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Política

Carlos Bolsonaro não pagou plano de saúde com a própria conta por 9 anos, diz MP

Amostragem do MP encontrou boleto pago por assessora que devolveu R$ 832 mil.

Um relatório do Laboratório de Combate à Lavagem de Dinheiro e Corrupção do MP-RJ, obtido pela coluna com exclusividade, constatou que o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) só pagou um boleto de plano de saúde com sua conta bancária em nove anos de contratação desse tipo de serviço.

Existe suspeita de que os pagamentos possam ter sido feitos em espécie com dinheiro oriundo de rachadinha. O mesmo se verificou no caso do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). A coluna tentou contato com a defesa do vereador, mas não conseguiu retorno até a conclusão desta reportagem.

A análise aponta que Carlos Bolsonaro teve contratos ativos com duas operadoras entre 2011 e 2020 — a Qualicorp e a Unimed. O único pagamento encontrado ocorreu em dezembro de 2014, em uma fatura de R$ 545,97.

No documento, os analistas escrevem que “diante desta informação e com base na análise dos títulos de cobrança pagos, indicados nos extratos bancários de Carlos Bolsonaro, que tiveram o “nome_pessoa_od” (beneficiário) identificado pelas instituições financeiras, foi constatado somente 01 pagamento de boleto em 18/12/2014 no valor de R$ 545,97, cujo cedente foi Qualicorp Administradora de Benefícios”.

Como a coluna revelou, o MP constatou que o chefe de gabinete de Carlos, Jorge Fernandes, sistematicamente pagava as despesas pessoais do chefe. Em um trabalho de amostragem, o relatório encontrou 23 pagamentos entre 2012 e 2019. É mencionado ainda um pagamento para a Unimed, dessa vez feito pela esposa de Jorge Fernandes, Regina Celia Sobral Fernandes. Ela também era nomeada no gabinete de Carlos Bolsonaro e devolveu ao marido, apontado como operador da rachadinha, um total de R$ 832,4 mil.

Regina pagou R$ 954,48 para a operadora de saúde suplementar em novembro de 2018, segundo os dados obtidos pelo MP.

Peritos do MP veem possível crime de peculato
Diante dos fatos, os peritos do MP sugerem ao promotor responsável pela investigação que sejam requisitados os dados detalhados de pagamentos de plano de saúde à Qualicorp e à Unimed.

“Em se tratando de suposta prática do crime de peculato, caso o Promotor de Justiça entenda necessário para análise dos gastos declarados pelo investigado com plano privado de saúde, sugere-se que sejam oficiadas as pessoas jurídicas Qualicorp Administradora de Benefícios (CNPJ n.º 07.658.098/0001-18) e Unimed (CNPJ n.º 42.163.881/0001-01) para que informem se o investigado Carlos Nantes Bolsonaro (CPF n.º 096.792.087-61) possuiu de fato vínculo contratual de plano privado de saúde com as respectivas pessoas jurídicas, informando, ainda, o período contratual, as datas dos pagamentos, os valores pagos mensalmente e o banco responsável pela emissão dos boletos”, conclui o relatório.

O modus operandi é similar ao encontrado na investigação da rachadinha no gabinete de Flávio Bolsonaro (PL-RJ), outro membro da família envolvido em denúncias de corrupção. No caso de Flávio, as despesas de sua família eram pagas pelo assessor Fabrício Queiroz — muitas vezes em dinheiro vivo na boca do caixa.

Além de despesas pessoais como plano de saúde e escola das filhas, Flávio também terceirizou o pagamento das prestações de 12 salas comerciais que adquiriu em 2008. Entre 2008 e 2009, o hoje senador quitou R$ 297 mil da compra dos imóveis, mas nada passou por sua conta bancária.

A 1ª Vara Criminal Especializada do TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio) autorizou a quebra de sigilos fiscal e bancário de Carlos Bolsonaro e de seus assessores entre 2005 e 2021. A 3ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada apura peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa no gabinete de Carlos e pediu uma análise dos dados obtidos. O relatório obtido pela coluna é de 22 de agosto de 2023.

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Política

O paralelo entre o assassinato de Marielle e a rachadinha de Flávio Bolsonaro

Não foram somente os irmãos Brazão que guardavam interesses imobiliários com milícias na zona oeste. O senador Flávio Bolsonaro também..

