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PF aponta como o ‘gabinete do ódio’ se expandiu além do Palácio do Planalto

O inquérito da Polícia Federal sobre atos antidemocráticos —cujo sigilo foi parcialmente removido neste mês— jogou nova luz sobre a estrutura de páginas e perfis nas redes sociais ligados ao chamado “gabinete do ódio”.

Para além do grupo de assessores empregados na Presidência da República, novos elementos confirmam que o grupo tinha grande capilaridade, envolvendo os três filhos do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e políticos aliados.

Os novos elementos reforçam a tese de que o “gabinete do ódio” é coordenado diretamente pela família Bolsonaro e operacionalizado por três assessores presidenciais recrutados pelo vereador do Rio Carlos Bolsonaro (Republicanos) —Tércio Arnaud Tomaz, apontado como chefe do grupo; José Matheus Salles Gomes e Mateus Diniz.

À PF, eles admitiram pela primeira vez atuar na comunicação do governo federal.

“Gabinete do ódio” é o nome dado a esse grupo de assessores que trabalham no Palácio do Planalto com foco nas redes sociais, inclusive na gestão de páginas de apoio à família Bolsonaro que difundem desinformação e atacam adversários políticos do presidente.

As investigações indicam contudo que essa estrutura vai além do governo federal, envolvendo também assessores dos filhos do presidente e de outros políticos aliados.

Uma das hipóteses de crimes contra a segurança nacional investigados pela PF diz respeito a essa rede de contas.

A PF afirma que, entre 2019 e junho de 2020, agentes públicos ligados à Secom (Secretaria Especial de Comunicação) e a políticos aliados ao clã Bolsonaro usavam canais no Twitter, YouTube, Facebook que incitaram “parcela da população à subversão da ordem política ou social e à animosidade das Forças Armadas contra o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional.

Organograma do gabinete do odio - Arte/UOL - Arte/UOL

Filhos do presidente

Informações levantadas pela CPMI das Fake News e pelo DFRLab —organização forense digital que tem parceria com o Facebook— já sugeriam a participação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) no comando do “gabinete do ódio”. Dois de seus então assessores parlamentares foram identificados como donos de contas ligadas à estrutura de desinformação e ataques a adversários políticos —informação referendada pela PF.

A novidade trazida pelo inquérito submetido ao STF (Supremo Tribunal Federal) envolve o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ).

Investigado pelo MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) no caso das rachadinhas, o assessor parlamentar Fernando Nascimento Pessoa, hoje nomeado no gabinete do filho 01 do presidente no Senado, foi identificado como o dono de seis contas ligadas à rede de desinformação bolsonarista, todas derrubadas pelo Facebook por comportamento inautêntico.

Os funcionários de Eduardo e Flávio Bolsonaro assim como o trio de assessores da Presidência da República compõem o que a PF chama de núcleo de Brasília.

Segundo os investigadores, há indícios de que a exclusão dessas contas pelo Facebook tem como motivo justamente o seu uso coordenado pelo governo do presidente Jair Bolsonaro.

“Ao que tudo indica, as contas objeto desta análise, removidas pelo Facebook de suas redes sociais, se enquadram na tipologia ‘Operações executadas por um governo para atingir seus próprios cidadãos. Isso pode ser particularmente preocupante quando combinam técnicas enganosas com o poder de um Estado'”, diz o relatório da PF.

Ramificações nos estados

Essa análise trouxe indícios de que há movimentos coordenados entre o núcleo de assessores lotados em Brasília e de outros estados.

Isso foi notado, por exemplo, no caso do Rio de Janeiro, onde um casal de criadores de conteúdo

—Vanessa Navarro e Leonardo Rodrigues— mantinha páginas bolsonaristas enquanto estavam nomeados nos gabinetes dos deputados estaduais Anderson Moraes e Alana Passos, ambos do PSL. As páginas foram removidas pelo Facebook em julho do ano passado.

Vanessa continua como funcionária comissionada no gabinete de Anderson, enquanto Leonardo foi exonerado em abril de 2020.

Há também um outro núcleo ligado a políticos bolsonaristas em São Paulo, mas até aqui a PF não obteve tantos elementos quanto no caso dos políticos fluminenses.

Na CPMI das Fake News, a deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) listou ainda seis deputados federais, dois deputados estaduais, dois deputados estaduais de São Paulo e uma de Santa Catarina como supostos integrantes do que chamou de milícia virtual.

Alguns deles foram ouvidos pela PF no inquérito, mas não constam até o momento elementos sobre sua efetiva participação.

Outro lado

O UOL questionou a Presidência da República, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro e o vereador Carlos Bolsonaro, mas nenhum deles respondeu os questionamentos enviados pela reportagem até o momento.

Em depoimento à PF, Eduardo afirmou que “nunca orientou, determinou ou estimulou a atuação deles [seus assessores] em redes sociais e que qualquer tipo de atuação não possui vínculo com o gabinete”.

Já Carlos Bolsonaro negou aos interrogadores participar da “produção, publicação ou difusão de material falsos ou que veicule informações contra os chefes de poderes ou contra as instituições do Estado Democrático de Direito”. Também disse não ter nenhuma participação na elaboração da estratégia de comunicação do governo federal.

