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Túneis do Hamas: ‘não acredite no Exército de Israel’, afirma general israelense

Em artigo assinado pelo general da reserva Yitzhak Brik, publicado no Haaretz, uso dos túneis surpreendeu forças de Tel Aviv; ‘destruir esses túneis levará muitos anos e custará muitas baixas’, acrescentou o analista militar.

A ofensiva israelense contra a Faixa de Gaza estaria encontrando grandes dificuldades em lidar com a estratégia do Hamas de utilizar túneis como guarida dos seus combatentes e base para ataques surpresa contra as tropas que realizam ataque por terra.

Esse cenário descrito no parágrafo acima pode parecer irreal, se comparado com os comunicados publicados por Tel Aviv nas últimas semanas, mas quem o apresentou foi o general da reserva Yitzhak Brik, ex-comandante das Forças Armadas de Israel, em seu artigo publicado nesta quinta-feira (28/12) pelo diário Haaretz.

Conhecido como um dos mais importantes analistas militares da imprensa local, Brik questiona os avanços militares em Gaza que o governo do país vem anunciando recentemente. Já o título do artigo, ele pede ao leitor que “não acredite do Exército de Israel”.

O articulista explica que “com base nas informações que recebi de soldados e oficiais que lutam na Faixa de Gaza desde o início da guerra, cheguei à seguinte conclusão: o porta-voz do governo e os analistas militares dos canais de televisão estão apresentando uma imagem falsa dos milhares de mortos do Hamas e da luta corpo a corpo nas batalhas por terra. O número de membros do Hamas mortos por nossas forças em campo é muito menor”.

“Os terroristas do Hamas saem das aberturas dos túneis para plantar bombas, colocar armadilhas e lançar mísseis antitanque em nossos veículos blindados, e depois desaparecem de volta para os túneis. Atualmente, a forças de Israel não têm mostrado a capacidade de encontrar soluções eficiente para essa luta corpo a corpo contra os combatentes do Hamas que estão escondidos nos túneis”, analisou Brik.

O artigo do general israelense também critica “a criação de imagens de vitória (por parte dos canais de televisão) antes mesmo de chegarmos perto de atingir nossos objetivos”. Segundo ele, “isso pode ser muito prejudicial, se a meta de destruir as capacidades do Hamas e libertar os reféns não forem atingidos em sua totalidade”.

Em outro trecho, Brik prevê que “destruir os túneis do Hamas levará muitos anos e custará a Israel muitas baixas”.

“O próprio governo admite agora que há centenas de quilômetros de túneis, localizados nas profundezas do subsolo, com várias ramificações. Alguns deles têm até mesmo vários andares, com muitos pontos usados pelos terroristas para se preparar para um combate. O Hamas os construiu ao longo de décadas, com a orientação de especialistas renomados. Eles ligam toda a extensão de Gaza e também a Península do Sinai, sob a cidade de Rafah”, analisa o general da reserva.

Brik conclui o texto dizendo que “a ideia de que o Hamas foi dissuadido persistiu por muitos anos e levou as Forças de Israel a descartar planos de combate em Gaza e em seus túneis”. Também afirmou que “muitos oficiais que estão lutando agora em Gaza me disseram que será muito difícil, se não impossível, impedir que o Hamas se reconstrua, mesmo depois de toda a destruição que Israel tem causado em suas bases”.

“Será que os políticos e os altos funcionários da defesa são capazes de lidar com esse cenário? Ou eles são capazes de pensar em outras soluções criativas, nas quais não sairíamos como os grandes vencedores com tudo o que queríamos, mas também não seríamos os grandes perdedores?”, diz o último parágrafo do artigo.

*Opera Mundi

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Presidente do Irã pede que Papa interceda por palestinos

Ebrahim Raisi enviou mensagem ao pontífice por ocasião do Natal.

O presidente do Irã, Ebrahim Raisi, enviou uma mensagem ao papa Francisco por conta do Natal e pediu que ele ajude a “interromper o massacre em Gaza”, onde mais de 20 mil pessoas já morreram desde o início do atual conflito entre Israel e o grupo fundamentalista Hamas, diz o Ópera Mundi.

Segundo o mandatário iraniano, o elevado número de vítimas é resultado da “falta de ação por parte das organizações internacionais”.

“Espero que haja em breve uma iniciativa internacional para acabar com o assassinato de civis inocentes”, disse Raisi para o pontífice.

O presidente do Irã, aliado do Hamas, também desejou “saúde” ao Papa e “prosperidade para todos os seguidores de Jesus Cristo”.

 

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Israel assassina general iraniano na Síria e pode levar a escalada na guerra

Por Laila Bassam (Reuteurs) – Um ataque aéreo israelense nos arredores de Damasco, capital da Síria, nesta segunda-feira, matou um conselheiro sênior da Guarda Revolucionária do Irã, segundo três fontes de segurança e a mídia estatal iraniana.

As fontes disseram à Reuters que o conselheiro, conhecido como Sayyed Razi Mousavi, era responsável pela coordenação da aliança militar entre a Síria e o Irã.

