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Educação

Sob o governo Bolsonaro, Enem tem 41% menos inscritos e afasta negros e pobres

Um levantamento feito pelo Semesp mostra que o número de inscritos com isenção da taxa por declaração de carência caiu 77% em relação à última prova. Além disso, apenas 11,7% dos inscritos para o Enem 2021 são pretos

Desde 2005, o Enem não tinha número tão baixo de inscrições. E, naquela época, a prova nem era usada para entrar em universidades públicas. O total de candidatos que vai fazer este Enem – cerca de 3,4 milhões – é quase metade do que o Ministério da Educação (MEC) esperava de inscritos no início do ano. Em relação ao ano passado, houve redução de 41% no total de inscrições, informa matéria do Estadão.

A queda é maior entre os candidatos que já haviam concluído o ensino médio. E excluiu ainda mais pretos, pardos e indígenas. O corte na gratuidade para quem faltou no ano passado afastou ainda estudantes pobres que não conseguiram pagar a taxa de R$ 85 para participar. O ministro da Educação, Milton Ribeiro, que brigou na Justiça para não reabrir o prazo de inscrição, minimizou no Congresso o recorde negativo. “Quero saber de fato quantos vão fazer o Enem”, disse.

Em setembro, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou a reabertura do prazo de inscrição com gratuidade para quem faltou na edição passada. O Enem de 2020, realizado em janeiro deste ano, teve recorde de abstenção – grande parte de jovens que faltaram com medo de contaminação pela covid-19. A adesão à nova rodada de inscrições agora foi baixa: só 280 mil alunos a mais, que vão fazer a prova apenas em janeiro de 2022.

O ensino remoto ruim, em meio à pandemia, desmotivou os estudantes. “É complicado, não tem como aprender como eu queria. Não me sinto preparada”, diz Karen Carla Alves, de 17 anos. Após quase dois anos de aulas online, a jovem mineira decidiu não se inscrever e tentar só depois uma vaga em Medicina Veterinária.

Já Thiago Henrique Almeida, de 18 anos, começou a trabalhar para ajudar o tio. Morador de Epitaciolândia, no Acre, ele leva e traz gado entre dois municípios do interior. “Não consegui aprender de verdade. A gente só pegava material na escola, e assistia pela televisão, quando dava o sinal”, diz. “Meu tio me disse que no próximo ano vai pagar um pré-Enem para mim. Quero fazer Engenharia Elétrica. Não adiantaria tentar agora.”

Diretores e professores bem que tentaram mobilizar os estudantes, mas a crise fez força contrária. No Amapá, Arnanda Oliveira, responsável pelo ensino médio na Secretaria de Educação, viu famílias saírem da capital e voltarem para comunidades rurais ou ribeirinhas para sobreviver – muitas delas sem computador ou celular.

“A gente já percebeu esse impacto no Enem 2020 e mais ainda este ano. Qualquer ação que envolva WhatsApp, ou algo simples de internet, temos dificuldade de alcance”, afirma. “A educação dificilmente vai ficar em primeiro plano, porque essas pessoas precisam comer.” A queda de inscritos neste Enem é ainda maior na faixa de 21 a 30 anos – 68,8% em relação à edição passada.

Oséas Ferreira, de 20 anos, trabalha como empacotador em um frigorífico. Em algum momento entre o início e o fim da jornada de dez horas, percebeu que o sonho de estudar escapava entre os dedos. Ele queria cursar Direito, mas hoje, quando colegas da mesma idade estiverem a caminho do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), ficará ainda mais distante da universidade.

“Tem hora que dá desespero. Sempre gostei de estudar e não tenho oportunidade”, diz o jovem de Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte. Ferreira faz parte de um grupo que se tornou mais numeroso este ano: aqueles que nem chegaram a se inscrever no Enem. Porta de entrada para o ensino superior brasileiro, o exame será aplicado hoje e no próximo domingo, em meio a denúncias de tentativa de controle sobre questões da prova e crise com servidores do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), responsável pelo teste.

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Suspeitas de fuga de Olavo com aeronave da FAB usada por Fábio Faria precisam ser investigadas

Segundo apuração realizada pela escritora Daniela Abade, evidências apontam que Olavo de Carvalho pode ter embarcado, em São Paulo, em aeronave da FAB que foi utilizada pelo ministro Fábio Faria, das Comunicações, nos Estados Unidos. A partir de dados do Flight Aware, a escritora apontou que o avião que foi utilizado por Faria teria partido da capital paulista no dia 13, às 12h48, e feito um trajeto distinto do habitual.

A aeronave Legacy VC99B aterrissou em um aeroporto pequeno nos Estados Unidos e parte de sua rota no Brasil não pôde ser captada pelos sistemas de monitoramento.

Em vídeo publicado na terça-feira (16), Olavo admitiu que partiu para os EUA em um “voo repentino”. “Como eu vim parar aqui? Quando eu estava no hospital me ofereceram um voo repentino, que partiria em 15 minutos, e eu aceitei”, disse o guru bolsonarista. Ele não deu mais detalhes sobre o porquê de ter tido que embarcar às pressas.

