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Mundo

Secretário-geral da ONU pede pausa humanitária para vacinação contra poliomielite em Gaza

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Antonio Guterres, pediu nesta sexta-feira (16) para que as partes envolvidas no massacre em Gaza deem garantias concretas de pausas humanitárias de 7 dias, para que seja realizada uma campanha de vacinação contra a poliomielite.

O genocídio palestino cometido por Israel já matou praticamente 2% da população palestina de Gaza e destruiu infra-estrutura, incluindo o sistema de água e esgoto, tornando a região mais propensa a doenças contagiosas.

Guterres alerta que a prevenção e contenção de propagação da doença na Faixa de Gaza será um esforço coordenado e urgente. “Uma pausa [humanitária] é obrigatória. É impossível conduzir uma campanha de vacinação contra a pólio com ataques por todo o lugar”, disse Guterres. O sistema de saúde do território entrou em colapso com os ataques constantes desde outubro.

Por conta da devastação em Gaza, pelo menos 95% de cobertura vacinal será necessária para reduzir a emergência de propagação do vírus, informou o secretário-geral. Para isso, a campanha deve contar com o transporte de vacinas e refrigeração de equipamentos, entrada segura de especialistas na doença, internet estável e serviços telefônicos durante todas as etapas.

Epidemia em Gaza

Desde julho, o ministro da Saúde de Gaza vem alertando para uma possível epidemia de poliomielite no território palestino, culpando as ofensivas militares contínuas de Israel. Ainda nesta sexta-feira, o ministério palestino confirmou o primeiro caso da doença na região em 25 anos.

O vírus foi detectado na rede de esgoto das cidades de Khan Younis e Deir Al-Balah, segundo o especialista em pólio da Organização Mundial da Saúde (OMS), Hamid Jafari.

A poliomielite é um vírus altamente transmissível através de contato direto com fezes e secreções bucais, que pode invadir o sistema nervoso e causar paralisia. Desde que campanhas contra a doença foram interrompidas desde o conflito em outubro do ano passado, as crianças abaixo de 5 anos de idade, especialmente até os 2 anos, são as mais vulneráveis.

Sem serviços de saúde adequados, a população de Gaza é especialmente vulnerável a surtos da doença, dizem oficiais de saúde e grupos de ajuda humanitária. Dos 40 mil palestinos mortos por Israel desde outubro, mais de 16 mil foram crianças.

A ameaça da doença não está confinada somente a Gaza. Quando o período de chuvas começar, no final do outono, o esgoto contaminado pode ser “empurrado” para um aquífero no qual Israel, Egito e Jordânia retiram sua fonte de água.

*Com Monitor do Oriente Médio e AFP

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Política

Deputado federal investigado por dados falsos de vacinação tinha cartão com 3ª dose aplicada antes da 1ª

Documento com erros foi apreendido na residência do parlamentar Gutemberg Reis (MDB-RJ). Polícia também identificou problemas nos dados de lote de outra das doses registradas.

deputado federal Gutemberg Reis (MDB-RJ) tinha um cartão físico de vacinação contra a Covid-19 com registro da segunda dose da vacina aplicada antes da primeira, além de dados incompatíveis entre os registros físicos e os feitos no sistema do Ministério da Saúde.

A Polícia Federal (PF) indiciou o parlamentar por inserção de dados falsos em sistema de informações públicas e associação criminosa. O deputado disse que não irá se manifestar até que sua defesa tenha acesso integral ao processo.

As informações constam de relatório final do inquérito que investiga Além de Gutemberg, foram indiciados o ex-presidente Jair Bolsonaro, o ex-ajudante de ordens da Presidência Mauro Cid e outras 14 pessoas.

Mensagens
A PF identificou o cartão com dados errados em conversas entre Cláudia Helena Acosta, servidora da prefeitura de Duque de Caxias, e Célia Serrano, então funcionária da Secretaria Municipal de Saúde e eventualmente secretária. Ambas também foram indiciadas pela PF.

Nas mensagens de 18 de novembro de 2022, Serrano envia a Cláudia Helena uma foto do cartão físico de vacinação de Gutemberg com o que a PF chama de um “erro crasso”. Os investigadores destacam que:

“A data de aplicação da 2ª dose da vacina da fabricante Janssen é anterior à data inserida no documento como sendo de aplicação da 1ª dose da mesma fabricante”; e
“é possível observar o registro do que seria uma terceira dose da fabricante Pfizer anotada fora do local adequado, de forma amadora.”