A televisão estatal do Irã interrompeu sua transmissão regular de notícias para anunciar que Mousavi havia sido morto, descrevendo-o como um dos mais antigos conselheiros da Guarda na Síria, diz o 247.

A TV estatal disse que ele estava “entre os que acompanhavam Qassem Soleimani”, o chefe da Força Quds de elite da Guarda, que foi morto em um ataque de drones dos EUA no Iraque em 2020.

Comentando o incidente, a Guarda Revolucionária do Irã disse que Israel pagaria por matar Mousavi, que ocupava o posto de general de brigada na Guarda.

“Sem dúvida, o regime sionista usurpador e selvagem pagará por esse crime”, disse a Guarda em um comunicado lido na TV estatal.

Não houve nenhum comentário imediato dos militares israelenses.

Durante anos, Israel realizou ataques contra o que descreveu como alvos ligados ao Irã na Síria, onde a influência de Teerã cresceu desde que apoiou o presidente Bashar al-Assad na guerra que eclodiu na Síria em 2011.

No início deste mês, o Irã disse que os ataques israelenses mataram dois membros da Guarda Revolucionária na Síria, que serviam como conselheiros militares no país.

 

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‘Os Estados Unidos gostariam de ser donos de Essequibo’, diz prefeito venezuelano em visita ao Brasil

Coordenador nacional da Unión Comunera e prefeito de Simón Planas, município do estado de Lara, com 35 mil habitantes, o venezuelano Angel Prado veio ao Brasil para a formatura da primeira turma internacionalista do Instituto Educacional Josué de Castro, de Viamão (RS), com jovens da Venezuela e da Argentina. Ele também visitou comunidades rurais e urbanas e cozinhas solidárias.

Muito próximo do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Prado conta que “andamos por esta terra procurando ideias para implementar em nosso país”. Entre elas, o trabalho junto à agricultura familiar para produzir alimentos sem devastação do meio ambiente. A Unión Comunera representa três mil comunas espalhadas pelo território venezuelano, que, juntas, somam cinco milhões de pessoas. “Minha comuna se lança a partir da revolução. É formada por muitas famílias camponesas sem terra”, explica.

Nesta conversa com Brasil de Fato RS, Prado aborda a disputa com a Guiana pelas terras de Essequibo, o papel central das comunas na defesa da revolução bolivariana, a importância da educação e da consciência de classe, a solidariedade internacional dos movimentos quando a Venezuela ficou isolada e, sobretudo, como declara, seu “grande amor pelo MST”, que ajudou a matar a fome no seu país.

Confira na íntegra a entrevista:

Brasil de Fato RS – Nos explique este conflito agora envolvendo a Venezuela e a Guiana?

Angel Prado – Entendo que o imperialismo norte-americano e as potências europeias buscam desesperadamente controlar a América Latina. Temos visto, nas últimas três décadas, o surgimento de movimentos populares e indígenas fortes que tomaram o poder, geraram mudanças e que conseguiram muita participação popular. Isto representa um perigo para os donos do poder e um grande perigo para a burguesia. E a América Latina tem as maiores reservas minerais do mundo.

Essequibo sempre pertenceu à Venezuela ou, ao menos, como há uma disputa, ninguém deveria estar operando ali. Ninguém poderia estar extraindo recursos dali. Os estadunidenses e os britânicos sempre foram os que lideraram esta luta ou controvérsia entre a Guiana e a Venezuela. Sempre se reservando o direito de opinar sobre o território. Desde 2015, em um momento de extrema debilidade política venezuelana, começaram a extrair petróleo. Instalaram-se ali suas transnacionais e muito perto instalam suas bases militares. Há uma divisão política na Venezuela entre a direita, supostamente nacionalista, e o governo socialista.

Há uma crise política e parece ser o momento preciso para começarem a ocupar o território (de Essequibo) porque lhes pareceu que não teríamos condições. Às portas de uma guerra civil, não teríamos condições para levantar a voz como estamos levantando. Dizendo que historicamente este território nos pertence. E, neste ano, na véspera de eleições, não somente na Venezuela, mas também nos Estados Unidos, os abusadores se atrevem. Celebramos que, em 2020 e 2021, Maduro aprofundou a reclamação sobre Essequibo e, agora, a aprofundou mais ainda.

Parece que a direita ficou entusiasmada na América Latina com a vitória de [Javier] Milei, na Argentina, e [de Daniel Noboa] no Equador. Aumentam o bloqueio contra Cuba e esperam o possível retorno de governos de direita em nossos países. E o governo títere da Guiana se rende ao imperialismo. Chávez o chamaria de cachorro do imperialismo. Vínhamos de boas relações com a Guiana e não havia confrontação. Tememos que os Estados Unidos tomem a área petrolífera do [rio] Orenoco, que é a segunda maior do mundo. Gostariam de ser os donos de Essequibo.

Criticaram a Venezuela por ter anexado o Essequibo. O que estamos fazendo é uma frente de defesa do nosso território e da nossa soberania. Não podemos ser ingênuos e crer que isto é casual. É todo um plano. E, bem, seguramente vamos ver muita confrontação. E nos toca nos defendermos, buscar o apoio internacional.