A razão para o assassinato de Marielle Franco foram os interesses imobiliários na zona oeste do Rio de Janeiro junto às milícias. Apesar de comprovados os responsáveis, não foram somente os irmãos Brazão que guardavam estes mesmos interesses. A família Bolsonaro, notadamente o senador Flávio Bolsonaro, também. E acusações já abertas contra ele comprovam a coincidência e até dos mesmos personagens envolvidos.

Os irmãos Brazão mandaram matar Marielle pelo ativismo da vereadora contra a expansão das milícias na zona oeste do Rio de Janeiro, incluindo Jacarepaguá, Osvaldo Cruz e Rio das Pedras, onde os mandantes detinham negócios imobiliários e interesses de regularização para o domínio das milícias.

Para o assassinato, os irmãos – que representam a influência política das milícias – contaram com a participação de diversos milicianos da região para a execução dos crimes. Um deles foi Ronald Paulo Alves Pereira, conhecido como Major Ronald. Apesar de não ter sido alvo de mandato policial desta semana, o miliciano foi peça chave no crime: quem passou a informação a Ronnie Lessa do paradeiro de Marielle Franco no dia do seu assassinato.

Os negócios imobiliários de Flávio com milicianos no Rio das Pedras
O enredo da morte de Marielle acima narrado repete personagens, local e interesses de uma das acusações de rachadinha contra o filho mais velho do ex-presidente Jair Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro (PL).

Trata-se dos investimentos de Flávio em três construtoras (São Felipe Construção Civil Eireli, São Jorge Construção Civil Eireli e ConstruRioMZ) nas mesmas regiões de Rio das Pedras para prédios da milícia, com dinheiro de “rachadinha” do antigo gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

O caso foi desvendado em 2020, por reportagem do Intercept, que obteve os documentos sigilosos da investigação do Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro (MP-RJ). Os procuradores cruzaram informações bancárias de 86 pessoas suspeitas no esquema ilegal que irrigava o ramo imobiliário da milícia – o mesmo que motivou o assassinato de Marielle.

*GGN

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45 parlamentares bolsonaristas entraram com ação contra Janones, escancarando o ódio que nutrem pela fieira de derrotas que sofreram

O bolsonarismo parlamentar já percebeu que vive seus últimos horizontes, quer dizer, já entenderam que não têm como se salvar de uma excreção.

Ou seja, pelo vulcão de complicações que eles têm vivido com a derrota de Bolsonaro, acrescentada a um significativo resultado positivo que as políticas implementadas por Lula têm alcançado.

Essa linguagem intimidatória que eles tentam aplicar em Janones, que ainda nem teve tempo de se defender da tempestade de acusações que sofre de cometer o crime de rachadinha, que deixou famoso o clã Bolsonaro, como uma marca da família, crime esse que não mereceu um pio dessa escumalha fascista, diga-se de passagem.

Agora, os trombeteiros partem para o guincho contra Janones, escancarando que os histriônicos fascistas já perderam a esperança política, porque sabem que serão devorados pelas urnas como destino final em pouquíssimo tempo. Na verdade, estão confessando a derrota como o peru de natal, de véspera. Esse espírito de forra crescente é de quem, horrorizado, percebe que já perdeu.

É completo desespero que chama, diante de uma verdade fatal. O resultado é esse gigantesco porre coletivo do bolsonarismo.

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Política

Janones nega rachadinha e cita ‘vaquinha’: ‘Não é ilegal nem foi realizada’

O deputado federal André Janones (Avante-MG) alegou no UOL News da manhã desta terça-feira (28) que o áudio divulgado em que ele aparece pedindo parte dos salários de assessores não se trata de um esquema de “rachadinha”, mas, sim, da proposta de uma “vaquinha”.

“Discordo que vaquinha é o mesmo que rachadinha. Tenho certeza que vocês já participaram de vaquinha na vida de vocês. E qual a diferença entre vaquinha e rachadinha? A rachadinha existe um controle: você sabe quanto a pessoa recebe, cobra um valor determinado e ela tem que devolver um valor para você. Isso é uma maneira de você desviar indiretamente.”

“Ainda que a gente questione se isso é ou não ilícito, isso não foi praticado. Não adquiri nenhum imóvel, nenhum bem, um celular ou uma pilha de controle remoto. Não comprei nada, porque a prática não foi realizada.”

Ele diz que não se arrepende porque não fez nada de errado.

Óbvio que não [se arrepende]. Me arrepender do quê? Não fiz nada de errado. Não propus nenhuma ilegalidade. Não me arrependo de nenhuma maneira. Não tem como eu me arrepender de algo que não foi colocado em prática e que, ainda fosse colocado em prática, não seria ilícito.

