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Caso Marielle: Rivaldo Barbosa será ouvido nesta segunda-feira (15) pelo Conselho de Ética da Câmara

O delegado deverá esclarecer pontos cruciais acerca da condução das investigações durante seu mandato à frente da Polícia Civil.

O ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Rivaldo Barbosa, prestará depoimento nesta segunda-feira (15) ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, no âmbito das investigações sobre a morte da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, ocorrida em março de 2018. Rivaldo está preso acusado de ajudar a planejar o crime e acobertar os mandantes do duplo homicídio.

A oitiva de Barbosa ocorre após a recente revelação de novas informações relacionadas ao caso, que continuam a despertar atenção e controvérsias. O delegado deverá esclarecer pontos cruciais acerca da condução das investigações durante seu mandato à frente da Polícia Civil. A expectativa é que Barbosa seja questionado sobre possíveis irregularidades e a linha de investigação adotada na época.

O Conselho de Ética da Câmara, responsável por avaliar condutas de parlamentares e agentes públicos, vem aprofundando as investigações devido à relevância do caso, que repercutiu nacional e internacionalmente. A morte de Marielle Franco, uma ativista dos direitos humanos e política atuante, e de Anderson Gomes, gerou comoção e diversas teorias sobre os motivos e autores do crime.

A sessão de hoje será determinante para esclarecer eventuais responsabilidades e omissões na investigação do assassinato, contribuindo para a busca por justiça e pela punição dos culpados. As declarações de Rivaldo Barbosa poderão fornecer novas perspectivas sobre o andamento do caso e os desafios enfrentados pelas autoridades envolvidas.

A Câmara dos Deputados pretende dar continuidade às apurações, buscando transparência e respostas para a sociedade sobre um dos crimes mais emblemáticos da recente história brasileira.

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Brasil

Caso Marielle: PF quer ouvir depoimento de delegado preso, mas só após conclusão de relatório

Rivaldo Barbosa é acusado ajudar a planejar o assassinato e obstruir investigações sobre os mandantes.

Os investigadores responsáveis pela apuração sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, já têm uma estratégia para responder ao pedido que o delegado Rivaldo Barbosa fez para depor o quanto antes à Polícia Federal, informa a colunista Malu Gaspar, do jornal O GLOBO.

Em petição apresentada na segunda-feira (29) a Alexandre de Moraes, os advogados de Barbosa alegam que, embora o ministro do Supremo tenha determinado que os delegados ouvissem os investigados assim que as prisões fossem realizadas, isso não ocorreu.

Mas, para fontes da PF com quem a reportagem conversou, não interessa ouvir Rivaldo enquanto eles ainda estiverem analisando todo o material apreendido na operação realizada em 24 de março.

No cenário ideal dos investigadores, Rivaldo só falaria depois de concluído o relatório complementar que a PF tem que entregar para o ministro Alexandre de Moraes até o dia 24 de maio. É esse relatório que deve fundamentar a denúncia do Ministério Público Federal para o caso, que está baseado na delação do matador confesso de Marielle, Ronnie Lessa.

Além do delegado, foram presos em março o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado Domingos Brazão e seu irmão, o deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), acusados de serem os “mentores” do crime.

De acordo com a PF, Rivaldo Barbosa teria orientado o planejamento do assassinato, inclusive proibindo que a execução de Marielle ocorresse nas imediações da Câmara de Vereadores do Rio.

Rivaldo teria ainda atuado para obstruir as investigações na chefia da Delegacia de Homicídios – ele tomou posse na véspera do crime. Em seu depoimento, Ronnie Lessa diz que os Brazão afirmavam que a “DH tá na mão” e que “O Rivaldo é nosso”.

Além deles, também foram alvos da “Operação Murder” outras pessoas que não foram presas, como o delegado Giniton Moraes Lage a mulher de Rivaldo, Érika Andrade de Almeida Araújo, que seria “testa de ferro” de Rivaldo e teria empresas de fachada que funcionaram na lavagem de dinheiro do esquema de Barbosa.