A Venezuela lutou por este território nos anos de 1960 e 1970. Em 2023, nos cremos em condições de enfrentar a situação. Não podemos deixar que os Estados Unidos se instalem como um estado autônomo para ter o controle total dessa zona com a cumplicidade do governo da Guiana. Dentro de algumas semanas teríamos os gringos na faixa petrolífera do Orenoco controlando todo o sul da Venezuela.

Como funciona as comunas na Venezuela?

Sou um comuneiro, venho de uma comunidade localizada no centro ocidental da Venezuela. É uma organização popular que existe desde 2009. Minha comuna se lança a partir da revolução. É formada por muitas famílias camponesas sem terra. Tem uma estrutura e personalidade jurídica. E tem conta bancária, agenda de trabalho e plano de lutas. Tem um território definido, e as decisões são submetidas à assembleia cidadã. Trabalha-se o político, o social, o econômico, o cultural e também o territorial. Tem um autogoverno num território que funciona sobretudo a partir da visão da comunidade.

Quantas pessoas vivem na tua comuna?

Somos nove mil habitantes. Existem programas que chegam a uma parte da população segundo o interesse das pessoas em participar. Assumem competências da necessidade comum, como a distribuição do gás, dos alimentos e dos serviços. O autogoverno do território assume parte desse trabalho. A comuna nasce como uma nova forma política de se fazer governo.

Angel Prado é coordenador nacional da Unión Comunera e prefeito de Simón Planas, município do estado de Lara, na Venezuela

Como se dá a relação com o governo da cidade?

Há uma disputa entre os dois modelos. O modelo comunal, socialista, contra o modelo liberal burguês. O presidente Hugo Chávez foi o grande promotor que buscou construir uma nova forma de se fazer política.

A comuna começou já no primeiro governo de Chávez?

Em 2006, Chávez propõe criar governos territoriais que se chamam conselhos comunais. E comitês de trabalho tocam a agricultura, o social, a saúde, as finanças. Começou a executar os projetos, planos de moradia, as missões sociais. Chávez não as executava pela via tradicional e conseguiu a participação de muita gente. O povo assumiu o poder, aprendeu a gestionar a partir da sua organização e participação. Passou a executar projetos e a dar resposta às nossas necessidades. Isto para sair do paternalismo e do assistencialismo que sempre se teve com a política representativa da Venezuela.

Em 2009, aprofundou-se o modelo comunal. A produção da comuna. Também se começa a eliminar algumas estruturas do Estado tradicional burguês, como as estruturas legislativas e paroquiais. E estamos na tarefa de construir o Estado comunal. É normal reconhecer que esta não era a nossa tradição. É um fator de vontade política do governo de seguir construindo as comunas.

Percorremos toda a Venezuela e levantamos a situação econômica, a situação do bloqueio, a pandemia, os embargos. A aposta comunal segue em marcha. Hoje, muitas comunas organizadas se vão juntando com outras que estão nascendo. Está surgindo uma poderosa organização nacional de comunas, disputando espaços no campo econômico, político e, agora, disputa no campo eleitoral. O que conta com o reconhecimento e o apoio financeiro do presidente Nicolás Maduro.

Esta conquista não estamos dispostos a perdê-la. Sempre se negou a participação ao povo. A revolução bolivariana permitiu a participação popular, nos convocou a fazer política e, bem, já temos anos nas ruas e já estamos há anos organizados.

Existe uma tarefa clara que temos: disputar o poder ao Estado tradicional burguês. Algumas estruturas não aceitam e pretendem preservar o poder. Porém, há uma consistência entre a revolução bolivariana de Maduro e a base popular. Com a intenção de concretizar nosso projeto primeiro. O que sustenta a revolução bolivariana é um compromisso moral com seu comandante Hugo Chávez. E é a estratégia bolivariana para realizar as mudanças necessárias.

Como se mantém o governo Maduro mesmo com os ataques da extrema direita dentro do país? E dos Estados Unidos? Qual o papel das comunas nisso?

Sim, temos avançado nos campos ideológico, político e cultural. Nós sustentamos a revolução popular na Venezuela. Se não houvesse a organização popular já não teríamos o que temos. Sabemos o que ocorreu em outros países, o que ocorreu no Brasil e também o que se tentou fazer contra Chávez em 2012.

Hoje, visitei o Morro da Cruz, aqui em Porto Alegre, e fiz algumas perguntas. Perguntei sobre as estruturas político-organizativas do bairro. E me falaram de várias. É certo que, no Brasil, o movimento campesino leva muita vantagem. Está muito organizado para disputar a terra, para produzir, para educar-se, para realizar, para distribuir.

Porém, é certo que, na zona urbana, na Venezuela, se avançou antes e é onde está concentrada a população. Esta base popular organizada viveu uma bonança econômica, a era boa do petróleo. Depois, houve as guarimbas (*), os protestos contra Maduro, onde vimos até a prática de queimar pessoas. Tivemos uma debacle econômica. Uma situação muito dura, enfrentar uma migração forçada, logo depois da pandemia, para o Brasil. Superamos tantas coisas graças a esta base social organizada nas grandes cidades e menos nos campos e zonas rurais. É uma base que efetivamente está decidida a preservar o modelo político que hoje temos. Porém, preservar desde a Constituição, resistir dentro da Constituição.