A deputada estadual Alana Passos afirmou ao UOL que Leonardo Rodrigues cuidava de suas redes sociais e que “ele tinha bastante trabalho, como todos podem ver pelo volume de publicações”. Mas disse não ter como afirmar se ele usava a estrutura do gabinete para administrar as contas citadas pela PF, definidas por ela como “páginas pessoais”.

Alana nega uma suposta participação no grupo coordenado pelo “gabinete do ódio”. “Tenho muito respeito pela democracia, e nunca iria atacar ou pedir para atacar qualquer instituição.”

O deputado estadual Anderson Moraes foi procurado, mas não respondeu às perguntas enviadas até o momento.

Os assessores da Presidência da República Tercio, José Matheus e Mateus Diniz, apontados como integrantes do “gabinete do ódio”, negaram em depoimento envolvimento no suposto esquema.

*Igor Mello/Uol

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Secom destinou à vacinação somente 6,2% do que gastou para pregar ‘cuidado precoce’

Dados da Secom, pasta do Palácio do Planalto responsável pela comunicação do governo federal, mostram que, até abril deste ano, ações publicitárias relacionadas à vacinação contra a covid-19 representavam apenas 6,2% do montante destinado para divulgar o que o governo chamou de “cuidados precoces”.

O documento, enviado à CPI da Covid no Senado, indica que, até outubro de 2020, a Secom (Secretaria Especial de Comunicação Social) havia autorizado o empenho de R$ 19.370.015,27 nas ações categorizadas como “cuidados precoces”. Os materiais foram veiculados ao longo do segundo semestre do ano passado e também no começo de 2021.

Por sua vez, as ações realizadas pela Secom para promover a vacinação no país custaram, de acordo com o relatório, R$ 1,2 milhão. O registro da autorização dos recursos é de março deste ano. A cifra não inclui campanhas que ocorreram no âmbito do Ministério da Saúde, com recursos e/ou meios próprios.

Procurado pela reportagem, o ministério não especificou qual foi o valor desembolsado com a divulgação do PNI (Plano Nacional de Imunização). De acordo com a pasta, foram realizadas 25 campanhas publicitárias “com os mais diversos temas” desde março de 2020, “como orientações sobre sintomas da doença, transmissão, recomendações para os grupos mais vulneráveis, medidas preventivas e reforço da importância da campanha de vacinação contra a doença”.

“Os conteúdos foram veiculados em canais de TV, rádio, internet e outras mídias, com mais de 1,2 bilhão de inserções e visualizações na internet, e o investimento de R$ 316,2 milhões”, informou o Ministério da Saúde, em nota.

Para fins de comparação, a Secom empenhou com a divulgação do programa “Wi-Fi Brasil” (criado para ampliar o acesso à internet em áreas pobres do país) o montante de R$ 10 milhões — quase dez vezes o investido na divulgação da imunização. Já o “Adote um Parque” teve orçamento de R$ 1 milhão.

O termo “cuidado precoce” é uma derivação do “atendimento precoce”, expressão adotada pelo governo na tentativa de driblar a polêmica relacionada ao incentivo do presidente da República ao uso da cloroquina e de outros remédios sem eficácia comprovada no tratamento da covid-19.

Entre as contratações feitas pela Secom, mais de R$ 1,3 milhão foram utilizados para custear serviços de marketing com influenciadores digitais. A informação foi revelada em reportagem da Agência Pública e publicada no UOL. Ao menos R$ 85,9 mil representaram o cachê pago a 19 pessoas apontadas como celebridades ou subcelebridades na internet. A missão era divulgar o “atendimento precoce”.

Durante o segundo semestre de 2020, o foco das orientações que o governo divulgava de forma ampla e sistemática era a adoção do chamado “kit covid”, ineficaz na prevenção do doença. A estratégia de comunicação também incluiu, em proporção mais modesta, incentivo às medidas não farmacológicas, como o uso de máscara e álcool gel.

No mesmo período marcado pela narrativa do “cuidado precoce”, entre agosto e novembro de 2020, Bolsonaro acelerava sua campanha pessoal em defesa da cloroquina e hidroxicloroquina, medicamentos que compõem o “kit covid” e que são recomendados até hoje por Bolsonaro.

Depoimento de Wajngarten

Em depoimento à CPI, o ex-chefe da Secom Fábio Wajngarten confirma que a pasta realizou investimentos com o intuito de difundir o uso de remédios dos quais o presidente Bolsonaro é um entusiasta.

Segundo o publicitário, o “atendimento precoce” foi objeto de duas campanhas justamente no período entre outubro e novembro de 2020.

*Uol

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Comunicação do Governo Bolsonaro priorizou economia à saúde no combate à pandemia, revelam documentos da CPI

El País – Relatório do Ministério das Comunicações mostra que campanha publicitária sobre vacina só ganhou força após investigação iniciada pelo Senado. Postagens mostram amplo incentivo à cloroquina.

Um extenso relatório elaborado pelo Ministério das Comunicações a pedido da Comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia mostra que o Governo Jair Bolsonaro preferiu divulgar ações que o Executivo realizou na área da economia do que na de saúde durante o combate à pandemia de coronavírus entre os meses de março de 2020 e abril de 2021. Das 2.596 postagens do Governo em seus canais oficiais, 64% (ou 1.648) se referiam à preocupação do Governo com empregos, renda e auxílio emergencial, e 36% (948) tratavam de entregas feitas na área de saúde, dos repasses de verbas obrigatórios aos Estados e Municípios, das medidas de prevenção e da compra de vacinas. Os dados constam em um documento de 1.889 páginas recebido pela CPI no último dia 27 de maio.