Imagem do cartão de vacinação do deputado Gutemberg Reis (MDB-RJ), apreendido pela PF. — Foto: Reprodução

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Política

Lambança: Nome de Lula aparece em falso comprovante de vacinação de Bolsonaro

E-mail para contato na ficha de Bolsonaro é “[email protected]”. Prefeitura de São Paulo registrou boletim de ocorrência contra a falsificação.

O registro do comprovante de vacinação contra a Covid-19 do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em São Paulo apresentou o e-mail “[email protected]” como conta para contato. A prefeitura da capital paulista registrou um boletim de ocorrência para investigar a falsidade ideológica no registro do ex-mandatário.

No boletim de ocorrência é anexado o comprovante de vacinação em que mostra o CPF, nome, dia e mês do nascimento de Bolsonaro. Entretanto, o ano em que o ex-presidente nasceu está incorreto.

Em nota, a prefeitura de São Paulo, comandada por Ricardo Nunes, declarou que o e-mail para contato “levanta suspeita de ato criminoso” contra Bolsonaro e também contra o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). É para rir, não?

O comprovante de vacinação falsificado de Bolsonaro indica que o ex-presidente se vacinou com o imunizante da Janssen em 19 de julho de 2021 na Unidades Básicas de Saúde (UBS) Parque Peruche, na zona norte de São Paulo.

A prefeitura da capital paulista também apontou que não recebeu o lote da vacina registrada em nome de Bolsonaro. O boletim de ocorrência foi registrado na 3ª D.P da Casa Verde.

O ex-presidente foi alvo, esta semana, de ação da PF que investiga registros falsos de vacinação em nome dele e de pessoas próximas.

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Justiça

PF descobriu que fraude na vacinação que envolve Bolsonaro começou em Goiás e terminou em Caxias (RJ)

O esquema de falsificação de cartões de vacinação que foi alvo da operação da Polícia Federal nesta manhã e que teria fornecido registros fraudulentos ao ex-presidente Jair Bolsonaro e à sua filha, Laura, começou em Goias com o preenchimento de um cartão de vacinação comum, em papel, de acordo com o Agenda do Poder.

Bolsonaro e mais seis auxiliares, entre eles o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, foram alvo da Operação Venire, deflagrada pela Polícia Federal (PF), como parte do inquérito sobre as milícias digitais.

Segundo informações do inquérito, obtidas pela repórter Malu Gaspar, do Globo on-line, primeiro um médico da prefeitura da cidade de Cabeceiras ligado ao bolsonarismo preencheu o cartão de vacinação contra a Covid-19 para Bolsonaro, Laura, o ajudante de ordens do ex-presidente, Mauro Cid, e sua mulher.

Com o cartão em papel, o grupo então tentou registrá-lo no sistema eletrônico do SUS no município fluminense de Duque de Caxias, para que ele pudesse ser considerado oficial e valer, por exemplo, em viagens internacionais.

A falsificação foi feita para que o então presidente e sua filha pudessem entrar nos Estados Unidos sem restrições. A então primeira-dama, Michelle, se vacinou nos Estados Unidos em setembro de 2021.

No entanto, como o lote de vacinas informado tinha sido enviado para Goiás e não para o Rio de Janeiro, o sistema rejeitou as informações.

Depois que o cartão de vacinação foi registrado e se tornou oficial, o grupo baixou os arquivos, imprimiu os cartões e os apagou do sistema. Assim, quem procurasse os registros de vacinação do grupo no sistema eletrônico não encontraria.

Só mesmo depois de ter acesso às mensagens de Cid e fazer uma perícia no sistema é que a Policia Federal descobriu a adulteração. Até então, não se sabia que Jair Bolsonaro e sua filha também haviam registrado cartões falsos.

Além de ter realizado busca e apreensão na casa de Jair Bolsonaro nesta sexta, a PF prendeu outras seis pessoas envolvidas na fraude . Entre os detidos em Brasília, estão os ex-funcionários Mauro Cid, Max Guilherme e Sérgio Cordeiro.

Outro assessor, Marcelo Câmara, é alvo de busca e apreensão. Todos os citados foram com o ex-presidente em seu autoexílio de três meses em Orlando, na Flórida.

O deputado federal Gutemberg Reis (MDB-RJ), irmão do ex-prefeito de Caxias, Washington Reis, e o vereador pelo Rio Marcelo Siciliano (PP-RJ), também são investigados por terem intermediado o esquema de falsificação.