Meu primeiro voto foi para Chávez. Não sabia nada de política. E foi tanta a participação que permitiu à juventude venezuelana formar políticos e dirigentes. Na Venezuela, antes de Chávez, os jovens da periferia chegaram a comer sapatos para suportar a fome, além de muitas outras coisas terríveis que agora não se veem, apesar dos problemas que temos.

Somos cinco milhões de habitantes que estão em comunas e participam da estrutura política. São 42 mil conselhos comunais. Cada conselho pode ter de 100 até mil moradores. Estamos em cerca de três mil comunas pelo país. Algumas com mais avanços e outras com menos.

Trabalham dentro das comunas?

Muitos trabalham dentro das comunas, mas não são necessariamente comuneiros. Podem trabalhar para o governo, para uma empresa privada, mas, na comunidade em que vivem, há um conselho comunal, uma assembleia, um comitê de trabalho e atividades comunitárias. De maneira militante.

São pessoas que nem compartilham ideologicamente a revolução, mas vivem ali e lhes interessa que a comunidade seja organizada e por isso participam. São patriotas que se ocupam que não ocorra uma guerra civil no país. É essa base organizada que mantém o projeto da revolução bolivariana.

Como as comunas trabalham com a formação, a educação e a comunicação?

Há um modelo educativo para conscientizar a partir da informação, do estudo. Conscientizar a população e construir a participação da juventude desde o esporte, a cultura, a comunicação. Creio que as comunas que terão maiores avanços são as que fazem a disputa ideológica. As que têm maior interesse em aprofundar a mudança de modelo e transitar para a nova sociedade.

Se uma comuna não tem dirigentes com propostas conscientes, se não tem clareza da luta de classes, se não tem clareza da luta anti-imperialista, não irá avançar e, facilmente, um partido político irá se apropriar dela. Controlá-la. Há experiências que propõem a comunicação como um meio para transmitir informações. Temos periódicos comunais, existem escolas de comunicação que fazem murais, transmitem mensagens de conscientização.

Procuramos esclarecer sobre quem estamos enfrentando, mostrar quais são as causas da situação da economia do nosso país, alertar sobre a necessidade de adotar novos meios para ter melhores resultados.

Por exemplo, na Venezuela, durante uns três anos, os pequenos agricultores não puderam plantar porque não havia sementes. Não entravam sementes no país. Tivemos que convencer a todos que devíamos produzir sementes. Em um momento ficamos sem a arepa [bolo de milho], a principal comida venezuelana, e ninguém do setor privado fabricava farinha. Fizemos uma mobilização forte de gente do movimento popular que entrou no campo industrial e fabricou a farinha. Não fez falta o setor privado e isso deixou um ensinamento.

Estamos nos reinventando, rompendo esquemas. Não estamos produzindo carros, mas estamos produzindo hortaliças. Nunca se importou hortaliças mesmo na situação mais dura da guerra econômica de 2016 a 2018. Descobrimos que podíamos jogar com a arma que tinha a direita que eram os alimentos. Para nós era impossível fazer os embutidos, processar carne. Agora, podemos.

Isto se dá na parceria com o MST. Vieste aqui no Brasil para a formatura de jovens que estudaram na escola do movimento. Como se dá esta parceria?

Temos um grande amor pelo MST. Ele tem dado muita solidariedade ao nosso povo. Temos comido na Venezuela o arroz agroecológico do MST. Temos conseguido alimentar-nos com vários produtos que foram daqui, sobretudo nos momentos mais duros.

Quando os governos do mundo nos deixaram sozinhos. Quando Nicolás Maduro saía pelo mundo buscando quem se animava a vender comida para a Venezuela, entre os que se atreveram estava o MST. É gente que se organizou como comuna em uma grande nação, uma potência econômica.

Agora tive a oportunidade de conhecer experiências com companheiros e companheiras de minha comuna e da minha organização, a Union Comunera. Somos povos que nos abraçamos, que nos completamos. Somos povos anti-imperialistas. Cremos no socialismo. O que ocorre entre as pessoas de uma comunidade no meu país é como uma prática socialista. Sentir a dor do companheiro, das famílias, dedicar-se voluntariamente, sem remuneração, fazer um trabalho, sobretudo as mulheres.

Foram anos duros, os governos nos deixaram sozinhos, mas os povos sempre creram em nosso futuro. Cubanos, gente da Nicarágua, brasileiros do MST e do MPA [Movimento dos Pequenos Agricultores], argentinos, companheiros da Colômbia, companheiras do País Basco. Estou seguro que a Venezuela sairá dessa, apesar da quantidade de coisas negativas nos meios de comunicação de massa de 150 países.

Sentimos a necessidade de ensinar nossos filhos sobre os programas de educação popular, de educação técnica. Entramos no debate em torno do modelo agrícola, que trata de fazer o possível para afastar-se do modelo tradicional explorador que acaba com o meio ambiente. E isso nos aproxima muito do MST e andamos por esta terra procurando ideias para implementar em nosso país.

(*) Em meio à campanha internacional contra o país, surgiram as “guarimbas”, manifestações violentas de rua promovidas pela oposição de direita que teriam provocado mais de 100 mortes.