Nas análises que estão fazendo do material apreendido, os investigadores estão buscando mais indícios e evidências de como funcionou a ação para matar Marielle e Anderson.

Eleita vereadora do Rio de Janeiro pelo PSOL em 2016, com 46 mil votos (a quinta candidata mais bem votada do município), Marielle Franco teve o mandato interrompido por 13 tiros na noite de 14 de março de 2018, num atentado que vitimou também seu motorista Anderson Gomes

Eles dizem que abrir mais detalhes de suas descobertas para os investigados pode levar ao sumiço de pistas ou atrapalhar a estratégia da investigação.

Tudo isso será explicado ao ministro Alexandre de Moraes pela PF assim que o pedido dos advogados de Rivaldo for remetido aos investigadores, que ficam no Rio de Janeiro.

A menos que Moraes ordene expressamente que o depoimento ocorra logo, Rivaldo vai ter que esperar.

No documento, o delegado pede também que seja ouvida sua mulher, Érika Andrade de Almeida Araújo, e solicita a revogação das medidas cautelares imposta a advogada. Para a PF, ela teria em seu nome empresas de fachada que teriam auxiliado em suposta lavagem de dinheiro e atuado como “testa de ferro” de Barbosa.

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Política

PSol pede que PGR investigue Braga Netto por nomear Rivaldo Barbosa

Os deputados do PSol pedem para Gonet investigar porque Braga Netto bancou a nomeação de Rivaldo Barbosa um dia antes da morte de Marielle.

O PSol pediu nesta segunda-feira (25/3) que o Ministério Público Federal investigue o general Walter Braga por nomear o delegado Rivaldo Barbosa como chefe de Polícia Civil do Rio de Janeiro um dia antes do assassinato de Marielle Franco. Barbosa é apontado pela Polícia Federal como o “autor intelectual” da morte da vereadora e foi preso no domingo (24/3).

Em 2018, final do governo Temer, o Rio de Janeiro estava sob intervenção federal na segurança pública. Braga Netto era o interventor, ou seja, tomava todas as decisões da segurança do estado, inclusive na Polícia Civil e Militar. O general, posteriormente, foi ministro da Defesa e da Casa Civil de Jair Bolsonaro e candidato à vice-presidência na chapa do ex-presidente em 2022.

No pedido enviado ao procurador-geral da República, Paulo Gonet, a bancada do PSol na Câmara dos Deputados apontou que, segundo a PF, Braga Netto foi avisado pela inteligência da Polícia Civil que o nome de Rivaldo não era aconselhado para chefiar a corporação.

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Investigação

PF: milícia pagava “mesada” de até R$ 300 mil à delegacia de Rivaldo

Delegado preso por suspeita de matar a vereadora Marielle Franco recebia propina da milícia para não investigar crimes, diz PF em relatório.

Relatório da Polícia Federal (PF) sobre o caso Marielle revela trecho de depoimentos do miliciano Orlando Curicica em que é citada uma rotina do pagamento de propinas para a Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro, com o objetivo de barrar investigações de assassinatos. O valor da propina teria chegado a R$ 300 mil, segundo o Metrópoles..

Um dos presos por suspeita de ser mandante da execução da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes é o delegado Rivaldo Barbosa, que teria um esquema criminoso enquanto comandava a Delegacia de Homicídios, segundo a PF.

Curicica narrou que essa delegacia recebia mensalmente entre R$ 60 mil e R$ 80 mil, além de remessas adicionais, para não investigar execuções relacionadas às milícias no Rio de Janeiro.

Curicica narrou que essa delegacia recebia mensalmente entre R$ 60 mil e R$ 80 mil, além de remessas adicionais, para não investigar execuções relacionadas às milícias no Rio de Janeiro.

Em um dos casos, uma pessoa ligada ao bicheiro Rogério de Andrade teria pago R$ 300 mil para a Delegacia de Homicídios, com o objetivo de não investigar a morte do sargento da reserva Geraldo Antônio Pereira, morto em um estacionamento de academia no Recreio, em maio de 2016.