Cid tem um histórico de relacionamento com o ex-presidente que vem de família. Ajudante de ordens de Bolsonaro durante o seu governo, Mauro Cid é filho do general Mauro Cesar Lourena Cid, que foi colega do ex-presidente no curso de formação de oficiais do Exército. Desde esse período, Bolsonaro mantém uma amizade com Lourena Cid.

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Justiça

Atestado com vacinação pode se transformar em prova de crime premeditado

Bolsonaro nega ter se vacinado para não ser acusado de crime premeditado. Eu explico.

Quando a Covid-19 apareceu, o então ministro Luiz Henrique Mandetta defendeu as teses adotadas em todo o mundo: buscas pelas vacinas e recolhimento até que o vírus fosse controlado. Bolsonaro era o presidente da República. A CPI da Covid revelou que, naquela época, ele montou um verdadeiro gabinete paralelo ao Ministério da Saúde, dominado por defensores da imunidade de rebanho e da hidroxicloroquina. Suas declarações seguiam o que o gabinete paralelo defendia.

Imunidade de rebanho quer dizer o seguinte: deixa o vírus se espalhar até que as pessoas se imunizem naturalmente. Quem morrer, morreu. E, quanto à cloroquina, se acreditarem que ela faz algum efeito, mais e mais pessoas deixarão de e esconder da doença em casa. Para completar lambança, o então presidente da República resolveu também combater as vacinas. Chegou a dizer que quem se vacinasse podia virar jacaré.

Depois Bolsonaro disse que nunca foi contra as vacinas e que seu governo foi um dos que mais vacinou no mundo. Quando deu essa declaração o país era o 37º colocado no ranking internacional de vacinação.

Depois Bolsonaro disse que nunca foi contra as vacinas e que seu governo foi um dos que mais vacinou no mundo. Quando deu essa declaração o país era o 37º colocado no ranking internacional de vacinação.

O ex-presidente age assim: mente sem nenhum pudor. Flagrado numa mentira, ele conta outra mais forte para negar os fatos. Agora diz que o atestado foi fraudado. É uma estratégia.

Sites de checagem de fatos chegaram a levantar que o ex-presidente mentiu pelo menos 6 mil vezes em seu governo. Os casos são variados.

Bolsonaro demitiu o presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais porque os dados dos satélites mostravam que a floresta amazônica sofria níveis recordes de destruição. Chamou o cientista chefe do INPE de mentiroso e até hoje jura de pés juntos que seu governo é o que mais protegeu as florestas.

Os indígenas ianomamis estavam sendo dizimados? Mentira!, diz Bolsonaro. Foi ele quem mais fez pelos pelos povos originários do Brasil.

Faltou oxigênio em Manaus durante a pandemia com centenas de mortos por falta de ar? O ex-presidente proclama que foi tudo uma armação da esquerda e que ele deu todo atendimento à população.

Ele nega inclusive que tenha havido escândalos de corrupção em seu governo.

Não, o então ministro da Educação, Milton Ribeiro, não teve que deixar o cargo por causa dos pastores que mandavam na distribuição de verbas da pasta, segundo o ministro por indicação do próprio Bolsonaro. Os pastores exigiam propinas dos prefeitos e o ministro chegou a ser preso.

Nem Bolsonaro, nem seus filhos, nem Fabrício Queiroz, nem ninguém se envolveu em rachadinhas. E esses gastos todos nos cartões corporativos da Presidência, tudo isso é perfeitamente explicável.

Então por que, quando presidente da República, Bolsonaro usou e abusou de esconder os dados sobre sua gestão na decretação de sigilos por cem anos? Sigilo que atingiu, inclusive, sua própria vacinação contra a Covid.

Segundo revelou agora o atual ministro chefe da Controladoria Geral da União, consta do cartão de vacinação de Bolsonaro que ele se vacinou, sim, contra a Covid, apesar de tanto ter combatido as vacinas e até o uso de máscaras.

Aí o ex-presidente vem e faz o que sempre fez: nega, diz que é mentira, que o cartão de vacinação foi fraudado.

Mas, nesse caso, ele não faz isso somente pelo simples hábito de mentir. Bolsonaro mente porque teme que isto resulte numa prova decisiva para um eventual processo responsabilizando-o pelas centenas de milhares de mortes na pandemia.