Como se mantém o governo Maduro mesmo com os ataques da extrema direita dentro do país? E dos Estados Unidos? Qual o papel das comunas nisso?

Sim, temos avançado nos campos ideológico, político e cultural. Nós sustentamos a revolução popular na Venezuela. Se não houvesse a organização popular já não teríamos o que temos. Sabemos o que ocorreu em outros países, o que ocorreu no Brasil e também o que se tentou fazer contra Chávez em 2012.

Hoje, visitei o Morro da Cruz, aqui em Porto Alegre, e fiz algumas perguntas. Perguntei sobre as estruturas político-organizativas do bairro. E me falaram de várias. É certo que, no Brasil, o movimento campesino leva muita vantagem. Está muito organizado para disputar a terra, para produzir, para educar-se, para realizar, para distribuir.

*Brasil de Fato

 

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Com Milei, combustíveis sobem 60% na Argentina e preços das fraldas dobram

Presidente argentino alertou que as coisas piorariam antes de melhorarem. Agora os argentinos estão vivendo isso.

Nas últimas duas semanas, o dono de um moderno bar de vinhos em Buenos Aires viu o preço da carne bovina subir 73%, e o custo da abobrinha que ele coloca nas saladas aumentou140%. Uma motorista do Uber pagou 60% a mais para encher o tanque. E um pai disse que gastou o dobro do mês passado em fraldas para seu filho.

Na Argentina, país sinônimo de inflação galopante, as pessoas estão acostumadas a pagar mais por quase tudo. Mas sob a liderança do novo presidente do país, Javier Milei, a vida está se tonando rapidamente ainda mais dolorosa.

Quando Milei foi eleito presidente, em 19 de Novembro, o país sofria com a terceira maior taxa de inflação do mundo, com 160% de aumento dos preços em relação ao ano anterior, segundo O Globo.

Mas desde que Milei assumiu o cargo, em 10 de dezembro, e rapidamente desvalorizou a moeda argentina, os preços dispararam a um ritmo tão acelerado que muitos habitantes passaram a fazer novos cálculos sobre como as suas empresas ou famílias podem sobreviver a uma crise econômica ainda mais profunda.

— Desde que Milei venceu, ficamos preocupados o tempo todo — disse o professor de filosofia do Ensino Médio Fernando González Galli, de 36 anos.

 

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Apesar de estreita relação entre Moscou e Caracas, a diplomacia russa adota uma postura ambígua em relação a Essequibo

Após negociações mediadas pelo Brasil em 15 de dezembro, Venezuela e Guiana chegaram a um acordo de não ameaçar ou utilizar a força para resolver a disputa territorial pela região de Essequibo. Apesar do aceno diplomático para resolver a disputa por meio do diálogo, a tensão na região expôs interesses geopolíticos mais abrangentes sobre o continente, despertando um posicionamento da política externa da Rússia. O país tem relações historicamente próximas com a Venezuela, sobretudo na contenção dos interesses dos EUA no continente.

Os contatos ativos nas últimas semanas dão o tom da proximidade estratégica entre Moscou e Caracas. No ápice da tensão entre Venezuela e Guiana, em meio à realização do referendo para a incorporação de Essequibo e ao anúncio de manobras militares dos EUA com a Guiana, foi anunciada uma visita de Nicolás Maduro a Moscou em dezembro. Segundo apuração do g1, a informação chegou a gerar “contrariedade” no Palácio do Planalto, que manifestou o receio do continente ser mais um palco de disputa entre Rússia e EUA. Posteriormente a visita foi adiada, mas se mantém na agenda do Kremlin para 2024.

Além disso, na última quinta-feira (21/12), o presidente russo, Vladimir Putin, conversou por telefone com o líder venezuelano, Nicolás Maduro, e defendeu uma resolução para a disputa territorial através de meios políticos e diplomáticos. De acordo com o comunicado do Kremlin, durante a conversa sobre a agenda internacional, também “foram enfatizadas a uniformidade de abordagens para a formação de uma ordem mundial multipolar justa, a rejeição de sanções ilegais e a interferência nos assuntos internos dos Estados”.

A menção à rejeição de sanções e interferência externa não é mera retórica. A aliança estratégica entre Caracas e Moscou também é explicada pelo contexto da guerra da Ucrânia. A Venezuela sempre condenou com veemência o fornecimento de armas à Ucrânia no contexto da guerra e rejeitou as sanções do Ocidente contra Moscou. No último dia 12, por exemplo, o presidente Nicolás Maduro chamou a Ucrânia de “fantoche” dos EUA.

O bom momento das relações entre Venezuela e Rússia foi explicitado pelo chanceler venezuelano em recente visita a Moscou, onde se reuniu com o ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov.

“As relações entre a Federação Russa e a Venezuela atravessam atualmente o seu melhor período e com resultados muito bons […] Compartilhamos os mesmos princípios no âmbito das Nações Unidas e de outras esferas multilaterais, onde estamos de pleno acordo em todas as posições”, afirmou.