Além disso, até o dezembro passado, havia mais publicações sobre cloroquina e outros ineficazes medicamentos no tratamento da doença do que sobre os imunizantes. O quadro só começou a mudar a partir de janeiro deste ano, quando a Anvisa autorizou o uso emergencial dos imunizantes Oxford/AstraZeneca e Coronavac. Até dezembro havia apenas 37 postagens tratando de negociações de vacinas ou criando narrativas de que o Governo Bolsonaro não era a favor do movimento anti-vacinacinação, apesar de pouco ter se esforçado para adquirir os imunizantes. Enquanto isso, outras 85 peças defendendo o kit covid, principalmente a cloroquina, já haviam sido produzidas. Em abril, quando o Supremo Tribunal Federal mandou o Senado Federal abrir a CPI da Pandemia, intensificou-se a produção de postagens sobre a vacinação. Foram 49. Ao total, no período documentado pelo Ministério da Comunicações, foram 142 peças tratando de vacinas.

Em uma primeira análise uma conclusão possível sobre a demora em se divulgar o tema vacinas poderia ser que a campanha de imunização ainda não havia iniciado e, por essa razão, não faria sentido se falar de vacinas. Mas quem atua com saúde pública entende que o ideal é iniciar as divulgações sobre a importância de vacinação com uma longa antecedência. “Toda campanha de vacinação é precedida por ampla divulgação. Mesmo com todos atrasos nas compras, em dezembro, já sabíamos que teríamos vacinas pouco tempo depois. Então, já era hora de começar essa divulgação”, afirmou a enfermeira Ethel Maciel, doutora em epidemiologia e professora da Universidade Federal do Espírito Santo.

Na avaliação desta especialista, o Governo só começou a se movimentar quando a CPI da Pandemia deu sinais de que causaria problemas políticos ao presidente. “A comunicação sobre a vacinação tem de ser muito clara porque precisa atingir todos os públicos e isso não ocorreu até agora, quando há pessoas que querem escolher qual vacina tomar”, afirmou Maciel. Ela fez parte de um grupo de divulgadores científicos que produziam materiais de incentivo à vacinação, enquanto Bolsonaro falava de que as pessoas poderiam virar jacaré caso tomassem um dos imunizantes.

Outro ponto a destacar foi a mudança na mensagem nas postagens do Governo Federal. Nas primeiras ações, o ministério destacava o direito das pessoas se vacinarem, algo parecido com que o presidente Bolsonaro defende em seus discursos oficiais e aos seus militantes, de que a vacinação não deveria ser obrigatória. Uma das postagens, embasadas em uma fala do assessor especial da presidência Filipe Martins tratava exatamente desse tema. “Nenhum país optou pela obrigatoriedade da imunização contra o coronavírus, nem mesmo os ditatoriais; e até a OMS se posicionou contra a ideia. Mas, no Brasil, há quem queira te obrigar a tomar, às pressas, uma vacina cuja segurança e a eficácia sequer são conhecidas”.

https://www.instagram.com/p/CIiumm3JAzx/?utm_source=ig_embed&ig_rid=34c10366-8540-40e2-9496-4f0127c73543

Foi só com o passar do tempo que as informações mudaram e houve um empenho em mostrar que era importante todos se cuidarem. Nas mais recentes, veiculadas em abril, há a preocupação que, mesmo com o avanço da vacinação, é importante manter os cuidados de distanciamento social e uso de máscaras de proteção facial.

Ao mesmo tempo em que preferia dedicar sua comunicação a outros temas, que não a vacina, a gestão Bolsonaro também ignorou ofertas de vacinas, conforme revelaram à CPI o diretor da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, e o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas. Na última sexta-feira, o senador Randolfe Rodrigues (REDE-AP) revelou que os parlamentares já têm em mãos documentos que provam que a Pfizer enviou 53 e-mails para representantes do Governo Federal no intuito de vender sua vacina ainda em 2020. O contrato, no entanto, só foi firmado neste ano. Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, o laboratório norte-americano ofereceu ao Brasil o imunizante pela metade do preço cobrado à União Europeia.

Na série de documentos entregues à CPI ainda constam os gastos com as peças publicitárias produzidas por todos os ministérios sobre a pandemia. De acordo com o Ministério das Comunicações, até o fim de maio estão planejados gastos de 124,4 milhões de reais com propagandas na TV, rádio, internet e em mídia exterior (outdoors e telas em shoppings ou elevadores de prédios comerciais, por exemplo). Ao menos 20 peças foram produzidas até o momento.

https://www.instagram.com/p/CNlk-IKl4n3/?utm_source=ig_embed&ig_rid=801c3530-e05f-424c-8fc1-206b45019e33

Algo que está patente no relatório do Ministério das Comunicações é o incentivo à cloroquina. A primeira vez que ela recebe a divulgação em um canal oficial foi em 31 de março do ano passado. De lá para cá apareceu em diversas postagens. Em uma delas, o ex-assessor presidencial Arthur Weintraub, apontado como um dos membros de um suposto ministério de aconselhamento paralelo, diz que Bolsonaro sempre defendeu o uso dessa droga. Em outra, o presidente Bolsonaro posa ao lado do primeiro ministro indiano, Narendra Modi, agradecendo o envio do ineficaz medicamento no tratamento da covid-19.

https://www.instagram.com/p/B-xlOB3J4Gj/?utm_source=ig_embed&ig_rid=5c4a9f4b-9d7a-4ab0-b827-7dee090ca812

Houve também os destaques às falas duras de Bolsonaro, quando, por exemplo, ele disse que era preciso ter coragem de enfrentar o vírus, algo que tem sido apontado pelos senadores da CPI como uma tentativa de expor a população ao contágio massivo para que se atingisse uma imunidade de rebanho sem a vacinação.

