos chegou a filiar dois filhos de Bolsonaro (Flávio e Carlos), mas a relação desandou — o senador, inclusive, já deixou a sigla. O partido considerou que foi pouco ajudado nas eleições de 2020 em Rio e São Paulo, quando Marcelo Crivella e Celso Russomanno, respectivamente, foram derrotados. Já a igreja acha que o Planalto foi omisso na crise que a instituição enfrenta em Angola.

“acordo caro”

Já o PL de Valdemar Costa Neto anda insatisfeito com o baixo respaldo dado para a ministra Flávia Arruda, da Secretaria de Governo. Em outro foco de resistência, Marcelo Ramos (PL-AM), vice-presidente da Câmara, é opositor de Bolsonaro e tem sinalizado a favor do impeachment do presidente.

Professora de Ciência Política da Universidade Federal do Estado do Rio (UniRio), Luciana Veiga explica que a dificuldade de Bolsonaro em escolher uma sigla ocorre porque fica cada vez mais “caro” apoiá-lo, à medida que o presidente registra desgaste em sua popularidade. A última pesquisa do Datafolha, divulgada no início de julho, mostrou que a reprovação ao governo subiu a 51%, o maior patamar desde o início do mandato.

— Quando a aprovação é baixa, o acordo fica mais caro. Quando a aceitação está mais alta, fica mais barato. No caso do Nordeste, encarece ainda mais porque é uma região que está mais propensa a votar em Lula — analisa Luciana.

*Bruno Góes, Natália Portinari, Marlen Couto e Camila Zarur/O Globo

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Vídeo: Centrão, o nome eleitoral do dinheiro no Brasil

“Centrão”, é o nome eleitoral do dinheiro no Brasil; reúne PP, PL, Republicanos, PSD, Patriota, etc. juntos, tiveram 10 milhões de votos a mais que em 2016. O impasse político consiste no fato de que os donos do dinheiro são a origem da crise brasileira, não a solução para ela. (Saul Leblon – Carta Maior)

*Da redação

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Matéria Política

Bolsonaro libera bem menos verbas federais para prefeitos de partidos de oposição

A média de verba por habitante liberada para prefeitos de partidos de centro ou direita até julho deste ano foi 56% maior do que aquela enviada a municípios comandados por legendas de oposição.

No governo Jair Bolsonaro, as prefeituras comandadas pela oposição foram prejudicadas na distribuição de dinheiro. A média de verba por habitante liberada para prefeitos de partidos de centro ou direita até julho deste ano foi 56% maior do que aquela enviada a municípios comandados por legendas de oposição, principalmente devido à influência de parlamentares no Executivo.

Levantamento do GLOBO mostra que, entre as 10 prefeituras que mais receberam dinheiro do governo para investimentos, nenhuma é de oposição. Os partidos mais beneficiados são PROS, Solidariedade, Republicanos, PSD, PP, MDB, Avante, PL, PV, DEM, PSC e PTB, nessa ordem. Em 13° lugar, vem o PDT e, depois, o PT.

Apesar de não ter loteado ministérios entre partidos, a articulação política de Bolsonaro criou um sistema para direcionar verba para municípios de acordo com o alinhamento das legendas. Em negociações sensíveis no Congresso, como a reforma da Previdência, o governo colheu indicações de deputados, repassadas pela Secretaria de Governo aos ministérios.

O total de valores empenhados (reservados para pagamentos futuros) para investimentos em municípios sobre os quais o governo teve controle desde a posse de Bolsonaro é R$ 858 milhões. Dos 5.570 municípios brasileiros, só 763 tiveram empenhos desse tipo, sem considerar emendas parlamentares. Desse total, 134 são de prefeitos de oposição e 629, de partidos de centro ou de direita, estejam ou não na base aliada formal do governo no Congresso.

Nathan Macena Souza, prefeito de Careiro (AM), lembra que, quando assumiu seu município em 2017, não havia hospital, médicos especialistas e ambulância. Hoje, há na cidade 20 médicos. Todos pagos com verba federal.

Só com o recurso do FPM (Fundo de Participação de Municípios, transferência obrigatória da União que paga as contas das cidades pequenas), não consigo fazer nada.

A verba empenhada em 2019 para a prefeitura, R$ 6,6 milhões, se somou ao que parlamentares aliados conseguiram liberar em emendas. Ele frisa que parece muito, mas é pouco para uma cidade com cerca de 50 mil habitantes. Eleito pelo PROS, diz que mudou para o Republicanos especialmente devido à ajuda que recebeu do deputado Silas Câmara (Republicanos-AM).