Deputados do PT pedem investigação; ministro nega

As informações disponibilizadas por Daniela Abade alarmaram parlamentares de oposição. “Urgente: denúncia grave, oferecida pela escritora Daniela Abade aponta que Olavo de Carvalho fugiu do Brasil num avião da FAB que serviu ao Ministro Fábio Farias. Caso verdadeira, dois crimes foram praticados: obstrução da justiça e prevaricação. Vamos pedir investigação”, escreveu Paulo Teixeira no Twitter.

“Vamos pedir na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara a convocação do comandante da FAB e o ministro Fábio Faria, precisam explicar essas evidências tão graves de terem usado voo da FAB para dar fuga ao foragido da Justiça Brasileira Olavo de Carvalho”, anunciou Jorge Solla.

O ministro das Comunicações usou as redes sociais para negar o envolvimento em uma possível fuga de Olavo e atacar a escritora. “FAKE NEWS!! Não conheço Olavo de Carvalho, nunca o vi na vida e não fui de FAB para os EUA. Irresponsabilidade soltar maluquices na imprensa sem checar. É preciso investigar e punir esses devaneios que se espalham irresponsavelmente”, escreveu Fábio Faria, sem se aprofundar no tema.

O ministro foi cobrado a apresentar a lista de passageiros que embarcaram na viagem. Esses nomes estão em sigilo.

“Guru” bolsonarista ironizou a fuga para os EUA

Olavo disse que a “coisa foi tão rápida” que não foi possível, sequer, se despedir dos médicos e enfermeiros do hospital. “O pessoal chama de saída à francesa”, ironizou. Em sua versão, o bolsonarista alegou que a saída do pais “não foi escondida de ninguém”, mas porque disseram a ele que “ou embarca agora ou não vai ter outro voo”.

A PF já tentou colher duas vezes depoimento de Olavo no inquérito que investiga a existência de uma milícia digital que atua contra a democracia e as instituições. Nas redes, Olavo também negou que tenha sido intimado pela PF. “A Fôia e o Coveiro Brasiliense também mentem a meu respeito. Dizem que saí do Brasil porque recebi uma intimação da Polícia Federal. Não recebi intimação nenhuma”, escreveu em sua página no Facebook na sexta-feira (19).

Comandante da FAB emite nota para negar que FAB deu carona a Olavo de Carvalho

Alçado ao comando da FAB por se mostrar um apoiador de Bolsonaro, Carlos de Almeida Baptista Junior publicou a nota como resposta a tuites de deputados do PT que pedem investigação da suposta carona ao guru. “Comentários levianos e irresponsáveis”

https://twitter.com/CBaptistaJr/status/1462271777300754432?s=20

*Com informações da Forum

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Brasil

Canto dos Quilombos: uma homenagem ao dia da consciência negra

Num país que tem uma população de 211 milhões e destes 56% são de negros e pardos, ser necessário um trabalho intenso de conscientização da igualdade racial é, no mínimo, absurdo, pra não dizer chocante.

É preciso lembrar que, no Brasil, os negros são maioria, mas são minorizados.

É preciso lembrar que não por acaso a música brasileira é a mais rica do mundo, porque ela carrega em seu ritmo herdado da África a sua maior beleza e riqueza.

A todos os nossos irmãos negros, fica aqui a nossa carinhosa homenagem.

“Canto dos Quilombos”, uma música de Carlos Henrique Machado Freitas

*Foto destaque: Mãe Terezinha do Quilombo da Fazenda São José, Valença, RJ

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Política

Revelação bombástica: governo Bolsonaro ajudou Olavo de Carvalho a fugir do Brasil com avião da FAB

A escritora Daniela Abade publicou uma revelação bombástica em seu twitter: a de que Olavo de Carvalho, que estava internado e deveria prestar explicações à Polícia Federal, fugiu do Brasil utilizando um avião da FAB, que depois foi utilizado pelo ministro das Comunicações, Fábio Faria. Na prática, o governo facilitou a fuga de um personagem que deveria prestar contas à PF.

Siga as postagens:

https://twitter.com/_danielaabade/status/1462096207036231690?s=20

https://twitter.com/_danielaabade/status/1462096223150788611?s=20

https://twitter.com/_danielaabade/status/1462096261222481923?s=20

https://twitter.com/_danielaabade/status/1462096288103677956?s=20

https://twitter.com/_danielaabade/status/1462096323960840202?s=20

https://twitter.com/_danielaabade/status/1462096341375533057?s=20

https://twitter.com/_danielaabade/status/1462096435046924289?s=20

https://twitter.com/_danielaabade/status/1462096591863664648?s=20

 

https://twitter.com/_danielaabade/status/1462096611719401478?s=20

*Com informações do 247

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Política

Áudio: Deputado bolsonarista entrega o preço da eleição de Arthur Lira

Delegado Waldir, deputado federal e ex-líder do PSL, escancara o funcionamento do orçamento secreto do Bolsolão na compra de votos pelo governo, revela reportagem de Guilherme Mazieiro, do Intercept.