A parceria entre Rússia e Venezuela não é só diplomática, mas também se desenvolve de maneira consistente desde 2001, quando foi assinado um acordo intergovernamental durante a visita de Hugo Chávez a Moscou. A relação se aprofundou a partir de 2006, no contexto da deterioração das relações entre Caracas e Washington, colocando a Rússia como o principal fornecedor de armas para a Venezuela.

Posteriormente a China também entrou no páreo. De acordo com um estudo do Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo, desde 2010 a China e a Rússia enviaram cerca de R$ 5 bilhões em armamentos para a Venezuela.

*Opera Mundi

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Por “megadecreto”, Justiça aceita 1ª ação contra Milei na Argentina

Oposição protocolou ação contra “megadecreto” de Milei para desregulamentar a economia da Argentina e Judiciário vai analisar legalidade.

O judiciário argentino vai analisar a legalidade da medida do presidente recém-empossado Javier Milei que derrubou mais de 300 leis com o objetivo de desregulamentar a economia do país.

A Justiça abriu uma ação após ser provocada pelo Observatório do Direito a Cidade, que argumenta que o “megadecreto” de Milei é antidemocrático e vai contra o direito coletivo, por impedir a participação popular na decisão.

Milei anunciou o chamado Decreto de Necessidade de Emergência (DNU) na terça-feira (20/12). O documento derruba 366 leis, como as que regulam setores imobiliários, abastecimento e controle de preços. Também foram criadas regras que facilitam a privatização de estatais.

O processo para analisar a legalidade da medida foi autorizado pelo Tribunal Nacional. Milei prepara ainda uma série de projetos de Lei que serão enviados ao Congresso.

Milei se pronunciou pelas redes sociais repostando a mensagem de um apoiador dizendo que “aqueles que se opõem a um decreto tão bom e necessário mostram a sua relutância em resolver as questões urgentes do país”. Veja:

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Israel lançou centenas de bombas de 907 kg em Gaza, volume não visto desde a Guerra do Vietnã, mostra análise

No primeiro mês da guerra em Gaza, Israel lançou centenas de bombas enormes, muitas delas capazes de matar ou ferir pessoas a mais de 300 metros de distância, sugere uma análise da CNN e da empresa de inteligência artificial Synthetaic.

Imagens de satélite dos primeiros dias da guerra revelam mais de 500 crateras de impacto com mais de 12 metros de diâmetro, consistentes com aquelas deixadas por bombas de 907 quilos. Essas são quatro vezes mais pesadas do que as maiores bombas que os Estados Unidos lançaram sobre o Estado Islâmico em Mosul, no Iraque, durante a guerra contra o grupo extremista local.

Especialistas em armas e em guerra culpam o uso extensivo de munições pesadas, como a bomba de 907 quilos, pelo crescente número de mortos. A população de Gaza fica muito mais aglomerada do que em qualquer outro lugar do planeta, então a utilização de munições tão pesadas tem um efeito profundo.

“O uso de bombas de 907 kg em uma área tão densamente povoada como Gaza significa que levará décadas para que as comunidades se recuperem”, disse John Chappell, advogado e pesquisador jurídico do CIVIC, um grupo com sede em Washington DC focado em minimizar os danos civis em conflitos.

Israel tem estado sob pressão internacional devido à escala da devastação em Gaza, com até mesmo o forte aliado presidente dos EUA, Joe Biden, acusando Israel de “bombardeio indiscriminado” da faixa costeira.

As autoridades israelenses argumentaram que as suas munições pesadas são necessárias para eliminar o Hamas, cujos combatentes mataram mais de 1.200 pessoas e fizeram mais de 240 reféns em 7 de outubro. Eles também afirmam que Israel está fazendo tudo o que pode para minimizar as baixas civis.

“Em resposta aos ataques bárbaros do Hamas, as FDI estão operando para desmantelar as capacidades militares e administrativas do Hamas”, afirmaram as Forças de Defesa de Israel (FDI) em resposta à reportagem da CNN.

“Em total contraste com os ataques intencionais do Hamas contra homens, mulheres e crianças israelenses, as FDI seguem o direito internacional e tomam precauções viáveis para mitigar os danos civis”.

O Hamas depende de uma extensa rede de túneis que se acredita atravessar a Faixa de Gaza. Os defensores da campanha de Israel em Gaza argumentam que as munições pesadas atuam como destruidoras de bunkers, ajudando a destruir a infraestrutura subterrânea do Hamas.

Mas as bombas de 907 quilos são normalmente utilizadas com moderação pelos militares ocidentais, dizem os especialistas, devido ao seu impacto potencial em áreas densamente povoadas como Gaza. O direito humanitário internacional proíbe o bombardeio indiscriminado.

Marc Garlasco, ex-analista de inteligência de defesa dos EUA e ex-investigador de crimes de guerra da ONU, disse que a densidade do primeiro mês de bombardeamentos de Israel em Gaza “não era vista desde o Vietnã”.

Garlasco, agora conselheiro militar da PAX, uma organização não governamental holandesa que defende a paz, revisou todos os incidentes analisados nesse relatório para a CNN.

“Seria necessário voltar à guerra do Vietnã para fazer uma comparação”, disse Garlasco. “Mesmo nas duas guerras do Iraque, nunca foi tão denso.”

