Deputado cassado articula nome de Fernanda à prefeitura de Curitiba contra candidatos que almejam apoio de ex-juiz e hoje senador.
Desde que teve seu mandato de deputado federal cassado no mês passado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Deltan Dallagnol (Podemos-PR) vem articulando seus novos planos políticos. Entre eles, a candidatura de sua mulher, Fernanda Dallagnol, à prefeitura de Curitiba no ano que vem.
Administradora de formação e sem nunca ter concorrido a um cargo eletivo, ela deve assumir os planos do marido, que tinha pretensão de ocupar o Palácio 29 de Março. Alguns aliados defendem que Dallagnol tente concorrer à prefeitura sob a alegação de que não estaria inelegível e de que o impedimento se restringia ao pleito de 2022.
Especialistas em Direito Eleitoral ouvidos pelo Globo, no entanto, divergem dessa tese: a inelegibilidade de Deltan foi reconhecida em sede de registro — ou seja, a contar da exoneração do Ministério Público em 2021. Assim, ele só poderia concorrer em 2029.
Em maio, os ministros do TSE cassaram por unanimidade Dallagnol com base na Lei da Ficha Limpa. Os magistrados entenderam que ele deixou o MP para evitar uma eventual punição administrativa, que poderia torná-lo inelegível.
Impasse lava-jatista
Diante do impedimento legal, Fernanda vem sendo procurada por caciques regionais para integrar uma possível chapa. A eventual candidatura pode representar o primeiro impasse entre os ex-integrantes da Operação Lava-Jato que migraram para a política. O União Brasil, partido do ex-juiz e hoje senador Sergio Moro (PR), aposta em outros nomes para a disputa em Curitiba e espera ter o apoio do parlamentar.
Um deles é o deputado estadual Ney Leprevost. Em 2016, quando Rafael Greca (PSD) se elegeu para o seu primeiro mandato à frente da prefeitura, Leprevost terminou a disputa em segundo lugar.
— Estamos abertos para composição, mas não há nada certo. O União fez deputados bem votados e espero conseguir somar isso. Moro é um político respeitado, mas não sentamos para conversar ainda — afirma Ney Leprevost.
Também do União Brasil, Flávia Francischini aparece entre as possibilidades para compor a chapa do atual vice-prefeito Eduardo Pimentel (PSD), nome que conta com o apoio de Greca e do governador do estado, Ratinho Júnior (PSD). Apesar de não confirmar Francischini, Pimentel defende a construção de alianças:
— Eu sou uma personalidade do diálogo, tenho vontade de construir uma frente ampla de apoios.
O cabo de guerra entre o União Brasil e Dallagnol ainda é incerto. Nos bastidores, articuladores ressaltam que a relação entre o ex-coordenador da força-tarefa de Curitiba e Moro nunca foi pessoal. Oficialmente, o senador disse que é cedo para comentar o pleito do ano que vem.
Há ainda uma dúvida sobre a candidatura de Fernanda Dallagnol: o partido que a mulher do ex-procurador irá concorrer. Desde que deixou a Câmara, Deltan segue filiado ao Podemos, mas tem negociado com outros partidos. No último domingo, o ex-deputado chegou a comparecer a um evento do partido Novo, ao lado do governador de Minas Gerais, Romeu Zema, e do senador Eduardo Girão (CE).
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