Esses contrastes deverão ser explorados pelos senadores da CPI no seu relatório final. Nesta terça-feira, a comissão retoma os trabalhos com uma nova oitiva do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. Essa será sua segunda ida ao colegiado. Na quarta, será a vez do ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde, o coronel Élcio Franco e, na quinta, do governador do Amazonas, Wilson Lima.

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Ministério das Comunicações gasta mais em campanha de volta às atividades que de vacinação

Pasta gastou R$ 5 milhões com campanha de vacinação enquanto vídeos para “retomar atividades” custaram R$ 30 milhões e pelo “atendimento precoce”, R$ 19,9 milhões.

Pública – Cinco milhões de reais. Esse foi o gasto do Ministério das Comunicações do Governo Federal (MCOM) com a primeira campanha exclusiva sobre as vacinas contra o novo coronavírus realizada pela pasta até abril deste ano. Veiculada três meses após o início da vacinação no país, o valor foi um sexto do investido na campanha sobre retomada das atividades, e um quarto do que foi gasto com as peças que estimulavam o atendimento precoce. As informações foram repassadas pelo próprio Ministério para a Agência Pública através da Lei de Acesso à Informação.

Segundo a resposta recebida pela reportagem, o Ministério das Comunicações fez sete campanhas sobre a covid-19 desde 2020, incluindo as realizadas pela então Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República (Secom). Os valores não incluem gastos e campanhas realizadas por outros ministérios sem a participação do MCOM. A campanha sobre a vacinação é a mais recente delas, veiculada entre 17 e 30 de abril, e teve o segundo menor investimento — ela perde apenas para uma campanha sobre os riscos da doença no início da pandemia de março de 2020 que contou com a participação de figuras como Otávio Mesquita, Felipe Melo, Sikêra Júnior, Zezé di Camargo e os palhaços Patati e Patatá. Segundo o governo, essas participações foram voluntárias.

Já para a campanha que incentivou a retomada das atividades “com segurança”, o Ministério das Comunicações investiu R$ 30 milhões. Veiculada de 20 de julho a 16 de agosto, essa campanha produziu vídeos de incentivo à retomada das atividades mediante “cuidados”. Em um deles, uma mulher que se identifica como caminhoneira em Pernambuco diz sorridente “vamos voltar, gente, vamos seguir em frente, só que um cuidando do outro, um protegendo o outro”. Em outra peça, uma mulher empresária diz “nós queremos muito continuar e voltar a trabalhar, com responsabilidade, com cuidado. E a gente confia que as coisas vão melhorar”.

Campanha de retomada das atividades, veiculada em julho e agosto de 2020, custou R$ 30 milhões ao Ministério das Comunicações

Segundo o governo, a campanha pela retomada das atividades teve 4,7 mil inserções na TV e quase 36 mil em rádio. A campanha de vacinação, veiculada em 15 dias de abril, teve 59 inserções em TV e 198 em rádio. A Pública questionou o MCOM sobre os baixos valores investidos na campanha de vacinação, o período de veiculação e se há alguma outra etapa dessa campanha que já esteja aprovada, mas não obtivemos resposta até a publicação.

A referida campanha pela retomada de atividades durante a pandemia não foi a primeira ação nesse sentido realizada pelo Governo Federal. Em março de 2020, o governo publicou peças com o slogan “Brasil Não Pode Parar” no perfil oficial no Instagram e Twitter. Um vídeo com o mesmo slogan e marca do governo, postado no perfil do senador Flávio Bolsonaro e divulgado em redes de apoiadores do presidente, trouxe diversos argumentos de pessoas para as quais o Brasil não poderia parar. Na mesma semana, em pronunciamento em rede nacional, Jair Bolsonaro afirmou que era preciso conter a histeria, que o vírus “brevemente passará” e que “devemos, sim, voltar à normalidade”. As peças com o slogan “O Brasil Não Pode Parar”, contudo, não estão incluídas nos dados e valores informados pelo Ministério das Comunicações à reportagem.

Na época, a Secom afirmou que o vídeo havia sido “produzido em caráter experimental, portanto, a custo zero e sem avaliação e aprovação da Secom” e que “a peça seria proposta inicial para possível uso nas redes sociais”. A Secom ainda afirmou que a imprensa teria agido de “maneira irresponsável” divulgando a campanha. Poucos dias após as postagens, a Justiça Federal do Rio de Janeiro proibiu a veiculação por qualquer veículo de comunicação de peças da campanha “O Brasil não pode parar”. Em maio deste ano, em resposta à CPI da Covid no Senado, o ex-chefe da Secom, Fabio Wajngarten, disse: “não tenho certeza se ele [o vídeo] é de autoria, de assinatura da Secom.”