As munições pesadas, em sua maioria fabricadas pelos EUA, podem causar um grande número de vítimas e ter um raio de fragmentação letal – uma área de exposição a ferimentos ou morte ao redor do alvo – de até 365 metros, ou o equivalente a 58 campos de futebol na área.

Especialistas em armas e em guerra culpam o uso extensivo de armamento pesado, como a bomba de 907 quilos, pelo crescente número de mortos. De acordo com as autoridades da Faixa de Gaza controlada pelo Hamas, cerca de 20 mil pessoas foram mortas desde 7 de outubro. A maioria dos mortos são mulheres e crianças, de acordo com esses números.

A CNN fez parceria com a empresa americana de inteligência artificial Synthetaic, que usou a Categorização Automática Rápida de Imagens (RAIC) para detectar crateras, nuvens de fumaça e edifícios danificados em imagens de satélite específicas sobre a Faixa de Gaza. As descobertas foram revisadas manualmente por um membro do Synthetaic, bem como por jornalistas da CNN.

As descobertas da CNN e da Synthetaic “revelam e enfatizam a intensidade do bombardeio durante um período muito curto de tempo”, de acordo com Annie Shiel, diretora de defesa dos EUA na CIVIC.

Uma ofensiva de alta intensidade
Durante mais de dois meses, Israel conduziu uma guerra de alta intensidade em Gaza, combinando bombardeios aéreos pesados com disparos implacáveis de artilharia, bem como uma invasão terrestre que começou em 27 de outubro.

A operação causou uma devastação que se estende por áreas do enclave sitiado, mostram imagens de satélite e vídeo.

“Em dois meses, tivemos um nível de ataques nessa pequena área de Gaza semelhante ao que vimos em Mosul e Raqqa juntas”, disse Larry Lewis, diretor de pesquisa do Centro de Análises Navais (CNA) e ex-conselheiro sênior do Departamento de Estado dos EUA sobre danos civis, referindo-se às operações da coalizão liderada pelos EUA contra dois redutos do Estado Islâmico. “É uma quantidade incrível de bombas, em termos de período.”

Os EUA lançaram uma bomba de 907 quilos apenas uma vez durante a sua luta contra o Estado Islâmico – a mais recente guerra ocidental contra um grupo militante no Oriente Médio. Ela caiu sobre a autoproclamada capital do califado, Raqqa, na Síria.

No dia 6 de novembro – o último dia do conjunto de dados da CNN e do Synthetaic – o número de mortos em Gaza ultrapassou as 10 mil pessoas, de acordo com o Ministério da Saúde palestino em Ramallah, citando autoridades em Gaza controladas pelo Hamas.

Mais tarde naquela semana, a secretária-assistente de Estado para Assuntos do Oriente Próximo, Barbara Leaf – a diplomata americana mais importante no Oriente Médio – disse que o número de mortos poderia ser “ainda maior”.

“Neste período de conflito e nas condições de guerra, é muito difícil para qualquer um de nós avaliar qual é a taxa de baixas”, disse Leaf durante uma audiência perante a Comissão de Relações Exteriores da Câmara. “Achamos que são muito altos, francamente. E pode ser ainda maior do que o que está sendo citado”.

Grandes ataques a bomba em torno da Cidade de Gaza
As bombas de 907 quilos aparecem com destaque nos ataques ao perímetro da Cidade de Gaza, o epicentro da operação militar israelense em outubro e grande parte de novembro.

As forças terrestres de Israel sitiaram a cidade no início de novembro. O padrão de bombardeio visto nas imagens de satélite sugere que o pesado bombardeamento em torno da Cidade de Gaza pode ter aberto caminho ao seu cerco pelas tropas israelenses.

No campo de refugiados de Jabalya, no norte de Gaza, imagens de satélite mostraram duas grandes crateras consistentes com o bombardeio de Israel em 31 de outubro, considerado pela ONU como um “ataque desproporcional que poderia constituir crimes de guerra”.

Ele ceifou mais de 100 vidas, de acordo com o órgão de vigilância de danos civis Airwars, e causou danos catastróficos na área densamente povoada.

Um funcionário da Al Jazeera perdeu 19 membros de sua família no atentado, que Israel alegou ter como alvo o comandante do Hamas, Ibrahim Biari, matando-o e destruindo sua base.

As duas crateras deixadas pelo ataque, que os especialistas descreveram como “semelhantes a um terremoto” em seu impacto, tinham 24 metros e 13 metros de largura, respectivamente, de acordo com imagens de satélite.

*CNN

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Planos de saúde sobem 40% na Argentina, após decreto de Milei

Com antigo sistema, aumento seria de 6,26%. Setor diz que procura compensar o atraso dos preços com o aumento dos custos.

O aumento nas taxas dos planos de saúde será da ordem de 40% em janeiro, segundo disseram representantes do setor ao LA NACION. Diretores das entidades que compõem a União Argentina de Saúde (UAS) realizaram reuniões para analisar os efeitos na atividade do Decreto de Necessidade e Urgência (DNU) assinado quarta-feira pelo presidente Javier Milei e seus ministros, que foi publicado ontem no Diário Oficial.