Em fevereiro passado, o alagoano Arthur Lira foi eleito presidente da Câmara dos Deputados numa vitória esmagadora. Recebeu 302 votos já no primeiro turno – a casa tem 513 deputados. A mudança no comando foi fundamental para o governo de Jair Bolsonaro. Sob a batuta autoritária de Lira, do Progressistas, o bloco governista atropelou ritos e a oposição para garantir a aprovação de projetos como a emenda constitucional dos precatórios, que viabiliza o Auxílio Brasil, a autonomia do Banco Central e projetos para viabilizar as privatizações de Eletrobras e Correios.

Lira foi eleito com a promessa de valorizar o plenário – um eufemismo para facilitar o acesso dos deputados do Centrão, o maior bloco da Câmara, a cargos e verbas do governo. Havia denúncias de que o apoio maciço à eleição de Lira envolveria a compra de votos através de emendas, mas nunca ninguém havia admitido isso. Tampouco se falava em valores ou nos detalhes de como Lira conseguiu destronar o grupo de Rodrigo Maia, opositor de Bolsonaro e também ligado ao Centrão.

Mas, em duas conversas comigo, o deputado federal Waldir Soares de Oliveira, do PSL, revelou o segredo: a promessa de R$ 10 milhões em emendas do orçamento secreto para cada deputado que votasse em Lira. É o Bolsolão, o esquema de compra de votos do governo Bolsonaro.

O delegado Waldir, como ele se apresenta, é um bolsonarista de primeira hora. Deputado federal mais votado em Goiás em 2018, ele expôs os detalhes de como funciona o “orçamento secreto” de Bolsonaro (revelados em uma série de reportagens do Estadão). Isto é, a troca de votos por emendas do relator, um novo tipo de rubrica de gastos que totaliza uma montanha de R$ 18,5 bilhões em 2021, propostos por deputados cujos nomes são mantidos em sigilo pela Câmara. Em decisão liminar, o Supremo Tribunal Federal mandou suspender o sistema por falta de transparência.

Waldir diz ter recebido a oferta de R$ 10 milhões em emendas em troca do voto em Lira. Pode ter sido até mais. Waldir, em dado momento da conversa, disse que outros R$ 10 milhões foram acordados no mesmo período, mas ele não soube precisar se também em troca do voto em Lira ou da aprovação de algum outro projeto à época.

‘Quem manda no governo hoje é o Lira. Não é o Bolsonaro, é o Lira’.

Uma vez no comando da Câmara, Lira passou a usar as emendas de relator para se tornar uma espécie de primeiro-ministro informal – ou o chefe do governo semipresidencialista que ele defende. Sem a transparência devida, as emendas secretas se tornaram peças de barganha para que Lira aprove projetos de interesse do governo ou dele mesmo.

Nas nossas duas conversas, a sinceridade de Waldir impressiona. Deputados costumam evitar o assunto, muito menos detalhar valores – ainda que a presidência do Senado tenha admitido o uso do orçamento secreto para comprar apoio político em ofício enviado ao STF. O goiano me disse que, com as emendas do relator, o controle dos investimentos do governo federal saiu dos ministérios e ficou concentrado nas mãos de Lira e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, do PSD de Minas Gerais. “Ele é quem carrega o governo. Quem manda no governo hoje é o Lira. Não é o Bolsonaro, é o Lira”, crava o deputado.

Waldir acusou um desafeto, Vitor Hugo, também do PSL de Goiás, de receber R$ 300 milhões em emendas secretas. Disse, ainda, que deputados da oposição também receberam verbas do orçamento secreto após negociarem com Lira.

Se o orçamento secreto é uma novidade, a troca de votos por emendas, não. Waldir me disse que, ao votar a favor da reforma da Previdência, em 2019, cada parlamentar teria direito a R$ 20 milhões em recursos do governo federal. O goiano, por ser líder do PSL, levou o dobro. Como na época ainda não existia a emenda de relator, o dinheiro seria liberado pelo governo federal a partir de verbas de uso discricionário – ou seja, em que o Executivo pode decidir a aplicação.

As duas conversas com Waldir ocorreram entre outubro e novembro. Nelas, o deputado me revelou que o sistema teve participação importante de um general de quatro estrelas da reserva, Luiz Eduardo Ramos, secretário-geral da Presidência da República. Ramos foi ministro-chefe da Casa Civil e da Secretaria de Governo e responsável pela articulação política com o Congresso.

Apesar das promessas, Waldir não recebeu os milhões negociados. Ele conta que a verba foi bloqueada depois de um racha no PSL, em 2019. Em outubro daquele ano, a bancada do partido vivia uma guerra interna. Waldir acusou Bolsonaro de tê-lo destituído da liderança para colocar ali o filho, Eduardo Bolsonaro. Em uma reunião interna, Waldir chamou Bolsonaro de “vagabundo” e disse que “implodiria” o presidente. A crise se agravou e culminou com a saída de Jair Bolsonaro da sigla, em novembro.