“Me arrependeria se eu estivesse não fazendo vaquinha e bancando viagens, mansões, hotéis caros e restaurante de luxo para meus assessores.”

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Opinião

Queiroz manda recado para o clã: estou leprozaço, mas estou vivo

Não tem como Bolsonaro se fingir de surdo ou tonto, Queiroz pode ser politicamente raquítico, mas como todos sabem, ele é uma espécie de Mauro Cid caixa-2, o faz tudo, o Apolo da picaretagem do clã.

É o torto, é o capenga, mas é quem põe a mão na merda, tanto que, antes mesmo de Bolsonaro assumir a presidência em 2019, estourou o escândalo, via Coaf, em que o espingolado Queiroz aparece como principal operador do esquema de rachadinha, ou seja, formação de quadrilha e peculato de Flávio Bolsonaro.

Aquele padrão comum que todo brasileiro sabe que o clã opera e foi justamente na conta de Michelle Bolsonaro que apareceram os depósitos feitos por Queiroz, que deram 4 anos de bafafá e nem uma explicação plausível do chefe do clã e, muito menos do primogênito.

Claro que Queiroz, quando ameaça, está falando de outros vai e vens que ele teve cintura para lidar e segurava na cacunda todos os rolos envolvendo o clã. O homem sempre esteve pronto, melhor dizendo, de prontidão para servir de mula da caravana de fantasmas devolviam 90% do salário para os Bolsonaro.

Lógico, Queiroz soltou esse pombo, em que coloca a espada na cabeça de Bolsonaro e a faca na nuca de Flávio, em acordo com o ex-sócio do 01, arregimentado pelo próprio para dar cores mais fortes às ameaças.

Queiroz manda recado para o clã, está duro e os filhos desempregados, quer um Pix gorducho e umas tetas parrudas do Estado para alimentar a filharada.

O recado está dado por Queiroz ao estilo, manda quem pode, obedece quem tem juízo. Deixou claro que não quer ser tratado como um encosto exorcizado.

 

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Justiça

Sei: Michelle usava cartão da amiga porque Bolsonaro é ‘pão-duro’, diz defesa

A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro usava um cartão de crédito em nome de uma amiga porque ela não tinha “crédito” para emitir um cartão em seu próprio nome. Como revelou o colunista Aguirre Talento, do UOL, áudios obtidos pela PF mostram que as despesas da primeira-dama eram pagas em dinheiro vivo.

O que disse a defesa

Michelle usou o cartão de Rosimary Cardoso Cordeiro, uma amiga de longa data, desde novembro de 2011, segundo o advogado Fabio Wajngarten, assessor de Bolsonaro,

Isso ocorreu porque Michelle não teria crédito para emitir um cartão em seu próprio nome. A ex-primeira-dama só teve um cartão em seu nome a partir de junho de 2021.

Dinheiro saiu da conta de Bolsonaro e valores são ‘pífios’, diz defesa.

É crime? Por que uso de dinheiro vivo por Michelle levanta suspeitas
“A dona Michelle nunca possuiu limite de crédito”, afirmou Wajngarten. “Ela não tinha receita compatível.”

Cartão em nome da amiga para evitar “constrangimentos”. Essa foi a resposta do advogado, ao ser questionado sobre o motivo de Michelle ter optado por usar um cartão em nome de Rosimary, em vez de um cartão em nome de Bolsonaro.

Resposta da Dona Michelle para mim há meia hora: ‘Meu marido sempre foi muito pão-duro’. “Fabio Wajngarten, advogado e assessor de Bolsonaro

Michelle usava o cartão de Rosemary para pagar despesas pessoais e os gastos variavam — algumas faturas chegaram a passar de R$ 2 mil, segundo a defesa de Bolsonaro.

Os advogados prometeram apresentar uma planilha com todos os reembolsos, mês a mês, feitos a Rosemary durante o período.

Como funcionava: a dona Michelle fazia pequenas compras e reembolsava mês a mês a Rosemary. Quando chegava a fatura, a Rosemary dizia: ‘o cartão adicional deu mil, dois mil, 300, 800…”Fabio Wajngarten, advogado

Os valores eram sacados da conta pessoal de Bolsonaro, segundo os advogados. “É o constrangimento do homem e da mulher, deixa eu pagar, deixa eu pagar? Normal.”

Nenhum documento foi apresentado pelos advogados aos jornalistas. Eles disseram que o processo está sob sigilo e não podem divulgar.