Campanha sobre atendimento precoce custou quatro vezes a de vacinação

Executada pelo próprio Ministério das Comunicações, a campanha que incentivou o tratamento precoce, veiculada no final de 2020, teve um custo de R$ 19,9 milhões. Como a Pública revelou, essa campanha direcionou mais de R$ 1,3 milhão para pagar ações de marketing com influenciadores, como a ex-BBB Flávia Viana. Na ação, o governo orientou os influencers a dizer aos seguidores que é “importante que você procure imediatamente um médico e solicite um atendimento precoce”, caso sentissem sintomas da covid.

Além de mais cara, a campanha de incentivo ao atendimento precoce esteve no ar por mais tempo que a da vacinação: 2,5 meses da primeira em comparação a 15 dias da segunda. Também foi veiculada mais vezes em mais mídias: foram 289 inserções em TV e mais de 24 mil em rádio. O governo também informou que a campanha de atendimento precoce teve mais de 90 milhões de visualizações na internet e quase 14 milhões em mídia exterior, como outdoors.

*Da Pública

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Bolsonaro vai trocar o comando da Comunicação, sai Fabio Wajngarten e entra um militar

Presidente pretende colocar estrutura de comunicação sob controle do chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos, almirante Flávio Rocha.

Bolsonaro decidiu nesta quinta-feira (25) alterar o comando da Secom (Secretaria de Comunicação Social) da Presidência da República, hoje chefiada pelo empresário Fabio Wajngarten.

A ideia do presidente é colocar a estrutura de comunicação sob o comando do atual chefe da SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos), almirante Flávio Rocha, que deve acumular as duas funções.

A expectativa no Palácio do Planalto é de que a mudança seja anunciada ainda nesta quinta-feira (25). Com a alteração, o presidente pretende nomear Wajngarten para um posto de assessor especial da Presidência da República.

A tendência é a de que a Secom, pelo menos por enquanto, siga subordinada ao Ministério das Comunicações, de Fábio Faria. O almirante e o ministro são próximos e, recentemente, viajaram juntos em missão diplomática à Ásia.

A saída de Wajngarten ocorre após um histórico de desentendimentos do empresário com o gabinete da Presidência da República, sobretudo envolvendo a política de comunicação durante a pandemia do coronavírus.

Segundo relatos feitos à Folha, a cúpula militar reclamou mais de uma vez com o presidente sobre notas à imprensa divulgadas pela Secom que, na avaliação dela, deveriam ter sido produzidas pelo Ministério da Saúde, responsável pela resposta à crise sanitária.

Diante do agravamento da crise sanitária, o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, chegou a contratar um marqueteiro para comandar a comunicação da pasta, na tentativa de centralizar na Saúde as respostas à pandemia.

No Palácio do Planalto, porém, sempre houve desconfiança sobre Marcos Eraldo Arnoud, mais conhecido como Markinho Show. Auxiliares do presidente dizem, sempre sob reserva, que ele tentava conquistar o posto de Wajngarten.

Além das quedas de braço sobre a pandemia, no final do ano passado, Wajngarten e Faria tiveram um desentendimento em relação à estratégia de comunicação do governo federal. Segundo assessores presidenciais, os dois fizeram as pazes em janeiro, mas o episódio irritou Bolsonaro.

A ideia é que, no posto de assessor especial, Wajngarten continue contribuindo na relação do governo com emissoras de comunicação. Ele tem proximidade, por exemplo, com dirigentes do SBT e da Bandeirantes.

A comunicação do governo é alvo de críticas internas e externas desde o ano passado. Somada à dificuldade que Bolsonaro tem de se expressar, como ficou provada no episódio da Petrobras, a comunicação do governo se mostrou ineficiente em momentos de crise.

No ano passado, a Folha revelou que Wajngarten recebia, por meio de uma empresa da qual é sócio, dinheiro de emissoras de televisão e de agências de publicidade contratadas pela própria secretaria, ministérios e estatais do governo federal.

Homem de confiança de Bolsonaro, Rocha já comandou a comunicação da Marinha. No início do mês, ao lado de Faria, participou de negociações com a China sobre o leilão da rede 5G no Brasil.

Tido no Palácio do Planalto como culto e versátil, o almirante sempre foi lembrado como opção em momentos de vacância de cargos. Foi assim quando o ministro Jorge Oliveira foi escolhido para vaga no TCU (Tribunal de Contas da União), deixando sem titular a Secretaria-Geral.

O nome do almirante surgiu novamente no início do ano como possível substituto do chanceler Ernesto Araújo, quando o chefe do Ministério das Relações Exteriores sofreu desgaste por causa da dificuldade na importação de vacinas da Índia e insumos farmacêuticos para a produção de imunizantes da China.

Nas últimas semanas, a Secom vem passando por uma devassa. Já houve 15 demissões que, segundo assessores palacianos, aconteceram a pedido de assessores do gabinete de Bolsonaro. Os funcionários afastados, em sua maioria, atuaram em gestões passadas.

*Com informações da Folha

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Por que a grande mídia não denuncia o jornalismo genocida praticado pelos sabujos do programa Pingo nos Is?

O bolsonarismo de aluguel da Jovem Pan tem a pior cepa do jornalismo genocida.

O programa Pingo nos Is, liderado pelo inescrupuloso Augusto Nunes que é o sujeito mais totalmente sem caráter da mídia industrial, faz um jornalismo tão miserável quanto o patrão da rádio, Jair Bolsonaro.