Imagem colorida de trecho de depoimento do Curicica - Metrópoles

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Opinião

O caso Marielle não acabou, Na verdade ele está apenas começando

Há muito mais mistério entre a morte de Marielle e o condomínio Vivendas da Barra do que supõe nossa vã filosofia.

Ronnie Lessa, que morava a 50 passos da casa de Bolsonaro, assassinou Marielle. Mesmo Bolsonaro dizendo não saber quem era, teve dezenas de ligações de Lessa para sua casa. Lessa era proprietário de 117 fuzis, crime que Sergio Moro, ministro da Justiça e Segurança Pública, tinha obrigação de escaramuçar, nunca deu pio sobre isso.

Mas a coisa não para aí, mesmo dizendo que não conhecia Ronnie Lessa, Bolsonaro, segundo Lessa, foi quem doou uma perna mecânica para ele.

Só neste trecho aqui, dá para se ter uma ideia de que as investigações sobre o caso Marielle, terão que avançar, pelas circunstâncias que vão se dando e o surgimento de novos personagens, como é o caso do delegado Rivaldo Barbosa, Malafaia e Braga Netto.

A PF investigará a nomeação de Rivaldo Barbosa para chefiar Polícia do Rio na véspera da morte de Marielle. A nomeação foi contraindicada pela área de inteligência em 2018, mas bancada por Braga Netto, interventor na segurança do Rio. Barbosa e irmãos Brazão foram presos ontem.

Acusada de servir de preposto da milícia, a igreja de Malafaia foi denunciada por fazer pagamentos a milicianos. Já Malafaia fez uma defesa enviesada de sua igreja, dizendo que, em cada uma delas, existem muitos seguranças que são policiais e. se são milicianos, a igreja não tem nada a ver com isso, que é problema deles, praticamente admitindo que a denúncia procede.

O fato é que milícia, tráfico de armas e drogas, charlatanismo religioso, tudo isso junto e misturado tem nome: bolsonarismo.

Ou seja, tem muita água para rolar debaixo dessa ponte.

As recentes prisões e a retirada do sigilo sobre documentos importantes do caso Marielle indicam que a coisa é bem mais profunda e sobretudo mais complexa.

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Política

Chefe da Divisão de Homicídios da Polícia Civil planejou ‘meticulosamente’ o assassinato de Marielle, diz relatório da PF

Rivaldo Barbosa, que um dia antes do crime se tornou chefe da polícia, pode ser considerado um dos autores do assassinato, afirma PF.

A investigação da Polícia Federal sobre o assassinato da vereadora (PSOL) Marielle Franco concluiu que os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão, além de mandarem matar a parlamentar, também contrataram a “garantia de impunidade”. Esse garantia lhes foi dada, segundo o relatório, pelo chefe da Divisão de Homicídios do Rio, delegado Rivaldo Barbosa. Um dia antes do crime, Rivaldo foi nomeado chefe da Polícia Civil. Na época, a segurança do Rio estava sob intervenção federal e era comandada pelo general Braga Netto.

Segundo Andréia Sadi, essa informação consta da ordem de prisão contra os três, expedida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

Segundo o documento, havia uma única exigência de Rivaldo, que o assassinato não envolvesse a Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro.

“Tal exigência tem fundamento na necessidade de se afastar outros órgãos, sobretudo federais, da persecução do crime em comento, de modo a garantir que todas as vicissitudes da investigação fossem manobradas por Rivaldo”, diz a representação da PF.

A PF afirma que, por esses e outros motivos, é possível dizer que o crime foi “meticulosamente planejado” pelo ex-chefe da Polícia Civil do RJ e que, por isso, é possível considerá-lo autor do crime. “(…) apesar de não ter o idealizado, ele [Barbosa] foi o responsável por ter o controle do domínio final do fato, ao ter total ingerência sobre as mazelas inerentes à marcha da execução, sobretudo, com a imposição de condições e exigências.”