Se ele, como presidente da República, atuou para que as pessoas não se vacinassem, sabendo que esta era a forma de se proteger — tanto que ele próprio se vacinou — então pode ser acusado de ter-se utilizado de má-fé.

Má fé inclusive ao protelar a compra de vacinas e promover a não-utilização de máscaras. Má fé na distribuição de um remédio que não faz efeito e na busca de uma imunização de rebanho que seriam, então, crimes premeditados.

Imagina se a Justiça no Brasil ou na Tribunal de Haia, digamos, chegarem a esta conclusão.

*Tales Faria/Uol

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A população brasileira deu um show na vacinação, diz Sue Ann Costa Clemens

Professora da Universidade de Oxford destaca que a ciência, o SUS e o apoio da sociedade mostram ao mundo como é possível virar o jogo contra o negacionismo.

A história de como o corpo humano é infectado por micróbios e as doenças aparecem já estava nas brincadeiras de criança da pesquisadora, médica infectologista e pediatra Sue Ann Costa Clemens. Não é de espantar, portanto, que hoje ela esteja entre os grandes cientistas que ajudam o mundo a combater o coronavírus que causa a Covid-19. Entre outras atribuições, Sue é professora da Universidade de Oxford, a centenária instituição inglesa reconhecida como uma das melhores do planeta, e foi a responsável pela coordenação dos estudos clínicos com a vacina Oxford-­AstraZeneca feitos no Brasil. O êxito foi tão grande que a universidade decidiu abrir no país sua primeira unidade fora do Reino Unido, com atuação inicialmente focada na área de vacinas. Acompanhou de perto a transferência de tecnologia da produção do imunizante para a Fundação Oswaldo Cruz, algo que fará o país subir alguns degraus na expertise de fabricação de vacinas. Nesta entrevista a VEJA, a cientista conta como é fazer ciência correndo contra o tempo, contra o negacionismo, e o que vamos aprender com a pandemia.

A senhora coordenou no Brasil o braço da pesquisa clínica da vacina Oxford-AstraZeneca com o maior número de participantes do mundo. Como foi a mobilização para que tudo desse certo? No dia 28 de abril de 2020, o professor Andrew Pollard, chefe do Oxford Vaccine Group, me procurou para falarmos sobre a expansão da pesquisa que ele fazia com uma vacina contra a Covid-19. Eu estava no Brasil e por aqui os casos explodiam. Uma semana depois, tivemos nossa primeira reunião. Andrew estava à frente do estudo mais adiantado de um imunizante contra a doença. Ele havia sido aplicado em 1 000 participantes no Reino Unido, mas era preciso ter um volume maior de participantes. Andrew tinha pensado em registrar 1 000 voluntários brasileiros. Enquanto ele falava, a única coisa que eu pensava era: “Quando você quer que eu comece?”.

E quando começou? Assim que terminamos a reunião. Nunca pensei que testemunharia uma epidemia se tornar uma pandemia e estava vendo a doença devastar as pessoas. Sabia que, se corrêssemos, salvaríamos mais vidas. O Brasil sempre teve ótimos centros de realização de estudos clínicos e isso ajudou. Seis serviços foram escolhidos nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Natal, Porto Alegre e Santa Maria. No começo, eram 1 000 voluntários. Depois, foi passando para 2 000, 3 000, até que em quatro meses chegamos a quase 11 000 voluntários.

A senhora havia participado de algo parecido? Não. Foi um trabalho colossal. Os profissionais se dedicaram dia e noite. Era preciso ligar para mais de 10 000 voluntários uma vez por semana, seguir os indivíduos sintomáticos e analisar o que poderia ser considerado eficácia em uma doença desconhecida naquele momento. Tínhamos reunião à meia-noite para saber se algum voluntário teve reação. Ao mesmo tempo, eu precisava monitorar toda a qualidade, fazer a limpeza de dados. Agora, temos um imunizante inspecionado por cinco agências regulatórias de peso e quase 3 bilhões de pessoas vacinadas. Foi bastante emocionante ver nosso trabalho aqui no Brasil se concretizando quando a vacina foi aprovada.

A experiência foi decisiva para a Universidade de Oxford abrir no Brasil sua primeira unidade fora da Inglaterra? Sim. É um reconhecimento da instituição ao talento científico do profissional brasileiro. Houve profissionalismo, qualidade científica e garra para entregar resultados.