A pauta do programa é ditada pelo Palácio do Planalto e pago pela Secom com recursos públicos extraídos do contribuinte, que é a própria vítima da campanha infame que essa gente faz em prol da Covid, assim como o próprio Bolsonaro.

Aquilo que eles fazem é um jornalismo cafajeste, mas não se limita a ser mesquinho e ordinário, a pauta é sórdida, torpe, porque estimula, assim como Bolsonaro, que as pessoas mergulhem de cabeça num comportamento suicida que coloca toda a população em risco.

Esse jornalismo chamativo e de mau gosto, mas sobretudo com objetivo de desinformar ajudando o morticínio que a Covid vem provocando no país sob o julgo do próprio Bolsonaro, não é sequer lembrado como tal pela grande mídia.

O corporativismo é tanto assim nas redações que impede que um programa bárbaro que custa muitas vidas, não mereça uma nota de repúdio da grande mídia brasileira?

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Com dinheiro público, Bolsonaro vai turbinar campanhas publicitárias para ‘construir narrativa’ sobre Amazônia

Documentos de conselho para a Amazônia mostram que governo quer mudar “percepções críticas” sobre a política ambiental do país.

Sob fortes críticas internacionais em relação à sua política ambiental, o governo brasileiro planeja turbinar campanhas publicitárias pagas com dinheiro público para “construir narrativa” sobre as ações da atual gestão em torno da Amazônia. A tática, já usada em 2019, está delineada em documentos produzidos pelo Conselho Nacional da Amazônia Legal (CNAL) aos quais O GLOBO teve acesso. Uma das metas em estudo pelo conselho é aumentar em 70% as notícias positivas sobre prevenção e combate a crimes ambientais. O objetivo é reverter o que o governo classifica como “percepções críticas no Brasil e no exterior relativas à Amazônia”.

Os documentos mostram que os objetivos do governo são “desenvolver ações voltadas à projeção da imagem do Brasil no exterior em matéria de desenvolvimento sustentável da Amazônia” e “construir uma narrativa sobre a estratégia para a Amazônia Legal”.

Para atingir esse objetivo o governo estuda medidas como turbinar ações publicitárias pagas com dinheiro público, principalmente no exterior.

“Intensificar as campanhas publicitárias lançadas pelo governo, tais como: Brazil By Brazil e brazilbybrazil.com, com foco em meio ambiente e agronegócio”, diz outro trecho.

“Aumentar em 70%, até 2021, o número de notícias positivas divulgadas pelo Governo, no que diz respeito à repressão aos ilícitos transfronteiriços e transnacionais”, diz um trecho do documento.

As campanhas mencionadas no documento foram iniciadas em 2019, no auge da pressão internacional pelo aumento das queimadas na Amazônia. A estimativa feita no ano passado pelo próprio governo é de que a campanhas custariam em torno de R$ 40 milhões. No ano passado, foram veiculados anúncios com mensagens positivas sobre o Brasil em países como Reino Unido, Holanda, Irlanda e Estados Unidos.

Os documentos mostram também que o governo estuda acelerar a velocidade da divulgação dos resultados de operações na região e estabelecer novos critérios de “prestação de contas” dessas operações. Pelos documentos, no entanto, não fica claro se esses novos critérios representariam restrições a agentes públicos para divulgar dados sobre as ações do governo na região.

Temor que má imagem do país afete acordos estrangeiros

Os documentos obtidos pelo GLOBO fazem parte de uma apresentação entregue durante a última reunião do CNAL, no início de novembro. Eles detalham uma série de objetivos, metas e ações que o governo estuda sobre a Amazônia. Parte deles é referente às estratégias que o governo pretende adotar para mudar a imagem do país no exterior.

O temor é que a má imagem do país lá fora afete acordos comerciais e decisões sobre investimentos estrangeiros no Brasil. Nos últimos dois anos, o Brasil foi duramente criticado pela comunidade internacional por conta do aumento nas taxas de desmatamento e de incêndios na região amazônica.

“Desenvolver ações de diplomacia ambiental para reverter as percepções críticas ao Brasil no exterior relativas à Amazônia e o meio ambiente, que afetam os negócios comerciais e a decisão investimento”, diz um trecho dos documentos.

A reportagem enviou perguntas para a Vice-Presidência da República e para a Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom), vinculada ao Ministério das Comunicações, mas até o momento não houve retorno.

 

*Com informações de O Globo

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Política

Secom veiculou até onze vezes mais anúncios em canais investigados por fake news

Relatório da Controladoria Geral da União (CGU) obtido pelo GLOBO mostra que o volume de anúncios pagos pela Secretaria de Comunicação Social (Secom) em canais de blogueiros e políticos investigados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) nos inquéritos das fake news ou dos atos antidemocráticos é superior ao total informado antes.

Em alguns casos, foi veiculada uma quantidade até onze vezes maior de propagandas do que a secretaria havia reconhecido até abril. A atuação da Secom na distribuição de anúncios na internet é investigada pelo Ministério Público Federal (MPF) e pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

Os dados foram liberados após cinco meses de pressão da CGU, depois que a Secom descumpria prazos de abertura de dados em resposta a um pedido feito via Lei de Acesso à Informação.

Com base nos relatórios de abril, os canais dos blogueiros Allan dos Santos e Bernardo Pires Kuster receberam, respectivamente, 1.447 e 135 impressões — a unidade que mede a publicidade digital, na forma de banners e outros anúncios. Agora, foram encontradas mais 8.714 impressões no canal de Allan dos Santos e outras 1.498 no de Kuster.