A primeira entrevista com Waldir foi realizada no gabinete dele em 26 de outubro. Os principais trechos vão a seguir.

Intercept – Como funciona o orçamento secreto?

Delegado Waldir – Ele [o presidente da Câmara, Arthur Lira] tem uma verba nas votações. Hoje, os ministérios não têm mais recursos, quem tem são o Lira e o presidente do Senado [Rodrigo Pacheco, do PSD de Minas Gerais]. Eles são os concentradores da distribuição de emendas extraordinárias [do orçamento secreto], o que os torna superpoderosos.

Intercept – Como funciona na prática? O senhor não é líder partidário, mas eventualmente tem direito a uma cota de emendas por votação?

Waldir – Normalmente, o líder recebe duas vezes o que um parlamentar recebe.

Intercept – E isso é negociado de que maneira?

Waldir – Pelo líder partidário ou pelos parlamentares individualmente.

Intercept – E aí depois conversa com o Lira?

Waldir – Conversa com o Lira.

Intercept – O senhor conseguiu usar parte de suas emendas do relator, da rubrica RP9, na presidência de Arthur Lira?

Waldir – Não, desde que vazou aquele áudio [em uma reunião da bancada do PSL, em outubro de 2019, Waldir disse iria implodir o presidente e o chamou de vagabundo] pelo Daniel Silveira [deputado federal do PSL, preso no inquérito dos atos antidemocráticos], eu fui excluído.

Intercept – Não tem nenhuma votação na Câmara que se dê sem o pagamento de emendas de relator?

Waldir – [Não] Negociações importantes, reformas. Sempre tem um PLN [projeto de lei do Congresso Nacional, usado para mudar a lei orçamentária e remanejar recursos entre os ministérios] do Orçamento para ajudar. E, se não tem, se providencia para que se destine um recurso para os parlamentares.

Intercept – E como funciona? Por exemplo, vai haver uma votação sobre as reformas no imposto de renda.

Waldir – É tudo tratado pelos líderes partidários. Na de imposto de renda, não teve nenhum recurso. Na reforma da Previdência, superimportante para o governo, teve – não era emenda do relator, mas negociação de recursos. É uma ou outra superimportante para o governo que tem. Não é qualquer PEC [proposta de emenda constitucional, que exige os votos de três quintos do plenário para ser aprovada].

Intercept – Teve alguma votação recente [a entrevista ocorreu antes da PEC dos precatórios ser votada] com esse tipo de negociação?

Waldir – Não é algo que acontece todo dia. Aconteceu na reforma da Previdência, na eleição do Lira [para a presidência da Câmara] e em mais uma que não me lembro.

Intercept – Quanto foi negociado na eleição do Lira e na Previdência?

Waldir – R$ 10 milhões [em emendas do orçamento secreto por deputado]. E na [reforma da] Previdência, R$ 20 milhões por parlamentar.

Intercept – R$ 10 milhões na eleição do Lira?

Waldir – Isso. E R$ 20 milhões na reforma da Previdência.

Intercept – Tinha distinção de valor entre líderes e deputados?

Waldir – Na reforma da Previdência tinha, na do Lira foi tratado pela cúpula [do partido]. Eu não estava na cúpula naquele momento.

Intercept – O senhor votou no Lira?

Waldir – Não lembro.

Intercept – Não tem como não lembrar.

Waldir – Eu segui a orientação partidária [o PSL orientou o voto em Lira].

Intercept – Independentemente disso, o senhor não recebeu nenhuma emenda dessa negociação?

Waldir – Não, o Vitor Hugo proibiu. Ele era líder do governo, depois se tornou líder do PSL e proibiu que eu recebesse.

Intercept – O senhor, na época da reforma da Previdência, era líder do PSL na Câmara. Teve liberação de emendas em troca de votos?

Waldir – Teve liberação. Eu não recebi, eu e um grupo de deputados que foram dissidentes e permaneceram com o presidente Luciano Bivar. Alguns receberam, não foram todos. O governo me deve, porque fez um compromisso. E eu quero [receber], porque é dinheiro para meu estado.

Intercept – O senhor pediu recursos para quê?

Waldir – São R$ 26 milhões para educação, nós temos 1.755 escolas municipais em Goiás, eu estava dando R$ 12 mil por escola. Foram pagos uns R$ 800 mil dos R$ 25 milhões. Os outros R$ 20 milhões são destinados a maquinário agrícola.

Intercept – E como se dava esse processo?

Waldir – Era direto com a Casa Civil. A Casa Civil fez o diálogo, antes o Onyx [Lorenzoni], depois o [general Luiz Eduardo] Ramos [que foi ministro da Secretaria de Governo, responsável pela articulação política do Planalto].

Intercept – O senhor chegava com um projeto?