Defesa mostrou a cópia de uma planilha com o que seriam os valores dos extratos de saques da conta pessoal do Bolsonaro entre 2019 e 2022.

Assessoras queriam dissuadir Michelle de usar cartão

Diálogo mostra receio de acusação sobre prática de “rachadinha”. Duas assessoras de Michelle, Cintia Borba Nogueira e Giselle dos Santos Carneiro da Silva, procuraram o tenente-coronel Mauro Cid. Na conversa, o então ajudante de ordens de Bolsonaro demonstrou preocupação com o risco da prática de pagamentos em dinheiro vivo para quitar despesas da ex-primeira-dama. O receio era que a prática pudesse ser caracterizada como esquema de rachadinha.

A defesa de Bolsonaro confirmou o diálogo entre eles, mas disse se tratar apenas de um diálogo em que Cintia e Giselle estavam tentando convencer Michelle a parar de usar o cartão de Rosemary.

O Cid [Mauro Cid] endossa e diz: ‘é melhor parar de usar, ainda que tenha o reembolso mensal, é melhor. As duas assessoras se convencem e acordam que era muito melhor devolver o cartão.”Fabio Wajngarten, advogado

Como revelou o UOL, relatório da PF aponta que os diálogos relatam a existência de uma “dinâmica sobre os depósitos em dinheiro para as contas de terceiros e a orientação de não deixar registros e impossibilidades de transferências”.

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Política

‘Santa do pau oco’, diz Gleisi sobre suspeita de rachadinha de Michelle

A informação de que contas da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro foram pagas com recursos oriundos de uma empresa que tinha contrato com o governo de Jair Bolsonaro motivou críticas da presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR). A revelação foi feita pelos jornalistas Aguirre Talento, Amanda Rossi e Pedro Canário, em matéria do UOL, baseada na investigação feita pela Polícia Federal.

“Empresas financiavam Michelle Bolsonaro, a santa do pau oco. O nome disso é corrupção”, disse Gleisi à coluna. “Ainda vamos ver mais dinheiros ilegais para os Bolsonaro”.

Segundo a reportagem, a empresa Cedro do Líbano Comércio de Madeiras e Materiais para Construção, com sede em Goiânia, contratada pela Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba), é a origem de uma série de transferências feitas a um militar da Ajudância de Ordens da Presidência da República.

Ele fez saques em dinheiro vivo e pagou despesas de um cartão de crédito usado por Michelle. Isso aconteceu em ao menos três ocasiões, segundo a PF. O militar também fez ao menos 12 depósitos em dinheiro em conta de uma tia da então primeira-dama.

“Era tão errado o que faziam que o tenente-coronel Mauro Cid temia que se parecesse com rachadinha”, diz Gleisi, referindo-se a um áudio em que o ajudante de ordens de Jair Bolsonaro alerta uma assessora de Michelle para esse risco.

“A PF puxou o fio da meada e está desnudando a família. Cid é um arquivo enorme e o dinheiro envolvido é maior do que rachadinha”, afirma a presidente do PT. “Ainda vamos ver muito caroço embaixo desse angu, como diz o ditado”.

A deputada acredita que além da PF, o Parlamento também tem que apurar o caso. “Pode ser na CPMI do golpe ou propor uma comissão específica para esse caso. Aí não sei se o Congresso aprova”, avalia.

Perguntada qual a ligação possível entre essa investigação e o movimento golpista, Gleisi explica: “Mauro Cid podia estar passando dinheiro para algumas atividades golpistas, mas é uma suposição. Teria de investigar”.

A defesa de Jair Bolsonaro e Michelle negou que recursos da Codevasf tenham bancado as despesas da ex-primeira-dama e refutou que haja irregularidades nas transações. “A dona Michelle não conhece esse ajudante de ordens e desconhece que ele tenha feito pagamentos para ela”, disse Fábio Wajngarten, advogado que chefiou a Secretaria de Comunicação na gestão Bolsonaro.

*Chico Alves/Uol

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Política

Um esquema de rachadinha para Michelle Bolsonaro chamar de seu

Ex-primeira-dama é suspeita de apropriar-se do salário alheio para pagar despesas pessoais.

Diálogos exemplares travados pelo tenente coronel Mauro Cid, então ajudante de ordem de Bolsonaro, com Cintia Borba Nogueira e Giselle dos Santos Carneiro de Silva, assessoras de Michelle. Assunto: o pagamento de despesas da primeira-dama.