Além disso, aparecem mais canais de investigados pelo STF que não haviam sido listados antes. É o caso dos canais Giro de Notícias, Folha Política e Ravox. O Giro de Notícias veiculou 23.271 impressões, o Folha Política recebeu 1.594, e o Ravox, 3.318.

Os dados mostram ainda que as veiculações não pararam em agosto de 2019. Eles foram feitos até, pelo menos, novembro do ano passado.

O relatório obtido pelo GLOBO foi elaborado pela equipe técnica da CGU. Segundo o documento, os novos dados só foram liberados após “inúmeras tratativas” com a Secom.

O caso começou em fevereiro, quando a CGU deu 60 dias para que a Secom atendesse a um pedido pela Lei de Acesso à Informação e liberasse todos os dados sobre anúncios pagos pela Secom via Google Ads (uma plataforma de mídia programática) entre 1 º de janeiro e 10 de novembro de 2019. Mídia programática é um sistema de distribuição de anúncios na internet de forma automatizada, em que o contratante paga pelos anúncios e a plataforma os distribui em diferentes sites ou canais, obedecendo critérios automatizados que identificam público-alvo nas páginas que hospedarão a propaganda. Embora o contratante não escolha antecipadamente que página receberá pelo anúncio, ele pode vetar a publicidade em páginas indesejadas.

Mercado que persiste em existir durante as eleições

Quando respondeu o pedido de informações, a Secom omitiu a maior parte dos dados. Em abril, a secretaria entregou três relatórios mostrando que veiculou um total de 129 milhões de impressões publicitárias, ligadas à Reforma da Previdência — este total inclui sites investigados no STF, mas é referente à toda publicidade virtual da secretaria. A campanha da reforma, porém, envolveu o disparo de 723 milhões de impressões e custou R$ 5,1 milhões.

Sem transparência

Em julho, O GLOBO revelou que a Secom ainda não havia cumprido a decisão da CGU. Na época, o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União pediu o afastamento do chefe da secretaria, Fabio Wajngarten.

Em junho, a CGU foi provocada por um cidadão que pediu que o órgão verificasse se a Secom tinha cumprido a decisão da Controladoria. A Secom respondeu que a entrega das planilhas anteriores era suficiente, mas a CGU pediu informações “remanescentes”. Os novos dados só foram liberados em 5 de setembro.

Além da campanha da Reforma da Previdência, a Secom liberou informações de outras ações, como a “Amazon Day” e “Brazil by Brasil”, destinadas a melhorar a imagem do país no exterior. Questionada, a secretaria não explicou por que não liberou as informações antes.

Apesar de o relatório mostrar que a Secom só liberou os dados restantes após insistência da CGU,o órgão arquivou o processo. Em nota, a CGU afirmou que a “falha foi justificada” por um erro de interpretação da Secom, não tendo havido descumprimento de sua decisão.

Pesquisador e consultor do Banco Mundial, Fabiano Angélico, especialista na Lei de Acesso à informação, critica o arquivamento:

— A melhor medida deveria ser investigar mais a fundo o que levou a essa demora na liberação dos dados.

Em nota, a Secom disse que o pedido analisado pela CGU foi “integralmente atendido” e responsabilizou o Google pelo destino das impressões. “Coube à plataforma digital a prestação do serviço, conforme especificações de público-alvo”, afirmou a Secom. O Google, porém, diz que oferece controles e filtros que podem ser usados por seus clientes para que eles definam o destino dos anúncios.

 

*Leandro Prazeres/O Globo

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Vídeo: Secom de Bolsonaro faz com Cesar Tralli o que Tralli fez com Lula em 2006

Hoje, pouca gente se lembra do flagrante forjado por Cesar Tralli e seu primo, da Federal, no caso que ficou conhecido como “escândalo dos aloprados”.

O objetivo era impedir que Lula vencesse a eleição, em 2006, já no 1º turno contra Alckmin e a farsa obteve êxito. A eleição foi para o 2º turno e Lula venceu.

Agora, Tralli prova do mesmo veneno.

A secretaria de Comunicação do governo Bolsonaro, Secom, espalhou uma fake news contra Cesar Tralli nas redes sociais.

Cesar Tralli, da Globo, leu uma nota ao vivo da Associação Brasileira de Imprensa sobre as mentiras que Bolsonaro contou na ONU.

A Secom editou o vídeo e divulgou apenas um trecho dando a entender que era uma opinião de Tralli.

Feita a armação grosseira, a Secom fixou o post em seu perfil no Twitter.
O fato é grave porque a Secom é um órgão oficial e essa farsa forjada por quem comanda a Secretaria de Comunicação, certamente, consequências graves.

Mas não deixa de ser irônico ver a Globo e Cesar Tralli, que forjaram no Jornal Nacional um falso flagrante contra os ditos “aloprados” para criminalizar a campanha de Lula, tendo que beber o veneno vindo do governo Bolsonaro que a Globo trabalhou duro para eleger contra o PT.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

 

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Matéria Política

TCU: Com verba pública, Bolsonaro favorece as TVs aliadas, SBT e Record

Auditoria confirma que emissoras tidas como aliadas do Planalto passaram a receber fatias maiores dos recursos.