Como vai funcionar? Os alunos aprenderão todo o processo de desenvolvimento de vacinas, desde a descoberta até o registro do produto. Começaremos com cursos de atualização e outros mais básicos. Mestrado e doutorado serão oferecidos a menos pessoas, voltados a profissionais que são pesquisadores.

Serão acessíveis? Os cursos de atualização terão pagamento simbólico. No mestrado e doutorado, teremos taxa de inscrição, mas vamos procurar instituições que queiram financiar bolsas.

A senhora participa de uma epopeia científica sem precedente. A essa altura, como é deparar com o negacionismo que ainda persiste? Há negacionismo, é verdade. Mas a população brasileira deu um show. Começamos a vacinação de forma lenta, porém hoje somos um país com uma das maiores taxas de população totalmente vacinada. Apresentar 70% da população protegida é algo que temos de aplaudir. É preciso bater palmas para o SUS porque não adianta ter vacina e não a fazer chegar à população. Além disso, os brasileiros participaram de importantes ensaios clínicos cujos dados permitiram a aprovação de vacinas.

O Ministério da Saúde é acusado de adotar medidas para atrasar a vacinação infantil contra a Covid-19 e de se posicionar a favor de terapias sem base científica. A senhora mantém uma boa relação com o ministério? Passei por mais de um ministro. Falei com Nelson Teich, participei de reuniões com Eduardo Pazuello e Marcelo Queiroga. Sempre fui tratada com respeito e minha relação com o ministério é da mais alta qualidade. Minha relação com eles se restringe a conversas estritamente científicas. Nada mais.

O que achou da polêmica envolvendo a imunização das crianças? Sou pediatra e totalmente a favor da vacinação das crianças. Se você me perguntar como pesquisadora, digo que precisamos ter avaliação crítica, como as agências regulatórias internacionais estão fazendo, e bem, com todos os imunizantes criados contra a doença. A vacina de RNA mensageiro (caso da vacina da Pfizer) é nova e é natural que surjam perguntas. Mas o que a população deve ter em mente é que todos os imunizantes liberados para uso são eficientes e seguros. Os riscos de quadros graves de Covid-19 são infinitamente maiores do que os apresentados por qualquer vacina. Por isso, é crucial proteger as crianças também.

Na semana passada, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária aprovou o uso da CoronaVac em crianças e adolescentes de 6 a 17 anos. O que acha da decisão? Toda vacina é bem-vinda. A CoronaVac é feita com uma plataforma que conhecemos (vírus inativado), sobre a qual temos experiência. Embora ela tenha um escape imunológico grande contra a ômicron, é primordial para a população brasileira, incluindo as crianças.

As crianças precisarão receber doses de reforço? Ainda não foram publicados dados sobre o assunto. Acredito que a Pfizer, pioneira no uso da tecnologia do RNA mensageiro para criação de vacinas, esteja buscando informações. Contudo, se formos fazer uma analogia com o que ocorre nos adultos, será preciso esperar de quatro a seis meses para medirmos as respostas imunológicas das pessoas nessa faixa etária.

A pandemia acaba em 2022? Ela vai passar para uma situação endêmica (o agente infeccioso continua presente, porém não provoca mais emergência sanitária). Agora, se isso acontecerá neste ano, vai depender muito do aumento e da celeridade da vacinação em grandes bolsões que permanecem sem cobertura adequada. No Malawi, 4% da população está totalmente imunizada e há outros países na África infelizmente na mesma situação. A Ásia também é um bloco com problemas semelhantes.

A que se deve essa situação? Não podemos só prover as nações com vacinas, é preciso fazer com que a distribuição tenha capilaridade. Isso seria um trabalho para instituições supranacionais, como a Organização Mundial da Saúde, que deveriam ter uma atuação mais forte nesse sentido. Ao mesmo tempo, vimos até hoje milhões de pessoas que não querem se vacinar em todo o mundo. Nos Estados Unidos, em países do Leste Europeu, como Romênia, Rússia ou Ucrânia, os índices de resistência à vacina são altíssimos.

Quais estratégias devem ser adotadas para aprendermos a conviver com a Covid-19? Vigilância, testagem e sequenciamento. Se a vacina protege menos com o tempo, o maior investimento deve ser em terapêutica, porque não há como fazer uma vacina para cada cepa que surgir. O futuro não é adaptar vacina toda hora, mas investir em prevenção e tratamentos e conseguir remédios em abundância e acessíveis para a população.