Michelle usava um cartão de crédito vinculado à conta de Rosimary Cardoso Cordeiro, funcionária do Senado e sua amiga. Cid pagava a fatura do cartão com dinheiro vivo em uma agência do Banco do Brasil dentro do Palácio do Planalto.

De Cintia para Giselle em 30/10/2020“Então hoje essa situação do cartão realmente é um pouco preocupante. O que eu sugiro para você. No momento que for despachar com ela, você pode falar com ela assim sutilmente, né? Mas eu acho que você poderia falar assim: dona Michelle, que é que a senhora acha de a gente fazer um cartão para a senhora? Um cartão independente da Caixa. Para evitar que a gente fique na dependência da Rosy. E aí a gente pode controlar melhor as contas. Pode alertá-la do seguinte: que isso pode dar problema futuramente, se algum dia, Deus o livre, a imprensa descobre que ela é dependente da Rose, pode gerar algum problema”.

Giselle informa a Mauro Cid que conversou com uma pessoa próxima a Michelle, de nome Adriana, e que a primeira-dama ficou “pensativa”, mas que continuaria a usar o cartão de Rosimary. Mauro Cid então responde:

O Cordeiro conversou com ela (Michelle), tá, também. E ela ficou com a pulga atrás da orelha mesmo: tá, é? É. É a mesma coisa do Flávio [Bolsonaro, senador]. O problema não é quando! É como deputado, rachadinha, essas coisas”.

“Se ela perguntar para você ou falar alguma coisa ou comentar, é importante ressaltar com ela que é o comprovante que ela tem. É um comprovante de depósito, é comprovante de pagamento. Não é um comprovante dela pagando nem do presidente pagando. Entendeu? É um comprovante que alguém tá pagando. Tanto que a gente saca o dinheiro e dá pra ela pagar ou sei lá quem paga ali. Então não tem como comprovar que esse dinheiro efetivamente sai da conta do presidente.”

“O Ministério Público, quando pegar isso aí, vai fazer a mesma coisa que fez com o Flávio, vai dizer que tem uma assessora de um senador aliado do presidente que está dando rachadinha, tá dando a parte do dinheiro para Michelle”.

Em novo áudio para Giselle, em novembro do ano passado, Mauro Cid comenta ainda a propósito do cartão:

“E isso sem contar a imprensa que quando a imprensa caiu de pau em cima, vai vender essa narrativa. Pode ser que nunca aconteça? Pode. Mas pode ser que amanhã, um mês, um ano ou quando ele terminar o mandato dele, isso venha à tona”.

A troca de áudios indica que o esquema evitava transferências bancárias e fazia pagamentos sempre em dinheiro vivo. Em conversa de 8 de novembro de 2021 com Osmar Crivelatti, militar subordinado a Mauro Cid, Cíntia diz:

“E sobre as flores da Patrícia Abravanel [filha do apresentador de tv Silvio Santos], ela falou que é para o Cid fazer o pagamento. Mas ele tinha me falado na semana passada que quando for esses pagamentos de terceiros, é para a gente pegar o dinheiro com ele e fazer o pagamento por aqui, tá? Então eu vou pedir a ele para sacar esse dinheiro e peço ao Vanderlei para pegar lá para a gente fazer o… Vai ter que ser feito um depósito, né? No número daquela conta que você me passou, tá?”

De Giselle para uma pessoa identificada como Vanderlei – “Boa noite, Vand e Cintía. PD (Primeira-dama) falou, eu perguntei para ela se ela queria transferir Pix, né? Tanto para Bia. Daí, ela falou: não, vamos fazer agora tudo depósito, que, aí pede pro Vanderlei fazer o depósito, a gente consegue o dinheiro e faz o depósito. Só que ela não falou como conseguiu o dinheiro, se o dinheiro está com ela, se a gente pega na AJO. Não falou, tá? Ela falou que assim não fica registrado nada, vamos fazer depósito. Então a gente tem que começar a ter esse hábito do depósito”.

*Blog do Noblat

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Rachadinha? Assessores eram orientados a pagar gastos de Michelle Bolsonaro em dinheiro vivo

Diálogos interceptados pela PF, por meio da quebra de sigilo das comunicações de Mauro Cid, apontam dinâmica suspeita sobre os pagamentos.

Conversas em áudio, por meio de um aplicativo de mensagens, entre o então ajudante de ordens do Palácio do Planalto, o tenente-coronel Mauro Cid, e assessoras do governo de Jair Bolsonaro (PL) apontaram que havia uma orientação para o pagamento em dinheiro vivo das despesas da então primeira-dama Michelle Bolsonaro.