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Política

Anielle diz que delegado preso prometia à família solucionar morte de Marielle: ‘É uma surpresa, um choque’

Ministra de Igualdade Racial afirma que delegado Rivaldo Barbosa dizia à família que resolver o crime de Marielle “era questão de honra”

Irmã de Marielle Franco, a ministra de Igualdade Racial, Anielle Franco afirmou que a família está “em choque” com a prisão delegado Rivaldo Barbosa, que chefiou a Polícia Civil do Rio e teria atuado para proteger os mandantes do crime. De acordo com a ministra, Marielle confiava no delegado e ele prometia à família que resolver o crime “era questão de honra”.

A ministra também afirmou estar surpresa com o apontamento do nome do delegado Giniton Lages, que ficou à frente do caso Marielle na Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) logo no início das investigações. Lages é um dos alvos de mandados de busca e apreensão na manhã deste domingo.

— É difícil, foi uma surpresa, um choque. A maior surpresa do dia é o Rivaldo e busca e apreensão do Giniton Lage. Rivaldo é uma pessoa que a Mari confiava, que falava para minha mãe: “eu vou resolver, é uma questão de honra resolver esse crime”. Ele é nomeado em 13 de março, a gente está em choque, está com raiva, mas eu acho que mais do que nunca é preciso acompanhar esse crime, garantir que as prisões aconteçam e eles respondam pelos seus atos _disse Anielle ao GLOBO.

A Polícia Federal prendeu preventivamente na manhã deste domingo três suspeitos na investigação que apura a morte de Marielle e do motorista Anderson Gomes. O deputado federal Chiquinho Brazão (União-RJ) e o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio Domingos Brazão são suspeitos de serem mandantes do crime, enquanto o delegado Rivaldo Barbosa, que chefiou a Polícia Civil do Rio, teria atuado para protegê-los. Os três negam a acusação. Segundo investigadores, havia potencial risco de fuga e era necessário surpreender os envolvidos no caso.

Anielle afirmou que Rivaldo foi a primeira pessoa que a família procurou, após a execução de Marielle, e que o delegado Giniton Lages era recebido na casa da família durante as investigações:

— Rivaldo é a grande surpresa. Ele foi uma das primeiras pessoas que a gente procurou, minha, mãe, meu pai. O Giniton era pessoa que minha mãe fez café, foi nosso primeiro contato, era quem estava à frente. Dizer que estamos aliviados é muito forte, mas traz sensação que está no caminho, dá importância que foi seguir lutando e batalhando para que se chegue num lugar concreto.

A ministra conversou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva por telefone na manhã deste domingo e com a primeira-dama, Janja da Silva.

— Responder quem mandou matar minha irmã e por que. é dar uma resposta à narrativa imposta sobre nós de mentira, fake news e ódio. E com envolvidos de pessoas que deveriam estar contribuindo e melhorando a vida do povo — disse. — Vou repetir algumas vezes da importância da gente estar num governo progressista e democrático, num governo que dá resposta. Antes eles zombavam da morte da Mari. Recebi hoje ligação do presidente dando força para família, do comprometimento da Polícia Federal. Isso faz diferença. A gente está brigando pela democracia. Estamos próximos, mas ainda sabemos que falta coisa, mas é importante dizer que isso tá acontecendo nesse governo — afirmou a ministra.

Ao todo, estão sendo cumpridos 12 mandados de busca e apreensão, autorizados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A operação Murder Inc. acontece menos de uma semana após o Supremo Tribunal Federal (STF) homologar a delação premiada firmada por Ronnie Lessa, a Polícia Federal e a Procuradoria-Geral da República. O ex-policial militar foi preso em março de 2019 pela participação nas mortes e, na delação do também ex-policial militar Élcio de Queiroz, é apontado como autor dos disparos que mataram a vereadora e o motorista. Ele foi expulso da corporação e condenado, em 2021, a quatro anos e meio de prisão pela ocultação das armas que teriam sido usadas no crime.