Eles (parlamentares) vão até o ministro, tem aqueles negócios da base do governo. Não sei te dizer como funciona, mas eles têm o jeito de liberar o recurso. O senador Eduardo Braga (MDB-AM) e o Silas Câmara ajudam muito.

Já o município de Xapuri (AC), com 20 mil habitantes e comandando por Bira Vasconcelos (PT), está em uma situação distinta. Não recebeu nenhum investimento liberado diretamente pelos ministérios no ano passado. Na cidade, não há esgoto tratado nem aterro sanitário, relata o prefeito.

Não temos parlamentar de esquerda no Acre, exceto a Perpétua Almeida (PCdoB). Então, encaro (a falta de investimento) com naturalidade, mas com preocupação, já que deveríamos ter o mesmo tratamento republicano.

 

*Com informações de O Globo

 

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Liquidação total em Brasília: Bolsonaro promove o maior toma lá da cá da história da república

Bolsonaro chamou para conversar no pé de orelha os presidentes do DEM, ACM Neto, e do MDB, Baleia Rossi.

Siglas como PP, Republicanos, PSD e PL também participarão da farra dos cargos no governo em que Bolsonaro tentará formar uma base de sustentação no Congresso.

Como é que é mesmo aquele discurso de três dias atrás em Brasília que Bolsonaro fez de cima da caminhonete para o gado do AI-5 que queria fechar o STF e o Congresso?

“Não quero negociar com ninguém!”

“Chega de patifaria!”

Bolsonaro só se esqueceu de combinar com os patifes que agora ele compra com cargos para se tornarem aliados.

Aí o gado pira.

É a velha política que ele tanto fingia combater, mas que praticou durante três décadas no Congresso.

A “Nova política” de Bolsonaro é tão nova quanto sua incapacidade de produzir algo de útil para o país.

Bolsonaro, que já se reuniu até com os ex-presidiários Valdemar Costa Neto e Roberto Jefferson, fechando aliança com os dois, agora vai de braços abertos e sorriso de orelha a orelha para o submundo do baixo clero.

Haja passada de pano para os bolsominions.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Bolsonaro deu mais um passo ao isolamento. Se quiser dar um golpe, dará sozinho

Com uma mão, Jair Bolsonaro tenta seduzir o Centrão oferecendo cargos do Dnit, no FNDE e em outros órgãos cobiçados. Com a outra, ele saúda manifestantes que pedem intervenção militar e assegura a eles que não vai fazer acordo com o Congresso coisa nenhuma e ataca seus dirigentes. Qual é o verdadeiro Bolsonaro? Nem ele sabe. Só se sabe que deu mais um passo rumo ao isolamento.

No plano político, o presidente da República não oferece confiança a nenhum interlocutor que porventura venha a ser chamado para conversar com ele no Planalto — como foi o caso dos dirigentes do PP, PL, PSD, Republicanos e PTB nos últimos dias. O presidente prometeu mundos e fundos para que essa turma abandone Rodrigo Maia e, na virada do ano, eleja um novo presidente da Câmara alinhado ao governo. Ou, ao menos, uma personagem que garanta não dar seguimento a um eventual — e agora cada vez mais possível — processo de impeachment presidencial.

Bolsonaro pode se achar muito esperto, e no seu entorno havia, até este domingo, alguns generais bem animados com a articulação. Nem o presidente nem seus ministros fardados, porém, estão acostumados a lidar com esse pessoal. Os profissionais do Centrão, porém, já foram e já voltaram — sobretudo depois da aglomeração nossa de cada domingo, desta vez no Setor Militar Urbano.

O Centrão vai pegar todos os cargos que puder e pode até, em algum momento, fingir que está com Bolsonaro. Mas na hora de votar um hipotético impeachment, o fará com a cara mais limpa desse mundo. Não vai peitar o resto do Congresso, os governadores e o STF — que fizeram questão de manifestar seu repúdio à manifestação antidemocrática do presidente. Até porque sabe que um outro grupo, o dos militares, embora mais silencioso, também não ficou nada satisfeito.

Com a rapidez e a prontidão das reações, em on e em off, restou uma única certeza deste domingo: se quiser dar um golpe, Bolsonaro dará sozinho.

 

 

*Helena Chagas, para Os Divergentes e para o Jornalistas pela Democracia