De acordo com informações da coluna de Aguirre Talento, no portal Uol, duas assessoras da primeira-dama, Cintia Borba Nogueira e Giselle dos Santos Carneiro da Silva, conversaram entre si e com Mauro Cid manifestando preocupação sobre irregularidades nos tais pagamentos, que poderia ser caracterizado como um esquema de rachadinha.

Os diálogos foram interceptados pela PF, por meio da quebra de sigilo das comunicações de Mauro Cid, preso no último dia 3 por suspeitas de fraudar certificados de vacina da Covid-19.

Segundo a PF, as conversas apontam a existência de uma “dinâmica sobre os depósitos em dinheiro para as contas de terceiros e a orientação de não deixar registros e impossibilidades de transferências“.

A investigação apurou que a ex-primeira-dama usava um cartão de crédito de uma amiga, Rosimary Cardoso Cordeiro, que era assessora do senador bolsonarista Roberto Rocha (PTB-MA). A PF apontou que os pagamentos das despesas feitas com o cartão de Rosy eram feitos em depósitos, para tentar ocultar a origem dos recursos.

Ex-funcionários palacianos já relataram a suspeita de que Rosy repassava parte do salário a Michelle, prática conhecida como rachadinha.

*Com GGN

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As previsões em Brasília sobre as acusações de rachadinha no gabinete de Carlos Bolsonaro

O avanço das investigações de um suposto esquema de rachadinha no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) já faz ministros e integrantes do Ministério Público Federal (MPF) traçarem paralelos entre a situação do filho “zero dois” de Jair Bolsonaro com a do irmão mais velho, o senador Flávio (PL-RJ), que enfrentou problemas similares na Justiça, diz Malu Gaspar, O Globo.

No entanto, para ministros e integrantes de tribunais superiores ouvidos pela equipe da coluna, a situação de Carlos Bolsonaro é mais complicada do que a de Flávio, que foi denunciado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro por peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa — e teve as investigações anuladas por uma série de decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que invalidaram as provas do processo em 2021.

No entanto, para ministros e integrantes de tribunais superiores ouvidos pela equipe da coluna, a situação de Carlos Bolsonaro é mais complicada do que a de Flávio, que foi denunciado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro por peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa — e teve as investigações anuladas por uma série de decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que invalidaram as provas do processo em 2021.

As acusações são semelhantes, e alguns dos fatos investigados inclusive se deram na mesma época. Flávio foi denunciado em 2020 por conta de um esquema de apropriação de parte do salário de servidores que atuavam no seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) quando era deputado estadual. O caso foi revelado pelo jornal “O Estado de S. Paulo”.

Já Carlos entrou na mira do Ministério Público do Rio depois que um laudo constatou que seu chefe de gabinete na Câmara de Vereadores, Jorge Luiz Fernandes, recebeu R$ 2,014 milhões em créditos de seis servidores. O que a investigação vai apurar agora é se o filho de Bolsonaro foi diretamente beneficiado por esses desvios.

A principal diferença é que as investigações sobre Carlos serão aprofundadas e examinadas pela Justiça em um momento em que Bolsonaro já não é mais presidente e não tem mais poder para intervir em órgãos de investigação, como a Polícia Federal e a Receita.

“Os fatos são similares, mas a situação é completamente diferente. Ao contrário do irmão, Carlos não contará com rede de proteção, porque o pai já não é mais presidente”, avalia um experiente ministro de tribunal superior.

No caso de Flávio, havia relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e quebras de sigilo bancário indicando que ele havia se beneficiado dos desvios de salário. Mas o STJ anulou essas evidências e concluiu que o juiz de primeira instância não tinha competência para cuidar do caso devido ao foro privilegiado do parlamentar.

Outra desvantagem de Carlos é que ele não tem a mesma rede de conexões políticas e jurídicas do irmão senador em Brasília e no Rio de Janeiro – Flávio inclusive atuava como como “consultor” do pai na definição de escolhas de magistrados para tribunais durante seu mandato.

Enquanto Flávio tentou apaziguar a relação de Bolsonaro com o Judiciário, Carlos fez justamente o contrário: incentivou o conflito com os outros poderes e ajudou a alimentar as redes sociais com ataques ao Supremo.

“Ele tem muito menos amigos que o Flávio e ainda se enrolou fake news e atos antidemocráticos, o que deve complicar a sua situação”, afirma outro integrante do Judiciário.

Essas são as duas investigações que mais atormentam o clã Bolsonaro, e ambas correm no Supremo sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes.

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