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Política

Caso Marielle: Rivaldo Barbosa virou chefe da PCRJ na véspera do crime

Rivaldo Barbosa é um dos três presos pela PF neste domingo por envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco.

O ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro (PCRJ) Rivaldo Barbosa, preso na manhã deste domingo (24/3) sob a suspeita de envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, assumiu a chefia da corporação em 13 de março de 2018, véspera das execuções.

A suspeita é que Rivaldo Barbosa teria combinado com Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ), antes do crime, que garantiria a impunidade.

Além do delegado, a Polícia Federal e o Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) prenderam Domingos Brazão e o irmão dele, o deputado federal Chiquinho Brazão (União-RJ).

Prisões
Foram cumpridos três mandados de prisão preventiva e 12 de busca e apreensão, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), todos na cidade do Rio de Janeiro.

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Segundo a PF, delegado é suspeito de receber propina de R$ 400 mil para obstruir o caso Marielle

A Polícia Federal afirmou, em relatório reservado ao MP-RJ (Ministério Público do Rio), que o delegado da Polícia Civil Rivaldo Barbosa deve ser investigado pela suspeita de ter recebido propina no valor de R$ 400 mil para evitar que fossem conhecidos os reais culpados pelo duplo assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e o motorista Anderson Gomes.

Sem citar nomes, o MP-RJ confirmou que investiga Barbosa. O delegado nega que tenha sido subornado por quem quer que seja ligado ao Caso Marielle.

Barbosa, que já chefiou a Polícia Civil do Rio, é citado em uma conversa telefônica como recebedor de propina, como consta no relatório da PF.

“Foram trazidas suspeitas de suposta corrupção envolvendo servidores da Delegacia de Homicídios [DH], especificamente sobre o então chefe da Polícia Civil, Rivaldo Barbosa, e servidores a ele relacionados, notadamente chefes da equipe de investigação da Delegacia de Homicídios”, afirmou o delegado federal Leandro Almada, em documento enviado no último dia 2 de maio ao MP-RJ.

Almada comandou o inquérito federal sobre um esquema para atrapalhar as investigações do atentado que matou Marielle e Anderson.

Os fatos [são] merecedores de escorreita investigação, especialmente por investigação de natureza patrimonial, que confirme ou afaste a hipótese de [policiais civis] terem se utilizado dos cargos e da lotação para ganhos ilícitos, haja vista as reiteradas acusações e indícios.

Quem fala tem que provar, diz Barbosa

Procurado pelo UOL, Rivaldo Barbosa afirmou que desconhece o relatório da PF e o conteúdo da conversa telefônica entre o vereador Marcello Sicilliano e o miliciano Jorge Alberto Moreth, durante a qual é dito que o delegado recebeu dinheiro de suborno (leia mais abaixo). Ele ainda negou ter cometido qualquer irregularidade enquanto esteve à frente da Delegacia de Homicídios ou da Polícia Civil.

“Não há nada disso”, afirmou Barbosa, ao telefone. “Trabalhei muito na DH [Delegacia de Homicídios] e nunca recebi nada de ninguém.”

Ele não quis comentar as investigações do caso Marielle. Disse que nunca atrapalhou ou obstruiu a investigação. Afirmou ainda que quem fala sobre as supostas propinas deve apresentar as provas sobre a existência delas. “Quem fala tem que provar.”

A Polícia Civil afirmou que não iria se manifestar sobre o assunto.

Miliciano acusou Rivaldo Barbosa O miliciano Jorge Alberto Moreth afirmou, em conversa telefônica com o vereador Marcello Sicilliano (PHS), que Rivaldo Barbosa recebeu dois pagamentos de R$ 200 mil cada, por meio de um inspetor da DH da Capital identificado como “Marcos”.

O UOL já havia revelado, anteriormente, que Moreth havia dito na mesma conversa que o político Domingos Brazão é o mandante e pagou R$ 500 mil aos assassinos pelo atentado que resultou nas mortes de Marielle e Anderson.