Waldir – Não, tinha um valor que eu distribuo como eu quiser.

Intercept – O senhor leva a área em que quer aplicar o recurso e a Casa Civil faz a destinação?

Waldir – A Casa Civil faz a destinação. A gente não lida com dinheiro. Vai do cofre da União para os cofres dos municípios. O Estadão fez uma matéria esses dias, meu Deus do céu, absurda. Eu faço um ofício e indico. [Pede a um assessor um ofício para usar como exemplo].

Intercept – E onde entra o peso político?

Waldir – No momento de você buscar os recursos. Se eu sou líder, tenho o dobro de valor do que tem os demais. Você tem o controle de toda a bancada, tem parlamentar que não quer emenda e daí você pega [aquele valor] e coloca [junto] no seu. Tem muito líder que é malandro, que em vez de dividir com todos os parlamentares da bancada, pega tudo para ele. Ele já tem direito ao dobro, mas além de ter o dobro, ele tem 10 vezes mais, 20 vezes mais [que outros deputados].

Você pega as redes sociais do Vitor Hugo, tem R$ 300 milhões [em emendas divulgados]. Nós recebemos R$ 100 milhões de emendas oficiais, individuais e de bancada. Duzentos milhões, ele recebeu de extra. De extra não devo ter recebido R$ 20 milhões. E ele recebeu R$ 200 milhões. Isso cria animosidade, que vai desgastar o Lira quando ele for vir para a reeleição [da presidência da Câmara]. Porque a grande parte não recebe os R$ 200 milhões que o Vitor Hugo recebeu, que o Lira recebeu, que um grupo pequeno de parlamentares recebeu.

Intercept – A parte secreta é o fluxo, o encaminhamento dos pedidos. Dá para ver quem orientou?

Waldir – Não, essa é a parte política. Ninguém sabe. O Lira e o Pacheco têm o controle dos recursos. “Dei R$ 10 milhões para você, R$ 20 milhões para o Fernando, R$ 30 milhões para o Waldir”. Quem tem esse controle é o assessor de orçamento, o Lira e o Pacheco. Ninguém mais tem.

Depois a gente fica sabendo porque os parlamentares vão para as redes sociais divulgar. “Mandei R$ 50 milhões…” Aí, você derruba a casa por aí.

 

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Governo Bolsonaro ‘censurou’ artigo científico e ‘apagou’ pareceres técnicos

Estudo trazia análise positiva sobre programa de alfabetização do governo Dilma e foi vetado por “motivos político-ideológicos”, segundo denúncia.

A Associação dos Servidores do Inep (Assinep) acusou nesta sexta-feira o governo Bolsonaro de “censurar” a publicação de um artigo científico que mostrava a evolução nos indicadores de alfabetismo no país em função do Pnaic (Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa), um programa do primeiro mandato do governo Dilma Rousseff que custou mais de R$ 2,7 bilhões aos cofres públicos, mostra reportagem de O Globo.

Com base em cruzamento de dados e estatísticas, o estudo concluiu que o programa foi responsável por um “aumento na proficiência em matemática e linguagem” na educação básica “comparado a outras intervenções estaduais”, e que o “retorno econômico” teve “efeito positivo do investimento”.

Por algum motivo não explicitado, no entanto, o artigo, que é assinado pelo pesquisadores Alexandre André dos Santos e Renan Gomes de Pieri e intitulado de “Avaliação Econômica do Piac”, nunca foi publicado.

“O que se vislumbra é que o Inep teria abandonado o cumprimento de uma competência legal por motivo político-ideológico, podendo configurar ato improbo por malferimento aos princípios administrativos e constitucionais”, diz a denúncia da Assinep enviada nesta sexta-feira ao Tribunal de Contas da União, Controladoria Geral da União, Câmara dos Deputados e Senado.

Em maio deste ano, os autores foram informados que, para ser veiculado, o texto deveria passar por um “comitê editorial” do intituto, o que não era praxe. Em mensagens obtidas pelo Globo, os pesquisadores reclamaram ao presidente do Inep, Danilo Dupas, que isso “fugia completamente do rito” do órgão. Em junho, o caso chegou a ser relatado ao Ministério Público Federal.

A associação, por fim, afirmou que até agora nenhum comitê foi criado nem o artigo foi publicado, “sem qualquer motivo idôneo”.

Além da “censura” ao artigo científico, os servidores acusaram também a direção do Inep de “apagar” pareceres técnicos do Sistema Eletrônico de Informações (SEI) pelo fato de contrariarem a posição da presidência do órgão.

Conforme troca de mensagens obtidas pelo Globo, a análise técnica havia sido requerida em relação a um projeto de lei proposto pela deputada federal Paula Belmonte (Cidadania-DF), que concedia mais autonomia ao Inep.

Os servidores emitiram pareceres favoráveis à proposta, mas as manifestações foram apagadas do sistema. Segundo a denúncia da Assinep, o objetivo era “silenciar as posições técnicas” dos servidores.