O que ficará de legado para o Brasil quando a pandemia terminar? Já podemos comemorar algumas boas heranças. Uma delas é termos criado e capacitado tantos centros de pesquisa. O desafio agora é montarmos sistemas que permitam a manutenção e a evolução desses serviços. Além disso, obtivemos a transferência de tecnologia de uma plataforma nova para a produção de vacina da Oxford para a Fundação Oswaldo Cruz. Isso tem um valor inenarrável para o Brasil. Os pesquisadores podem identificar novos patógenos e começar a testar uma vacina, além de o país se tornar autossustentável em relação aos imunizantes contra a Covid-19. Tudo isso pode resultar em pioneirismo em relação a outras vacinas.

De onde vem seu interesse por micróbios? Desde criança eu era curiosa em relação à ciência e meu brinquedo era um microscópio. E sempre adorei parasitas, bactérias, vírus. Eles me fascinavam. Lembro-me de quando fui para a Região dos Lagos, no Rio de Janeiro, e não queria entrar na água por causa da esquistossomose (doença parasitária causada por verme presente em água doce contaminada). Tinha uns 8 ou 9 anos. Todo mundo nadando, se divertindo, e eu tentando imaginar o parasita e em como ele iria entrar nas pessoas.

A pandemia é uma boa vitrine para o trabalho da mulher cientista? Sem dúvida. O que fazemos mostrou a capacidade e a garra femininas na ciência. Veja o exemplo do estudo clínico da vacina Oxford-AstraZeneca no Brasil. Dos seis centros de pesquisa que participaram, quatro são chefiados por mulheres. Temos uma dedicação à pesquisa clínica muito maior do que os homens. É como ser mãe. Não termina o interesse. Também não é por acaso que muitos países que estão indo bem contra a pandemia sejam liderados por mulheres, como a Nova Zelândia, que tem Jacinda Ardern como primeira-ministra, ou a Alemanha, que até poucas semanas atrás estava sob o comando de Angela Merkel.

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Lewandowski dá 48 horas para governo atualizar PNI com inclusão de crianças

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Ricardo Lewandowski determinou hoje que o governo federal apresente, em até 48 horas, a complementação do PNI (Programa Nacional de Vacinação) com a inclusão de crianças. Devem estar descritas as etapas de início e conclusão de imunização para pessoas de 5 a 11 anos contra a covid-19.

“Incluindo-se um cronograma que viabilize a cobertura vacinal adequada de toda a população infantil antes da retomada das aulas, bem como a previsão de um dia nacional (Dia D) para vacinação, ou mesmo a designação de possíveis datas para a realização de grandes mutirões de incentivo e vacinação”, diz o documento.

A decisão atende ao pedido de tutela provisória de urgência do PT. O partido ressalta a decisão da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) favorável à vacinação deste público, além de citar manifestações semelhantes de outros países.

Mesmo com aval da agência, a vacinação das crianças não está garantida. Isso porque cabe ao governo federal fazer a compra das doses pediátricas e decidir sobre a aplicação. O imunizante para os pequenos tem compostos diferentes, como a dose 67% menor (cai de 0,3 ml para 0,1 ml) e uso de apenas 20% do mRNA, em comparação com a dose para adolescentes e adultos.

Governo resistente

Ontem, durante sua live semanal, o presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que iria pedir os nomes dos responsáveis pela decisão de autorizar a vacina da Pfizer contra a covid-19 para crianças de cinco a 11 anos.

Em resposta, a Anvisa divulgou hoje uma nota repudiando ameaças ao trabalho do órgão. No comunicado, a agência diz que suas decisões em relação à análise de vacinas são pautadas na ciência e que “seu ambiente de trabalho é isento de pressões internas e avesso a pressões externas.”

Também hoje, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que não é consensual a vacinação em crianças. O chefe da pasta destacou que há uma intenção de discutir o assunto de maneira aprofundada.

Apesar da afirmação de Queiroga, não é isso que dizem especialistas. A decisão foi comemorada por especialistas e sociedades médicas. Além disso, diante do novo cenário com a variante ômicron, eles alertam sobre a importância da proteção para crianças.