A conversa telefônica ocorreu em fevereiro deste ano e o arquivo foi encontrado no celular de Sicilliano por agentes federais.

Conhecido como Beto Bomba, Moreth é um dos chefes da milícia que atua em Rio das Pedras, na zona oeste do Rio.

Em determinado momento do diálogo, Sicilliano, que chegou a ser investigado como mandante, perguntou se a DH estaria agindo de má-fé. Leia:

Sicilliano: Mas a DH tá junto na sacanagem, né irmão?

Beto Bomba: Tá junto porque levaram duzentos cruzeiros na primeira e depois levaram mais duzentos porque viu que ia babar. Então o malandragem lá, o delegado, botou tudo em você junto com aquele rapaz lá que tá preso [referência ao miliciano Orlando Curicica, também falsamente acusado de ser o mandante].

Apesar de ter dito que Brazão era o mandante, Beto Bomba não identifica claramente quem teria feito o pagamento ao delegado.

Beto Bomba: E não perderam pouco [dinheiro] não, perderam duas vezes, perderam uma de duzentos e mais outra de duzentos, foram quatrocentos cruzeiros. Para desvirtuar para outro canto, entendeu? Ô, chefe, quem rodar em bagulho de Marielle, porra, meu irmão, tá fodido, chefe.

Sicilliano insiste em saber a qual delegado Beto Bomba se referia. Se Rivaldo Barbosa, então chefe da Polícia Civil na época do atentado, ou Giniton Lages, primeiro responsável pelo inquérito na DH da Capital.

Sicilliano: Mas quem estava na sacanagem era o Rivaldo, né? Ou era o Giniton?

Beto Bomba: Isso aí, é o Rivaldo Barbosa, é ele que levou quatrocentos cruzeiros, chefe. Foi quatrocentos cruzeiro, pô, tô te falando! Na hora que eles viram que ia babar, que o bagulho deu muita repercussão, o troço falhou, o troço ficou cara para caralho! Porque, chefe, quem rodar neste bagulho de Marielle vai para Catanduvas [presídio federal no Paraná] e vai ser esquecido, meu irmão! Porra, tô te falando, papo reto. Entendeu?

No decorrer da conversa, Beto Bomba nega que o delegado Giniton Lages esteja envolvido na trama.

Beto Bomba: “Chefe, quem levou o dinheiro para eles, para esse delegado [Rivaldo Barbosa], foi um inspetor que trabalha com o delegado. Não foi nem o delegado que recebeu o dinheiro em mãos.”

Sicilliano: “Foi o Marcos?”

Beto Bomba: “Isso aí, foi o inspetor que levou para ele o dinheiro! Das duas vezes.”

Exatos 21 dias após a PF enviar o relatório ao MP-RJ, Beto Bomba se entregou, no dia 23 de maio. Ele estava foragido por causa de um mandado de prisão no âmbito da Operação Intocáveis, que investiga milicianos de Rio das Pedras. O MP não respondeu à reportagem se ele já foi interrogado em relação ao telefonema a Sicilliano.

Gaeco confirma investigação

Não é a primeira vez que Barbosa é citado como envolvido em esquema de propina para abafar o Caso Marielle.

Em depoimentos ao MPF (Ministério Público Federal) e PF, o miliciano Orlando Curicica afirmou que o delegado e outros agentes recebiam dinheiro da contravenção e de milicianos para arquivar inquéritos de homicídios cometidos pelo grupo de matadores de aluguel conhecido como Escritório do Crime.

Barbosa já chefiou também a própria DH da Capital e, atualmente, está à frente da Coordenadoria de Comunicações e Operações Policiais.

Ao UOL, o Gaeco do MP-RJ (Grupo de Combate ao Crime Organizado) confirmou que abriu investigação com base no relatório da PF.

“O Gaeco também ressalta que todas as informações contidas estão sendo rigorosamente checadas e investigadas nos procedimentos relacionados ao caso Marielle Franco e Anderson Gomes que tramitam sob sigilo”.

 

 

*Com informações do Uol