Em outubro, a direção do Inep se manifestou contra o projeto de lei, alegando que ele “parecia sofrer de vício de iniciativa” e que o órgão não tinha “competência” para avaliá-lo.

Procurada, a presidência da autarquia ainda não se pronunciou sobre as denúncias de parte dos seus servidores.

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Política

A estranha pesquisa que turbina votação de Moro

No início da tarde desta 6ª feira [19/11] foi publicada uma pesquisa de intenção de votos com resultados disparatados da maioria daqueles encontrados por distintos institutos de pesquisa, revela reportagem de Jeferson Miola, no 247.

A pesquisa traz resultados favoráveis a Sérgio Moro, que aparece com 11%. Com isso, o juiz declarado suspeito pelo STF estaria atrás apenas de Lula [37%] e Bolsonaro [24%], mas à frente de Ciro [8%] e de todos demais candidatos.

Curiosidades

Chama atenção, à primeira vista, que este suposto crescimento das intenções de votos no juiz suspeito não altera o desempenho do também extremista de direita Bolsonaro, que continuaria no patamar de 24%. Isso é contraditório, porque ambos disputam o mesmo eleitorado.

A empresa pesquisadora – Consultoria Ponteio Política – é desconhecida do mercado de pesquisas e não se conhece nenhum levantamento dela realizado anteriormente. Também pudera: a empresa foi aberta há apenas 3 dias. O CNPJ da empresa foi registrado em 16/11/2021, 3 dias antes desta estreia da Ponteio na realização de pesquisas [figura].

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Mais curiosidades

A cronologia da aparição dos dados da pesquisa na mídia também chama atenção. O primeiro a publicá-la foi o site de extrema-direita O Antagonista – “Moro tem 11% na primeira pesquisa após filiação”, noticiou às 14:21 desta 6ª feira [19/11].

O Antagonista é porta-voz do lavajatismo e responsável pela Revista Crosué, na qual o juiz suspeito escreve coluna semanal.

Em seguida, às 15 horas, o Broadcast, do jornal Estadão, repercute a pesquisa com a manchete: “Moro aparece com dois dígitos em pesquisa eleitoral 2022”.

A curiosidade aqui é que um dos consultores da Ponteio Política é João Bosco Rabello, que foi diretor do Estadão em Brasília por 23 anos, até 2013, e “de 2017 a 2018 foi consultor especial de comunicação nos Ministérios da Defesa e da Segurança Pública”. [período do usurpador Temer].

O terceiro veículo em sequência a divulgar matéria sobre a pesquisa foi o Blog Ricardo Antunes, às 15:03 horas – apenas 3 minutos depois do Broadcast do Estadão. A manchete do blog destaca que “Moro passa Ciro e já tem 11% na primeira pesquisa após filiação”.

Ricardo Antunes foi preso em flagrante em 2012 e ficou detido 5 meses. Conforme noticiado pela Globo à época, “Antunes estaria tentando extorquir dinheiro do marqueteiro e cientista político Antônio Lavareda, em troca da não publicação de matérias sobre a vítima no blog do jornalista, o Leitura Crítica”.

Às 16:14 horas O Antagonista publicou novo dado da pesquisa: “Sem Bolsonaro, Moro chega a 18%”.

Este resultado discrepa bastante da pesquisa Vox Populi [11/11], pioneira na simulação sem Bolsonaro na urna. A Vox mostra que neste cenário Moro passaria de 3% para 8%, menos da metade do encontrado pela pesquisa Ponteio.

Agendamento da pesquisa no debate público

Ao se pesquisar no Google a expressão “pesquisa Ponteio Política” se encontra a ordem de divulgação dos dados do levantamento tal como descrito anteriormente: primeiro pelo O Antagonista, depois pelo Broadcast do Estadão e 3 minutos depois pelo Blog Ricardo Antunes.

Somente após o itinerário acima referido a pesquisa passou a ser divulgada em vários veículos de comunicação, e com a reprodução literal do enquadramento feito originalmente com o objetivo de turbinar a votação do juiz suspeito.

Se a publicação de tais resultados tinha o objetivo de agendar no debate público o “crescimento espantoso” da intenção de votos no juiz suspeito, este objetivo foi concretizado. No judiciário, o juiz suspeito Sérgio Moro mostrou apreço por métodos e práticas sujas para alcançar fins políticos. Seria duvidoso se agiria diferente agora, atuando diretamente na política sem o disfarce da toga.

No site oficial da Ponteio política o relatório integral da pesquisa não está publicado. Em resposta ao pedido de acesso ao relatório, o sócio-administrador Ricardo Luiz Mendes Ribeiro respondeu: “Sinto muito, mas não posso passar o relatório para você hoje. Só na terça no final da tarde, depois que apresentarmos para clientes. Divulgamos apenas alguns números para esquentar o lançamento da Ponteio que será na terça. Volte a me procurar na terça que eu te passo o relatório”.

Questionado que os dados estão divulgados em vários veículos e também perguntado sobre a desde quando a Ponteio realiza pesquisas, o sócio da empresa não respondeu até a conclusão desta matéria.