“A notícia da liberação desse imunizante para as crianças é excelente. Finalmente esse público poderá ser protegido da covid e de suas formas mais graves”, analisa a médica Isabella Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

*Com informações do Uol

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Ver Roger ser espinafrado nas redes por ter traído Bolsonaro defendendo a vacina, não tem preço

Vivi para ver um bolsonarista xiita como Roger ser espinafrado nas redes por dizer o oposto do que Bolsonaro sempre pregou sobre as vacinas. Ele não só defendeu a eficácia das vacinas com base na redução inapelável de internações e mortes, como, imagine isso, defendeu a obrigatoriedade da vacinação em respeito à coletividade.

Sim, você pode não acreditar, mas que essa figura tosca, que se não chega a ser um Augusto Nunes em termos de estupidez é, no mínimo, um borralho do não menos tosco Guilherme Fiuza ou mesmo Rodrigo Constantino.

O sujeito se lambuzou esse tempo todo do que existe de mais fascista no mundo para apoiar até os traques de Bolsonaro e acabou por se meter num furdunço com Janaina Paschoal e o próprio Rodrigo Constantino, fazendo com que suas declarações a favor da vacina e da vacinação compulsória ecoasse na boca do inferno bolsonarista.

O resultado foi uma tempestade de ataques ao ex-ídolo do pasto Brasil num festival de mugidos inédito na história dos asnos traídos.

Mas não deixa de ser reveladora essa nova postura do eterno “a gente somos inútil”.

Tudo indica que Roger, assim como muitos, tomou o caminho da terceira via, pois carrega o mesmo DNA retórico para, possivelmente, cair nos braços de João Dória.

A conferir.

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Bolsonaro solta nota fake nos seus 900 dias de governo e diz que Brasil está em 4º lugar na vacinação quando está em 71º

Só um governo cretino seria capaz de tamanha canalhice e que, depois de sabotar a compra das vacinas, segue sabotando a vacinação e, na data em que completa 900 dias no comando do país que é uma verdadeira balbúrdia e que não tem nada de positivo para mostrar, o governo militar de Bolsonaro, ou como ele gosta de dizer, o governo mais militar da história, solta uma nota dessas justamente no dia em que o país chega a 500 mil mortes por covid, por absoluta culpa de um presidente genocida que tem tara pela morte e não tem rigorosamente pena de ninguém.

Bolsonaro ainda tem a petulância de dizer que o Brasil está entre os quatro países que mais vacinaram no mundo, quando, na realidade, na proporção da população, o pais está na 71ª posição.

Isso dá a dimensão do custo que a sociedade brasileira está pagando por colocar essa família no poder.

Esses cínicos estão começando a sentir a revolta da população que só tende a aumentar contra tantos desmandos, ineficiência, destruição de tudo no Brasil e, sobretudo, as mortes provocadas por esses facínoras que só têm uma única prática que se repete em 900 dias, a de mentir cínica e descaradamente para a sociedade que a cada dia os repudia ainda mais.

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Flávio Dino dá show de competência e anuncia início da imunização contra a Covid-19 para jovens com menos de 30 anos e sem comorbidades ainda nesta semana

Com o anúncio do início da vacinação contra a Covid-19 para jovens com menos de 30 anos e sem comorbidades ainda nesta semana, São Luís, no Maranhão, se tornou destino de jovens de outras partes do Brasil em busca da 1ª dose do imunizante.

O chamado “turismo da vacina” tem sido registrado na capital desde o último sábado 12, quando a prefeitura da cidade divulgou o calendário para a vacinação de três grupos, iniciando com jovens de 29 e 28 anos já nesta segunda-feira 14. A previsão é vacinar também quem tem entre 24 e 27 anos até quarta-feira 16.

No Maranhão, além da capital, outras três cidades também já iniciaram a vacinação dos mais jovens, são elas: São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa. Já os municípios de Alcântara e Lago da Pedra foram além e anunciaram a vacinação para quem tem mais de 18 anos.

A movimentação dos “turistas” no Maranhão foi registrada pela reportagem do Estadão publicada na edição desta segunda.

O Maranhão já aplicou 2.244.716 de doses da vacina, de acordo com os dados do Painel da Covid-19 no estado. Entre os vacinados no estado estão os profissionais da saúde e da educação, além de engenheiros, profissionais de segurança, da comunicação social, e trabalhadores da indústria, da construção civil, rodoviários, aeroviários e ferroviários.

Em São Luís já foram aplicadas 534.961 doses da vacina, segundo a prefeitura da cidade. O secretário municipal de Saúde de São Luís, Joel Júnior, destacou que a expectativa é vacinar todos os maiores de 18 anos até o dia 10 de agosto com a 1ª dose do imunizante.

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