O TCU (Tribunal de Contas da União) concluiu em auditoria que faltam critérios técnicos para a distribuição de verbas publicitárias a TVs abertas pelo governo Jair Bolsonaro.

Dados da fiscalização, apresentados nesta terça (11) numa transmissão pela internet, confirmam a mudança de padrão na destinação do dinheiro para as emissoras, conforme noticiado em série de reportagens pela Folha.

Embora seja líder de audiência, a Globo, tida como inimiga por Bolsonaro, passou a ter fatia menor dos recursos na gestão do presidente. Record e SBT aumentaram expressivamente sua participação. Os donos das emissoras —Edir Macedo e Silvio Santos, respectivamente— manifestaram apoio ao governo em diferentes ocasiões.

De 2018 para 2019, primeiro ano da gestão Bolsonaro, a parte da Globo no bolo das campanhas da Secom (Secretaria de Comunicação da Presidência), hoje vinculada ao Ministério das Comunicações, despencou de 39% para 16% — em 2017, havia sido de 49%. No mesmo o período, a Record ampliou sua fatia de 31% para 43% e o SBT, de 30% para 41%.

A auditoria do tribunal foi feita para verificar indícios de direcionamento político no rateio da publicidade. O relatório sobre o caso, sob relatoria do ministro Vital do Rêgo, será julgado pela corte em data ainda não marcada.

O tribunal constatou que a campanha da reforma da Previdência —maior e mais cara do governo Bolsonaro— foi a principal responsável pela disparidade nos investimentos entre TVs.

Como mostrou a Folha, na primeira fase da ação publicitária, a Globo foi contemplada com a maior parte dos recursos, segundo o critério da audiência. Na segunda etapa, essa baliza deixou de ser determinante e as concorrentes da emissora carioca, alinhadas ao Planalto, passaram a receber mais.

Também passou a haver destinação de dinheiro para TVs de igrejas que apoiaram Bolsonaro na campanha eleitoral de 2018.

A mudança se deu após o chefe da Secom, Fabio Wajngarten, assumir o cargo, em abril de 2019. A Folha noticiou que ele é sócio, com 95% das cotas, da FW Comunicação, empresa que recebe dinheiro de TVs, entre elas Record e Band, e de agências contratadas pela própria secretaria, ministérios e estatais.

A Igreja Universal do Reino de Deus, do bispo Macedo, e afiliadas da Record também contrataram a empresa. O caso é investigado pela Polícia Federal e pelo TCU em um processo específico.

O secretário nega que haja favorecimento às clientes de sua empresa ou conflito de interesses em sua atuação.

Em abril, a juíza Solange Salgado, da Primeira Vara da Justiça Federal em Brasília, negou liminar para afastar Wajngarten do cargo. O pedido havia sido feito pelo PSOL, alegando que a presença dele na Secom refletia “o predomínio de interesses privados sobre o interesse público”.

A magistrada acolheu argumentos do secretário e afirmou não ver razões fáticas e jurídicas para suspender a nomeação. ​

Ao TCU a Secom justificou que, fora a audiência, levou em consideração outros parâmetros técnicos para definir os investimentos, como a comunicação efetiva com o público-alvo das campanhas, as mudanças nas percepções desse público, o alcance populacional das emissoras, a frequência de veiculação e o custo das inserções.

Os auditores entenderam que “a régua da audiência”, de fato, “não pode espelhar, por si só, a participação nos investimentos em mídia”, sendo necessário considerar outras variáveis.

“Ocorre que esses critérios técnicos e objetivos precisam ser claros e estarem detalhados no processo administrativo [das campanhas]”, argumentou a secretária de Controle Externo de Aquisições Logísticas do TCU, Tania Chioato, responsável pela auditoria.

Segundo ela, não constam detalhadamente nos documentos do governo as “motivações que embasaram a tomada de decisões no processo para a distribuição dos recursos”.

Outra constatação do TCU é a falta de registro de alterações feitas nos planos de mídia —que definem a estratégia, os objetivos e a distribuição de recursos de cada campanha—, como ocorreu entre a primeira e a segunda fase da ação publicitária da Previdência.

Esses documentos são elaborados por agências de propaganda, sob encomenda da Secom, e aprovadas pela secretaria após análise, tornando-se oficiais.

“Os diversos ajustes e alterações nesse plano de mídia não ficam registrados em lugar nenhum do processo. Então, entende-se que neste momento perde-se a possibilidade de rastrear, acompanhar os acontecimentos, as motivações que conduziram todo o processo decisório, desde a proposta inicial até se chegar à versão final do plano, que orienta a distribuição dos recursos”, disse Chioato.

A auditoria propõe que sejam incluídos no manual de publicidade da Secom os critérios técnicos e objetivos para a divisão de verba publicitária, inclusive entre as TVs, contemplando “indicador de eficiência”.

Também requer que sejam registradas e, se possível, publicados na internet ajustes e diferentes versões dos planos de mídia, com a indicação dos responsáveis por essas mudanças. Desses registros, segundo o TCU, deve constar, por exemplo, se houve redução ou aumento dos percentuais distribuídos a TVs de uma fase para outra de uma campanha.

O encaminhamento a ser dado dependerá do entendimento dos ministros do tribunal no julgamento.

Recém-nomeado por Bolsonaro, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, que é genro de Silvio Santos, participou da transmissão nesta terça e disse que busca um pacto para definir os critérios de investimento.

 

*Com informações da Folha