A partir de 1º de janeiro de 2022 os institutos de pesquisa estarão obrigados pela lei eleitoral a registrar no TSE todas informações técnicas relativas aos levantamentos [amostragem, metodologia, período de campo, modelos estatísticos etc]. Este procedimento confere transparência e ajuda a coibir a manipulação e a indução da opinião pública com fraudes e manipulações.

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Lula supera Bolsonaro em menções no Twitter

O ex-presidente Lula (PT), pela primeira vez, superou o presidente Jair Bolsonaro em menções no Twitter, segundo pesquisa Modalmais/AP Exata nesta sexta-feira (19).

Segundo o levantamento, 40,7% das menções a presidenciáveis feitas na rede social ao longo desta semana foram relacionadas ao petista, enquanto Bolsonaro registrou índice de 38,2%.

Uma das razões para o aumento da popularidade de Lula na internet foi sua viagem à Europa, em que confirmou seu prestígio internacional ao se encontrar com inúmeras lideranças políticas, entre elas o futuro chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, o presidente da França, Emmanuel Macron, e o presidente do governo da Espanha, Pedro Sánchez.

O terceiro colocado, segundo o estudo, em menções entre presidenciáveis, foi o ex-juiz Sergio Moro, que recentemente se filiou ao Podemos e, esta semana, anunciou sua candidatura à presidência. Ele marca o índice de 12,3%. Ciro Gomes (PDT), que tenta mobilizar seus seguidores desferindo ataques a Lula, somou 5,6% das menções.

Lula estadista; Bolsonaro faz turismo

“Lula conseguiu mobilizar sua militância de forma intensa com a viagem pela Europa. A ideia de que é um estadista, em oposição à dificuldade de articulação do PR, se sobressaiu, com um amplo compartilhamento de imagens do ex-presidente sendo aplaudido de pé no Parlamento Europeu, recebido com honras de chefe de Estado pelo presidente da França e também por autoridades da Espanha e Alemanha. Lula buscou se colocar como uma voz mundial no combate às desigualdades, alcançando destaque neste sentido”, diz o relatório da ModalMais.

“No caso de Bolsonaro, a viagem pelo mundo árabe gerou interação positiva dentro da bolha de apoiadores, mas não conseguiu impor uma narrativa favorável nas redes, de uma forma geral. O que se sobressaiu não foram as possibilidades de acordos com os países visitados, mas sim a ideia de que a comitiva era composta por aliados que foram fazer turismo e gastar recursos públicos sem resultados práticos para o país”, prossegue a análise.

*Com informações da Forum

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Servidores do Inep divulgam dossiê com denúncias de assédio e interferência no Enem

Documento confirma denúncias de assédio, perseguição e censura na prova do Exame Nacional do Ensino Médio de 2021.

Segundo o Correio Braziliense, a Associação de Servidores do Inep (Assinep) divulgou nesta sexta-feira (19/11) um dossiê que reúne acusações de assédio e “possível intervenção e risco ao sigilo” na prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2021. A série de documentos foi entregue a entidades e órgãos de controle, como o Tribunal de Contas da União (TCU) e a Controladoria-Geral da União (CGU).

As principais situações citadas pela Assinep foram assédio institucional em forma de humilhação e desrespeito a instituições e seus agentes, os servidores públicos; além de desmonte de organizações estatais e abuso do poder disciplinar.

Sobre uma possível intervenção e risco ao sigilo no conteúdo da prova do Enem, os servidores afirmaram que o que se vê desde as eleições presidenciais de 2018 “é uma diretriz do presidente da República para indução ideológica no exame, com críticas reiteradas a diversas questões, culminando em grave expressão na última terça-feira (16)”. O documento faz referência à frase de Jair Bolsonaro: “(Enem) Começa agora a ter a cara do governo”.

“O governo Jair Bolsonaro tem usado diversas estratégias como a impressão prévia de provas e análise de comitês externos ao Inep, para tentar controlar o conteúdo do Enem. Servidores que pediram exoneração do órgão federal falam em pressão para trocar questões e o Estadão apurou que já houve supressão de itens ‘sensíveis’ na prova que será aplicada nos dias 21 e 28 de novembro. Segundo relatos à reportagem, 24 questões foram retiradas após uma ‘leitura crítica’, sob o argumento de serem ‘sensíveis’. Depois, 13 delas voltaram a ser incluídas e 11 foram definitivamente vetadas”, diz o documento.

Os registros foram entregues em documento único aos seguintes órgãos e instâncias: Comissão de Educação da Câmara do Deputados, Comissão de Educação, Cultura e Esportes do Senado Federal, Frente Parlamentar Mista da Educação, Frente Servir Brasil, Tribunal de Contas da União (TCU), Controladoria-Geral da União, Ouvidoria do Inep e Comissão de Ética do Inep.