— Os aumentos vão oscilar na faixa dos 35% a 42% — disse uma das fontes consultadas. Ela acrescentou que, com este nível de reajustes, o atraso nos preços que as empresas afirmam ter não será compensado, e que ultrapassa os 50%, sem levar em conta os efeitos deixados pela inflação e pela desvalorização deste mês, principalmente em grande parte dos insumos, que são importados, diz O Globo.

A DNU denominada “Bases para a reconstrução da economia argentina” libera os preços dos planos de saúde, ao revogar, da lei que regulamenta o setor pré-pago, a parte referente aos poderes dos funcionários da Saúde para autorizar aumentos de cotas.

A Lei 26.682 aprovada em 2011 e da qual alguns artigos estão hoje revogados – no todo ou em parte –, conferia à Superintendência de Serviços de Saúde o poder de fiscalizar e garantir “a razoabilidade dos honorários dos planos de benefícios”. Isso agora foi eliminado.

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Com 13 votos a favor, Conselho de Segurança da ONU aprova resolução sobre Gaza

Resolução apoia mais ajuda aos palestinos após quatro votações adiadas; apenas Estados Unidos e Rússia se abstiveram.

Os membros do Conselho de Segurança da ONU votaram e aprovaram nesta sexta-feira (22/12)o novo projeto de resolução para a entrada de ajuda humanitária em Gaza.

A resolução teve 13 votos a favor: Albânia, Brasil, Equador, Gabão, Gana, Japão, Malta, Moçambique, Suiça, Emirados Árabes Unidos, China, França e Reino Unido. Apenas Estados Unidos e Rússia se abtiveram. Nenhum voto contra.

A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Linda Thomas-Greenfield, declarou antes da votação que os Estados Unidos estavam prontos para votar uma resolução no Conselho, já que o país tinha dado indícios de uma aprovação.

Os Estados Unidos vetaram o último projeto analisado pelo órgão que continha apelos por um cessar-fogo imediato na guerra em Gaza travada por Israel e, no início deste mês, vetaram uma resolução no Conselho de Segurança da ONU que incluía a palavra “cessar-fogo” no texto.

O vice-embaixador norte-americano na ONU, Robert Wood, pontuou ao Conselho de Segurança que o veto se devia ao fato de não haver menção aos ataques do Hamas de 7 de outubro. Como os EUA são um dos cinco membros permanentes do Conselho, uma resolução vetada pelo país não seria aprovada.

O Conselho votou medidas urgentes para permitir um corredor humanitário em Gaza após as advertências de que a guerra entre Israel e Hamas está arrastando a população palestina para um cenário de fome extrema e deterioração das condições de vida do povo árabe na região de conflito.

O que foi alterado?
O texto original foi apresentado pelos Emirados Árabes Unidos (EAU) na ONU na semana passada e apelava por um cessar-fogo imediato e um corredor humanitário de ajuda para a Faixa de Gaza. O rascunho afirmava também que a ONU deveria monitorar a entrada da ajuda humanitária na região através de rotas seguras provenientes de países que não participam do conflito.

Atualmente, Israel monitora as entregas de ajuda a Gaza através da passagem de Rafah com o Egito e da passagem de Karem Abu Salem. Além disso, o texto apelava para “libertação imediata e incondicional de todos os reféns”. Também havia uma alteração propondo que as entradas de comboios de ajuda chegassem por “todas as rotas disponíveis”, o que permite a Israel manter o controle sobre o acesso a todas as entregas de ajuda aos 2,3 milhões de pessoas em Gaza.

No projeto original protagonizado pelos EAU, que mencionava a “cessar-fogo”, foi alterado para “suspensão urgente das hostilidades para permitir o acesso humanitário seguro e sem entraves”. As alterações dos EUA elimina todas as referências a um cessar-fogo na região.

O que foi aprovado na nova resolução?
Após uma semana de disputas, o texto final da resolução do Conselho de Segurança exige que todas as partes “facilitem e permitam a entrega imediata, segura e desimpedida de assistência humanitária” diretamente aos civis palestinos. Pede também que as partes “criem as condições para uma suspensão das hostilidades”.

Uma versão inicial pedia o cessar-fogo, enquanto uma segunda falava em uma “suspensão” dos combates para permitir a entrada de ajuda. O texto também exige que as partes “facilitem o uso de todas as rotas disponíveis para e em toda a Faixa de Gaza”. No que tange a entrega de ajuda, solicita que o chefe da ONU nomeie um funcionário para supervisionar o fornecimento da ajuda e que esse funcionário crie um mecanismo da organização para acelerar o processo.

O texto demanda ainda a libertação de prisioneiros e que seja permitida a entrada de combustível suficiente em Gaza para atender às necessidades humanitárias.

Segundo o jornal catari Al Jazeera, algumas nações queriam um texto mais forte que inclua cessar-fogo. Dadas as mudanças significativas no texto, muitos países disseram que precisavam consultar as suas capitais antes da votação, que aconteceu nesta sexta.

O Ministério da Saúde de Gaza, anunciou que 20.057 palestinos foram mortos e 53.320 feridos em ataques israelenses desde 7 de outubro, quando eclodiu o atual conflito.

*Opera Mundi