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Política

O que é o imposto global que Lula propôs na Europa para acabar com a pobreza mundial

Ex-presidente defende taxar transações financeiras internacionais para criar fundos de erradicação da miséria no planeta.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em sua palestra na SciencesPo, o Instituto de Estudos Políticos de Paris, uma das instituições mais respeitadas do mundo na área de ciência política e social, propôs a criação de um imposto global sobre transações financeiras internacionais para erradicar a pobreza no planeta.

O discurso feito na tarde de terça-feira (16) pelo ex-presidente – que foi recebido com festa na faculdade – foi além das reflexões sobre o Brasil. A fala de Lula foi centrada no que caracterizou como a necessidade de uma “nova governança global democrática”.

“Será que teremos de esperar a próxima crise para voltar a falar sobre a necessidade de uma governança global democrática? Até quando a ganância dos ricos, o isolacionismo dos governos e o individualismo vão prevalecer sobre os interesses do planeta e da humanidade?”, questionou o ex-presidente.

“Estamos falando da responsabilidade dos Estados nacionais e da recuperação do papel da Política, em seu mais elevado sentido, para enfrentarmos juntos e coordenadamente o desafio da desigualdade. O atraso, a pobreza e a fome não são mandamentos divinos. São o resultado do que fazemos ou deixamos de fazer neste mundo”, prosseguiu.

Para resolver o dilema, Lula propôs: “Não há justificativa para não termos taxado as transações financeiras globais, e criado fundos de desenvolvimento e combate à pobreza”.

A sugestão do petista é tema de debates diplomáticos há mais de dez anos. Em 2011, na cúpula do G20, a então presidente Dilma Rousseff (PT) liderava negociações para viabilização do imposto, que também era apoiado por países como França (à época, sob comando de Nicolas Sarkozy), Alemanha (chefiada por Angela Merkel) e Argentina (liderada por Cristina Kirchner).

Em contrapartida, Dilma exigia um consenso sobre a adoção do chamado “piso básico de proteção social”, projeto da Organização Internacional do Trabalho (OIT). A sugestão de Lula é similar, contudo, aponta para a utilização do recurso em fundos de combate à miséria em países subdesenvolvidos.

Apesar do apoio que a proposta teve no G20, o texto não prosperou. Desde então, o debate volta à diplomacia de diferentes formas. Em junho, ministros da Fazenda que compõem o G7 aprovaram a criação de um imposto global de até 15% sobre o lucro de empresas multinacionais. Em outubro, os líderes do G20 ratificaram a medida, que passa a valer em 2023.

A iniciativa ganhou impulso com a chegada à Casa Branca de Joe Biden. Em sua conta oficial no Twitter, o presidente dos Estados Unidos disse que este pacto “é mais do que um simples acordo tributário”, pois é um exemplo de como “a diplomacia está remodelando a economia global e proporcionando benefícios à população”.

Um relatório divulgado pelo Observatório Fiscal da União Europeia estima que o potencial de receita de um imposto mínimo de 15% sobre os lucros das multinacionais de 35 países poderia gerar uma receita extra de € 120 bilhões (R$ 743 bilhões). Desse valor, 40% ficaria com países da União Europeia e 34% com os Estados Unidos. O Brasil teria € 942 milhões de arrecadação extra (quase R$ 6 bilhões).

A proposta de Lula na SciencesPo difere do proposto em 2011, com participação de Dilma, e do que foi aprovado no G20. O petista defende a taxação das transações financeiras internacionais, e não apenas do lucro das multinacionais. Na visão dele, a receita deveria ser revertida em estratégias globais para erradicação da probreza.

O economista argentino Julio Gambina escreveu sobre o tema recentemente, em artigo publicado no jornal Página12 e traduzido pelo Centro de Promoção de Agentes de Transformação (Cepat), do Instituto Humanitas Unisinos.

Segundo ele, o debate foi inaugurado na década de 1970 pelo economista norte-americano, James Tobin (1918-2002). Embora de formação conservadora, Tobin compreendia a necessidade de algum grau de regulação da desordem das transações internacionais. A proposta ficou conhecida como Taxa Tobin.

“Não é nova a ideia de um imposto global e vale o antecedente da Taxa Tobin, proposta em inícios dos anos 70 do século passado, que para ser concretizada requeria uma globalidade que era questionada pelo ideário em ascensão, que em pouco tempo se tornaria hegemônico: as propostas neoliberais”, escreveu.

A Taxa Tobin foi defendida, a nível mundial, pela Associação pela Tributação das Transações Financeiras para ajuda aos Cidadãos (ATTAC), organização internacional inserida nos movimentos anti-globalização.

“Os limites do presente tornam, agora, possível retomar a proposta de um imposto global às grandes corporações. James Tobin queria reparar o mecanismo da especulação financeira e suas ideias foram assumidas pelo movimento de ação global ATTAC, na virada do século, propondo arrecadar para atender as necessidades da pobreza”, refletiu Gambina.

Assista a íntegra do discurso de Lula na SciencesPo:

*Com informações do Brasil de Fato

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